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Exercício em Grupo

1. Faça por escrito, a leitura de identificação do texto “A importância do ato


de ler”.

O texto citado acima compõe a primeira parte da obra de título homônimo:


“A importância do ato de ler: em três artigos que se completam”, de Paulo Freire.
Paulo Reglus Neves Freire foi um educador brasileiro de destaque, pelo
trabalho que desenvolveu na área da educação popular. É considerado um dos
pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, sendo expoente da
chamada pedagogia crítica. Entre suas obras mais importantes destacam-se, além
desta em estudo, Pedagogia do Oprimido (1970), Pedagogia da Esperança: um
encontro com a pedagogia do oprimido (1992), e ainda, Pedagogia da Autonomia
(1996), entre outras.
A obra “A importância do ato de ler”, que está atualmente em sua 48.ª edição
(2006), foi publicada pela primeira vez em 1982, pela Editora Cortez. É indicada
principalmente para graduandos e profissionais da área de Pedagogia, visto que
aborda o tema alfabetização/educação de adultos, e é estendida a todos que
consideram a suma importância do ato de ler.
Tratam-se de poucas páginas, resultantes de um trabalho apresentado por
Paulo Freire, na abertura do Congresso Brasileiro de Leitura, realizado em
Campinas em novembro de 1981.

2. Elabore uma síntese tipo esquema, e uma síntese resumo, do referido texto.
RESUMO

Nesta parte da obra, o autor esclarece que a importância do ato de ler se constitui
pela prática da leitura, enfatizando que a leitura do mundo precede a leitura da palavra,
pois como o próprio autor defende, linguagem e realidade se prendem dinamicamente.
Evidencia ainda que esse processo resulta na compreensão crítica transformadora do
mundo.
A leitura do mundo - que tem início na infância e vai se manifestando durante
toda a experiência existencial –, baseada na visão texto-contexto, se liga, em algum
momento, com a leitura da palavra – aqui chamada de alfabetização, ou, em outra
instância, de processo ensino-aprendizagem –, traduzida pela ação pedagógica e
realizada pelos eixos educador - educando, que num ato criador, promovem a
decodificação da realidade. É importante ressaltar que o processo da leitura, à medida
que se perfaz, torna-se ato de libertação, ao mesmo tempo que sua prática conduz ao
desenvolvimento da percepção crítica, fundamental no desvelamento do mundo, com
destaque à indissociação entre o ato de ler e o ato de escrever.
Percebe-se ainda, pelas palavras do autor, a importância dada à superação da
visão mágica da palavra escrita, na relação estabelecida entre quantidade e qualidade de
leitura. É importante ler bastante, sobretudo os clássicos, porém é mais importante
ainda, ler compreendendo, a assim, criar uma disciplina intelectual que dê suporte ou
viabiliza a prática educativa. Resta ainda assinalar, a natureza política do ato educativo,
considerado por Freire como um ato criador, que culmina num movimento dinâmico
em que a leitura de mundo precede a leitura da palavra e mais, influencia a forma de
reescrever esse mundo e de transformá-lo pelo exercício da prática consciente.
Do texto de Freire extrai-se que o ato de ler, enquanto movimento dinâmico, é
capaz de possibilitar a passagem da consciência mágica à consciência crítica, dando
visibilidade ao papel político da educação, tornando-a instrumento de ação contra-
hegemônica, que pela prática de construção e libertação, transforma o ser humano em
sujeito da história.
3. Indique três intertextualizações explícitas ou implícitas no texto. Justifique
os porquês dessas inferências.

Pela leitura do texto, notam-se referências de alguns autores, como seguem:

• As teses sobre Feuerbach, de Marx


Tal citação aparece no texto para exemplificar a relação
quantidade/qualidade de leitura quando da magicização da leitura da
palavra. Paulo Freire considera a importância de ler bastante, porém com
qualidade, ou seja, compreendendo o que está sendo lido. Há que se
comentar também, a ligação do autor com a escola marxista, uma vez que
cita tal documento como um dos documentos filosóficos mais
importantes de que se dispõe, da autoria de Karl Marx, intelectual e
revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna.

