You are on page 1of 53

SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA

DUO INFORMAÇÃO E CULTURA


ATENDIMENTO AOS PONTOS DE CULTURA APROVADOS NO EDITAL DE 2010.

Caros gestores dos Pontos de Cultura,

Elaboramos o documento abaixo a partir de diversas perguntas que nos chegaram, seja por
meio da Plataforma de Educação a Distância (EAD|DUO), seja por e-mail ou telefone, entre os
meses de agosto a dezembro de 2010.

Mais que fornecer informações relevantes a todos os Pontos de Cultura conveniados, nosso
intuito é o de fortalecer a troca de experiências que possam colaborar com a qualidade do
trabalho de todos.

Assim, vocês encontrarão, nas próximas páginas, uma série de perguntas e respostas, enviadas
por diversos Pontos, respondidas pelos profissionais contratados para tirar dúvidas e assessorar
na execução dos convênios, Prof. Otávio Pedersoli, Prof. Welington Carvalho e Prof. Celso
Lembi. Procuramos extrair dos conteúdos originais os nomes dos Pontos de Cultura e de
pessoas citadas, pois sabemos que diversas dúvidas que nos chegam são comuns a muitos e
fazem parte do cotidiano de todos.

Começamos o documento com um trecho do diálogo postado na Plataforma EAD|DUO, entre o


prof. Otávio e a Erika Curtis, gestora atuante na Rede, membro do Pontos de Cultura Auta de
Souza, da cidade de Ouro Preto e que muito contribuiu com nossa reflexão e ação.

(...)Precisamos ter clareza quanto a duas visões: uma política e outra jurídica. Na esfera
política, sou a favor da mobilização dos Pontos. Através de engajamento político, participação
cidadã ativa, organização em rede, deve crescer o movimento e a luta por condições mais
apropriadas para a realidade dos Pontos. Mas há uma visão jurídica que não podemos perder de
vista. Ou seja, paralelamente ao "agir político", existe uma realidade: os Pontos celebraram um
convênio. Esse convênio tem regras. Essas regras devem ser obedecidas, sob pena de
problemas futuros. Meu papel, acredito, é exatamente o de tentar ajudá-los a evitar problemas
futuros. Então, neste espaço, cumpre-me passar para vocês a forma jurídica mais segura de
agir.”

1
Nós, da Secretaria de Estado de Cultura e da DUO Informação e Cultura, permanecemos
disponíveis e esperamos que o compartilhamento das dificuldades, dúvidas e sugestões de
todos, traga como resultados muitas alegrias colhidas por vocês no bom andamento dos
projetos e das atividades que cada um realizar.

COMO UTILIZAR O DOCUMENTO DE DÚVIDAS MAIS FREQUENTES:

Organizamos este documento por três grandes temas, sendo:


1) Processos licitatórios, compras e contratação de serviços e produtos (inclui os itens do kit
multimídia) – página 03
2) Contratação de mão de obra – página 26
3) Gestão administrativa, financeira e contábil, aspectos da readequação – página 37

Para cada desses temas, agrupamos os assuntos mais freqüentes e as perguntas mais comuns
apresentadas pelos Pontos de Cultura. Em alguns casos, o conteúdo foi agrupado em uma única
pergunta, cuja resposta está logo abaixo. Em outros, foram inseridas mais de uma pergunta e
resposta, numeradas na seqüencia.

Nossa sugestão é que você faça uma leitura geral do documento, buscando identificar questões
relativas às dificuldades que tenha encontrado, ou mesmo àquelas pelas quais passou e onde
não tenha encontrado desafios, mas que podem ser relevantes para aprimorar e facilitar seu
desempenho.

Utilizando o sistema de pesquisa em seu computador (geralmente um ícone em formato de


binóculo na tela onde se lê o documento pdf.), você pode digitar palavras-chave para encontrar
perguntas e respostas de forma rápida. Por exemplo, digitando a palavra “INSS”, vão aparecer
na tela todas as expressões onde este termo foi citado, seja em perguntas ou respostas em
relação aos aspectos jurídicos ou contábeis deste tema.

Certamente você terá perguntas que não constam neste documento, e poderá fazê-las por meio
da Plataforma EAD|DUO, ou pelo e-mail atendimento@duo.inf.br. É sempre importante
compartilhar as dificuldades encontradas para que as soluções cheguem a todos!

Boa leitura!

2
TEMAS: PROCESSOS LICITATÓRIOS, COMPRAS E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS E
PRODUTOS.

ASSUNTO: ÊXITO NO PROCESSO LICITATÓRIO QUANTO À QUALIDADE DOS


SERVIÇOS A SEREM CONTRATADOS

Pergunta: Tenho receios de que, ao divulgar a abertura de vaga para oficineiro,


apareçam pessoas desqualificadas mas que apresentem menor preço e, assim,
vençam a concorrência. Estou me munindo de exigências para comprovação da
capacidade técnica, como um dossiê contendo materiais comprobatórios de
experiência. Esse é o procedimento correto?

Resposta: As regras para definir as exigências de qualificação técnica num processo licitatório
podem ser estabelecidas pelo próprio Ponto de Cultura, conforme o objeto a ser adquirido. Você
pode sim exigir a apresentação de dossiê contendo fotos, recortes de jornal, certificados que
comprovem que o licitante tem experiência na execução do objeto. O Ponto pode e deve tomar
cuidados para garantir que o contratado tenha a qualificação necessária para assumir a
responsabilidade do contrato. O que o Ponto não pode fazer é estabelecer critérios subjetivos,
exigências que limitem a competição injustificadamente, dirigir o CONVITE para uma marca
determinada (se for produto).
Só para você ter uma noção, sugiro ler os artigos 27 a 32 da Lei 8.666/1993. Você os encontra
facilmente na internet. Só que estes artigos não se aplicam "ao pé da letra" aos Pontos de
Cultura. É que, como estabelece o Decreto Estadual 43.635/2003, somos obrigados a usar
procedimentos análogos e não necessariamente idênticos àqueles previstos na Lei de Licitações
(8.666/1993). Veja o que diz o artigo 20 do citado Decreto Estadual: Art. 20. A liquidação da
despesa somente poderá ser realizada, respeitada a legislação em vigor, através da
apresentação de documentação comprobatória hábil. Parágrafo único. Se o convenente for
entidade privada, deverá, na execução das despesas, adotar procedimentos análogos aos
previstos nas leis de licitações e contratos aplicáveis à Administração Pública Estadual, devendo
o processo ser instruído com os seguintes elementos: I - razão da escolha do fornecedor ou
executor; e II - justificativa do preço, comprovando a sua compatibilidade com o preço de
mercado.

3
ASSUNTO: REGISTRO E DOCUMENTAÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO

Pergunta: Quais os documentos devo guardar, referentes ao processo licitatório?

Resposta: Os documentos são:


- Documento de Nomeação da Comissão de Licitação (portaria da Diretoria ou Presidente da
entidade);
- Ata do dia da análise das propostas e as decisões tomadas, assinada pela Comissão de
Licitação;
- Edital contendo todas as informações sobre o processo licitatório;
- Contrato assinado com o vencedor da licitação;
- Lista com os materiais adquiridos.
Importante também guardar todas as propostas e documentos apresentados pelas empresas
licitantes (não apenas da vencedora, mas também das outras), como envelopes e registro dos
correios dos materiais recebidos, anexos, documentos das empresas e pessoas concorrentes.
Isso provará que a licitação (modalidade convite) foi bem sucedida, ou seja, que o Ponto de
Cultura recebeu, pelo menos, 3 propostas válidas. Ou seja, vale colocar no edital que nenhum
documento apresentado por qualquer concorrente será devolvido!

ASSUNTO: PASSO A PASSO DA LICITAÇÃO SOB A MODALIDADE CONVITE

Pergunta: Qual o passo a passo do processo licitatório na modalidade convite?

Resposta: O primeiro passo é abrir uma pasta e escrever a indicação sucinta do objeto que se
pretende adquirir (bem ou serviço) e justificar sua utilidade para a realização do objeto do
convênio, bem como detalhar de onde virá o recurso próprio para a despesa. Isso pode ser feito
através de uma ata de reunião da diretoria da entidade responsável pela realização do projeto,
por exemplo. Sugere-se que todos os membros da Diretoria assinem ou, no mínimo, o
representante legal da entidade e o responsável pela execução do convênio. Deve ser juntada,
oportunamente, à mesma pasta uma via de todos os convites feitos, com os respectivos
comprovantes de entrega aos potenciais fornecedores (pode ser o protocolo de entrega se ela
foi feita pessoalmente; o comprovante de Aviso de Recebimento se enviado pelo correio etc).
Ao fazer o convite, são necessários alguns cuidados. É importante detalhar o que está sendo

4
licitado de forma clara e objetiva. Mas cuidado para não “dirigir” a descrição do objeto
contratado para uma marca determinada. Escolher uma marca específica de produto é vedado
pela Lei de Licitações. O objetivo da descrição clara é apenas evitar “comprar gato por lebre” e
garantir a qualidade do que se está adquirindo. Marque data e horário limite para entrega das
propostas pelos fornecedores potenciais. No dia e horário designado, faça a sessão de abertura
dos envelopes em observância à publicidade. Assim, caso alguém da comunidade queira assistir
ao procedimento, deve ser permitido. É importante fazer uma ata escrevendo os principais fatos
da sessão de abertura e julgamento das propostas. Deixe claro no convite que a empresa
proponente deve entregar dois envelopes lacrados. Em um, ela coloca a proposta comercial; no
outro, os documentos de habilitação que o convite, por ventura, esteja exigindo. Veja, neste
particular, o que diz o artigo 28 e seguintes da Lei 8.666/93. Mas note que o artigo 32 faculta a
dispensa de tais exigências documentais: Art. 32 (...) § 1o A documentação de que tratam os
arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite,
concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão. (grifou-se) Quando se tratar de
uma compra mais significativa, devem ser exigidas algumas certidões para análise da segurança
da operação e da idoneidade do fornecedor. Essa cautela pode ajudar a selecionar um
fornecedor mais sério e confiável. Recomendo exigir, no mínimo CND da Receita Federal do
Brasil e de regularidade com o FGTS. Veja artigo 28 a 32 da Lei 8.666/1993. Cabe ao Ponto de
Cultura, no caso concreto, avaliar com bom senso o que convém requerer antes da contratação.
Faça uma ata da sessão de abertura, fundamentando a decisão. Qual o fornecedor ganhou o
CONVITE e o porquê. Se desclassificar algum fornecedor, isso deve ser fundamentado e
explicado o motivo de forma objetiva (Ex: não apresentou uma certidão exigida previamente no
convite). Entregue os convites mediante protocolo ou via correio (com Aviso de Recebimento).
Arquive cópia de tudo, inclusive do comprovante de que convidou, no mínimo, três
fornecedores. Se puder, convide mais de três para garantir pelo menos três propostas. Isso
apenas para dar mais transparência ao processo e garantir a maior competitividade. Mas a Lei
exige que, pelo menos, três fornecedores sejam convidados. O que for possível comprar num
processo único (“pacote”) para garantir maior poder de barganha e melhor preço pode ser feito
de forma unificada. Mas a proposta deve especificar o preço de cada item. É preciso definir no
convite se o critério de julgamento será o preço global ou por cada item. O objetivo é comprar
com a maior qualidade, segurança e melhor preço possível. Outra cautela fundamental é a
exigência de Nota Fiscal de tudo o que for adquiridor pelo Ponto de Cultura de pessoa jurídica.
Se o fornecedor for pessoa física, deve-se exigir, no mínimo, recibo escrito e assinado,
constando-se todos os dados da pessoa (Identidade, CPF, endereço completo etc). Sempre
pagar mediante cheque nominativo ou ordem bancária identificada. É que o dinheiro público

5
precisa, se necessário, ser lastreado, para se garantir que efetivamente ele foi utilizado de
forma moral, transparente, pública, impessoal, eficiente etc, justamente em respeito aos
princípios acima explicados. Devem-se escolher na entidade convenente algumas pessoas que
tenham mais afinidade com a leitura de leis, que sejam organizadas e dispostas a conduzir o
procedimento licitatório da melhor maneira possível. Elas podem ser nomeadas, por exemplo,
através de uma Portaria do Presidente ou da Diretoria da própria entidade. Os originais das
propostas dos fornecedores e os documentos que as instruírem devem ser arquivados na
mesma pasta, assim como as atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora das
propostas. Ao fazer o julgamento, o mesmo deve ser escrito em ata e fundamentado de
maneira clara e objetiva. Se algum fornecedor for inabilitado, tal decisão deve ser justa e
criteriosa, não podendo ser pessoal ou subjetiva. Em regra, se o fornecedor atendeu às
exigências do convite, deve ser consagrado vencedor da licitação pelo critério do MENOR
PREÇO. Após definir quem foi o fornecedor vencedor, deve ser homologado o resultado e
celebrado um contrato escrito entre o Ponto de Cultura e o fornecedor.
CONVITE não precisa, obrigatoriamente, ser publicado em jornal. Eu até recomendo que seja
(para dar maior transparência). Mas não é obrigatório. O princípio da PUBLICIDADE pode ser
alcançado de outras formas: site do Ponto; Mural da Entidade; Jornalzinho ou Boletim do Ponto
(impresso ou eletrônico) etc. Quanto mais transparência e publicidade, melhor. Mas não é
obrigatório publicar em jornal.

ASSUNTO: DIVULGAÇÃO DO EDITAL DE LICITAÇÃO

Pergunta: O Ponto de Cultura deve publicar em jornal a abertura de um edital de


licitação ou existem outros mecanismos que não gerem ônus financeiro?

