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Direito Financeiro

Receitas Públicas e Despesas Públicas

O presente estudo está dividido em três etapas, a saber: Conceito de Despesas


Públicas, suas peculiaridades, e de modo a compreender melhor as Receitas Públicas
nos remeteremos ao estudo desta por fim, exemplificando e compreendendo os meios
pelo qual o Estado arrecada para o funcionamento do sistema administrativo publico.

A pesquisa doutrinal revela a existência de numerosas definições de despesa


pública. Conforme ensina Eduardo Marcial Ferreira Jardim.

[...] Todo dispêndio previsto no orçamento que traduzem o significado


jurídico do tema, verdade seja, a definição exposta não alude a aspectos
metajuridicos do definiendum, pois se limita a exprimir estritamente as suas
cores perante o direito.1

Ao elaborar a lei, o legislador geralmente não a conceitua, cabe tal tarefa aos
doutrinadores, mas, porém, diante da leitura do artigo 3 º da lei Nº 5.172/66, (Código
Tributário Nacional), percebe-se que fica evidente o conceito de despesa pública. In
verbis;
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Assim a despesa pública compreende os recursos gastos na gestão, a serem


computados na apuração do resultado do exercício. São os gastos realizados pelos
órgãos públicos em bens e serviços, com a dotação autorizada pelo orçamento. As
despesas, para serem incorridas no serviço público, precisam estar autorizadas na lei
orçamentária
As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder legislativo, através do
ato administrativo chamado orçamento público.A expressão “despesa pública” designa
o valor dos bens e serviços adquiridos/utilizados pelo governo de um Estado para
desempenhar cada uma das suas funções.
A despesa pública, no gasto ou no dispêndio de bens por parte dos entes
públicos para criarem ou adquirirem bens ou prestarem serviços susceptíveis de
satisfazer necessidades públicas; elas concretizam o próprio fim da atividade financeira
do Estado

Espécies de Despesa.

Despesas de Investimento: São as que contribuem para a formação de capital


técnico do Estado; Despesa de Funcionamento consubstanciam os gastos necessários
ao normal funcionamento da “máquina” administrativa.

1
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual do Direto Financeiro e Tributário. São Paulo: Saraiva
2010, 11º edição.
Despesas em Bens e Serviços: São as que asseguram a criação de utilidades,
através da compra de bens e serviços pelo Estado; enquanto que as Despesas de
Transferências se limitam a redistribuir recursos a novas entidades, quer do sector
público, quer do sector privado.

Despesas Produtivas: Criam diretamente utilidade; as Despesas Reprodutivas


contribuem para o aumento da capacidade produtiva, gerando, pois utilidades
acrescidas, mas no futuro.

Classificação das Despesas Públicas:

Despesas Ordinárias: São as que, com grande verossimilhança, se repetirão em


todos os períodos financeiros; as Despesas Extraordinárias, são as que não se repetem
todos os anos, são difíceis de prever, não se sabendo quando voltarão a repetir-se.

Despesas Correntes: São as que o Estado faz, durante um período financeiro, em


bens consumíveis, ou que vão traduzir na compra de bens consumíveis; as Despesas de
Capital são as realizadas em bens duradouros e no reembolso de empréstimos.

Despesas Efetivas: São as que se traduzem, sempre, numa diminuição do


patrimônio monetário do Estado, quer se trate de despesas em bens de consumo, quer
em bens duradouros, implicam sempre uma saída efetiva e definitiva de dinheiros da
tesouraria; Despesas Não Efetivas são as que, embora representem uma diminuição do
patrimônio da tesouraria, têm, como contrapartida, o desaparecimento de uma verba de
idêntico valor do passivo patrimonial.

Classificação Orçamental das Despesas.

Orgânica: as despesas repartem-se por departamentos da Administração; por


serviços, etc.
Econômica: distingue-se as despesas correntes e de capital, umas e outras
descriminadas por agrupamentos, sub grupamentos e rubricas.

Funcional: as despesas são aqui agrupadas de acordo com a natureza das


funções exercidas pelo Estado, tendo-se adotado para o efeito o modelo do Fundo
Monetário Internacional.

Despesas por Programas: um programa de despesas é um conjunto de verbas


destinadas à realização de determinado objetivo, abrangendo um ou vários projetos.

O orçamento supramencionado está previsto no artigo 165 da Constituição


Federal e é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza o Poder
Executivo, por certo período de tempo e detalhadamente, as despesas destinadas ao
funcionamento dos seus serviços públicos e outros fins adotados pela política
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação de receitas já criadas.

Nessa primeira etapa do estudo o objetivo foi demonstrar os aspectos que


norteiam as despesas públicas. Passaremos a tratar agora do meio pelo qual o Estrado
arrecada as verbas para que seja feitas as despesas do Estado.

Receita Pública.

