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FACULDADES INTEGRADAS SANTA CRUZ DE CURITIBA – FARESC

RENI DE JESUS BRAZ DA SILVA

A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA E OS CONTRATOS DE TRABALHO POR


PRAZO DETERMINADO NO BRASIL

CURITIBA
2010
RENI DE JESUS BRAZ DA SILVA

A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA E OS CONTRATOS DE TRABALHO POR


PRAZO DETERMINADO NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Direito, Faculdades Integradas Santa
Cruz de Curitiba – FARESC.

Orientador: Professor Mestre Fábio Almeida do


Rego Campinho.

CURITIBA
2010
TERMO DE APROVAÇÃO

A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA E OS CONTRATOS DE TRABALHO POR


PRAZO DETERMINADO NO BRASIL

RENI DE JESUS BRAZ DA SILVA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de


Bacharel em Direto, nas Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba – FARESC,
pela comissão formada pelos seguintes professores:

_____________________________________
Orientador Profº. Mestre Fábio Almeida do Rego Campinho

_____________________________________
Profª. Mestra Ariane Fernandes de Oliveira

_____________________________________
Profº. Especialista Demian Gaio

Curitiba, 29 de novembro de 2010.


RESUMO

Resumo: Esse trabalho trata da estabilidade acidentária e dos contratos de trabalho


por prazo determinado no Brasil. O enfoque do estudo foi: a garantia provisória de
emprego, em decorrência de acidente do trabalho essa regulamentada pela Lei
8.213/91, art. 118, "caput" e a sua aplicação aos contratos por prazo determinado,
especialmente aos contratos de experiência. Brevemente temos uma leitura sobre a
corrente dominante que defende a não aplicabilidade e a corrente minoritária que
considera aplicável, sendo fortemente representada pelo ilustre Ministro do Tribunal
Superior do Trabalho desde 2007 e, também doutrinador Maurício Godinho Delgado
dentre outros. Aludimos o tratar das garantias fundamentais concedidas ao
trabalhador, decerto por isso considerada polêmica. Apontamos os aspectos
controversos e desenvolvemos uma análise sob a ótica doutrinária e jurisprudencial,
sendo este, o objeto central deste estudo.

PALAVRAS-CHAVE: CONTRATO DE TRABALHO; CONTRATO DE TRABALHO


POR PRAZO DETERMINADO; ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA

Abstract: This research paper deals with employment stability and labor contracts by
determined terms in Brazil. The study focuses on temporary employment guarantee
resulting from work accident injuries, regulated by Law no. 8.213/91, section 118,
caput and its applicability to labor contracts by determined terms, namely experience
contracts. In addition, there is a briefly analysis concerning the dominant view which
defends the non-applicability; and the minoritarian view, considering it applicable,
represented by Maurício Godinho Delgado, indoctrinator and illustrious Job Court
Minister since 2007. In the present work, we discussed the fundamental guarantees
granted to employees, its polemical character and its controversial aspects. The aim
of this research paper was an analysis considering doctrine and legal decisions.

KEY-WORDS: LABOR CONTRACT; LABOR CONTRACT BY DETERMINED


TERMS; EMPLOYMENT STABILITY.
“Que eu me torne em todos os momentos,
agora e sempre,
um protetor para os desprotegidos,
um guia para os que perderam o rumo,
um navio para os que têm oceanos a cruzar,
uma ponte para os que têm rios a atravessar,
um santuário para os que estão em perigo,
uma lâmpada para os que não têm luz,
um refúgio para os que não têm abrigo
e um servidor para todos os necessitados.”

DALAI LAMA
AGRADECIMENTOS

A DEUS,

Agradeço a Deus, a quem atribuo toda a honra e toda glória, por fazer parte
de minha vida, por sua luz, que serve como norteadora de meus passos, guiando-
me pelos caminhos da vida, permitindo-me sonhar e dando-me forças para buscar a
realização destes sonhos.

AOS MEUS PAIS,

A meu pai amado, in memoriam, e à minha mãe querida, meus profundos


agradecimentos. Quero dizer que vocês são a essência de minha vida. Afinal, me
ensinaram a falar, a andar, a viver cada momento como se fosse único, sendo
sempre exemplo e referência de família estruturada e unida. Apesar de não
estarmos juntos, sob o mesmo teto, fizeram-se presentes sempre em minha jornada,
dando-me indiretamente forças para chegar ao final desta etapa de minha vida. É
por isto que hoje agradeço a vocês. Quero que saibam que o mérito dessa
conquista, deste diploma, é também de cada um de vocês. Obrigado por tudo.

A MINHA ESPOSA

Eu, Reni, agradeço a minha esposa Carla, pelo companheirismo e amizade.


Foi em suas palavras de afeto, carinho, amor e consolo que encontrei forças para
lutar nas horas difíceis, não desistindo dessa jornada tão árdua. Obrigado pela
compreensão de minha ausência, durante o desenvolvimento deste estudo. Você
sabe o quanto te amo e o quanto sua presença é importante para mim. Igualmente
obrigado.

AOS MEUS FILHOS

É por vocês que me presto a esses sacrifícios, para que tenham uma vida
melhor, com melhores oportunidades. Quero que saibam que eu os amo muito, são
a razão de meu viver, a força viva que me faz pensar sempre em ir mais longe, a fim
de servir de exemplo, como serviram meus pais a mim. Obrigado pela compreensão,
e me desculpem se por vezes não pude estar presente, em alguns momentos de
suas vidas, por estar envolvido com este estudo. Prometo retribuir daqui em diante
em forma de dedicação, amor e carinho. Obrigado por tudo, amo muito vocês.

AOS MEUS IRMÃOS

Vocês são pessoas especiais e que estão guardadas em meu coração.


Agradeço a compreensão, os momentos de descontração, a amizade e
principalmente a força depositada em mim. Nas palavras de carinho e, no ombro
amigo de vocês, encontrei vontade de lutar e seguir adiante para conquistar meus
ideais. A vocês, todo o meu amor e carinho. Saibam que estou, a exemplo de vocês,
sempre torcendo pelo sucesso de todos.

AO MEU ORIENTADOR

Digníssimo orientador, a você devo todos os ensinamentos, afinal sem os


mesmos não seria possível a construção deste trabalho. Seus conhecimentos,
compreensão e força de vontade foram fundamentais para o resultado final desse
trabalho, sem contar a imensurável importância para o meu crescimento tanto
profissional quanto pessoal. Ademais, encontrei em você um grande amigo e
confidente, uma pessoa cujo coração é imenso, sempre cuidadoso, dedicado, um
verdadeiro amigo. Você esteve sempre ao meu lado, a cada momento e foi parte
fundamental na elaboração deste trabalho. Agradeço pelas palavras de confiança,
paciência e tantas horas de dedicação durante nossas tensões diárias, dúvidas e
dificuldades para o desenvolvimento deste estudo. Levarei em meu coração e em
minha mente todos os sábios ensinamentos que obtive de você, meu amigo.
Obrigado por tudo.

A BANCA EXAMINADORA

Meu sincero agradecimento a todos os membros da Banca Examinadora,


pelas valiosas sugestões na melhoria deste trabalho.
AOS PROFESSORES

Em especial a todos os mestres queridos que, com suas peculiaridades, com


suas didáticas, perfeitas ou não, passaram-nos seus grandes conhecimentos,
compartilhados durante esta caminhada. Afinal, a bem da verdade, a nossa
formação acadêmica nada mais é do que um reflexo dos nossos mestres. Sem
vocês este momento seria impossível, obrigado de coração por tudo. Cada qual
ficará em minha mente e em meu coração, como exemplo de pessoas e
profissionais ilibados.

AOS AMIGOS

A todos os meus amigos e colegas de faculdade, que por longos cinco anos
foram companheiros, dando-me forças, ajudando nos grupos de estudos, pelos
momentos de alegria e descontrações nos churrascos e encontros que tivemos. Aos
amigos, que nossa amizade seja eterna e que sempre possamos manter a mesma
cumplicidade ao longo da vida. Agradeço também a todos os amigos que por
consequência desses longos anos, tiveram nossa amizade prejudicada, por conta da
ausência. Agradeço a todos, em geral, os novos e velhos amigos, afinal citar nomes
aqui me levaria a uma obrigatória omissão ou esquecimento.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1 BREVE TIPOLOGIA E CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTRATOS DE
TRABALHO .............................................................................................................. 13
1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DE TRABALHO PELA CLT ................. 15
1.2 DIFERENÇAS ENTRE CONTRATO A PRAZO DETERMINADO E CONTRATO A
PRAZO INDETERMINADO ....................................................................................... 16
1.2.1 Contrato a prazo indeterminado ....................................................................... 16
1.2.2 Contrato a prazo determinado .......................................................................... 17
1.3 CONTRATO DE EXPERIÊNCIA ........................................................................ 19
1.4 CONTRATO ESPECIAL POR PRAZO DETERMINADO .................................... 20
1.5 CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO .................................................... 23
1.6 OUTRAS MODALIDADES ESPECIAIS............................................................... 24
2 A ESTABILIDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO
.................................................................................................................................. 27
2.1 CONCEITUAÇÃO DE ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO ............... 27
2.2 ESTABILIDADES PROVISÓRIAS DE ORIGEM CONSTITUCIONAL ................ 30
2.2.1 Gestante ........................................................................................................... 31
2.2.2 Cipeiro ............................................................................................................. 35
2.2.3 Dirigente sindical ............................................................................................. 37
2.2.4 Empregado Acidentado ................................................................................... 39
2.2.5 Reintegração nas estabilidades provisórias .................................................... 42
2.2.6 Extinção da estabilidade.................................................................................. 42
2.3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS.............................. 43
2.3.1 Legislação Acidentária .................................................................................... 49
2.4 REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA 52
2.4.1 Comunicação do acidente de trabalho (CAT).................................................. 52
2.5 BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS .......................................................................... 53
2.5.1 Auxílio Doença ................................................................................................. 53
2.5.2 Auxílio-acidente ................................................................................................ 54
2.5.3 Aposentadoria por invalidez acidentária .......................................................... 54
2.5.4 Pensão por morte acidentária ......................................................................... 55
2.5.5 Abono anual .................................................................................................... 55
3 A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA E OS CONTRATOS POR PRAZO
DETERMINADO NO BRASIL ................................................................................... 56
3.1 PROBLEMATIZAÇÃO ......................................................................................... 56
3.2 POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS.............................................................................. 58
3.2.1 Entendimento doutrinário contrário à estabilidade .......................................... 58
3.2.2 Entendimento doutrinário favorável à estabilidade .......................................... 61
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70
ANEXOS ................................................................................................................... 74
ANEXO 1: PROCESSO Nº TST-RR-266/2000-020-09-00.6 ..................................... 74
ANEXO 2: PROCESSO Nº TST-RR-596598/99.0 .................................................... 77
ANEXO 3: PROCESSO Nº TST-RR-139200-84.2006.5.09.0018 ............................. 79
ANEXO 4: PROCESSO Nº TRT-RO-01941-2006-136-03-00-6 ................................ 82
ANEXO 5: PROCESSO Nº TST-RR-1.762/2003-027-12-00.8 .................................. 89
ANEXO 6: PROCESSO Nº TST-RR-1255/2007-047-01-40.7 ................................... 93
LISTA DE ABREVIATURAS

ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias


CAT – Comunicado de Acidente de Trabalho
CID – Classificação Internacional de Doenças
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CNPS – Conselho Nacional de Previdência Social
CTPD – Contrato de Trabalho por Prazo Determinado
CTPS – Carteira de trabalho e previdência social
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
MP – Medida Provisória
MPS – Ministério da Previdência Social
MTb – Ministério do Trabalho
OIT – Organização Internacional do Trabalho
PIS – Programa de Integração Social
TRT – Tribunal Regional do Trabalho
TST – Tribunal Superior do Trabalho
SAT – Seguro de Acidentes do Trabalho
STF – Supremo Tribunal Federal
STJ – Supremo Tribunal de Justiça
INTRODUÇÃO

O Direito do Trabalho, em sua temática contratual, mostra-se


demasiadamente complexo e longo, exigindo uma segmentação de seu estudo para
uma análise mais completa, a fim de esclarecer alguns pontos conceituais.
Sendo a estabilidade provisória uma garantia fundamental conferida ao
trabalhador e representando um tema bastante polêmico, com vários aspectos
controvertidos, evidencia-se o tema como sendo oriundo do princípio trabalhista da
continuidade da relação de emprego e do princípio da proteção, respaldando-se
ainda no princípio da causalidade da dispensa, impossibilitando a dispensa arbitrária
ou abusiva, devendo promover a segurança adequada para o desempenho de papel
profissional ao empregado.

Diverge ainda a doutrina nos institutos estabilidade e garantia. Até


recentemente, havia o consenso tanto pela doutrina como pela jurisprudência, pelo
não reconhecimento da garantia de emprego; contudo uma minoria doutrinária, e
alguns julgados recentes, formulam um novo caminho reconhecendo o direito do
trabalhador à garantia provisória de emprego, em razão de acidentes do trabalho
sofridos no curso do contrato a termo. Essa nova visão começa a ser reconhecida de
forma diferenciada pelos magistrados, conforme recentes decisões do TST.
Com o objetivo de abordar o direito do trabalhador, ocorrido no curso dos
contratos por prazo determinado, tendo como garantia a manutenção desse contrato
de trabalho, este estudo introduziu as diversas possibilidades de estabilidade nos
contratos de trabalho por prazo indeterminado, como são tratados e se é possível
estender as mesmas garantias aos contratos por prazo determinado, destacando-se
os entendimentos majoritários e minoritários peculiares a esse último tipo de
contrato.
No primeiro capítulo, foi abordada a classificação dos contratos de trabalho,
assim como as diferenças entre contrato a prazo determinado e contrato a prazo
indeterminado e as modalidades especiais.
No segundo capítulo, pesquisou-se a estabilidade provisória decorrente de
acidente de trabalho, com a conceituação de estabilidade e garantia de emprego, as
modalidades de estabilidade provisória para gestante, dirigente da CIPA, dirigente
sindical e empregado acidentado. Além disso, foram investigados o acidente de
trabalho e os requisitos para a configuração da estabilidade acidentária
No terceiro capítulo, foi apresentado o posicionamento doutrinário e
jurisprudencial sobre a garantia de emprego, por ocasião de acidentes do trabalho e
doenças ocupacionais, nos contratos a prazo indeterminado, bem como nos de
prazo determinado, analisando-se as duas correntes existentes no direito laboral,
quais sejam, a majoritária que defende a tese de que somente os contratados por
prazo indeterminado fazem jus à estabilidade acidentária e, a minoritária que
defende a extensão desse direito aos contratos a prazo determinado.
Assim, comparando-se com os diversos entendimentos doutrinários e
jurisprudenciais, foram expostas as dificuldades de adaptação, além das possíveis
soluções apontadas pelos especialistas sobre o tema.
13

1 BREVE TIPOLOGIA E CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONTRATOS DE


TRABALHO

Contrato de trabalho, nas palavras de Aristeu de Oliveira1, é um negócio


jurídico entre empregador e empregado, em que este presta serviços àquele, em
troca de remuneração. Este tipo de contrato é pessoal, ou seja, a pessoa prestadora
do serviço contratado deve ser única, física e insubstituível, fazendo com que a
contratação se dê com a pessoa física e não com o serviço a ser desenvolvido.
Para o autor o contrato se dá ainda com a habitualidade, conforme prevê o
art.3º da CLT, que explica a contínua natureza do serviço desenvolvido e a
continuidade, tratando-se de um pacto de atividade, tendo em vista não se contratar
resultado. A prestação de serviços deverá ser continuada e remunerada, além de
estar o contratado submisso ao contratante, ou seja, subordinado àquele que obtém
o referido serviço, havendo um acordo de vontades, caracterizando a autonomia das
partes.
Para Maurício Godinho Delgado, o contrato de trabalho é “o acordo de
vontades, tácito ou expresso, pelo qual uma pessoa física coloca seus serviços à
disposição de outrem, a serem prestados com pessoalidade, não-eventualidade,
onerosidade e subordinação ao tomador.” 2
O contrato de trabalho, para que seja válido e eficaz, necessita preencher
alguns requisitos, elencados nas lições de Oliveira, que são “a continuidade, a
subordinação, a remuneração, a pessoalidade, a prestação de serviços por conta
alheia. Assim é que o empregado pode participar dos lucros de uma empresa, mas
jamais dos prejuízos. Se presta serviços para si mesmo, não há relação de
emprego”.3 Cabe ressaltar que a doutrina classifica esse último requisito, citado pelo
autor, como sendo alteridade que em outras palavras é caracterizada pela prestação

1
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de contratos de trabalho. 4ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.13.
Vale ressaltar que a respeito da denominação Contrato de trabalho, Sérgio Pinto Martins, em sua
obra Direito do Trabalho, manifesta-se dizendo que “Contrato de trabalho é gênero, e compreende o
contrato de emprego. Contrato de trabalho poderia compreender qualquer trabalho, como o de
autônomo, do eventual, do avulso, do empresário etc. Contrato de emprego diz respeito à relação
entre empregado e empregador e não a outro tipo de trabalhador. Daí por que se falar em contrato de
emprego, que fornece a noção exata do tipo de contrato que estaria sendo estudado, porque o
contrato de trabalho seria o gênero e o contrato de emprego, a espécie.” Ele contesta a nomenclatura
usada pela maioria dos doutrinadores e até pela própria CLT, fundamentando o porquê dessa
contestação, levando a uma reflexão a respeito da terminologia usada. N.A.
2
DELGADO, Mauricio Godinho. O novo contrato por tempo determinado (Lei nº 9.601/98). São
Paulo: LTr, 1998. p. 16-17.
3
OLIVEIRA, op. cit. p.13.
14

do serviço sem qualquer participação no risco da atividade. Ou seja, o empregado,


ao exercer seu trabalho, não assume os riscos da atividade, sendo esses de inteira
responsabilidade do empregador.
Como condições de existência do contrato devem estar presentes os sujeitos
das relações contratuais, sendo que para a sua identificação, eles podem ter sempre
como sujeitos o empregado e o empregador. Qualquer que seja a especificidade do
contrato, essa é uma regra aplicável tanto ao contrato comum de tempo pleno e
duração indeterminada, quanto aos demais contratos, que são os especiais de
trabalho. 4
O conceito de empregado e empregador, de acordo com Nascimento, está
no fato de que o empregado, “é a pessoa física que com ânimo de emprego trabalha
subordinadamente e de modo não-eventual para outrem, de quem recebe salário.” 5,
enquanto que empregador é “todo ente para quem uma pessoa física presta
serviços continuados, subordinados e assalariados”. Por fim o autor salienta que “é
por meio da figura do empregado que se chegará à do empregador,
independentemente da estrutura jurídica que tiver.” 6
Sobre a forma do contrato de trabalho, se destaca o exposto por Sérgio
Pinto Martins, para quem, “o contrato de trabalho não tem necessariamente uma
forma para ser realizado. Pode ser feito por escrito, ou verbalmente (art. 443 da
7
CLT).” Ainda, segundo o autor, bastando haver o ajuste entre as partes, qualquer
contrato pode ser feito verbalmente. Entretanto, esclarece que quanto aos contratos
por tempo determinado, poderiam ser realizados de forma verbal, conforme
preceitua o art. 443 da CLT, contudo, o ideal seria que o pacto dessa modalidade
contratual fosse firmado por escrito, evitando-se possíveis fraudes na contratação.8
Quanto à validade dos contratos por prazo determinado, estes só serão
válidos em se tratando de: a) serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a
predeterminação do prazo; b) caráter transitório das atividades empresariais; c)
contratos de experiência (art. 443 § 2º da CLT).9

4
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do
trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 611.
5
Ibidem p. 613.
6
Ibidem p. 640.
7
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2010, p.109. Sobre o art. 443 da
CLT, citado pelo autor, assim diz: “O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado”.
8
Ibidem p. 111.
9
Idem
15

Acerca da duração dos contratos de trabalho, Martins, extraindo tal


entendimento da própria CLT, observa que os contratos de trabalho podem ter prazo
determinado e indeterminado (art. 443 da CLT)10, sendo aqueles, distribuído nos
subgrupos, de contrato de experiência, especial (Lei nº. 9.601/98)11; de trabalho
temporário (Lei nº. 6.019/74, art.11)12; de artista profissional (Lei nº. 6.533/78, art.
9º)13 e, finalmente, os contratos do atleta profissional de futebol – Lei Pelé (Lei nº
9.615/98)14.
Quanto aos requisitos de validade do contrato, Martins ensina que o contrato
de trabalho, posto que seja um negócio jurídico, deve respeitar as condições
determinadas pelo art. 104 do Código Civil, que exige para sua validade agente
capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não
defesa em lei.” 15

1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS DE TRABALHO PELA CLT

Sobre a classificação dos contratos de trabalho, elencadas no dispositivo


16
legal, o contrato de trabalho individual poderá ser celebrado, de forma tácita ou
expressa, verbal ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado.
O contrato por prazo determinado, enquadrado como uma exceção à regra
pela CLT - muito embora a prática do mercado insinue o contrário - é conceituado

10
Artigo 443: O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. § 1º - Considera-se como de
prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução
de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão
aproximada. § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja
natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de
caráter transitório; c) de contrato de experiência.
11
Lei nº. 9.601/98, de 21/01/98, Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá
outras providências.
12
Lei nº. 6.019/74, de 03/01/74, Dispõe sobre o Trabalho Temporário nas Empresas Urbanas, e dá
outras Providências. Art.11: O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e
cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos
trabalhadores por esta Lei.
13
Lei nº. 6.533/78, de 24/05/78, Dispõe sobre a regulamentação das profissões de Artistas e de
técnico em Espetáculos de Diversões, e dá outras providências. Art. 9º: O exercício das profissões de
que trata esta Lei exige contrato de trabalho padronizado, nos termos de instruções a serem
expedidas pelo Ministério do Trabalho.
14
Lei nº 9.615/98, de 24/03/98, Institui normas gerais sobre desporto e dá outras providências.
15
MARTINS, op. cit. 2010. p. 103.
16
Artigo 443, da CLT
16

como sendo aquele cuja vigência dependerá de um termo final, fixado entre as
partes em contrato.
Esse contrato será valido somente em três situações, que serão estudadas
com mais detalhe à frente, quais sejam: quando se tratar de serviço, cuja natureza
ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; em atividades empresariais
de caráter transitório; ou como contrato de experiência. (art. 443, §1 e §2) 17.

1.2 DIFERENÇAS ENTRE CONTRATO A PRAZO DETERMINADO E CONTRATO A


PRAZO INDETERMINADO

Ao se analisar os dispositivos legais da CLT – (art. 443, §1 e §2, art. 445, art.
452), que tratam do contrato individual do trabalho, pode-se concluir que a regra
geral, estabelecida no Brasil, é o contrato de trabalho por tempo indeterminado,
sendo exceção o contrato por tempo determinado. Aquele é configurado pela não
existência de termo pré-fixado, presumindo-se indeterminado.
O contrato por tempo determinado possui termo final, ou seja, uma data pré-
fixada para seu efetivo término, sendo que a natureza dos serviços prestados, nessa
modalidade de contrato, deverá ser transitória devendo justificar a sua pré-
determinação, salvo na hipótese de contrato de experiência no qual essa
necessidade não ocorre. Todavia, esse tipo contratual possui um prazo máximo de
vigência, ou seja, dois anos, salvo o contrato de experiência que é de noventa dias.
Na sequência, serão abordados, de forma mais detalhada, os principais tipos de
contrato por prazo determinado, fundamentando-os pela ótica de alguns
doutrinadores.

1.2.1 Contrato a prazo indeterminado

Para Oliveira, contrato a prazo indeterminado “é aquele cuja vigência não


tem termo prefixado, ou seja, não estipula ajuste quanto ao término dele.” 18
Ao se recorrer aos ensinamentos de Martins, corroborando para o mesmo
entendimento, percebe-se que esse tipo de contrato é o que mais se conforma com

17
Artigo 443, da CLT
18
OLIVEIRA, op. cit. p. 1.
17

o Direito do Trabalho, sendo o contrato de trabalho a prazo indeterminado um


contrato de prestações sucessivas, de duração. Tendo em vista o princípio da
continuidade do contrato de trabalho, supõe-se que ele irá perdurar no tempo. A
contratação por prazo determinado é a exceção prevista na especificidade da lei.19
Para Mauricio Godinho Delgado os “contratos indeterminados são aqueles
cuja duração temporal não tenha prefixado termo extintivo, mantendo duração
indefinida ao longo do tempo.” 20, sendo o que mais se coaduna com o Direito do
Trabalho, especialmente no que se refere à continuidade da relação de emprego,
assegurando o maior leque de direitos ao trabalhador. Assim, esse tipo de contrato
se encontra em maior consonância com o valor social do trabalho e a dignidade da
pessoa humana.
O autor explica que o contrato por tempo indeterminado tem os próprios e
específicos efeitos, se contrapondo aos contratos determinados e que aqueles são
mais favoráveis ao empregado, “elevando o nível de pactuação da força de trabalho
no mercado”. Esses efeitos abrangem três dimensões principais da dinâmica
contratual, que são as repercussões da interrupção e suspensão do contrato; das
garantias especiais de emprego e estabilidade empregatícia; e o número de parcelas
rescisórias incidentes no instante da ruptura do contrato.21

1.2.2 Contrato a prazo determinado

O contrato por tempo determinado é considerado como exceção à regra


geral e, segundo Oliveira, só é possível contratar um empregado, por prazo
determinado, se o trabalho ou serviço for de natureza transitória e cuja atividade
justifique a predeterminação do prazo. Essa modalidade de contrato não poderá ser
estipulada por mais de dois anos e, sendo inferior a este período, poderá ser
prorrogado apenas por uma vez, desde que essa prorrogação não ultrapasse dois

19
MARTINS, op. cit. 2010. p. 111. Cláudia Vianna, com mesmo posicionamento, define contrato de
trabalho a prazo indeterminado quando o empregado é contratado para prestar serviços ao seu
empregador por um período indeterminado de tempo, inexistindo uma expressa previsão para o
término da relação empregatícia. Nesse caso, não se determina como regra geral de contratação, um
prazo ou condição para sua cessação, na ocasião da celebração. VIANNA Cláudia Salles Vilela.
Manual Prático das Relações Trabalhistas. São Paulo:LTr, 2005. p.141.
20
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9ª ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 496.
21
Ibidem p. 497.
18

anos, salvo nos contratos de experiência cujo termo final não poderá exceder a 90
(noventa) dias, sendo permitida, igualmente, a prorrogação por uma única vez,
quando celebrado por período inferior. Sendo o contrário, passará automaticamente
a vigorar sem determinação de prazo.22
Martins busca na CLT sua fundamentação para o referido contrato, aduzindo
que o mesmo será “o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado
ou de execução de serviços especializados, ou ainda, da realização de certos
acontecimentos suscetíveis de previsão aproximada. (§ 1º do art. 443 da CLT).” 23
É nas palavras de Delgado que se encontra a complementação ao conceito
do contrato por prazo determinado, posto que “pactuados regularmente os contratos
a termo, eles irão firmar clara especificidade também no tocante as suas
características, regras e efeitos jurídicos”. Os contratos aqui referenciados irão se
distinguir por curtos e rígidos espaços de tempo e também por se pautarem segundo
normas rigorosas, no que se refere ao ser consecutivo por outro da mesma
natureza.
A prorrogação contratual - Lei n.9.601/98 24 - atenuou o rigor de tais normas,
por produzirem repercussões rescisórias mais restritas do que as típicas aos
contratos sem prazo pré-fixado; “finalmente, distinguem-se por não se subordinarem
à mesma amplitude de efeitos própria à interrupção e à suspensão contratuais e às
garantias jurídicas de emprego, em contraponto aos contratos de duração
indeterminada”.25
Para melhor ilustrar o quadro, concluiu-se que a modalidade de contrato por
prazo determinado é exceção à regra geral dos contratos, sendo aplicada em
situações distintas e excepcionais, previstas em lei, devendo obedecer a critérios
específicos contidos em lei, no art. 443 § 1º e § 2º da CLT e na Lei nº 9.601/98. Sua
duração máxima será de 2(dois) anos; poderá ser renovado por uma única vez,
desde que não ultrapasse o limite máximo de sua duração, salvo se versarem sobre
contrato de experiência, cuja duração máxima será de 90(noventa) dias, podendo
também ser prorrogado uma única vez, quando celebrado por período inferior ao
limite máximo previsto em lei.