• Gilberto Freyre, Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado


O autor faz alusão às obras desses autores, que compuseram o seu
programa de aulas enquanto professor de língua portuguesa, e menciona
a demora na análise dos textos além de comentar sobre o bom gosto de
sua linguagem. É interessante observar, que ele mesmo os selecionava
para trabalhar com os alunos, estando de certa forma, se manifestando
quanto à sua prática educativa, e impelindo o leitor a considerar bons
autores na escolha de suas leituras.

• Gramsci
Este autor é citado ao final do texto quando Freire aborda a questão
contra-hegemônica da leitura crítica da realidade. A teoria hegemônica
de Gramsci - político, cientista político, comunista e antifascista italiano
– está ligada à sua concepção de estado capitalista. Em sua obra, Os
Cadernos do Cárcere, evidencia a necessidade de criar uma cultura
própria dos trabalhadores, e esta relaciona-se com o seu apelo por um
tipo de educação que permita o surgimento de intelectuais que partilhem
dos mesmos ideais de luta da massa desses trabalhadores. Neste aspecto,
os adeptos da educação adulta popular, especialmente Paulo Freire,
tomam Gramsci por referência. Seu sistema educacional pode ser
definido dentro do âmbito da pedagogia crítica, em que o processo de
alfabetização (palavramundo) traduz-se em práticas de mobilização e
organização, constituindo-se na ação contra-hegemônica.

Além das referências explícitas, nota-se que as idéias de Paulo Freire vão ao
encontro das idéias de outros pensadores da educação, fato que vem reafirmar sua
teoria, por exemplo:

Marisa Lajolo1: enfatiza a importância de se entender a leitura, de como fazê-la


e de como ela é parte integrante da vida das pessoas e que ler se aprende à medida que
se vive, entre outras idéias.

Ezequiel Theodoro da Silva2: evidencia que o ato de ler não é a simples


decodificação de sinais. Para Ler é necessário apreensão, apropriação e transformação
dos significados a partir do texto. A leitura não tem como finalidade à memorização,
mas a compreensão e a crítica, única forma do sujeito construir seu próprio texto,
ampliar seus horizontes e dos outros com os quais compartilhará suas descobertas.

Ângela Kleiman3: a prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o


momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta, e por isso
precisa permitir que o aprendizado do sentido do texto, não podendo transformar-se em
uma mera decifração de signos lingüísticos, sem a compreensão semântica dos mesmos.

1
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6. ed. São Paulo: Ática, 2008.
2
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de Ler: Fundamentos Psicológicos para uma Nova Pedagogia da
Leitura. São Paulo: Cortez Editora, 2002
3
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. 5ª ed. Campinas: Pontes,1997.
4. Faça um comentário crítico, a partir da leitura reflexivo crítica.

Para quem busca e pensa uma sociedade transformada, que valoriza as


experiências e vivencia a educação como prática concreta de libertação e de construção
da história, extrai-se que a leitura é muito importante para o desenvolvimento de uma
reflexão crítica que proporcione ao ser humano a saída da consciência mágica - que
torna as pessoas alienadas e vulneráveis – e a entrada no senso crítico, que permite a sua
interação com o mundo em que vive, tornando sua experiência emancipadora.
Não se trata de um texto sobre técnicas de leitura, até porque, o autor condena
a visão mágica do ato de ler, mas sim e principalmente, de um apelo à consciência de
cada um, por ensejar uma mudança na maneira de ver a educação, e consequentemente
o processo ensino-aprendizagem/alfabetização que por sua natureza política, requer
práticas coerentes. Se não é possível pensar a educação sem pensar o poder , esta se
torna uma reprodução da ideologia dominante.
Assim, por meio de uma linguagem acessível e dialógica, Paulo Freire
incentiva o leitor a ter uma visão ampla da palavra, despertando-o para o desvelamento
da realidade – propiciado pela leitura crítica – e colocando-o o em condições de
entender a sua busca por um mundo melhor.
É uma leitura curta, porém significativa, na busca da leitura dos sentidos e não
somente das palavras.

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