A Receita Pública assume, na Administração Pública, fundamental importância


por estar envolvida em situações singulares como a sua distribuição e destinação entre
as esferas governamentais, o estabelecimento de limites legais impostos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal permitindo estudos e análises da carga tributária suportada
pelos diversos segmentos da sociedade.
É notável a relevância da Receita Pública no processo orçamentário, cuja previsão
dimensiona a capacidade governamental em fixar a Despesa Pública e, no momento da
sua arrecadação, torna-se instrumento condicionante da execução orçamentária da
despesa.
O termo Receita é utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a
variação ativa resultante do aumento de ativos e/ou da redução de passivos de uma
entidade, aumentando a situação líquida patrimonial qualquer que seja o proprietário. A
receita é a expressão monetária resultante do poder de tributar e/ou do agregado de bens
e/ou serviços da entidade, validada pelo mercado em um determinado período de tempo
e que provoca um acréscimo concomitante no ativo ou uma redução do passivo, com
um acréscimo correspondente no patrimônio líquido, abstraindo-se do esforço de
produzir tal receita representada pela redução (despesa) do ativo ou acréscimo do
passivo e correspondente redução do patrimônio líquido.

Assim as Receitas são todos os recursos obtidos durante um dado período


financeiro para a satisfação das despesas públicas a cargo de um ente público. Podendo
ser;

Receitas Patrimoniais: são as receitas obtidas pelo patrimônio estadual, têm


uma importância reduzida.

Receitas Creditícias: são as que regulam do recurso ao crédito, máxime da


contratação de empréstimos pelo Estado, no interior ou no exterior do País.

Receitas Tributárias: são as receitas que provêm dos impostos.

Classificação Receitas Públicas

Receitas Ordinárias: São as que o Estado cobra num ano e vai voltar a cobrar,
nos anos seguintes; Receitas Extraordinárias, são as que tendo sido cobradas num
ano, não voltarão a ser cobradas, com toda a verossimilhança, nos anos seguintes.
Receitas Correntes são as que provêm do rendimento do próprio período; as
Receitas de Capital são as que resultam de aforo (empréstimos).

Receitas Efetivas: São as que se traduzem sempre num aumento de patrimônio


monetário do Estado (impostos, taxas); as Receitas Não Efetivas, são as que
aumentando o patrimônio monetário do Estado no momento do ingresso das verbas na
tesouraria, acarretam, porém, simultaneamente, um aumento do passivo do seu
patrimônio gerando uma divida a pagar em momento ulterior ao da arrecadação
(receitas creditícias, resultantes de empréstimos).

Receitas Obrigatórias, são as percebidas pelo Estado, em virtude de obrigações


impostas aos cidadãos pela lei, são aquelas cujo montante é fixado por via de
autoridade; Receitas Voluntárias, são as que o Estado percebe em virtude de
obrigações resultantes de negócios jurídicos, são aquelas cujo montante é negocialmente
estabelecido.

Classificação orçamental das receitas

Há apenas uma classificação orçamental – a econômica. Segundo ela, as receitas


distribuem-se por receitas correntes e de capital, art. 8º/1 Lei 6/91.

Conclui-se que as Receitas Públicas:

1. Conceito: representa uma entrada definitiva de dinheiro nos cofres públicos. O que
entra de forma temporária é fluxo de entrada, ou seja, movimento de caixa (ex: depósito
judicial).

2. Classificação Doutrinária das receitas em relação à origem:


a) Receitas originárias: entradas que não decorrem do poder de imposição do ente
público. São obtidas na atuação do Estado como agente de direito privado. Não há
imposição, e sim autonomia do particular.
b) Receitas Derivadas: decorre do poder de imposição do ente público em virtude de
uma coerção no patrimônio do particular. Exemplo: Tributos.

c) Receitas Transferidas: são resultantes de transferência entre os entes da Federação.


Repartição da arrecadação tributária, art. 157 a 162, CF, e Transferências voluntárias
(ex: o Município que licencia um veículo fica com 50% da arrecadação do valor do
IPVA; Depois da EC 42/03, o Município que fiscalizar e cobrar o ITR terá para si uma
arrecadação de 100%, o que não significa que essa receita passe a ser derivada, ela
continua sendo uma receita transferida mesmo com a mudança da sujeição ativa).

3. Diferença entre Taxa e Preço Público:

Há 03 Correntes:

a) 1ª Corrente: leva em consideração o prestador de serviço (aquele que entrega o


serviço público específico e divisível). Se o prestador for ente público, é taxa. Se for
ente privado, é preço público (Ex: concessão e permissão).

b) 2ª Corrente: leva em consideração a compulsoriedade do pagamento da


contraprestação. Se o pagamento for compulsório, é taxa (art. 3º, CTN). Se não
compulsório, é preço público.

c) 3ª Corrente: leva em consideração a compulsoriedade da utilização do serviço. Se for


de utilização compulsória, é taxa. Se de utilização facultativa, é preço público. A
compulsoriedade do serviço deve estar prevista em lei.

A 3ª Corrente é a adotada pelo STJ. O REsp. 167489 iniciou esse entendimento. O


mais recente entendimento nesse sentido deu-se no REsp 848287 de set/06. Há uma
Súmula antiga do STF de n. 545 que está de acordo com a 2ª Corrente, dizendo que o
que é compulsório é a utilização do serviço.

Referencias Bibliográficas:

Brasil - Ministério do Planejamento e Orçamento –Secretaria de Orçamento Federal -


Manual Técnico de Orçamento – MTO-02. Brasília, IN, 1996.

TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. Rio de Janeiro:


Renovar, 2001, 8ª edição.
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual do Direto Financeiro e Tributário. São
Paulo:Saraiva, 2010, 11º edição.

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