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ENG 07 759 - INSTRUMENTAÇÃO DA INDÚSTRIA QUÍMICA /DEQUI/UFRGS

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1. NORMAS
2. CONCEITOS BÁSICOS
2.1 Sistema de controle
2.2 Critérios para escolha de um medidor
3. CARCTERIZAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM MEDIDOR
3.1 Origem dos erros
3.2 Classificação dos erros
3.3 Distribuição dos erros de medida
3.4 Representação da acuracidade
4. REFERÊNCIAS E ANEXOS
L. Grossi e J. O. Trierweiler

1. NORMAS quadrados ou hexágonos dependendo de e para onde a


A descrição de um processo não pode ser entendida informação medida deve ser mandada conforme
apenas por engenheiros, mas também por pessoas de [Lip95a, Tab. 1.4a]. Veja em [Lip95a, 1.4] e
diferentes nacionalidades. Para tanto, foram criadas [Lip95b, 7.11] alguns exemplos de como essa norma
normas de representação que são utilizadas para a pode ser utilizada.
identificação dos instrumentos de medida. As Caso o instrumento de medida tenha que
representações são encontradas nos Fluxogramas de mandar sinal para uma central de controle, a medida
Processo (Flow sheet) e nos Fluxogramas de Engenharia pode ser enviada através de um sinal elétrico, que varia
(P&ID, Piping Instrument Diagram). de 4-20 mA, por sinal pneumático variando de 3-15psi,
A identificação é composta de 5 conjuntos de e mais recentemente através de um sinal digital. A
dados alfanuméricos que classificam o instrumento simbologia para cada tipo de sinal encontra-se em
funcionalmente e indicam a que malha pertencem. A [Lip95a, 1.4a].
compreensão destes conjuntos de dados é feita com
auxílio de uma tabela de Código de Letras para
Identificação de Instrumentos [Lip95a, Tab.1.4b].
Exemplo: PD AL 02 2 B 2. CONCEITOS BÁSICOS
2.1 Sistema de controle
P Variável que está sendo medida (pressão)
O sistema de controle é responsável pela interferência
D Modificadora da variável medida (diferencial)
num processo, a fim de ajustar determinadas variáveis
A Função de informação (alarme)
para o valor desejado (exemplo: abrir uma vávula de
L Modificadora da função (baixo)
uma tubulação de líquidos para manter o nível de um
02 Unidade da planta industrial em que se localiza
tanque).
o instrumento de medida
2 Número seqüencial da malha Esquematicamente:
B Sufixo adicional (repete ponto de alarme)
VÁLVULA
VALOR
Então tem-se um instrumento que mede diferenças de DESEJADO PROCESSO
pressões e dispara um alarme caso esta diferença de NÍVEL
pressão seja inferior a um determinado valor.
Resumidamente os conjuntos de dados:1. (PD) SET Atuadores
e 2. (AL) formam a identificação funcional, enquanto os POINT SIST. DE PRO-
conjuntos 3. (02) e 4. (2) fazem a identificação da CONTROLE CESSO
malha. Usualmente, encontra-se os números abaixo das Variáveis
letras na representação. Medidas
Os dados encontram-se dentro de círculos,
2 Carcterização do Desempenho de um Medidor
ATUADOR o que chega até a central de controle.
SET SC PROC Nos atuais instrumentos de medida é possível fazer uma
POINT MEDIDOR programação, a fim de que os limites da medida a ser
feita coincidam com os limites da amperagem,
facilitando a compreensão do sinal recebido na central
Fig. 1.1: Resumo de Sistema de Controle
de controle.
2.2 Critérios para escolha de um medidor
De acordo com a Fig. 1.1, percebe-se que o sistema de Ao escolher um instrumento de medida é preciso prestar
controle recebe um conjunto de dados. Na central de atenção numa série de fatores:
controle determina-se se algo deve ser modificado no
Qualidade, desempenho do medidor;
processo. Se há a necessidade de alguma alteração, esta
Condições de operação (temperatura, pressão) ;
é levada, por sinal elétrico ou pneumático, até o atuador.
Propriedades do meio (corrosivo ou não);
Este é o responsável pela mudança no processo. O
Durabilidade;
medidor leva a mensagem até a central de controle, onde Manutenção, garantia;
é possível observar se o processo sofreu a mudança que Credibilidade do fornecedor;
era desejada de modo correto. O medidor deve ser capaz Confiança baseada na experiência prévia;
de recolher o dado com precisão e o transformar em Custo.
sinal.
Como já foi dito, o sinal pode ser elétrico ou 3. CARCTERIZAÇÃO DO DESEMPENHO DE
pneumático. Cada um apresenta vantagens e UM MEDIDOR
desvantagens:
• Sinal pneumático: por não ser um sinal elétrico nãp
apresenta riscos de formação de faíscas e 3.1 Origem dos erros
consequentemente riscos de explosão, sendo desta Por definição, tem-se como erro, e, a diferença entre o
forma particularmente indicado para operar em áreas valor que foi medido e o valor real:
onde haja o haja perigo de explosão. Seu maior e = y medido - y real (1.1)
problema é que o sinal não se propaga em distâncias
maiores de 70 m. O erro pode ser originário do princípio de medição ou
da construção do aparelho. Causas comuns de erros são:
• Sinal elétrico: sua grande vantagem é sua alta
velocidade de propagação e distâncias de transmissão • Erros provocados pela interação do instrumento de
a qual é de 2 km. O sinal dos instrumentos de medida medida e o processo
são normalmente gerados nas escalas de 0 a 10 V, -5 a • Instrumentos usados na conversão e transmissão
5V e de 4 a 20 mA. Para a transmissão a longa dos sinais
distância não se usa a voltagem, pois a tensão cai com
a resistência do fio. Nos processos industriais, • Exibição ou representação digital do valor medido.
normalmente se converte a tensão em corrente a qual Esquematicamente pode-se representar o valor medido
não é dependente da resistência do fio de transmissão. por um instrumento de medida como sendo o resultado
No exemplo do controle de nível, pode-se fazer as da interação com o processo e da influência de
seguintes relações: distúrbios internos e externos.

