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CURITIBA
2010
RENI DE JESUS BRAZ DA SILVA
CURITIBA
2010
TERMO DE APROVAÇÃO
_____________________________________
Orientador Profº. Mestre Fábio Almeida do Rego Campinho
_____________________________________
Profª. Mestra Ariane Fernandes de Oliveira
_____________________________________
Profº. Especialista Demian Gaio
Abstract: This research paper deals with employment stability and labor contracts by
determined terms in Brazil. The study focuses on temporary employment guarantee
resulting from work accident injuries, regulated by Law no. 8.213/91, section 118,
caput and its applicability to labor contracts by determined terms, namely experience
contracts. In addition, there is a briefly analysis concerning the dominant view which
defends the non-applicability; and the minoritarian view, considering it applicable,
represented by Maurício Godinho Delgado, indoctrinator and illustrious Job Court
Minister since 2007. In the present work, we discussed the fundamental guarantees
granted to employees, its polemical character and its controversial aspects. The aim
of this research paper was an analysis considering doctrine and legal decisions.
DALAI LAMA
AGRADECIMENTOS
A DEUS,
Agradeço a Deus, a quem atribuo toda a honra e toda glória, por fazer parte
de minha vida, por sua luz, que serve como norteadora de meus passos, guiando-
me pelos caminhos da vida, permitindo-me sonhar e dando-me forças para buscar a
realização destes sonhos.
A MINHA ESPOSA
É por vocês que me presto a esses sacrifícios, para que tenham uma vida
melhor, com melhores oportunidades. Quero que saibam que eu os amo muito, são
a razão de meu viver, a força viva que me faz pensar sempre em ir mais longe, a fim
de servir de exemplo, como serviram meus pais a mim. Obrigado pela compreensão,
e me desculpem se por vezes não pude estar presente, em alguns momentos de
suas vidas, por estar envolvido com este estudo. Prometo retribuir daqui em diante
em forma de dedicação, amor e carinho. Obrigado por tudo, amo muito vocês.
AO MEU ORIENTADOR
A BANCA EXAMINADORA
AOS AMIGOS
A todos os meus amigos e colegas de faculdade, que por longos cinco anos
foram companheiros, dando-me forças, ajudando nos grupos de estudos, pelos
momentos de alegria e descontrações nos churrascos e encontros que tivemos. Aos
amigos, que nossa amizade seja eterna e que sempre possamos manter a mesma
cumplicidade ao longo da vida. Agradeço também a todos os amigos que por
consequência desses longos anos, tiveram nossa amizade prejudicada, por conta da
ausência. Agradeço a todos, em geral, os novos e velhos amigos, afinal citar nomes
aqui me levaria a uma obrigatória omissão ou esquecimento.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1 BREVE TIPOLOGIA E CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTRATOS DE
TRABALHO .............................................................................................................. 13
1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DE TRABALHO PELA CLT ................. 15
1.2 DIFERENÇAS ENTRE CONTRATO A PRAZO DETERMINADO E CONTRATO A
PRAZO INDETERMINADO ....................................................................................... 16
1.2.1 Contrato a prazo indeterminado ....................................................................... 16
1.2.2 Contrato a prazo determinado .......................................................................... 17
1.3 CONTRATO DE EXPERIÊNCIA ........................................................................ 19
1.4 CONTRATO ESPECIAL POR PRAZO DETERMINADO .................................... 20
1.5 CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO .................................................... 23
1.6 OUTRAS MODALIDADES ESPECIAIS............................................................... 24
2 A ESTABILIDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO
.................................................................................................................................. 27
2.1 CONCEITUAÇÃO DE ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO ............... 27
2.2 ESTABILIDADES PROVISÓRIAS DE ORIGEM CONSTITUCIONAL ................ 30
2.2.1 Gestante ........................................................................................................... 31
2.2.2 Cipeiro ............................................................................................................. 35
2.2.3 Dirigente sindical ............................................................................................. 37
2.2.4 Empregado Acidentado ................................................................................... 39
2.2.5 Reintegração nas estabilidades provisórias .................................................... 42
2.2.6 Extinção da estabilidade.................................................................................. 42
2.3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS.............................. 43
2.3.1 Legislação Acidentária .................................................................................... 49
2.4 REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA 52
2.4.1 Comunicação do acidente de trabalho (CAT).................................................. 52
2.5 BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS .......................................................................... 53
2.5.1 Auxílio Doença ................................................................................................. 53
2.5.2 Auxílio-acidente ................................................................................................ 54
2.5.3 Aposentadoria por invalidez acidentária .......................................................... 54
2.5.4 Pensão por morte acidentária ......................................................................... 55
2.5.5 Abono anual .................................................................................................... 55
3 A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA E OS CONTRATOS POR PRAZO
DETERMINADO NO BRASIL ................................................................................... 56
3.1 PROBLEMATIZAÇÃO ......................................................................................... 56
3.2 POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS.............................................................................. 58
3.2.1 Entendimento doutrinário contrário à estabilidade .......................................... 58
3.2.2 Entendimento doutrinário favorável à estabilidade .......................................... 61
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70
ANEXOS ................................................................................................................... 74
ANEXO 1: PROCESSO Nº TST-RR-266/2000-020-09-00.6 ..................................... 74
ANEXO 2: PROCESSO Nº TST-RR-596598/99.0 .................................................... 77
ANEXO 3: PROCESSO Nº TST-RR-139200-84.2006.5.09.0018 ............................. 79
ANEXO 4: PROCESSO Nº TRT-RO-01941-2006-136-03-00-6 ................................ 82
ANEXO 5: PROCESSO Nº TST-RR-1.762/2003-027-12-00.8 .................................. 89
ANEXO 6: PROCESSO Nº TST-RR-1255/2007-047-01-40.7 ................................... 93
LISTA DE ABREVIATURAS
1
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de contratos de trabalho. 4ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.13.
Vale ressaltar que a respeito da denominação Contrato de trabalho, Sérgio Pinto Martins, em sua
obra Direito do Trabalho, manifesta-se dizendo que “Contrato de trabalho é gênero, e compreende o
contrato de emprego. Contrato de trabalho poderia compreender qualquer trabalho, como o de
autônomo, do eventual, do avulso, do empresário etc. Contrato de emprego diz respeito à relação
entre empregado e empregador e não a outro tipo de trabalhador. Daí por que se falar em contrato de
emprego, que fornece a noção exata do tipo de contrato que estaria sendo estudado, porque o
contrato de trabalho seria o gênero e o contrato de emprego, a espécie.” Ele contesta a nomenclatura
usada pela maioria dos doutrinadores e até pela própria CLT, fundamentando o porquê dessa
contestação, levando a uma reflexão a respeito da terminologia usada. N.A.
2
DELGADO, Mauricio Godinho. O novo contrato por tempo determinado (Lei nº 9.601/98). São
Paulo: LTr, 1998. p. 16-17.
3
OLIVEIRA, op. cit. p.13.
14
4
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do
trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 611.
5
Ibidem p. 613.
6
Ibidem p. 640.
7
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2010, p.109. Sobre o art. 443 da
CLT, citado pelo autor, assim diz: “O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado”.
8
Ibidem p. 111.
9
Idem
15
10
Artigo 443: O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. § 1º - Considera-se como de
prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução
de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão
aproximada. § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja
natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de
caráter transitório; c) de contrato de experiência.
11
Lei nº. 9.601/98, de 21/01/98, Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá
outras providências.
12
Lei nº. 6.019/74, de 03/01/74, Dispõe sobre o Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas, e dá
outras Providências. Art.11: O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e
cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos
trabalhadores por esta Lei.
13
Lei nº. 6.533/78, de 24/05/78, Dispõe sobre a regulamentação das profissões de Artistas e de
técnico em Espetáculos de Diversões, e dá outras providências. Art. 9º: O exercício das profissões de
que trata esta Lei exige contrato de trabalho padronizado, nos termos de instruções a serem
expedidas pelo Ministério do Trabalho.
14
Lei nº 9.615/98, de 24/03/98, Institui normas gerais sobre desporto e dá outras providências.
15
MARTINS, op. cit. 2010. p. 103.
16
Artigo 443, da CLT
16
como sendo aquele cuja vigência dependerá de um termo final, fixado entre as
partes em contrato.
Esse contrato será valido somente em três situações, que serão estudadas
com mais detalhe à frente, quais sejam: quando se tratar de serviço, cuja natureza
ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; em atividades empresariais
de caráter transitório; ou como contrato de experiência. (art. 443, §1 e §2) 17.
Ao se analisar os dispositivos legais da CLT – (art. 443, §1 e §2, art. 445, art.
452), que tratam do contrato individual do trabalho, pode-se concluir que a regra
geral, estabelecida no Brasil, é o contrato de trabalho por tempo indeterminado,
sendo exceção o contrato por tempo determinado. Aquele é configurado pela não
existência de termo pré-fixado, presumindo-se indeterminado.
O contrato por tempo determinado possui termo final, ou seja, uma data pré-
fixada para seu efetivo término, sendo que a natureza dos serviços prestados, nessa
modalidade de contrato, deverá ser transitória devendo justificar a sua pré-
determinação, salvo na hipótese de contrato de experiência no qual essa
necessidade não ocorre. Todavia, esse tipo contratual possui um prazo máximo de
vigência, ou seja, dois anos, salvo o contrato de experiência que é de noventa dias.