22
OLIVEIRA, op. cit. p. 4.
23
MARTINS, op. cit. p. 111.
24
Lei n.9.601 de 21/01/98, Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado e dá outras
providências.
25
DELGADO, op. cit. 2010, p.500.
19

1.3 CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Manifesta-se Cláudia Vianna, acerca do contrato de experiência,


conceituando-o como sendo o “contrato pelo qual as partes (empregador e
empregado) analisarão o efetivo exercício da função ajustada, a adaptação ao local
e à subordinação existentes e a capacitação técnica e profissional exigida para o
cargo.” 26
No tocante ao prazo de duração dos contratos de experiência, a autora
prossegue, usando dos dispositivos legais, que “deverá ter a duração máxima de
90(noventa) dias, podendo também ser prorrogado uma única vez, quando
celebrado por período inferior – CLT, art. 443 § 2º. “c”, e art. 445, parágrafo único.” 27
Corroborando com tal entendimento, Alice de Barros ensina que, “o contrato
de experiência é a modalidade de ajuste a termo, de curta duração, que propicia às
partes uma avaliação subjetiva recíproca: possibilita ao empregador verificar as
aptidões técnicas e o comportamento do empregado e a este último analisar as
28
condições de trabalho.” Acerca do prazo ressalta ela que “não poderá exceder de
90 dias, do contrário, passará a reger-se pelas normas do contrato indeterminado.” 29
Foi à doutrina de Aristeu de Oliveira, que pareceu conferir o conceito mais
amplo e completo, para a experiência, prevendo que esse tipo de contrato é também
um contrato individual de trabalho por prazo determinado, conforme preceitua o art.
443, § 2º, alínea c, da CLT. O limite máximo da experiência é de 90 dias, podendo
ser prorrogado apenas uma vez.30
Esse contrato precede o de prazo indeterminado, visando testar as aptidões
do empregado em suas atividades determinadas, assim como o relacionamento
interpessoal com os colegas, sendo uma avaliação da adaptação e da capacidade
técnica ao novo trabalho.31

26
VIANNA, op.cit. p. 142.
27
Idem
Sobre os artigos da CLT citados pela autora, versam o seguinte: 443 § 2º. “c” “c”: “Art. 443 (...) § 2º -
O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: c) de contrato de experiência.” “Art.
445 (...), Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa) dias.N.A.
28
BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e regulamentações especiais do trabalho:
peculiaridades, aspectos controvertidos e tendências, 3ª. Ed. São Paulo: LTr, 2008. p.166.
29
Ibidem p. 169.
30
OLIVEIRA, op. cit. p. 8.
31
Idem
20

Ao trabalhador são assegurados todos os direitos e obrigações pertinentes


ao referido acordo, com a necessidade de firmar-se em CTPS o início e o fim do
contrato. Terminando a experiência, o pacto estará acabado, sem necessidade de o
empregador declarar os motivos da demissão, se for o caso.
Ao cumprir a experiência e sair da empresa, o empregado que assim o fizer,
não poderá o empregador recontratá-lo para a mesma função exigindo que se
cumpra novamente a experiência. Observa-se a regra do art. 452 da CLT, “que
impede nova contratação por prazo determinado sem a observância do prazo de
seis meses”. 32
Ressalta-se ainda, de acordo com Delgado, que o contrato de experiência é
um “acordo bilateral firmado entre empregado e empregador, com prazo máximo de
90 dias, em que as partes poderão aferir aspectos subjetivos, objetivos e
circunstanciais relevantes à continuidade ou extinção do vínculo empregatício”.
Chamado também de contrato a contento, sua delimitação temporal é justificada
pela fase probatória consecutiva à efetivação da contratação. 33
Sua duração poderá ser de até 90 (noventa) dias, sendo este o limite de sua
vigência, permitindo-se prorrogação por uma única vez dentro desse lapso temporal.
Por exemplo, em um contrato firmado por 30 (trinta) dias, que pode ser prorrogado
por mais 60 (sessenta) dias. Caso o empregador não queira efetivar o empregado ao
término do contrato de experiência, poderá dispensá-lo sem necessidade de aviso
prévio, justificativa da dispensa, ou indenização da multa de 40% sobre os valores
depositados no FGTS, previsto no Decreto nº 99.684 /90 em seu artigo 9º §1º.34
Conforme a Súmula 118 do TST, "O contrato de experiência pode ser
prorrogado, respeitado o limite máximo de 90 (noventa) dias." Sendo assim, poderá
o empregador contratar o empregado, a título de experiência, pelo prazo de 30 dias
e prorrogá-lo por mais 60 dias, o que na prática torna-se mais aplicável.

1.4 CONTRATO ESPECIAL POR PRAZO DETERMINADO

32
OLIVEIRA, op. cit. p. 8.
33
DELGADO, op. cit. 2010, p. 516.
34
Decreto nº 99.684/90 art. 9º § 1º - “No caso de despedida sem justa causa, ainda que indireta, o
empregador depositará, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a 40% do
montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de
trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros, não sendo permitida, para
este fim, a dedução dos saques ocorridos.”
21

O contrato especial por prazo determinado, conforme preceitua Oliveira, foi


instituído no Brasil por legislação extravagante à CLT - Lei nº 9.601/98 - sancionada
pelo Presidente da República, em 21/01/1998. 35
O autor explica que a finalidade desse novo tipo contratual era dar
flexibilidade ao contrato por tempo determinado, disposto na CLT, que até então
permitia esse tipo de contratação apenas para atividades de caráter transitório, ou os
contratos de experiências. Segundo ele, a lei daria um passo na modernização das
relações de trabalho no Brasil, uma vez que quebrava os rígidos princípios inseridos
na CLT.36
O dispositivo legal institui algumas condições para se estabelecer o contrato
por prazo determinado, a saber: a) só poderá ser instituído por meio de convenção
coletiva ou acordos coletivos de trabalho; b) qualquer empresa ou estabelecimento
poderá firmar acordo com o sindicato de sua categoria preponderante; c) não será
permitida a contratação de empregados por prazo determinado, para substituir
empregado por prazo indeterminado; d) deverá ocorrer à anotação na CTPS do
empregado, sua condição de contrato por prazo determinado, com a indicação do
número da lei de regência; e) discriminar os empregados separadamente na folha de
pagamento; f) firmar contrato escrito entre empregador e empregado; g) a
indenização por rescisão antecipada do contrato determinado, por qualquer das
partes, será estabelecida na convenção ou acordo coletivo, não se aplicando os arts.
37
479 ou 480 da CLT ; h) estabilidade provisória, garantia durante a vigência do
contrato por prazo determinado da gestante, do dirigente sindical, ainda que
suplente, do empregado eleito para o corpo de direção da CIPA, do empregado
acidentado, conforme art. 118 da Lei nº 8.213/91; i) o limite máximo do contrato por
prazo determinado é de dois anos (art. 445 da CLT); j) o número de trabalhadores
nessa modalidade de contrato está limitado ao número de empregados por prazo
indeterminado na empresa, até 50% de Contrato de Trabalho por Prazo
Determinado – CTPD com empresa que tenha até 49 empregados, 35% de CTPD,
com empresa que tenha entre 50 e 199 empregados e 20% de CTPD, com empresa

35
OLIVEIRA, op. cit. p.16-17.
36
Idem
37
Art. 479: Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregado que, sem justa causa, despedir
o empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que
teria direito até o termo do contrato. Art. 480: Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá
desligar do contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos
prejuízos que desse fato lhe resultarem.
22

que tenha mais de 200 empregados; l) as informações constantes da convenção ou


acordo coletivo no MTb, que as tornarão disponíveis ao INSS e ao agente operador
do FGTS; m) o empregador deverá afixar no quadro de avisos da empresa, cópia da
convenção ou acordo coletivo do CTPD, devendo nele constar: nome do
empregado, nº da CTPS, nº do PIS, datas de início e fim do CTPD, e outras
informações que se fizerem necessárias; n) no término do CTPD, o trabalhador não
terá direito ao aviso prévio e mais 40% do FGTS; o) a não observância aos diplomas
legais pertinentes, o empregado passa a gerar os efeitos próprios dos contratos por
prazo indeterminado.38
Martins relata que a principal distinção do contrato de trabalho por tempo
determinado, na Lei nº 9.601/98, do contrato de trabalho temporário, e na Lei nº
6.019/74, é que neste existem 3(três) pessoas que compõe a relação jurídica, sendo
a empresa de trabalho temporário, o trabalhador temporário e a empresa tomadora
dos serviços ou cliente, enquanto naquele, possui 2 (dois) elementos na relação
jurídica, que são o empregador e o empregado.39
Delgado leciona que a Lei nº 9.601/98 altera substancialmente o quadro
normativo anterior, diminuindo as restrições à pactuação dos contratos a termo o
que, segundo ele, pode comprometer gravemente a segurança de um bom resultado
de certos princípios fundamentais do Direito do Trabalho, como os princípios da
norma mais favorável e da continuidade da relação de emprego, sendo o modelo
jurídico dessa lei o de um contrato a termo.40
O autor prossegue explicando que, dessa forma, a nova lei cria objeto que
se enquadra no tipo legal do Art. 443 e correlatos da CLT, fazendo com que as
normas gerais celetistas sejam aplicáveis ao novo contrato a prazo. Ocorre a
atenuação significativa dos cuidados previstos na pactuação dos contratos a termo,
tornando mais precária a teia de relações trabalhistas no mercado de trabalho do
país, sendo “ciente a ordem jurídica clássica de que tais contratos conspiram contra
princípios e objetivos fundamentais do Direito do Trabalho”.41

38
OLIVEIRA, op. cit. p.18-19.
39
MARTINS, op. cit., 2010. p. 19-20.
40
DELGADO, op. cit., 2010, p. 528-529.
41
Ibidem p. 529.
23

1.5 CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO

Segundo Oliveira, o trabalho temporário é uma atividade reconhecida


legalmente no país, para atender a mão-de-obra extraordinária por curtos períodos,
demanda excedente por oferta de trabalho nas áreas técnica e de produção,
administrativa e comercial, sem com isso criar uma ideia de alta rotatividade.42
O dispositivo legal que trata do contrato de trabalho temporário foi instituído
no Brasil pela Lei nº 6.019/74, e regulamentada pelo Decreto nº 73.847/74. A partir
dessa modalidade de contrato, criou-se a possibilidade de contratação de mão de
obra temporária, em situações específicas e momentâneas, elencadas na referida
legislação extravagante à CLT.
Destaca-se sua regulamentação pelo art. 1º do Decreto nº 73.841/74, do
qual se extrai como sendo “aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para
atender as necessidades transitórias de substituição de pessoal regular e
permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços.” Nascimento, manifesta-se
sobre tal definição como não sendo por si só elucidativa, ressaltando que há
necessidade de ser complementada como outro conceito do mesmo diploma legal
em seu art. 4º, sendo que se compreende “como empresa de trabalho temporário a
pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar a disposição de
outras empresas, temporariamente, trabalhadores devidamente qualificados, por
elas remunerados e assistidos.” 43
Do próprio conceito acima citado, são extraídas as hipóteses em que a
legislação permite esse tipo de contratação, quais sejam elas, para atender as
necessidades transitórias de substituição de pessoal regular e permanente ou a
acréscimo extraordinário de serviços.
Podem-se citar alguns exemplos como a cobertura de férias de funcionário
efetivo durante o período de gozo; a substituição de funcionária durante o período de
licença maternidade; a necessidade temporária de funcionários, geradas pelo
aumento do movimento no comércio, em datas comemorativas como no natal, assim
como, quando ocorre necessidade de aumento de produção em indústrias, onde as
mesmas necessitam de mão de obra temporária a fim de atender-se a demanda de
seus produtos.
42
OLIVEIRA, op.cit. p. 115.
43
NASCIMENTO, op. cit. p. 831.
24

Nessa modalidade de contrato, surge a figura de um terceiro sujeito na


relação contratual, que será da empresa de trabalho temporário, a qual irá dispor ao
empregador o trabalhador temporário.44
Alice de Barros45, Claudia Vianna46 e Amauri Nascimento47 conceituam tal
instituto, extraindo-o, ipsis litteris, dos ditos dos arts. 2º e 4º da Lei 6.019/74.
Vale lembrar que Nascimento48 ressalta em seus estudos a diferenciação
deste contrato com os demais tipos, “assim, diferem as figuras do empregado e do
trabalhador temporário. Ambos são subordinados. Porém, a subordinação jurídica do
trabalhador temporário será com a empresa de trabalho temporário, com o qual o
contrato é mantido.”49
Quanto à duração do contrato temporário Aristeu de Oliveira aduz que “o
prazo não poderá exceder de 3 (três) meses, salvo autorização conferida por órgão
próprio do Ministério do Trabalho.”50

1.6 OUTRAS MODALIDADES ESPECIAIS

Delgado, ao referir-se aos contratos de atletas profissionais de futebol e


artista profissional, classifica-os como sendo uma quarta hipótese normativa de
pactuação.51 Contudo, resta esclarecer que esta modalidade especial de contrato
também faz parte dos contratos por tempo determinado, ou melhor, dos contratos a
termo.
Poucos são os autores que dedicam capítulo específico para tratar do
contrato de artista profissional, sendo assim foram buscadas, nos ensinamentos de
Alice de Barros, as informações pertinentes a essa modalidade contratual. A autora
distingue duas formas de prestação de serviços pelo artista no Brasil. Entretanto, a
que interessa nesse contexto é a forma de prestação de serviço “de natureza não

44
OLIVEIRA, op. cit, p. 116
45
BARROS, op. cit. p. 539.
46
VIANNA, op. cit. p. 187.
47
NASCIMENTO, op. cit. p. 831.
48
Idem
49
Ibidem p. 832.
50
OLIVEIRA, op. cit. p. 141.
51
DELGADO, op. cit., 2010, p. 501.
25

eventual a empregador, mediante salário e subordinação jurídica, independente de


sua função criativa e cultural”. 52
Conforme dispositivo legal, da Lei nº. 6.533/78, artista é “o profissional que
cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza, para efeito
de exibição ou divulgação pública, pelos meios de comunicação de massa ou em
locais onde se realizam espetáculos de diversão pública”.
A lei determina equiparação entre artista e manequim ou modelo, os
técnicos em espetáculos de diversões, excluindo os técnicos em espetáculos de
diversões, que prestam serviços à empresa de radiodifusão, por possuírem
legislação específica.
O mesmo diploma legal, em seu art. 10, dispõe sobre o prazo de duração do
contrato de trabalho artístico e do técnico em espetáculo de diversão, podendo ser
por prazo determinado e indeterminado. Conforme ensina Alice de Barros, baseada
na referida lei, tal contrato “requer forma solene, ou seja, deve ser padronizado, com
visto do sindicato, no prazo de dois dias, findos os quais poderá ser registrado no
Ministério do Trabalho, independente da manifestação sindical.” Ainda, a autora
atribui, ao trabalho firmado com artista, a natureza de um contrato especial de
trabalho.53
Quanto aos jogadores de futebol, o contrato de trabalho é característico do
próprio esporte, apresentando seu próprio perfil, sendo um contrato especial. A
natureza jurídica desse contrato assemelha-se ao contrato de prestação de serviços
profissionais às entidades desportivas, mantendo essa configuração jurídica, na qual
podem ser aplicadas as normas do Direito do Trabalho e de seguridade social. 54
Desta forma, com regras aplicadas, por força de lei e, mormente do Direito
do Trabalho. O contrato de trabalho de jogador de futebol é um contrato de
emprego, sujeito às leis trabalhistas da CLT, sendo sujeitos o atleta, que representa
o empregado e a pessoa jurídica e o empregador, representado pelos clubes e
associações esportivas.55
O empregador, em se tratando de jogador de futebol, só poderá ser uma
pessoa jurídica ou associação de prática esportiva, devendo estar credenciada de
acordo com as formalidades exigidas pela legislação específica e ter seu registro em

52
BARROS, op. cit. p. 80.
53
Idem
54
CÂNDIA, Ralph. Comentários aos contratos trabalhistas especiais. São Paulo: LTr, 1987.
55
DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos. v. 5. São Paulo: Saraiva, 1994.
26

órgãos reguladores, como a Federação Estadual ou a Confederação Brasileira de


Futebol, previstos no Art. 1º da Lei nº 6.354/76.56 O artigo 2º determina o atleta de
futebol como sendo o empregado. 57
Existem outras formas de contratos a termo que não estão explicitados neste
trabalho, quais sejam: o contrato de obra certa; contrato de safra; contrato rural por
pequeno prazo; contrato por temporada, entre outros. Todavia, não caberá aqui a
abordagem e estudo, sequer a análise de todos os contratos de trabalho a termo,
por questões didáticas.

56
Lei n. 6.354/76, Art. 1 ° Considera-se empregador a associação desportiva que, mediante qualquer
modalidade de remuneração, se utilize dos serviços de atletas profissionais de futebol, na forma
definida nesta Lei.
Art. 2° Considera-se empregado, para os efeitos desta Lei, o atleta que praticar o futebol, sob a
subordinação de empregador, como tal definido no art. 1°, mediante remuneração e contrato, na
forma do artigo seguinte.
57
ZAINAGHI, Domingos Sávio. Nova legislação desportiva. Aspectos trabalhistas. São Paulo: LTr,
2001. p. 13.
27

2 A ESTABILIDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO

2.1 CONCEITUAÇÃO DE ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO

Certamente que o almejado por todos os seres humanos é a estabilidade


econômica, representando uma das diversas formas da busca de dignidade do
indivíduo. Na busca da eliminação da insegurança econômica do trabalhador, a
sociedade pratica diversos atos para alcançar tal objetivo, como exemplos, “políticas
públicas de emprego; seguro desemprego; recolocação de desempregado ao
mercado de trabalho”, entre outros. Com efeito, é possível concluir que “a
estabilidade econômica e a estabilidade do emprego como fator de subsistência e
dignidade do trabalhador”.58
Nascimento leciona que “estabilidade é o direito do trabalhador de manter o
emprego, mesmo contra a vontade do empregador, salvo causas previstas em lei”,
sendo a estabilidade no sentido jurídico. Ela divide-se em estabilidade definitiva, que
produz efeitos para toda relação de emprego e estabilidade transitória, no caso de
persistir uma causa especial. 59
No Brasil, a estabilidade decenal surgiu primeiramente, com atribuição de
estabilidade definitiva. Em seguida, desenvolveu-se a estabilidade transitória,
chamada provisória.60 De acordo com Sussekind,61 a categoria dos ferroviários foi a
primeira a desfrutar do direito de estabilidade, assegurada após dez anos de
serviços efetivos, pelo art.42, da Lei nº 4.682.62

58
NETO, Francisco Ferreira Jorge, Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcanti. Curso de direito do
trabalho. São Paulo: Atlas, 2009, p. 303.
59
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 981.
60
Idem
61
SUSSEKIND, Arnaldo. Estabilidade no emprego in SUSSEKIND, Arnaldo; TEIXEIRA FILHO,
João de Lima. Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2002, p.675.
62
O Decreto n° 4.682, de 24 de janeiro de 1923, em seu art. 42, na verdade a conhecida Lei Elói
Chaves (o autor do projeto respectivo), determinou a criação de uma Caixa de Aposentadoria e
Pensões para os empregados de cada empresa ferroviária. É considerado o ponto de partida, no
Brasil, da Previdência Social propriamente dita. Determina que depois de 10 anos de serviços
efetivos, o empregado das empresas a que se refere a presente lei só poderá ser demitido no caso
de falta grave constatada
em inquérito administrativo, presidido por um engenheiro de Inspetoria e fiscalização das Estradas de
ferro. Disponível em: <http://www1.previdencia.gov.br/pg_secundarias/previdencia_social_12_04-
A.asp.> Acessado em: 06/09/2010.
28

A garantia de emprego, entretanto, é um regime mais amplo do que a


estabilidade, compreendendo outras medidas que promovem ao trabalhador a
obtenção do emprego e a sua manutenção.
Homero Batista diz que as garantias de emprego estão inseridas no contexto
maior das políticas públicas, fomentando a geração de emprego e renda, e
proporcionando a dignidade do ser humano, uma vez que sem a existência de
trabalho, de forma concreta ou potencial, a realização profissional e pessoal
dificilmente seria obtida, sendo estas necessárias para a “manutenção de um grau
mínimo de dignidade”.63
Ainda, o autor salienta que a garantia de emprego a que se refere não é a
“garantia de que haverá empregos” ou “existência de emprego”, mas sim a garantia
de permanecer no emprego, ou melhor, garantia do trabalhador de que o seu
emprego já conquistado será mantido64.
Segundo Nascimento, a estabilidade que mantinha o trabalhador no
emprego é aquela adquirida aos dez anos de serviço na mesma empresa, prevista
no art. 492 da CLT. Com a criação do FGTS, pela Lei nº 5.107/66, a estabilidade
decenal só atingia aos não optantes do sistema do FGTS. A Constituição Federal de
1988, por sua vez, tornou o regime do FGTS obrigatório. 65
O regime de estabilidade absoluta foi abolido pela Constituição Federal,66
com exceção dos servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, da administração direta autárquica e das funções públicas,
em exercício na data da promulgação da constituição, há pelo menos cinco anos
continuados, admitidos através de aprovação prévia em concurso público, na forma

63
SILVA, Homero Batista Mateus da. Direito do trabalho aplicado, vol. 3: segurança e medicina
do trabalho, trabalho da mulher e do menor. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 184.
64
SILVA, op. cit. p. 185.
65
Criado pela Lei º 5.107, de 1966 (hoje regido pela Lei nº 8.036/90), o FGTS organizava sistema
alternativo ao modelo celetista, sujeito a uma opção expressa (por escrito no instante da celeração do
contrato. No modelo de Fundo, o empregado teria direito a depósitos mensais em sua conta
vinculada, no importe de 8% sobre seu complexo salarial mensal incluído a média de gorjetas (verbas
dos artigos 477 e 478, caput, CLT.(DELGADO, 2010, p. 1153).
66
Essa proteção jurídica foi retirada do Direito do país, a contar do advento da Lei do FGTS (nº
5.107, de 1966), que criou regime jurídico alternativo ao da CLT, e que com este iria concorrer até
1988. A Carta Magna de 05/10/1988 poria fim à dualidade de regimes jurídicos, ao generalizar o
Fundo de Garantia para o conjunto dos empregados do país (art. 7º, III, CF/88), exceto o doméstico,
além de revogar concomitantemente, o velho sistema indenizatório e estabilitário da CLT (art.7º,
CF/88, e 10, I, ADCT/CF-88). (DELGADO, op. cit.p.1161).
29

do art. 37 da Constituição, são considerados estáveis no serviço público, segundo o


art. 19 do ADCT.67
A nova Constituição, ainda que tenha tornado extinta a estabilidade
tradicional da CLT, passa a criar regras específicas de estabilidade, favorecendo os
servidores públicos. Duas delas interessam ao Direito do Trabalho: a do art.19, do
ADCT/CF-88 e a do art.41, do texto principal da Constituição.68
A classificação mais recente é assim determinada:
a) estabilidade definitiva (absoluta): empregado decenal e empregado
público;
b) estabilidade temporária (provisória): dirigente sindical, representante dos
trabalhadores no CNPS, dirigente de associação profissional;
c) garantia de emprego (relativa): cipeiro e gestante;
d) garantias especiais (híbridas): acidentado69, menor aprendiz matriculado
no SENAI ou no SENAC, de acordo com o Decreto-Lei nº 8.622/46, Lei nº
9.029/95, Art. 4 e NR-7, precedentes normativos 80 (empregado alistando),
85 (empregado aposentando), 77 (empregado transferido) e as garantias de
emprego provenientes de Sentenças normativas, acordos coletivos e
convenções coletivas.
A essencial diferença entre garantia de emprego e estabilidade consiste em
que o empregado estável só pode ser despedido quando cometer falta grave
devidamente apurada através de inquérito judicial. O empregado detentor de
garantia de emprego pode ser despedido por justa causa, diretamente.
Oriunda do princípio trabalhista da continuidade da relação de emprego e do
princípio da proteção respalda-se, ainda, no princípio da causalidade da dispensa, o

67
Art.19, do ADCT: Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da
promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido
admitidos na forma regulada no Art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço
público.
§ 1º - O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se
submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de
confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço não
será computado para os fins do caput deste artigo, exceto se tratar de servidor.
§ 3º - O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei.
68
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1161.
69
Este item será revisto mais profundamente, adiante, neste trabalho.
30

que irá negar a dispensa arbitrária ou abusiva, propiciando ao trabalhador a


segurança adequada para o desempenho de seu papel profissional.70
Divergente nos institutos estabilidade e garantia, Nascimento explica a
diversidade dos termos, observando que a garantia no emprego compreende a
restrição do direito de poder de dispensa, assim como os mecanismos destinados à
manutenção do emprego obtido. Assim, a garantia no emprego é assunto mais
abrangente, que envolve medidas de proteção e criação de empregos e,
consequentemente, a estabilidade.71
Delgado, em sua doutrina, estabelece que a garantia de emprego é “a
vantagem jurídica de caráter transitório, deferida ao empregado em virtude de uma
circunstância contratual ou pessoal obreira de caráter especial, de modo a assegurar
a manutenção do vínculo empregatício por um lapso temporal definido,
independentemente da vontade do empregador”. 72

2.2 ESTABILIDADES PROVISÓRIAS DE ORIGEM CONSTITUCIONAL

Segundo Nascimento, a estabilidade especial é a que protege o empregado


contra dispensas arbitrárias ou sem justa causa, enquanto durar uma situação em
que se encontra e que veda a rescisão do contrato de trabalho por ato do
empregador que, por sua vez, “só poderá despedir o empregado havendo justa
causa. Terminada a situação em que se achava o empregado, geradora da
proteção, cessa a garantia, cabendo a dispensa mesmo imotivada, antes proibida.”73
O ADCT da Constituição Federal (art. 10, II) dispõe: “Fica vedada a dispensa
arbitrária ou sem justa causa:
a) do empregado eleito para o cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano
após o final de seu mandato;
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco
meses após o parto;”

70
DINIZ, Dulce. Estabilidade e garantia no emprego. Disponível em: <http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/
bitstream/handle/2011/18314/Estabilidade_e_Garantia_no_Emprego.pdf?sequence=2.> Acessado
em 06/09/2010.
71
NASCIMENTO, op. cit., p. 356.
72
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1165.
73
Ibidem p. 983.
31

No que se refere à estabilidade do Dirigente Sindical, para que ela se


configure, é exigida a comunicação da candidatura à eleição sindical, já que há um
dispositivo legal nesse sentido, conforme o que preceitua o Art.543, § 5º, da CLT.74
Existem algumas estabilidades ainda não previstas em lei, constando de
convenções e/ou acordos coletivos, sendo comum a sua existência para
empregados em vias de se aposentar, em idade de prestação de serviço militar,
dirigente de associação profissional, diretor de sociedade cooperativa, membros do
Conselho Curador do FGTS e outros.75
Seguem abaixo relacionadas, de forma analítica, a condições de gestante,
de cipeiro, dirigente sindical e funcionário acidentado.

