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DIREITO PENAL
GABRIEL HABIB
gabriel@cursoforum.com.br
Introdução
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A segunda função é a função de proteção dos bens jurídicos, a função
chamada função protetiva. A finalidade do direito penal é proteger os bens
jurídicos mais importantes, mais relevantes para a vida em sociedade.
Assim, toda vez que o legislador quer proteger um bem jurídico, ele cria
um tipo penal descrevendo a conduta proibida ou mandada, cominando
abstratamente uma sanção penal.
E onde vamos encontrar esses bens jurídicos? Na própria lei penal
incriminadora. Basta abrirmos o código penal para ver. Se abrirmos o código
penal veremos que o primeiro bem jurídico que o legislador brasileiro quis
proteger é a vida, e para tanto criou quatro tipos penais, os chamados crimes
contra a vida: homicídio, induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio,
infanticídio e aborto.
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mandada, que causa lesão ao bem jurídico penalmente tutelado, e no preceito
secundário o legislador estipula um pena abstratamente.
Mas por que eu estou falando em legislador?
Porque essa tarefa é exclusiva do legislador, a seleção de bens jurídicos
a serem protegidos é uma tarefa exclusiva do legislador.
E é importante verificar, desde já, que essa seleção de bens jurídicos a
serem protegidos pode variar no tempo, de acordo com a realidade e evolução
social. O maior exemplo disso foi a recente revogação do adultério pela lei
11.106/2005.
Dessa forma, de acordo com essa vertente predominante no Brasil, a
intervenção do direito penal somente será legítima quando e onde houver
alguma lesão a um bem jurídico por ele protegido. E hoje predomina
amplamente a opinião segundo a qual todo e qualquer bem jurídico protegido
pelo direito penal deve ter sede constitucional. Basta pensar, vida, patrimônio,
honra, administração pública, meio-ambiente, etc. Sobre isso, recomendo a
leitura de um livro chamado “Bem jurídico-penal e constituição” do Luiz Regis
Prado.
Mas todo e qualquer bem jurídico pode ou deve ser tutelado pelo direito
penal? Não, somente os mais importantes, somente os mais relevantes,
somente os mais necessários. É o chamado caráter fragmentário do direito
penal ou princípio da fragmentariedade que vamos ver daqui há pouco quando
entrarmos nos princípios.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
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uma norma jurídica emanada do Estado, independente do Direito positivo.
Esse Direito Natural estabelece limites à própria norma estatal.
Direito era princípios.
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Com isso, o direito constitucional define a moldura dentro da qual o
intérprete exercerá sua criatividade e seu senso de justiça, sendo as balizas
dentro das quais o intérprete irá interpretar as normas jurídicas.
Princípios
Conclusão: norma
Regras
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2- Normogenética – o princípio é o fundamento da regra. As regras têm
como fundamento os princípios. Princípio ¨não tem fundamento em, princípio é
fundamento de¨ ; princípio não ¨tem base em, princípio é base de¨. Note que
um princípio pode estar contido em várias normas.
Legislador
Aplicador
Intérprete
1- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
2- PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
3- PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
4- PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
5- PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
6- PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
7- PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
8- PRINCÍPIO DA LESIVIDADE
9- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
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- Princípio é o mandamento nuclear do sistema (Celso Antonio Bandeira
de Melo). Porque o direito é um sistema jurídico, e para que se interprete esse
sistema tem que se partir de algum lugar, sendo este lugar o núcleo, e o núcleo
é os princípios.
Sobre esse tema, recomendo a leitura do livro Interpretação e Aplicação
da Constituição (Luiz Roberto Barroso).
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É por isso que o penalista austríaco Franz Von Liszt dizia que o
CP é a Carta Magna do delinqüente.
Assim, o princípio da legalidade não se resume apenas em não há crime
sem lei anterior que defina ou pena sem prévia cominação legal.
O P. da Legalidade foi resumido com a expressão latina, Nullun crimen
nulla poena sine lege (não há crime sem uma lei anterior que defina nem pena
sem prévia cominação legal). Essa expressão criada no séc. XIX por um
professor alemão chamado Paul Johann Anselm Ritter Von Feuerbach, e
possui 4 vertentes:
- Praevia - a lei que tipifica uma conduta e a ameaça com uma pena em
abstrato, tem que ser anterior a conduta a conduta do agente; Nasce daqui o P.
da Anterioridade ou Irretroatividade (art.5°, XL CRFB).