Resposta: Não é obrigatória a publicação no Diário Oficial. A transparência e a publicidade


podem ser feitas de várias outras formas no caso do Ponto de Cultura: mural da Associação,
locais públicos, site da entidade, boletim informativo, jornal local etc. Quanto maior a
demonstração de publicidade e transparência, mais credibilidade o projeto transmite.

6
ASSUNTO: COTAÇÃO PRÉVIA E CARTA CONVITE

Pergunta: Em quais casos devo realizar o processo de cotação prévia ou o de


licitação na modalidade convite?

Resposta: 1) As entidades privadas sem fins lucrativos deverão realizar, no mínimo, cotação
prévia de preços no mercado, observados os princípios da impessoalidade, moralidade e
economicidade (para compras até R$ 8.000,00). Acima desse valor, deve ser feita licitação
(modalidade convite). 2) Até R$ 8.000,00, a entidade privada sem fins lucrativos deverá
contratar empresas que tenham participado da cotação prévia de preços, ressalvados os casos
em que não acudirem interessados à cotação, quando será exigida pesquisa ao mercado prévia
à contratação, que deverá conter, no mínimo, orçamentos de três fornecedores. 3) A cotação
prévia de preços está prevista no art. 11 do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007 e na
Portaria Interministerial N° 127, principalmente nos artigos 45 e 46. 4) O Ponto de Cultura deve
fazer uma descrição completa e detalhada do objeto a ser contratado, que deverá estar em
conformidade com o Plano de Trabalho, especificando as quantidades no caso da aquisição de
bens. 5) Se o valor for superior a R$ 8.000,00 deve ser feita licitação (modalidade convite).
Neste caso, o Ponto deve encaminhar convite escrito para, no mínimo, três fornecedores. Deve
repetir o convite (até conseguir três propostas válidas) ou fazer uma justificativa escrita,
demonstrando porque não conseguiu as 3 propostas. 5.1) Deve definir prazo para o
recebimento de propostas. Sugestão: marcar a data de abertura das proposta para quinze dias
para frente. 6) O critério para a seleção da proposta deve ser o menor preço, sendo admitida a
definição de outros critérios relacionados a qualificações especialmente relevantes do objeto,
tais como o valor técnico, o caráter funcional, as características ambientais, o custo de
utilização, a rentabilidade. Os critérios devem ser objetivos e nunca subjetivos. A compra não
deve ser dirigida para uma "marca ou fabricante determinado". 7) O Ponto deve pedir propostas
com prazo de validade (sugestão: até sessenta dias). 8) O Ponto de Cultura deve, em decisão
fundamentada (escrita) selecionar a proposta mais vantajosa, segundo os critérios objetivos
definidos no convite. 9) Para definição do valor (mais ou menos de R$ 8.000,00) e da forma de
aquisição (cotação prévia ou licitação/convite), devem ser somadas as parcelas de uma mesma
obra, serviço ou compra ou ainda para obras, serviços e compras da mesma natureza e no
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente. 10) Quando, em razão
da natureza do objeto, não houver pluralidade de opções, o Ponto deve fazer uma justificativa
escrita, bem como comprovar que os preços estão razoáveis e dentro do valor de mercado,

7
respeitando também o plano de trabalho aprovado. Seguindo essas orientações, pessoal, vamos
evitar problemas futuros com a Prestação de Contas.

ASSUNTO: PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS NO PROCESSO DE TOMADA DE PREÇOS


OU CONVITE

Pergunta: A tomada de preços para professores pode ser feita com pessoa física e
jurídica ao mesmo tempo? Por exemplo, posso orçar as aulas com duas cooperativas
e com um professor para atenderem à mesma atividade? Isto é válido na
comparação de preços?

Resposta: Essa pergunta permite-nos fazer algumas considerações importantes. Primeiro


passo: avaliar se, no caso, o Ponto é obrigado a fazer COTAÇÃO PRÉVIA ou LICITAÇÃO
(CONVITE). O que vai definir isso? O valor que será gasto nesta rubrica. Melhor explicando: se
meu gasto com o professor vai ser de menos de R$ 8.000,00, não sou obrigado a fazer licitação
(CONVITE). Neste caso, bastará realizar a COTAÇÃO PRÉVIA. Agora, se ao longo da execução
do plano de trabalho, este gasto vai superar os R$ 8.000,00 (somando o que gastarei mês a
mês)então deve ser realizada a licitação (na modalidade CONVITE). Lembrada essa diferença
entre COTAÇÃO PRÉVIA e CONVITE, vamos voltar à pergunta. É possível, em tese, comparar
valores entre um fornecedor pessoa física e um fornecedor pessoa jurídica. Só que há um
aspecto importante: na administração dos recursos públicos, devemos ser EFICIENTES.
Lembrem-se do PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA estudado no curso. Leiam o artigo 37 da
Constituição de 1988. Além disso, é preciso que o Ponto de Cultura defina um critério OBJETIVO
de comparação. Por exemplo: valor da hora/aula ou valor mensal. Os fornecedores têm direito a
receber um tratamento IGUALITÁRIO na avaliação de suas propostas. Assim, sugiro considerar
o valor final que será aplicado naquele gasto e avaliar o que é mais vantajoso para o Ponto de
Cultura (mais eficiente). O que estou querendo dizer com isso? Quando o Ponto paga uma
pessoa natural (física) através de um RPA (Recibo de Pagamento a Autônomo), além do valor
que o professor vai receber, o Ponto terá um "gasto extra" de 20% de contribuição
previdenciária. Quando o Ponto paga uma pessoa jurídica (mediante Nota Fiscal) não há esse
"gasto extra" de 20% de contribuição previdenciária. Então, nesse sentido, é mais EFICIENTE
contratar uma pessoa jurídica do que uma pessoa física. Só que, no dia a dia e na realidade dos
Pontos, muitas vezes, não há como contratar uma pessoa jurídica, sendo a única saída possível
contratar uma pessoa física. Neste caso, é perfeitamente possível contratar uma pessoa física,

8
tomando os cuidados necessários para respeitar a legislação trabalhista. Em resumo, para fazer
comparação de preços, você deve definir critérios objetivos e igualitários (para que seu
julgamento seja OBJETIVO e EFICIENTE). Neste sentido, o mais simples, prático e fácil é
comparar fornecedores do mesmo tipo (pessoa física, por exemplo). Isso porque se o Ponto
pegar dois orçamentos de pessoa jurídica e um de pessoa física ele precisa considerar que,
além do valor final que será pago ao fornecedor, haverá diferença na tributação a que o Ponto
estará sujeito. E isso, segundo o princípio da EFICIÊNCIA, também precisa ser levado em conta
na avaliação da melhor proposta para o Ponto.

ASSUNTO: LICITAÇÃO UTILIZANDO PREGÃO

Pergunta 1: É obrigatório no processo de licitação a realização de pregão? Também


tenho que publicar o edital de licitação em jornal de grande circulação?Esses dois
procedimentos custariam muito caro para nós e não temos essa previsão no
orçamento.

Resposta 1: A Lei Federal 10.520/2002 (lei que trata da modalidade de licitação denominada
PREGÃO) não é obrigatória para os Pontos de Cultura. A própria Comissão Gestora do SICONV
já prestou o seguinte esclarecimento sobre o assunto: “6 - Obediência à Lei de Licitações (Lei
8.666/93) Esclarecemos que, em razão do disposto no art. 11 do Decreto nº 6.170, de 2007,
entende-se existir uma revogação tácita do art. 1º, § 1º do Decreto nº 5.504, de 2005, ou seja,
inexiste necessidade das entidades privadas sem fins lucrativos realizarem pregão para
selecionar os terceiros com quem irão contratar. Conforme disposto no Decreto, além dos
princípios da impessoalidade, moralidade e economicidade, as entidades privadas sem fins
lucrativos deverão realizar, no mínimo, cotação prévia de preços no mercado, nos moldes dos
artigos 45 a 47 da Portaria nº 127/2008. Enquanto o SICONV não permite a realização da
cotação prévia, ou seja, até 1º de janeiro de 2009, deve ser aplicado o parágrafo único do
artigo 45 da Portaria nº 127/2008, vale dizer, durante este período, as entidades privadas sem
fins lucrativos farão a cotação de preços no mercado, mediante a apresentação de no mínimo
três orçamentos”. Então, respondendo a sua pergunta, o Ponto não é obrigado a fazer o pregão
mas, se quiser, pode fazê-lo.
Sobre a publicação, a citada Lei Federal 10.520/2002, em seu artigo 4°, estabelece: "Art. 4º A
fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as

9
seguintes regras: I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de
aviso em diário oficial do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação
local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de
grande circulação, nos termos do regulamento de que trata o art. 2º;" Entretanto, creio que
exigir isso para um Ponto de Cultura seria excessivo. Então, se vocês quiserem, podem observar
a regra acima (sobre publicação). Contudo, não entendo que seja obrigatória para o Ponto de
Cultura. Ademais, o próprio Decreto Estadual 43.635/2003 (trata de convênios e prestação de
contas em Minas Gerais) dispõe assim: "Art. 20. A liquidação da despesa somente poderá ser
realizada, respeitada a legislação em vigor, através da apresentação de documentação
comprobatória hábil. Parágrafo único. Se o convenente for entidade privada, deverá, na
execução das despesas, adotar procedimentos análogos aos previstos nas leis de licitações e
contratos aplicáveis à Administração Pública Estadual, devendo o processo ser instruído com os
seguintes elementos: I - razão da escolha do fornecedor ou executor; e II - justificativa do
preço, comprovando a sua compatibilidade com o preço de mercado". Ou seja, os Pontos
devem adotar procedimentos análogos e não necessariamente iguais àqueles aplicáveis a
Prefeituras etc. Em resumo, o princípio da PUBLICIDADE (artigo 37 da Constituição de 1988)
pode ser alcançado de outras formas além da publicação no Diário Oficial. O Ponto pode
divulgar no site da entidade, no Boletim Informativo, no mural, em jornal local, enfim, quanto
mais divulgação, maior a transparência para as atividades do Ponto e também melhores as
chances de executar o convênio com EFICIÊNCIA (outro princípio previsto no artigo 37 da
CR/1988).

Pergunta 2: Não conheço três empresas locais para enviar convites, conheço apenas
uma, portanto estou pensando em fazer pregão presencial. Ele terá validade com
menos de três empresas?

Resposta 2: Se você não conhece três empresas locais para enviar convites, pode encaminhar
convites para empresas das imediações. Exceto se, pela natureza do objeto, haja uma
justificativa para assim não agir. Neste caso, é preciso fundamentar por escrito qual o
impedimento fático. Você pode fazer pregão presencial ou até mesmo eletrônico (em parceria
com alguma outra instituição) embora o Ponto de Cultura não seja obrigado a fazer pregão.
Neste caso, o ideal é que tenham pelo menos três empresas participantes. Se não conseguir
três, você terá que repetir o procedimento e, ainda não conseguindo, justificar por escrito os
motivos de tal situação (restrição do mercado ou desinteresse dos convidados).

10
ASSUNTO: TIPOS E QUANTIDADE DE FORNECEDORES

Pergunta: Posso fragmentar o pagamento de um serviço ou produto contratando ou


comprando de mais de um fornecedor, evitando cair na modalidade convite?

Resposta: Tomar cuidado com o artigo 23, § 5o da Lei Federal 8.666/1993: "Art. 23 [...] § 5o
É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada de preços", conforme o caso, para
parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e
no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o
somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência",
respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que
possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor
da obra ou serviço". Assim, a lógica da Lei (acima transcrita) aplica-se para o mesmo serviço ou
serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente. O objetivo legal é não permitir a "divisão"/fracionamento de uma obra ou
serviço apenas para se burlar a modalidade correta da licitação (concorrência, tomada de
preços etc.). Se os serviços forem de natureza diferente, é possível realizar procedimentos
distintos. Agora, se os serviços forem de mesma natureza, você tem que considerar o somatório
e realizar a licitação (sob modalidade CONVITE) e não a cotação prévia.

ASSUNTO: PERÍODO DE CONTRATAÇÃO DOS PROFISSIONAIS E MODALIDADE DE


LICITAÇÃO

Pergunta: Para distinguir se o processo de aquisição será por meio de cotação prévia
(- de 8.000,00) ou de convite (+ de 8.000,00) devemos considerar o valor total dos 3
anos ou de cada ano separadamente? Por ex: Tenho que considerar os 36 meses de
aluguel para os 3 anos ou posso considerar apenas os 12 meses, ou menos, para
cada ano? Um caso prático: Se meu aluguel for R$ 315,00, devo considerar: 36 x R$
315,00 = R$ 11.340,00 ( valor total) ou 12 x R$ 315,00 = R$ 3.780.00 (valor
anual)?

