Professional Documents
Culture Documents
1- ANATOMIA DA MAMA
As glândulas mamárias são em número par com formato hemisférico ou cónico, localizadas
simetricamente de cada lado do tórax, estendendo-se verticalmente da 2ª à 6ª costela e
transversalmente da margem do esterno à linha médio-axilar. São suportadas e mantidas na sua
posição por um conjunto de ligamentos (ligamentos suspensores de Cooper ou ligamentos
suspensores da mama), os quais se estendem desde a fáscia superficial do musculo grande
peitoral até á pele que as recobre, impedindo desta forma a ptose mamária excessiva.
São ricamente enervadas e vascularizadas (nutridas por ramos perfurantes da artéria torácica
interna e ramos da axilar), e envolvidas por tecido adiposo e conjuntivo. A forma, tamanho e
consistência variam com a idade, etnia, biótipo e grau de adiposidade.
O seu processo de desenvolvimento e crescimento é mais acentuado na puberdade (por
influências hormonais), mantendo-se após este período a um ritmo menor, só terminando no
segundo semestre da gravidez.
As glândulas mamárias têm por função a produção e secreção de leite para a alimentação do
bebé durante os primeiros meses de vida. Estão situadas bastante distante dos órgãos pélvicos,
mas, devido à sua relação funcional muito íntima com estes órgãos, são incluídos no sistema
reprodutor.
Estruturalmente a mama é formada por duas porções distintas: parênquima e o estroma
mamário. O estroma, é constituído por tecido conjuntivo, colagénio e tecido adiposo, e é
responsável pela consistência
característica da mama
O parênquima é constituído pela porção
secretora (ácinos ou alvéolos), e um
sistema canalicular que se inicia nos
alvéolos mamários e termina na parte
distal, nos mamilos. É formado por 15 a
20 lobos mamários, constituídos por
tecido alveolar glandular. Cada lobo Fig 1 – Alvéolo em corte
mamário é uma unidade glandular (adaptado de Thompson e
Gordan, 1991:2).
independente, separado dos restantes
por tecido conjuntivo e por quantidade
variáveis de tecido adiposo, encontrando-se dispostos relativamente
ao mamilo, radialmente e a diferentes profundidades.
Fig. 2 - Estrutura da glândula
mamária humana (Adaptado Cada lobo mamário é constituído por um número variável de
de Bobak, 1999:430). pequenos lóbulos. Estes consistem numa rede de canais e de
1
pequenos alvéolos (3 a 100), os quais são revestidos internamente por células alveolares
(secretoras), e externamente por uma camada de células mioepiteliais sensíveis à oxitocina.
Cada lóbulo possui uma rede de canais (canalículos), que provêm dos alvéolos e que se reúnem
num único, designado por ducto mamário, que se abre no canal galactófero do respectivo lobo.
O canal galactófero na região proximal ao mamilo aumenta o lúmen e forma um pequeno
reservatório que se designa por seio galactófero.
Cada mama tem na sua porção apical um mamilo com cerca de 6 a 13 mm de comprimento e
diâmetro variável, constituído por tecido eréctil, Na sua extremidade existem pequenos orifícios
isolados (orifícios mamilares), correspondendo cada um à parte terminal do canal galactófero. O
mamilo tem grande sensibilidade, determinada por terminações nervosas sensoriais, e torna-se
mais rígido e saliente na gravidez e no período menstrual.
Anatomicamente o mamilo pode ser classificado em: mamilo protuso (elástico, de fácil
apreensão, saliente, formando um ângulo de 90º entre o mamilo e a aréola); mamilo plano ou
raso (situa-se ao mesmo nível da aréola, pouco
elástico, tem grande quantidade de aderências e
tecido conjuntivo); mamilo invertido ou umbilicado
(inversão total do tecido epitelial, podendo ocasionar
o desaparecimento completo do mamilo, pouco
elástico e de difícil apreensão); atélia (ausência de
mamilos).
Ao redor do mamilo encontra-se uma área cutânea Fig 3 – Tipos de mamilos
(Adaptado de Thompson e Gordan, 1991:48).
pigmentada com 2 a 4 cm de diâmetro denominada de
aréola mamária. É uma zona que contém muitos
nervos sensitivos importantes no reflexo de produção de leite, e glândulas sebáceas que durante
a gravidez se hipertrofiam até ao diâmetro de 2,5 mm, tornando-se proeminentes (tubérculos de
Montgomery), produzindo uma secreção lipóide, cuja função consiste em lubrificar os mamilos.
Durante a gestação a aréola tem a sensibilidade reduzida, aumentando após o parto, facilitando
o envio de impulsos nervosos aferentes ao hipotálamo, que controlam o processo de lactação,
sendo um importante factor para desencadear os reflexos que ajudam à “descida” do leite.
2 – MAMOGÉNESE
2
extermidade dos canais). A progesterona vai desencadear a diferenciação das porções distais
dos canais galactóferos em estruturas alveolares.
As variações cíclicas hormonais ao longo dos ciclos menstruais actuam de forma progressiva e
sequencial, sendo que a elevação dos estrogénios na fase folicular conduz a proliferação das
estruturas tubulares, atingindo o seu máximo na altura da ovulação e depois o efeito combinado
com a progesterona irá determinar a diferenciação das estruturas alveolares.
3 – MASTOGÉNESE
4 – LACTOGÉNESE
3
quantidades de leite. A produção de prolactina é mantido através da estimulação sensorial do
mamilo e aréola.
Apesar do leite ser secretado continuamente no interior dos alvéolos, este não escoa facilmente
para o sistema de canais, e portanto, não flui continuamente dos mamilos. Neste sentido a
oxitocina é uma hormona extremamente importante pois actua nas células mioepiteliais
alveolares, sendo desta forma responsável pela explusão do leite dos alvéolos para os canais
galactóferos.
4 – GALACTOPOIESE
4
deste modo o leite para os canais. Assim, 30 segundos após o bebé começar a sucção, o leite
começa a escoar (este processo é chamado ejecção do leite). A sucção de uma mama causa o
fluxo de leite não só na mama que sofreu a sucção, mas também na do lado oposto.
Há ainda outros factores a considerar para além dos factores hormonais:
• Amamentação regular – é importante o efeito de sucção regular do bebé para a
produção do leite, pois desencadeia a libertação regular de oxitocina e prolactina. Deste
modo, quanto mais sugar maior a quantidade de leite produzido, e caso o bebé pare de
sugar ou não inicie precocemente o aleitamento.
• Ambiente/Sress – os factores de stress e a ansiedade influenciam a produção de
oxitocina e prolactina podendo levar à diminuição ou cessação da produção de leite
• Alimentação – a dieta desempenha um papel importante na medida em que as
necessidades nutricionais durante a amamentação são superiores às do 3º trimestre de
gravidez e uma alimentação inadequada vai afectar o volume de leite produzido (não a
qualidade).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento da anatomofisiologia da amamentação é fundamental para poder orientar e
acompanhar as mães no seu percurso de aleitamento dos seus filhos. Embora haja determinantes
biológicas, o facto é que as suas manifestações são diferentes de mulher para mulher e neste
sentido o seu profundo conhecimento é uma mais valia para dar respostas às mais diversas
situações com que nos deparamos no dia-a-dia.
Acima de tudo é importante que incentivemos a mulher ao seu auto-conhecimento e lhe
permitamos a máxima autonomia com a máxima realização.