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Resumo
Este trabalho tem como objetivo identificar possíveis perigos e analisar riscos a saúde dos
trabalhadores da indústria metalúrgica que estejam expostos em seu dia-a-dia a ambientes
de temperaturas elevadas, além de qualificar os prejuízos causados pela perda de
produtividade. A pesquisa será desenvolvida com foco e um estudo de caso efetuado no setor
de refusão de uma indústria metalúrgica de grande porte do alumínio situada em Itapissuma,
Pernambuco. A expectativa é, através de pesquisa e estudo de casos, analisar e desenvolver
alternativas de melhorias nas condições de trabalho, aumentando assim a capacidade
produtiva dos trabalhadores.
Palavras-chave: Conforto térmico. Indústria metalúrgica. Segurança do trabalho.
1. Introdução
Na indústria, a atividade do trabalhador se relaciona diretamente com segurança e bem-estar.
Qualquer interação com o meio que interfira em um desses aspectos pode impactar
negativamente o desempenho profissional ou até ocasionar acidentes de trabalho.
Diante de todos os cuidados relacionados à segurança e saúde do trabalho que as empresas do
segmento metalúrgico aplicam diariamente, é importante que se faça uma análise em seus
métodos de medição, procedimentos e equipamentos de proteção individual e coletiva, e ainda
a eficácia destes na redução ou eliminação dos riscos à saúde do profissional. Alem disso,
sabe-se que alterações positivas nas características construtivas podem gerar ganhos
significativos na saúde e produtividade do trabalhador. Riveiro (1986) assina “Na medida em
que um meio é termicamente mais hostil, aumenta a preocupação do individuo sobre esse
problema, afastando sua atenção da atividade especifica que está realizando, favorecendo a
distração e a conseqüente perda de eficiência e segurança no trabalho”.
Sabe-se que o desempenho do trabalho humano sofre a influência de fatores ambientais,
organizacionais e psicológicos, que interferem no seu relacionamento com o ambiente de
trabalho. Estudos realizados em laboratório e na indústria comprovam a influência destes
fatores, tanto na produtividade quanto nos riscos por acidentes. O homem, quando obrigado a
suportar altas temperaturas, apresenta baixo rendimento, o seu grau de concentração e a
velocidade na realização de tarefas diminuem, as pausas se tornam mais freqüentes e a
freqüência de erros e acidentes tende a aumentar significativamente (IIDA, 1990).
2. Referencial Teórico
Callister (2000) define que indústria metalúrgica é toda aquela que trabalha na produção de
metais de qualquer tipo, sejam eles ferrosos ou não ferrosos. Um subgrupo da metalurgia é a
siderurgia, que compreende a metalurgia dos metais ferrosos (ferro fundido, aço e suas ligas),
este estudo focará uma indústria metalúrgica de alumínio. O alumínio é um metal não ferroso
composto basicamente do elemento Al em estado metálico com algumas ante ligas que
conferem as características físicas e químicas desejadas, seu ponto de fusão está próximo dos
740 graus Celsius e sua densidade é de 2,4g/cm³.
2.2. Doenças causadas pela exposição ao calor
De acordo com BARBIERO (2004), calor é a energia térmica em trânsito de um corpo para
outro ou de uma região para outra, desde que exista diferença de temperatura. São
mecanismos de transmissão do calor: condução, convecção e radiação. As principais doenças
causadas pela exposição ao calor são:
a) Exaustão do calor - Decorrente de uma insuficiência do suprimento de sangue do córtex
cerebral, resultante da dilatação dos vasos sangüíneos. Uma baixa pressão sangüínea é o
evento crítico resultante;
A relação entre as cargas é mostrada no gráfico da Figura acima, onde o eixo horizontal
representa o metabolismo M referente à atividade considerada e o vertical representa os
valores de IBUTG. Esse gráfico mostra que grandes esforços físicos devem ser compensados
por condições térmicas mais amenas, para evitar estresse térmico.
A Norma recomenda que a avaliação seja realizada durante o horário mais crítico.
2.4. Conforto térmico
Dentre as definições de conforto térmico, há duas que se pode chamar de complementares e
que definem bem o conceito. De caráter subjetivo, uma delas define conforto térmico como
sendo aquela condição da mente que expressa satisfação com o ambiente térmico. A outra,
abordando fundamentos fisiológicos, define o conforto térmico de um indivíduo quando são
alcançadas as condições do meio que permitam que o sistema termorregulador do corpo esteja
em estado de mínima tensão RIVERO (1986), ou seja, que o sistema termorregulador não
esteja operando.
3. Objetivos
O objetivo desse projeto é realizar uma avaliação das condições de conforto e segurança do
trabalhadores, além das suas percepções, relativas ao ambiente térmico no setor de refusão de
uma industria metalúrgica de grande porte em Itapissuma - PE.
1) Você sente que a temperatura em que você trabalha é uma ameaça à sua saúde? (sim ou
não).
4) Na(s) ocasião(ões) em que isso ocorreu, você procurou ajuda do ambulatório da fábrica?
5) Você sente que a empresa está apta para tomar as medidas necessárias a fim de garantir sua
integridade física?
Fonte: Pesquisa de campo
Figura 5.5 – Resposta da questão 5
A partir dos dados levantados em campo, juntamente com as entrevistas feitas com a
operação, podemos concluir que as condições de trabalho estão em completo acordo com a
legislação vigente, e apesar de ultrapassarem os limites de tolerância estabelecidos na NR-15,
todas as medidas de controle aplicadas no cotidiano garantem uma redução significativa nos
riscos à saúde e segurança do trabalhador, tornando aceitável a atividade laboral neste
ambiente.
Entretanto, apesar de todas as conformidades alcançadas nesta área produtiva, ainda não foi
possível eliminar totalmente os perigos, ou reduzir os riscos a zero, como os próprios
operadores constataram. E a melhor maneira de manter estes riscos no menor nível possível é
fazer com que todos os trabalhadores do local estejam sempre atentos ao seu próprio bem
estar e ao de seus colegas de trabalho. Isso exigiria ações constantes de conscientização e
treinamento na área de segurança do trabalho,com o apoio da CIPA local.
Outra solução possível para redução dos riscos é a automatização de todos os processos em
que há contato direto entre o trabalhador e a máquina, e a empresa está tentando implementar
tal artifício. Porem, as altas temperaturas e a fuligem do ambiente tornam bastante complexa a
atividade de manutenção destes equipamentos, que por sua precisão, costumam ser bastante
sensíveis às intempéries do ambiente.
Referências
BARBIERO, MIRIAM. Avaliação das percepções quanto ao ambiente térmico em uma indústria metalúrgica:
um estudo de caso. Porto Alegre, 2004.
CALLISTER WILLIAN D. JR., Introdução à Ciência e Engenharia de Materiais, Ed. LTC, 2000.
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IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 1990.
LACERDA, C.A.; CHAGAS, C.E.P.; BARBOSA, C.C.; CABRERA, J.V.D.; FARIAS, J.V. Auditoria de
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