Na sequência, serão abordados, de forma mais detalhada, os principais tipos de
contrato por prazo determinado, fundamentando-os pela ótica de alguns
doutrinadores.
17
Artigo 443, da CLT
18
OLIVEIRA, op. cit. p. 1.
17
19
MARTINS, op. cit. 2010. p. 111. Cláudia Vianna, com mesmo posicionamento, define contrato de
trabalho a prazo indeterminado quando o empregado é contratado para prestar serviços ao seu
empregador por um período indeterminado de tempo, inexistindo uma expressa previsão para o
término da relação empregatícia. Nesse caso, não se determina como regra geral de contratação, um
prazo ou condição para sua cessação, na ocasião da celebração. VIANNA Cláudia Salles Vilela.
Manual Prático das Relações Trabalhistas. São Paulo:LTr, 2005. p.141.
20
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9ª ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 496.
21
Ibidem p. 497.
18
anos, salvo nos contratos de experiência cujo termo final não poderá exceder a 90
(noventa) dias, sendo permitida, igualmente, a prorrogação por uma única vez,
quando celebrado por período inferior. Sendo o contrário, passará automaticamente
a vigorar sem determinação de prazo.22
Martins busca na CLT sua fundamentação para o referido contrato, aduzindo
que o mesmo será “o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado
ou de execução de serviços especializados, ou ainda, da realização de certos
acontecimentos suscetíveis de previsão aproximada. (§ 1º do art. 443 da CLT).” 23
É nas palavras de Delgado que se encontra a complementação ao conceito
do contrato por prazo determinado, posto que “pactuados regularmente os contratos
a termo, eles irão firmar clara especificidade também no tocante as suas
características, regras e efeitos jurídicos”. Os contratos aqui referenciados irão se
distinguir por curtos e rígidos espaços de tempo e também por se pautarem segundo
normas rigorosas, no que se refere ao ser consecutivo por outro da mesma
natureza.
A prorrogação contratual - Lei n.9.601/98 24 - atenuou o rigor de tais normas,
por produzirem repercussões rescisórias mais restritas do que as típicas aos
contratos sem prazo pré-fixado; “finalmente, distinguem-se por não se subordinarem
à mesma amplitude de efeitos própria à interrupção e à suspensão contratuais e às
garantias jurídicas de emprego, em contraponto aos contratos de duração
indeterminada”.25
Para melhor ilustrar o quadro, concluiu-se que a modalidade de contrato por
prazo determinado é exceção à regra geral dos contratos, sendo aplicada em
situações distintas e excepcionais, previstas em lei, devendo obedecer a critérios
específicos contidos em lei, no art. 443 § 1º e § 2º da CLT e na Lei nº 9.601/98. Sua
duração máxima será de 2(dois) anos; poderá ser renovado por uma única vez,
desde que não ultrapasse o limite máximo de sua duração, salvo se versarem sobre
contrato de experiência, cuja duração máxima será de 90(noventa) dias, podendo
também ser prorrogado uma única vez, quando celebrado por período inferior ao
limite máximo previsto em lei.
22
OLIVEIRA, op. cit. p. 4.
23
MARTINS, op. cit. p. 111.
24
Lei n.9.601 de 21/01/98, Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá outras
providências.
25
DELGADO, op. cit. 2010, p.500.
19
26
VIANNA, op.cit. p. 142.
27
Idem
Sobre os artigos da CLT citados pela autora, versam o seguinte: 443 § 2º. “c” “c”: “Art. 443 (...) § 2º -
O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: c) de contrato de experiência.” “Art.
445 (...), Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) dias.N.A.
28
BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e regulamentações especiais do trabalho:
peculiaridades, aspectos controvertidos e tendências, 3ª. Ed. São Paulo: LTr, 2008. p.166.
29
Ibidem p. 169.
30
OLIVEIRA, op. cit. p. 8.
31
Idem
20
32
OLIVEIRA, op. cit. p. 8.
33
DELGADO, op. cit. 2010, p. 516.
34
Decreto nº 99.684/90 art. 9º § 1º - “No caso de despedida sem justa causa, ainda que indireta, o
empregador depositará, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a 40% do
montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de
trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros, não sendo permitida, para
este fim, a dedução dos saques ocorridos.”
21
35
OLIVEIRA, op. cit. p.16-17.
36
Idem
37
Art. 479: Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregado que, sem justa causa, despedir
o empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que
teria direito até o termo do contrato. Art. 480: Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá
desligar do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos
prejuízos que desse fato lhe resultarem.
22
38
OLIVEIRA, op. cit. p.18-19.
39
MARTINS, op. cit., 2010. p. 19-20.
40
DELGADO, op. cit., 2010, p. 528-529.
41
Ibidem p. 529.
23
44
OLIVEIRA, op. cit, p. 116
45
BARROS, op. cit. p. 539.
46
VIANNA, op. cit. p. 187.
47
NASCIMENTO, op. cit. p. 831.
48
Idem
49
Ibidem p. 832.
50
OLIVEIRA, op. cit. p. 141.
51
DELGADO, op. cit., 2010, p. 501.
25
52
BARROS, op. cit. p. 80.
53
Idem
54
CÂNDIA, Ralph. Comentários aos contratos trabalhistas especiais. São Paulo: LTr, 1987.
55
DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos. v. 5. São Paulo: Saraiva, 1994.
26
56
Lei n. 6.354/76, Art. 1 ° Considera-se empregador a associação desportiva que, mediante qualquer
modalidade de remuneração, se utilize dos serviços de atletas profissionais de futebol, na forma
definida nesta Lei.
Art. 2° Considera-se empregado, para os efeitos desta Lei, o atleta que praticar o futebol, sob a
subordinação de empregador, como tal definido no art. 1°, mediante remuneração e contrato, na
forma do artigo seguinte.
57
ZAINAGHI, Domingos Sávio. Nova legislação desportiva. Aspectos trabalhistas. São Paulo: LTr,
2001. p. 13.
27
58
NETO, Francisco Ferreira Jorge, Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcanti. Curso de direito do
trabalho. São Paulo: Atlas, 2009, p. 303.
59
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 981.
60
Idem
61
SUSSEKIND, Arnaldo. Estabilidade no emprego in SUSSEKIND, Arnaldo; TEIXEIRA FILHO,
João de Lima. Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2002, p.675.
62
O Decreto n° 4.682, de 24 de janeiro de 1923, em seu art. 42, na verdade a conhecida Lei Elói
Chaves (o autor do projeto respectivo), determinou a criação de uma Caixa de Aposentadoria e
Pensões para os empregados de cada empresa ferroviária. É considerado o ponto de partida, no
Brasil, da Previdência Social propriamente dita. Determina que depois de 10 anos de serviços
efetivos, o empregado das empresas a que se refere a presente lei só poderá ser demitido no caso
de falta grave constatada
em inquérito administrativo, presidido por um engenheiro de Inspetoria e fiscalização das Estradas de
ferro. Disponível em: <http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/previdencia_social_12_04-
A.asp.> Acessado em: 06/09/2010.
28
63
SILVA, Homero Batista Mateus da. Direito do trabalho aplicado, vol. 3: segurança e medicina
do trabalho, trabalho da mulher e do menor. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 184.
64
SILVA, op. cit. p. 185.
65
Criado pela Lei º 5.107, de 1966 (hoje regido pela Lei nº 8.036/90), o FGTS organizava sistema
alternativo ao modelo celetista, sujeito a uma opção expressa (por escrito no instante da celeração do
contrato. No modelo de Fundo, o empregado teria direito a depósitos mensais em sua conta
vinculada, no importe de 8% sobre seu complexo salarial mensal incluído a média de gorjetas (verbas
dos artigos 477 e 478, caput, CLT.(DELGADO, 2010, p. 1153).
66
Essa proteção jurídica foi retirada do Direito do país, a contar do advento da Lei do FGTS (nº
5.107, de 1966), que criou regime jurídico alternativo ao da CLT, e que com este iria concorrer até
1988. A Carta Magna de 05/10/1988 poria fim à dualidade de regimes jurídicos, ao generalizar o
Fundo de Garantia para o conjunto dos empregados do país (art. 7º, III, CF/88), exceto o doméstico,
além de revogar concomitantemente, o velho sistema indenizatório e estabilitário da CLT (art.7º,
CF/88, e 10, I, ADCT/CF-88). (DELGADO, op. cit.p.1161).
29
67
Art.19, do ADCT: Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da
promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido
admitidos na forma regulada no Art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço
público.
§ 1º - O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se
submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de
confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não
será computado para os fins do caput deste artigo, exceto se tratar de servidor.
§ 3º - O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei.
68
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1161.
69
Este item será revisto mais profundamente, adiante, neste trabalho.
30
70
DINIZ, Dulce. Estabilidade e garantia no emprego. Disponível em: <http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/
bitstream/handle/2011/18314/Estabilidade_e_Garantia_no_Emprego.pdf?sequence=2.> Acessado
em 06/09/2010.
71
NASCIMENTO, op. cit., p. 356.
72
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1165.
73
Ibidem p. 983.
31
2.2.1 Gestante
74
NASCIMENTO, op.cit. p. 984. “Para os fins desse artigo, a entidade sindical comunicará por escrito
à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e à hora do registro da candidatura do seu
empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, igualmente, a este, comprovante no
mesmo sentido”.
75
DELGADO, op. cit., 2010. p. 1167.
76
Inciso XVIII - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120
dias.