- Scripta - se pretende que essa lei que criminaliza determinadas
condutas seja escrita, coibindo a criação ou revogação de crimes e penas por
meio dos costumes, isto porque, uma lei só se revoga por outra lei (art.2°
LICC).
- Stricta - a proibição da analogia in malan parten, ou seja, não há norma
penal incriminadora por analogia; parecido não é tipo, não é crime.
- Certa - se quer afirmar que a lei penal deve ser clara, certa e precisa,
proibindo-se conceitos vagos e imprecisos. Porque vejam, o que se quer com o
princípio da legalidade é a segurança jurídica, e com conceitos vagos e
imprecisos não há segurança jurídica.
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Medida Provisória pode prever/ criar tipos penais? Qual o alcance
da expressão lei?
Lei em sentido formal é aquela discutida, aprovada e promulgada
pelo Congresso Nacional, isto por conta também da segurança jurídica.
Muito se discutiu se medida provisória poderia ou não prever
crimes. Entretanto, com o advento da EC n°32/01 - art.62, §.1°, I 'b' - acabou
com essa discussão, proibindo a medida provisória sobre tema de D.Penal,
Processo Civil e Processo Penal, qualquer tema, sob pena de violar além do
Princípio da Legalidade o Princípio da Separação de Poderes. Isso porque
teremos o executivo praticando um ato típico do poder legislativo.
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por Rogério Greco, Nilo Batista, na Argentina por Zaffaroni e Carlos Fontán
Balestra, e na Espanha por Muñoz Conde e Mercedes García Arán.
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Obs. o CP italiano, no art.199, prevê expressamente que a medida de
segurança se sujeita plenamente ao P. da Legalidade.
O Código Penal espanhol prevê no art. 1º.2, a sujeição das medidas de
segurança ao princípio da legalidade.
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Crime de Dano - para se consumar é necessário que haja a efetiva lesão
ao bem jurídico tutelado.
Crime de Perigo - basta que o agente exponha a o bem jurídico em uma
situação de perigo que o crime já estará consumado, não sendo necessária a
efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
Os crimes de perigo se dividem em perigo concreto e perigo abstrato.
Perigo concreto - tem que ficar provado, efetivamente, que aquele bem
jurídico, no caso concreto, correu perigo, não basta a conduta do agente.
Perigo abstrato - basta que o agente pratique a ação perigosa ao bem jurídico,
a lei já presume, de forma absoluta, que aquele bem jurídico correu perigo.
Assim, os crimes de perigo concreto violam o P. da Legalidade? Sobre o
tema temos 2 correntes:
- A corrente tradicional, que é a que predomina majoritariamente,
sustenta que os crimes de perigo abstrato não violam o P. da Legalidade,
porque a tarefa de selecionar o bem jurídico a ser tutelado é exclusiva do
legislador, logo, ele pode sim, em alguns casos, presumir essa situação de
perigo.
- Entretanto, há uma segunda corrente que vai sustentar de forma
minoritária, que os crimes de perigo abstrato violam o P. da Legalidade, já que
a finalidade do D. Penal no Brasil é proteger os bens jurídicos mais relevantes
para a sociedade, a lei não pode presumir perigo sem olhar para o bem
jurídico, sob pena de punir alguém mesmo que o bem jurídico não corra
nenhum perigo. Essa corrente é defendida por Juarez Tavares, Luiz Flávio
Gomes e Luiz Vicente Cernicchiaro.
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Regime de pena também é individualização. Pode ser que, apesar de
terem praticado um mesmo crime, para um agente seja necessário o regime
fechado, enquanto que para outro o semi-aberto. E por que isso? Em razão da
influência do período Iluminista, quando Ceasare Beccaria começou a
sustentar que a pena aplicada a quem cometesse crimes deveria ser a pena
justa. E pena justa é a pena necessária e suficiente para a prevenção e
repressão do crime de acordo com as condições pessoais de cada agente
O P. da Individualização da Pena possui 3 fases:
- Legislativa - feita pelo legislador. O legislador, quando cria o tipo penal
comina uma pena abstratamente. Então, o legislador, abstratamente
individualiza a pena de acordo com cada crime.
- Judicial - feita pelo juiz da vara criminal. O juiz da vara criminal, no
momento de proferir a sentença condenatória, Individualiza a pena de acordo
com cada réu, partindo da pena-base, passando pelas agravantes e
atenuantes e terminando nas causas de diminuição e aumento de pena (art. 68
do CP).