Resposta: Sua pergunta sobre o prazo que deve ser considerado (1 ano ou 3 anos) para
definir qual procedimento adotar (cotação prévia ou licitação sob a modalidade convite) é muito

11
boa! Não existe uma "resposta matemática" para sua questão. Vamos juntos interpretar a
legislação e tentar chegar em uma conclusão razoável. A Lei 8.666/1993 (Lei Federal de
Licitações) estabelece em seu artigo 23: Art. 23. As modalidades de licitação [...] serão
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
[...] § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas em tantas
parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação
com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade sem perda da economia de escala. § 2o Na execução de obras e serviços e nas
compras de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de
etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada a
modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação. [...] § 5o É vedada a utilização
da modalidade "convite" ou "tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de uma
mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local
que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus
valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência", respectivamente, nos
termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas
por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. [...]
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou
complexo, é permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a
ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a
economia de escala. Então, no caso específico dos Pontos de Cultura, creio que, em regra,
devemos considerar o prazo de 12 meses. Isso para respeitar o cronograma do plano de
trabalho, bem como as parcelas que serão liberadas pela Concedente (3 parcelas anuais). Creio
que este entendimento está respaldado no artigo 23, mormente nos § 1o e § 3o acima
transcritos. Ora, a própria Lei de Licitações estabelece que os serviços serão divididos em tantas
parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação
com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e à ampliação da
competitividade sem perda da economia de escala. Ademais, a mesma lei prevê que, na
execução de serviços e nas compras de bens, admite-se o parcelamento a cada etapa ou
conjunto de etapas, devendo corresponder uma licitação distinta para cada etapa. Assim,
parece-me razoável você considerar o prazo de 1 ano. Só que considerar o período total de 3
anos também não é absurdo. Digo isso com base no § 5o do mesmo artigo 23 acima citado. É
que a Lei pretende evitar que um serviço ou obra (por exemplo) sejam fracionados se eles
puderem ser licitados conjuntamente. Assim, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou
ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas

12
conjunta e concomitantemente, deve-se, em regra, adotar procedimento único de licitação,
exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou
empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. Então, no caso de
aluguel (conforme sua pergunta) pela lógica e pelo bom senso, é razoável deduzir que o Ponto
de Cultura deverá ficar os 3 anos no mesmo local. Até porque poderá conseguir um aluguel
menor se o prazo do contrato de locação for maior. Ademais, mudança de local poderá
representar outros custos não previstos... Assim, para o caso específico do aluguel, creio ser
mais adequado considerar o prazo total de 3 anos. Obviamente, essa despesa só poderá ser
paga com recursos do convênio se estiver expressamente prevista no plano de trabalho,
previamente aprovada pelo Concedente (SEC) e respeitar o teto de 15% com despesas
administrativas.
Para compras de bens ou contratações de serviços em total maior de R$ 8.000,00, deve ser
feita a licitação (modalidade convite). Para compras de bens ou contratações de serviços em
total menor de R$ 8.000,00, deve ser feita a cotação prévia (mínimo de 3 orçamentos escritos).
Os procedimentos de cada tipo estão explicados nos textos das AULAS (na Plataforma).

ASSUNTO: EDITAL NA COTAÇÃO PRÉVIA

Pergunta: Na cotação prévia devo fazer também edital? Existe algum modelo de cotação e do
edital na modalidade convite?

Resposta: Não é necessário fazer edital na cotação prévia e nem na licitação (modalidade
convite). Na cotação prévia (compras até R$ 8.000,00) devem ser feitos 3 orçamentos escritos
e assinados por fornecedores. Na licitação (modalidade convite) para contratações de bens ou
serviços de valores acima de R$ 8.000,00, também não é necessário fazer edital. Devem ser
remetidos convites escritos para, no mínimo, 3 fornecedores solicitando propostas. O ideal é
mandar pelo correio com AR (para o Ponto ter a prova que convidou pelo menos 3 empresas).
O convite é uma carta. Nesta carta, o Ponto determina a data, hora e local de entrega da
proposta e quais documentos vai exigir. Também especifica tecnicamente os produtos que
pretende adquirir (sem dirigir a compra para uma marca determinada). Importante definir
também qual o critério. Sempre será o MENOR PREÇO, desde que a proposta atenda às
exigências técnicas do convite. Só devem ser feitas exigências que tenham sentido, ou seja, que
vão garantir uma compra segura. Exigências desnecessárias ou exageradas não devem ser
feitas. Mesmo o critério sendo o MENOR PREÇO é preciso definir se o julgamento do Ponto para

13
escolher a melhor proposta será por item (critério de decisão/julgamento da proposta
comercial) ou se será pelo valor total dos itens licitados (por lote).
Não é obrigatório fazer edital na licitação modalidade CONVITE. Aliás, o CONVITE é exatamente
uma modalidade de licitação mais simples, que não exige edital. Quem fez edital não tem
problema, mas não é obrigatório. Então, se você fez a carta convite para as três empresas,
como você colocou na pergunta, está correto. É exatamente isso, na carta você coloca todas as
informações necessárias. Lembre-se de arquivar todos os documentos de todas as propostas
das empresas (não apenas da vencedora). Isso para provar que a licitação (modalidade convite)
foi bem sucedida, ou seja, pelo menos 3 empresas participaram.

ASSUNTO: FALTA DE FORNECEDORES NO PROCESSO DE LICITAÇÃO

Pergunta 1: O que fazer quando menos de três empresas apresentam propostas


durante o processo de licitação por carta convite? Nós fizemos a divulgação, mas
apenas duas entregaram propostas.

Resposta 1: Quando menos de 3 empresas apresentam propostas, há entendimento do


Tribunal de Contas da União no sentido de que o procedimento (licitação modalidade convite)
deve ser repetido até a obtenção de 3 propostas válidas. Quando isso é impossível, deve ser
feita uma justificativa escrita explicando os motivos dessa impossibilidade (inexistência de 3
fornecedores, por exemplo).
O entendimento do Tribunal de Contas da União (Decisão 45/1999, por exemplo) é de que o
CONVITE deve ser repetido, a fim de obter, pelo menos, três propostas válidas.
Se, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, não for possível obter
as três propostas válidas, tal fato deve ser circunstancialmente justificado por escrito. Nesta
hipótese, é importante que o Ponto de Cultura comprove essa situação, por exemplo, juntando
os convites e comprovantes de entrega aos fornecedores. É importante demonstrar que o preço
está dentro do valor de mercado. Também deve estar dentro do que foi previsto no plano de
trabalho e planilha orçamentária.
Tomados esses cuidados, se mesmo depois de repetido o convite, apenas um fornecedor
“colocar proposta”, você analisa se a proposta dele está dentro das especificações do convite
(qualidade, preço, prazo de entrega, garantia etc.). Caso afirmativo, concretiza a compra,
fazendo a justificativa acima explicada

14
Pergunta 2: É possível prorrogar o prazo de entrega das propostas e documentação
do Edital de licitação na modalidade convite ou se devo iniciar todo o processo caso
não conseguirmos entregar a pelo menos três concorrentes com o prazo anterior a 5
dias úteis. Posso publicar um edital de prorrogação do prazo?

Resposta 2: É possível sim. Lembre-se de tratar igualmente todos os fornecedores, ou seja, a


data deve ser dilatada para todos. Quem já foi convidado, deve ser avisado dessa prorrogação
do prazo. Abra todas as propostas no mesmo dia e horário agendado (data prorrogada) e faça
uma ata escrita com as principais considerações.

ASSUNTO: PRESENÇA E PARTICIPAÇÃO NOS FORNECEDORES NO PROCESSO DE


LICITAÇAO

Pergunta: No dia da abertura dos envelopes os licitantes ou seus representantes


devem estar presentes? Se estiverem, podem, após a análise dos preços, dar lances?

Resposta: Se for licitação pela modalidade CONVITE, vale o valor constante da proposta
escrita apresentada pelos fornecedores. No dia da abertura dos envelopes, é bom que eles
estejam presentes, mas não é obrigatória a presença. Faça uma ata dessa sessão de abertura
das propostas. Algo objetivo com os principais dados e acontecimentos. Para que seja possível
dar lances, aí não é CONVITE e sim PREGÃO. Os Pontos de Cultura podem fazer pregão (se
quiserem), mas não são obrigados a fazê-lo. O pregão, no âmbito federal, é regido pela Lei
10.520/2002. No âmbito estadual (MG) Lei 14.167/2002 e Decreto Estadual (MG) 44.786/2008.
Se vocês partirem para pregão, dê uma lida nessas leis e me pergunte se tiver dúvidas.
Lembrando que o Ponto de Cultura não é obrigado a fazer pregão, embora possa fazê-lo (se
preferir).

15
ASSUNTO: REGULARIDADE FISCAL DOS FORNECEDORES

Pergunta: Temos que apurar "a regularidade fiscal de todas as empresas


participantes" ou só da empresa vencedora do CONVITE?

Resposta: Cada Ponto pode, em parte, decidir quais documentos vai exigir do fornecedor e se
vai exigir apenas do vencedor ou de todos os participantes. Isso deve ficar claro no texto do
CONVITE. Vejam o que diz o artigo 32, § 1o da Lei 8.666/1993: "Art. 32. Os documentos
necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia
autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão
da imprensa oficial. § 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser
dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para
pronta entrega e leilão." Traduzindo o "juridiquês para o português": no caso de CONVITE, o
Ponto pode dispensar a apresentação desses documentos (contrato social em vigor; prova de
inscrição no CNPJ; prova de regularidade com fazenda federal, estadual ou municipal, balanço
patrimonial etc.) Então, não é obrigatório exigir tudo isso, OK? Agora, vamos lembrar-nos do
bom senso e da eficiência. É interesse do próprio Ponto de Cultura comprar de fornecedores
que não darão "dor de cabeça" no futuro, certo? Então, para gastos maiores, é importante
exigir alguns documentos para verificar a idoneidade do fornecedor. Além disso, lembro a vocês
que a Constituição de 1988 assim diz no artigo 195,§ 3º: Art. 195 [...] § 3º - A pessoa jurídica
em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar
com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Com base
nisso, como estamos usando recursos públicos, não podemos pagar um fornecedor que possui
débitos com a seguridade social (previdência social, INSS, por exemplo). Por isso, é importante
exigir CND (Certidão Negativa de Débito emitida pela Receita Federal do Brasil) onde consta
que aquele fornecedor não possui débitos com a seguridade social. Em resumo, recomendo
exigir, antes de contratar o fornecedor, que ele apresente, pelo menos, a CND acima
mencionada e a Certidão de regularidade com o FGTS.

16
ASSUNTO: PLANO DE TRABALHO E REALIDADE ATUAL DE MERCADO

Pergunta: É necessário fazer uma pesquisa de preços prévia para fazer a licitação de
kit multimídia? Ou posso de basear nos valores do plano de trabalho? De acordo
com o manual de prestação de contas, preciso apresentar estes 3 orçamentos na
prestação de contas junto com todo o processo licitatório. Se tiver que fazer a
pesquisa, posso fazer nas mesmas empresas que vou convidar para a licitação? Aqui
em Três Corações não há lojas de informática suficientes para fazer a pesquisa e
convidar para a licitação.

Resposta: Não precisa fazer as "duas coisas". Se você já vai fazer a licitação (modalidade
convite) não precisa fazer uma pesquisa de preços prévia para comprar o kit multimídia. Você
deve respeitar os valores aprovados no Plano de Trabalho como "teto", ou seja, a regra geral é
comprar por, no máximo, os valores aprovados no plano de trabalho. Claro que o convite a, no
mínimo, 3 fornecedores tem o objetivo de conseguir comprar até mais barato (se possível) do
que o previsto no plano de trabalho (princípio da eficiência). Na hora da prestação de contas,
como o Ponto fez a aquisição via licitação (modalidade convite) você vai juntar as propostas
apresentadas pelas licitantes (potenciais fornecedores) junto com todo o processo licitatório
(ata de julgamento etc.)

ASSUNTO: TOMADA DE PREÇOS PELA INTERNET

Pergunta 1: Posso realizar cotação prévia utilizando sites de internet como fonte de
orçamento e de compra?

Resposta: Para cotação prévia do kit multimídia, pode-se considerar para pesquisa de preços a
página do site do loja com a descrição dos produtos e valores. Porém, o prof. Otávio Pedersoli
aconselhou solicitar às lojas que encaminhem o orçamento em papel timbrado com carimbo e
assinatura do estabelecimento, pois caracteriza maior credibilidade ao processo. Eles estão
acostumados a fazer orçamento por escrito, basta pedir.
O Prof. Otávio também diz que cabe lembrar a célebre máxima: “À mulher de César não basta
ser honesta, deve parecer honesta.” Assim, quanto mais elementos documentais tiver a futura
prestação de contas, mais transparência vai evidenciar, facilitando sua aprovação. O ideal,

17
portanto, como regra geral, são orçamentos em papel timbrados e assinados pelo potencial
fornecedor.

Pergunta 2: Realizamos tomada de preço em lojas que ficam fora de nosso


município através da internet. Na hora de prestar contas, os orçamentos enviados
por essas empresas a mim por e-mail, impressos, são válidos? Ou é preciso que o
orçamento seja assinado pelo comerciante?

Resposta 2: O ideal é que os orçamentos sejam assinados. Orçamentos por email podem ser
considerados válidos também. Agora, quanto mais você transparecer credibilidade, melhor.
Então, tente que os orçamentos sejam enviados em anexo (PDF) assinados e em papel
timbrado. Se for impossível, procure se cercar de provas documentais que garantam solidez aos
seus documentos. Além do orçamento por email, imprimir a página do produto do site da loja
etc. Digo isso porque um mero email (texto do orçamento no corpo do email) é "facilmente
fabricado". Então, os documentos que vão ser juntados à Prestação de Contas devem
evidenciar credibilidade e não suscitar dúvidas no futuro examinador da prestação de contas.
Em resumo, só para ilustrar, aplica-se a velha máxima atribuída a César: "À mulher de César
não basta ser honesta, deve parecer honesta"

ASSUNTO: FRAGMENTAÇÃO DE COMPRA DE EQUIPAMENTOS

Pergunta: Na hipóteses de compra do Kit Multimídia onde tenha sido feita uma
cotação de preços com 3 orçamentos e, em todos os casos, o valor ultrapassou
R$8.000,00. Devo cancelar a tomada de preços e iniciar um processo de licitação por
carta convite? Ou posso fragmentar a compra por diversos fornecedores para que,
em nenhum caso, os valores ultrapassem os R$8.000,00?