77
SUSSEKIND, Arnaldo. Estabilidade no emprego in SUSSEKIND, Arnaldo; TEIXEIRA FILHO, João
de Lima. Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2002, p.675.
78
SILVA, op. cit. p.186.
79
Idem
32
80
SILVA, op. cit. p.186.
81
Idem
82
Idem
83
Ibidem p.187.
84
Idem
33
85
Abuso de direito: Não constitui ato ilícito o praticado no exercício regular de um direito
reconhecido (art. 188, I, CC). Em sentido contrário, quando o ato é praticado de forma não regular,
visualiza-se o abuso de direito. N.A. – “Para uns, seu elemento caracterizador repousa na intenção de
prejudicar. Todas as vezes que o titular exercite um direito movido por esse propósito subalterno,
configurado estará o abuso do direito. Para outros, o critério identificador reside na ausência de
interesse legítimo. Se o titula exerce o direito de modo contrário ao seu destino, sem o impulso de um
motivo justificável, verificar-se-á o abuso dele. Finalmente, para outros ainda, esse abuso existirá
sempre que anormal ou irregular o exercício do direito. Se alguém prejudica a outrem, no exercício do
seu direito, fica adstrito a reparar o dano, se anormal ou não regular esse direito. É a mesma teoria da
responsabilidade civil fundada na culpa, abraçada pelo nosso Código” (MONTEIRO, Washington de
Barros. Curso de Direito Civil, 33. Ed., v.2, p.283)
86
SILVA, op. cit. p.187-188.
87
Idem
88
Ibidem p.189.
34
meses, uma vez que não houve o parto, o que acabou prejudicando a tese de que
os cinco meses eram devidos mesmo com a interrupção da gravidez, não
encontrando guarida na jurisprudência, uma vez que faz referência à palavra “parto”
conforme disposto do ADCT.89
O entendimento do TST é de que não é aplicável, neste caso, o art. 10,
inciso II, b, do ADCT, ora, a razão de ser, o objetivo social da concessão dos cinco
meses pós-parto como garantia à gestante, é para que ela exerça os direitos
pertinentes à maternidade, proporcionando total atenção ao recém nascido, assim
como assegurando o direito à amamentação, uma vez que a gravidez foi
interrompida de forma abrupta. Não mais existindo o recém-nascido, não existe
razão de ser, cessando imediatamente a garantia.
Pela Lei nº 11.324/2006, inseriu-se o art. 4º- A, na Lei nº 5.859/1972, com
redação praticamente idêntica ao art. 10, II, b, do ADCT, estendeu o direito à
garantia de emprego a gestantes trabalhadoras domésticas.
Em síntese a este capítulo, levando-se em consideração os autores
estudados, conclui-se que:
Salvo por justa causa, a empregada gestante não poderá ser dispensada,
desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (art. 10,II b, ADCT).
Dentre as várias teorias de estabilidade da gestante, destaca-se a objetiva e
a subjetiva, sendo aquela baseada na confirmação da gravidez para a própria
empregada; sendo assim, a estabilidade no emprego não dependeria de
comprovação da gravidez perante o empregador e essa no dever da empregada
comprovar seu estado gravídico para o empregador, por meio de apresentação de
atestado médico ou exame laboratorial.
A teoria acolhida pela jurisprudência é a teoria objetiva (art. 10, II, b, ADCT;
OJ nº 88, SDI-I, com antiga redação; atual Súmula 244, I, TST).
Pela decisão do STF, o TST alterou sua jurisprudência: “O desconhecimento
do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b, ADCT)” (Súmula 244, I, TST).
A confirmação deve ocorrer na vigência do contrato de trabalho, não sendo
possível no curso do aviso prévio (Súmula 371).
89
SILVA, op. cit., p.187-188.
35
2.2.2 Cipeiro
90
MARTINS, op. cit., 2010. p. 655.
91
Idem
36
deverá convocar seus empregados para nova composição da CIPA, sendo que a
eleição deverá ocorrer com antecedência mínima de 30 dias do seu término.
Caso qualquer dos membros titulares faltar a mais de quatro reuniões
ordinárias, perderão os mandatos e serão substituídos por seus suplentes. Haverá
necessidade de que os membros da CIPA participem de um curso de formação de
CIPA. Salvo em caso de encerramento de atividade por parte da empresa, em
hipótese alguma a CIPA poderá ter seus membros reduzidos, assim como ser
desativada antes do término do mandato de seus membros, mesmo ocorrendo à
redução do número de empregados da empresa ou reclassificação de risco. (art. 5º
da Portaria nº SSST nº 9/96).92
O art. 165 da CLT traz em sua redação a garantia dos titulares da
representação dos empregados nas CIPAS, de que não poderão sofrer despedida
arbitrária, sem justo motivo.
Nascimento afirma que “o membro da CIPA tem estabilidade especial e que
na forma da STST nº 339, as regras que disciplinam a estabilidade do cipeiro são as
seguintes: suplente da CIPA irá usufruir da garantia de emprego prevista no art. 10,
II, a, do ADCT, a partir da Constituição Federal; estabilidade provisória do cipeiro
não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da
CIPA, quando em atividade a empresa. 93
A estabilidade temporária é também conferida ao empregado eleito apenas
para o cargo de direção de comissões internas de prevenções de acidentes, não
sendo devida para os nomeados pelo empregador. Da mesma forma, os suplentes
representantes dos empregados “gozam desta estabilidade, conforme assim
determina o Enunciado TST nº 339 e a Súmula STF nº 676”.94
O art.10, II, “a” do ADCT da Constituição confere estabilidade temporária ao
“empregado eleito para o cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o
final de seu mandato”. 95 (grifo nosso)
Os empregados eleitos para a direção da CIPA não poderão ser
dispensados de forma arbitrária, ou seja, dispensados sem justa causa. No entanto,
92
MARTINS, op. cit., 2010. p. 655.
93
NASCIMENTO, op.cit. p. 984.
94
VIANNA, op. cit. p.634.
95
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1169.
37
103
Art.543, § 1º da CLT - “O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada
ou voluntàriamente aceita. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967”
104
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1168.
105
MARTINS, op. cit., 2010. p.430.
39
106
MARTINS, op. cit. , 2010. p. 430.
107
Ibidem p. 431.
108
Idem
109
Lei nº 8.213, de 24/07/91, “Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá
outras providências. Art.118: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
40
110
NASCIMENTO, op. cit. p. 984-985.
111
MELO, Nehemias Domingos de. Dano Moral Trabalhista. São Paulo: Atlas, 2007. p. 146/147
112
SUSSEKIND, Arnaldo; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. Instituições de direito do trabalho. São
Paulo:LTr, 2002.
Art. 7º CF, - “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social: IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem
o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.”
113
SUSSEKIND, et al. op.cit. p. 710-711.
41
tidas como doenças ocupacionais, assim previstas nos arts. 20 e 21, da Lei nº 8.213,
também conceituadas por lei como acidente de trabalho, sendo prevista a
estabilidade de doze meses na referida lei previdenciária, ocorrendo “após a
cessação do auxílio-doença acidentário”. Entretanto, se o segurado acidentado
permanecer apenas licenciado recebendo salário-doença do empregador, sem a
consequente concessão de auxílio-doença do INSS, não terá direito à estabilidade
provisória.114
Ao analisar-se o grande número de demandas no judiciário trabalhista,
depara-se com uma realidade muito comum, que é a o empregador não emitir o CAT
em função de um acidente típico ou equiparado, assim como ao perceber que o
empregado começa a desenvolver uma situação de doença do trabalho, dispensa-o
sem justa causa de imediato, realizando os pagamentos dos direitos trabalhistas,
contudo inibindo ao empregado que tenha reconhecido o acidente de trabalho, ou a
doença ocupacional perante o INSS.115
Fica claro que a atitude do empregador, descrita no parágrafo anterior, é
ilegal e fraudulenta, tentando obstar direitos do trabalhador, no intuito de suprimir os
requisitos de formalização previstos no art. 118, para a configuração da garantia de
que trata este tópico.
Era entendimento do TST que o afastamento do trabalho, por prazo superior
a 15 dias, além da percepção do auxílio-doença acidentário, era pressuposto para o
direito à estabilidade prevista no art. 118, assegurada por período de 12 meses,
após a cessação do auxílio-doença (OJ nº 230, SDI-I).
A fim de esclarecer, o art. 118 pressupõe um elemento formal, ou melhor, o
afastamento caracterizado junto ao INSS, contudo, mesmo não existindo este
afastamento, “sendo provado no curso da instrução processual, além da própria
doença profissional, a inércia ou o descuido do empregador quanto às condições de
trabalho, pode e deve o juiz reconhecer a dispensa obstativa com a imposição da
estabilidade”.116
Reconhecendo a possibilidade da dispensa obstativa em relação ao art. 118,
o TST reavaliou seu posicionamento: “São pressupostos para a concessão da
estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-
114
SUSSEKIND, et al., op. cit. p. 710-711.
115
NETO, op.cit. p. 313.
116
Idem
42
117
NETO, op.cit. p. 313.
118
Ibidem p. 318-319.
43
final do período de garantia que detinha o trabalhador, não sendo lhe assegurado o
direito de reintegração no emprego (súmula 369, I, do TST).119
119
MARTINS, op. cit., 2010. p. 449.
120
COSTA, Hertz Jacinto. Manual de acidentes do trabalho. 4ª edição. Curitiba: Juruá, 2009.