- Executória - feita pelo juiz da vara de execução penal. Aqui já está
sendo executada a pena. Nesta fase o juízo da execução individualiza de
acordo com as condições pessoais de cada réu.
Não podemos esquecer que regime de pena também é individualização
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- Uma primeira corrente dizia que o regime integralmente fechado
violava o P. da Individualização da pena, com o fundamento segundo o qual,
quando o legislador fixou o regime genericamente para todos, impedindo que o
juiz individualizasse a pena na segunda fase. O juiz não pode achar, por meio
do art. 59 CP, a pena justa, necessária de acordo com cada réu, violando
também o P. da Individualização da Pena na terceira fase, pois impede que o
juiz da execução conceda a progressão de regime da pena. Essa é a posição
de Alberto Silva Franco e Eugênio Raul Zaffaroni. Essa sempre foi a posição
também do STJ.
- Diametralmente oposta está a segunda corrente, sustentando que o
regime integralmente fechado é constitucional, posto que não viola o princípio
constitucional da Individualização da Pena por 2 fundamentos: 1° ao contrário
de violar, o legislador levou em consideração esse princípio quando fixou o
regime integralmente fechado, levou em consideração na primeira fase, que é a
legislativa, onde o legislador cria e individualiza a pena; o segundo fundamento
é: pela leitura do art. 5°, XLVI CRFB - "a lei regulará" - quando a CRFB utiliza
essa expressão está se referindo a lei ordinária. Assim, a própria CRFB estaria
delegando à lei a função de individualizar a pena, e foi o que a Lei de Crimes
Hediondos fez. Essa é a posição de Cezar Bitencourt, Rogério Greco,
Mirabete, e era a posição do STF (HC 84401 julgado em 18//10/05 publicado -
Informativo 206 do STF).
Agora houve uma inversão de posições porque o STJ passou a
adotar a constitucionalidade do regime integralmente fechado (RESP 766.667
julgado em 6/10/2005 e publicado em 24/10/2005 - STJ).
O STF, na sua nova composição, foi chamado a se manifestar
sobre esse ponto novamente. O STF no dia 23/02/2006, em sessão plenária,
declarou a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado, em decisão
apertada por maioria de 6 a 5 (HC 82959 - Relator: Min. Marco Aurélio -
publicado no site do STF em 02/03/2006 as 00:12h). Votaram pela
inconstitucionalidade do regime integralmente fechado os seguintes ministros:
Marco Aurélio, Cezar Peluzo, Carlos Aires de Brito, Gilmar Ferreira Mendes,
Eros Roberto Graus e José Paulo Sepúlveda Pertence. De outro lado, votaram
pela constitucionalidade do regime integralmente fechado os seguintes
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ministros: Carlos Veloso, Joaquim Barbosa, Helen Gracie, Celso de Mello e
Nelson Jobim.
Os argumentos dos ministros foram os mesmos vistos antes, quando eu
citei a controvérsia.
Agora o STJ voltou a julgar pela inconstitucionalidade do regime
integralmente fechado para ter coerência com o STF (HC 46929 julgado em
11/04/06 e publicado em 08/05/2006).
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É princípio implícito, pois decorre necessariamente dos pressupostos
políticos de um Estado Democrático de Direito. O Direito Penal não é solução
para tudo! Mas a sociedade gosta dele. Por esse princípio, o direito penal só
deve se preocupar com os bens mais importantes e necessários à vida em
sociedade. O Direito Penal intervém na última fase do controle social.
Direito Penal máximo é sinônimo de movimento de lei e ordem, o oposto
do garantismo, defendido por Ralf Dahrendorf, e como tal não deve ser aceito.
A verdade é que as ciências sociais evidenciam que a pena não intimida.
Não adianta pensar que o direito penal é a solução para tudo porque não é.
O Direito Penal deve interferir o menos possível na vida em sociedade,
somente devendo ser solicitado quando os demais ramos do direito não forem
capazes de proteger aqueles bens considerados da maior importância ou de
resolver aquele problema.
Esse princípio orienta o poder incriminador do Estado na criação e
revogação dos tipos penais de acordo com o momento histórico. Se outra
forma de sanções ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes
para a tutela de determinado bem jurídico, a sua criminalização será
inadequada e desnecessária. Vocês devem se lembrar, pelo menos os
homens, daquele policial americano que andava de moto, capacete branco e
óculos Ray Ban, o Chips. Pois é, o Chips era um policial que ficava na estrada
escondido atrás de um out door¸ e quando passava um carro acima da
velocidade permitida, ele ia atrás e prendia o sujeito. Lembram? Isso é direito
penal máximo, porque para essa hipótese, já há um ramo do direito que regula
suficientemente o problema, que é o direito administrativo com a multa de
trânsito.