Resposta: Ultrapassando os R$8.000,00, é obrigatório realizar processo de licitação (que pode


ser por carta convite). Você pode comprar materiais em diversos estabelecimentos pela
modalidade de cotação prévia quando os valores não ultrapassam os R$8.000,00. Contudo, é
importante apenas não caracterizar estratégia para fugir da licitação, por exemplo, comprar três
computadores iguais porém cada um em uma loja diferente.

18
ASSUNTO: AGLUTINAÇÃO DE ITENS PARA COMPRA SIMPLIFICADA

Pergunta 1: É possível aglutinar várias rubricas de prestação de serviço num mesmo


processo licitatório? Assim, contrataria a mesma pessoa jurídica para prestar
serviços correlatos, ganhando tempo.

Resposta 1: Pode sim aglutinar várias rubricas de prestação de serviço num mesmo processo
licitatório, desde que haja afinidade entre os serviços, ou seja, o mesmo tipo de prestador
possa executá-los. Então, você pode contratar uma mesma pessoa jurídica para prestar serviços
correlatos. Neste caso, o valor total das rubricas é que determinará o tipo de procedimento que
você deve adotar (cotação prévia ou convite).

Pergunta 2: Posso contratar uma empresa jurídica para gerir todas as oficinas do
ano?

Resposta 2: Uma pessoa jurídica pode ser contratada, desde que o objeto que conste no
contrato social dela seja compatível com a atividade que será objeto da contratação. Além
disso, deve ser feita a COTAÇÃO PRÉVIA ou a licitação (CONVITE) conforme valor total a ser
aplicado (menos ou mais de R$ 8.000,00 respectivamente).

ASSUNTO: KIT MULTIMÍDIA E OUTROS TIPOS DE EQUIPAMENTOS

Pergunta: Gostaria de saber se para compra dos equipamentos, máquinas de


costura, bem como demais itens da planilha orçamentária aprovada pela SEC, posso
fazer um único processo de licitação, ou tenho que fazer um para o kit multimídia,
outro para as máquinas e assim sucessivamente?

Resposta: É possível aglutinar várias rubricas previstas no orçamento e fazer o mesmo


procedimento licitatório, desde que haja afinidade entre o tipo de fornecedor. Neste caso, o
valor total (somatório) de tais rubricas é que vai determinar o tipo de procedimento a ser
adotado (cotação prévia até R$ 8.000,00 e licitação sob a modalidade convite para compras
acima de R$ 8.000,00).

19
Em resumo, depende do tipo de fornecedor onde o Ponto encontra tais equipamentos. Assim,
se todos os equipamentos (R$ 20.000,00 por exemplo) são encontrados no mesmo tipo de
fornecedor, o Ponto deve fazer um procedimento unificado. Neste caso, pelo valor do exemplo,
tem que ser licitação sob a modalidade CONVITE.
Agora, se os bens são fornecidos, por exemplo, por tipos de fornecedores (lojas) diferentes, o
Ponto pode fazer procedimentos distintos. Neste caso, os valores abaixo de R$ 8.000,00 podem
ser comprados mediante COTAÇÃO PRÉVIA.

ASSUNTO: COMPRA DE EQUIPAMENTOS ESPECIALIZADOS

Pergunta 1: Estamos com receio de licitar junto com o kit multimídia uma câmera
nova no mercado, que é uma Cannon 7D. Já pesquisamos e aqui em Três Corações
não existe esta câmera nas lojas locais. Os licitantes teriam que comprar ela via
internet. A gente pode tirar ela da licitação mesmo fazendo parte do kit multimídia?
Sozinha ela custaria menos de 8 mil reais, e assim realizaríamos uma cotação com
fornecedores mais especializados.

Resposta: 1 Existindo uma justificativa técnica (este equipamento é tão especializado que não
é encontrado em fornecedores "comuns") é possível fazer a compra em procedimentos
separados. A regra geral é juntar no mesmo processo de compra os itens que podem ser
adquiridos no mesmo tipo de fornecedor. Neste caso, procure fundamentar sua escolha por um
procedimento separado, de preferência solicitando às lojas locais uma declaração, por escrito,
de que elas não podem fornecer o equipamento.

Pergunta 2: Preciso comprar uma impressora muito específica (laser completa) e


não estou encontrando em lojas comuns que vendem computadores e equipamento
de informática em geral. Posso realizar o processo de compra separadamente?

Resposta 2: Em regra, impressoras são vendidas nos mesmos fornecedores que vendem
computadores. Logo, em observância ao princípio da EFICIÊNCIA, a compra deverá ser feita no
mesmo procedimento. Se o valor total dos itens chegará a mais de R$ 8.000,00, deve ser feita a
licitação (modalidade CONVITE). Agora, pelo que você colocou na pergunta, a impressora que
seu Ponto precisa ("laser completa") você só está achando em fornecedor que vende apenas e

20
especificamente impressoras. Neste caso, você tem que avaliar o seguinte: O valor total deste
item (impressora) que consta em seu plano de trabalho e no orçamento que foi aprovado é,
hoje, suficiente para comprar a impressora? O Ponto realmente precisa dessa impressora "tão
específica" que não é encontrada em lojas de informática em geral? Hoje, lojas de informática
em geral têm diversos tipos de impressora. Em resumo, não me parece que exista uma
justificativa técnica para desmembrar em dois esse processo de compra. Portanto, minha
recomendação é que a compra seja feita no mesmo processo (princípio da EFICIÊNCIA). Agora,
se você estiver seguro disso, faça uma justificativa escrita para resguardar o Ponto. Neste caso,
busque, no mínimo, três orçamentos escritos de fornecedores de impressora, usando o
procedimento já explicado da COTAÇÃO PRÉVIA.

ASSUNTO: COMPRA DE PRODUTOS E SERVIÇOS EM OUTROS ESTADOS

Pergunta: Posso comprar equipamentos fora do Estado de Minas Gerais?

Resposta: Os equipamentos poderão ser comprados fora do Estado de Minas, contudo, o ideal
é que sejam comprados aqui no estado mesmo, movimentando nossa economia regional e
respeitando as noções do LIMPE apresentadas pelos professores Welington o Otávio. Caso não
haja três fornecedores no Estado para determinado item, é necessário fazer uma justificativa.

ASSUNTO: INEXIBILIDADE NA CONTRATAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

Pergunta 1: Quando posso utilizar a inexigibilidade na contratação de profissionais


para prestação de serviços?

Resposta 1: Sobre a inexigibilidade, como visto no curso, deve ser observada a Lei 8.666/1993
(artigo 25):
"Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição (...)"
Ou seja, quando, em um caso concreto, é inviável a competição entre fornecedores. Na área
da CULTURA, isso pode acontecer no caso do inciso II do artigo 25 da Lei 8.666/1993, veja só:

21
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza
singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação;
O citado artigo 13 da mesma lei, tem, por exemplo, o seguinte inciso:
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os
trabalhos relativos a: [...] VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
Agora, voltando ao artigo 25 da Lei de Licitações, também é inexigível a licitação no seguinte
caso:
"Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição (...) III - para
contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública".
Perceba que a Lei só aceita a INEXIGIBILIDADE para artista consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública. Provar isso, na prática, nem sempre é fácil. Portanto, os
Pontos devem tomar cuidado e entender que inexigibilidade é um procedimento difícil de ser
usado porque, lá na frente, na hora da prestação de contas, pode ser questionada a
inexigibilidade.
Por isso, foi comentado pelo prof. Otávio na aula presencial que a inexigibilidade deve ser usada
com cautela e só quando haja efetiva comprovação de seu cabimento.
Vejam o que exigem os parágrafos do mesmo artigo 25 da Lei 8.666/93:
Art. 25 [...] § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito
no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados
com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado
superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o
fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras
sanções legais cabíveis.
Além disso, o artigo 26 da mesma Lei 8.666 exige que a inexigibilidade deve ser
necessariamente justificada por escrito.
E mais, o processo de inexigibilidade deve ser instruído com os seguintes elementos: * razão
da escolha do fornecedor ou executante;
* justificativa do preço;

22
Em resumo, a regra é usar sempre a COTAÇÃO PRÉVIA ou a LICITAÇÃO (CONVITE) conforme o
valor a ser utilizado. Se decidirem usar a inexigibilidade, atentem para as exigências dos artigos
25 e 26 da Lei 8.666/1993 e documentem todo o procedimento cuidadosamente.
Por fim, lembrem-se que o instrumento de convênio diz:
6.3. Se o convenente for entidade privada, deverá, na execução das despesas, adotar
procedimentos análogos aos previstos nas leis de licitações e contratos aplicáveis à
Administração Pública Estadual, devendo o processo ser instruído com os seguinte elementos:
I – razão da escolha do fornecedor ou executor; e
II – justificativa do preço, comprovando a sua compatibilidade com o preço de mercado.

Pergunta 2: Em nosso município existe apenas uma empresa de contabilidade.


Como faço para contratá-la uma vez que não existem concorrentes?

Resposta 2: Se só existe uma empresa de contabilidade na cidade, obtenha o orçamento


prévio dela e faça uma justificativa escrita (motivo: na cidade, só existe um escritório capaz de
prestar os serviços contábeis). Lembrando que os valores dos honorários contábeis devem estar
previstos no plano de trabalho devidamente aprovado pela Concedente (SEC/MG). Além disso, o
valor deve respeitar o valor de mercado. Neste caso, pelo menos aqui em BH, honorários
contábeis para entidades como os Pontos giram em torno de um salário mínimo (mais ou
menos). Outra dica (apenas sugestão): hoje, com internet, scaner, skipe, celular, enfim,
comunicação mais facilitada, há entidades que contratam assessoria contábil de escritórios não
necessariamente na mesma cidade. Assim, avalie, levando em conta suas peculiaridades e a
realidade de sua região, se é conveniente e possível (operacionalmente) orçar com
contabilidades de cidades próximas à sua. Evite recorrer à inexigibilidade neste caso e procure
realizar o processo comprovando as condições dos serviços contábeis que vocês precisam e a
capacidade dos prestadores de serviços da região em atender (ou não) às exigências.

Pergunta 3: Na cidade de Curvelo não existem fornecedores para os itens do kit


multimídia. Posso usar o princípio da inexigibilidade?

Resposta: Se na cidade de Curvelo não existem fornecedores para os itens do Kit Multimídia,
você pode adquirir de fornecedores de outras localidades. Isso não significa utilizar a
INEXIGIBILIDADE. Mesmo usando o fundamento da inexigibilidade, o Ponto vai ter que comprar

23
de algum fornecedor, certo? Pelo que você disse, em Curvelo não existe tal fornecedor. Então,
você vai ter que buscar um fornecedor de outra localidade de qualquer maneira. Neste caso, ao
invés de um, você deve buscar, pelo menos, três fornecedores (para orçar). Então, se a compra
total for de mais de R$ 8.000,00, você vai fazer a licitação (CONVITE). Se o valor total da
compra for de menos que R$ 8.000,00 você vai fazer a COTAÇÃO PRÉVIA (pegar 3 orçamentos
escritos e seguir os procedimentos já explicados).

Complementação do prof. Otávio às questões de inexigibilidade:

E neste tema (inexigibilidade) esteja certa que a regra geral não é a sua adoção. A
inexigibilidade é uma exceção à regra geral. De ordinário, deve ser feita a COTAÇÃO PRÉVIA ou
a LICITAÇÃO (CONVITE) conforme explicado na aula. Vou citar um trecho do livro do Professor
Luis Carlos da Fonseca (analista do Ministério do Planejamento) sobre CONVÊNIOS (página 239)
baseado nas decisões do Tribunal de Contas da União, para ilustrar o quanto o assunto é sério:
"Nas contratações por inexigibilidade, deve constar nos processos a razão da escolha do
fornecedor, em cumprimento ao artigo 26 da Lei de Licitações. A contratação deve ser
indiscutível. Não pode ser discutida a escolha. A existência de dúvidas sobre se outros
profissionais ou empresas seriam ou não aptos a realizar a execução do objeto pretendido pode
ensejar que a escolha tenha sido inadequada,e que a competição poderia ser viável, exigindo-se
então a licitação". Perceba que o assunto é delicado e melindroso. E mais: lembre-se do que eu
disse sobre os princípios da LEGALIDADE e IMPESSOALIDADE (previstos no artigo 37 da
Constituição de 1988). Em resumo, meu parecer JURÍDICO é que a regra geral deve ser pela
adoção da COTAÇÃO PRÉVIA ou da LICITAÇÃO (CONVITE) conforme o valor a ser gasto e não
a utilização da inexigibilidade da licitação, exceto se o Ponto estiver seguro de que vai conseguir
comprovar documentalmente as exigências previstas nos artigos e 25 e 26 da Lei 8.666/1993.
A inexigibilidade está prevista na Lei 8.666/1993. Mas, repetindo, deve ser usada apenas se o
Ponto estiver seguro e documentado de que cabe sua aplicação.

ASSUNTO: FORMALIZAÇÃO DA CONTRATAÇÃO POR COTAÇÃO PRÉVIA

Pergunta: Para cada cotação que fizermos temos que elaborar uma Ata da Diretoria
justificando as contratações?

24
Resposta: Esse é o melhor caminho: uma ata por procedimento. Agora, nas cotações prévias
corriqueiras (valores menores), se não houver algum fato excepcional (ausência de 3
orçamentos ou outra peculiaridade) não precisa, obrigatoriamente, de ata. Os próprios
documentos da cotação prévia darão consistência para a prestação de contas (3 orçamentos
escritos e assinados pelos fornecedores, nota fiscal do fornecedor que apresentou o menor
preço, contrato etc.). A ata é imprescindível na licitação (modalidade convite) e também quando
ocorre algum fato que foge da normalidade e exige uma justificativa por escrito.