44
subiria para 300 mil pessoas por ano, o que gera um ônus ao MPS atualmente na
ordem de R$9,8 bilhões ao ano em aposentadorias especiais e custos com
acidentes de trabalho. “Adicionados os custos indiretos, esse valor pode chegar a
R$40 bilhões ao ano, segundo o diretor do Departamento de Política de Saúde e
Segurança Operacional do ministério, Remígio Todeschini.”121
O autor ainda ressalta que lamentavelmente a grande maioria desses
acidentes e doenças poderiam ser evitadas, se as empresas seguissem as
regulamentações de prevenções na área de higiene, segurança e saúde
ocupacional.
Ao buscar-se um conceito de acidente de trabalho na legislação, verifica-se
no art. 19 da Lei nº 8.213/91 que “acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício
do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do Artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.”
Castro manifesta-se em sua obra, ensinando que, sob o ponto de vista
doutrinário, a definição extraída da lei é insuficiente para conceituar o que seja
acidente de trabalho, segundo ele, o conceito em apreço somente delimita quem são
os beneficiários do acidente de trabalho, ou melhor quem tem direito à proteção
acidentária.
Para o autor, para se ter um conceito mais próximo do chamado acidente
típico, devemos nos valer do conceito dado por estudiosos do tema, como
Russomano, que para defini-lo ampara-se na doutrina francesa, de onde extrai que:
”o acidente de trabalho, pois, é um acontecimento em geral súbito, violento e fortuito,
vinculado ao serviço prestado a outrem pela vítima que lhe determina lesão
corporal.” Diante disso, conclui o autor que são características do acidente de
trabalho: “a exterioridade da causa do acidente; a violência; a subtaneidade e a
relação com a atividade laboral”.122
Segundo Nascimento, é amplo esse conceito incluindo a doença do trabalho,
a doença profissional e o acidente in itinere. De acordo os Artigos 19, 20 e 21, da Lei
121
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, João Batista Lazzari. Manual de Direito Previdenciário.
Florianópolis: Conceito Editorial, 2010. p. 573.
122
CASTRO, op. cit. p. 576.
45
123
Lei nº 8.213, de 24/07/91, Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências. Art.118: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo
de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
124
CASTRO, op. cit. p. 577.
125
GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário - Acidentes do Trabalho. 11ª
edição. São Paulo: Atlas, 2005, p. 184.
126
COSTA, op. cit., p. 75.
127
Idem
46
128
Lei nº 8.213, de 24/07/91, Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências. Art.118: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo
de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
129
COSTA, op. cit. p. 75-76.
130
Súmula 378, II, do TST: “São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento
superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada,
após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego”
131
TORTORELLO, Jayme Aparecido. Acidentes do trabalho: teoria e prática. São Paulo: Saraiva,
1996, p.3.
47
132
CASTRO, op. cit. p. 581.
48
133
Lei nº 8.213/91
134
CASTRO, op. cit. p. 581.
135
Idem
136
Idem
137
Ibidem p. 582.
49
138
FONSECA, K.P. A responsabilidade civil decorrente do acidente do trabalho. Presidente
Prudente, 2004, p. 13.
139
CASTRO, op. cit. p. 574.
140
COSTA, op. cit. p. 40.
141
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1999, p.388.
“Lei 3.724, de 15/01/1919. Aqui era adotada a teoria da culpa, sendo o ônus da prova de incumbência
das vítimas, no caso de pretensas indenizações. Tinha por base a culpa do empregador, comprovada
a negligência, imprudência ou imperícia do último. Era aplicado o art. 159 do Código Civil, “no sentido
de que aquele que por ação ou omissão causasse prejuízo a outrem ficava obrigado a reparar o
dano. Na prática, o acidentado não conseguia provar a culpa do empregador, ficando totalmente
desamparado em razão do infortúnio”.
142
COSTA, op. cit. p. 44.
“Artigo 1º O seguro de acidentes do trabalho é obrigatório, para todos os empregadores sujeitos ao
regime do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, em favor dos respectivos
empregados, associados do mesmo Instituto.” N.A.
50
143
COSTA, op. cit. p. 44.
“Artigo 12. O Instituto poderá, em benefício da higiene e da segurança pessoal dos seus associados e
da prevenção de acidentes, exigir dos empregadores o fornecimento de vestes protetoras contra
queimaduras, óculos protetores, máscaras respiratórias, luvas na calçados especiais, nos trabalhos
de fornalhas, braseiros, ou salinas, nos trabalhos em que sejam utilizados materiais tóxicos, cáusticos
ou infectantes ou que produzam poeiras, gases ou vapores nocivos e nos trabalhos que sujeitem os
empregados a variações de temperatura. Poderá, ainda, o Instituto, com a mesma finalidade, exigir o
encapamento de máquinas, polias ou caixas de eletricidade e a modificação do empilhamento e
transporte de cargas, além de quaisquer outras providências convenientes à aludida finalidade.” N.A.
144
COSTA, op. cit. p. 45
“§ 2º As atuais Caixas de Acidentes do Trabalho das classes cujos participantes sejam associados do
Instituto serão incorporadas a este, que assumirá o ativo e passivo dessas Caixas, na forma das
instruções que expedir o ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.” N.A.
145
Ibidem p. 51.
146
Ibidem p. 55.
51
147
COSTA, op. cit. p. 55.
148
Constituição Federal de 1988, artigo 7º, XXII, “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de saúde e segurança”. Trata-se de uma norma aplicável em todas as relações
trabalhistas.
149
COSTA, op. cit. p. 59.
150
CASTRO, op. cit. p. 575-576.
52
151
NASCIMENTO, op.cit., p. 985.
152
VIANNA, op.cit. p. 369.
153
Idem
53
154
O artigo 169 da Consolidação das Leis de Trabalho determina que “será obrigatória a notificação
das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho,
comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho”.
155
BRASIL. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Acidente do trabalho. Brasília, DF, 2004.
Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br> Acesso em: 12/10/2010.
54
2.5.2 Auxílio-acidente
A Lei nº 8.213/91, em seu art. 86, determina que a lesão deve ser
consolidada, determinando o impedimento do exercício laboral. Não gera o direito à
indenização a incapacidade de realizar atividade diversa da habitual. 156
Este benefício não depende de carência, correspondendo a 50% do salário
de contribuição, sendo devido após a cessação do auxílio-doença. Com o
agravamento da lesão, o beneficiário será aposentado por invalidez. A Lei 9.032
determina a não cumulação do auxílio-acidente com a aposentadoria por invalidez.
Desta forma, o auxílio-acidente cessa com o início de qualquer espécie de
aposentadoria ou com a morte do segurado.
156
Art. 86: O auxílio-acidente será concedido, como indenização ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
55
A Lei nº 8.213/91, em seu art. 40 determina que o abono anual será devido
ao beneficiário que durante o ano recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente, pensão
por morte ou aposentadoria por invalidez. Este benefício consiste no pagamento de
uma gratificação como o décimo terceiro salário. 160
157
GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário: acidentes do trabalho. São
Paulo: Atlas, 2000, p. 112.
158
GONÇALES, op. cit. p. 113.
159
Idem
160
Idem
56
3.1 PROBLEMATIZAÇÃO
161
Lei 8.213/91, Art. 118, caput - "O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo
prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente"
57
profissional equiparada a acidente do trabalho - art. 20, Lei 8.213/91162, tem após a
cessação do recebimento do auxílio-doença, ou melhor, após a alta do INSS, a
garantia de emprego por 12(doze) meses. Contudo, ocorreram algumas discussões
em relação à norma que garantia o emprego, estabelecida pela Lei nº 8.213/91,
sobre sua constitucionalidade.
Na verdade, durante algum tempo arguiu-se a inconstitucionalidade do art.
118, da Lei nº 8.213/91, uma vez que a CF, art. 7º, inciso I163, ao garantir como
direito dos trabalhadores a "relação de emprego protegida contra despedida
arbitrária ou sem justa causa", submetendo tal direito à regulamentação por lei
complementar. Por conta disso, alguns doutrinadores argumentavam
equivocadamente, que qualquer estabilidade não prevista na Constituição Federal
só poderia ser estabelecida por lei complementar.164
A OJ 105, da SDI do TST, colocou fim ao impasse de inconstitucionalidade,
declarou constitucional o art. 118 da Lei 8.213/91, prevalecendo o entendimento de
que a proteção contra dispensa arbitrária, referida pelo art. 7º da Constituição
Federal é genérica, sendo assim, garantida indistintamente a todos os
trabalhadores.
162
Lei 8.213/91, Art. 20 – “Considera-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as
seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do
Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva,
salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contrato direto determinado pela natureza do
trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos
incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele
se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho”.
163
Art. 7º CR -São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
164
FREITAS, Rogério Diniz. Estabilidade por acidente do trabalho no contrato de experiência.
Publicado em 23 de agosto de 2005. Disponível em: <http://www.schmitt-
advocacia.adv.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=80> apud Otávio Magano, LTr
56/1426. Acesso em: 22/04/2010.
58
165
MARTINS. op.cit. 2010, p. 431.
166
Ibidem p. 440.
59
167
NETO. op. cit. p.319.
168
SUSSEKIND. Arnaldo; Maranhão, Délio; Viana, Segadas; Teixeira Fillho, João de Lima.
