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PRODUÇÃO FAMILIAR NO IRANDUBA: ESCOAMENTO DO RURAL AO URBANO NA

AMAZÔNIA OCIDENTAL

Heitor Paulo Pinheiro - Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades da Amazônia Brasileira –
NEPECAB/UFAM
pinheiro.heitor@gmail.com
Aline Damaceno Leite - Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades da Amazônia Brasileira –
NEPECAB/UFAM
alinedmle@gmail.com

RESUMO: O município do Iranduba faz parte da região metropolitana de Manaus, sendo


conhecido por seu potencial agrícola fornecendo produtos hortifrutigranjeiros para o mercado
Manauara. Entretanto, existe certa dificuldade no escoamento da produção devido à falta de meios
para transportar os produtos, necessitando de um transporte rápido e de qualidade para a chegada no
local de venda em condições de consumo. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é identificar o
processo de escoamento dependente dos transportes da Prefeitura Municipal do Iranduba para
chegar à Manaus, caracterizando-o e mostrando sua importância para a produção familiar no
município. Para tanto, foi realizado trabalho de campo visando à coleta dados por meio de
entrevistas abertas com os sujeitos envolvidos na cadeia produtiva e com os encarregados da
secretária de produção do município, órgão encarregado pelo programa de auxilio ao transporte dos
produtores familiares do Iranduba. Por meio de mídias digitais foram adquiridos materiais para
compor um banco de dados sobre o conteúdo. O destino da produção Irandubense em sua maioria é
o mercado de Manaus tendo como sede para a distribuição destes produtos, as Feiras Manaus
Moderna, PANAIR entre outros centros de vendas hortifrutigranjeiro da cidade. No campo foi
observado que a principal forma de escoamento da produção do município se da de forma
intermodal em parte rodoviária e em parte fluvial, contando com a rodovia AM-070 que corta o
município até o porto do Cacau Pireira, onde esses produtos são levados à Manaus pelas balsas.
Como resultado de reuniões com os agricultores familiares foram identificados alguns pontos de
distribuição em Manaus, levando em consideração distância, dia e local de venda dos produtores.
Consequentemente foi realizado um cadastro dos produtores com suas respectivas quantias a serem
transportadas até Manaus, havendo uma diferenciação dos pontos de entregas espacializados em
diferentes locais: Manaus Moderna, PANAIR, Coroado, Alvorada, Zumbi, Feira Coberta do Jorge
Teixeira e Dom Pedro. Assim, a importância do poder público é evidente nesse processo que se
caracteriza como um dos maiores gargalos da agricultura familiar no Amazonas.
PALAVRAS CHAVE: escoamento; transporte; produção familiar; Iranduba.

ABSTRACT: The city of Iranduba is part of the metropolitan region of Manaus, is known for its
agricultural potential by providing products to the Manauara market hortifrutigranjeiros. However,
there is some difficulty in disposing of production due to lack of means to transport products,
requiring a fast and quality transport to arrival at the place of sale in terms of consumption.
Accordingly, the objective of this study is to identify the process flow dependent transport of the
Municipal Iranduba to get to Manaus, characterizing it and showing its importance for household
production in the municipality. Thus, the fieldwork was conducted to collect the data by means of
open interviews with the subjects involved in the production chain and the secretary responsible for
the production of the municipality, the body charged by the program of aid to transport the family
farmers of Iranduba. Through digital media materials were purchased to form a database on the
content. The fate of production in the most Irandubense is the market of Manaus with a seat for the
distribution of these products, the Fair Manaus Modern, among others PANA hortifrutigranjeiros
sales centers in the city. In the field it was observed that the main way of disposing of the
production of the municipality is in the intermodal road and partly in the river, with the AM-070
highway that bisects the city to the port of Cacau Pireira, where such products are taken Manaus by
the ferries. As a result of meetings with farmers were identified some points of distribution in
Manaus, taking into account distance, date and place of sale of the producers. Thus was a register of
producers with their respective amounts to be transported to Manaus, there is a difference of points
of delivery spatializing in different places: Manaus Modern, PANAIR, Coroado, Alvorada, Zumbi,
Fair cover of Jorge Teixeira. Thus, the importance of public power is obvious that this process is
characterized as one of the biggest bottlenecks of family farming in the Amazon.
KEY WORDS: flow, transport, household production; Iranduba.

