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ARTROPLASTIAS NAS FRACTURAS DO COLO DO FÉMUR

Paulo Almeida, Leonor Fernandes, Mário Tapadinhas, João Jacinto, Craveiro Lopes
Serviço de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada; Portugal

RESUMO

Os Autores reviram as fracturas intracapsulares do colo do fémur internadas no período


de 1 de Janeiro de 2005 a 31 de Dezembro de 2006 no Serviço de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital Garcia de Orta - Almada. Durante esse período foram
internadas 309 fracturas do colo do fémur.

Os AA constataram um predomínio dos doentes do sexo feminino, com incremento da


incidência na 7ª e 8ª décadas de vida.

Foram tratadas cirurgicamente 302 fracturas, sendo efectuadas 211 artroplastias parciais
da anca, 56 artroplastias totais da anca, 31 osteossínteses e 4 operações de Girdlstone.
Os restantes 5 doentes foram tratados conservadoramente. Dois doentes faleceram antes
de qualquer intervenção cirúrgica.

As opções terapêuticas foram efectuadas tendo em conta o tipo de fractura, idade e


estado geral do doente.

O principal objectivo do tratamento deste tipo de fractura é o rápido retorno do doente


ao seu nível de funcionalidade anterior, diminuindo as complicações da imobilização.

A artroplastia da anca permite uma mobilização, levante e deambulação precoce, sendo


por estes motivos uma das opções terapêuticas de eleição para o tratamento das
fracturas do colo do fémur.

ABSTRACT

The Authors revised the intracapsular fractures of the neck of femur admitted in the
Orthopaedic and Traumatology Department of the Garcia de Orta Hospital - Almada,
between January 1st 2005 and December 31 st 2006. During that time were admitted 309
fractures of the neck of femur.

The AA verified a predominance of female gender between the 7th and 8 th decades of
life.

302 fractures were treated surgically: 221 partial hip arthroplasty, 56 total hip
arthroplasty, 31 ostheosyntesis and 4 Girdlstone procedures. 5 patients were treated
conservatively. 2 patients died before any procedure.

The surgical options were taken based on fracture personality, age and status of general
health of patient.
The main objective of treatment of this kind of fractures is a quick return of patients to a
previous status of funtion.

Since after hip arthroplasty its possible early mobilization, weight bearing and
deambulation, this is a major treatment option for this kind of fractures.

INTRODUÇÃO

As fracturas da extremidade proximal do fémur, são frequentes em pessoas de idade


avançada, com índices de morbilidade e mortalidade elevada. No ano de 1990 correram
1,7 milhões de fracturas da extremidade proximal do fémur em todo o Mundo,
calculando-se que em 2050 sejam 6,26 milhões. Os índices de morbilidade e
mortalidade são elevados: apenas 50% dos doentes retomam a sua funcionalidade
anterior e entre 17 e 30% dos doentes vêm a falecer nos 6 meses seguintes. Os custos
directos e indirectos são também elevados.

A idade média de incidência das fracturas do colo do fémur é de 77 anos para as


mulheres e 72 anos para os homens. Cerca de 80% delas ocorrem em doentes do sexo
feminino. Nestas doentes a incidência duplica cada 5 a 6 anos após os 30 anos.

A incidência em doentes jovens é baixa e está geralmente associada a traumatismos de


alta energia cinética.

Os factores de risco associados a este tipo de fractura são sexo feminino, raça
caucasiana, idade avançada, mau estado geral, consumo de álcool e tabaco, fractura
prévia, história de queda e baixo nível de estrogénios.

O principal objectivo do tratamento deste tipo de fractura é o rápido retorno do doente


ao seu nível de funcionalidade anterior.

DMM, 73 ANOS, SEXO FEMININO

MATERIAL E MÉTODOS

De 1 de Janeiro de 2005 a 31 de Dezembro de 2006 foram internadas 309 fracturas do


colo do fémur no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Garcia de Orta -
Almada. Este número correspondeu a 306 doentes com este diagnóstico, sendo estes
15,4% dos doentes internados em Traumatologia.

Deste doentes 79% eram do sexo feminino com uma média de idades de 79,4 anos.

Foram tratadas cirurgicamente 302 fracturas, sendo efectuadas 211 artroplastias parciais
da anca, 56 artroplastias totais da anca, 31 osteossínteses e 4 operações de Girdlstone.

Os autores verificaram um maior número de fracturas nos dois primeiros meses de


ambos os anos.

GCC, 89 ANOS SEXO FEMININO

As doenças associadas encontradas são aquelas mais prevalentes, de uma forma geral
neste grupo etário:

Cardíacas/ cardiovasculares
– Disritmias
– Angina de peito
– Enfarte do miocárdio prévio
– Hipertensão arterial
Respiratórias
– DPOC
Endócrinas
– Diabetes

Alguns dos doentes apresentavam traumatismos associados que se distribuíram da


seguinte forma:

Fractura distal dos ossos do antebraço


– 5 casos
Fractura do colo do úmero
– 2 casos
Traumatismo torácico fechado
– 1 caso
Fractura dos ossos do antebraço
– 1 caso
Fractura bimaleolar
– 1 caso
Os autores verificaram ainda uma baixa adesão/prescrição de terapêutica anti-
reabsortiva óssea, panorama que pouco se alterou no pós-fractura.

