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GUIA PARA INICIAÇÃO FILOSÓFICA


José Aristides da Silva Gamito, bacharel em Filosofia

Para um estudo com êxito da Filosofia, os iniciantes devem conhecer um pouco da


estrutura didática da disciplina. É importante conhecer, pelos menos de modo
panorâmico, a história da Filosofia. As habilidades requeridas são um bom domínio do
raciocínio lógico, de interpretação e de história. E além disso, estar ciente do campo de
atuação da filosofia, de seus objetivos e dos principais problemas abordados por este
saber.

Habilidades requeridas:
 Desenvolvimento do raciocínio lógico e metódico.
 Noções dos princípios e habilidade na interpretação.
 Noções gerais dos grandes fatos, ideias e movimentos da história.

Problemas abordados pela Filosofia e suas respectivas disciplinas


PROBLEMAS DISCIPLINA
Ser, mundo, realidade, existência Ontologia
Moral, bem, mal, liberdade, justiça Ética
Conhecimento, razão, verdade Gnoseologia
Arte, teorias estéticas, belo, feio, mídia Estética
Homem, cultura, costumes, povos Antropologia Filosófica
Raciocínio, razão, sentido, expressão Lógica
Princípios da interpretação Hermenêutica

Outros ramos da filosofia


PROBLEMAS DISCIPLINA
Cultura, diferenças, conceitos Filosofia da Cultura
Critérios, teorias, validade da ciência Filosofia da Ciência
Religiões, deuses, ateísmo, doutrinas Filosofia da Religião
Política, Estado, coletividade, democracia Filosofia Política
Linguagem, pensamento, comunicação Filosofia da Linguagem
Educação, ensino, pedagogia, teorias Filosofia da Educação
Justificação da existência de Deus Teodiceia

Roteiro básico para o Estudo da Filosofia


1. Introdução à filosofia, conceito, métodos, problemas.
2. A origem da filosofia, noções sobre a cultura grega.
3. Conceitos necessários: Razão, mito, cultura, ética, ideologia, opinião, verdade.
4. Visão geral da história da filosofia: Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea.
5. Os principais filósofos e as principais escolas.
6. Conhecer a lista das obras clássicas da filosofia.
7. Leituras temáticas: Ontologia, ética, gnoseologia, política, antropologia, educação,
ciência, religião, cultura, linguagem.

Material Didático Básico/livros:


 Introdução à Filosofia.
 Iniciação à História da Filosofia.
 Dicionário de Filosofia.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

tualmente, a filosofia no Brasil está começando a atingir o gosto popular. Muitas

A editoras estão disponibilizando nas bancas revistas e livros sobre o tema. O Estado
tornou a filosofia obrigatória no Ensino Médio. Porém, corre-se o duplo risco da
aceitação e da rejeição. Por um lado, os eventos, publicações, valorização da filosofia,
tudo isso está mais presente no país. Por outro lado, muitos professores que não são
formados em filosofia têm gerado preconceitos e mal entendidos sobre a filosofia nos
alunos do Ensino Médio. Os filósofos estão fora do Ensino da Filosofia. Isso pode gerar
um mal estar e uma ineficácia na presente oportunidade que a Filosofia tem de mostrar
o seu valor aos estudantes brasileiros. A seguir, alguns tópicos sobre Filosofia para
quem está começando.
O que é filosofia?
Primeiramente, devido à longa tradição que possui o saber filosófico é difícil
estabelecer uma única definição de filosofia. Apresentemos como ponto de partida a
etimologia da palavra Filosofia. Em grego, Φιλοσοφία significa “amizade ao saber”.
Segundo a tradição, foi Pitágoras (570-496 a. C.) que cunhou esse termo porque não se
considera sábio, mas apenas “amigo do saber”, em grego, filósofo. Dentre tantas
definições, vamos começar por esta: Filosofia é a investigação crítica e racional dos
princípios fundamentais relacionados ao mundo, ao homem e a sua ação e seus valores.
Onde surgiu a filosofia?
A filosofia clássica surgiu nas cidades gregas situadas na Ásia Menor. Os primeiros
filósofos partiram suas reflexões a partir dos mitos e dos temas religiosos da época. A
primeira investigação pretendida por eles era saber qual o princípio de todas as coisas.
Esses pensadores foram chamados de naturalistas. No estudo tradicional da filosofia, a
primeira fase da história é chamada de Pré-socrática, porque inclui todos os filósofos
que antecederam Sócrates ou tiveram uma temática distinta deste.
Quando surgiu a filosofia?
Os registros mais antigos de um saber filosófico são encontrados nos séculos VII e VII
a. C. O filósofo considerado ponto de partida da história do pensamento ocidental foi
Tales de Mileto (624-556 a. C.), viveu onde atualmente está situada a Turquia.
Quais são os objetos de investigação da filosofia?
Para começo de conversa, o homem é sujeito e objeto da filosofia. Isso quer dizer o
homem enquanto ser e enquanto agente. A filosofia se preocupa com tudo que o homem
é e tudo que ele faz e atribui valores. Mas para delimitar melhor o campo filosófico,
existem várias subdivisões, cada uma se ocupando de um aspecto do homem ou da
realidade. A seguir, os ramos da filosofia:
 Lógica: Trata do raciocínio metódico e válido.
 Ontologia: Trata da realidade, do ser e do nada.
 Gnoseologia: Trata da natureza e validade do conhecimento.
 Ética: Trata dos valores, da distinção entre o bem e o mal.
 Estética: Trata da arte, da noção de belo e de feio.