1- INTRODUÇÃO

O transporte pode ser definido como o conjunto de atividades econômicas que permite a
locomoção de bens e pessoas de um lugar para o outro, o transporte de cargas volta-se para o
translado de bens desde o local de produção ou de armazenagem até onde se transformam ou onde
são consumidos. (RUS et. Alli, 2003)
O município do Iranduba está localizado à aproximadamente 22 km da cidade de Manaus
distância em si pequena, mas que demanda muito tempo na realização deste trajeto devido a
obstáculos geográficos e a ineficiência do transporte na região. O município está posicionado em
um local estratégico facilitando fluxo de transporte de mercadorias e pessoas originárias de outros
municípios que compõe a Microrregião de Manaus. O Iranduba é cortado pelo AM-070, estrada que
serve como uma das principais vias de escoamento da produção de trabalhadores tanto do Iranduba
quanto das comunidades que ficam em torno do município, bem conservada a estrada é um dos
agentes que menos influenciam no aumento do tempo da escoação.
Com uma população de aproximadamente 33.000 hab. (IBGE 2007) o município do
Iranduba tem sua economia baseada na agricultura, se diferenciando em agricultura de várzea e
terra firme. Em sua maior parte, a produção Irandubense é absorvida pelo mercado de Manaus
sendo à base de distribuição de grandes mercados na capital, como a feira Manaus Moderna
(Centro), a Feira do Jorge Teixeira (Zona Leste) e PANAIR. A logística que compõe o processo de
transporte entre o produtor e o centro de consumo cria um dos principais “gargalos” para a
distribuição da produção familiar oriunda do município. Ocasionando assim, a entrada de
atravessadores que adquirem os produtos nas propriedades diminuindo as margens de lucro dos
produtores familiares, que não possuem alternativa para escoar sua produção. O transporte no
estado do Amazonas ocorre mediante a falta de estradas que liguem as áreas rurais ao local de
consumo dos produtos, percursos pequenos que deveriam ser vencidos em pouco tempo se
transformam em verdadeiros desafios.
Apesar de estar localizado na região metropolitana da cidade de Manaus o acesso ao
município só pode ser feito através de sistema de ferry-boat (balsas), aumentando o tempo de
viagem, diferentemente de outras regiões metropolitanas onde ocorre a conurbação dos limites
urbanos. Os diferentes modos de transporte deverão funcionar como peças de um puzzle, que se
encaixam harmoniosamente. (Rodrigues, 2004)
O fator distância influencia tanto o preço como a qualidade dos produtos transportados, isso
porque, devido à baixa durabilidade de alguns produtos, por vezes ocorrendo grandes perdas no
trajeto, visto que este tem em média duração de duas horas entre o campo e a cidade sendo feito de
maneira intermodal. “Se o produtor utilizar-se de mais de uma modalidade de transporte para escoar
sua produção, sem dúvida, os custos elevam-se, de modo que se não puder transferi-los para os
preços dos bens finais certamente será subtraídos de sua renda” (McGUIGAN, 2007 apud
PEREIRA, 2008, p.46).
O transporte classificado como intermodal nesse processo de escoamento é realizado de
forma precária, em parte rodoviária através da Manoel Urbano (AM – 070) que liga a sede do
município ao porto do Cacau Pireira e em parte fluvial ligando Cacau Pireira à capital manauara.
Este trabalho objetivou identificar o processo de escoamento da produção do Iranduba
dependente dos transportes da Prefeitura Municipal do município para chegar à Manaus. Seguindo o
entendimento de que os meios de transporte utilizados pelos produtores não seria suficientes para
suprir a demanda de hortifrutigranjeiros produzido na região. Sendo possível inferir que a
participação da prefeitura neste processo constitui uma multiplicação de oportunidades de
condições de vida para os produtores.
Para tanto, foi realizado trabalho de campo visando à coleta de dados por meio de
entrevistas abertas com os sujeitos envolvidos na cadeia produtiva e com os encarregados da
secretária de produção do município, órgão encarregado pelo programa de auxilio ao transporte dos
produtores familiares do Iranduba. Através de mídias digitais foram adquiridos materiais para
compor um banco de dados sobre o conteúdo. Utilizou-se a coleta de dados secundários na
Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento de Iranduba (SEMPA), na Prefeitura Municipal
de Iranduba, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Instituto de
Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM) e no
acervo do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira (NEPECAB/UFAM),
além de registro fotográfico.
A economia não deve ser a única a moldar as estruturas de um local, porém nota-se que o
setor econômico Irandubense é uma das bases de sustentação do local, onde além da produção de
hortifrutigranjeiros, estão instaladas no município agroindústrias como de polpa de frutas, uma de
palmito e outra de lacticínios cujos principais mercados consumidores são a capital Manaus.

CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTOR RURAL DE IRANDUBA

Segundo a Secretaria de Produção e Abastecimento do Município de Iranduba existem dois


tipos de produtores: os produtores de várzea e os produtores de terra firme, diferenciando-se pelo
fato de seu local e modo de produção, os quais são beneficiados pelo transporte oferecido pela
prefeitura.
A produção de várzea é caracterizada por sua sazonalidade se obtendo apenas na vazante
num curto período de quatro meses, segundo a secretaria de produção município a maioria dos
produtores beneficiados pelo transporte possuem terras tanto na área da várzea quanto em terra
firme, gerando uma migração por parte dos produtores da várzea à terra firme nas épocas de
enchente.
As populações produtores de várzea geralmente se caracterizam por uma produção em
regime tradicional, trabalhando com varias culturas ao mesmo tempo, o que garante a subsistência
da família.
A produção de várzea não necessita de muitos gastos para a obtenção de bons resultados
devido às ótimas condições do solo desta região, diferentemente da produção de terra firme onde se
localizam os solos menos produtivos necessitando de muitos aditivos que geram custos adicionais
para a produção. Entretanto, há uma compensação nos valores dos produtos das duas origens
causada pela acessibilidade, onde a dificuldade ao acesso a várzea encarece a sua produção
igualando-a praticamente aos valores da terra firme, local de mais fácil acesso onde existem muitos
custos para o escoamento da produção.
Os produtores tanto da várzea como da terra firme assemelham-se não somente pelo fato de
retirarem seu sustento daquele meio, mas também por ali estabelecerem suas famílias, que em sua
maioria, também continuam a trabalhar neste setor. Alguns produtores de várzea, devido a sua
sazonalidade, possuem em terras nas áreas de Terra Firme para que assim estes possam assegurar
sua sustentabilidade familiar o ano inteiro, ou seja, possam continuar trabalhando na agricultura.

O PAPEL DO ESTADO NO ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

Os produtores da várzea apesar de possuírem uma terra mais fértil, não possuem condições,
na grande maioria, para transportar seus produtos até o mercado consumidor, já nas propriedades da
terra firme percebe-se que os produtores agrícolas, que trabalham de forma empresarial, possuem
um veiculo próprio para escoamento da produção, mas que este não é suficiente para atender a
demanda de pedidos, o que, por conseguinte dificulta a concretização do transporte.
Diante da necessidade de escoamento da produção do município a Prefeitura de Iranduba
realizou um mapeamento das propriedades produtivas de cada comunidade. Em seguida, foram
feitas reuniões nos locais para ser definida a logística de transporte de produção agrícola, levando
em consideração a quilometragem, o dia, e o local de cada produtor; e consequentemente foi
realizado um cadastro de cada produtor com as suas respectivas produções a serem transportadas até
Manaus, pois cada um deles possuem seus pontos de entregas em distintos locais: Manaus Moderna,
PANAIR, Coroado, Alvorada, Zumbi, Feira Coberta do Jorge Teixeira, Feira Coberta do Santo
Antônio e Dom Pedro, diferenciando-se de um para outro.
No ano de 2009 a prefeitura do município do Iranduba conta com quatro caminhões sendo
dois de carroceria fechada e dois abertos para fazer o transporte de 25 produtores familiares
espacializados em vários locais do município, essa quantidade de produtores pode variar de acordo
com a época do ano podendo chegar a 100 beneficiados pelo transporte. Como pode ser observado
na tabela abaixo, o alto custo do transporte é subsidiado pelo Estado diminuindo os gastos dos
produtores no processo de escoamento campo/cidade, onde os produtores têm seus produtos
recolhidos em sua propriedade ou em locais de mais fácil acesso, quando a propriedade se localiza
em áreas mais isoladas, contribuindo apenas com os gastos de combustível e alimentação dos
motoristas, que ainda sim são custos menores que um frete tradicional até o centro de consumo.