Instituições de Direito do Trabalho. Volume I e II. São Paulo: LTr, 2003. p. 721-722 - "A
estabilidade de doze meses prevista na mencionada lei previdenciária ocorre após a cessação do
auxílio-doença acidentário, ainda que o empregado não venha a perceber o auxílio-acidente,
benefício que só é devido quando se verificar redução da capacidade laborativa”. “Por fim, cabe
assinalar que no contrato de trabalho a termo, ainda que de experiência, o acidentado não terá
garantia de emprego além do prazo estipulado."
169
OLIVEIRA. op. cit., p. 4.
170
Julgado na íntegra no anexo 1.
60
171
Julgado na íntegra no anexo 2.
172
Julgado na íntegra no anexo 3.
61
173
DELGADO, op. cit., 2010. p. 516.
174
Idem
175
Idem
63
176
DELGADO, op. cit., 2010. p. 543
177
Idem
178
DELGADO, op. cit., 2010, p. 543-544.
64
179
Julgado na íntegra no anexo 4
65
180
Julgado na íntegra no anexo 5.
66
181
Julgado na íntegra no anexo 6
182
SCHELLENBERGER, Denise Maria. A Estabilidade Provisória do Acidentado no Trabalho e
os Contratos de Experiência. Síntese Trabalhista nº 112. Out/1998, pg. 19.
183
Art. 157 - Cabe às empresas:
...
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de
evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
184
(Proc. TST-RR-1762/2003-027-12-00; Ac. 1ª Turma; Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa; DJ
04/04/2008).
185
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
n
III - função social da propriedade;
67
Decerto que o juiz aplicará a lei atendendo aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil).
Há que se ressaltar o art.7º, XXII, da CF/88186, que garante a todos os
trabalhadores a redução dos riscos inerentes ao trabalho, ou melhor, garante aos
trabalhadores direitos sociais mínimos, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social, como a redução dos riscos inerentes ao trabalho, dentre os quais,
os acidentes e as doenças ocupacionais187.
Em suma, após o estudo dos ensinamentos supracitados, é possível concluir
que muito embora não exista compatibilidade entre os institutos da estabilidade e do
contrato de experiência, é certo que a ocorrência de acidentes do trabalho, ou
doenças ocupacionais, caracteriza-se exceção à regra, ante ao anseio maior de
preservar a saúde e a segurança do trabalhador.
Assim, a estabilidade provisória ou garantia de emprego nos casos de
acidente do trabalho ou doença ocupacional, aquelas previstas no art. 118 da Lei nº
8.213/91, aplica-se não apenas aos contratos de trabalho por prazo indeterminado,
como também quando a contratação se deu na forma "de prova", ou melhor, nos
contrato de experiência, prevista no art. 443, § 2º, letra c, da CLT188.
Ademais, resta demonstrado a importância da aplicação da estabilidade
acidentária nos contratos de experiência, como forma evidente de garantir ao
trabalhador vitimado a tutela constitucional à saúde, protegendo o bem maior de
todo ser humano, qual seja, sua vida.
186
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;
187
DELGADO, op. cit., 2010. p. 543.
188
Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado.
...
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
...
c) de contrato de experiência.
68
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº. 9.601/98, de 21/01/98, Dispõe
sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9601.htm
Acessado em: 05/09/2010.
BRASIL. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº. 6.019/74, de 03/01/74, Dispõe
sobre o Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas, e dá outras Providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6019.htm. Acessado em
05/09/2010.
BRASIL. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº. 6.533/78, de 24/05/78, Dispõe
sobre a regulamentação das profissões de Artistas e de técnico em Espetáculos de
Diversões, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6533.htm. Acessado em 05/09/2010.
71
BRASIL. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº 8.213, de 24/07/91, Dispõe sobre
os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm. Acessado em
06/09/2010.
CASTRO. Carlos Alberto Pereira de. João Batista Lazzari. Manual de Direito
Previdenciário. Florianópolis: Conceito Editorial, 2010.
DINIZ, Helena Maria. Tratado teórico e prático dos contratos. v. 5. São Paulo:
Saraiva, 1994.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 11. ed. São Paulo: Atlas,
1999.
_______. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2010.
73
MELO, Nehemias Domingos de. Dano Moral Trabalhista. São Paulo: Atlas, 2007.
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de contratos de trabalho. São Paulo: Atlas, 2009.
SILVA, Homero Batista Mateus da. Direito do trabalho aplicado, vol. 3: segurança
e medicina do trabalho, trabalho da mulher e do menor. Rio de Janeiro: Elsevier,
2009.
VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Manual Prático das Relações Trabalhistas. São
Paulo: LTr, 2005.
ANEXOS
fls.1
PROCESSO Nº TST-RR-266/2000-020-09-00.6
ACÓRDÃO
Ac. 2ª Turma)
GMJSF/CP/afe/pfs
CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE. Estando o
empregado submetido ao contrato de trabalho por prazo determinado, e ocorrendo acidente de
trabalho, não existe a garantia de estabilidade no emprego, prevista no art. 118 da Lei 8.213/91.
Recurso conhecido e não provido.
O eg. Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por meio do v. acórdão de fls. 186/190, deu
provimento parcial ao Recurso Ordinário do Reclamante para conceder os benefícios da justiça
gratuita.
O Reclamante interpôs Recurso de Revista às fls. 195/204, com fulcro no artigo 896, alíneas -a-, e -c-
, da CLT, alegando que faz jus à estabilidade provisória em decorrência do acidente de trabalho.
Recurso foi admitido à fl. 210.
Contrarrazões foram apresentadas.
Os autos não foram enviados ao douto Ministério Público do Trabalho, por força do artigo 83, § 2º, do
Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho.
É o relatório.
VOTO
O Recurso é tempestivo (fls. 192 e 195), regular a representação processual (fl. 15), custas
dispensadas (fl. 164).
O Reclamante interpôs Recurso de Revista às fls. 195/204. Aduz que celebrou contrato de trabalho
75
b) Mérito
A controvérsia gira em torno de se estabelecer se é aplicável a estabilidade provisória do artigo 118
da Lei 8.213/91 a empregado submetido a contrato por prazo determinado.
Na hipótese dos autos, no contrato de trabalho por prazo determinado, quando ocorre acidente de
trabalho, inexiste garantia de emprego prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, visto que, em sendo o
contrato de trabalho a termo, o instituto da estabilidade acidentária não pode ser aplicado, pois esse
objetiva a proteção da continuidade do vínculo de emprego, supondo, necessariamente, a vigência do
contrato por tempo indeterminado.
Como é sabido, o contrato por prazo determinado não tem natureza de continuidade, extinguindo-se
no término do prazo previsto. Aliás, esse é o entendimento jurisprudencial que vem se firmando neste
Tribunal, cita-se precedentes:
Portanto, a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, em face de sua natureza,
76
não se destina aos contratos que já nascem fadados a termo, dentre eles o contrato por prazo
determinado.
Dessa forma, nego provimento ao Recurso de Revista.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,
conhecer do Recurso de Revista, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negar-lhe provimento.
fls.1
PROC. Nº TST-RR-596598/99.0
ACÓRDÃO
4ª Turma
JCJP/DP/mmr
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. CONTRATO POR PRAZO
DETERMINADO. Se o empregado sofre acidente de trabalho no curso do contrato de experiência,
não há que se falar em estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91, uma vez que
alcança apenas os contratos de trabalho por prazo indeterminado. Recurso de revista conhecido e
não provido.
O Eg. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, pelo acórdão de fls. 74/79, deu provimento parcial
ao recurso ordinário da reclamada, excluindo da condenação os salários e demais vantagens após
6.1.1994, ao fundamento de que a estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91 só é
aplicável ao contrato de experiência dentro de seu prazo de duração.
Irresignado, o reclamante interpõe recurso de revista às fls. 80/82. Alega que faz jus à estabilidade
provisória no emprego em razão do acidente do trabalho, em que pese sua ocorrência durante o
contrato de experiência. Aponta violação dos arts. 5º, XXVIII, da CF, 118 da Lei nº 8.213/91, 5º da
LICC, além de colacionar aresto para confronto.
Despacho de admissibilidade à fl. 85
Não foram apresentadas contra-razões.
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho.
É o relatório.
VOTO
O recurso é tempestivo (fls. 79/80) e está subscrito por procurador habilitado (fls. 4 e 58). Custas
recolhidas pela reclamada à fl. 52.
I - CONHECIMENTO
II - MÉRITO
II.1 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA
A matéria em debate já foi examinada nesta Corte, cumprindo destacar decisão do Presidente desta
Turma, Min. Moura França, junto a Eg. SBDI-1:
cuja pertinência está afeta aos contratos por prazo indeterminado. Recurso de embargos não
conhecidos. (TST E-RR-317413/96, DJ - 07/04/2000, Min. Moura França).
Com efeito, não merece reparo a decisão recorrida, uma vez que a estabilidade provisória
assegurada no caso de acidente do trabalho atinge os contratos de trabalho por prazo indeterminado.
Na hipótese de o empregado estar contratado por prazo determinado, da qual o contrato experiência
é uma das modalidades e importa em precariedade da relação de emprego, impertinente se revela a
transformação do pacto em prazo indeterminado.
Com esses fundamentos, em com esteio nas decisões acima transcrita, NEGO PROVIMENTO ao
recurso de revista.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,
conhecer do recurso por divergência jurisprudencial e, no mérito, negar-lhe provimento.
fls.1
PROCESSO Nº TST-RR-139200-84.2006.5.09.0018 - FASE ATUAL: E-ED
ACÓRDÃO
(Ac. SDI-1)
GMMAC/r3/kr/eri
RELATÓRIO
A Sexta Turma, por meio do Acórdão a fls. 296/306 e 314/320, não conheceu do Recurso de Revista
do Reclamante que versava sobre estabilidade acidentária nos contratos de expediência.