Talvez o legislador nem tenha pensado nisso, mas vejam, um bom
exemplo disso é recente a revogação do crime de adultério. Parece que não
mais se justificava a manutenção daquele tipo penal, pois para essa situação,
já há um ramo do direito que regula suficientemente a matéria, o direito civil de
família que prevê a separação judicial com culpa no caso de adultério, com
todas as conseqüências.
Assim, antes de se recorrer ao Direito Penal devem-se esgotar todos os
meios extrapenais de controle social. O Direito Penal não é a prima ratio, e sim
a ultima ratio.
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4. Princípio da Fragmentariedade
5. Princípio da Subsidiariedade
É tido também como um subprincípio da intervenção mínima, dentre os
autores que entendem dessa forma, Nilo Batista. A intervenção do D. Penal
está condicionada a incapacidade dos demais mecanismos de controle social
em proteger o bem jurídico ou solucionar o problema. Isto porque o D. Penal é
uma espécie de “monstro”, que priva o direito de liberdade, o maior bem
jurídico depois da vida.
Significa que a intervenção do D. Penal está condicionada a
incapacidade dos demais mecanismos de controle social em resolver
adequadamente o problema.
É bem verdade que ele se confunde um pouco com o princípio da
intervenção mínima já visto. Por que parte da doutrina o considera como
subprincípio daquele.
6. Princípio da Humanidade
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Esse p. veio para extinguir de vez as penas cruéis, corporais,
degradantes. Nenhuma pena privativa de liberdade pode ter uma finalidade que
atente contra a dignidade da pessoa humana (art.5, XLVII CRFB).
Art.5° XLVII - não haverá penas degradantes. Esse inciso não pode ser
retirado da CRFB nem por Emenda Constitucional, isto por conta da limitação
material ao poder de emenda, que são as cláusulas pétreas. Basta verificar a
evolução histórica das penas.
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O art. 5°, XLVII CRFB pode ser suprimido per emenda constitucional?
Não pode porque umas das características do poder constituinte derivado é a
sua limitação, devendo respeitar as limitações ao poder de emenda e aqui a
limitação é material – cláusula pétrea.
E por um nova constituição? Pode uma nova Constituição mudar o
art.5°, XLVII da CRFB?
A doutrina majoritária entende que sim, pois uma nova Constituição é
exercício do poder constituinte originário e, portanto, ilimitado.
Outra parte da doutrina, dentre outros Rogério Greco, não pode, posto
que os direitos e garantias individuais do art.5° CRFB/88 são garantias
conquistadas ao longo da evolução da humanidade.
7. Princípio da Culpabillidade
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Basta verificar o art.59 CP, que tem a culpabilidade como primeiro
elemento a ser levado em consideração no momento da aplicação da pena. A
culpabilidade é o norte que o juiz tem para chegar a aplicação da pena.
LCP – dec. Lei 3688/41, art. 3º diz que se deve perquirir dolo ou culpa
somente quando a lei estabelecer. Estabelece responsabilidade penal objetiva.
Não é somente quando a lei estabelece, e sim sempre deve ser perquirido dolo
ou culpa do agente. É inconstitucional por violar o princípio da culpabilidade.
Existe uma fórmula genérica chamada versari in re illicita, segundo a qual
o agente respondia pelas conseqüências dos seus atos, incluídas as
decorrentes de caso fortuito. Essa fórmula não tem mais aplicabilidade, em
face do princípio da culpabilidade.
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dolo; também não lhe era previsível, não agindo com culpa. Portanto, não
responderá pela qualificadora, sob pena de violação do princípio da
culpabilidade.
Essa terceira vertente do P. da culpabilidade impede também a punição
por resultados absolutamente imprevisíveis, sem que o agente tenha agido
com dolo ou culpa.
Essa terceira vertente do P. da culpabilidade impede, por fim, a
punibilidade do agente por ele não ter podido conhecer a ilicitude ou adequar a
sua conduta ao direito.
8. Princípio da Insignificância
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sociedade (não é só o bem jurídico que deve ser verificado, mas também a
norma de convívio social).