ESCALA DE ESCOAMENTO (SECRETARIA DE PRODUÇÃO IRANDUBA)

Produtor/ dias Diesel R$ Percurso Comunidade Horário Viagem Refeição

Segunda-Feira - - - - - - -
Branco 30 litros R$ Jandira/ Manaus Jandira 16:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Moderna

Edson / Sandro 30 litros R$ Açutuba / Serra Baixa 9:00 R$ 80,00 R$ 10,00


59,10 Manaus
Moderna
Paulo 40 litros R$ Jandira / Jorge Jandira 9:00 R$ 120,00 R$ 10,00
78,80 Teixeira
Pedrinho 30litros R$
59,10
Terça-Feira - - - - -
Adalberto 30 litros R$ Bahai / Manaus Bahai 10:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Moderna
Quarta-Feira - - - - - - -
Izac 40 litros R$ Várzea / Jorge Várzea 9:00 R$ 120,00 R$ 10,00
78,80 Teixeira
Sabazão 40 litros R$ Várzea / Jorge São Frc° km 04 9:00 R$ 120,00 R$ 10,00
78,80 Teixeira
Quinta-Feira - - - - - - -
Branco 30 litros R$ Jandira / Jandira 9:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Manaus
Moderna
Edson / Sandro 30 litros R$ Açutuba / Açutuba 16:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Manaus
Moderna
Eduardo 40 litros R$ Lago do Lago do Limão 9:00 R$ 120,00 R$ 10,00
78,80 Limão / Manaus
Moderna
Sexta-Feira - - - - - - -
Feirantes 30 litros R$ Iranduba / Iranduba 8:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Manaus
Adalberto 30 litros R$ Bahai / Manaus Bahai 10:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Moderna
Bindá 30 litros R$ Várzea / Divino Esp. Sto. 16:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Manaus
Moderna
Sábado - - - - - - -
Sabazão 40 litros R$ Várzea / Jorge São Frc° km 04 9:00 R$ 120,00 R$ 10,00
78,80 Teixeira
Izac 40 litros R$ Várzea / Jorge Várzea 9:00 R$ 120,00 R$ 10,00
78,80 Teixeira
Assis 40 litros R$ Obs: ás vezes Várzea - R$ 120,00 R$ 10,00
78,80 tem viagem
Adalberto 30 litros R$ Bahai / Manaus Bahai 10:00 R$ 80,00 R$ 10,00
59,10 Moderna

Fonte: Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento de Iranduba.

Ao saírem do município os caminhões vão super carregados com produtos


hortifrutigranjeiros (mamão, maracujá, limão, berinjela, pimentão, hortaliças em geral, entre outros)
cujos dias que maior atividade São os que precedem os finais de semana, onde há uma maior
movimentação por parte dos produtores gerando um aumento no numero de viagens podendo variar
de uma a três diariamente. No retorno, segundo o técnico agrícola, Irinelson Matos (SEMPA –
Iranduba), geralmente retornam com as embalagens que servem de armazenamento dos produtos
que são transportados até a capital, e esporadicamente, algumas mercadorias que são compradas
pelos próprios produtores, como por exemplo, insumos, produtos alimentícios e outros gêneros.
Realizadas de segunda a sexta as viagens até Manaus são feita uma vez ao dia, em épocas de baixa
atividade, pelos caminhões da prefeitura aumentando conforme a demanda no período da cheia,
pois há muita mais necessidade da realização destas.
REDES DE TRANSPORTE

A Região Metropolitana de Manaus dispõe de todos os sistemas de transporte, exceto