Além dessas áreas, atualmente existem muitas outras como Filosofia Política, Filosofia
da Religião, Filosofia da Educação, demonstrando que toda área do conhecimento pode
ser tratada filosoficamente.

Qual é o método de estudo da filosofia?


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Existem muitas metodologias. Didaticamente, pode se estudar as investigações dos


filósofos por temas (abordagem temática); ou pode estudá-las tendo em vista a linha do
tempo (abordagem histórica). As duas se complementam. Para um bom aproveitamento
de leituras, debates e redação de assuntos filosóficos duas habilidades principais são
requeridas: Pensamento lógico e interpretação. A História da Filosofia é uma forma de
abordagem bastante usada. Aliás, para se ter uma visão panorâmica da filosofia, ela é de
grande valia.

Quais as etapas da história da filosofia?


A história da Filosofia geralmente é estudada seguindo as eras da história da civilização
ocidental. Leia, a seguir, as épocas, os assuntos e os filósofos de destaque. É apenas
uma lista introdutória:

 Filosofia Antiga: Sócrates, Platão, Aristóteles. Temática: Natureza, homem, ser,


conhecimento, felicidade. Séc. VI a. C. – Séc. V d. C.
 Filosofia Medieval: Plotino, Agostinho, Tomás de Aquino, Abelardo, Guilherme
de Ockam. Temática: Ser, Deus, fé, razão, conhecimento, moral. Séc. VI-XV.
 Filosofia Moderna: Descartes, David Hume, Blaise Pascal, Rousseau, Immanuel
Kant. Temática: Razão, homem, conhecimento, direito. Séc. XVI-XIX.
 Filosofia Contemporânea: Hegel, Marx, Nietzsche, Heidegger, Sartre,
Wittgenstein, Foulcault. Temática: Ser, linguagem, existência, técnica. Séc. XIX
até hoje.

Quem é o filósofo?
Primeiramente, filósofo é todo estudioso que se interessa pela investigação sobre o
mundo, sobre o homem e seus valores. É alguém crítico, questionador. Em se tratando
de educação formal, na legislação brasileira recebe o título de filósofo quem cursou um
bacharelado em Filosofia. Porém, a lista oficial de filósofos que aparece nos manuais de
filosofia, considera como tais, pessoas formadas na área ou não que fizeram
investigações filosóficas inovadoras e relevantes.

Qual é o trabalho de um filósofo?


No Brasil, um filósofo pode escrever críticas para jornais, revistas e demais mídias.
Pode se tornar um professor de Filosofia, cursando uma licenciatura. Pode atuar em
universidades em pesquisas e docência. Neste caso, é requerida uma pós-graduação.
Atua ainda como consultor de empresas, como terapeuta, em caso de especialização, em
Filosofia Clínica.

A FILOSOFIA DE FRIEDRICH NIETZSCHE

Biografia
Friedrich Nietzsche foi um filósofo alemão. Ele nasceu em Röcken, no ano de 1844.
Estudou nas Universidades de Bonn e de Leipzig. Estudou filologia, filosofia e teologia,
Foi professor de filosofia na Universidade de Basileia, na Suíça. Morreu em 1900.

Obras
1871 – A Origem da Tragédia.
1872 – O Nascimento da Filosofia na Época Trágica dos Gregos.
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1880 – Humano, demasiado humano.