ASSUNTO: FORMALIZAÇÃO DO PROCESSO DE LICITAÇÃO NA MODALIDADE


CONVITE

Pergunta: No manual de orientação pede para que no processo licitatório conste


uma "aprovação do edital pelo órgão jurídico competente". É preciso advogado para
vistoriar o edital de licitação?

Resposta: Não é obrigatório o parecer de advogado. Entes públicos (prefeituras etc.) devem,
no processo licitatório, obter parecer jurídico sobre o processo licitatório. Não faz sentido exigir
isso dos Pontos de Cultura. A legislação obriga que entidades da sociedade civil, sem fins
lucrativos, como os Pontos de Cultura, adotem procedimentos semelhantes e análogos à Lei de
Licitações mas não necessariamente procedimentos idênticos. Então, você não precisará de
advogado neste caso. Claro que o fato de não ser obrigatório não quer dizer que o Ponto não
possa agir assim.. Só que, na prática, não é todo Ponto de Cultura que tem condições de contar
com o apoio técnico jurídico de um advogado local. É o ideal mas, como eu disse acima, não é
obrigatório.

25
2) TEMA: CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA

ASSUNTO: PARTICIPAÇÃO DE MEMBROS DE DIRETORIA E SÓCIOS NO


FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS

Pergunta 1: Alguns membros da diretoria de nossa entidade possuem uma empresa.


Esta empresa pode prestar serviços ao Ponto de Cultura?

Resposta 1: A entidade Convenente não pode remunerar seus Diretores ou associados,


mesmo que haja uma pessoa jurídica “intermediária”. Ou seja, os sócios ou trabalhadores da
intermediária não podem ser Diretores ou Associados da Convenente.
Existem vários dispositivos normativos que impedem os dirigentes ou associados de receberem
remunerações (sob qualquer título) em atividades de qualquer natureza no caso de CONVÊNIO.
Isso, inclusive, em observância ao princípio da IMPESSOALIDADE e outros previstos no artigo
37 da Constituição de 1988.

Pergunta 2: Estamos com muitas dificuldades na contratação de recursos humanos


porque alguns dos profissionais que atuam no Ponto são membros da diretoria ou
associados à entidade. É possível contratar tais pessoas, alegando a importância de
seu vínculo como fundamental na compreensão de nossos trabalhos e êxito de
nossos objetivos? Existe diferença entre contratar diretores e simples associados?

Resposta 2: O parecer do MinC foi DESFAVORÁVEL à contratação de associados, ou seja, os


Pontos não devem contratar membros associados, mesmo que não façam parte da diretoria ou
de funções com mais poder decisório na entidade.
Meu papel é alertar vocês e ajudá-los a evitar problemas futuros. Só para se ter uma idéia, essa
semana fui consultado por um Ponto de Cultura (de outro convênio mais antigo) que acabou de
receber um Ofício do Ministério da Cultura determinando a devolução de R$ 17.000,00
justamente porque o Ponto pagou um Dirigente e um Associado.
Olha que o Ponto pagou porque eles realizaram algumas oficinas. Então, preciso alertá-los do
que está acontecendo na prática, OK?
Veja, ainda para ilustrar esse alerta, a seguinte decisão do Tribunal de Contas da União:
Identificação

26
Acórdão 1946/2005 - Segunda Câmara
Número Interno do Documento
AC-1946-37/05-2
Ementa: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DESPESA IMPUGNADA. CONTAS IRREGULARES.
Julgam-se irregulares as contas e em débito o responsável, em razão da impugnação de
despesas realizadas a título de pagamentos de serviços prestados, em infringência às
disposições legais que norteiam a execução de convênios.
Grupo/Classe/Colegiado
Grupo I / Classe II / Segunda Câmara
Processo
002.032/2004-6
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Interessados Responsáveis: (...) Ex-Presidente, (...) ex-Secretária Executiva e (...) ex-Secretária
Financeira).
Sumário:
Tomada de Contas Especial. Recursos federais transferidos pela então Secretaria de Estado dos
Direitos Humanos/Ministério da Justiça ao Instituto (...). Projeto (...). Pagamentos de serviços
prestados a membros fundadores da entidade beneficiária da verba federal a título de taxa de
administração e gerência. Vedação da IN/STN 01/1997. Impugnação, em parte, da prestação
de contas. Citação dos responsáveis. Alegações de defesa improcedentes. Irregularidade das
contas. Condenação em débito. Autorização para parcelamento do débito em 24 frações
mensais. Fixação de prazo para efeito de cobrança judicial, caso necessária. Envio de cópia de
peças processuais ao Ministério Público da União, para as providências civis e penais cabíveis.

Assunto: Tomada de Contas Especial.


Ministro Relator :LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA
Representante do Ministério Público: PAULO SOARES BUGARIN

27
ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL JÁ ATUANTE NO PONTO DE CULTURA

Pergunta: Estou concorrendo a esta vaga, não faço parte da diretoria da entidade há
anos, e acabei de me desligar como associada da entidade, mas sou a mentora do
projeto Ponto de Cultura. Adoraria que tivesse aparecido candidato para ser
oficineiro de Teatro, pois eu estava me guardando para ser supervisora no caso da
Contrapartida. Mas como as atividades precisam começar, gostaria de ter total
segurança para ser contratada como oficineira sem prejuízo futuro para a Entidade.
Podemos seguir nesta direção?

Resposta: É importante documentar sua tentativa de buscar mais de um oficineiro. Deve ser
feita justificativa explicitando o processo, onde foram afixados os cartazes, os motivos pelos
quais não foi publicado em jornal (não existe jornal impresso aí em Extrema?), por quanto
tempo esse material permaneceu exposto. De qualquer forma, precisam formalizar a licitação,
com abertura para entrega de propostas, colocando o fato de que apenas uma proposta foi
recebida (a sua, certo?), e fazer constar na ata da comissão de licitação.

ASSUNTO: FORMALIZAÇÃO DE CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

Pergunta: Todos os contratos deverão ser feitos em nome do Ponto de Cultura?

Resposta: A contratante deve ser a mesma pessoa jurídica que assinou o convênio na
condição de convenente. Em regra, é justamente a associação que se candidatou a se tornar
um Ponto de Cultura. Então, a mesma pessoa jurídica que assinou com o Estado o convênio
(como convenente) deve ser a pessoa jurídica que vai contratar seus oficineiros (por exemplo) e
demais fornecedores.

28
ASSUNTO: REGISTRO DE CONTRATOS EM CARTÓRIO

Pergunta: É obrigatório registrar contratos com prestadores de serviços, aluguel e


outros, em cartório?

Resposta: Os contratos não precisam ser registrados em cartório. Basta fazê-los em duas vias,
colher assinaturas das partes e de duas testemunhas. O Ponto deve fazer as atas (justificando
as contratações, narrando as propostas recebidas, enfim, resumindo objetivamente os principais
fatos e decisões). Tais atas devem ser assinadas pela Diretoria e pela Comissão de Licitação (se
o Ponto criou tal comissão). É legal se o Conselho Fiscal também assinar (creio que isso dá mais
credibilidade). Mas também não é necessário registrar em cartório. Em resumo, o Ponto faz a
ata e assina o contrato. Nenhum dos dois documentos precisa ser registrado em cartório.
Lembrando que o "passo a passo" deve ser seguido, tanto para a COTAÇÃO PRÉVIA quanto
para a LICITAÇÃO (CONVITE) conforme o caso.

ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL COM CLT FUNCIONÁRIO DO PONTO


DE CULTURA

Pergunta 1: Posso contratar um profissional que já possui vínculo com carteira


assinada pelo Ponto de Cultura? Preciso fazer três orçamentos também neste caso
ou basta manter a mesma forma de contrato e pagamento? E no caso de estagiário?

Resposta 1: Nada impede que o ponto contrate alguém com carteira assinada (CTPS), ou seja,
como empregado (nos moldes da CLT) desde que isso esteja previsto e aprovado no plano de
trabalho e que a pessoa contratada esteja envolvida apenas nos assuntos do Ponto de Cultura
(e não em outros projetos da Associação convenente). Devem ser feitos 3 orçamentos sim. A
análise de currículo pode ser uma das etapas de seleção (desde que sejam estabelecidos
critérios objetivos e prévios). Senão, corremos o risco de tomar uma decisão PESSOAL, violando
o princípio constitucional da IMPESSOALIDADE (CR/88, artigo 37 já mencionado). Contratar um
estagiário é possível, desde que estejam presentes os elementos que caracterizam o contrato
de estágio. Por exemplo, o estagiário deve estar cursando uma instituição superior de ensino
devidamente autorizada para ministrar o curso em questão (a Faculdade deve assinar o
contrato de estágio também, além do próprio estagiário e do Ponto de Cultura). As atividades
do estagiário devem ser compatíveis com o curso universitário que ele faz. Enfim, veja o

29
disposto na Lei Federal 11.788/2008 e, em caso de dúvida, fique a vontade para perguntar. A
Lei do Estágio você encontra no seguinte link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11788.htm Há também um site interessante sobre estagiários. Acesse:
www.estagiarios.com Lá há várias dicas interessantes!

Pergunta 2: Na minha planilha consta recurso para pagamento das obrigações


sociais. Sendo assim, podemos utilizar o recurso previsto na planilha, uma vez que
esta já foi aprovada?

Resposta 2: Vocês podem apenas realizar o pagamento do INSS patronal (até 20%) com os
recursos do projeto. As demais obrigações trabalhistas (FGTS, IR, ISS), não podem ser pagas
com verba do convênio. Veja as orientações da Secretaria de Estado de Cultura: “É permitido
sim o pagamento do INSS patronal de terceiros contratados para trabalhar no Ponto de Cultura
com o recurso do convênio, o que não pode é ser usado do recurso do convênio para pagar o
INSS patronal dos funcionários da Associação que não estejam trabalhando para o Ponto.”

ASSUNTO: QUANDO UM CONTRATO GERA VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Pergunta: Estamos procedendo um contrato registrado em cartório. Uma das


clausulas é a não geração de vínculos empregatícios com a instituição. Além do mais
o serviço de monitoria será avulso. Espero não ter problemas com a legislação. Será
que está tranqüilo assim? Se assinar carteira tem de pagar salário e tem férias, 13º,
aviso prévio e uma série de direitos que iriam provocar aumento nos custos com
mão de obra e inviabilidade do projeto.

Resposta: Não adianta escrever no contrato que não há vínculo empregatício com o Ponto. O
Direito do Trabalho rege-se por um princípio que se chama CONTRATO REALIDADE. Ou seja,
além dos documentos, o Juiz do Trabalho (em caso de ação trabalhista) vai analisar a realidade
dos fatos e não apenas o que está escrito. Assim, o Juiz leva em conta outros elementos
(depoimento das partes, prova testemunhal etc.) Então, para o Juiz decidir se existe ou não
vínculo empregatício com o Ponto, ele vai se basear, principalmente, no artigo 3° da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho) que diz: Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa

30
física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e
mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Em resumo, o Juiz
analisará o seguinte: (i) aquele prestador de serviço era pessoa física? (ii) era sempre a mesma
pessoa que prestava a atividade? (iii) havia pagamento? (iv) havia habitualidade? (v) havia
subordinação? Se a resposta for SIM para todas as perguntas, o risco do Juiz reconhecer o
vínculo empregatício é muito grande. Lembrando que habitualidade não é necessariamente
trabalhar todo dia. Um trabalho duas vezes por semana durante um tempo maior (seis meses,
por exemplo) pode ser entendido pelo Juiz como HABITUAL. Sobre SUBORDINAÇÃO, o Juiz vai
analisar se o Ponto dava ordens para o oficineiro, se ele tinha horário fixo, enfim, se havia
subordinação da pessoa com o Ponto. Cada caso concreto é que vai determinar se existe o
vínculo empregatício ou não. Assim, como o Direito do Trabalho é baseado no princípio do
CONTRATO REALIDADE, não basta escrever em contrato. O que está escrito deve corresponder
à realidade dos fatos. Caso contrário, o Juiz "passa por cima" do contrato e reconhece o vínculo
empregatício (se ficar convencido que estão presentes os requisitos do já citado artigo 3° da
CLT).
Cada situação fática é que vai trazer os elementos para se saber se existe VÍNCULO
EMPREGATÍCIO ou uma relação AUTÔNOMA. Na prática, essa linha divisória é muito sutil.
Então, um fiscal do trabalho (Ministério do Trabalho) ou um Juiz do Trabalho (se o trabalhador
entrar na Justiça do Trabalho) vão examinar os documentos e a realidade de cada caso. O que
vocês precisam saber, para evitar problemas futuros, é o que diferencia uma relação
empregatícia de uma relação autônoma. Vejam uma decisão judicial abaixo para ilustrar o
assunto e para vocês perceberem o que acontece nos Tribunais trabalhistas. Se permanecerem
dúvidas, não hesitem em perguntar.
A decisão judicial é a seguinte:
“Data de Publicação: 26-06-2003 Órgão Julgador: Sexta Turma TRT MG Tema: RELAÇÃO DE
EMPREGO - NÃO EVENTUALIDADE Relator: Convocado Rogério Valle Ferreira. Revisor: Emília
Facchini. EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO. AUDITOR. ATIVIDADE INTERMITENTE. NÃO
EVENTUALIDADE. Considerando a peculiaridade da prestação laboral examinada, e tendo em
vista a controvérsia acerca do conceito de não eventualidade, é necessária uma aferição
convergente e combinada das distintas teorias em cotejo com o caso concreto, definindo-se a
ocorrência ou não da eventualidade pela conjugação predominante dos diversos enfoques.
Neste contexto, ainda que se admita que o reclamante apenas trabalhasse em alguns dias do
mês, a intermitência, neste caso, não traduz eventualidade. Se a prestação é descontinua, mas
permanente, deixa de haver a eventualidade, já que a descontinuidade da prestação de serviços