2.2.1 Gestante

A empregada gestante tem direito à estabilidade absoluta durante cento e


vinte dias de licença compulsória, iniciada quatro semanas antes do dia estimado
para o parto (art.7º, da Constituição Federal76, art.6º da OIT nº 103, art. 392 da CLT
e art. 71 da Lei nº 8.213/91), e à estabilidade relativa após o término dessa licença,
até cinco meses da ocorrência do parto (art.10, II, b, do ADCT).77
A estabilidade da gestante é a garantia de emprego disponível de forma
momentânea, já que vigora durante o período de gestação e de lactação. Após esse
período, a mulher volta a ter tratamento normal em seu contrato de trabalho,
podendo o empregador proceder ao seu rompimento, com as devidas indenizações
na forma da lei.78
A estabilidade garantida à gestante não teria nada de excepcional
comparada às demais estabilidades previstas em lei, não fosse pela ausência de
data clara para seu início como também a data precisa para seu término.79

74
NASCIMENTO, op.cit. p. 984. “Para os fins desse artigo, a entidade sindical comunicará por escrito
à empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e à hora do registro da candidatura do seu
empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse, fornecendo, igualmente, a este, comprovante no
mesmo sentido”.
75
DELGADO, op. cit., 2010. p. 1167.
76
Inciso XVIII - Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120
dias.
77
SUSSEKIND, Arnaldo. Estabilidade no emprego in SUSSEKIND, Arnaldo; TEIXEIRA FILHO, João
de Lima. Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2002, p.675.
78
SILVA, op. cit. p.186.
79
Idem
32

Segundo Silva, o art. 10 do ADCT dispõe que a data de início da garantia de


emprego seria a confirmação da gravidez, contudo o uso da expressão “confirmação
da gravidez” não foi feliz, no entendimento do autor, por tratar-se de uma “expressão
polissêmica e, mesmo que tivesse “um único sentido”, estaria sujeita a cálculos ou
exames médicos deveras conflitantes. Eis que, ao longo de vinte anos, surgiram três
teses sobre o significado da palavra confirmação.80
A primeira promove associar confirmação com concepção, o que ainda
segundo o autor, seria a tese mais acertada, por não levar em conta a conduta da
“empregada ou do empregador, a diligência da gestante em fazer seu pré-natal ou
vicissitudes de uma gravidez mal identificada.”81
Em suma, a primeira tese afirma que havendo a fecundação, a gravidez está
confirmada, independente da ignorância da mulher sobre seu estado. Contudo,
estar coberta de fundamentos jurídicos, éticos e clínicos, restou a essa tese o
insucesso, isso porque algumas mulheres ocultavam seu estado, em busca de
possíveis indenizações, caso sofressem despedidas dentro do lapso temporal que
lhes era garantida a estabilidade.82
A segunda tese surge como uma solução intermediária para um equilíbrio
político jurídico, respaldada pelos tribunais superiores e, detendo maior ênfase, a
referida tese “exige a responsabilidade objetiva do empregador, desde que a
gravidez já esteja, pelo menos, confirmada clinicamente”. 83
Surgem então duas exigências, a primeira sobre o empregador, o qual
deverá manter o contrato de trabalho mesmo ignorando o estado gravídico de sua
empregada e mesmo que o fato tenha sido omitido na homologação da rescisão no
sindicato competente; a segunda, sobre a empregada, que deverá comprovar sua
situação gravídica de maneira científica, ou seja, não basta à mera concepção, a
gravidez deverá ser comprovada através de exames de sangue ou ultra-som.84
Por fim, uma terceira corrente tenta sem muito êxito ganhar força, impedida
pela sistemática da jurisprudência, que é a de “exigir que a gestante tenha
confirmado a gravidez, por escrito ou verbalmente, junto ao empregador, a ela

80
SILVA, op. cit. p.186.
81
Idem
82
Idem
83
Ibidem p.187.
84
Idem
33

competindo, inclusive, o ônus da prova”. A referida tese encontra apoio na doutrina


no que tange o “abuso do direito”85.
Segundo Silva, o posicionamento dos tribunais superiores, nos casos de
indícios de abuso de direito pela gestante, caberá “ao empregador suscitar e
comprovar o fato nos autos da demanda trabalhista”, buscando improcedência nos
pedidos de salários como para possível litigância de má-fé.86
Não bastando às dificuldades de se fixar o dia do início da gravidez, há
também a de se determinar o dia de seu término.
O evento disposto no ADCT é um dado concreto e objetivo: o dia do parto.
Para o momento dos cálculos isso significa alívio, ora “se a data da concepção
permanece obscura, a data do parto é publica e notória”. Com isto, dispensa-se a
apresentação de exames clínicos para sua comprovação, bastando que a certidão
de nascimento seja apresentada.87
Tal dificuldade reside na tentativa de estipulação dessa data, uma vez que
está sujeito a diversos acontecimentos improváveis, dos quais se destacam alguns,
como a antecipação ou postergação do parto, a interrupção da gestação por conta
do abortamento espontâneo ou provocado, autorizado por lei.
Analisando-se as hipóteses acima, vê-se que, ocorrendo os dois primeiros
casos, a garantia de emprego continua a ser de cinco meses, contudo a contagem
deve ser refeita a partir da data do evento e não a partir da data de concepção ou a
data estimada pela mulher. “Daí ser preferível falar em “cinco meses pós-parto” a
falar em “garantias de quatorze meses. (nove de gravidez e cinco de proteção).”88
Quanto ao terceiro exemplo, ocorrendo o aborto, a garantia cessa
imediatamente, o que não significa que a garantia não tenha existido, contudo
apenas entre a concepção e o aborto. Nesse caso não haverá a garantia dos cinco

85
Abuso de direito: Não constitui ato ilícito o praticado no exercício regular de um direito
reconhecido (art. 188, I, CC). Em sentido contrário, quando o ato é praticado de forma não regular,
visualiza-se o abuso de direito. N.A. – “Para uns, seu elemento caracterizador repousa na intenção de
prejudicar. Todas as vezes que o titular exercite um direito movido por esse propósito subalterno,
configurado estará o abuso do direito. Para outros, o critério identificador reside na ausência de
interesse legítimo. Se o titula exerce o direito de modo contrário ao seu destino, sem o impulso de um
motivo justificável, verificar-se-á o abuso dele. Finalmente, para outros ainda, esse abuso existirá
sempre que anormal ou irregular o exercício do direito. Se alguém prejudica a outrem, no exercício do
seu direito, fica adstrito a reparar o dano, se anormal ou não regular esse direito. É a mesma teoria da
responsabilidade civil fundada na culpa, abraçada pelo nosso Código” (MONTEIRO, Washington de
Barros. Curso de Direito Civil, 33. Ed., v.2, p.283)
86
SILVA, op. cit. p.187-188.
87
Idem
88
Ibidem p.189.
34

meses, uma vez que não houve o parto, o que acabou prejudicando a tese de que
os cinco meses eram devidos mesmo com a interrupção da gravidez, não
encontrando guarida na jurisprudência, uma vez que faz referência à palavra “parto”
conforme disposto do ADCT.89
O entendimento do TST é de que não é aplicável, neste caso, o art. 10,
inciso II, b, do ADCT, ora, a razão de ser, o objetivo social da concessão dos cinco
meses pós-parto como garantia à gestante, é para que ela exerça os direitos
pertinentes à maternidade, proporcionando total atenção ao recém nascido, assim
como assegurando o direito à amamentação, uma vez que a gravidez foi
interrompida de forma abrupta. Não mais existindo o recém-nascido, não existe
razão de ser, cessando imediatamente a garantia.
Pela Lei nº 11.324/2006, inseriu-se o art. 4º- A, na Lei nº 5.859/1972, com
redação praticamente idêntica ao art. 10, II, b, do ADCT, estendeu o direito à
garantia de emprego a gestantes trabalhadoras domésticas.
Em síntese a este capítulo, levando-se em consideração os autores
estudados, conclui-se que:
Salvo por justa causa, a empregada gestante não poderá ser dispensada,
desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (art. 10,II b, ADCT).
Dentre as várias teorias de estabilidade da gestante, destaca-se a objetiva e
a subjetiva, sendo aquela baseada na confirmação da gravidez para a própria
empregada; sendo assim, a estabilidade no emprego não dependeria de
comprovação da gravidez perante o empregador e essa no dever da empregada
comprovar seu estado gravídico para o empregador, por meio de apresentação de
atestado médico ou exame laboratorial.
A teoria acolhida pela jurisprudência é a teoria objetiva (art. 10, II, b, ADCT;
OJ nº 88, SDI-I, com antiga redação; atual Súmula 244, I, TST).
Pela decisão do STF, o TST alterou sua jurisprudência: “O desconhecimento
do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, b, ADCT)” (Súmula 244, I, TST).
A confirmação deve ocorrer na vigência do contrato de trabalho, não sendo
possível no curso do aviso prévio (Súmula 371).

89
SILVA, op. cit., p.187-188.
35

Era entendimento do TST que a garantia de emprego à gestante não


autorizava a reintegração, sendo-lhe assegurado somente o direito a salários e
vantagens correspondente ao período e seus reflexos (Súmula 244).
Pela Resolução nº 121/03 do TST, a Súmula 244 passou a dispor o
seguinte: “A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se
der durante o período da estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos
salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade” (atual
Súmula 244, II).

2.2.2 Cipeiro

Antes da explanação sobre a estabilidade dos membros da CIPA, faz-se


necessário uma breve abordagem sobre a CIPA
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, conforme o art. 163
da CLT, sendo obrigatória a sua constituição, conforme as instruções do Ministério
do Trabalho contidas na NR-5 da Portaria nº 3.214/78.
Segundo Martins, o objetivo da CIPA é observar e relatar todas as condições
de riscos nos ambientes de trabalho solicitando medidas para eliminá-los ou
neutralizá-los, bem como discutir sobre acidentes ocorridos e solicitar medidas
preventivas, orientando os trabalhadores sobre a prevenção de acidentes.90
A CIPA deve ser composta por representantes da empresa e representantes
dos empregados, sendo os representantes do empregador, titulares e suplentes, por
ele nomeado anualmente, destacando-se o presidente e, os representantes dos
empregados titulares e suplentes, os quais serão eleitos por voto secreto pelos
interessados, independente de estarem sindicalizados, entre os quais estará o vice-
presidente. O mandato dos membros da CIPA será de um ano, podendo ser
reeleitos por mais um, sendo que os representantes titulares do empregador, não
poderão ser reconduzidos por mais de dois mandatos consecutivos.91
A CIPA deverá ser registrada até 10 dias posteriores à sua eleição junto ao
Ministério do Trabalho, bem como deverão ser registradas suas atas em livro
próprio. Quanto à eleição, 45 dias antes do término do mandato o empregador

90
MARTINS, op. cit., 2010. p. 655.
91
Idem
36

deverá convocar seus empregados para nova composição da CIPA, sendo que a
eleição deverá ocorrer com antecedência mínima de 30 dias do seu término.
Caso qualquer dos membros titulares faltar a mais de quatro reuniões
ordinárias, perderão os mandatos e serão substituídos por seus suplentes. Haverá
necessidade de que os membros da CIPA participem de um curso de formação de
CIPA. Salvo em caso de encerramento de atividade por parte da empresa, em
hipótese alguma a CIPA poderá ter seus membros reduzidos, assim como ser
desativada antes do término do mandato de seus membros, mesmo ocorrendo à
redução do número de empregados da empresa ou reclassificação de risco. (art. 5º
da Portaria nº SSST nº 9/96).92
O art. 165 da CLT traz em sua redação a garantia dos titulares da
representação dos empregados nas CIPAS, de que não poderão sofrer despedida
arbitrária, sem justo motivo.
Nascimento afirma que “o membro da CIPA tem estabilidade especial e que
na forma da STST nº 339, as regras que disciplinam a estabilidade do cipeiro são as
seguintes: suplente da CIPA irá usufruir da garantia de emprego prevista no art. 10,
II, a, do ADCT, a partir da Constituição Federal; estabilidade provisória do cipeiro
não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da
CIPA, quando em atividade a empresa. 93
A estabilidade temporária é também conferida ao empregado eleito apenas
para o cargo de direção de comissões internas de prevenções de acidentes, não
sendo devida para os nomeados pelo empregador. Da mesma forma, os suplentes
representantes dos empregados “gozam desta estabilidade, conforme assim
determina o Enunciado TST nº 339 e a Súmula STF nº 676”.94
O art.10, II, “a” do ADCT da Constituição confere estabilidade temporária ao
“empregado eleito para o cargo de direção de comissões internas de
prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o
final de seu mandato”. 95 (grifo nosso)
Os empregados eleitos para a direção da CIPA não poderão ser
dispensados de forma arbitrária, ou seja, dispensados sem justa causa. No entanto,

92
MARTINS, op. cit., 2010. p. 655.
93
NASCIMENTO, op.cit. p. 984.
94
VIANNA, op. cit. p.634.
95
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1169.
37

cabe ao empregador a observância à dispensa por motivo técnico, econômico,


financeiro ou disciplinar. 96
A extinção do estabelecimento pode inviabilizar a própria ação fiscalizatória
e educativa do dirigente da CIPA, configurando ao mesmo tempo o motivo técnico,
econômico e financeiro, além de comprovar a dispensa desse representante
trabalhista. 97

2.2.3 Dirigente sindical

Essa é uma das mais importantes estabilidades temporárias, de acordo com


a CF/88,98 tratando-se de caso único com “jurisprudência pacificada quanto à
necessidade de propositura de inquérito judicial, pelo empregador, para obtenção da
dispensa por justa causa de empregado favorecido por garantia temporária de
emprego”99 (ex-OJ 114, SDI-I/TST; Súmula 379, TST).100 , conforme estipula o art.
543, da CLT.101
A finalidade dessa maior proteção ao dirigente sindical, surge com o fato de
o sindicalista estar propício a represálias por parte do empregador, já que está
sempre postulando direitos da categoria, geralmente contrários ao do empregador.
Com a proteção contra a despedida, ele passa a ter força nas negociações e nas
defesas dos interesses coletivos da categoria a que representa, assim como a
própria categoria, com a possibilidade de uma pessoa realizar uma negociação sem
medo de ser despedida.102
Aprovada pelo Decreto nº 49, de 27/08/52 e promulgada pelo Decreto nº
33.196, de 29/06/53, a convenção da OIT nº 98 de 1949 prevê, desde então, que “os
trabalhadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos
atentatórios à liberdade sindical em matéria de emprego. Esta proteção refere-se a
96
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1169.
97
Ibidem p.1170.
98
Art.8º, VIII, CF/88: É vedada a dispensa do empregado sindicalizado, a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano
após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
99
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1167.
100
Idem
101
Art. 543, da CLT: O líder sindical não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem
transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho de suas
atribuições sindicais.
102
MARTINS, op. cit., 2010. p. 429.
38

atos destinados a dispensar um trabalhador ou a prejudicá-lo, por qualquer modo,


em virtude de sua filiação a um sindicato ou de sua participação em atividades
sindicais”. (art.1º, itens 1 e 2, b).
Dispõe a Carta Magna ser “vedada à dispensa do empregado sindicalizado a
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se
eleito, ainda que suplente, até um ano após o mandato, salvo se cometer falta grave
nos termos da lei”, de acordo com o art.8º, VIII, CF/88.
Fortemente garantido, o dirigente sindical terá o seu pedido de demissão
submetido à intensa formalidade, mesmo que o contrato seja inferior a um ano e
ainda poderá perder o mandato, se sua solicitação for aceita, conforme art. 543, § 1,
CLT.103 Essa disposição é também aplicada à organização de sindicatos rurais e de
colônias de pescadores.
Delgado comenta ainda que, embora a CLT não se refira expressamente ao
dirigente sindical, considera-se que o abrange analogicamente, já que a dispensa
desse representante obreiro poderá ser verificado somente sob o rito formal da ação
de inquérito para apuração de falta grave, que é pertinente ao empregado estável
(Súmula 197, STF; Súmula 379, TST;ex-OJ 114, SDI-I/TST), por decorrência lógica,
conclui-se que seu pedido de demissão também tenha de passar pela mesma
solenidade prevista para o empregado estável (art.500, CLT).104
Cabe ressaltar que a garantia de emprego abrange a manutenção do
emprego do trabalhador e a prestação de serviços no mesmo local de trabalho (art.
543 da CLT).
A garantia de emprego beneficiará as pessoas que foram eleitas aos cargos
de direção ou representação sindical, assim como seus suplentes, por serem
diretores do sindicato. Contudo, tal garantia não se estende ao membro do conselho
Consultivo ou Fiscal (OJ 365 da SBDI-1 do TST), uma vez que o mesmo não é eleito
para direção, e sim para fiscalização financeira da entidade sindical, bem como aos
meros colaboradores, pelo mesmo motivo.105
Por falta de previsão legal de eleição, o delegado sindical também não goza
da garantia. Ainda, o autor salienta que “o dirigente de entidade fiscalizadora de
exercício de profissão liberal, como OAB, CRC, CRE, CRM etc.,” não faz jus à

103
Art.543, § 1º da CLT - “O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada
ou voluntàriamente aceita. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967”
104
DELGADO, op.cit., 2010. p. 1168.
105
MARTINS, op. cit., 2010. p.430.
39

garantia de emprego, afinal a garantia é prerrogativa do empregado sindicalizado


que concorre a cargo de direção ou representação sindical (art. 8º, VIII, CF).106
A garantia de emprego é assegurada ao empregador para que defenda os
interesses da categoria a que representa, uma vez destituído de suas funções, ele
deixa de fazer jus a essa garantia.
Ocorrendo a extinção da empresa, por consequência extingue-se as
atividades sindicais e da garantia de emprego (Súmula 369, IV do TST).
Após a falência da empresa, extingue-se a garantia de emprego do dirigente
sindical, afinal, não haverá mais empregados a serem representados na empresa,
bem como não é devido indenização ao empregado, por conta da garantia, do tempo
que lhe resta após a falência.107
O trabalhador, cujo contrato de trabalho seja por tempo determinado, não
fará jus ao direito de estabilidade, uma vez que neste caso, não haverá despedida
injusta, mas sim, cessação do contrato de trabalho do empregado.108
É de 3 (três) anos o mandato do membro da diretoria (art. 515, b, da CLT).

2.2.4 Empregado Acidentado

No presente trabalho, por compor o tema principal de estudo, é esta


modalidade de garantia de emprego, ou melhor, de todas as estabilidades
provisórias, a que mais nos interessa.
De acordo com o Art.118, da Lei 8.213/91, regulamentado pelo Art.346, do
Decreto 3.048/99, o empregado segurado, vítima de acidente do trabalho terá
garantida a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa.109
A referida lei determina que o segurado que sofreu acidente de trabalho ”tem
garantia, pelo prazo mínimo de doze meses, à manutenção do seu contrato de
trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,

106
MARTINS, op. cit. , 2010. p. 430.
107
Ibidem p. 431.
108
Idem
109
Lei nº 8.213, de 24/07/91, “Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá
outras providências. Art.118: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
40

independentemente de percepção de auxílio-acidente”, segundo as palavras de


Nascimento. 110
Das lições de Nehemias Domingos de Melo, extrai-se que esta garantia trata
do direito que o trabalhador tem de permanência no emprego “após o retorno do
afastamento por doença”, independente da vontade do empregador, o que seria uma
“forma de inclusão e permanência no mercado de trabalho”. Ainda, o autor posiciona
que a “finalidade natural” da garantia de emprego é a manutenção do mesmo, além
de assegurar ao trabalhador o direito ao tratamento da saúde, face à possível
dificuldade de recolocação no mercado de trabalho, “caso as condições de saúde do
trabalhador” tornarem-se comprometidas.111
Conforme preceitua Sussekind et al., a referida lei foi construída e
posteriormente instituída, sob o fundamento de que o artigo 7º da Carta Magna de
1988 exige lei complementar para a proteção do emprego contra a despedida
arbitrária ou sem justa causa. 112
Os autores explicam que a Confederação Nacional da Indústria ajuizou Ação
Direta de Inconstitucionalidade nesse sentido, requerendo medida liminar de
suspensão do dispositivo transcrito. “Todavia, a Suprema Corte, por unanimidade,
indeferiu o pedido”, fazendo com que a Justiça do Trabalho determine a
constitucionalidade do referido art. 118, que prevê a estabilidade provisória do
empregado que sofre acidente de trabalho, a serviço do seu empregador.113
Conforme o art. 118 da Lei nº 8.213, para que se configure a estabilidade do
acidentado, este deverá preencher alguns requisitos, quais sejam, o reconhecimento
administrativo da doença profissional, do trabalho ou do acidente de trabalho pela
entidade autárquica – INSS, e o afastamento do serviço além dos primeiros quinze
dias, com pagamento do auxílio-doença acidentário.
Ressalta-se que ao falar-se de acidente de trabalho, não deve ser
considerado somente o típico, mas também as doenças profissionais ou do trabalho,

110
NASCIMENTO, op. cit. p. 984-985.
111
MELO, Nehemias Domingos de. Dano Moral Trabalhista. São Paulo: Atlas, 2007. p. 146/147
112
SUSSEKIND, Arnaldo; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. Instituições de direito do trabalho. São
Paulo:LTr, 2002.
Art. 7º CF, - “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social: IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem
o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.”
113
SUSSEKIND, et al. op.cit. p. 710-711.
41

tidas como doenças ocupacionais, assim previstas nos arts. 20 e 21, da Lei nº 8.213,
também conceituadas por lei como acidente de trabalho, sendo prevista a
estabilidade de doze meses na referida lei previdenciária, ocorrendo “após a
cessação do auxílio-doença acidentário”. Entretanto, se o segurado acidentado
permanecer apenas licenciado recebendo salário-doença do empregador, sem a
consequente concessão de auxílio-doença do INSS, não terá direito à estabilidade
provisória.114
Ao analisar-se o grande número de demandas no judiciário trabalhista,
depara-se com uma realidade muito comum, que é a o empregador não emitir o CAT
em função de um acidente típico ou equiparado, assim como ao perceber que o
empregado começa a desenvolver uma situação de doença do trabalho, dispensa-o
sem justa causa de imediato, realizando os pagamentos dos direitos trabalhistas,
contudo inibindo ao empregado que tenha reconhecido o acidente de trabalho, ou a
doença ocupacional perante o INSS.115
Fica claro que a atitude do empregador, descrita no parágrafo anterior, é
ilegal e fraudulenta, tentando obstar direitos do trabalhador, no intuito de suprimir os
requisitos de formalização previstos no art. 118, para a configuração da garantia de
que trata este tópico.
Era entendimento do TST que o afastamento do trabalho, por prazo superior
a 15 dias, além da percepção do auxílio-doença acidentário, era pressuposto para o
direito à estabilidade prevista no art. 118, assegurada por período de 12 meses,
após a cessação do auxílio-doença (OJ nº 230, SDI-I).
A fim de esclarecer, o art. 118 pressupõe um elemento formal, ou melhor, o
afastamento caracterizado junto ao INSS, contudo, mesmo não existindo este
afastamento, “sendo provado no curso da instrução processual, além da própria
doença profissional, a inércia ou o descuido do empregador quanto às condições de
trabalho, pode e deve o juiz reconhecer a dispensa obstativa com a imposição da
estabilidade”.116
Reconhecendo a possibilidade da dispensa obstativa em relação ao art. 118,
o TST reavaliou seu posicionamento: “São pressupostos para a concessão da
estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-

114
SUSSEKIND, et al., op. cit. p. 710-711.
115
NETO, op.cit. p. 313.
116
Idem
42

doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que


guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego” (Súmula nº
378. II – TST).117