1881 – Aurora.
1882 – A Alegre Ciência.
1883 – Assim Falou Zaratustra.
1887 – A Genealogia da Moral.
1889 – O Crepúsculo dos Ídolos.

Áreas de Concentração
Nietzsche pesquisou sobre linguagem, filosofia grega, cristianismo, razão, moral.

Tópicos de sua filosofia


A filosofia de Nietzsche é reconhecida pelo niilismo. Ele desconstrói a tradição
filosófica anterior a si, reduz os valores morais a termos de utilidade. Não crê em uma
verdade objetiva e absoluta pelo fato de o pensamento estar condicionado à linguagem.
Não crê na história como finalidade, como um avanço rumo ao progresso.

“Deus está morto”


Esta conhecida afirmação se insere no contexto da crítica da metafísica. E refere-se ao
anúncio do fim de fundamentos transcendentais da existência, de Deus, a síntese dos
transcendentais, como justificativa e fonte de valoração da vida e da civilização.

Apolíneo e o dionisíaco
A partir da tradição grega, Nietzsche destaca na cultura e no homem duas tendências: O
apolíneo e o dionisíaco. O apolíneo é a visão de sonho e tentativa de expressar o sentido
das coisas na medida e na moderação, explicitando-se em figuras equilibradas e
límpidas. O dionisíaco é a embriaguez criativa e paixão sensual, a humanidade em plena
harmonia com a natureza.

Linguagem e verdade
A verdade é um conjunto de metáforas, de tentativas de conhecer a realidade. Mas tudo
está sujeito à linguagem. Portanto, não há verdade absoluta porque a linguagem não
pode expressar a essência das coisas.

Vontade e liberdade
A vontade no pensamento de Nietzsche tem um papel importante. Os impulsos humanos
tendem a ampliar um desejo de vir-a-ser-mais-forte, de domínio. A vontade e a razão
são as bases da ação humana. A vontade de poder é a força que impulsiona e move o ser
humano à vida, à afirmação dos instintos fundamentais.

Cristianismo
Niezsche critica veementemente o cristianismo. Ele escreve a deturpação dos
ensinamentos de Jesus mediante a pregação cristã de uma salvação no outro mundo e da
preferência de valores que rebaixam a condição humana, que negam a vida. Ela
denomina essa tendência de “moral de rebanho”.

Valores morais
Os valores morais não são naturais. Eles resultam de uma avaliação. Não existe
nenhuma instância supra-sensível que os confirme. Esses valores são relativos e
dependem das condições existenciais de cada grupo humano.
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O eterno retorno
A história não tem uma finalidade. Segundo Nietzsche, deveríamos agir como se a vida
viesse a repetir. Cada momento repetido várias vezes até a eternidade. Assim como a
natureza, as coisas vivem por si mesmas, não possuem um objetivo.

Transmutação dos valores


Com a constatação da relatividade, do fim da crença em valores absolutos. Nietzsche
desenvolve um projeto de reformulação dos valores humanos, procurando-os nas raízes
anteriores ao cristianismo.

O super-homem
O übermensch é o estágio do homem no qual ele é conduzido unicamente pela vontade
de poder. É a superação do próprio homem conduzido pelos antigos ideais.

Citações-chave
“Não há fenômenos morais, mas apenas interpretação moral dos fenômenos”.

“A ‘coisa-em si’ é um conceito sem sentido. Se eu remover todas as relações, todas as


‘propriedades’, todas as ‘atividades’ de alguma coisa, nada resta”.

“As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.

“No fundo, não existiu mais que um cristão, e esse morreu na cruz”.

OBRAS MARCANTES DA FILOSOFIA

ANTIGUIDADE
Aristóteles: Ética a Nicômaco, Política.
Platão: Apologia de Sócrates, República.

MEDIEVO
Agostinho: Confissões, O livre-arbítrio.
Tomás de Aquino: Suma Teológica.

MODERNIDADE
Maquiavel: O Príncipe.
Thomas More: Utopia.
Descartes: O Discurso do Método
Blaise Pascal: Pensamentos.
David Hume: Leviatã, Ensaio sobre o Entendimento Humano
Jean-Jacques Rousseau: O contrato social.
Immanual Kant: Crítica da Razão Pura.

CONTEMPORANEIDADE
Georg Hegel: Fenomenologia do Espírito.
Friedrich Nietzsche: A Genealogia da Moral.
Martin Heidegger: Ser e Tempo.
Jean-Paul Sartre: O Ser e o Nada.
Ludwig Wittgenstein: O Tractatus Logico-philosophicus.

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