PROCESSO
NÍVEL AMPERAGEM VOLTAGEM

100 20 10 VARIÁVEL INTERAÇÃO


MEDIDA COM PROCESSO
50 12 5
DISTÚRBIOS
DIST
0 cm 4 mA 0 V EXTERNOS INTERNOS

SAÍDA
Fig. 1.2: Relação entre amperagem, voltagem e nível
de um tanque VALOR DA
MEDIDA
Assim, se o nível de um líquido num tanque estiver
marcando 50cm, o marcador do instrumento de medida
indicará 5V, o que equivale a 12mA. O sinal de 12mA é Fig. 1.3: Esquema da atuação dos distúrbios internos e
externos
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Os distúrbios internos, como o próprio nome diz, são processo.


aqueles que estão dentro do instrumento de medida. P.
Histerese é um erro que freqüentemente acontece em
ex.: a histerese provocada pelo atrito mecânico de tubo
instrumentos de medida com componentes mecânicos,
de bourdon.
os quais, devido ao atrito, são responsáveis pela
Os distúrbios externos são aqueles provocados pelo dependência do valor medido com a trajetória da
efeito de diferenças de temperatura, pressão provocadas medição.
pelo meio. P. ex.: a resistência dos fios de condução de
3.3 Distribuição dos erros de medida
um termômetro resistivo.
Muitas vezes estamos interessados na medida de uma
Um exemplo de interação com o processo é a medida de determinada grandeza y que é formada pela combinação
temperatura produzida por um termômetro de vidro. de várias medidas independentes xi, matematicamente
Observe que o termômetro de vidro não mede única e y = f(x1, ... , xn). Para exemplificar, digamos que
exclusivamente a temperatura do sistema, mas sim a queiramos medir o número de Reynolds (Re). Para
temperatura termômetro + sistema. Normalmente a podermos calcular Re é necessário que se faça uso de
mudança de temperatura produzida pelo termômetro no várias medidas independentes, tais como: vazão,
sistema é desprezível. densidade, viscosidade, etc. Cada uma dessas medidas
apresenta um erro médio e um desvio padrão. Para se ter
uma estimativa do erro médio e do desvio padrão da
3.2 Classificação dos erros variável composta pode-se considerar o pior caso em
que todas as variáveis não se influenciam mutuamente.
ERRO DO Nesses casos podemos desenvolver as seguintes
MEDIDOR fórmulas que são baseadas no primeiro termo da
expansão de f em série de Taylor:

 ∂f   ∂f 
e y =   e x1 + +   e xn
ERRO ESTÁTICO ERRO DINÂMICO  ∂x1   ∂x n 
2 2
 ∂f  2  ∂f  2
Fig. 1.4: Esquema das classificações de erros σ y =   σ x1 + +   σ xn
 ∂x1   ∂xn 