2.2.5 Reintegração nas estabilidades provisórias

Vale destacar as palavras de Jorge Neto em relação à reintegração nas


estabilidades provisórias. Segundo ele, é comum no judiciário a discussão a respeito
das estabilidades provisórias, principalmente das empregadas gestantes, nas quais
se pleiteia a reintegração no emprego.
Contudo, devido ao lapso temporal entre o ajuizamento da demanda e a
sentença, ou até o transito em julgado, torna-se inviável a reintegração, uma vez que
o prazo da estabilidade encontra-se expirado, não se podendo realizar o
cumprimento da obrigação de fazer. Nesses casos, em que o período encontra-se
exaurido, impossibilitando a reintegração, são devidos os salários desde a data da
despedida até o término da garantia (Súmula nº 396, I, TST), bem como tal decisão
de transformar em indenização o período de estabilidade, não se configura
julgamento extra-petita (Súmula nº 396, II, TST)118

2.2.6 Extinção da estabilidade

Nas palavras de Martins, encontram-se as hipóteses de extinção da


estabilidade, quais sejam, morte do empregado, aposentadoria espontânea,
ocorrência de força maior, falta grave praticada pelo obreiro ou com seu pedido de
demissão. Segundo o autor, falecendo o empregado não há que se falar em
transferência de estabilidade aos seus herdeiros, afinal possuindo caráter
personalíssimo, nos casos de aposentadoria ou pedido de demissão, tais atos
abdicam da estabilidade que lhe era direito.
Salienta ainda o autor que cessados os períodos de estabilidade, são
devidos apenas os salários do período compreendido entre a data da dispensa e o

117
NETO, op.cit. p. 313.
118
Ibidem p. 318-319.
43

final do período de garantia que detinha o trabalhador, não sendo lhe assegurado o
direito de reintegração no emprego (súmula 369, I, do TST).119

2.3 ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS

Para melhor entender a difícil interpretação da aplicação, ou não, da


estabilidade acidentária nos contratos por tempo determinado, faz-se necessário um
estudo pormenorizado dos principais conceitos relacionados ao tema.
Uma vez discorrido sobre as relações de trabalho, assim como as
modalidades contratuais e as estabilidades provisórias de origem constitucional,
previstas no arcabouço legislativo brasileiro, abordar-se-á um dos maiores
problemas sociais originários das relações de trabalho, quais sejam, a ocorrência de
acidentes do trabalho e as doenças ocupacionais, também tratadas como
infortunística laboral.
Para analisar o tópico sobre o acidente de trabalho e doenças ocupacionais,
considerando que tal matéria está inserida no Direito Previdenciário, disciplinada
pela Lei 8.213/91 e legislação complementar, que será objeto de estudos doravante,
é de primordial importância o exame sobre a infortunística laboral.
Contudo, tal análise não poderá ser realizada isoladamente no Direito
Previdenciário, sendo necessário recorrer-se ao regramento jurídico comum, em
especial o Direito do Trabalho, afinal é da relação do empregado com o empregador,
ou seja, do vínculo empregatício que surge a temática sobre os acidentes de
trabalho, ou melhor, é dessa relação que surgem as consequências infortunísticas,
tais como: “o afastamento do trabalho em razão de doenças ou acidentes típicos por
período curto (15 dias), ou afastamento prolongado para a percepção de auxílio-
doença acidentário, auxílio acidente, reabilitação profissional e por fim,
aposentadoria acidentária.” 120
Carlos Alberto Pereira de Castro et.al., em sua obra, relatam dados
interessantíssimos, que são de extrema relevância para este trabalho, quais sejam,
segundo estatísticas do MPS, no ano de 2007, cerca de 90 mil pessoas ficaram
afastadas por doenças do trabalho. Ao incluir-se os acidentes nessa estatística,

119
MARTINS, op. cit., 2010. p. 449.
120
COSTA, Hertz Jacinto. Manual de acidentes do trabalho. 4ª edição. Curitiba: Juruá, 2009.
44

subiria para 300 mil pessoas por ano, o que gera um ônus ao MPS atualmente na
ordem de R$9,8 bilhões ao ano em aposentadorias especiais e custos com
acidentes de trabalho. “Adicionados os custos indiretos, esse valor pode chegar a
R$40 bilhões ao ano, segundo o diretor do Departamento de Política de Saúde e
Segurança Operacional do ministério, Remígio Todeschini.”121
O autor ainda ressalta que lamentavelmente a grande maioria desses
acidentes e doenças poderiam ser evitadas, se as empresas seguissem as
regulamentações de prevenções na área de higiene, segurança e saúde
ocupacional.
Ao buscar-se um conceito de acidente de trabalho na legislação, verifica-se
no art. 19 da Lei nº 8.213/91 que “acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício
do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do Artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.”
Castro manifesta-se em sua obra, ensinando que, sob o ponto de vista
doutrinário, a definição extraída da lei é insuficiente para conceituar o que seja
acidente de trabalho, segundo ele, o conceito em apreço somente delimita quem são
os beneficiários do acidente de trabalho, ou melhor quem tem direito à proteção
acidentária.
Para o autor, para se ter um conceito mais próximo do chamado acidente
típico, devemos nos valer do conceito dado por estudiosos do tema, como
Russomano, que para defini-lo ampara-se na doutrina francesa, de onde extrai que:
”o acidente de trabalho, pois, é um acontecimento em geral súbito, violento e fortuito,
vinculado ao serviço prestado a outrem pela vítima que lhe determina lesão
corporal.” Diante disso, conclui o autor que são características do acidente de
trabalho: “a exterioridade da causa do acidente; a violência; a subtaneidade e a
relação com a atividade laboral”.122
Segundo Nascimento, é amplo esse conceito incluindo a doença do trabalho,
a doença profissional e o acidente in itinere. De acordo os Artigos 19, 20 e 21, da Lei

121
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, João Batista Lazzari. Manual de Direito Previdenciário.
Florianópolis: Conceito Editorial, 2010. p. 573.
122
CASTRO, op. cit. p. 576.
45

nº 8.213/91,123 os acidentes de trabalho podem ser conceituados não só como


acidentes típicos, mas os que decorrem do exercício laboral e também aqueles
equiparados aos do trabalho.
Acidente in itinere, ou de trajeto, é a expressão utilizada para caracterizar o
acidente que, tendo ocorrido fora do ambiente de trabalho, ainda assim se considera
acidente de trabalho, pois decorre do deslocamento do trabalhador entre sua
residência e local de trabalho ou vice versa.124
Odonel Urbano Gonçales, em seus ensinamentos, salienta que para a
ocorrência do acidente laboral é indispensável o nexo de causalidade entre o
trabalho e a consequência acidente. Tratando-se de um nexo tríplice: trabalho-
acidente/acidente-lesão/lesão-incapacidade. Inexistindo relação entre o acidente e o
trabalho, não ocorrerá infortúnio do trabalho, salvo as exceções dispostas em Lei.125
O autor ainda distingue o acidente do trabalho e a doença do trabalho,
sendo aquele decorrente de causa repentina, enquanto essa manifesta
paulatinamente, de forma lenta no decorrer do tempo.
A Lei 8.213, de 24/07/91 dispõe o seguinte em seu artigos 19, 20 e 21:
Considera-se acidente de trabalho, as seguintes entidades mórbidas:
a) doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social; - “tecnopatias ou ergonopatias.”126
b) doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho e realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. –
“mesopatias.”127
Não serão consideradas como doença do trabalho a doença degenerativa; a
inerente a grupo etário; a que não produza incapacidade laborativa; doença
endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva,

123
Lei nº 8.213, de 24/07/91, Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências. Art.118: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo
de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
124
CASTRO, op. cit. p. 577.
125
GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário - Acidentes do Trabalho. 11ª
edição. São Paulo: Atlas, 2005, p. 184.
126
COSTA, op. cit., p. 75.
127
Idem
46

salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado


pela natureza do trabalho.128 Nos casos de doenças pré-existentes agravadas pela
exposição da atividade desenvolvida pelo empregado, serão consideradas como
acidente de trabalho, é o que se chama de nexo de agravamento.129
Sendo assim, os acidentes-típicos se verificam quando o empregado estiver
no exercício do trabalho a serviço da empresa, ou em relação ao segurado especial.
Considerados também como acidente de trabalho, é possível citar: a)
doenças profissionais, como sendo desencadeadas pelo exercício do trabalho
específico a determinadas atividades, relacionadas no anexo II do Decreto nº
3048/99 e inerentes à profissão; b) doenças do trabalho, sendo adquiridas em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado. São também
elencadas no anexo II, do Decreto nº 3048/99.
Sendo resultante de condições especiais em que o trabalho é executado,
deve a Previdência Social considerá-la como acidente de trabalho, estabelecido pela
súmula nº 378, II do TST, que determina como pressupostos para a concessão da
estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio
doença acidentário.130
Os direitos positivados em lei foram conquistas dos trabalhadores, quando
em exercício das atividades laborais e expostos ao risco de sofrer acidentes ou
contrair doenças, denominado pelo legislador como sendo acidente do trabalho.
Tortorello aponta os principais avanços na legislação infortunística, a saber: 131
a) a companheira passou a ter direito à indenização pela morte do
companheiro, se entre eles não houvesse impedimento para o matrimônio;
b) ausências fundadas em acidente de trabalho deixaram de ser
descontadas do período aquisitivo de férias;

128
Lei nº 8.213, de 24/07/91, Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências. Art.118: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo
de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
129
COSTA, op. cit. p. 75-76.
130
Súmula 378, II, do TST: “São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento
superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada,
após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego”
131
TORTORELLO, Jayme Aparecido. Acidentes do trabalho: teoria e prática. São Paulo: Saraiva,
1996, p.3.
47

c) foi assegurado o retorno ao emprego ou indenização ao aposentado,


mesmo com a recusa do empregador, no caso de recuperação da
capacidade para o trabalho dentro de cinco anos, a contar da aposentadoria;
d) a não exclusão da indenização do direito comum, em caso de dolo ou
culpa do empregador, mesmo que o empregado tenha recebido indenização
acidentária;
e) a inclusão quando devido, do repouso semanal remunerado no cálculo da
indenização, e a subsistência da responsabilidade do empregador no caso
em que o segurador não se encontrar em condições financeiras de efetuar o
pagamento do seguro obrigatório.
Conforme o inciso I do art. 21 da Lei nº 8.213/91, equipara-se ao acidente de
trabalho à chamada concausa, ou seja, a causa que embora não tenha sido a única,
contribui diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda de sua
capacidade laborativa, ou produziu lesão que exija atenção médica para a sua
recuperação.
As concausas podem ser anteriores, simultâneas ou posteriores ao acidente,
sendo irrelevantes, afinal em todos os casos, é assegurado o reconhecimento do
direito ao benefício por acidente de trabalho.132
São equiparados ao acidente do trabalho, os acidentes sofridos pelo
segurado no local e horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão,
sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b)
ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao
trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e)
desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força
maior; bem como, a doença proveniente de contaminação acidental do empregado
no exercício de sua atividade e o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do
local e horário de trabalho, sendo estas: a) na execução de ordem ou na realização
de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer
serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a
serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de
seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio

132
CASTRO, op. cit. p. 581.
48

de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no


percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que
seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.133
Desde abril de 2007, o INSS mudou seus procedimentos e os acidentes do
trabalho serão caracterizados tecnicamente pela perícia médica do INSS, que fará o
reconhecimento do nexo técnico epidemiológico, ou seja o nexo causal entre o
acidente e a lesão; a doença e o trabalho e a causa mortis e o acidente (art. 21-A,
Lei nº 8.213/91).134
A MP nº 316, de 11.8.2006, convertida posteriormente em Lei nº 11.430, de
26.12.2006, alterou de forma significativa a questão do ônus da prova, em relação
às doenças ocupacionais. Trata-se da inclusão do art. 21-A, cujo teor é o seguinte:
“A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza acidentária da
incapacidade, quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o
trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa e a
entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação
Internacional de Doenças - CID, em conformidade com o que dispuser o
regulamento.” 135
O art. 337, § 3º, do Decreto nº 3.048, com redação conferida pelo Decreto nº
6.957, de 9.9.2009, o qual dispõe: Considera-se estabelecido o nexo entre o
trabalho e o agravo quando se verificar nexo técnico epidemiológico entre a
atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade, elencadas
na Classificação Internacional de Doenças – CID em conformidade com o disposto
na lista C do Anexo II deste Regulamento.136
Ao analisar-se o dispositivo legal, nota-se que a norma estabelece uma
presunção legal de existência da conexão da doença de que “for acometido o
trabalhador com o trabalho por ele desempenhado, sempre que a atividade da
empresa guardar relação com esta, havendo histórico de trabalhadores que já
adoeceram pelo mesmo mal.”137

133
Lei nº 8.213/91
134
CASTRO, op. cit. p. 581.
135
Idem
136
Idem
137
Ibidem p. 582.
49

2.3.1 Legislação Acidentária

A legislação brasileira referente a acidentes de trabalho tem acontecido de


forma lenta e gradual e tem a finalidade de amparar o trabalhador, assim como os
seus dependentes, por ocasião de um acidente fatal. Atualmente existe uma
legislação que compreende a proteção ampla, da mesma forma que outros direitos
têm sido criados ainda pela jurisprudência.138
O Código Comercial – 1850, foi o primeiro diploma a tratar da matéria e nele
eram previstos a garantia de pagamento de três meses de salários ao preposto que
sofresse acidente de trabalho (art. 78). 139
Dos ensinamentos de Hertz Jacinto Costa, extrai-se a evolução histórica das
legislações pertinentes à proteção do trabalhador acidentado, quais sejam:140
Deu-se em 1904 o início dessa legislação, pelo projeto de Lei nº 169
encaminhado ao Congresso Nacional, de autoria do deputado Medeiros e
Albuquerque. Foi difícil o aperfeiçoamento dessa legislação, já que até então o
assunto não era tratado com a sua devida importância pelos representantes da
classe patronal.
Seguiram-se os projetos nº 284, de 1915 e nº 239, de 1918, que
concretizaram então a Lei nº 3.724, que foi considerada a primeira lei
infortunística,141 o Decreto-Lei nº 13.493, e durante a vigência da Constituição
Federal de 1934 advém o Decreto nº 24.637/34, que em seu primeiro artigo amplia
consideravelmente o conceito de infortúnio laboral e institui a obrigatoriedade do
seguro obrigatório.142

138
FONSECA, K.P. A responsabilidade civil decorrente do acidente do trabalho. Presidente
Prudente, 2004, p. 13.
139
CASTRO, op. cit. p. 574.
140
COSTA, op. cit. p. 40.
141
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1999, p.388.
“Lei 3.724, de 15/01/1919. Aqui era adotada a teoria da culpa, sendo o ônus da prova de incumbência
das vítimas, no caso de pretensas indenizações. Tinha por base a culpa do empregador, comprovada
a negligência, imprudência ou imperícia do último. Era aplicado o art. 159 do Código Civil, “no sentido
de que aquele que por ação ou omissão causasse prejuízo a outrem ficava obrigado a reparar o
dano. Na prática, o acidentado não conseguia provar a culpa do empregador, ficando totalmente
desamparado em razão do infortúnio”.
142
COSTA, op. cit. p. 44.
“Artigo 1º O seguro de acidentes do trabalho é obrigatório, para todos os empregadores sujeitos ao
regime do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, em favor dos respectivos
empregados, associados do mesmo Instituto.” N.A.
50

Esta legislação é a primeira legislação a expressar à obrigatoriedade de


serem conferidos aos trabalhadores os equipamentos de proteção individual (EPI) e
dos dispositivos necessários a proteção coletiva (EPC), necessários à preservação
da integridade física dos trabalhadores no desempenho de suas atividades
laborais.143
Em seguida, por meio do Decreto Lei nº 7.036/44, o conceito de acidente do
trabalho é inovado, adotando-se a premissa de que todo e qualquer evento que
possuísse relação de causa e efeito, o nexo de causalidade, ainda que não
responsável exclusivamente pelo infortúnio laboral, seria configurado como tal. O
referido decreto modifica o sistema de reparação ao empregado acidentado,
passando a garantir o cumprimento da indenização devida ao empregado que
tivesse sofrido um infortúnio laboral.144
O Decreto-Lei nº 293/67 vigorou por um breve espaço de tempo instituindo a
livre concorrência entre as seguradoras privadas e a Previdência Social, embora
mantendo a responsabilidade civil imputada ao empregador em caso de dolo ou
culpa grave. Sucedeu-se a Lei nº 5.316/67, que assume a tese da teoria do risco
social substituindo à teoria do risco profissional como fundamento do dever de
reparação, transferindo ao Instituto Nacional da Previdência Social o monopólio do
seguro acidentário.145
A Lei nº 6.195/74 estendeu o SAT aos rurais, estando estes, a partir de
então, amparados pelos benefícios acidentários. Antes, a aplicação das normas
sobre proteção acidentária somente seria feita por analogia.146
A Lei nº 6.367/76 estabeleceu como segurados da Previdência Social todos
aqueles que exercem atividade remunerada no meio urbano, o trabalhador
temporário, o trabalhador avulso e o presidiário que exerça atividade desde que

143
COSTA, op. cit. p. 44.
“Artigo 12. O Instituto poderá, em benefício da higiene e da segurança pessoal dos seus associados e
da prevenção de acidentes, exigir dos empregadores o fornecimento de vestes protetoras contra
queimaduras, óculos protetores, máscaras respiratórias, luvas na calçados especiais, nos trabalhos
de fornalhas, braseiros, ou salinas, nos trabalhos em que sejam utilizados materiais tóxicos, cáusticos
ou infectantes ou que produzam poeiras, gases ou vapores nocivos e nos trabalhos que sujeitem os
empregados a variações de temperatura. Poderá, ainda, o Instituto, com a mesma finalidade, exigir o
encapamento de máquinas, polias ou caixas de eletricidade e a modificação do empilhamento e
transporte de cargas, além de quaisquer outras providências convenientes à aludida finalidade.” N.A.
144
COSTA, op. cit. p. 45
“§ 2º As atuais Caixas de Acidentes do Trabalho das classes cujos participantes sejam associados do
Instituto serão incorporadas a este, que assumirá o ativo e passivo dessas Caixas, na forma das
instruções que expedir o ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.” N.A.
145
Ibidem p. 51.
146
Ibidem p. 55.
51

remunerada. Excluiu expressamente da proteção acidentária o trabalhador


autônomo e o doméstico, bem como o titular de firma individual, o sócio, o diretor,
embora em caso de acidente de trabalho, eles passariam a receber os benefícios e
tratamentos de ordem previdenciários.147
Com o advento da Constituição Federal de 1988, surge a obrigatoriedade do
seguro social acidentário, delimitando-se inteiramente a exigência de culpa grave ou
dolo para condicionar a responsabilidade civil paralela à indenização acidentária,
bastando para isto que o empregador concorra para a ocorrência do acidente de
trabalho, com culpa em qualquer grau.148
A Lei nº 8.212/91 trata dos custeios das prestações previdenciárias e a Lei
nº 8.213/91, regulamentada pelo Decreto nº 3.048/99, alterada pelo Decreto
3.112/99 e pelo Decreto 3.265/99, define o acidente do trabalho, descrevendo os
elementos que se equiparam e instituem benefícios aos trabalhadores acidentados,
entendendo que acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho
a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.149
A Lei nº 9.129/95 alteraria a forma de cálculo do auxílio-acidente, que
passava a ser um percentual único, em vez de três patamares de até então.
Atualmente, a Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98, exclui o acidente
do trabalho dos eventos protegidos exclusivamente pelo regime geral de
previdência, estabelecendo que, nos termos da lei, poderá ser permitida a cobertura
do risco concorrente pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS e pela
previdência privada, já estando em tramitação no Congresso Nacional projeto de lei
com esta intenção. “Acatou o Poder Constituinte derivado proposta do ex-Ministro
Reinhold Stephanes, que sustenta a exclusão do acidente do trabalho do campo da
previdência social, adotando-se sistema de seguro mediante contribuição somente
de empregados e empresas.”150

147
COSTA, op. cit. p. 55.
148
Constituição Federal de 1988, artigo 7º, XXII, “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de saúde e segurança”. Trata-se de uma norma aplicável em todas as relações
trabalhistas.
149
COSTA, op. cit. p. 59.
150
CASTRO, op. cit. p. 575-576.
52

2.4 REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA

O período garantido, de doze meses, começa a ser contado com o fim do


auxílio-doença, mostrando que a concessão deste é condição legal para a aquisição
do direito à estabilidade.151
De acordo com o que dispõe o Art.118, da Lei nº 8.213/91, que assegura a
manutenção por 12 (doze) meses do segurado que sofreu acidente de trabalho,
período consequente ao auxílio-doença, a garantia ao emprego irá pressupor três
requisitos básicos, que são a) a ocorrência de acidente do trabalho; b) a concessão
de auxílio-doença acidentário; e c) a posterior cessação desse benefício.
O auxílio-doença acidentário é o benefício previdenciário devido ao
trabalhador incapacitado para o trabalho por mais de 15 (quinze) dias consecutivos,
enquanto que o auxílio-acidente somente será devido ao segurado empregado,
como indenização, somente se resultar sequela definitiva, que possa implicar na
redução da capacidade para o trabalho habitual. 152
Se o trabalhador não usufruir do auxílio-doença acidentário, da existência de
incapacidade laborativa ou de doença ocupacional equiparável ao acidente de
trabalho, prevalece o direito do empregador de rescindir o contrato de trabalho.

2.4.1 Comunicação do acidente de trabalho (CAT)

Para que as providências necessárias possam ser tomadas, o profissional


acidentado deve comunicar à empresa o acidente ocorrido, que, por sua vez, tem
até o primeiro dia útil seguinte ao infortúnio para obrigatoriamente informar o
acidente de trabalho à Previdência Social, de acordo com a Lei nº 8.213/91, em seu
artigo 22. 153
Em caso de morte, a autoridade competente deve ser informada
imediatamente, acarretando o não cumprimento desta obrigação em pena de multa,
com um valor que varia entre o limite mínimo e o máximo do salário de contribuição,
podendo essa multa ser acrescida, em caso de reincidência do mesmo tipo de

151
NASCIMENTO, op.cit., p. 985.
152
VIANNA, op.cit. p. 369.
153
Idem
53

infração, em três vezes, e em caso de reincidência em infração diversa, de duas


vezes.154
Caso haja resistência ou omissão, por parte do empregador, podem realizar
a comunicação o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical
competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, conforme
disposição expressa do artigo 22 parágrafo 2º da Lei 8.213/91.155
Porém, conforme o que determina a Previdência Social, somente os casos
com diagnóstico confirmado de doença profissional, ou do trabalho, devem ser
objeto de emissão da comunicação, restringindo assim o alcance da lei. A CAT,
nesse caso, deve ser acompanhada de relatório médico preenchido pelo médico que
assistiu o acidentado, com descrição da atividade e posto de trabalho para
fundamentar o nexo causal e o técnico.

2.5 BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS

Segundo a Lei nº 8.213/91, são os seguintes os benefícios acidentários:


auxílio acidente; auxílio-doença; aposentadoria por invalidez acidentária; pensão por
morte acidentária e abono anual.
Desde que provado o infortúnio, o acidentado ou seus dependentes passam
a receber pelo direito à indenização, que é paga pelo Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS, autarquia federal ligada ao Ministério da Previdência e Assistência
Social.

2.5.1 Auxílio Doença

A Lei nº 8.213/91, em seus artigos 59 a 64, prevê àquele que esteja


incapacitado de prestar serviço por mais de 15 dias o auxílio doença - que
corresponde a 91% do salário de benefício - cabendo à Previdência Social o

154
O artigo 169 da Consolidação das Leis de Trabalho determina que “será obrigatória a notificação
das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho,
comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho”.
155
BRASIL. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Acidente do trabalho. Brasília, DF, 2004.
Disponível em: <http://www.previdenciasocial.gov.br> Acesso em: 12/10/2010.
54

pagamento do benefício, a partir do décimo sexto dia de afastamento, já que cabe


ao empregador o pagamento dos quinze primeiros dias.
A CF/88, art. 201 parágrafo 2º, dispõe que o valor do benefício não poderá
ser inferior ao salário mínimo, nem superior ao maior salário de contribuição
existente no país, de acordo com o artigo 33 da Lei dos Benefícios, independendo a
sua concessão do período de carência.
Este auxílio não possui um prazo e nem limite máximo, determinando as
condições do acidentado o período de concessão, podendo ser extinto nas
condições de cura; de reabilitação ainda que para o exercício de outra atividade;
sendo declarada a incapacidade de forma total, permitindo a aposentadoria por
invalidez ou óbito.

2.5.2 Auxílio-acidente

A Lei nº 8.213/91, em seu art. 86, determina que a lesão deve ser
consolidada, determinando o impedimento do exercício laboral. Não gera o direito à
indenização a incapacidade de realizar atividade diversa da habitual. 156
Este benefício não depende de carência, correspondendo a 50% do salário
de contribuição, sendo devido após a cessação do auxílio-doença. Com o
agravamento da lesão, o beneficiário será aposentado por invalidez. A Lei 9.032
determina a não cumulação do auxílio-acidente com a aposentadoria por invalidez.
Desta forma, o auxílio-acidente cessa com o início de qualquer espécie de
aposentadoria ou com a morte do segurado.