Interpõe o Reclamante o presente Recurso de Embargos, pelas razões a fls. 322/333 (original, a fls.
334/339). O Apelo vem calcado em divergência jurisprudencial.
VOTO
O Recurso de Embargos é tempestivo (a fls. 321, 322 e 334) e mostra-se regular a representação
processual (a fls. 31).
CONHECIMENTO
A Turma não conheceu do Recurso de Revista que versava sobre o reconhecimento da estabilidade
acidentária nos contratos de experiência, por entender que o art. 118 da Lei n.º 8.212/1991 tem
aplicação somente nos contratos por prazo indeterminado. A ementa reproduz a síntese do julgado (a
fls. 296):
O Reclamante, em suas razões recursais, sustenta que o art. 118 da Lei n.º 8.212/1991 visa proteger
o empregado acidentado ou portador de moléstia profissional, independentemente do tipo de contrato
celebrado. Colaciona arestos, a fls. 336 e 338.
80
Os arestos transcritos adotam tese diametralmente oposta à decisão da Turma, autorizando, portanto,
o conhecimento do presente Apelo.
Conheço, dessa forma, por divergência jurisprudencial.
MÉRITO
A questão dos autos tem como ponto central a discussão a respeito da viabilidade de deferir o pedido
de estabilidade provisória, em razão de acidente de trabalho, em contrato por tempo determinado, na
hipótese, o contrato de experiência.
O art. 443 da CLT especifica as situações nas quais é admitida a contratação por tempo determinado.
Nessa modalidade de contratação, ambos os contratantes já têm a prévia ciência do momento no
qual se finda a relação entre eles firmada.
Por sua vez, a garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei n.º 8.212/1991 tem por escopo garantir
a estabilidade da relação de emprego, quando da ocorrência de algum infortúnio trabalhista.
Dessarte, mostra-se inaplicável aos contratos de experiência, modalidade de contrato de trabalho por
prazo determinado, uma vez que esses não possuem o elemento relativo à continuidade da
prestação de serviços, visto que têm prazo certo para o seu término.
Esta Corte, com ressalva de entendimento desta Relatora, tem entendido que não tem direito à
estabilidade prevista no art. 118 da Lei n.º 8.213/91 o empregado que sofre acidente de trabalho na
vigência de contrato de trabalho por prazo determinado, uma vez que a garantia objetiva a proteção
da continuidade do vínculo empregatício, pressupondo, assim, a existência de contrato por prazo
indeterminado. Nesse sentido, têm-se os seguintes precedentes:
contratual em sentido diverso, o prazo estabilitário previsto no artigo 118 da Lei n.º 8.213/91 (no que
ultrapassar o termo ajustado) não é compatível com a prestação de serviços mediante contratação
por prazo determinado. Precedente da C. SBDI-1 do TST. Embargos não conhecidos.- (TST-E-A-RR-
956/2004-017-03-00, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, SBDI-1, DJ 7/12/2007.)
ISTO POSTO
RO
Data de Publicação : 16/02/2007
Órgão Julgador : Primeira Turma
Juiz Relator : Des. Mauricio J.Godinho Delgado
Juiz Revisor : Des. Deoclecia Amorelli Dias
RECORRIDOS: OS MESMOS
RELATOR: DESEMBARGADOR MAURICIO GODINHO DELGADO
1 - RELATÓRIO
O MM. Juiz Jésser Gonçalves Pacheco, da 36ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, pela
decisão de fls. 48/51, julgou procedentes, em parte, os pedidos formulados na peça de ingresso,
condenando a reclamada a pagar as parcelas descritas nos itens 1 e 2 de fl. 50.
Não houve manifestação do Ministério Público do Trabalho, por não se vislumbrar neste
processo interesse público a proteger, ou mesmo quaisquer das hipóteses previstas no artigo 82 do
Regimento Interno deste Eg. Tribunal Regional do Trabalho.
É o relatório.
2 – ADMISSIBILIDADE
3– MÉRITO
Assiste-lhe razão.
Entende-se que, regra geral, as causas suspensivas do contrato podem atuar, no máximo,
como fatores de prorrogação do vencimento dos pactos a prazo, estendendo seu termo final à data
do retorno do obreiro ao serviço, sempre sem prevalência de quaisquer das garantias de emprego
legalmente tipificadas.
Ora, sabe-se que, no Direito, a causa somente afeta de modo substantivo as regras e efeitos
do ato caso seja tida como fator determinante de sua ocorrência (art. 90, CCB/1916; art. 140
CCB/2002). Na presente situação suspensiva, a causa do afastamento obreiro é,
inegavelmente, fator determinante da regência e efeitos normativos especiais resultantes da
ordem jurídica.
Note-se que a CLT, em sua origem, não previa a situação excetiva enfocada (§2º do artigo
472 da CLT). Contudo, nesse aspecto, os dispositivos legais mencionados têm de se ajustar ao
comando mais forte oriundo da Constituição de 1988, que é incompatível com essas restrições
infraconstitucionais. É que o Texto Magno determina tutela especial sobre as situações envolventes
à saúde e segurança (art. 7º, XXII, CF/88). A Carta de 1988, afinal, fala em redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
A regra concessora, fulcrada na Constituição, não sofre exceções. Sob este ponto de vista,
discorda-se, data venia, do r. decisum, por ser irrelevante ter sido a termo o contrato em exame
e, principalmente, contrato de experiência. Está-se, aqui, na exceção constitucional.
Por outro lado, não se pode olvidar que, para a aquisição da estabilidade acidentária prevista
no artigo 118 da lei 8.213/91, é necessário, em princípio, regra geral, que o empregado tenha se
afastado do emprego, com suspensão contratual, recebendo o benefício previdenciário.
Ou seja, a garantia de emprego não é assegurada pela lei a qualquer acidentado, mas
apenas àquele que se afaste por mais de quinze dias, com percepção do benefício previdenciário.
A reclamada não compareceu à audiência em que deveria apresentar defesa (fl. 40).
Assiste-lhe razão.
Informou o reclamante, na inicial, que sofreu acidente do trabalho em 30/11/2005, tendo caído
sobre seu pé esquerdo uma peça de aço
(fl. 04); que o acidente afetou sua capacidade laborativa, o que, fatalmente, impedirá sua
inserção no mercado de trabalho; que foi afetado em seu íntimo. Pleiteou o pagamento de
indenização por danos morais e
patrimoniais.
Quanto ao valor fixado para os danos morais, não existindo parâmetro objetivo insculpido na
lei, o valor da reparação há de ser arbitrado por um juízo de eqüidade, levando-se em
consideração alguns critérios, tais como: a gravidade do ato danoso, a intensidade da sua
repercussão na comunidade, o desgaste provocado no ofendido, a posição socioeconômica do
ofensor, etc.
Considerados tais parâmetros, mormente que não houve provas de deformidade definitiva
nem incapacidade laborativa permanente e, considerando-se ainda que a indenização por danos
morais constitui meio de compensar razoavelmente os prejuízos ocasionados pelo infortúnio,
sem, contudo, propiciar o enriquecimento sem causa do lesionado, servindo, ainda, como
advertência contra futura reiteração de negligência e tendo-se em conta, sobretudo, a permanência
no tempo dos efeitos da ofensa, deve ser mantido o valor arbitrado pelo Juízo de 1º grau
(R$5.000,00), pois observado o princípio da razoabilidade e a amplitude do dano.
Assim, ressalvado o entendimento deste relator quanto à indenização por danos materiais,
nega-se provimento ao recurso no aspecto.
Restou incontroverso nos autos que o reclamante, em 30/11/2005, sofreu acidente de trabalho
- fratura no pé esquerdo - (docs. de fls. 14 e 20).
A responsabilidade civil do empregador pelo acidente de trabalho está prevista no artigo 7º,
XXVIII, da Constituição da República, que assegura ao empregado o direito ao seguro contra
acidente de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa. De onde se extrai que o dever de indenizar decorre da
responsabilidade subjetiva do agente, seja por dolo, seja por imprudência, negligência ou imperícia,
descabendo falar-se in casu em responsabilidade meramente objetiva, independentemente da
existência de culpa.
A par disso, entende-se que a condenação por dano moral tem intensa pertinência nas
hipóteses de acidente de trabalho ou doenças ocupacionais causadas por dolo ou culpa do
empregador.
87
O acidente sofrido pelo obreiro e o nexo de causalidade com o trabalho executado em prol
da empregadora restaram evidenciados.
Observe-se que a reclamada permitiu que o obreiro se expusesse a uma situação de risco
sem adoção de qualquer medida eficiente que evitasse o infortúnio. Não se há falar, portanto, em
não ser a reclamada responsável pelo ocorrido.
Inequívoco, pois, que a reclamada agiu com culpa - em face de sua omissão em adotar
medidas eficientes de prevenção contra acidentes de trabalho, de modo a propiciar aos seus
empregados condições adequadas de conforto, segurança e desempenho eficiente de suas tarefas.
E, verificada a omissão culposa da reclamada, ela deve responder pela reparação do dano
causado ao autor.