3. todo crime por si só já é uma lesão a juridicidade, já lesa o
ordenamento jurídico.
4. impossibilidade de se definir um critério lógico objetivo para a aferição
do que vem a ser insignificante, o que varia de pessoa para pessoa.
5. a definição acerca do que deve merecer ou não a proteção do penal é
tarefa exclusiva do legislador, e não do intérprete da lei.
6. por ser tarefa exclusiva do legislador ele optou por não descriminalizar
as condutas que causem lesão de pequena monta. Pelo contrário, por meio da
lei 9099/95 o legislador criou um procedimento específico para essas condutas
que causam lesão de pequena monta, inclusive com medidas
despenalizadoras, como por exemplo a transação penal.
Essa posição é sustentada hoje por Alexandre Araripe Marinho e
Marcelus Polastri Lima, sendo o primeiro titular da banca de direito penal do
MPRJ.
A autoridade policial analisa apenas o fato típico (tipicidade
formal), não podendo aplicar o P. da Insignificância.
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sonegado não ultrapassasse R$ 100,00, aplicava-se o princípio da
insignificância, por não haver lesão significante ao bem jurídico tutelado ordem
tributária, com base no art 18, § 1º, da lei 10.522/2002, que determina o
cancelamento do débito, dispondo que ficam cancelados os débitos inscritos
em Dívida Ativa da União, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 100,00
(cem reais). Se afirmava que não se deveria confundir o art 18, § 1º com art.
20, ambos de lei 10.522/2002. O art. 20, que traz o valor de R$ 10.000,00, que
não determina o cancelamento do débito tributário, mas tão somente
arquivamento dos autos sem baixa na distribuição, ao dispor que serão
arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador
da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como
Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela
cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
De outro lado, o STF entendia que o princípio da insignificância deveria incidir
quando o valor do tributo reduzido ou suprimido sonegado não ultrapassasse o
valor de R$ 10.000,00, com fundamento no art. 20 da lei 10.522/2002. Para o
STF, se a lei diz que os autos da execução fiscal serão arquivados e o Fisco
não irá cobrar, é porque aquele valor é irrelevante para o Fisco. Assim, não
pode um mesmo valor ser irrelevante para o Fisco na esfera administrativa e
também não ser irrelevante na esfera penal.
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entendimento se aplica a outros crimes de natureza tributária, como o
descaminho (art. 334 do Código Penal).
STF. INFORMATIVO Nº 552.
PRIMEIRA TURMA.
TERCEIRA SEÇÃO.
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excludente de tipicidade penal, pois somente nesta hipótese haveria extinção
do crédito e, consequentemente, desinteresse definitivo na cobrança da dívida
pela Administração Fazendária (art. 18, § 1º, da referida lei), mas ressaltou seu
posicionamento e curvou-se a orientação do Pretório Excelso no intuito de
conferir efetividade aos fins propostos pela Lei n. 11.672/2008. REsp
1.112.748-TO, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 9/9/2009.
JURISPRUDÊNCIA - STF
INFORMATIVO 515
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A Turma indeferiu habeas corpus impetrado em favor de militar condenado
pela prática do crime de posse de substância entorpecente em lugar sujeito à
administração castrense (CPM, art. 290). Buscava-se o restabelecimento da
decisão absolutória proferida em primeira instância, na qual aplicados os
princípios da insignificância e da proporcionalidade. Considerou-se que, no
caso, o fato não seria penalmente irrelevante e que a existência de
precedentes do STF no sentido pretendido pelo paciente, inclusive admitindo a
incidência do postulado da insignificância e aplicação da Lei 11.343/2006 à
justiça militar, não seria bastante a demonstrar como legítima a sua pretensão.
Asseverou-se que, na espécie, o paciente, preso em flagrante em
estabelecimento castrense, informara que sabia estar cometendo um ilícito
penal e que levaria o entorpecente para um colega de farda que lhe pedira para
comprar a substância. Tendo isso em conta, refutou-se o alegado
constrangimento ilegal, haja vista que a droga apreendida, além de ter sido
encomendada por outra pessoa, seria suficiente para o consumo de duas
pessoas, o que configuraria, minimamente, a periculosidade social da ação do
paciente.
HC 94649/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.8.2008. (HC-94649)
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militares, mesmo que se cuide de crime de posse de quantidade ínfima de
substância entorpecente, para uso próprio, e ainda que se trate de ilícito penal
perpetrando no interior de organização militar. Precedentes citados: HC
84307/RO (DJU de 25.5.2005); HC 85725/RO (DJU de 23.2.2007); RHC
89624/RS (DJU de 7.12.2006); HC 87478/PA (DJU de 23.2.2007); HC
922634/PE (DJU de 5.9.2007).