2.5.3 Aposentadoria por invalidez acidentária

Gonçales conceitua aposentadoria por invalidez como “um benefício de trato


continuado, devido mensal e sucessivamente, em face da incapacidade total e
definitiva do segurado”.157

156
Art. 86: O auxílio-acidente será concedido, como indenização ao segurado quando, após
consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
55

Para essa modalidade de aposentadoria - que consiste em 100% do salário


de benefício - é necessário o requisito de acidente ou doença do trabalho;
incapacidade total e permanente ; impossibilidade de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, assim como a prova do nexo de
causalidade entre o acidente ou a doença e a invalidez profissional.158

2.5.4 Pensão por morte acidentária

Benefício mensal - que corresponde a 100% do salário de benefício -


concedido aos dependentes do segurado aposentado ou não, que vier a falecer em
decorrência de infortúnio do trabalho. Não há prazo de carência, sendo obrigatória a
prova do nexo de causalidade entre o óbito e o trabalho desempenhado pela
vítima.159

2.5.5 Abono anual

A Lei nº 8.213/91, em seu art. 40 determina que o abono anual será devido
ao beneficiário que durante o ano recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente, pensão
por morte ou aposentadoria por invalidez. Este benefício consiste no pagamento de
uma gratificação como o décimo terceiro salário. 160

157
GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário: acidentes do trabalho. São
Paulo: Atlas, 2000, p. 112.
158
GONÇALES, op. cit. p. 113.
159
Idem
160
Idem
56

3 A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA E OS CONTRATOS POR PRAZO


DETERMINADO NO BRASIL

3.1 PROBLEMATIZAÇÃO

Cessada a fase inicial deste estudo, na qual foram abordadas conceitos


sobre as relações de trabalho; modalidades contratuais existentes no âmbito
trabalhista brasileiro; análise dos institutos: da estabilidade e garantia de emprego;
acidente de trabalho e doenças ocupacionais; requisitos para a configuração do
acidente de trabalho assim como os benefícios previdenciários, sendo tais conceitos
de suma importância para compreensão do objeto de estudo, passa-se ao estudo
direcionado da principal tese deste trabalho, que é a aplicação da estabilidade
acidentária nos contratos por prazo determinado.
Sendo assim, destaca-se aqui, um assunto polêmico no âmbito do Direito do
Trabalho: a existência ou não do direito à estabilidade por acidente do trabalho, nos
contratos por prazo determinado, principalmente nos contratos de experiência.
Até pouco tempo, o tema era pacificado majoritariamente, tanto pela doutrina
como pela jurisprudência, pelo não reconhecimento da garantia de emprego;
contudo uma minoria doutrinária, e alguns julgados recentes, tecem um novo norte a
ser estudado, qual seja, a tese que reconhece o direito do trabalhador à garantia
provisória de emprego, em razão de acidentes do trabalho sofridos no curso do
contrato a termo, começa a ser reconhecida, vista de forma diferenciada por nossos
magistrados, conforme recentes decisões do TST.
É justamente em cima dessa polêmica que discorrerá o presente trabalho,
destacando-se os entendimentos doutrinários, majoritários e minoritários, bem como
o posicionamento jurisprudencial dos que são favoráveis e dos que são
desfavoráveis.
Vale lembrar que a garantia que se refere o parágrafo anterior, encontra-se
regulamentada pela Lei nº 8.213/91, artigo 118, caput161. O que significa dizer que o
empregado que sofrer acidente do trabalho, ou seja acometido por doença

161
Lei 8.213/91, Art. 118, caput - "O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo
prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente"
57

profissional equiparada a acidente do trabalho - art. 20, Lei 8.213/91162, tem após a
cessação do recebimento do auxílio-doença, ou melhor, após a alta do INSS, a
garantia de emprego por 12(doze) meses. Contudo, ocorreram algumas discussões
em relação à norma que garantia o emprego, estabelecida pela Lei nº 8.213/91,
sobre sua constitucionalidade.
Na verdade, durante algum tempo arguiu-se a inconstitucionalidade do art.
118, da Lei nº 8.213/91, uma vez que a CF, art. 7º, inciso I163, ao garantir como
direito dos trabalhadores a "relação de emprego protegida contra despedida
arbitrária ou sem justa causa", submetendo tal direito à regulamentação por lei
complementar. Por conta disso, alguns doutrinadores argumentavam
equivocadamente, que qualquer estabilidade não prevista na Constituição Federal
só poderia ser estabelecida por lei complementar.164
A OJ 105, da SDI do TST, colocou fim ao impasse de inconstitucionalidade,
declarou constitucional o art. 118 da Lei 8.213/91, prevalecendo o entendimento de
que a proteção contra dispensa arbitrária, referida pelo art. 7º da Constituição
Federal é genérica, sendo assim, garantida indistintamente a todos os
trabalhadores.

162
Lei 8.213/91, Art. 20 – “Considera-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as
seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do
Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva,
salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contrato direto determinado pela natureza do
trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos
incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele
se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho”.
163
Art. 7º CR -São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
164
FREITAS, Rogério Diniz. Estabilidade por acidente do trabalho no contrato de experiência.
Publicado em 23 de agosto de 2005. Disponível em: <http://www.schmitt-
advocacia.adv.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=80> apud Otávio Magano, LTr
56/1426. Acesso em: 22/04/2010.
58

3.2 POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS

Uma vez que o objeto de estudo deste trabalho é a estabilidade provisória


decorrente de acidente do trabalho, nos tópicos seguintes serão tratados de maneira
especial, do posicionamento, jurisprudencial e doutrinário.

3.2.1 Entendimento doutrinário contrário à estabilidade

É oportuno mencionar que, ao ser realizada a pesquisa, tanto doutrinária


quanto jurisprudencial, notou-se haver uma corrente doutrinária dominante, qual
seja, a contrária ao direito à estabilidade ou garantia de emprego. Foram destacados
então, alguns posicionamentos para melhor compreensão.
Com efeito, inicia-se a investigação pela manifestação de Martins165 a
respeito da matéria: “É certo que se houver a cessação do contrato de trabalho do
empregado, estatuído por prazo determinado, não haverá direito à estabilidade,
porque aqui não há despedida injusta, mas o término do pacto laboral.”
Ainda o autor, mais adiante em sua obra, complementa seu entendimento
aduzindo que:

A regra do art. 118 da Lei nº 8.213/91 é aplicada a contratos de trabalho de


prazo indeterminado. No contrato de prazo determinado ou de experiência
não há direito à garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91,
pois as partes conhecem antecipadamente a data do término do contrato, e
não há despedida arbitrária ou sem justa causa, mas o fim normal do pacto
laboral. Se houver justa causa, a garantia de emprego é indevida. O
empregador não visa impedir a garantia de emprego do acidentado no
166
contrato de prazo determinado.

Segundo os ensinamentos de Neto, “a estabilidade é instituto próprio do


contrato de trabalho por prazo indeterminado, não se coadunando com a
predeterminação contratual.” E segue:

As partes, quando da contratação, ao fixarem o termo final da relação


jurídica, salvo expresso ajuste em contrário, automaticamente já excluem o
reconhecimento de qualquer estabilidade. É natural o desligamento quando

165
MARTINS. op.cit. 2010, p. 431.
166
Ibidem p. 440.
59

do advento do termo final, não caracterizando a dispensa, face ao caráter


167
transitório da contratação.

De forma semelhante, manifesta-se Arnaldo Süssekind et. al., não


reconhecendo a aplicabilidade da estabilidade acidentária nos contratos de trabalho
por tempo determinado.168
Com pensamento semelhante, registra Oliveira de forma mais abrangente
em seus ensinamentos que:

Não existe garantia de emprego no contrato por prazo determinado; as


partes acordam sobre a extinção do pacto. Se no curso desse contrato de
trabalho o empregado for eleito dirigente sindical ou membro da Cipa, ou a
empregada ficar grávida, ou sofrer acidente de trabalho, ou se o empregado
tornar-se representante dos empregados membros das Comissões de
Conciliação Prévia (titulares ou suplentes), esses fatos não transformam tal
.169
contrato em prazo indeterminado

Abordados alguns posicionamentos doutrinários, de corrente contrária à


estabilidade, ou melhor, a garantia de emprego em caso de acidente do trabalho, em
especial nos contratos a termo, resta apreciar a interpretação e posicionamento dos
tribunais a respeito da matéria. Para tanto, foram selecionados alguns julgados para
análise.
A 2ª Turma do TST, Brasília, 21 de outubro de 2009. Ministro relator
JOSÉ SIMPLICIANO FONTES DE F. FERNANDES, por unanimidade, negou
provimento ao Recurso de Revista.

CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. ACIDENTE DE TRABALHO.


ESTABILIDADE. Estando o empregado submetido ao contrato de trabalho por
prazo determinado, e ocorrendo acidente de trabalho, não existe a garantia de
estabilidade no emprego, prevista no art. 118 da Lei 8.213/91. Recurso conhecido
e não provido. (Proc. TST-RR-266/2000-020-09-00.6; Ac. 2ª Turma; Rel. Min.
José Simpliciano Fontes de F. Fernandes; DJ 21/10/2009.)170

167
NETO. op. cit. p.319.
168
SUSSEKIND. Arnaldo; Maranhão, Délio; Viana, Segadas; Teixeira Fillho, João de Lima.
Instituições de Direito do Trabalho. Volume I e II. São Paulo: LTr, 2003. p. 721-722 - "A
estabilidade de doze meses prevista na mencionada lei previdenciária ocorre após a cessação do
auxílio-doença acidentário, ainda que o empregado não venha a perceber o auxílio-acidente,
benefício que só é devido quando se verificar redução da capacidade laborativa”. “Por fim, cabe
assinalar que no contrato de trabalho a termo, ainda que de experiência, o acidentado não terá
garantia de emprego além do prazo estipulado."
169
OLIVEIRA. op. cit., p. 4.
170
Julgado na íntegra no anexo 1.
60

No mesmo sentido à 4ª Turma do TST, Brasília, 22 de outubro de 2003.


Ministro relator JOSÉ ANTONIO PANCOTTI, por unanimidade, negou provimento ao
Recurso de Revista.

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. CONTRATO POR


PRAZO DETERMINADO. Se o empregado sofre acidente de trabalho no curso do
contrato de experiência, não há que se falar em estabilidade provisória prevista no
art. 118 da Lei nº 8.213/91, uma vez que alcança apenas os contratos de trabalho
por prazo indeterminado. Recurso de revista conhecido e não provido. (Proc. TST-
RR- TST-RR-596598/99.0; Ac. 4ª Turma; Rel. Min. José Antonio Pancotti; DJ
171
22/10/2003.)

Corroborando com os julgados supracitados e, dentre eles o de decisão


mais recente, tem-se novamente a manifestação da 4ª Turma do TST, Brasília, 11
de março de 2010. Ministra relatora MARIA DE ASSIS CASLINGI, por unanimidade,
negou provimento ao Recurso de Embargos.

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO POSTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA


LEI N.º 11.496/2007. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. ART. 118 DA LEI N.º
8.212/1991. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. Não tem direito à estabilidade
prevista no art. 118 da Lei n.º 8.213/91 o empregado que sofre acidente do
trabalho na vigência de contrato de trabalho por prazo determinado - na hipótese,
contrato de experiência -, uma vez que a garantia objetiva a proteção da
continuidade do vínculo empregatício, pressupondo, assim, a existência de
contrato por prazo indeterminado. Ressalva da Relatora. Recurso de Embargos
conhecido, todavia, não provido. (Proc. TST-RR- TST-RR-139200-
84.2006.5.09.0018; Ac. 4ª Turma; Rel. Min. Maria de Assis Caslingi; DJ
172
11/03/2010.)

Verificou-se, no estudo realizado, que o posicionamento majoritário dos


doutrinadores, acerca da estabilidade, é com a incompatibilidade com os contratos a
termo, sendo considerado instituto próprio do contrato de trabalho por prazo
indeterminado.
Em síntese conclui-se que os adeptos da corrente contrária, qual seja, que
não reconhecem o direito do trabalhador acidentado, no curso do contrato de
trabalho por prazo determinado, a garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei nº
8.213/91, justificam seu posicionamento fundados em que o instituto da estabilidade
é incompatível com os contratos a termo.

171
Julgado na íntegra no anexo 2.
172
Julgado na íntegra no anexo 3.
61

Segundo essa corrente, a estabilidade tem por natureza a proteção da


continuidade do vínculo de emprego, ou melhor, a de restringir o direito potestativo
do empregador de dispensá-lo sem justo motivo, durante certo período.
A incompatibilidade surge por que nos contratos por tempo determinados, já
se conhece o termo final no momento da celebração, então não há que se falar em
dispensa arbitrária, o que ocorre é seu término.

3.2.2 Entendimento doutrinário favorável à estabilidade

No decorrer das pesquisas notou-se que qualquer das correntes - pró e


contra - têm um consenso sobre a garantia provisória de emprego nos contratos a
termo e todos argúem que a garantia provisória de emprego, prevista no art. 118 da
Lei nº 8.213/91, tem como finalidade garantir ao empregado que sofreu acidente do
trabalho, ou doença laboral, a manutenção de seu contrato durante o período de 12
meses após a alta dos peritos do INSS. Sabe-se também que tal princípio é o da
continuidade, e não há que se falar em continuidade se o contrato é a termo, ou
seja, possui prazo préfixado para sua extinção, como é o caso dos contratos por
tempo determinados.
Baseando-se nos estudos realizados até aqui, fica claro que nessa
modalidade de contratação, as partes contratantes têm ciência do momento no qual
se findará a relação firmada. Sendo assim, como dito anteriormente, não haveria
compatibilidade o instituto da garantia de emprego com os contratos a termo, uma
vez que tal instituto restringe o direito potestativo do empregador em dispensar
arbitrariamente e sem justo motivo o empregado. Ora, ocorre nos contratos por
prazo determinado seu término, sua extinção e não a dispensa arbitrária ou sem
justo motivo por parte do empregador, daí sua incompatibilidade. Ademais, a ciência
das partes do termo final do contrato, implicitamente, as partes estariam abrindo
mão de qualquer tipo de garantia de emprego ou estabilidade.
Entretanto, há uma modalidade contratual pertencente aos contratos por
tempo determinado, que merece uma melhor análise neste capítulo, “o contrato de
experiência”, precursor dessa nova corrente, claro que minoritária, mas que vem
ganhando força através de julgados, abrindo-se precedentes para novas demandas,
62

que defendem a garantia provisória de emprego, em caso de acidente do trabalho


ou doenças ocupacionais, durante os contratos a termo.
Oportuno, para maior compreensão, recordar o conceito do contrato de
experiência, assim, repete-se os ditos do mestre Delgado, aduzindo que o contrato
de experiência é um “acordo bilateral firmado entre empregado e empregador, com
prazo máximo de 90 dias, em que as partes poderão aferir aspectos subjetivos,
objetivos e circunstanciais relevantes à continuidade ou extinção do vínculo
empregatício”. Chamado também de contrato a contento, sua delimitação temporal é
justificada pela fase probatória consecutiva à efetivação da contratação. 173
Pois bem, diante desse conceito, pode-se afirmar que excepcionalmente nos
contratos de experiência, a priori, existe o ânimo de continuidade no emprego, e tal
fato distingue essa modalidade de contrato a termo das demais hipóteses, para
casos de incidência da garantia da estabilidade acidentária.
Sendo assim, a estabilidade acidentária perfeitamente compatível com o
contrato por prazo determinado, ocorre única e exclusivamente quando se tratar de
contrato a título de experiência, porquanto a existência de expectativa pela
continuidade da relação de emprego, contrário as demais modalidades contratuais
por tempo determinado, pois não geram expectativas além do seu término.
Em relação ao tema ora abordado, ensina Delgado que:

As causas suspensivas do contrato podem atuar, no máximo, como fatores


de prorrogação do vencimento dos pactos a prazo, estendendo seu termo
final à data do retorno do obreiro ao serviço, sempre sem prevalência de
qualquer das garantias de emprego legalmente tipificadas.
Entretanto, nas situações de afastamento por acidente de trabalho ou
doença profissional pode-se aprender da ordem jurídica a existência de uma
174
exceção a essa regra geral do art. 472, § 2º, da CLT.

Segue Delgado175, dizendo que de fato, aqui, “a causa do afastamento


integra a essência sociojurídica de tal situação trabalhista, já que se trata de
suspensão provocada por malefício sofrido estritamente pelo trabalhador em
decorrência do ambiente e processo laborativos,” ou seja, em decorrência de fatores
alheios a vontade do empregado, sendo assim, sob ônus e riscos do empregador.

173
DELGADO, op. cit., 2010. p. 516.
174
Idem
175
Idem
63

Mestre Delgado176 salienta que no Direito:

a causa somente afeta de modo substantivo as regras e efeitos do ato caso


seja tida como fator determinante de sua ocorrência (art. 90 do CCB/1916;
art. 140, CCB/2002); na presente situação suspensiva, a causa do
afastamento do obreiro é, inegavelmente, fator determinante de regência e
efeitos normativos especiais resultantes da ordem jurídica.
Note-se que a CLT, em sua origem, parecia não previa a situação excetiva
177
enfocada (§ 2º do art. 472, CLT).

Contudo, nesse aspecto, ela teve de se ajustar ao comando mais forte,


proveniente da CF/88, determinando tutela especial sobre as situações envolventes
à saúde e segurança laborais (art. 7º, XXII, CF/88) – a CF/88, “afinal, fala em
redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança.” que a garantia de emprego de 12 meses destinada à proteção aos
trabalhadores vítimas de acidente do trabalho ou doenças ocupacionais, retornando
da respectiva licença, incidirá em favor do empregado, mesmo que admitido, em
qualquer das modalidades, por termo certo. Decerto é a única e isolada exceção,
decorrente da própria ordem constitucional e suas repercussões sobre o restante da
ordem jurídica.178
Sendo assim, resta claro que a causa de suspensão do contrato de trabalho
não decorre da vontade do obreiro, uma vez que é inaceitável entender que o
trabalhador seja capaz de se autoincapacitar simplesmente pela manutenção de seu
contrato de trabalho por mais um ano.
Não haveria momento mais oportuno para destacar o entendimento da 1ª
Turma do TRT da 3ª Região – MG, onde próprio autor Maurício Godinho Delgado
era o relator, enquanto desembargador.

EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO OCORRIDO NO CURSO DE CONTRATO


DE EXPERIÊNCIA - ESTABILDADE PROVISÓRIA ACIDENTÁRIA - CABIMENTO
– Regra geral, as causas suspensivas do contrato de trabalho podem atuar, no
máximo, como fatores de prorrogação do vencimento do contrato de
experiência, estendendo seu termo final à data do retorno do obreiro ao serviço,
sempre sem prevalência de quaisquer das garantias de emprego legalmente
tipificadas. Entretanto, em situações de afastamento por acidente de trabalho
ou doença profissional pode-se apreender da ordem jurídica a existência de uma
exceção a essa regra geral do artigo 472, §2º, da CLT. Nessa situação
excepcional enfatizada, a causa do afastamento integra a essência
sociojurídica de tal situação trabalhista, já que se trata de suspensão

176
DELGADO, op. cit., 2010. p. 543
177
Idem
178
DELGADO, op. cit., 2010, p. 543-544.
64

provocada por malefício sofrido estritamente pelo trabalhador em decorrência do


ambiente e processo laborativos; portanto, em decorrência de fatores situados
fundamentalmente sob ônus e risco
empresariais. Conquanto a CLT, em sua origem, não tenha previsto a situação
excetiva enfocada (§2º do artigo 472 da CLT), em ocorrendo acidente de
trabalho no curso de contrato de experiência, os dispositivos legais mencionados
têm de se ajustar ao comando mais forte oriundo da Constituição de 1988, que é
incompatível com essas restrições infraconstitucionais. É que o Texto
Magno determina tutela especial sobre as situações envolventes à saúde e
segurança (art. 7º, XXII, CF/88). A Carta de 1988, afinal, fala em redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança. Em tal quadro, a garantia de emprego de um ano que protege
trabalhadores acidentados ou com doença profissional, após seu retorno da
respectiva licença acidentária (art. 118, Lei n. 8.213/91), incide em favor do
empregado, ainda que admitido, na origem, por pacto empregatício de
experiência. Trata-se da única e isolada exceção (que não abrange sequer o
afastamento por outras doenças não ocupacionais ou por serviço militar ou outro
fator), que decorre da própria ordem constitucional e suas repercussões
sobre o restante da ordem jurídicaRecurso provido.(Proc. TRT-RO-01941-2006-
136-03-00-6; Em. 1ª Turma; Rel. Des. Mauricio J.Godinho Delgado; DJ
179
16/02/2007.)

Contudo este entendimento não se restringe ao TRT, como supra transcrito,


ver-se-á na sequencia, julgados recentes do TST, os quais aproveitando-se dos
ensinamentos de mestre Delgado, fundamentam suas decisões.
A 1ª Turma do TST, Brasília, 27 de fevereiro de 2008. Ministro relator
LELIO BENTES CORRÊA, por unanimidade, deu provimento ao Recurso de Revista.

ACIDENTE DE TRABALHO. PERÍODO DE EXPERIÊNCIA. BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO. SUSPENSÃO CONTRATUAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA
NO EMPREGO. ARTIGO 118 DA LEI Nº 8.213/91. COMPATIBILIDADE COM O
CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO DE EXPERIÊNCIA. PACTO
CELEBRADO COM ÂNIMO DE CONTINUIDADE. Discute-se a possibilidade de se
aplicar a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91 a
empregado submetido a contrato de trabalho temporário de experiência. No caso
sob exame, o contrato encontrava-se em vigor quando ocorreu o infortúnio -
evento imprevisível e capaz de impedir que o contrato alcançasse o termo final
predeterminado pelas partes. O artigo 472, § 2º, da Consolidação das Leis do
Trabalho deve ser interpretado de forma sistemática, em consonância com outras
normas de caráter tutelar consagradas no ordenamento jurídico pátrio, entre elas o
artigo 476 da Consolidação das Leis do Trabalho e o artigo 63 da Lei nº 8.213/91.
Tais dispositivos consagram proteção especial ao trabalhador acidentado,
devendo prevalecer sobre outras normas, de caráter genérico, como o artigo 472,
§ 2º, da CLT, cuja aplicabilidade restringe-se aos períodos de afastamento não
resultantes de acidente de trabalho. De se notar, entretanto, que a estabilidade
acidentária é compatível com o contrato a termo somente quando este for
celebrado a título de experiência, porquanto, neste caso, presente o ânimo de
continuidade da relação de emprego. Conquanto não se possa antecipar se a
experiência será exitosa ou não, o incidente ocorrido no curso desse contrato a
termo frustra totalmente a possibilidade de permanência do trabalhador no
emprego após o período de experiência. Ora, o ânimo de permanência no
emprego, que resulta da celebração do contrato de experiência, é o elemento que
distingue esta modalidade de contrato a termo das demais hipóteses para efeito

179
Julgado na íntegra no anexo 4
65

de incidência da norma garantidora da estabilidade acidentária. Assim, o acidente


de trabalho ocorrido por culpa do empregador, que detém o encargo de
estabelecer mecanismos tendentes a evitar infortúnios no ambiente laboral -
cumprindo as normas de saúde, segurança e higiene -, bem como a
responsabilidade social do detentor dos meios de produção pelos riscos do
empreendimento - inferida da exegese do artigo 170, inciso III, da Carta Política -,
coloca sob ônus do empregador a manutenção do vínculo empregatício enquanto
o obreiro estiver em período de incapacidade ou redução da capacidade laborativa
que, de acordo com a norma preconizada no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, tem a
duração de um ano. Não se olvide, ainda, que o juiz aplicará a lei atendendo aos
fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (artigo 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Ao aplicador da lei, portanto, cabe lançar mão do
método teleológico, para encontrar o sentido da norma que realize os fins sociais
por ela objetivados. Assim, não se realizará os fins sociais da lei de proteção ao
trabalhador se este, vítima de acidente laboral, for lançado ao mercado de
trabalho. A dificuldade de colocação desse trabalhador no mercado de trabalho
afeta o ideal de realização de justiça social e atenta contra o princípio da
dignidade da pessoa humana consagrado no artigo 1º, III, da Constituição da
República. Recurso de revista conhecido e provido. (Proc. TST-RR-1762/2003-
180
027-12-00.8; Ac. 1ª Turma; Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa; DJ 27/02/2008.)

No mesmo sentido, a 3ª Turma do TST, Brasília, 04 de novembro de 2009.


Ministro relator ALBERTO LUIZ BRESCIANI DE FONTAN PEREIRA, por
unanimidade, deu provimento ao Recurso.

I. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - ESTABILIDADE


PROVISÓRIA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. A potencial a ofensa ao art. 118
da Lei nº 8.213/91 aconselha o processamento do recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e provido. II. RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE
PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO (ART. 118 DA LEI
Nº 8.213/91). CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. CABIMENTO. O contrato de
experiência é modalidade de ajuste a termo, de curta duração, que propicia às
partes uma avaliação subjetiva recíproca: possibilita ao empregador verificar as
aptidões técnicas e o comportamento do empregado e a este último analisar as
condições de trabalho- (Desembargadora Alice Monteiro de Barros). Cuida-se de
contrato especial, diverso daqueles (de prazo determinado) a que a Lei o irmana,
na medida em que traz como ínsita à sua natureza a expectativa de prorrogação e
indeterminação, sendo esta circunstância chancelada pela normalidade dos fatos,
pelo que ordinariamente acontece. Em tal espécie, não está o contrato ligado a
trabalho ou atividade empresarial transitórias, mas se agrega ao absoluto cotidiano
dos contratos de prazo indeterminado mantidos pelo empregador, salvo pela
possibilidade de se definir prazo de duração. 2. O art. 118 da Lei nº 8.213/91,
respondendo à diretriz do art. 7º, XXII, da Carta Magna, afirma que -o segurado
que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses,
a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente.-
3. Com atenção aos fins sociais buscados pela Lei (LICC, art. 5º), não se deve, no
entanto, rejeitar a estabilidade provisória do empregado acidentado no curso de
contrato de experiência. O infortúnio do trabalhador ceifa-lhe a oportunidade de
manutenção do trabalho - expectativa que legitimamente mantém -, impondo-lhe o
desemprego por força de evento que, acrescido o dano à sua saúde, decorre de
fato estritamente vinculado à atividade empresarial. Não se espera que, ante o
ônus que a Lei ordena, permitindo-se-lhe o desfazimento do pacto laboral, opte o
empregador pela sua prorrogação. Mesmo que viessem a ser aprovadas as suas

180
Julgado na íntegra no anexo 5.
66

aptidões técnicas, o empregado amargará as conseqüências de sua saúde


deteriorada sob a austeridade e sofrimento do desemprego. Não disporá do prazo
que o ordenamento objetivo, sabiamente, disponibilizaria à sua recuperação. 4.
Devida a estabilidade provisória, ainda quando se cuide de contrato de
experiência. Precedente. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido.
(Proc. TST-RR-1255/2007-047-01-40.7; Ac. 3ª Turma; Rel. Min. Alberto Luiz
181
Bresciani de Fontan Pereira; DJ 04/11/2009.)

Corroborando com o entendimento de mestre Delgado, Denise Maria


Schellenberger182 preceitua que embora o contrato de experiência previsto no art.
445, parágrafo único, da CLT, “em regra, não se coadune com a maioria das
garantias de emprego, ante a incompatibilidade dos institutos, resta excepcionada a
estabilidade provisória decorrente de acidente de trabalho, não desejado pelo
trabalhador, ocorrido no ambiente laboral.”
A legislação trabalhista no art. 157, II,183 determina que o empregador tem o
dever de instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às
precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças
ocupacionais.
Assim, nas palavras do Ministro Lélio Bentes Corrêa184, em julgado em que
era Relator, o empregado que sofrer acidente de trabalho ocorrido por culpa do
empregador, - sob o qual recai o encargo de estabelecer mecanismos para que o
fato infortunística ocorra no ambiente laboral, cumprindo as normas de saúde,
segurança e higiene, bem como a responsabilidade social do detentor dos meios de
produção pelos riscos do negócio, contidas no art. 170, inciso III, da CF/88,185 ou
seja, o ônus dos riscos do negócio - terá a manutenção do vínculo empregatício
enquanto estiver em período de incapacidade, ou redução da capacidade laborativa
que, de acordo com a norma preconizada no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, tem a
duração de 12 meses.