31
não é fator determinante do trabalho eventual. Isto porque a jornada contratual pode ser
inferior à legal, inclusive no que concerne aos dias laborados na semana. Contratado o
reclamante como auditor, para elaboração de inventários, para uma empresa de serviços de
inventários, e reunidos os demais elementos fático-jurídicos da relação de emprego, mantém-se
a r. decisão de primeiro grau que a reconheceu. Recurso Ordinário desprovido”
Abaixo colocamos mais uma decisão real do Tribunal Regional do Trabalho aqui de Minas só
para vocês verem como o assunto é entendido pela Justiça do Trabalho:
“Data de Publicação: 08-02-2010 Órgão Julgador:Terceira Turma Tema:RELAÇÃO DE EMPREGO
– PROFESSOR Relator:Convocado Milton Vasques Thibau de Almeida Revisor:Convocado Danilo
Siqueira de Castro Faria EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO - PROFESSOR - CURSOS À
DISTÂNCIA. Como bem destaca a r. sentença recorrida, o reclamante foi contratado intuitu
personae para trabalhar no assessoramento dos cursos à distância. A intermitência invocada
pela reclamada não descaracteriza o vínculo jurídico de emprego entre o professor e a
instituição de ensino, por não ser imprescindível que o empregado compareça ao
estabelecimento de ensino todos os dias, especialmente no presente caso concreto, por ter sido
contratado o reclamante para trabalhar na execução do Projeto Pedagógico dos Cursos à
Distância instituído pela Universidade reclamada, portanto só comparecendo às atividades
presenciais com a freqüência que lhe for determinada pelo empregador, o que não
descaracteriza a "não-eventualidade" do vínculo jurídico contratual que preside o
relacionamento jurídico entre as partes. Em se tratando de ensino à distância não é
imprescindível a presença física do empregado no estabelecimento de ensino diariamente para
que haja a configuração da relação de emprego, como ocorre com o trabalho externo e com o
teletrabalho. Quem se insere num Projeto Pedagógico de Cursos à Distância, trabalha para o
empregador em casa, participa de uma equipe de teletrabalho ou que seja contratado para
trabalhar on line sozinho em casa, tem plenamente preenchido o requisito da não
eventualidade necessária para a proclamação judicial da existência do vínculo jurídico de
emprego. Os cursos à distância até podem ter curta duração, ser seqüenciados ou ser
descontinuados, o que depende exclusivamente do poder de comando empresário e não da
vontade individual dos professores contratados. A atividade empresarial de educação superior
adotada pela reclamada é permanente, como instituição de ensino superior privada - uma
Universidade particular - , cuja característica de permanência fundamenta o princípio jurídico da
continuidade da relação de emprego, de molde a afastar a suposta eventualidade por ela
invocada.”

32
ASSUNTO: DIFERENÇA ENTRE TRABALHADOR AUTONOMO E EMPREGADO

Pergunta: O que diferencia o trabalhador autônomo do empregado?

Resposta: a) O empregado é sempre pessoa natural (pessoa física). Não existe empresa que
seja empregada, exceto em caso de fraude. B) O empregado presta serviços com pessoalidade.
Isto é, é sempre o João que está prestando o serviço. Ele não pode mandar um amigo para
substituí-lo. O empregado é pessoal. É sempre ele. C) Tanto autônomo como empregado
recebem pagamento. A diferença é que o empregado recebe o salário (assinado em Carteira de
Trabalho) e o autônomo o preço dos serviços (conforme contrato de prestação de serviços). D)
O empregado tem direito a 13° salário, férias + 1/3 etc. O autônomo não. E) O empregado
trabalha habitualmente. O autônomo não. O autônomo executa um serviço certo e com prazo
delimitado (a construção de um muro, por exemplo). Na prática, às vezes, é difícil perceber
essa diferença. F) O empregado é subordinado (recebe ordens, cumpre horário etc.) O
autônomo, como o próprio nome diz, é autônomo. Ou seja, tem liberdade, é dono do próprio
nariz, usa dos seus próprios meios e ferramentas de trabalho, não bate cartão de ponto etc.
Como visto, na prática, às vezes, é difícil definir se estamos diante de um trabalhador autônomo
ou se estamos diante de um empregado.

ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE TRABALHADOR AUTONOMO

Pergunta: Como faço para formalizar a contratação de um profissional autônomo,


como um oficineiro?

Resposta: Passo a passo" para ajudá-los na contratação de um trabalhador autônomo. Tomem


fôlego: 1) É sempre bom celebrar previamente um contrato escrito de prestação de serviços de
trabalho autônomo (vide modelo postado na plataforma EAD|DUO), detalhando as cláusulas
que vão reger a relação jurídica entre o Ponto de Cultura e o autônomo. Esse contrato deve ter,
principalmente, as seguintes cláusulas: as partes (Ponto de Cultura como contratante e o
autônomo como contratado); objeto do contrato (o que o autônomo vai fazer); preço; forma de
pagamento; prazo, obrigações do Contratante e do Contratado; hipóteses de rescisão do
contrato; multa por descumprimento do contrato; foro em caso de demanda judicial; data do
contrato; assinaturas das partes e de duas testemunhas etc. Lembrem-se do princípio da

33
primazia da realidade que expliquei antes: não adianta fazer um contrato "muito bonito" se as
cláusulas não corresponderem à realidade dos fatos. Então, o contrato escrito deve estar em
harmonia com a verdade fática. Caso contrário, no futuro, a prova testemunhal pode fazer o
Juiz do Trabalho desconsiderar o contrato escrito. 2) Exija que o autônomo esteja inscrito na
Previdência Social e na Prefeitura (Inscrição Municipal). Peça cópias dos respectivos
documentos (Inscrição Municipal, Inscrição na Previdência Social, Identidade, CPF, comprovante
de endereço). 3) Verifique se o autônomo exerce outras atividades ou atividades para outros
Contratantes (isso pode ajudar a descaracterizar futuro pedido de vínculo empregatício com o
Ponto de Cultura). 4) É sempre bom que o próprio autônomo utilize suas ferramentas de
trabalho (Ex: seus próprios instrumentos musicais, ferramentas de artesanato etc). Isso
demonstra que o autônomo é "dono do próprio negócio". Evite pagar diárias, ajudas de custo,
contas de telefone do autônomo etc. Limite-se a pagar o preço combinado pela execução do
objeto contratual. Isso provará que o autônomo é quem suporta os custos de sua atividade. 5)
Se o autônomo tiver ajudantes, o ideal é que ele próprio os remunere. É mais uma prova de sua
autonomia e liberdade na administração de seu "negócio". 6) Pague mediante RPA (Recibo de
Pagamento de Autônomo), documento onde devem constar todos os dados, por exemplo:
número do recibo, data, nome completo das partes, Identidade, CPF, endereço do Autônomo,
Número de Inscrição Municipal, Número de Inscrição na Previdência Social, discriminação da
tarefa executada (objeto do contrato), período da tarefa executada, valor bruto, retenções,
valor líquido, Nome da entidade Pagadora (Tomadora dos Serviços), CNPJ da Tomadora etc. Há
modelos de RPA disponíveis. Sempre que possível, consulte um contador e/ou advogado. 7) Do
valor bruto do pagamento do Autônomo, o Ponto de Cultura deve fazer as retenções que o
Professor Welington explicou. Além dos valores retidos do próprio autônomo e recolhidos aos
cofres públicos, o Ponto de Cultura terá que recolher mais 20% para a Previdência Social sobre
o valor bruto do recibo. 8) Os serviços contratados devem ser, sempre que possível, de curta
duração. Evitem períodos longos ou com continuidade no tempo. É conveniente, se viável,
variar os Contratados. Contratar sempre o mesmo autônomo ou contratá-lo por muito tempo
pode ajudar na caracterização de vínculo empregatício. 9) O autônomo "verdadeiro" não recebe
FGTS, férias + 1/3, 13o. salário e demais verbas pertinentes ao empregado. Exceto se ele
ingressar na Justiça do Trabalho e provar que, na verdade, ele não era autônomo mas sim um
autêntico empregado nos moldes do artigo 3o da CLT. Em resumo, esse é o "passo a passo"
para a contratação de autônomos, pessoal! Espero que esse guia possa ajudá-los.

34
ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE EMPREGADO (CLT)

Pergunta: Temos duas situações de contratação na nossa primeira planilha: um


instrutor de tecelagem que irá fazer oficina permanente por 12 meses e um
funcionário para trabalhar no projeto (como um administrador). Se eu contratar o
funcionário (administrador) como autônomo, quando ele começar a aprender o
serviço terei que substituí-lo e não haverá uma sequência no trabalho. Na planilha,
foi incluso a obrigação patronal, neste caso, como deve proceder a contratação?
Nossa instituição possui isenção do INSS patronal.

Resposta: Essa é uma questão séria e importante. Pelo que você narrou, parece-me que o
caso é de vínculo empregatício. Creio que estarão presentes todos os requisitos do artigo 3° da
CLT já mencionados: pessoa natural (física), relação pessoal, remuneração, subordinação e
habitualidade. Não há na lei um prazo a partir do qual se configura o vínculo empregatício. O
Juiz do Trabalho analisa as peculiaridades de cada caso concreto, OK? Assim, na prática,
prevalece a análise se estão presentes ou não os elementos previstos no artigo 3° da CLT. Caso
afirmativo, o Juiz manda assinar CTPS e condena a pagar as verbas devidas a um empregado
(13°, férias + 1/3, FGTS etc.). Então, recomendo cuidado com a contratação desse tipo de
pessoal. Veja algumas jurisprudências que postei (neste documento vide perguntas e respostas
sobre assunto de referência) e atente, sobretudo, para o que diz o artigo 3° da CLT, que não
paro de mencionar. Outro aspecto: se foi inclusa na planilha a obrigação patronal mas sua
instituição possui isenção, parece-me ser o caso de readequar a planilha na forma explicada
pelo Prof. Welington.
Você pode sim contratar mão de obra autônoma e pagar mediante RPA, recolhendo os impostos
e encargos previstos em lei. O Ponto de Cultura pode contratar mão de obra através de
qualquer modalidade admitida legalmente, entre elas: estagiário; serviços autônomos; pessoa
jurídica; empregado (com CTPS assinada). Para cada modalidade, devem ser respeitadas as
regras legais específicas, o instrumento de convênio etc. Agora, o que eu sempre friso é o
seguinte: se estiverem previstos, na realidade prática, os elementos do artigo 3° da CLT
(pessoa natural, pessoalidade, subordinação, remuneração e habitualidade) mesmo que o Ponto
contrate um autônomo e pague via RPA, haverá risco de reconhecimento de vínculo
empregatício, por exemplo, em futura ação judicial movida pelo trabalhador contra o Ponto. É
apenas um alerta para que o Ponto avalie cada situação concreta, sabendo dos "detalhes" de
cada modalidade de contratação. Lembrando que o plano de trabalho e a planilha orçamentária

35
aprovados pelo Concedente (SEC/MG) devem ser respeitados, ou seja, não podemos pagar uma
despesa que não esteja aprovada pelo Concedente.

36
3) TEMA: GESTÃO ADMINISTRATIVA, FINANCEIRA E CONTÁBIL, ASPECTOS DA
READEQUAÇÃO

ASSUNTO: ISENÇÃO de TARIFAS BANCÁRIAS

Pergunta 1: Os convênios com os Pontos têm isenção de tarifas bancárias? Quais as


regras de uso da conta bancária aberta exclusivamente para o convênio? O que faço
no caso do banco negar a isenção?

Resposta 1: O assunto é tratado com clareza solar no artigo 42, § 5º da Portaria


Interministerial 127/2008. Veja só: Art. 42. A liberação de recursos obedecerá ao cronograma
de desembolso previsto no Plano de Trabalho e guardará consonância com as metas e fases ou
etapas de execução do objeto do instrumento. § 1º Os recursos serão depositados e geridos na
conta bancária específica do convênio ou do contrato de repasse exclusivamente em instituições
financeiras controladas pela União e, enquanto não empregados na sua finalidade, serão
obrigatoriamente aplicados: I - em caderneta de poupança de instituição financeira pública
federal, se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês; e II - em fundo de aplicação
financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública,
quando sua utilização estiver prevista para prazos menores; § 2º Os rendimentos das aplicações
financeiras serão obrigatoriamente aplicados no objeto do convênio ou do contrato de repasse,
estando sujeitos às mesmas condições de prestação de contas exigidas para os recursos
transferidos. § 3º As receitas oriundas dos rendimentos da aplicação no mercado financeiro não
poderão ser computadas como contrapartida devida pelo convenente ou contratado. § 5º As
contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias. A íntegra desta Portaria
está no site www.convenios.gov.br no link LEGISLAÇÃO. Vale a pena ler essa Portaria
integralmente. Tem muita coisa importante nela. Sugestão: imprima esse artigo 42 e leve para
o Gerente do Banco. Se ele titubear, diga que você vai fazer uma denúncia no Banco Central e
perante outras autoridades competentes (Promotor de Justiça, Ministérios etc.) Boa sorte! É a
luta pelo direito, pessoal! Para exercer a cidadania é preciso buscar informações e lutar para
que prevaleçam nossos direitos

37
Pergunta 2: O gerente da conta bancária insiste em dizer que não pode aplicar a
isenção de tarifas. Ele me falou que a lei que ele obedece é a do chefe dele, e que a
chefia geral da Caixa Econômica Federal manda cobrar!