As opções terapêuticas foram efectuadas tendo em conta o tipo de fractura, idade e


estado geral do doente. Efectuaram-se 56 artroplastias totais da anca em doentes com
maior esperança de vida e/ou coxartrose. È norma do Serviço utilizar hastes rectas de
titânio totalmente revestidas a hidroxiapatite, componentes acetabulares de titânio
revestidos a hidroxiapatite impactados e pars articulares polietileno/cabeça metálica ou
cerâmica/cerâmica.

ANS, 95 ANOS, SEXO MASCULINO

Nos 211 casos de artroplastia parcial da anca usaram-se hastes rectas não cimentada
totalmente revestida a hidroxiapatite (168 casos), hastes rectas cimentadas (16 casos),
sempre com cabeça fisiológica e nos restantes casos (27) prótese parcial de Moore.

O tempo de internamento médio foi de 9,4 dias com um mínimo de 5 e um máximo de


85 dias.

VV, 96 ANOS, SEXO FEMININO

A mortalidade registada no internamento foi de 7 doentes, dois dos quais antes de ter
ocorrido qualquer intervenção cirúrgica e 5 no pós operatório.

Em relação às complicações ocorridas distribuíram-se da seguinte forma:

• Infecção – 3 casos
• Luxação – 2 casos
• Pneumonia – 6 casos
• Enfarte do miocárdio – 1 caso
Verificou-se ainda a ocorrência de anemia pós operatória com recurso a suporte
transfusional em 72% dos doentes.

Distribuição por sexos

21%

Se xo M asculino
Se xo Fe minino

79%

Sazonalidade acumulada 2005/2006


ai

ut
br

t
ar
v
n

go
n

ov

ez
Ju

Se
Fe
Ja

Ju
M

O
M

D
A

RESULTADOS

Para a realização deste trabalho procedeu-se a:


• Revisão documental dos doentes submetidos a artroplastia da anca
• Revisão de arquivo radiológico
• Contacto telefónico

Do total de doentes operados não foi possível contactar por via telefónica 63 destes.
Do contacto telefónico os autores verificaram o falecimento de 38 doentes após a alta do
internamento decorrente da fractura, perfazendo um total de 45 óbitos.

Dos doentes operados, 51 ficaram totalmente dependentes de terceira pessoa, 5


submetidos a artroplastia total da anca e 46 a artroplastia parcial da anca. Estes doentes
correspondem a 20% dos submetidos a artroplastia da anca no contexto de fractura do
colo do fémur.

Foi possível rever 159 artroplastias ( 46 artroplastias totais, 113 artroplastias parciais,
incluindo 8 Moore e105 intermediárias )

Os autores reviram os doentes submetidos a artroplastia total e parcial da anca em


separado, nos parâmetros de dor, limitação das actividades da vida diária (AVD) e
utilização de auxiliares de marcha.

DOR – PTA

16
14
12
10 Constante
Frequente
8
Rara
6
Ausente
4
2
0

ACTIVIDADE VD – PTA

30

25

20
Sem limitações
15
Com limitações
10

0 AUXILIARES DE MARCHA - PTA


AUXILIARES DE MARCHA - PTA

25

20

15
Sem auxiliares
Com auxiliares
10
DOR - PPA
5

DOR - PPA

60

50

40 Constante
Frequente
30
AVD - PPA Rara
20 Ausente

10

0
ACTIVIDADES VD - PPA

90
80
70
60
50 Sem limitações
40 Com limitações
30
20
10
0

AUXILIARES DE MARCHA

100

80

60
Sem auxiliares

40 Com auxiliares

20

Os autores verificaram um resultado funcional mais favorável nos doentes submetidos a


artroplastia total da anca.

A queixa mais vezes referida pelos doentes foi a dor.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
As fracturas da extremidade proximal do fémur são frequentes em pessoas de idade
avançada, com índices de morbilidade e mortalidade elevada: apenas 50% dos doentes
retomam a sua funcionalidade anterior e entre 17 e 30% dos doentes vêm a falecer até
aos 6 meses. Os custos directos e indirectos são também elevados.
Em relação aos doentes estudados pelos Autores, o custo médio do internamento
hospitalar por doente (GDH) variou entre 7374,98 e 7428,16 Euros.
A taxa de mortalidade nesta série foi de 22,1%.

A taxa de doentes que após a alta se encontra dependente é de 20%.

Do ponto de vista funcional, os doentes submetidos a artroplastia total da anca


encontram-se de uma forma geral melhor do que os submetidos a artroplastia parcial da
anca.

Trata-se de uma situação com custos elevados:


– Financeiros
– Sociais
– Familiares

O principal objectivo do tratamento deste tipo de fractura é o rápido retorno do doente
ao seu nível de funcionalidade anterior diminuindo as complicações da imobilização.

A artroplastia da anca permite uma mobilização, levante e deambulação precoce, sendo


por estes motivos uma das opções terapêuticas de eleição para o tratamento das
fracturas do colo do fémur.

BIBLIOGRAFIA

- Fracturas da extremidade proximal do fémur no idoso - Recomendações para


intervenção terapêutica, Lisboa - Direcção Geral de Saúde. 2003
- Rockwood and Green"s, Fractures in Adults - 6 ed - Lippincott Williams &
Wilkins
- Surgical Techniques in Orthopaedics and Traumatology - EFFORT , Elsevier
- Netter - Atlas prático de Anatomia Ortopédica - MASSON
- Campbell - Cirurgia Ortopédica, Novena Edicion - Mosby
- Current Diagnosis and Treatment - Orthopaedics, fourth edition - McGraw Hill

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