181
Julgado na íntegra no anexo 6
182
SCHELLENBERGER, Denise Maria. A Estabilidade Provisória do Acidentado no Trabalho e
os Contratos de Experiência. Síntese Trabalhista nº 112. Out/1998, pg. 19.
183
Art. 157 - Cabe às empresas:
...
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de
evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
184
(Proc. TST-RR-1762/2003-027-12-00; Ac. 1ª Turma; Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa; DJ
04/04/2008).
185
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
n
III - função social da propriedade;
67

Decerto que o juiz aplicará a lei atendendo aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil).
Há que se ressaltar o art.7º, XXII, da CF/88186, que garante a todos os
trabalhadores a redução dos riscos inerentes ao trabalho, ou melhor, garante aos
trabalhadores direitos sociais mínimos, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social, como a redução dos riscos inerentes ao trabalho, dentre os quais,
os acidentes e as doenças ocupacionais187.
Em suma, após o estudo dos ensinamentos supracitados, é possível concluir
que muito embora não exista compatibilidade entre os institutos da estabilidade e do
contrato de experiência, é certo que a ocorrência de acidentes do trabalho, ou
doenças ocupacionais, caracteriza-se exceção à regra, ante ao anseio maior de
preservar a saúde e a segurança do trabalhador.
Assim, a estabilidade provisória ou garantia de emprego nos casos de
acidente do trabalho ou doença ocupacional, aquelas previstas no art. 118 da Lei nº
8.213/91, aplica-se não apenas aos contratos de trabalho por prazo indeterminado,
como também quando a contratação se deu na forma "de prova", ou melhor, nos
contrato de experiência, prevista no art. 443, § 2º, letra c, da CLT188.
Ademais, resta demonstrado a importância da aplicação da estabilidade
acidentária nos contratos de experiência, como forma evidente de garantir ao
trabalhador vitimado a tutela constitucional à saúde, protegendo o bem maior de
todo ser humano, qual seja, sua vida.

186
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;
187
DELGADO, op. cit., 2010. p. 543.
188
Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente,
verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado.
...
§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
...
c) de contrato de experiência.
68

CONCLUSÃO

Este estudo apresentou as principais diferenças entre os contratos de


trabalho, assim como a classificação de acordo com a Consolidação das Leis de
Trabalho. Foram apresentados os contratos individuais, a prazo determinado e a
prazo indeterminado, os contratos de experiência, os contratos temporários e as
modalidades especiais como a de artistas e jogadores de futebol, enfatizando que
existem ainda outros tipos, mas que não foi o foco deste trabalho.
Foi necessária, ainda, a explanação acerca da estabilidade e da garantia de
emprego em seus contornos constitucionais e legais, da mesma forma que as
condições de gestante, cipeiro, dirigente sindical e empregado acidentado, sendo
este último caso o objeto desta pesquisa. A observação dos acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais, somados à legislação acidentária, da mesma forma que os
requisitos para a configuração da estabilidade acidentária foram imprescindíveis
para a discussão da estabilidade acidentária e os contratos por prazo determinado
no Brasil.
Ao tratarmos do assunto principal deste estudo, qual seja, a estabilidade
acidentária nos contratos a termo, notou-se que a divergência doutrinária e
jurisprudencial não era pertinente a todas as modalidades contratuais por prazo
determinado, o consenso entre os doutrinadores é que o instituto da estabilidade
não se coaduna com os contratos a termo, uma vez que na ocasião da contratação
as partes têm consciência do termo final, não gerando perspectiva além de seu
término. A natureza da garantia de emprego provisória é a proteção do trabalhador
contra despedidas arbitrárias ou injustas, e no caso dos contratos a termo, não há
que se falar em despedida o que ocorre é simplesmente seu término.
Contudo uma modalidade de contrato a termo mereceu ser estudada com
maior atenção, qual seja, os contratos de experiência, devendo ser tratado como
exceção às regras do mesmo, ou seja, ao contrário da natureza dos contratos por
prazo determinado, onde a contratação é por tempo certo, os contratos de
experiência, também conhecidos como contratos de prova têm natureza diversa,
afinal são firmados para que as partes se avaliem e passados o período probatório
transformam-se em contrato por tempo indeterminado integrando-se o período
determinado ao contrato que doravante passa ser indeterminado, ou seja ha quem
entenda ser um só contrato.
69

Sendo assim, pode-se concluir que ao contrário das demais modalidades de


contratos a termo, o contrato de experiência gera perspectivas além do seu termo
final, qual seja, a efetivação do trabalhador e transformação do pacto por prazo
indeterminado.
O Direito do Trabalho tem natureza protetiva, buscando sempre o equilíbrio
entre as partes, já que o trabalhador é a parte hipossuificiente da relação. Neste
sentido sua evolução necessariamente deve ser constante, visando sempre à maior
proteção do trabalhador.
No caso estudado o empregador ao empreender assume os riscos do
negócio, e em caso de acidente ou dano a saúde do trabalhador causado por culpa
ou dolo daquele, cabe ao trabalhador as devidas proteções, e o direito é que tem
que assegurar isso, ora, estando em período probatório venha a sofrer qualquer
infortúnio laboral, certamente restará prejudicada sua aprovação, sendo dispensado
ao término do contrato.
Ademais a Carta Magna da Republica assegura proteção ao hipossuficiente
devendo este ser amparado por aquele que assumiu os riscos do negócio, no caso o
empregador. Não se trata apenas de garantia de emprego, que também é uma
garantia constitucional, e sim de um preceito maior, a garantia à saúde e integridade
física do trabalhador.
Como dito anteriormente, é de suma importância a aplicação da estabilidade
acidentária nos contratos de experiência, como forma evidente de garantir ao
trabalhador vitimado a tutela constitucional à saúde, protegendo o bem maior de
todo ser humano, qual seja, sua vida.
70

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74

ANEXOS

ANEXO 1: PROCESSO Nº TST-RR-266/2000-020-09-00.6

fls.1
PROCESSO Nº TST-RR-266/2000-020-09-00.6
ACÓRDÃO
Ac. 2ª Turma)
GMJSF/CP/afe/pfs
CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE. Estando o
empregado submetido ao contrato de trabalho por prazo determinado, e ocorrendo acidente de
trabalho, não existe a garantia de estabilidade no emprego, prevista no art. 118 da Lei 8.213/91.
Recurso conhecido e não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-266/2000-020-09-00.6,


em que é Recorrente GERALDO JOSÉ DE SOUZA e Recorrida USINA ALTO ALEGRE S.A. -
AÇÚCAR E ÁLCOOL.

O eg. Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por meio do v. acórdão de fls. 186/190, deu
provimento parcial ao Recurso Ordinário do Reclamante para conceder os benefícios da justiça
gratuita.
O Reclamante interpôs Recurso de Revista às fls. 195/204, com fulcro no artigo 896, alíneas -a-, e -c-
, da CLT, alegando que faz jus à estabilidade provisória em decorrência do acidente de trabalho.
Recurso foi admitido à fl. 210.
Contrarrazões foram apresentadas.
Os autos não foram enviados ao douto Ministério Público do Trabalho, por força do artigo 83, § 2º, do
Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho.
É o relatório.

VOTO

O Recurso é tempestivo (fls. 192 e 195), regular a representação processual (fl. 15), custas
dispensadas (fl. 164).

1 - CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE a)


Conhecimento
O eg. Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por meio do v. acórdão de fls. 186/190, negou
provimento ao Recurso Ordinário do Reclamante sob o fundamento de que o contrato de trabalho por
prazo determinado é incompatível com a estabilidade provisória, decorrente de acidente de trabalho.
Para tanto, consignou às fls. 187/189:

-Estabilidade acidentaria - contrato por prazo determinado


Insurge-se o Reclamante contra a r. sentença que reconheceu a validade da rescisão contratual
havida em 21/12/97, declarando a prescrição extintiva do direito de ação. Alega, em síntese, que era
detentor de estabilidade provisória decorrente de acidente de trabalho, e que o fato de o contrato ter
sido celebrado por prazo determinado não é óbice ao reconhecimento de tal estabilidade. Aduz,
também, que o direito à estabilidade acidentaria está previsto também em cláusula convencional.
O entendimento que prevalece nesta d. Turma é de que o contrato de trabalho por prazo determinado
é incompatível com a estabilidade provisória, decorrente de acidente de trabalho. A estabilidade
impede a rescisão contratual imotivada e por iniciativa do empregador, assim não ocorrendo quando
as partes já fixaram o termo final do contrato, o qual não se sujeita a eventos futuros que possam
alterar a sua finalidade.
(...)
A alegação de que a estabilidade invocada também está prevista em cláusula convencional trata-se
de inovação recursal e, portanto, não será conhecida.
MANTENHO-.

O Reclamante interpôs Recurso de Revista às fls. 195/204. Aduz que celebrou contrato de trabalho
75

por prazo determinado, iniciando-se em 14/04/1997 e finalizando com o encerramento da safra de


1997. Sustenta que sofreu acidente de trabalho, com a percepção do auxílio-doença previdenciário
até dezembro de 1998. Argumenta que o artigo 118 da Lei 8.213/91 não exclui os trabalhadores em
contrato por prazo determinado da incidência da norma, ou seja, defende que o contrato por prazo
determinado não retira o direito à estabilidade provisória decorrente do acidente de trabalho. Nesse
sentido, aponta violação do citado dispositivo e traz divergência jurisprudencial.
O primeiro aresto de fl. 202, oriundo do TRT da 17ª Região, enseja conhecimento do Recurso, na
medida em que perfilha tese diametralmente oposta àquela adotada pela decisão revisanda no
sentido de que, a estabilidade provisória decorrente do acidente de trabalho aplica-se também ao
contrato de trabalho de prazo determinado, porquanto visa unicamente proteger o empregado diante
do infortúnio que lhe acometeu.
Conheço, por divergência jurisprudencial.

b) Mérito
A controvérsia gira em torno de se estabelecer se é aplicável a estabilidade provisória do artigo 118
da Lei 8.213/91 a empregado submetido a contrato por prazo determinado.
Na hipótese dos autos, no contrato de trabalho por prazo determinado, quando ocorre acidente de
trabalho, inexiste garantia de emprego prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, visto que, em sendo o
contrato de trabalho a termo, o instituto da estabilidade acidentária não pode ser aplicado, pois esse
objetiva a proteção da continuidade do vínculo de emprego, supondo, necessariamente, a vigência do
contrato por tempo indeterminado.
Como é sabido, o contrato por prazo determinado não tem natureza de continuidade, extinguindo-se
no término do prazo previsto. Aliás, esse é o entendimento jurisprudencial que vem se firmando neste
Tribunal, cita-se precedentes:

-ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. O


contrato de trabalho por prazo determinado não se transforma em contrato por prazo indeterminado
pelo fato de o empregado sofrer acidente de trabalho ao tempo de sua vigência. Não há que se falar,
pois, em estabilidade acidentária, salvo se assim previamente acordado. Aplicação analógica do
artigo 472, parágrafo segundo, da CLT. Recurso conhecido e não provido.- (TST RR-298.182/96 3ª
Turma DJ de 07.05.1999 Relator Ministro Francisco Fausto.)

-CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE. A Lei 8213/91 (artigo


118) que estabeleceu garantia de emprego, após o término do benefício previdenciário do acidente
de trabalho, por doze meses, não alcança o contrato de experiência. Recurso conhecido e
desprovido. (TST RR-280.527/96 2ª Turma DJ de 12.03.1999 Relator Ministro José Luciano de
Castilho Pereira). Portanto, a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, em face
de sua natureza, não se destina aos contratos que já nascem fadados a termo, dentre eles o contrato
de experiência. Dessa forma, nego provimento ao Recurso de Revista.- (RR - 93566/2003-900-04-00
- DJ - 16/03/2007 2ª Turma Ministro José Simpliciano.)

-RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI N.º


11.496/2007. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. ART. 118 DA LEI N.º 8.212/1991. CONTRATO
TEMPORÁRIO. A decisão turmária encontra-se em consonância com a jurisprudência desta Corte, no
sentido de que não tem direito à estabilidade prevista no art. 118 da Lei n.º 8.213/91 o empregado
que sofre acidente do trabalho na vigência de contrato de trabalho por prazo determinado, uma vez
que a garantia objetiva a proteção da continuidade do vínculo empregatício, pressupondo, a s sim, a
existência de contrato por prazo indeterminado. Ressalva da Relatora.-(E-RR-2662/2000-462-02-00,
SBDI-1/TST, DJ - 29/05/2009, Ministra Relatora MARIA DE ASSIS CALSING.)

-RECURSO DE EMBARGOS ESTABILIDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DE


TRABALHO - ART. 118 DA LEI Nº 8.213/91 - COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO POR PRAZO
DETERMINADO DE EXPERIÊNCIA. É incompatível a garantia de emprego a que alude o artigo 118
da Lei nº 8.213/91 com o contrato a prazo, notadamente o contrato de experiência, porque a garantia
de emprego pressupõe a proteção da continuidade do vínculo de emprego, nos contratos por prazo
indeterminado. Recurso de embargos não conhecido.-( E-ED-RR-93566/2003-900-04-00, SBDI-
1/TST, DJ - 08/02/2008, MINISTRO CARLOS ALBERTO REIS DE PAULA.)

Portanto, a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, em face de sua natureza,
76

não se destina aos contratos que já nascem fadados a termo, dentre eles o contrato por prazo
determinado.
Dessa forma, nego provimento ao Recurso de Revista.

ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,
conhecer do Recurso de Revista, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negar-lhe provimento.

Brasília, 21 de outubro de 2009.


Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

JOSÉ SIMPLICIANO FONTES DE F. FERNANDES


Ministro Relator
77

ANEXO 2: PROCESSO Nº TST-RR-596598/99.0

fls.1
PROC. Nº TST-RR-596598/99.0
ACÓRDÃO
4ª Turma
JCJP/DP/mmr
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. CONTRATO POR PRAZO
DETERMINADO. Se o empregado sofre acidente de trabalho no curso do contrato de experiência,
não há que se falar em estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91, uma vez que
alcança apenas os contratos de trabalho por prazo indeterminado. Recurso de revista conhecido e
não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista nº TST-RR-596598/99.0, em que é


Recorrente ARISTEU PACHECO NASCIMENTO e Recorrida ENAVI S.A. ENGENHARIA NAVAL E
INDUSTRIAL.

O Eg. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, pelo acórdão de fls. 74/79, deu provimento parcial
ao recurso ordinário da reclamada, excluindo da condenação os salários e demais vantagens após
6.1.1994, ao fundamento de que a estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91 só é
aplicável ao contrato de experiência dentro de seu prazo de duração.
Irresignado, o reclamante interpõe recurso de revista às fls. 80/82. Alega que faz jus à estabilidade
provisória no emprego em razão do acidente do trabalho, em que pese sua ocorrência durante o
contrato de experiência. Aponta violação dos arts. 5º, XXVIII, da CF, 118 da Lei nº 8.213/91, 5º da
LICC, além de colacionar aresto para confronto.
Despacho de admissibilidade à fl. 85
Não foram apresentadas contra-razões.
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho.
É o relatório.

VOTO
O recurso é tempestivo (fls. 79/80) e está subscrito por procurador habilitado (fls. 4 e 58). Custas
recolhidas pela reclamada à fl. 52.
I - CONHECIMENTO

I.1 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA


O Eg. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, pelo acórdão de fls. 74/79, deu provimento
parcial ao recurso ordinário da reclamada, excluindo da condenação os salários e demais vantagens
após 6.1.1994, ao fundamento de que a estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91
só é aplicável ao contrato de experiência dentro de seu prazo de duração.
Irresignado, o reclamante interpõe recurso de revista às fls. 80/82. Alega que faz jus à estabilidade
provisória no emprego em razão do acidente do trabalho, em que pese sua ocorrência durante o
contrato de experiência. Aponta violação dos arts. 7º, XXVIII, da CF, 118 da Lei nº 8.213/91, 5º da
LICC, além de colacionar aresto para confronto.
O aresto transcrito à fl. 82 traz entendimento contrário à decisão recorrida, no sentido de que o
acidente de trabalho ocorrido durante o contrato de experiência gera a garantia no emprego, com a
transformação do contrato de trabalho para prazo indeterminado.
CONHEÇO, por divergência jurisprudencial.

II - MÉRITO
II.1 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

A matéria em debate já foi examinada nesta Corte, cumprindo destacar decisão do Presidente desta
Turma, Min. Moura França, junto a Eg. SBDI-1:

CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO - ESTABILIDADE PROVISÓRIA DO ARTIGO 118 DA


LEI Nº 8.213/91 NÃO ASSEGURADA. Em se tratando de contrato a termo certo, disciplinado no
artigo 443, parágrafos 1º e 2º, da CLT, resta evidenciada a circunstância da prestação de serviços ser
transitória e, por isso mesmo, incompatível com o instituto da garantia e/ou estabilidade de emprego,
78

cuja pertinência está afeta aos contratos por prazo indeterminado. Recurso de embargos não
conhecidos. (TST E-RR-317413/96, DJ - 07/04/2000, Min. Moura França).

Nesse mesmo sentido destaquem-se os seguintes precedentes:

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ACIDENTE DE TRABALHO. O Contrato de trabalho por prazo


determinado não se transmuda em contrato indeterminado, pelo fato de o empregado ter sofrido
acidente de trabalho durante seu período de vigência. Violação ao art. 472, § 2º da CLT não
caracterizada. Recurso de Revista de que não se conhece. (TST-RR-716673/00, 5ª Turma, DJ
7.2.2003, Min. Brito Pereira)

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. CONTRATO POR TEMPO


DETERMINADO. O contrato por tempo determinado, disciplinado no artigo 443, §§ 1º e 2º, da CLT,
não se coaduna com a estabilidade provisória concedida ao empregado acidentado, cuja pertinência
encontra-se afeta aos contratos por tempo indeterminado. Caso contrário, neutralizar-se-ia o direito
de o empregador optar pela predeterminação da duração do contrato. Recurso a que se dá
conhecimento e a que se nega provimento. (TST-RR-559252/99, 1ª Turma, DJ 22.8.2001, Min. João
Oreste Dalazen).

ACIDENTE DE TRABALHO. ESTABILIDADE. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. O


contrato de trabalho por prazo determinado não se transforma em contrato por prazo indeterminado
pelo fato de o empregado sofrer acidente de trabalho ao tempo de sua vigência. não ha que se falar,
pois, em estabilidade acidentaria, salvo se assim previamente acordado. aplicação analógica do
artigo 472, § 2º, da CLT. Recurso conhecido e não provido. (TST-RR-298.182/96, 3ª Turma, DJ
7.5.99, Min. Francisco Fausto)

Com efeito, não merece reparo a decisão recorrida, uma vez que a estabilidade provisória
assegurada no caso de acidente do trabalho atinge os contratos de trabalho por prazo indeterminado.
Na hipótese de o empregado estar contratado por prazo determinado, da qual o contrato experiência
é uma das modalidades e importa em precariedade da relação de emprego, impertinente se revela a
transformação do pacto em prazo indeterminado.
Com esses fundamentos, em com esteio nas decisões acima transcrita, NEGO PROVIMENTO ao
recurso de revista.

ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,
conhecer do recurso por divergência jurisprudencial e, no mérito, negar-lhe provimento.

Brasília, 22 de outubro de 2003.

JUIZ CONVOCADO JOSÉ ANTONIO PANCOTTI


Relator
79

ANEXO 3: PROCESSO Nº TST-RR-139200-84.2006.5.09.0018

fls.1
PROCESSO Nº TST-RR-139200-84.2006.5.09.0018 - FASE ATUAL: E-ED
ACÓRDÃO
(Ac. SDI-1)
GMMAC/r3/kr/eri

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO POSTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI N.º


11.496/2007. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. ART. 118 DA LEI N.º 8.212/1991. CONTRATO DE
EXPERIÊNCIA. Não tem direito à estabilidade prevista no art. 118 da Lei n.º 8.213/91 o empregado
que sofre acidente do trabalho na vigência de contrato de trabalho por prazo determinado - na
hipótese, contrato de experiência -, uma vez que a garantia objetiva a proteção da continuidade do
vínculo empregatício, pressupondo, assim, a existência de contrato por prazo indeterminado.
Ressalva da Relatora. Recurso de Embargos conhecido, todavia, não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de


Revista n.º TST-E-ED-RR-139200-84.2006.5.09.0018, em que é Embargante EDUARDO
ALEXANDRINO DOS SANTOS e Embargada CN ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA.

RELATÓRIO

A Sexta Turma, por meio do Acórdão a fls. 296/306 e 314/320, não conheceu do Recurso de Revista
do Reclamante que versava sobre estabilidade acidentária nos contratos de expediência.
Interpõe o Reclamante o presente Recurso de Embargos, pelas razões a fls. 322/333 (original, a fls.
334/339). O Apelo vem calcado em divergência jurisprudencial.

Não foi apresentada impugnação aos Embargos (certidão a fls. 347).


Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 83 do RITST.
É o relatório.

VOTO

O Recurso de Embargos é tempestivo (a fls. 321, 322 e 334) e mostra-se regular a representação
processual (a fls. 31).

CONHECIMENTO

ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

A Turma não conheceu do Recurso de Revista que versava sobre o reconhecimento da estabilidade
acidentária nos contratos de experiência, por entender que o art. 118 da Lei n.º 8.212/1991 tem
aplicação somente nos contratos por prazo indeterminado. A ementa reproduz a síntese do julgado (a
fls. 296):

-RECURSO DE REVISTA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ACIDENTE DE TRABALHO.


ESTABILIDADE PROVISÓRIA. A hipótese é de contrato de experiência, modalidade de contrato por
prazo determinado (art. 433 da CLT). O exaurimento do prazo ajustado não importa em despedida
imotivada do empregado. Por isso, tal modalidade contratual mostra-se incompatível com o instituto
da garantia ou estabilidade, como disciplina o art. 118 da Lei n.º 8.213/1991, próprio dos contratos por
prazo indeterminado. Assim sendo, a decisão revisanda não carece de reparos por ter sido proferida
em harmonia com a jurisprudência predominante nesta Corte Superior. Precedentes. Incidência da
Súmula 333/TST. Recurso de Revista não conhecido.-

O Reclamante, em suas razões recursais, sustenta que o art. 118 da Lei n.º 8.212/1991 visa proteger
o empregado acidentado ou portador de moléstia profissional, independentemente do tipo de contrato
celebrado. Colaciona arestos, a fls. 336 e 338.
80

Os arestos transcritos adotam tese diametralmente oposta à decisão da Turma, autorizando, portanto,
o conhecimento do presente Apelo.
Conheço, dessa forma, por divergência jurisprudencial.

MÉRITO

ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

A questão dos autos tem como ponto central a discussão a respeito da viabilidade de deferir o pedido
de estabilidade provisória, em razão de acidente de trabalho, em contrato por tempo determinado, na
hipótese, o contrato de experiência.
O art. 443 da CLT especifica as situações nas quais é admitida a contratação por tempo determinado.
Nessa modalidade de contratação, ambos os contratantes já têm a prévia ciência do momento no
qual se finda a relação entre eles firmada.
Por sua vez, a garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei n.º 8.212/1991 tem por escopo garantir
a estabilidade da relação de emprego, quando da ocorrência de algum infortúnio trabalhista.
Dessarte, mostra-se inaplicável aos contratos de experiência, modalidade de contrato de trabalho por
prazo determinado, uma vez que esses não possuem o elemento relativo à continuidade da
prestação de serviços, visto que têm prazo certo para o seu término.
Esta Corte, com ressalva de entendimento desta Relatora, tem entendido que não tem direito à
estabilidade prevista no art. 118 da Lei n.º 8.213/91 o empregado que sofre acidente de trabalho na
vigência de contrato de trabalho por prazo determinado, uma vez que a garantia objetiva a proteção
da continuidade do vínculo empregatício, pressupondo, assim, a existência de contrato por prazo
indeterminado. Nesse sentido, têm-se os seguintes precedentes:

-RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI N.º


11.496/2007. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. ART. 118 DA LEI N.º 8.212/1991. CONTRATO
TEMPORÁRIO. A decisão turmária encontra-se em consonância com a jurisprudência desta Corte, no
sentido de que não tem direito à estabilidade prevista no art. 118 da Lei n.º 8.213/91 o empregado
que sofre acidente do trabalho na vigência de contrato de trabalho por prazo determinado, uma vez
que a garantia objetiva a proteção da continuidade do vínculo empregatício, pressupondo, assim, a
existência de contrato por prazo indeterminado. Ressalva da Relatora. Recurso de Embargos não
conhecido.- (TST-E-RR - 266200-98.2000.5.02.0462, Rel. Min. Maria de Assis Calsing, DEJT
29/05/2009.)

-CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. GARANTIA DE EMPREGO. ACIDENTE DE TRABALHO. O art. 118


da Lei 8.213/91 assegura, em caso de acidente de trabalho, a manutenção, pelo prazo mínimo de
doze meses, do contrato de trabalho. Entende-se que se está a referir à modalidade típica, por prazo
indeterminado, não sendo admissível interpretação ampliativa, de modo a estender ao contrato por
prazo determinado ou a termo a garantia inerente àquele contrato. Recurso de Embargos de que se
conhece e a que se nega provimento.- (TST-E-RR-816282/2001.9, Rel. Min. João Batista Brito
Pereira, SBDI-1, DEJT 10/10/2008.)

-RECURSO DE EMBARGOS - ESTABILIDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DE


TRABALHO - ART. 118 DA LEI N.º 8.213/91 - COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO POR
PRAZO DETERMINADO DE EXPERIÊNCIA. É incompatível a garantia de emprego a que alude o
artigo 118 da Lei n.º 8.213/91 com o contrato a prazo, notadamente o contrato de experiência, porque
a garantia de emprego pressupõe a proteção da continuidade do vínculo de emprego, nos contratos
por prazo indeterminado. Recurso de embargos não conhecido.- (TST-E-ED-RR-93566/2003-900-04-
00.0, Redator Designado Carlos Alberto Reis de Paula, SBDI-1, DJ 8/2/2008.)