HC 94809/RS, rel. Min. Celso de Mello, 12.8.2008. (HC-94809)
INFORMATIVO 508
HC 94809 MC/RS*
INFORMATIVO Nº 492
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Art. 28 da Lei 11.343/2006 e Crime Militar
A Turma deferiu habeas corpus para absolver militar condenado pela
prática do crime de posse de substância entorpecente em lugar sujeito à
administração castrense (CPM, art. 290), decorrente do fato de ter sido preso
em flagrante quando fumava e portava cigarro de maconha no interior de
unidade militar. Tratava-se, na espécie, de writ impetrado pela Defensoria
Pública da União contra acórdão do STJ que mantivera entendimento do STM
quanto à inaplicabilidade do princípio da insignificância no âmbito da justiça
militar. Concluiu-se pela aplicação desse princípio, na hipótese, porquanto
preenchidos seus requisitos objetivos, a saber: mínima ofensividade da
conduta; ausência de periculosidade social da ação; reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica
causada. Ademais, a despeito do princípio da especialidade e em atendimento
ao princípio da dignidade da pessoa humana, considerou-se que a Nova Lei de
Drogas (Lei 11.343/2006) deveria incidir na hipótese, não obstante tal
possibilidade não tivesse sido examinada pelo STJ. No ponto, ressaltou-se que
a referida norma prevê que a distinção entre usuário de drogas e traficante
deve ter por base o caso concreto e que o primeiro precisa ser recuperado ao
invés de penalizado, tratando-se, pois, de norma claramente benéfica ao
usuário e dependente de drogas. Por fim, salientou-se que o paciente já fora
punido com exclusão das fileiras do Exército, sanção suficiente para que
restassem preservadas a disciplina e a hierarquia militares.
HC 92961/SP, rel. Min. Eros Grau, 11.12.2007. (HC-92961)
INFORMATIVO Nº 489
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(vigiava bomba de gasolina fechada a cadeado). No caso, ante o reduzido grau
de reprovabilidade da conduta e considerando seus motivos determinantes,
aplicou-se o princípio da insignificância e entendeu-se configurada, ainda,
causa excludente de ilicitude, qual seja, o estado de necessidade. Ademais,
ressaltou-se a jurisprudência da Corte no sentido da aplicabilidade, ao
processo penal militar, do aludido princípio da insignificância. Ordem concedida
para determinar a extinção definitiva do procedimento penal instaurado contra o
paciente, que tramita perante o Juízo da 4ª Auditoria Militar da 1ª Circunscrição
Judiciária Militar do Rio de Janeiro.
HC 92910/RJ, rel. Min. Celso de Mello, 20.11.2007. (HC-92910)
Quinta Turma
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a sua boa-fé, incorrera no crime de falsificação de moeda falsa, cujo bem
jurídico tutelado é a fé pública. Desse modo, o tipo penal em questão não tem
como pressuposto a ocorrência de prejuízo econômico, objetivamente
quantificável, mas a proteção de um bem intangível, que corresponde à
credibilidade do sistema financeiro.
HC 93251/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 5.8.2008. (HC-93251)
Princípio da Lesividade
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segundo momento do iter criminis, não é punido, pois não há lesividade a
nenhum bem jurídico tutelado, salvo se constituir um crime autônomo.
E por que os atos executórios já podem ser punidos? Por que o direito
penal já se manifesta a partir dos atos executórios, terceiro momento do iter
criminis?
Por dois fundamentos. Primeiro porque o art. 14, II do CP diz
expressamente “iniciada a execução”. Segundo porque, veremos mais a frente,
que a partir dos atos executórios já há lesividade ao bem jurídico tutelado.
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O uso de substância entorpecente tem lesividade?
A doutrina majoritária diz que configura crime porque há lesividade, posto
que é um crime de perigo comum e de perigo abstrato, e para este tipo de
crime a tão somente conduta de usar a substância entorpecente, porque afeta
a saúde pública e o bem estar social.
Para Nilo Batista e outros (minoria), a conduta de uso não oferece a
lesividade, porque quando o sujeito usa, ele pratica uma conduta que não afeta
nenhum bem jurídico tutelado e não transcende o próprio agente, por isso não
há lesividade.
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