"No caso de acidente do trabalho, haverá culpa do empregador quando não foram
observadas as normas legais, convencionais, contratuais ou técnicas de segurança, higiene e
saúde do trabalho. É obrigação legal da empresa cumprir e fazer cumprir tais normas, instruindo
os empregados quanto às precauções a tomar, no sentido de evitar
acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais, prestando informações
pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. (...)
a ausência de fiscalização das condições de trabalho e da implementação
das medidas para neutralizar ou eliminar os agentes perigosos ou nocivos caracteriza
culpa 'in vigilando', ou seja, o descuido do dever de velar pelo cumprimento
da norma, ou mesmo culpa 'in omittendo', diante da omissão ou indiferença
patronal". (Oliveira, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do
Trabalhador - 3ª ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 236).
Mantém-se a decisão.
4 - CONCLUSÃO
Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pelas partes. No mérito, dá-se parcial
provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante para, nos termos da fundamentação
supra: a) acrescer à condenação o pagamento de indenização substitutiva da estabilidade
provisória acidentária, por 01 ano, a partir de 15/05/2006, equivalente aos salários do período,
computados, ainda, o 13º salário, férias + 1/3 e FGTS; b) acrescer à condenação o pagamento de
horas extras no período de 04/10/2005 a 30/11/2005, acrescidas do adicional convencional de
60%, considerando-se a jornada das 7h às 19h30min, de segunda-feira a sábado, com reflexos
nos RSR's e, após, nas férias + 1/3, 13ºs salários e FGTS.
88
Juros e correção monetária na forma da lei, observadas as Súmulas 200 e 381 do TST.
Custas, pela reclamada, no importe de R$100,00, calculadas sobre R$5.000,00, valor acrescido
à condenação nesta instância revisora.
Fundamentos pelos quais, ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª.
Região, pela sua 1ª. Turma, preliminarmente, à unanimidade, conhecer dos recursos ordinários
interpostos pelas partes; no mérito, por maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso
ordinário interposto pelo reclamante para, nos termos da fundamentação: a) acrescer à
condenação o pagamento de indenização substitutiva da estabilidade provisória acidentária,
por 01 ano, a partir de 15/05/2006, equivalente aos salários do período, computados, ainda, o 13º
salário, férias + 1/3 e FGTS; b)acrescer à condenação o pagamento de horas extras no período
de 04/10/2005 a 30/11/2005, acrescidas do adicional convencional de 60%, considerando-se a
jornada das 7h às 19h30min, de segunda-feira a sábado, com reflexos nos RSRs e, após, nas férias
+ 1/3, 13os. salários e FGTS, vencido parcialmente o Exmo. Desembargador Relator, quanto à
indenização por danos materiais;
sem divergência, negar provimento ao apelo da reclamada. Ficam autorizados os descontos fiscais
e previdenciários cabíveis (Súmula nº 368/TST). Juros e correção monetária na forma da lei,
observadas as Súmulas 200 e 381 do TST. Custas, pela reclamada, no importe de R$140,00
(cento e quarenta reais), calculadas sobre R$7.000,00 (sete mil reais), valor acrescido à
condenação nesta instância revisora.
Relator
89
fls. 1
PROC. Nº TST-RR-1.762/2003-027-12-00.8
ACÓRDÃO
1ª Turma
LBC/rd
ACIDENTE DE TRABALHO. PERÍODO DE EXPERIÊNCIA. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
SUSPENSÃO CONTRATUAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. ARTIGO 118 DA LEI
Nº 8.213/91. COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO DE
EXPERIÊNCIA. PACTO CELEBRADO COM ÂNIMO DE CONTINUIDADE. Discute-se a possibilidade
de se aplicar a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91 a empregado
submetido a contrato de trabalho temporário de experiência. No caso sob exame, o contrato
encontrava-se em vigor quando ocorreu o infortúnio - evento imprevisível e capaz de impedir que o
contrato alcançasse o termo final predeterminado pelas partes. O artigo 472, § 2º, da Consolidação
das Leis do Trabalho deve ser interpretado de forma sistemática, em consonância com outras normas
de caráter tutelar consagradas no ordenamento jurídico pátrio, entre elas o artigo 476 da
Consolidação das Leis do Trabalho e o artigo 63 da Lei nº 8.213/91. Tais dispositivos consagram
proteção especial ao trabalhador acidentado, devendo prevalecer sobre outras normas, de caráter
genérico, como o artigo 472, § 2º, da CLT, cuja aplicabilidade restringe-se aos períodos de
afastamento não resultantes de acidente de trabalho. De se notar, entretanto, que a estabilidade
acidentária é compatível com o contrato a termo somente quando este for celebrado a título de
experiência, porquanto, neste caso, presente o ânimo de continuidade da relação de emprego.
Conquanto não se possa antecipar se a experiência será exitosa ou não, o incidente ocorrido no
curso desse contrato a termo frustra totalmente a possibilidade de permanência do trabalhador no
emprego após o período de experiência. Ora, o ânimo de permanência no emprego, que resulta da
celebração do contrato de experiência, é o elemento que distingue esta modalidade de contrato a
termo das demais hipóteses para efeito de incidência da norma garantidora da estabilidade
acidentária. Assim, o acidente de trabalho ocorrido por culpa do empregador, que detém o encargo
de estabelecer mecanismos tendentes a evitar infortúnios no ambiente laboral - cumprindo as normas
de saúde, segurança e higiene -, bem como a responsabilidade social do detentor dos meios de
produção pelos riscos do empreendimento - inferida da exegese do artigo 170, inciso III, da Carta
Política -, coloca sob ônus do empregador a manutenção do vínculo empregatício enquanto o obreiro
estiver em período de incapacidade ou redução da capacidade laborativa que, de acordo com a
norma preconizada no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, tem a duração de um ano. Não se olvide, ainda,
que o juiz aplicará a lei atendendo aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum
(artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil). Ao aplicador da lei, portanto, cabe lançar mão do
método teleológico, para encontrar o sentido da norma que realize os fins sociais por ela objetivados.
Assim, não se realizará os fins sociais da lei de proteção ao trabalhador se este, vítima de acidente
laboral, for lançado ao mercado de trabalho. A dificuldade de colocação desse trabalhador no
mercado de trabalho afeta o ideal de realização de justiça social e atenta contra o princípio da
dignidade da pessoa humana consagrado no artigo 1º, III, da Constituição da República. Recurso de
revista conhecido e provido. (Anexo 5)
O reclamante interpõe recurso de revista a acórdão prolatado às fls. 58/64 pelo egrégio Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região mediante o qual se denegou provimento ao seu recurso ordinário.
Rebela-se contra o indeferimento do pedido da estabilidade provisória no emprego prevista no artigo
118 da Lei nº 8.213/91. Pretende que seja julgado procedente o pleito e condenada a empresa,
inclusive, ao pagamento dos honorários advocatícios. Fundamenta o apelo em divergência
jurisprudencial (fls. 66/71).
Admitiu-se a revista por meio da decisão monocrática proferida às fls. 72/74.
Não foram apresentadas contra-razões, conforme certidão lavrada à fl. 75.
VOTO
I - CONHECIMENTO
O recurso é tempestivo (acórdão publicado em 6/6/2005, segunda-feira, conforme certidão lavrada à
fl. 65, e recurso protocolizado em 14/6/2005, à fl. 66). O pagamento das custas foi dispensado (fl. 37).
O reclamante está regularmente representado nos autos (procuração acostada à fl. 4).
O Tribunal Regional manteve a sentença por meio da qual se negara o direito à estabilidade
provisória prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, por estar o reclamante submetido a contrato de
trabalho por tempo determinado. Arrematou a Corte regional, na ementa do julgado:
II - MÉRITO
ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. ARTIGO 118 DA LEI Nº 8.213/91.
COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO DE EXPERIÊNCIA.
Discute-se a possibilidade de se aplicar a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei nº
8.213/91 a empregado submetido a contrato de trabalho temporário de experiência.
Impende ressaltar que as partes firmaram contrato de experiência em 12/11/2002 pelo prazo de 30
dias.
O empregado sofreu acidente de trabalho no dia da contratação, momento em que o contrato de
trabalho fora interrompido por 15 dias e, em seguida, suspenso em virtude de gozo de auxílio-doença
acidentário até o dia 19/1/2003, quando recebeu alta médica. Registre-se que o retorno do
reclamante ao trabalho somente ocorreu no dia 24/1/2003 (fl. 62), conforme afirmado no acórdão
recorrido.
Em 24/2/2003 o reclamante fora desligado da empresa, em razão de ter-se alcançado o termo final do
contrato de experiência (não computado o prazo em que o reclamante esteve afastado do serviço),
consoante assentado pela Corte regional.
Ora, o artigo 472, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho deve ser interpretado de forma
sistemática, em consonância com outras normas de caráter tutelar consagradas no ordenamento
jurídico pátrio, entre elas o artigo 476 da CLT e o artigo 63 da Lei nº 8.213/91.
Os dispositivos legais em comento consagram proteção especial ao trabalhador acidentado, devendo
prevalecer sobre outras normas, de caráter genérico. Tal é o caso do artigo 472, § 2º, da CLT, cuja
aplicabilidade restringe-se aos períodos de afastamento não resultantes de acidente de trabalho.
No caso sob exame, o contrato encontrava-se em vigor quando ocorreu o infortúnio - evento
imprevisível e capaz de impedir que o contrato alcançasse o termo final predeterminado pelas partes.