-EMBARGOS INTERPOSTOS ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI N.º 11.496/07 CONTRATO


DE EXPERIÊNCIA ESTABILIDADE DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO -
IMPOSSIBILIDADE. 1. A natureza do contrato de trabalho por prazo determinado (modalidade
contratual na qual se insere o contrato de experiência) pressupõe o direito de o empregador rescindi-
lo quando atingido o seu termo. Trata-se, pois, de modalidade contratual em que as partes já
conhecem, de antemão, a data do término do ajuste. 2. A ocorrência de um acidente do trabalho,
nessa hipótese, só tem o condão de i) prorrogar o final do contrato à data da extinção do auxílio-
doença (Súmula n.º 371 do TST; ou, ii) caso o retorno ao trabalho seja anterior, garantir a
estabilidade no emprego até o final do prazo ajustado no contrato. 3. Assim, salvo disposição
81

contratual em sentido diverso, o prazo estabilitário previsto no artigo 118 da Lei n.º 8.213/91 (no que
ultrapassar o termo ajustado) não é compatível com a prestação de serviços mediante contratação
por prazo determinado. Precedente da C. SBDI-1 do TST. Embargos não conhecidos.- (TST-E-A-RR-
956/2004-017-03-00, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, SBDI-1, DJ 7/12/2007.)

Pelo exposto, nego provimento ao Recurso de Embargos.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior


do Trabalho, por unanimidade, conhecer dos Embargos, por divergência, todavia, no mérito, negar-
lhes provimento.

Brasília, 11 de março de 2010.

FIRMADO POR ASSINATURA DIGITAL (MP 2.200-2/2001)


MARIA DE ASSIS CALSING
Ministra Relatora
Firmado por assinatura digital em 12/03/2010 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho,
conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
82

ANEXO 4: PROCESSO Nº TRT-RO-01941-2006-136-03-00-6

RO
Data de Publicação : 16/02/2007
Órgão Julgador : Primeira Turma
Juiz Relator : Des. Mauricio J.Godinho Delgado
Juiz Revisor : Des. Deoclecia Amorelli Dias

RECORRENTES: 1) VALTER MARTINS MORAES


2) TRATER TRANSPORTE RENTAL LTDA.

RECORRIDOS: OS MESMOS
RELATOR: DESEMBARGADOR MAURICIO GODINHO DELGADO

EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO OCORRIDO NO CURSO DE


CONTRATO DE EXPERIÊNCIA - ESTABILDADE PROVISÓRIA
ACIDENTÁRIA - CABIMENTO - Regra geral, as causas suspensivas do
contrato de trabalho podem atuar, no máximo, como fatores de
prorrogação do vencimento do contrato de experiência, estendendo seu
termo final à data do retorno do obreiro ao serviço, sempre sem
prevalência de quaisquer das garantias de emprego legalmente
tipificadas. Entretanto, em situações de afastamento por acidente de
trabalho ou doença profissional pode-se apreender da ordem jurídica a
existência de uma exceção a essa regra geral do artigo 472, §2º, da
CLT. Nessa situação excepcional enfatizada, a causa do afastamento
integra a essência sociojurídica de tal situação trabalhista, já que
se trata de suspensão provocada por malefício sofrido estritamente pelo
trabalhador em decorrência do ambiente e processo laborativos; portanto,
em decorrência de fatores situados fundamentalmente sob ônus e risco
empresariais. Conquanto a CLT, em sua origem, não tenha previsto a
situação excetiva enfocada (§2º do artigo 472 da CLT), em ocorrendo
acidente de trabalho no curso de contrato de experiência, os dispositivos
legais mencionados têm de se ajustar ao comando mais forte oriundo da
Constituição de 1988, que é incompatível com essas restrições
infraconstitucionais. É que o Texto Magno determina tutela especial
sobre as situações envolventes à saúde e segurança (art. 7º, XXII,
CF/88). A Carta de 1988, afinal, fala em redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Em tal
quadro, a garantia de emprego de um ano que protege trabalhadores
acidentados ou com doença profissional, após seu retorno da
respectiva licença acidentária (art. 118, Lei n. 8.213/91), incide em favor do
empregado, ainda que admitido, na origem, por pacto empregatício de
experiência. Trata-se da única e isolada exceção (que não abrange
sequer o afastamento por outras doenças não ocupacionais ou por serviço
militar ou outro fator), que decorre da própria ordem constitucional
e suas repercussões sobre o restante da ordem jurídica.

Vistos os autos, relatados e discutidos os recursos Ordinários interpostos em face de


decisão proferida pelo MM. Juiz Jésser Gonçalves Pacheco, da 36ª Vara do Trabalho de Belo
Horizonte, em que figuram, como recorrentes, VALTER MARTINS MORAES e TRATER
TRANSPORTE RENTAL LTDA. e, como recorridos, OS MESMOS.

1 - RELATÓRIO
O MM. Juiz Jésser Gonçalves Pacheco, da 36ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, pela
decisão de fls. 48/51, julgou procedentes, em parte, os pedidos formulados na peça de ingresso,
condenando a reclamada a pagar as parcelas descritas nos itens 1 e 2 de fl. 50.

Opostos embargos de declaração pela reclamada (fls.


83

52/53), foram desprovidos (fls. 61/62).


O reclamante apresentou o recurso ordinário de fls. 54/59,
versando sobre reintegração ao emprego, horas extras e indenização por danos materiais e
morais.
Inconformada, a reclamada apresenta recurso ordinário (fls. 63/65), rebelando-se contra a
condenação no pagamento de indenização por danos morais.
Foram recolhidas à custa processuais e efetuado o
depósito recursal (fls. 66/67).

Contra-razões pelo reclamante, às fls. 69/71.


Apesar de devidamente intimada (fl. 72), a reclamada não apresentou contra-razões (conforme
certificado à fl. 73).

Não houve manifestação do Ministério Público do Trabalho, por não se vislumbrar neste
processo interesse público a proteger, ou mesmo quaisquer das hipóteses previstas no artigo 82 do
Regimento Interno deste Eg. Tribunal Regional do Trabalho.

É o relatório.

2 – ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conhece-se dos recursos interpostos,


regularmente processados.

3– MÉRITO

3.1- RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

3.1.1 - DA NULIDADE DA DISPENSA - ACIDENTE DE TRABALHO - GARANTIA DE


EMPREGO
Na petição inicial, o autor alegou ter sido admitido pela reclamada em 04/10/2005; que, em
30/11/2005, foi vítima de acidente de trabalho e, não obstante esse fato, após quase 05 meses
percebendo auxílio-acidente, foi dispensado indevidamente em 16/05/2006, apesar de ser
detentor de estabilidade provisória decorrente de acidente de trabalho.

Pleiteou, assim, a reintegração ao emprego ou o pagamento de indenização substitutiva.


O d. Juízo de origem, entendendo que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo
determinado (contrato de experiência), o obreiro acidentado não faz jus à estabilidade provisória,
indeferiu os pedidos de recondução ao cargo ou pagamento da indenização correspondente.

Contra essa decisão insurge-se o reclamante.

Assiste-lhe razão.

Entende-se que, regra geral, as causas suspensivas do contrato podem atuar, no máximo,
como fatores de prorrogação do vencimento dos pactos a prazo, estendendo seu termo final à data
do retorno do obreiro ao serviço, sempre sem prevalência de quaisquer das garantias de emprego
legalmente tipificadas.

Entretanto, em situações de afastamento por acidente de trabalho ou doença profissional


pode-se apreender da ordem jurídica a existência de uma exceção a essa regra geral do artigo
472, §2º, da CLT. De fato, nessa situação excepcional enfatizada, a causa do afastamento integra a
essência sociojurídica de tal situação trabalhista, já que se trata de suspensão provocada por
malefício sofrido estritamente pelo trabalhador em decorrência do ambiente e processo laborativos;
portanto, em decorrência de fatores situados fundamentalmente sob ônus e risco empresariais.

No contrato de experiência, por sua natureza direcionada à continuidade (condicionada) do


vínculo, esta exceção aplica-se ainda com maior força.
84

Ora, sabe-se que, no Direito, a causa somente afeta de modo substantivo as regras e efeitos
do ato caso seja tida como fator determinante de sua ocorrência (art. 90, CCB/1916; art. 140
CCB/2002). Na presente situação suspensiva, a causa do afastamento obreiro é,
inegavelmente, fator determinante da regência e efeitos normativos especiais resultantes da
ordem jurídica.

Note-se que a CLT, em sua origem, não previa a situação excetiva enfocada (§2º do artigo
472 da CLT). Contudo, nesse aspecto, os dispositivos legais mencionados têm de se ajustar ao
comando mais forte oriundo da Constituição de 1988, que é incompatível com essas restrições
infraconstitucionais. É que o Texto Magno determina tutela especial sobre as situações envolventes
à saúde e segurança (art. 7º, XXII, CF/88). A Carta de 1988, afinal, fala em redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

Em tal quadro, a garantia de emprego de um ano que protege trabalhadores acidentados ou


com doença profissional, após seu retorno da respectiva licença acidentária (art. 118, Lei n.
8.213/91), incidiria em favor do empregado, ainda que admitido, na origem, por pacto empregatício
de experiência. Trata-se da única e isolada exceção (que não abrange sequer o afastamento por
outras doenças não ocupacionais ou por serviço militar ou outro fator), que decorre da própria
ordem constitucional e suas repercussões sobre o restante da ordem jurídica.

A par disso, não se pode negar ao reclamante o reconhecimento da garantia de emprego


prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91 tão-somente em razão de estar configurada in casu a
existência de um contrato de prova.

A regra concessora, fulcrada na Constituição, não sofre exceções. Sob este ponto de vista,
discorda-se, data venia, do r. decisum, por ser irrelevante ter sido a termo o contrato em exame
e, principalmente, contrato de experiência. Está-se, aqui, na exceção constitucional.

Por outro lado, não se pode olvidar que, para a aquisição da estabilidade acidentária prevista
no artigo 118 da lei 8.213/91, é necessário, em princípio, regra geral, que o empregado tenha se
afastado do emprego, com suspensão contratual, recebendo o benefício previdenciário.

Ou seja, a garantia de emprego não é assegurada pela lei a qualquer acidentado, mas
apenas àquele que se afaste por mais de quinze dias, com percepção do benefício previdenciário.

Da análise dos documentos juntados às fls. 20 e 26 (atestado médico e comunicação de


resultado de exame), verifica-se que o autor ficou afastado de suas atividades laborais por período
superior a 15 (quinze) dias, em decorrência do acidente de trabalho, havendo, ainda, prova nos
autos de percepção de benefício acidentário perante o órgão previdenciário (fls. 18/19).

Ocorreram assim, à evidência, todos os requisitos imprescindíveis a gerar o direito à


garantia no emprego, tal como previsto no artigo 118 da lei 8.213/91.

Contudo, não sendo possível a reintegração ao emprego, considerando-se que a dispensa


ocorreu há quase um ano, dá-se provimento ao recurso, neste tópico, para acrescer à
condenação o pagamento de indenização substitutiva do período da garantia de emprego por 01
ano, a partir de 15/05/2006 (conforme doc. de fl. 26), equivalente aos salários do período,
computados, ainda, o 13º salário, férias + 1/3 e FGTS. Não se computam o aviso prévio e a multa
de 40% do FGTS, por não se tratar, aqui, de indeterminação do prazo contratual.

3.1.2 - HORAS EXTRAS

Alegou o reclamante, na peça de ingresso, que cumpria jornada de segunda a sábado,


das 7h às 19h/20h, sem a devida contraprestação. Pediu, por conseqüência, o pagamento
de "horas extras/minutos residuais + 60%" (item VI, fl. 09).

A reclamada não compareceu à audiência em que deveria apresentar defesa (fl. 40).

O pedido foi indeferido ao seguinte fundamento:


85

"...improcedente o pedido de horas extras decorrentes dos minutos anteriores e


posteriores, já que o autor ficou longo tempo sem prestar serviço, restando demonstrada no verso
do TRCT a média de horas extras para efeito do cálculo rescisório, mormente no que tange aos
meses de efetivo labor" (fl. 49 - último parágrafo).

Irresigna-se o reclamante, alegando, em síntese, que prestava, em média, 04 horas extras


diárias e 24 semanais; que a média de horas extras constantes do verso do TRCT, além de não
terem qualquer correspondência com a realidade, não foram quitadas e referem-se apenas aos
meses de outubro e novembro de 2005.

Assiste-lhe razão.

Analisando-se o TRCT de fls. 21 e 21/verso, depreende-se que apesar de constar apuração


de média de horas extras nos meses de novembro e dezembro de 2005, não há comprovação
de quitação do valor respectivo.
Em face da revelia da reclamada, presumem-se verdadeiros os fatos alegados na peça de
ingresso. É certo que a confissão ficta não gera presunção absoluta de veracidade dos fatos
narrados pela parte contrária, devendo ser levado em conta todo o conjunto probatório constante
dos autos. Porém, não houve prova contrária à presunção formada, restando incontroversa a
prestação de horas extras de acordo com os horários informados na inicial, pelo período em
que o reclamante efetivamente
prestou serviços, ou seja, de 04/10/2005 a 30/11/2005. No segundo período, de 15/05/2006 (docs.
de fl. 26) a 16/05/2006/, logo após o retorno da licença e recebimento da notificação rescisória
(dois dias apenas), não é verossímil a prestação de hora extras.

Pelos motivos expostos, dá-se provimento ao apelo, no particular, para acrescer à


condenação o pagamento de horas extras pelo período acima delimitado, acrescidas do
adicional convencional de 60% (cláusula 10, fls. 29/v e 30), considerando-se a jornada semanal de
segunda a sábado, das 7h às 19h30min, com reflexos nos RSR's e, após, nas férias + 1/3, 13ºs
salários e FGTS. Indevidos reflexos no aviso prévio e na multa de 40% do FGTS, pelo mesmo
fundamento exposto no tópico anterior.

Provido nesses termos.

3.1.3 - DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

Informou o reclamante, na inicial, que sofreu acidente do trabalho em 30/11/2005, tendo caído
sobre seu pé esquerdo uma peça de aço
(fl. 04); que o acidente afetou sua capacidade laborativa, o que, fatalmente, impedirá sua
inserção no mercado de trabalho; que foi afetado em seu íntimo. Pleiteou o pagamento de
indenização por danos morais e
patrimoniais.

Não foi apresentada defesa (fl. 40).

O pedido foi parcialmente provido ao fundamento de que "O reclamante se apresentou em


audiência totalmente recuperado do acidente de que foi vítima, estando, portanto, plenamente apto
e capacitado a exercer atividade remunerada, razão pela qual se rejeita a pretensão de
indenização por danos materiais. Acolho, porém, o pedido de indenização por danos morais (...)
Arbitro a reparação por danos morais (art. 186/CC) em R$5.000,00 (cinco mil reais)..." (fl. 50).

Inconformado com a decisão, recorre o reclamante asseverando, em suma, que houve


grande diminuição de sua capacidade laborativa; que o Juízo de origem, por não deter
conhecimento médico, não poderia indeferir o pleito relativo à indenização por danos materiais ao
fundamento de que o reclamante se apresentou na audiência totalmente recuperado do
acidente (fls. 57/58). Quanto ao valor arbitrado à indenização por danos morais, aduz que
R$5.000,00 representa quantia insuficiente para reparar os danos por ele sofridos, uma vez que
sentia terríveis dores, ficou afastado do trabalho por cinco meses e teve sua capacidade laboral
reduzida.
86

No entendimento deste relator, assiste-lhe razão, ainda que parcial.

No que concerne ao dano material, entende-se que, restando comprovada a redução da


capacidade laborativa (ainda que parcial e temporária) do obreiro, em decorrência de acidente do
trabalho, tem-se que a lesão acidentária causou ao empregado indiscutível perda patrimonial, o
que enseja o pagamento da indenização respectiva (art. 950 do CCB), que este relator arbitrava
em R$2.000,00 (dois mil reais).

A d. maioria da Primeira Turma, no entanto, indeferiu o pleito de indenização por danos


materiais, ao fundamento de que o reclamante se mostrou recuperado, plenamente apto ao
trabalho, não havendo sequer descrição dos dispêndios que diz ter arcado.

Quanto ao valor fixado para os danos morais, não existindo parâmetro objetivo insculpido na
lei, o valor da reparação há de ser arbitrado por um juízo de eqüidade, levando-se em
consideração alguns critérios, tais como: a gravidade do ato danoso, a intensidade da sua
repercussão na comunidade, o desgaste provocado no ofendido, a posição socioeconômica do
ofensor, etc.

Considerados tais parâmetros, mormente que não houve provas de deformidade definitiva
nem incapacidade laborativa permanente e, considerando-se ainda que a indenização por danos
morais constitui meio de compensar razoavelmente os prejuízos ocasionados pelo infortúnio,
sem, contudo, propiciar o enriquecimento sem causa do lesionado, servindo, ainda, como
advertência contra futura reiteração de negligência e tendo-se em conta, sobretudo, a permanência
no tempo dos efeitos da ofensa, deve ser mantido o valor arbitrado pelo Juízo de 1º grau
(R$5.000,00), pois observado o princípio da razoabilidade e a amplitude do dano.

Assim, ressalvado o entendimento deste relator quanto à indenização por danos materiais,
nega-se provimento ao recurso no aspecto.

3.2 - DO RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA

3.2.1 - DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Recorre a reclamada contra a condenação ao pagamento de indenização por danos morais,


argumentando, em síntese, que os elementos trazidos aos autos não comprovam a conduta
culposa da ré a ensejar a obrigação de reparar o dano havido.

Não lhe assiste razão, contudo.

Restou incontroverso nos autos que o reclamante, em 30/11/2005, sofreu acidente de trabalho
- fratura no pé esquerdo - (docs. de fls. 14 e 20).

A responsabilidade civil do empregador pelo acidente de trabalho está prevista no artigo 7º,
XXVIII, da Constituição da República, que assegura ao empregado o direito ao seguro contra
acidente de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa. De onde se extrai que o dever de indenizar decorre da
responsabilidade subjetiva do agente, seja por dolo, seja por imprudência, negligência ou imperícia,
descabendo falar-se in casu em responsabilidade meramente objetiva, independentemente da
existência de culpa.

Ressalte-se que o dispositivo constitucional acima


referido não distingue grau de culpabilidade do empregador, sendo devida a indenização comum por
acidente de trabalho ainda que levíssima a culpa do patrão. Apenas nas hipóteses de o acidente
ocorrer por culpa exclusiva da vítima, por caso fortuito ou força maior, não cabe reparação civil
por parte do empregador.

A par disso, entende-se que a condenação por dano moral tem intensa pertinência nas
hipóteses de acidente de trabalho ou doenças ocupacionais causadas por dolo ou culpa do
empregador.
87

Porém, há requisitos essenciais para a responsabilização empresarial. Sem a conjugação de


tais requisitos, não se há falar em responsabilidade do empregador por quaisquer das
responsabilidades vindicadas. Tais requisitos, em princípio, são: dano (sendo necessária a
evidenciação de sua existência), nexo causal (que traduz a causalidade entre a conduta do
empregador ou de seus prepostos e o dano sofrido pelo empregado) e culpa do empregador ou de
suas chefias pelo ato ou situação que provocou o dano no empregado, já que a
responsabilidade civil de particulares, no Direito brasileiro, ainda se funda, predominantemente, no
critério da culpa (negligência, imprudência ou imperícia), na linha normatizada pelo velho artigo
159 do CCB/1916 e art. 186 do CCB/2002.

O acidente sofrido pelo obreiro e o nexo de causalidade com o trabalho executado em prol
da empregadora restaram evidenciados.

Observe-se que a reclamada permitiu que o obreiro se expusesse a uma situação de risco
sem adoção de qualquer medida eficiente que evitasse o infortúnio. Não se há falar, portanto, em
não ser a reclamada responsável pelo ocorrido.

Inequívoco, pois, que a reclamada agiu com culpa - em face de sua omissão em adotar
medidas eficientes de prevenção contra acidentes de trabalho, de modo a propiciar aos seus
empregados condições adequadas de conforto, segurança e desempenho eficiente de suas tarefas.
E, verificada a omissão culposa da reclamada, ela deve responder pela reparação do dano
causado ao autor.

Oportuno destacar, a propósito, a lição do i. magistrado Sebastião Geraldo de Oliveira:

"No caso de acidente do trabalho, haverá culpa do empregador quando não foram
observadas as normas legais, convencionais, contratuais ou técnicas de segurança, higiene e
saúde do trabalho. É obrigação legal da empresa cumprir e fazer cumprir tais normas, instruindo
os empregados quanto às precauções a tomar, no sentido de evitar
acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais, prestando informações
pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. (...)
a ausência de fiscalização das condições de trabalho e da implementação
das medidas para neutralizar ou eliminar os agentes perigosos ou nocivos caracteriza
culpa 'in vigilando', ou seja, o descuido do dever de velar pelo cumprimento
da norma, ou mesmo culpa 'in omittendo', diante da omissão ou indiferença
patronal". (Oliveira, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do
Trabalhador - 3ª ed. São Paulo: LTr, 2001, p. 236).

Ante a presença dos requisitos da responsabilidade civil propiciadora da reparação legal


vindicada, a saber, ocorrência de dano, nexo causal entre o dano e o acidente sofrido e
ocorrência de negligência culposa empresária na produção do dano, entende-se ser devida a
indenização postulada a título de danos morais, valendo registrar que a configuração do dano moral
na hipótese de acidente de trabalho é inequívoca, sendo patentes os sentimentos de sofrimento,
angústia e desconforto experimentados pelo empregado que sofre um acidente.

Mantém-se a decisão.

4 - CONCLUSÃO

Conhece-se dos recursos ordinários interpostos pelas partes. No mérito, dá-se parcial
provimento ao recurso ordinário interposto pelo reclamante para, nos termos da fundamentação
supra: a) acrescer à condenação o pagamento de indenização substitutiva da estabilidade
provisória acidentária, por 01 ano, a partir de 15/05/2006, equivalente aos salários do período,
computados, ainda, o 13º salário, férias + 1/3 e FGTS; b) acrescer à condenação o pagamento de
horas extras no período de 04/10/2005 a 30/11/2005, acrescidas do adicional convencional de
60%, considerando-se a jornada das 7h às 19h30min, de segunda-feira a sábado, com reflexos
nos RSR's e, após, nas férias + 1/3, 13ºs salários e FGTS.
88

Ao apelo da reclamada, nega-se provimento.

Ficam autorizados os descontos fiscais e previdenciários cabíveis (Súmula nº 368/TST).

Juros e correção monetária na forma da lei, observadas as Súmulas 200 e 381 do TST.

Custas, pela reclamada, no importe de R$100,00, calculadas sobre R$5.000,00, valor acrescido
à condenação nesta instância revisora.
Fundamentos pelos quais, ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª.
Região, pela sua 1ª. Turma, preliminarmente, à unanimidade, conhecer dos recursos ordinários
interpostos pelas partes; no mérito, por maioria de votos, dar parcial provimento ao recurso
ordinário interposto pelo reclamante para, nos termos da fundamentação: a) acrescer à
condenação o pagamento de indenização substitutiva da estabilidade provisória acidentária,
por 01 ano, a partir de 15/05/2006, equivalente aos salários do período, computados, ainda, o 13º
salário, férias + 1/3 e FGTS; b)acrescer à condenação o pagamento de horas extras no período
de 04/10/2005 a 30/11/2005, acrescidas do adicional convencional de 60%, considerando-se a
jornada das 7h às 19h30min, de segunda-feira a sábado, com reflexos nos RSRs e, após, nas férias
+ 1/3, 13os. salários e FGTS, vencido parcialmente o Exmo. Desembargador Relator, quanto à
indenização por danos materiais;
sem divergência, negar provimento ao apelo da reclamada. Ficam autorizados os descontos fiscais
e previdenciários cabíveis (Súmula nº 368/TST). Juros e correção monetária na forma da lei,
observadas as Súmulas 200 e 381 do TST. Custas, pela reclamada, no importe de R$140,00
(cento e quarenta reais), calculadas sobre R$7.000,00 (sete mil reais), valor acrescido à
condenação nesta instância revisora.

Belo Horizonte, 05 de fevereiro de 2007.

MAURICIO GODINHO DELGADO

Relator
89

ANEXO 5: PROCESSO Nº TST-RR-1.762/2003-027-12-00.8

fls. 1
PROC. Nº TST-RR-1.762/2003-027-12-00.8
ACÓRDÃO
1ª Turma

LBC/rd
ACIDENTE DE TRABALHO. PERÍODO DE EXPERIÊNCIA. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
SUSPENSÃO CONTRATUAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. ARTIGO 118 DA LEI
Nº 8.213/91. COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO DE
EXPERIÊNCIA. PACTO CELEBRADO COM ÂNIMO DE CONTINUIDADE. Discute-se a possibilidade
de se aplicar a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91 a empregado
submetido a contrato de trabalho temporário de experiência. No caso sob exame, o contrato
encontrava-se em vigor quando ocorreu o infortúnio - evento imprevisível e capaz de impedir que o
contrato alcançasse o termo final predeterminado pelas partes. O artigo 472, § 2º, da Consolidação
das Leis do Trabalho deve ser interpretado de forma sistemática, em consonância com outras normas
de caráter tutelar consagradas no ordenamento jurídico pátrio, entre elas o artigo 476 da
Consolidação das Leis do Trabalho e o artigo 63 da Lei nº 8.213/91. Tais dispositivos consagram
proteção especial ao trabalhador acidentado, devendo prevalecer sobre outras normas, de caráter
genérico, como o artigo 472, § 2º, da CLT, cuja aplicabilidade restringe-se aos períodos de
afastamento não resultantes de acidente de trabalho. De se notar, entretanto, que a estabilidade
acidentária é compatível com o contrato a termo somente quando este for celebrado a título de
experiência, porquanto, neste caso, presente o ânimo de continuidade da relação de emprego.
Conquanto não se possa antecipar se a experiência será exitosa ou não, o incidente ocorrido no
curso desse contrato a termo frustra totalmente a possibilidade de permanência do trabalhador no
emprego após o período de experiência. Ora, o ânimo de permanência no emprego, que resulta da
celebração do contrato de experiência, é o elemento que distingue esta modalidade de contrato a
termo das demais hipóteses para efeito de incidência da norma garantidora da estabilidade
acidentária. Assim, o acidente de trabalho ocorrido por culpa do empregador, que detém o encargo
de estabelecer mecanismos tendentes a evitar infortúnios no ambiente laboral - cumprindo as normas
de saúde, segurança e higiene -, bem como a responsabilidade social do detentor dos meios de
produção pelos riscos do empreendimento - inferida da exegese do artigo 170, inciso III, da Carta
Política -, coloca sob ônus do empregador a manutenção do vínculo empregatício enquanto o obreiro
estiver em período de incapacidade ou redução da capacidade laborativa que, de acordo com a
norma preconizada no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, tem a duração de um ano. Não se olvide, ainda,
que o juiz aplicará a lei atendendo aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum
(artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil). Ao aplicador da lei, portanto, cabe lançar mão do
método teleológico, para encontrar o sentido da norma que realize os fins sociais por ela objetivados.
Assim, não se realizará os fins sociais da lei de proteção ao trabalhador se este, vítima de acidente
laboral, for lançado ao mercado de trabalho. A dificuldade de colocação desse trabalhador no
mercado de trabalho afeta o ideal de realização de justiça social e atenta contra o princípio da
dignidade da pessoa humana consagrado no artigo 1º, III, da Constituição da República. Recurso de
revista conhecido e provido. (Anexo 5)

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Recurso de Revista nº TST-RR-1.762/2003-027-12-00.8,


em que é recorrente SANTOS JOSÉ DE OLIVEIRA e recorrida SUL GÁS LTDA.