ferroviário, interligando-se doméstica internacionalmente. O transporte rodoviário, entretanto, é o
principal meio utilizado para o acesso às demais regiões, porém dependem da travessia de grandes
rios como o Negro e Solimões - Amazonas. O setor industrial, excetuando o sistema ferry-boat
(balsa), utiliza-se somente para abastecimento de municípios mais distantes que não dispõem de
interligação por rodovias.
O município de Iranduba tem seu crescimento populacional e econômico inibido pela
ausência de transporte eficiente com a capital, todavia é a que mais se apresenta com potencial para
expansão populacional. (D’Antona; Reis; Maia; Rosa; Nava, 2007).
Os diferentes sistemas de transporte devem promover ao máximo, a coordenação dos seus
modos e respectivas redes. Para que tal seja melhorado, é necessário interligar todos os seus nós. As
deficiências nos sistemas de transporte rural são frequentemente mencionadas como um dos
principais obstáculos para o desenvolvimento da agricultura no Amazonas. Em muitos lugares o
burro é o meio de transporte mais comum, em outras localidades a produção rural é levada até as
feiras a pé ou por meio de bicicletas e até mesmo por meio de animais tracionando carroças, quando
não por meio de canoas motorizadas, barcos recreio, etc. Contudo, a distancia é a principal variável
a ser considerada para se escolher o tipo de transporte a ser empregado no escoamento da produção
(SCOTT, apud PEREIRA, 2008).
O transporte intermodal representa o movimento de mercadorias que utiliza dois ou mais
modos de transporte, sem manipular a mercadoria nos intercâmbios de modo. O termo
intermodalidade corresponde a um sistema em que dois ou mais modos de transporte intervêm no
movimento de mercadorias de uma forma integrada (RODRIGUES, 2004). Em Iranduba, o
transporte intermodal configura-se na combinação de dois modos de produção: o rodoviário, através
dos caminhões e o fluvial através das balsas, voltando ao modo rodoviário na chegada à Manaus,
pois os caminhões atracam no porto do São Raimundo e necessitam deslocar-se mais alguns
quilômetros até as feiras de abastecimento.
Seja qual for o tipo de transporte, ele é um dos fatores determinantes no desenvolvimento da
vida de qualquer sociedade politicamente organizada, visto que pode influenciar nos preços dos
produtos de varias formas: pelo modal utilizado, pela duração e pela disponibilidade de rotas
(GORDINHO, 2003).
Foto 01: Balsa no Iranduba Foto 02: Transporte Terrestre. Caminhões
Fonte: Acervo NEPECAB/UFAM Fonte: Acervo NEPECAB/UFAM
MELHORIAS NO FLUXO

Segundo Pereira (2008) só o transporte carrega suas ineficiências, e a solução está fora do
alcance dos agentes privados, naturalmente, a solução pode surgir do Estado, seja na construção de
estradas ou no investimento em programas que contemple o transporte para atender exclusivamente
os produtores rurais.
É função do poder público à dotação de infraestrutura adequada de transportes para o
escoamento dos produtos, tanto para o mercado interno, quanto para o mercado externo. Esta
função perpassa não apenas por investimentos, mas, sobretudo na distribuição dos recursos nos
diferentes modais e regiões, a fim de majorar a eficiência do transporte com redução de tempo e
custos tanto para o produtor quanto para o consumidor. (PEREIRA, 2008)
Em média, dependendo do local de moradia do produtor rural, o tempo de duração da
viagem até a balsa no porto do Cacau Pireira gasta 20 min. O tempo de espera para que se possa
atravessar o Rio Negro pelo sistema de balsas, é de cerca de 1 hora incluindo o tempo de travessia.
Os locais para onde se destinam a produção distribuem-se pelas diferentes zonas da cidade, estima-
se que em média o tempo total de duração da viagem contemplando do produtor a Feira Manaus
Moderna, por exemplo, é de 2 horas, visto que desconsidera-se variáveis como o transito da capital
ou ainda qualquer tipo de acidente com o caminhão.
Visando a melhoria do transporte nesta localidade em 2003 o governo do estado do
Amazonas estudou a criação da ponte que liga o município do Iranduba a Capital Amazonense, e
em 2008 deu-se inicio a construção da ponte visando facilitar e aumentar o fluxo do transporte
limitado anteriormente pela precariedade das balsas. O tempo de viagem e a qualidade dele formam
um dos principais entraves para o transporte dos municípios localizados a margem oposta do Rio
Negro referente à Manaus.
Manaus será ligada a Iranduba entre a Ponta do Ouvidor localizado no bairro da
Compensa/Manaus, à Ponta do Pepeta no município do Iranduba aumentando o fluxo de transporte
na região. O final da obra esta programado para o ano de 2010, fazendo parte do Programa de
Aceleração do Crescimento – PAC, a obra recebeu o investimento de 575 milhões sendo 400
milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) segundo a
Secretaria de Imprensa da Presidência da República.