Resposta 2: Sugiro fazer um ofício, fundamentado no artigo que transcrevi abaixo. Faça o
protocolo de uma via na agência. Se não resolver, sugiro formalizar denúncias nos seguintes
órgãos: Banco Central, Ministério do Planejamento (um dos Ministérios de onde emanou a
referida Portaria), Ministério da Cultura. Procurar o Promotor de Justiça local também pode
ajudar. Ah, não podemos desprezar que a Imprensa também ajuda nesses casos. Já posso ler a
manchete: Banco X descumpre norma Ministerial... É a "luta pelo Direito", como diria o jurista
Rudolph V. Ihering no século XIX.

Pergunta 3: O gerente do meu banco (Bradesco) me disse que a lei que garante
isenção é válida apenas para bancos públicos, como Caixa, Banco do Nordeste e
Banco do Brasil, mas não para Bradesco, Itaú e os outros privados. Isso procede? A
briga é ser privado e não público? Existe isso mesmo?

Resposta 3: Realmente, o artigo 42 da Portaria Interministerial 127/2008 pode dar margem a


essa interpretação do Bradesco. Veja só: "Art. 42. [...] § 1º Os recursos serão depositados e
geridos na conta bancária específica do convênio ou do contrato de repasse exclusivamente em
instituições financeiras controladas pela União e, enquanto não empregados na sua finalidade,
serão obrigatoriamente aplicados: I - em caderneta de poupança de instituição financeira
pública federal, se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês; e II - em fundo de
aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada em título da
dívida pública, quando sua utilização estiver prevista para prazos menores; [...] § 5º As contas
referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias.

O ideal é que a conta do convênio seja em Banco Público (Banco do Brasil ou Caixa). Mas, no
seu caso, você tem que pesar o custo benefício. O Estado de Minas aceita conta em outros
bancos. Avalie o que vale mais a pena. Agora, se você decidir manter a conta no Bradesco, terá
que arcar com as tarifas (que não poderão ser pagas com recursos do convênio). Se quiser ir à
luta, tente uma ajuda no Procon, no Ministério Público, no Juizado Especial, enfim, com alguma
autoridade local disposta a ajudá-la a tentar conseguir a isenção de tarifas no próprio Bradesco.
Mas, realmente, pela redação do artigo 42 da Portaria acima transcrita, isso não será garantido.
Acho que não custa tentar levando em conta as peculiaridades do Ponto de Cultura.

38
Pergunta 4: A portaria 127/2008 não se aplica somente a convênios recebidos da
Administração Pública Federal sendo que os pontos de cultura são estaduais, então
pergunto se o gerente me fizer esse questionamento qual argumento legal posso
usar?

Resposta 4: Você pode usar vários argumentos com seu gerente, por exemplo: 1) Seu
instrumento de convênio fala expressamente que se aplica a Portaria Interministerial 127/2008.
2) O convênio, apesar de ser celebrado entre SEC/MG e Ponto de Cultura, tem parcela
significativa de recursos oriundos da União, ou seja, que envolvem a transferência de recursos
financeiros oriundos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União, tal como previsto no
artigo 1° da Portaria 127/2008 (tal como citado por você). 3) Lembrando que a base de nossa
tese é o artigo 42 da Portaria 127/2008, mormente os seguintes artigos: Art. 42. [...] § 1º Os
recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do contrato
de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e, enquanto não
empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados: I - em caderneta de poupança
de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso for igual ou superior a um
mês; e II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto
lastreada em título da dívida pública, quando sua utilização estiver prevista para prazos
menores; [...] § 5º As contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias
Pessoal, neste país, conseguir que Banco não cobre tarifa é missão hercúlea. Os Bancos são tão
poderosos que conseguiram mudar o artigo 192 da Constituição de 1988 (CR/88). Para quem
não se lembra, o artigo 192 da CR/88 dizia: Art. 192. [...] § 3º - As taxas de juros reais, nelas
incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à
concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento ao ano; a cobrança acima
deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos
termos que a lei determinar. Só que esse artigo nunca foi aplicado realmente no Brasil. Até que
os Bancos "conseguiram" mudar a Constituição. E a Emenda Constitucional 40/2003 revogou o
acima transcrito. Então, meus amigos e amigas, se os Bancos tem mais força do que a
Constituição da República, claro que vão tentar descumprir uma "mera" Portaria
Interministerial... Bom, feito esse desabafo, acrecento que o Banco Central não "manda cobrar".
A Portaria Interministerial 127/2008 é feita e assinada pelos Ministros do Planejamento,
Orçamento e Gestão; do Controle e da Transparência e também do Ministro da Fazenda. Então,
tem que valer alguma coisa oras!!! Em resumo, como tudo nesta amada terra brasilis, temos
que ir à luta e fazer valer a Portaria Interministerial 127/2008. Se o Banco não aceitar, vejo as

39
seguintes alternativas: a) denunciar aos Ministérios que assinaram a Portaria, mormente o
Ministério da Fazenda. b) denunciar ao Ministério Público. c) denunciar ao PROCON. d)
denunciar para a Imprensa. e) unir forças (Pontos) e trabalhar em rede, inclusive,
nacionalmente. Lembrem-se da frase do jurista alemão Rudolf Von Ihering: "o fim do Direito é a
PAZ, o meio de que se vale é a LUTA 2) Se, após buscarmos ajuda com todas as autoridades
que citei na mensagem anterior, a questão das TARIFAS não se resolver, só restará aos Pontos
ingressarem com uma ação judicial pleiteando a devolução dos valores cobrados
indevidamente.
Um Ponto de Cultura postou na Plataforma EAD|DUO o e-mail que elaboraram para o Banco:
“Prezado Gerente, o Banco do Brasil descontou tarifas que não podem ser descontadas da
nossa conta e ainda não creditou os rendimentos da poupança. A conta está no nome da nossa
entidade, que é pessoa jurídica sem fins lucrativos e a verba é federal. Preciso que veja isto
para mim e estorne os valores descontados pois poderá me dar um grande problema quando
for prestar contas deste dinheiro. Por isto, veja o que diz a Portaria Interministerial nº 127 e a
Resolução 1380/1987 do Banco Central.

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 127, DE 29 DE MAIO DE 2008

Estabelece normas para execução do disposto no Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007,


que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante
convênios e contratos de repasse, e dá outras providências.

OS MINISTROS DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, DA FAZENDA e DO


CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA, no uso da atribuição que lhes confere o inciso II do
parágrafo único do art. 87 da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 18 do Decreto nº
6.170, de 25 de julho de 2007, resolvem:

(…)

CAPÍTULOII
DA LIBERAÇÃO DOS RECURSOS

Art. 42. A liberação de recursos obedecerá ao cronograma de desembolso previsto no Plano de


Trabalho e guardará consonância com as metas e fases ou etapas de execução do objeto do
instrumento.

40
§ 1º Os recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do
contrato de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e,
enquanto não empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados:

I - em caderneta de poupança de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso


for igual ou superior a um mês; e

II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada


em título da dívida pública, quando sua utilização estiver prevista para prazos menores;

§ 2º Os rendimentos das aplicações financeiras serão obrigatoriamente aplicados no objeto do


convênio ou do contrato de repasse, estando sujeitos às mesmas condições de prestação de
contas exigidas para os recursos transferidos.

§ 3º As receitas oriundas dos rendimentos da aplicação no mercado financeiro não poderão ser
computadas como contrapartida devida pelo convenente ou contratado.

§ 4º As instituições financeiras de que trata o § 1º deverão manter os recursos bloqueados a


partir do seu recebimento enquanto não cumpridas as condições previstas no art. 43.

§ 5º As contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias.

Resolução 1380/1987 do Banco Central:

"I - Estabelecer que as instituições autorizadas a receber depósitos de poupança livre somente
poderão creditar rendimentos aos depósitos de pessoas jurídicas com fins lucrativos a cada 3
(três) meses.". II - Determinar que, relativamente às contas de poupança de que sejam
titulares entidades sem fins lucrativos, serão adotados os procedimentos estabelecidos na
Resolução n. 1.236, de 30.12.86.

Veja, agora, o que diz a Resolução 1.236 de 1986: I - Estabelecer que as instituições
autorizadas a receber depósitos de poupança livre deverão creditar os rendimentos às contas de
pessoas físicas no 1. (primeiro) dia útil após período de 1 (um) mês corrido de permanência do
depósito. II - Os depósitos de que trata o item anterior serão remunerados à taxa de juros de
0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, aplicada sobre seus valores atualizados na forma do
Decreto-lei n. 2.311, de 23.12.86. III - O rendimento de que trata o item precedente será
calculado sobre o menor saldo apresentado pela conta no período imediatamente anterior.

41
Diante desta legislação, aguardo o estorno dos valores e o crédito dos rendimentos da
poupança.

Att.,”

Se o Banco não aceitar, vejo as seguintes alternativas: a) denunciar aos Ministérios que
assinaram a Portaria, mormente o Ministério da Fazenda. b) denunciar ao Ministério Público da
cidade. c) denunciar ao PROCON municipal. d) denunciar para a Imprensa. Uma matéria no
jornal pode agilizar a resposta do Banco... e) unir forças (Pontos) e trabalhar em rede, inclusive,
em âmbito estadual ou, até mesmo, nacional.

Pergunta 5: O Banco do Brasil está cobrando R$8,50 e foi passado pra gente que na
verdade seria R$34,00 mas como o dinheiro está aplicado daí dão desconto de 75%
caindo assim para R$ 8,50.

Resposta 5: Essa cobrança de R$ 8,50 é indevida também. Você deve elaborar o Ofício de
forma objetiva e juntar cópia da Portaria e do convênio celebrado com a SEC/MG. Guarde uma
cópia protocolada com você. Os pedidos a serem feitos são dois: 1) Interrupção imediata da
cobrança de quaisquer tarifas bancárias na conta; 2) Imediata restituição e estorno de todos os
valores deduzidos da conta referentes a tarifas bancárias. O fundamento jurídico do pedido é o
seguinte: Portaria Interministerial 127/2008, artigo 42, parágrafos 1° e 5°: "Art. 42. [...] § 1º
Os recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do
contrato de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e,
enquanto não empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados: I - em
caderneta de poupança de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso for
igual ou superior a um mês; e II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou
operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública, quando sua utilização estiver
prevista para prazos menores; [...] § 5º As contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança
de tarifas bancária.

42
ASSUNTO: APLICAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS

Pergunta 1: O gerente do meu banco (Bradesco) disse que não posso aplicar o
recurso em poupança, mas somente em CDB, porque é um banco privado e não
público. Como a regra é aplicar em poupança, o que faço neste caso?

Resposta 1: O Ponto de Cultura decide onde vai aplicar o dinheiro e não o gerente do Banco.
E, como já visto, o Ponto tem que aplicar em poupança e não em CDB (recursos que ficarão
sem utilização por mais de trinta dias). Importante: o rendimento da poupança para pessoa
jurídica sem fins lucrativos deve ser mensal e não trimestral. Isso se aplica para qualquer Banco
(público ou privado). É regra do Banco Central conforme já respondi anteriormente.

Pergunta 2: Para colocar o recurso em conta poupança, teremos que abrir uma nova
conta com número diferente ao que foi passado e cadastrado no plano de trabalho
do SIGCON, como se daria isso? Seria só abrir a conta poupança e transferir? Outra
coisa, a movimentação do recurso tem de ser através de cheque, mas conta
poupança não tem cheque.

Resposta 2: Deve-se abrir a conta poupança no mesmo banco oferecido para movimentação
da conta corrente do convênio. A movimentação (resgate da conta poupança para a conta
corrente) deverá ser realizada por meio de transferência. A transferência de numerário da conta
poupança para a conta corrente deverá ser imediata e no mesmo valor. A transferência será
realizada por documento comprobatório utilizado pelo banco. Assim os cheques serão da conta
de livre movimentação, não de poupança, sendo que ambas são vinculadas.

Pergunta 3: Atualmente o recurso está aplicado em CDB e tem um rendimento bem


maior que poupança para pessoa jurídica. O dinheiro do Ponto de Cultura está
aplicado no CDB resgate automático. Um dos regulamentos é que seja emitido
cheque para todos os pagamentos para execução do projeto. Pelo que eu entendo a
caderneta de poupança não dá o direito para que haja movimentação e também não
lhe dá o direito de emitir cheque. O que eu faço diante desta situação?

43
Resposta 3: Aplica-se ao CDB o resgate automático conforme informação do consulente,
portanto o documento comprobatório emitido pelo banco comprovará a transferência do resgate
para a conta corrente do convênio.

ASSUNTO: AGLUTINAÇÃO DE SERVIÇOS EM ÚNICA NOTA FISCAL

Pergunta: Posso fazer uma única nota fiscal no valor total da rubrica para
contratação de professores e a empresa faria a gestão e distribuição do dinheiro
entre os professores (tudo previsto em contrato, certinho)? Se isso for possível, a
parcela destinada ao pagamento da obrigação patronal relativa ao montante de
oficinas pode ser repassada para a empresa contratada? Ou seja, se eu não contrato
pessoa física, não tenho obrigação patronal, então quero aumentar o volume de
recurso disponível para a contratação de oficinas retirando proporcionalmente do
montante que estava destinado à obrigação patronal. Pode?