O reclamante interpõe recurso de revista a acórdão prolatado às fls. 58/64 pelo egrégio Tribunal
Regional do Trabalho da 4ª Região mediante o qual se denegou provimento ao seu recurso ordinário.
Rebela-se contra o indeferimento do pedido da estabilidade provisória no emprego prevista no artigo
118 da Lei nº 8.213/91. Pretende que seja julgado procedente o pleito e condenada a empresa,
inclusive, ao pagamento dos honorários advocatícios. Fundamenta o apelo em divergência
jurisprudencial (fls. 66/71).
Admitiu-se a revista por meio da decisão monocrática proferida às fls. 72/74.
Não foram apresentadas contra-razões, conforme certidão lavrada à fl. 75.

Dispensada a remessa dos autos à douta Procuradoria-Geral do Trabalho, à míngua de interesse


público a tutelar.
É o relatório.
90

VOTO

I - CONHECIMENTO
O recurso é tempestivo (acórdão publicado em 6/6/2005, segunda-feira, conforme certidão lavrada à
fl. 65, e recurso protocolizado em 14/6/2005, à fl. 66). O pagamento das custas foi dispensado (fl. 37).
O reclamante está regularmente representado nos autos (procuração acostada à fl. 4).

ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. ARTIGO 118 DA LEI Nº 8.213/91.


COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO DE EXPERIÊNCIA.

O Tribunal Regional manteve a sentença por meio da qual se negara o direito à estabilidade
provisória prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, por estar o reclamante submetido a contrato de
trabalho por tempo determinado. Arrematou a Corte regional, na ementa do julgado:

-ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. Os contratos de experiência são


incompatíveis com o instituto da estabilidade por acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei n
8.213/91, já que esta objetiva a continuidade da prestação laboral, pressupondo, necessariamente,
um contrato por tempo indeterminado- (fl. 58).

O reclamante, nas razões revisionais, reitera o argumento de dissonância de julgados.


Procede a revista, no particular.
O modelo jurisprudencial cotejado (fl. 69), oriundo do TRT da 3ª Região, reflete posicionamento
segundo o qual, por força da teoria do risco profissional, o empregador deve observar o disposto no
artigo 118 da Lei nº 8.213/91, ainda que se trate de contrato de trabalho temporário de experiência.
os
Observadas as Súmulas de n 23, 296 e 337 desta alta Corte superior, conheço do recurso, no
ponto, por divergência jurisprudencial.

II - MÉRITO
ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. ARTIGO 118 DA LEI Nº 8.213/91.
COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO DE EXPERIÊNCIA.
Discute-se a possibilidade de se aplicar a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei nº
8.213/91 a empregado submetido a contrato de trabalho temporário de experiência.
Impende ressaltar que as partes firmaram contrato de experiência em 12/11/2002 pelo prazo de 30
dias.
O empregado sofreu acidente de trabalho no dia da contratação, momento em que o contrato de
trabalho fora interrompido por 15 dias e, em seguida, suspenso em virtude de gozo de auxílio-doença
acidentário até o dia 19/1/2003, quando recebeu alta médica. Registre-se que o retorno do
reclamante ao trabalho somente ocorreu no dia 24/1/2003 (fl. 62), conforme afirmado no acórdão
recorrido.
Em 24/2/2003 o reclamante fora desligado da empresa, em razão de ter-se alcançado o termo final do
contrato de experiência (não computado o prazo em que o reclamante esteve afastado do serviço),
consoante assentado pela Corte regional.
Ora, o artigo 472, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho deve ser interpretado de forma
sistemática, em consonância com outras normas de caráter tutelar consagradas no ordenamento
jurídico pátrio, entre elas o artigo 476 da CLT e o artigo 63 da Lei nº 8.213/91.
Os dispositivos legais em comento consagram proteção especial ao trabalhador acidentado, devendo
prevalecer sobre outras normas, de caráter genérico. Tal é o caso do artigo 472, § 2º, da CLT, cuja
aplicabilidade restringe-se aos períodos de afastamento não resultantes de acidente de trabalho.

No caso sob exame, o contrato encontrava-se em vigor quando ocorreu o infortúnio - evento
imprevisível e capaz de impedir que o contrato alcançasse o termo final predeterminado pelas partes.

É de se invocar o magistério do ilustre jurista Maurício Godinho Delgado, em sua obra -Curso de
Direito do Trabalho- (Editora LTr., 5ª ed., pp. 535/536), para quem é plenamente possível a
decretação da estabilidade provisória nos contratos a prazo quando ocorre o acidente de trabalho:

-As causas suspensivas do contrato podem atuar, no máximo, como fatores de prorrogação do
vencimento do respectivo pacto empregatício, estendendo seu termo final à data do retorno do
obreiro ao serviço, sempre sem prevalência de qualquer das garantias de emprego legalmente
tipificadas - conforme já estudado.
91

Pode-se falar na existência de uma única exceção a essa regra geral celetista (art. 472, § 2º, CLT): a
derivada dos afastamentos por acidente de trabalho (ou doença profissional, é claro).
De fato, aqui, a causa do afastamento integra a essência sociojurídica de tal situação trabalhista, já
que se trata de suspensão provocada por malefício sofrido estritamente pelo trabalhador em
decorrência de fatores situados fundamentalmente sob ônus e risco empresariais. Ora, sabe-se que
no Direito a causa somente afeta de modo substantivo as regras e efeitos do ato caso seja tida como
fator determinante de sua ocorrência (art. 90, CCB/1916; art. 140, CCB/2002); na presente situação
suspensiva, a causa do afastamento do obreiro é, inegavelmente, fator determinante da regência e
efeitos normativos especiais resultantes da ordem jurídica.
Note-se que a CLT, em sua origem, parecia não prever a situação excepcional enfocada (art. 472, §
2º, da CLT). Contudo, nesse aspecto, ela teve de se ajustar ao comando mais forte oriundo da
Constituição de 1988, determinando tutela especial sobre as situações envolventes à saúde e
segurança laborais (art. 7º, XXII, CF/88): a Carta de 1988, afinal, fala em redução dos riscos inerentes
ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Em tal quadro, a garantia de
emprego de um ano, que protege trabalhadores acidentados ou sob doença profissional, após seu
retorno da respectiva licença acidentária (art. 118, Lei n. 8213/91), incide, sim, em favor do
empregado, ainda que admitido, na origem, por pacto empregatício a termo-.

É de se notar, entretanto, que a estabilidade acidentária é compatível com o contrato a termo


somente quando este for celebrado à título de experiência, porquanto, neste caso, existe o ânimo de
continuidade da relação de emprego. Conquanto não se possa antecipar se a experiência será
exitosa ou não, o incidente ocorrido no curso desse contrato a termo frustra totalmente a possibilidade
de permanência do trabalhador no emprego após o período de experiência. Ora, o ânimo de
permanência no emprego, que resulta da celebração do contrato de experiência, é o elemento que
distingue esta modalidade de contrato a termo das demais hipóteses para efeito de incidência da
norma garantidora da estabilidade acidentária. Assim, o acidente de trabalho ocorrido por culpa do
empregador, que detém o encargo de estabelecer mecanismos tendentes a evitar infortúnios no
ambiente laboral - cumprindo as normas de saúde, segurança e higiene -, bem como a
responsabilidade social do detentor dos meios de produção pelos riscos do empreendimento - inferida
da exegese do artigo 170, inciso III, da Constituição da República -, coloca sob ônus do empregador
a manutenção do vínculo empregatício enquanto o obreiro estiver em período de incapacidade ou
redução da capacidade laborativa que, de acordo com a norma preconizada no artigo 118 da Lei nº
8.213/91, tem a duração de um ano.
Não se olvide, ainda, que o juiz aplicará a lei atendendo aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum (artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil). Ao aplicador da lei,
portanto, cabe lançar mão do método teleológico, para encontrar o sentido da norma que realize os
fins sociais por ela objetivados. Assim, não se realizará os fins sociais da lei de proteção ao
trabalhador se este, vítima de acidente laboral, e ainda com seqüelas resultantes do infortúnio, for
lançado ao mercado de trabalho. A dificuldade de colocação desse trabalhador no mercado de
trabalho afeta o ideal de realização de justiça social e atenta contra o princípio da dignidade da
pessoa humana consagrado no artigo 1º, III, da Constituição da República.

Resulta do exposto que a resilição do contrato é nula, porque praticada quando a manutenção do
contrato de trabalho encontrava-se inequivocamente garantida por norma de ordem pública.

Em face do exposto, dou provimento ao recurso de revista para decretar a nulidade da rescisão
contratual operada e condenar a empresa recorrida ao pagamento de indenização pelo período
estabilitário de doze (12) meses.
Sendo o reclamante beneficiário da justiça gratuita e estando assistido pelo sindicato de sua
categoria profissional, como demonstrado à fl. 6, procede o pedido de condenação da reclamada ao
pagamento dos honorários advocatícios em decorrência da procedência do pleito inicial.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,


conhecer do recurso de revista por divergência jurisprudencial e, no mérito, dar-lhe provimento para
decretar a nulidade da rescisão contratual operada e condenar a empresa recorrida ao pagamento de
indenização pelo período estabilitário de doze (12) meses, bem como dos honorários advocatícios em
razão da procedência do pedido inicial, uma vez que o reclamante é beneficiário da justiça gratuita e
92

está assistido pelo sindicato de sua categoria profissional. Custas complementares de R$ 200,00
(duzentos reais), calculadas sobre R$ 10.000,00 (dez mil), valor ora arbitrado à causa.

Brasília, 27 de fevereiro de 2008.

LELIO BENTES CORRÊA


Relator
93

ANEXO 6: PROCESSO Nº TST-RR-1255/2007-047-01-40.7

fls.1
PROCESSO Nº TST-RR-1255/2007-047-01-40.7
ACÓRDÃO
(Ac. 3ª Turma)
GMALB/smg/abn/AB/mc

I. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - ESTABILIDADE


PROVISÓRIA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. A potencial a ofensa ao art. 118
da Lei nº 8.213/91 aconselha o processamento do recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e provido. II. RECURSO DE REVISTA. ESTABILIDADE
PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO (ART. 118 DA LEI
Nº 8.213/91). CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. CABIMENTO. - O contrato de
experiência é modalidade de ajuste a termo, de curta duração, que propicia às
partes uma avaliação subjetiva recíproca: possibilita ao empregador verificar as
aptidões técnicas e o comportamento do empregado e a este último analisar as
condições de trabalho- (Desembargadora Alice Monteiro de Barros). Cuida-se de
contrato especial, diverso daqueles (de prazo determinado) a que a Lei o irmana,
na medida em que traz como ínsita à sua natureza a expectativa de prorrogação e
indeterminação, sendo esta circunstância chancelada pela normalidade dos fatos,
pelo que ordinariamente acontece. Em tal espécie, não está o contrato ligado a
trabalho ou atividade empresarial transitórias, mas se agrega ao absoluto cotidiano
dos contratos de prazo indeterminado mantidos pelo empregador, salvo pela
possibilidade de se definir prazo de duração. 2. O art. 118 da Lei nº 8.213/91,
respondendo à diretriz do art. 7º, XXII, da Carta Magna, afirma que -o segurado
que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses,
a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente.-
3. Com atenção aos fins sociais buscados pela Lei (LICC, art. 5º), não se deve, no
entanto, rejeitar a estabilidade provisória do empregado acidentado no curso de
contrato de experiência. O infortúnio do trabalhador ceifa-lhe a oportunidade de
manutenção do trabalho - expectativa que legitimamente mantém -, impondo-lhe o
desemprego por força de evento que, acrescido o dano à sua saúde, decorre de
fato estritamente vinculado à atividade empresarial. Não se espera que, ante o
ônus que a Lei ordena, permitindo-se-lhe o desfazimento do pacto laboral, opte o
empregador pela sua prorrogação. Mesmo que viessem a ser aprovadas as suas
aptidões técnicas, o empregado amargará as conseqüências de sua saúde
deteriorada sob a austeridade e sofrimento do desemprego. Não disporá do prazo
que o ordenamento objetivo, sabiamente, disponibilizaria à sua recuperação. 4.
Devida a estabilidade provisória, ainda quando se cuide de contrato de
experiência. Precedente. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-1255/2007-047-01-40.7,


em que é Recorrente GILMAR PEREIRA MARTINS e Recorrida REGINAVES INDÚSTRIA E
COMÉRCIO DE AVES LTDA.

Pelo despacho recorrido, originário do Eg. Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, denegou-se
seguimento ao recurso de revista interposto (fls. 38/39).
Inconformado, o Reclamante agrava de instrumento, sustentando, em resumo, que o recurso merece
regular processamento (fls. 2/4).
Contraminuta a fls. 43/45 e contrarrazões a fls. 46/49.
Os autos não foram remetidos ao d. Ministério Público do Trabalho (RI/TST, art. 83).
É o relatório.

VOTO

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ADMISSIBILIDADE.
94

Presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade, conheço do agravo de


instrumento.

MÉRITO.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA.
Insiste o Agravante no processamento do recurso de revista, sustentando, em síntese, que restaram
atendidos os requisitos do art. 896 da CLT.
Com razão.
O Regional negou provimento ao recurso ordinário do Reclamante, por entender que a estabilidade
provisória de que trata o art. 118 da Lei nº 8.213/91 é incompatível com o contrato de experiência.
Assim está posto o acórdão:

-Analisados os autos, verifica-se que as partes celebraram contrato de experiência em 16/10/2006,


com prazo de 45 (quarenta e cinco) dias de vigência, a contar de tal data, prorrogáveis por mais 45
dias (quarenta e cinco) dias (2º documento de fls. 43), ocorrida, contudo, a dispensa do autor em
01/12/2006, antes do término do prazo pré-estabelecido (4º documento de fls. 43).
Na inicial, o autor alega que, em 20/10/06, sofreu acidente de trabalho, pelo que pleiteia a
estabilidade provisória no emprego, com base no art. 118 da Lei nº 8.212/91.
Não merece provimento o apelo.
Com efeito, inexiste estabilidade provisória em contrato a prazo certo, ainda que extinto antes do
término do contrato de experiência, já que, in casu, não foi estipulada a cláusula do direito recíproco
de rescisão antecipada (CLT, art. 481).
Nesse passo, eventual acidente de trabalho ocorrido no curso da contratação não tem o condão de
se sobrepor ao limite estipulado no contrato.
Nego provimento.- (fls. 32/33)

Sustenta o ora Agravante, no recurso de revista, que o Regional, assim decidindo, incorreu em ofensa
ao art. 118 da Lei nº 8.213/91, uma vez que a estabilidade provisória ali prevista também alcance os
contratos por prazo determinado. Colaciona, ainda, arestos para cotejo de teses.

A pretensão está voltada ao merecimento da garantia de emprego a que alude o art. 118 da Lei nº
8.213/91, com suas consequências, ainda que a vinculação entre as partes decorra de contrato de
experiência.
A CLT identifica, no art. 443, contratos de prazo determinado, dentre eles situando o contrato de
experiência (art. 443, § 2º, c).
Para o eminente Ministro Maurício Godinho Delgado, -contrato de experiência é o acordo bilateral
firmado entre empregado e empregador, com prazo máximo de noventa dias, em que as partes
poderão aferir aspectos subjetivos, objetivos e circunstanciais relevantes à continuidade ou extinção
do vínculo empregatício. É contrato empregatício cuja delimitação temporal justifica-se em função da
fase probatória por que passam geralmente as partes em seguida à contratação efetivada- (Curso de
Direito do Trabalho, Ltr, 2003, pg. 536).
Já para a Desembargadora Alice Monteiro de Barros, -o contrato de experiência é modalidade de
ajuste a termo, de curta duração, que propicia às partes uma avaliação subjetiva recíproca: possibilita
ao empregador verificar as aptidões técnicas e o comportamento do empregado e a este último
analisar as condições de trabalho- (Curso de Direito do Trabalho, Ltr, 2005, pg. 455).
Cuida-se de contrato especial, diverso daqueles a que a Lei o irmana, na medida em que traz como
ínsita à sua natureza a expectativa de prorrogação e indeterminação, sendo esta circunstância
chancelada pela normalidade dos fatos, pelo que ordinariamente acontece.
Em tal espécie, não está o contrato ligado a trabalho ou atividade empresarial transitórias, mas se
agrega ao absoluto cotidiano dos contratos de prazo indeterminado mantidos pelo empregador, salvo
pela possibilidade de se definir prazo de duração.
O art. 118 da Lei nº 8.213/91, respondendo à diretriz do art. 7º, XXII, da Carta Magna, afirma que -o
segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a
manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,
independentemente da percepção de auxílio-acidente.-
O preceito não estabelece distinções entre contratos por prazo determinado e indeterminado, embora
doutrina e jurisprudência reneguem estabilidade quando se trata daquela primeira modalidade.
Com atenção aos fins sociais buscados pela Lei (LICC, art. 5º), não se deve, no entanto, rejeitar a
estabilidade provisória ao empregado acidentado no curso de contrato de experiência.
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O infortúnio do trabalhador ceifa-lhe a oportunidade de manutenção do trabalho - expectativa que


legitimamente mantém -, impondo-lhe o desemprego por força de evento que, acrescido o dano à sua
saúde, decorre de fato estritamente vinculado à atividade empresarial. Não se espera que, ante o
ônus que a Lei ordena, permitindo-se-lhe o desfazimento do pacto laboral, opte o empregador pela
sua prorrogação.
Mesmo que viessem a ser aprovadas as suas aptidões técnicas, o empregado amargará as
consequências de sua saúde deteriorada sob a austeridade e sofrimento do desemprego. Não
disporá do prazo que o ordenamento objetivo, sabiamente, disponibilizaria à sua recuperação.
Por tal motivo, resta devida a estabilidade provisória, ainda quando se cuide de contrato de
experiência.
Reporto-me ao esforço doutrinário do sempre oportuno Ministro Maurício Godinho Delgado (obra
citada, pg. 531):
-As causas suspensivas podem atuar, no máximo, como fatores de prorrogação do vencimento do
respectivo pacto empregatício, estendendo seu termo final à data do retorno do obreiro ao serviço,
sempre sem prevalência de qualquer das garantias de emprego legalmente tipificadas - conforme já
estudado.
Pode-se falar na existência de uma única exceção a essa regra geral celetista (art. 472, § 2º, da
CLT): a derivada dos afastamentos por acidente do trabalho (ou doença profissional, é claro).
De fato, aqui, a causa do afastamento integra a essência sociojurídica de tal situação trabalhista, já
que se trata de suspensão provocada por malefício sofrido estritamente pelo trabalhador em
decorrência do ambiente e processo laborativos, portanto em decorrência de fatores situados
fundamentalmente sob ônus e riscos empresariais. Ora, sabe-se que no Direito a causa somente
afeta de modo substantivo as regras e efeitos do ato caso seja tida como fator determinante de sua
ocorrência (art. 90 do CCB/916; art. 140, CCB/2002); na presente situação suspensiva, a causa do
afastamento do obreiro é, inegavelmente, fator determinante de regência e efeitos normativos
especiais resultantes da ordem jurídica.
Note-se que a CLT, em sua origem, parecia não prever a situação excepcional enfocada (art. 472, §
2º, CLT). Contudo, nesse aspecto, ela teve de se ajustar ao comando mais forte, oriundo da
Constituição de 1988, determinando tutela especial sobre as situações envolventes à saúde e
segurança laborais (art. 7º, XXII, CF/88): a Carta de 1988, afinal, fala em redução dos riscos inerentes
ao trabalho, por meio de normas da saúde, higiene e segurança. Em tal quadro, a garantia de
emprego de um ano, que protege trabalhadores acidentados ou sob doença profissional, após seu
retorno da respectiva licença acidentária (art. 118, Lei n. 8.213/91), incide, sim, em favor do
empregado, ainda que admitido, na origem, por pacto empregatício a termo.
Trata-se da única e isolada exceção (que não abrange sequer afastamento por outras doenças não
ocupacionais ou por serviço militar ou por outro fator) - mas que decorre da própria ordem
constitucional e suas repercussões sobre o restante da ordem jurídica).-
Trago ainda o brilho de precedente desta Corte, relatado com talento e precisão pelo ilustre Ministro
Lélio Bentes Corrêa:

-ACIDENTE DE TRABALHO. PERÍODO DE EXPERIÊNCIA. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.


SUSPENSÃO CONTRATUAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO. ARTIGO 118 DA LEI
Nº 8.213/91. COMPATIBILIDADE COM O CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO DE
EXPERIÊNCIA. PACTO CELEBRADO COM ÂNIMO DE CONTINUIDADE . Discute-se a possibilidade
de se aplicar a estabilidade provisória prevista no artigo 118 da Lei nº 8.213/91 a empregado
submetido a contrato de trabalho temporário de experiência. No caso sob exame, o contrato
encontrava-se em vigor quando ocorreu o infortúnio evento imprevisível e capaz de impedir que o
contrato alcançasse o termo final predeterminado pelas partes. O artigo 472, § 2º, da Consolidação
das Leis do Trabalho deve ser interpretado de forma sistemática, em consonância com outras normas
de caráter tutelar consagradas no ordenamento jurídico pátrio, entre elas o artigo 476 da
Consolidação das Leis do Trabalho e o artigo 63 da Lei nº 8.213/91. Tais dispositivos consagram
proteção especial ao trabalhador acidentado, devendo prevalecer sobre outras normas, de caráter
genérico, como o artigo 472, § 2º, da CLT, cuja aplicabilidade restringe-se aos períodos de
afastamento não resultantes de acidente de trabalho. De se notar, entretanto, que a estabilidade
acidentária é compatível com o contrato a termo somente quando este for celebrado a título de
experiência, porquanto, neste caso, presente o ânimo de continuidade da relação de emprego.
Conquanto não se possa antecipar se a experiência será exitosa ou não, o incidente ocorrido no
curso desse contrato a termo frustra totalmente a possibilidade de permanência do trabalhador no
emprego após o período de experiência. Ora, o ânimo de permanência no emprego, que resulta da
celebração do contrato de experiência, é o elemento que distingue esta modalidade de contrato a
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termo das demais hipóteses para efeito de incidência da norma garantidora da estabilidade
acidentária. Assim, o acidente de trabalho ocorrido por culpa do empregador, que detém o encargo
de estabelecer mecanismos tendentes a evitar infortúnios no ambiente laboral - cumprindo as normas
de saúde, segurança e higiene -, bem como a responsabilidade social do detentor dos meios de
produção pelos riscos do empreendimento inferida da exegese do artigo 170, inciso III, da Carta
Política -, coloca sob ônus do empregador a manutenção do vínculo empregatício enquanto o obreiro
estiver em período de incapacidade ou redução da capacidade laborativa que, de acordo com a
norma preconizada no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, tem a duração de um ano. Não se olvide, ainda,
que o juiz aplicará a lei atendendo aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum
(artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil). Ao aplicador da lei, portanto, cabe lançar mão do
método teleológico, para encontrar o sentido da norma que realize os fins sociais por ela objetivados.
Assim, não se realizará os fins sociais da lei de proteção ao trabalhador se este, vítima de acidente
laboral, for lançado ao mercado de trabalho. A dificuldade de colocação desse trabalhador no
mercado de trabalho afeta o ideal de realização de justiça social e atenta contra o princípio da
dignidade da pessoa humana consagrado no artigo 1º, III, da Constituição da República. Recurso de
revista conhecido e provido- (Proc. TST-RR-1762/2003-027-12-00; Ac. 1ª Turma; Rel. Min. Lelio
Bentes Corrêa; DJ 04/04/2008).

Configurada, assim, potencial ofensa ao art. 118 da Lei nº 8.213/91, dou provimento ao agravo de
instrumento, para determinar o regular processamento do recurso de revista.

II - RECURSO DE REVISTA.
Tempestivo o apelo (fls. 34 e 35), regular a representação (fl. 9) e dispensado o Autor do
recolhimento de custas processuais (fl. 27), estão presentes os pressupostos genéricos de
admissibilidade.

1 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO (ART. 118 DA LEI


Nº 8.213/91). CONTRATO DE EXPERIÊNCIA.

1.1 - CONHECIMENTO

Reporto-me aos fundamentos lançados no julgamento do agravo de instrumento, para conhecer do


recurso de revista por violação do art. 118 da Lei nº 8.213/91.

1.2 - MÉRITO.

No caso dos autos, as instâncias ordinárias não decidiram quanto ao acidente do trabalho (sequer
questionado pela Ré), afastando a questão pela conclusão prejudicial no que diz respeito ao contrato
de experiência.

Assim, para evitar supressão de instâncias e enquanto vedada a imersão no acervo instrutório dos
autos, dou parcial provimento ao recurso de revista, para, superado o desmerecimento da garantia de
emprego a que alude o art. 118 da Lei nº 8.213/91 em contrato de experiência, devolver os autos à
Vara do Trabalho, para que, sob tal premissa, decida quanto ao acidente do trabalho e
conseqüências postuladas, como entender de direito.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade,


conhecer do agravo de instrumento e, no mérito, dar-lhe provimento, para determinar o regular
processamento do recurso de revista. Por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por violação
do art. 118 da Lei nº 8.213/91 e, no mérito, dar-lhe parcial provimento para, superado o
desmerecimento da garantia de emprego a que alude o art. 118 da Lei nº 8.213/91 em contrato de
experiência, devolver os autos à Vara do Trabalho, para que, sob tal premissa, decida quanto ao
acidente do trabalho e consequências postuladas, como entender de direito.

Brasília, 04 de novembro de 2009.

ALBERTO LUIZ BRESCIANI DE FONTAN PEREIRA


Ministro Relator

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