É de se invocar o magistério do ilustre jurista Maurício Godinho Delgado, em sua obra -Curso de
Direito do Trabalho- (Editora LTr., 5ª ed., pp. 535/536), para quem é plenamente possível a
decretação da estabilidade provisória nos contratos a prazo quando ocorre o acidente de trabalho:
-As causas suspensivas do contrato podem atuar, no máximo, como fatores de prorrogação do
vencimento do respectivo pacto empregatício, estendendo seu termo final à data do retorno do
obreiro ao serviço, sempre sem prevalência de qualquer das garantias de emprego legalmente
tipificadas - conforme já estudado.
91
Pode-se falar na existência de uma única exceção a essa regra geral celetista (art. 472, § 2º, CLT): a
derivada dos afastamentos por acidente de trabalho (ou doença profissional, é claro).
De fato, aqui, a causa do afastamento integra a essência sociojurídica de tal situação trabalhista, já
que se trata de suspensão provocada por malefício sofrido estritamente pelo trabalhador em
decorrência de fatores situados fundamentalmente sob ônus e risco empresariais. Ora, sabe-se que
no Direito a causa somente afeta de modo substantivo as regras e efeitos do ato caso seja tida como
fator determinante de sua ocorrência (art. 90, CCB/1916; art. 140, CCB/2002); na presente situação
suspensiva, a causa do afastamento do obreiro é, inegavelmente, fator determinante da regência e
efeitos normativos especiais resultantes da ordem jurídica.
Note-se que a CLT, em sua origem, parecia não prever a situação excepcional enfocada (art. 472, §
2º, da CLT). Contudo, nesse aspecto, ela teve de se ajustar ao comando mais forte oriundo da
Constituição de 1988, determinando tutela especial sobre as situações envolventes à saúde e
segurança laborais (art. 7º, XXII, CF/88): a Carta de 1988, afinal, fala em redução dos riscos inerentes
ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Em tal quadro, a garantia de
emprego de um ano, que protege trabalhadores acidentados ou sob doença profissional, após seu
retorno da respectiva licença acidentária (art. 118, Lei n. 8213/91), incide, sim, em favor do
empregado, ainda que admitido, na origem, por pacto empregatício a termo-.
Resulta do exposto que a resilição do contrato é nula, porque praticada quando a manutenção do
contrato de trabalho encontrava-se inequivocamente garantida por norma de ordem pública.
Em face do exposto, dou provimento ao recurso de revista para decretar a nulidade da rescisão
contratual operada e condenar a empresa recorrida ao pagamento de indenização pelo período
estabilitário de doze (12) meses.
Sendo o reclamante beneficiário da justiça gratuita e estando assistido pelo sindicato de sua
categoria profissional, como demonstrado à fl. 6, procede o pedido de condenação da reclamada ao
pagamento dos honorários advocatícios em decorrência da procedência do pleito inicial.
ISTO POSTO
está assistido pelo sindicato de sua categoria profissional. Custas complementares de R$ 200,00
(duzentos reais), calculadas sobre R$ 10.000,00 (dez mil), valor ora arbitrado à causa.
fls.1
PROCESSO Nº TST-RR-1255/2007-047-01-40.7
ACÓRDÃO
(Ac. 3ª Turma)
GMALB/smg/abn/AB/mc
Pelo despacho recorrido, originário do Eg. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, denegou-se
seguimento ao recurso de revista interposto (fls. 38/39).
Inconformado, o Reclamante agrava de instrumento, sustentando, em resumo, que o recurso merece
regular processamento (fls. 2/4).
Contraminuta a fls. 43/45 e contrarrazões a fls. 46/49.
Os autos não foram remetidos ao d. Ministério Público do Trabalho (RI/TST, art. 83).
É o relatório.
VOTO
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ADMISSIBILIDADE.
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MÉRITO.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA.
Insiste o Agravante no processamento do recurso de revista, sustentando, em síntese, que restaram
atendidos os requisitos do art. 896 da CLT.
Com razão.
O Regional negou provimento ao recurso ordinário do Reclamante, por entender que a estabilidade
provisória de que trata o art. 118 da Lei nº 8.213/91 é incompatível com o contrato de experiência.
Assim está posto o acórdão:
Sustenta o ora Agravante, no recurso de revista, que o Regional, assim decidindo, incorreu em ofensa
ao art. 118 da Lei nº 8.213/91, uma vez que a estabilidade provisória ali prevista também alcance os
contratos por prazo determinado. Colaciona, ainda, arestos para cotejo de teses.
A pretensão está voltada ao merecimento da garantia de emprego a que alude o art. 118 da Lei nº
8.213/91, com suas consequências, ainda que a vinculação entre as partes decorra de contrato de
experiência.
A CLT identifica, no art. 443, contratos de prazo determinado, dentre eles situando o contrato de
experiência (art. 443, § 2º, c).
Para o eminente Ministro Maurício Godinho Delgado, -contrato de experiência é o acordo bilateral
firmado entre empregado e empregador, com prazo máximo de noventa dias, em que as partes
poderão aferir aspectos subjetivos, objetivos e circunstanciais relevantes à continuidade ou extinção
do vínculo empregatício. É contrato empregatício cuja delimitação temporal justifica-se em função da
fase probatória por que passam geralmente as partes em seguida à contratação efetivada- (Curso de
Direito do Trabalho, Ltr, 2003, pg. 536).
Já para a Desembargadora Alice Monteiro de Barros, -o contrato de experiência é modalidade de
ajuste a termo, de curta duração, que propicia às partes uma avaliação subjetiva recíproca: possibilita
ao empregador verificar as aptidões técnicas e o comportamento do empregado e a este último
analisar as condições de trabalho- (Curso de Direito do Trabalho, Ltr, 2005, pg. 455).
Cuida-se de contrato especial, diverso daqueles a que a Lei o irmana, na medida em que traz como
ínsita à sua natureza a expectativa de prorrogação e indeterminação, sendo esta circunstância
chancelada pela normalidade dos fatos, pelo que ordinariamente acontece.
Em tal espécie, não está o contrato ligado a trabalho ou atividade empresarial transitórias, mas se
agrega ao absoluto cotidiano dos contratos de prazo indeterminado mantidos pelo empregador, salvo
pela possibilidade de se definir prazo de duração.
O art. 118 da Lei nº 8.213/91, respondendo à diretriz do art. 7º, XXII, da Carta Magna, afirma que -o
segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,
independentemente da percepção de auxílio-acidente.-
O preceito não estabelece distinções entre contratos por prazo determinado e indeterminado, embora
doutrina e jurisprudência reneguem estabilidade quando se trata daquela primeira modalidade.
Com atenção aos fins sociais buscados pela Lei (LICC, art. 5º), não se deve, no entanto, rejeitar a
estabilidade provisória ao empregado acidentado no curso de contrato de experiência.
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termo das demais hipóteses para efeito de incidência da norma garantidora da estabilidade
acidentária. Assim, o acidente de trabalho ocorrido por culpa do empregador, que detém o encargo
de estabelecer mecanismos tendentes a evitar infortúnios no ambiente laboral - cumprindo as normas
de saúde, segurança e higiene -, bem como a responsabilidade social do detentor dos meios de
produção pelos riscos do empreendimento inferida da exegese do artigo 170, inciso III, da Carta
Política -, coloca sob ônus do empregador a manutenção do vínculo empregatício enquanto o obreiro
estiver em período de incapacidade ou redução da capacidade laborativa que, de acordo com a
norma preconizada no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, tem a duração de um ano. Não se olvide, ainda,
que o juiz aplicará a lei atendendo aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum
(artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil). Ao aplicador da lei, portanto, cabe lançar mão do
método teleológico, para encontrar o sentido da norma que realize os fins sociais por ela objetivados.
Assim, não se realizará os fins sociais da lei de proteção ao trabalhador se este, vítima de acidente
laboral, for lançado ao mercado de trabalho. A dificuldade de colocação desse trabalhador no
mercado de trabalho afeta o ideal de realização de justiça social e atenta contra o princípio da
dignidade da pessoa humana consagrado no artigo 1º, III, da Constituição da República. Recurso de
revista conhecido e provido- (Proc. TST-RR-1762/2003-027-12-00; Ac. 1ª Turma; Rel. Min. Lelio
Bentes Corrêa; DJ 04/04/2008).
Configurada, assim, potencial ofensa ao art. 118 da Lei nº 8.213/91, dou provimento ao agravo de
instrumento, para determinar o regular processamento do recurso de revista.
II - RECURSO DE REVISTA.
Tempestivo o apelo (fls. 34 e 35), regular a representação (fl. 9) e dispensado o Autor do
recolhimento de custas processuais (fl. 27), estão presentes os pressupostos genéricos de
admissibilidade.
1.1 - CONHECIMENTO
1.2 - MÉRITO.
No caso dos autos, as instâncias ordinárias não decidiram quanto ao acidente do trabalho (sequer
questionado pela Ré), afastando a questão pela conclusão prejudicial no que diz respeito ao contrato
de experiência.
Assim, para evitar supressão de instâncias e enquanto vedada a imersão no acervo instrutório dos
autos, dou parcial provimento ao recurso de revista, para, superado o desmerecimento da garantia de
emprego a que alude o art. 118 da Lei nº 8.213/91 em contrato de experiência, devolver os autos à
Vara do Trabalho, para que, sob tal premissa, decida quanto ao acidente do trabalho e
conseqüências postuladas, como entender de direito.
ISTO POSTO