O erro dinâmico ocorre quando há variações elevadas na


medida que se está fazendo. Se um processo possui
temperatura de 50°C e sofre um rápido aquecimento até 3.4 Representação da acuracidade
60°C, o instrumento de medida não fornece o valor A acuracidade é usada para especificar o erro de uma
correto, pois não consegue dar saltos bruscos. medida: P. ex.: T no intervalo 0-100 o C +/- 1 o C. Então
se um termômetro estiver marcando 30 oC, com a essa
O erro estático divide-se em erro médio ou acuracidade acuracidade, sabe-se que o valor real deverá estar
e desvio em relação a média ou reprodutividade. contido no intervalo de temperatura entre 29 e 31oC.
Erro médio: é a diferença entre o valor médio e o valor A acuracidade é normalmente expressa pensando-se na
real, sua função complementar, ou seja, na inacuracidade.
e = y − y real (1.2) Essa por sua vez pode ser expressa de diversas formas:

A reprodutibilidade ou desvio em relação à média é a 1. Erro Absoluto: p. ex., para um termômetro com
diferença entre o valor medido e o valor médio, i. é escala entre 0-20 oC, por exemplo, com erro
absoluto de +/- 0,1 oC , se a leitura do instrumento
e ∆ = yi − y (1.3) indicar 5oC, a temperatura está no intervalo de
5,1oC a 4,9 oC.
O desvio em relação a média é quantificado através do
2. Percentagem da escala total (%FS, full scale): A
desvio padrão (σ). Para uma distribuição normal (ou
escala total representa o intervalo máximo de
gaussiana) tem-se que 95_ % dos valores medidos
_ se
medida que o medidor pode operar. Normalmente
encontram _no intervalo y ± 2σ, 99% em y ± 2,6σ e
quanto menor for a escala total mais precisa será a
99,7% em y ± 3σ.
medida. Por exemplo, se considerarmos um
Um bom instrumento de medida é aquele que não instrumento que seja capaz de medir a pressão entre
apresenta variações, ou seja, se σ for baixo, maior 0-2 bar e outro com escala total de 0-20 bar, o
número de dados estarão confinados em uma estreita primeiro mostrará as pequenas variações de
região, tendo-se assim uma boa reprodutibilidade. pressão, enquanto que no outro essas pequenas
variações não serão percebidas. Caso esses
O desvio em relação a média, e∆, pode ser dividido em
medidores tenham uma acuracidade de ± 1% da FS
erro determinístico, p. ex. causado por histerese, e o erro
os valores medidos pelo primeiro instrumento
aleatório, causado por ruídos, os quais por sua vez
estarão fadados a um erro absoluto de ± 0,02 bar
podem ser classificados em ruídos de medida e de
enquanto que os do segundo serão de ± 0,2 bar.
4 Referências e Anexos

3. Percentagem do intervalo de escala (% of span):


Normalmente quando se adquire um instrumento de
medida compra-se um que possua uma escala total
que seja um pouco superior ao intervalo no qual se
pretende trabalhar. Para evitar-se erros na
conversão do sinal medido para o sinal elétrico se
ajusta os limites de operação superior e inferior da
que serão medidos (veja a Fig.1.2). A diferença
entre estes limites consiste no que se chama de
intervalo de escala (ou span). Assim, por exemplo,
se a acuracidade de um medidor de pressão for
representado como sendo +/- 3% of span e se o
intervalo de medida escolhido for configurado para
2-5 bar, a acuracidade será de (+/- 0,03).(5-2) = +/-
0,09 bar.
4. Percentagem da leitura atual: Nesses casos o erro
da leitura é proporcional ao valor medido. Por ex.
se o erro for de +/- 2% do valor de leitura e a leitura
for de 10 bar o valor real poderá se diferir na média
± 0,2 bar desse valor.

4. REFERÊNCIAS E ANEXOS
[Lip95a] B. G. Lipták (ed.), "Instrument Engineers'
Handbook: Process Measurement and
Analysis" 3rd ed. Chilton book company,
Pennsylvania, (1995)
[Lip95b] B. G. Lipták (ed.), "Instrument Engineers'
Handbook: Process Control" 3rd ed. Chilton
book company, Pennsylvania, (1995)
Em anexo:
• Flowsheet Symbols [Lip95a, 1.4]
• DCS-Flowsheet Symbols [Lip95b, 7.11]

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