Foto 03. Construção da Ponte Manaus-Iranduba. Foto 04: Visão aérea da ponte pronta.
Fonte: www.omelhordobairro.com.br Fonte: SEMPA/ Iranduba

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O transporte de mercadorias no estado do Amazonas pode ser considerado como ineficiente,


necessitando de uma grande melhoria para que possa atender melhor a população, a falta de
interesse dos órgãos públicos e as dificuldades na aprovação dos projetos bem caracterizam o estado
atual das diversas modalidades de transportes no estado. Eventualmente algumas obras são
realizadas visando melhorar esta condição de transporte, que não beneficia apenas algumas partes
da sociedade amazonense, mas sim os grandes necessitados que formam a maioria. Interesses
políticos de empresários que usufruem do monopólio do transporte, atravancam a criação de novos
projetos que possam viabilizar melhorias no sistema de escoamento.
Segundo NODA a produção do setor agrícola dos municípios situados na microrregião de
Manaus, não se mostra com grande capacidade para atender a grande demanda da capital, a julgar
pelos altos preços de hortaliças, legumes e frutas, praticados por supermercados e feirantes o que é
característica proveniente do transporte de baixa qualidade que influencia nos preços dos produtos.
Entretanto a secretaria de produção e abastecimento do município de Iranduba alega a diminuição
constante do nível de consumos dos produtos agrícolas na capital manauara, visto que este alega o
retorno de algumas mercadorias que não tiveram aceitação no mercado consumidor.

Claramente os preços sofrem influência dos meios de transporte de baixa qualidade, dos
atravessadores, dos preços e da falta dos insumos necessários para o aumento da produção, que
formam as principais questões dos produtores do estado.
Espera-se que com o termino da construção da ponte que liga a capital Amazonense ao
município do Iranduba, as condições de transporte possam receber melhorias diminuindo o tempo
de viagem e dando fim ao monopólio de empresários que tomam conta do transporte fluvial
Manaus/Iranduba. E que aconteça uma grande queda nos preços das mercadorias oriundas da
produção dos municípios que serão ligados a capital do Estado.
Esta melhoria de interligação das diferentes redes seria uma maneira de permitir a ligação
mais direta dos nossos centros de produção aos grandes centros consumo, podendo os produtos que
eram apenas consumidos regionalmente terem sua exportação para diversos países o que poderia
criar condições para induzir ao investimento e criação de postos de trabalho na produção agrícola
do estado do Amazonas.
O setor de transportes não é homogêneo, pelo contrario, por possuir vários modais com
estruturas diferentes, seu estudo torna-se um desafio econômico e na medida em que for se
estruturando conexões entre si, poderá ter uma real integração regional e nacional. (PEREIRA,
2008). Quando em comparação com outros estados da região norte o Amazonas, é caracterizado
pela grande quantidade de fluxo de transporte fluvial.
Por fim o transporte no estado do Amazonas pode ser considerado muito precário quanto a
todas as modalidades principalmente no que diz respeito as modais rodoviárias e fluviais,
necessitando de um maior incentivo por parte do estado na criação de novas vias e na melhora das
já existentes. Mudanças significativas criam esperanças para os produtores com o intuito de acabar
com este gargalo que caracteriza o escoamento das produções em todo o estado do Amazonas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• D’ANTONA. Raimundo de Jesus Gato; REIS. Nelson Joaquim; MAIA. Maria Adelaide
Mancini; ROSA. Sebastião Ferreira; NAVA. Daniel Borges. Projeto Materiais de
Construção na área Manacapuru – Iranduba – Manaus – Careiro (Domínio Baixo
Solimões). Superintendência Regional de Manaus, 2007.

• GORDINHO. Margarida Cintra. Transporte no Brasil: a opção rodoviária. São Paulo:


Marca D Água, 2003.

• IBGE. Censo Demográfico. Amazonas: 2007. Disponível em:


http://www.ibge.gov.br/estadoat/perfil.php?sigla=am. Acesso em 19 de Agosto de 2009.

• NODA. Eliana A. et all. Alternativas para fortalecimento da agricultura familiar nas


comunidades do Tarumã-Mirim. In: Artigo. Manaus: Petrobrás Ambiental, 2006.

• NODA, Sandra do nascimento, NODA, Hiroshi . MARTINS, Ayrton l. Urizzi. Papel do


processo produtivo tradicional na conservação dos recursos genéticos vegetais. In Amazônia
uma perspectiva interdisciplinar. EDUA. AM-Manaus, 2002

• PEREIRA. Marcelo Souza. O Escoamento da pequena produção agrícola na


microrregião de Manaus e as modalidades de transporte. Manaus: 2008.

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