Resposta: A execução do plano de trabalho deve ser fiel e seguir as rubricas já previstas e o
cronograma. Lembrando que não deve ser feito pagamento antecipado mas apenas após a
realização dos serviços. Você não pode repassar à empresa verba de obrigação patronal. O
fornecedor recebe o preço contratado para executar os serviços, cabendo-lhe responder por
suas obrigações tributárias, trabalhistas, previdenciárias etc. Todo prestador de serviços devem
computar, em sua oferta de preços, os encargos que lhe são obrigatórios.

ASSUNTO: PREENCHIMENTO DA NOTA FISCAL

Pergunta: No modelo de Nota Fiscal de (Modelos de Documentos Fiscais) postado na


plataforma EAD|DUO) há um campo da Nota Fiscal De Venda de Mercadorias
(INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES) em que o fornecedor deve escrever (Compra
para o Projeto X, no do convênio etc.). Como faço se várias notas de vários
comércios de minha cidade já vêm com uma escrita nesse campo, não sobrando
espaço para tal escrita?

44
Resposta: O fornecedor deverá encontrar algum local na nota para descrever. O importante é
constar essa anotação do fornecedor, em algum local no corpo da nota. Um local, por exemplo,
é logo abaixo da discriminação das mercadorias ou dos serviços. Lembrando que toda nota
deve conter os dados quantitativos e valores unitários dos produtos ou serviços, e não apenas
itens genéricos e valores totais.

ASSUNTO: MODIFICAÇÃO EM ITENS DE MESMA NATUREZA

Pergunta: Coloquei na planilha original a necessidade de 10 computadores não


portáteis. Porém, hoje posso comprar dentro do preço estabelecido 6 computadores
não portáteis e 4 computadores portáteis (laptops). Posso realizar a compra dessa
forma ou teria que readequar a planilha descrevendo esse caso?

Resposta: Não é necessário readequar, pois não há alteração de item ou finalidade, ou seja,
são todos computadores. Como você não descreve que tipo de computador estava previsto, isso
abre a possibilidade de licitar computadores não portáteis e laptops juntos, dentro do valor
proposto.

ASSUNTO: PRESTAÇÃO DE CONTAS E USO DO SICONV

Pergunta: Somos obrigados a usar o Siconv na prestação de contas?

Reposta: Os Pontos de Cultura deste convênio Mineiro que vocês assinaram NÃO estão
obrigados a usar o SICONV. A prestação de contas será feita EM PAPEL perante a Secretaria
Estadual de Cultura (MG). Logo, também as cotações prévias e as licitações (CONVITE) não
precisam utilizar o SICONV.
Neste sentido, não é preciso "se preocupar" com o SICONV. Agora, considerando que sua
entidade poderá celebrar outros convênios, já recomendo ir se inteirando sobre o SICONV e
providenciando credenciamento, cadastramento etc. Tem muita informação no site:
www.convenios.gov.br
Entretanto, o artigo 70, parágrafo único da nossa Constituição de 1988 diz expressamente o
seguinte: Art. 70. [...] Parágrafo único. Prestarão contas qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e

45
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações
de natureza pecuniária. Ou seja, por previsão expressa da CR/88, somos (inclusive os Pontos)
obrigados a prestar contas porque estamos recebendo dinheiro público. Mas acredito que uma
lei específica sobre o assunto poderá estabelecer procedimentos mais compatíveis com a
realidade e peculiaridade dos Pontos de Cultura (organizações da sociedade civil, sem fins
lucrativos). São duas frentes paralelas de trabalho (política e jurídica). Enquanto a política
caminha, vamos seguindo o ordenamento jurídico em vigor.
A prestação de contas desse convênio será feita perante a SEC/MG, assim, não será necessário
registrar todos os processos licitatórios no SICONV.

ASSUNTO: DESPESAS ADMINISTRATIVAS E PREVISAO DOS 20% PATRONAL

Pergunta: Nossa planilha foi aprovada contendo os 20% de obrigação patronal,


porém sabemos que esse item soma-se às despesas administrativas, limitadas a
15%. Posso realizar pagamentos de obrigação patronal com recursos de outras
fontes?

Resposta: Se a sua planilha foi APROVADA com a previsão orçamentária dos 20% da
obrigação patronal, entendo que poderão ser pagos tais encargos. Creio que se aplica o artigo
39, parágrafo único, da Portaria Interministerial 127/2008. Deve ser observada a seguinte
formalidade: Art. 39 [...] Parágrafo único. Os convênios ou contratos de repasse celebrados
com entidades privadas sem fins lucrativos poderão acolher despesas administrativas até o
limite de quinze por cento (15%) do valor do objeto, desde que expressamente autorizadas e
demonstradas no respectivo instrumento e no plano de trabalho (alterado pela Port. n° 342, de
05/11/2008). Vejam também como se manifestou a Comissão Gestora do SICONV sobre o
tema: "Assim, diante de todo o exposto, para que gastos das entidades privadas sem fins
lucrativos sejam atribuídos como despesas administrativas passíveis de custeio com recursos
oriundos de transferências voluntárias, sugere-se que sejam atendidas cumulativamente as
seguintes condições: a) As despesas estejam previstas e detalhadas no plano de trabalho
aprovado pelo concedente ou contratante; b) as despesas estejam limitadas ao máximo de
quinze por cento do valor do objeto do convênio ou contrato de repasse; e c) as despesas não
tenham sido custeadas com recursos originários de outras fontes, inclusive convênios ou
contratos de repasse.

46
ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE CONTADOR

Pergunta: Para contratação de contador para o projeto, também devo proceder à


formalidade do convênio?

Resposta: Na contratação de contador ou de qualquer outro serviço, o Ponto tem que fazer,
no mínimo, cotação prévia de 3 fornecedores de tal serviço. Se os valores (somando os meses)
ultrapassarem R$ 8.000,00, deve ser feita licitação (modalidade convite). Lembrando que todas
as despesas pagas com recursos do convênio precisam estar previstas no plano de trabalho
aprovado pela Concedente/SEC-MG.

ASSUNTO: READEQUAÇÃO DE PRAZOS DE CUMPRIMENTO DO CONVÊNIO

Pergunta 1: Como devo ajustar os prazos de cumprimento das metas no primeiro


pedido de readequação? Quanto tempo a Secretaria de Estado de Cultura necessita
para responder ao meu pedido?

Resposta: Os prazos deverão ser ajustados na solicitação de readequação conforme § 2º. Art.
16 do decreto no. 43.635/2003. O prazo a ser considerado deverá ser o período de duração ou
execução da etapa/fase conforme item 5 (IV – Cronograma de Execução – Meta, Etapa ou
Fase) do formulário “Plano de Trabalho”.
O pedido de readequação deve ser feito antes de qualquer despesa que vocês alterem, tanto do
ponto de vista orçamentário quanto das atividades. Por isso é a primeira ação que deve ser
feita. Quanto ao prazo, a Secretaria não o estabeleceu porque os pedidos são avaliados por
ordem de chegada e por isso o tempo para resposta depende do volume das demandas. Mais
um motivo para enviar as solicitações rapidamente.
Inicio e termino das atividades na planilha: A SEC orientou a colocar julho de 2010 como data
de inicio das atividades e junho de 2011 como data de término, para o primeiro pedido de
readequação (1º ano do convênio). Realizadas as atividades neste período, o Ponto deve
proceder a readequação para o 2º ano do convênio, ou seja, a readequação será anual.

47
ASSUNTO: APLICAÇÃO FINANCEIRA EM CONTA POUPANÇA E PERÍODO DE
RENDIMENTO

Pergunta: O Gerente do meu banco disse que o rendimento da Poupança só pode ser
trimestral, e não mensal, e me ofereceu outra modalidade de rendimento mensal.
Como devo proceder?

Resposta: Vejam o que diz o artigo 116 da Lei 8.666/1993 sobre sua pergunta (principalmente
o § 4o desse artigo 116): Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos
convênios, [...] § 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão obrigatoriamente
aplicados em cadernetas de poupança de instituição financeira oficial se a previsão de seu uso
for igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou
operação de mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização dos
mesmos verificar-se em prazos menores que um mês. Ou seja, a legislação manda aplicar,
obrigatoriamente, em CADERNETA DE POUPANÇA os saldos do convênio enquanto não
utilizados se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês. A Portaria Interministerial
127/2008 (artigo 42) estabelece a mesma coisa. Veja a íntegra da Portaria no site
www.convenios.gov.br / legislação O artigo 42 da Portaria 127/2008 diz o seguinte: Art. 42. A
liberação de recursos obedecerá ao cronograma de desembolso previsto no Plano de Trabalho e
guardará consonância com as metas e fases ou etapas de execução do objeto do instrumento. §
1º Os recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do
contrato de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e,
enquanto não empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados: I - em
caderneta de poupança de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso for
igual ou superior a um mês; e II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou
operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública, quando sua utilização estiver
prevista para prazos menores; § 2º Os rendimentos das aplicações financeiras serão
obrigatoriamente aplicados no objeto do convênio ou do contrato de repasse, estando sujeitos
às mesmas condições de prestação de contas exigidas para os recursos transferidos. § 3º As
receitas oriundas dos rendimentos da aplicação no mercado financeiro não poderão ser
computadas como contrapartida devida pelo convenente ou contratado. [...] § 5º As contas
referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias.
Absurda essa história de rentabilidade apenas de 3 em 3 meses, não é mesmo? Sugiro você
ponderar no seu Banco que a rentabilidade de 3 em 3 meses é válida para pessoa jurídica com
fins lucrativos. O Ponto de Cultura é uma entidade sem fins lucrativos, portanto, a poupança

48
deve render mensalmente. Se não der certo essa conversa com o Gerente do Banco, faça uma
consulta e/ou denúncia ao Banco Central. O que é importante frisar: como somos regidos pelo
princípio da LEGALIDADE (artigo 37 da Constituição de 1988) temos que cumprir a lei. E, como
visto no início da resposta, a Lei 8.666/19993 manda aplicar em caderneta de poupança e não
em CDB. Assim, descumprir essa regra pode prejudicar o Ponto na futura prestação de contas.
Olha o que diz a Resolução 1380/1987 do Banco Central: "I - Estabelecer que as instituições
autorizadas a receber depósitos de poupança livre somente poderão creditar rendimentos aos
depósitos de pessoas jurídicas com fins lucrativos a cada 3 (três) meses.". II - Determinar que,
relativamente às contas de poupança de que sejam titulares entidades sem fins lucrativos,
serão adotados os procedimentos estabelecidos na Resolução n. 1.236, de 30.12.86. Prezada
Elza, veja que a Resolução 1.236 de 1986 diz o seguinte: I - Estabelecer que as instituições
autorizadas a receber depósitos de poupança livre deverão creditar os rendimentos às contas de
pessoas físicas no 1. (primeiro) dia útil após período de 1 (um) mês corrido de permanência do
depósito. II - Os depósitos de que trata o item anterior serão remunerados à taxa de juros de
0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, aplicada sobre seus valores atualizados na forma do
Decreto-lei n. 2.311, de 23.12.86. III - O rendimento de que trata o item precedente será
calculado sobre o menor saldo apresentado pela conta no período imediatamente anterior. Em
resumo: o banco está errado ao dizer que a conta do ponto de cultura vai ter rendimento
trimestral de poupança. isso valeria para poupança de pessoa jurídica com fins lucrativos. só
que o Ponto de Cultura é uma pessoa jurídica sem fins lucrativos, ou seja, o rendimento da
poupança deve ser mensal e não trimestral.

ASSUNTO: READEQUAÇÃO DE PLANILHA

Pergunta: Quais os cuidados mais importantes que devo ter na readequação de


minha planilha orçamentária?

Resposta: Os itens devem ser detalhados dentro das possibilidades e da razoabilidade.


Exemplo: material de escritório. Não é preciso detalhar grampo, papel, cola, borracha etc. Os
valores devem retratar a realidade e os preços de mercado de acordo com a realidade da região
onde atua o Ponto. Também devem respeitar a divisão entre capital e custeio, bem como a
limitação para custos administrativos e os limites orçamentários. Lembre-se que é preciso
preservar a integralidade do objeto do convênio realizado, os objetivos e metas inicialmente

49
propostos. Releia sempre as regras do edital e do instrumento de convênio ao fazer a
readequação.

ASSUNTO: USO DA APLICAÇÃO FINANCEIRA

Pergunta 1: É possível utilizar as receitas de aplicação financeira como contrapartida


da entidade, uma vez que esse dinheiro não foi depositado pelo convênio com a
SEC? Posso utilizá-lo para pagar custos não previstos na planilha mas que são
importantes para o projeto?

Resposta 1: A Portaria Interministerial 127/2008 responde sua importante pergunta. Veja o


que ela diz no artigo 42, especialmente o § 2º que transcrevo abaixo: "Art. 42. A liberação de
recursos obedecerá ao cronograma de desembolso previsto no Plano de Trabalho e guardará
consonância com as metas e fases ou etapas de execução do objeto do instrumento. [...] § 2º
Os rendimentos das aplicações financeiras serão obrigatoriamente aplicados no objeto do
convênio ou do contrato de repasse, estando sujeitos às mesmas condições de prestação de
contas exigidas para os recursos transferidos. § 3º As receitas oriundas dos rendimentos da
aplicação no mercado financeiro não poderão ser computadas como contrapartida devida pelo
convenente ou contratado."

Pergunta 2: O valor do rendimento da aplicação poderá ser usado na compra dos bens
permanentes? (kit multimídia ou outros itens). Ou na realização de mais uma oficina e compra
de materiais orçados? Aplicamos os R$60.000,00 e já rendeu mais de R$800,00,ou este
rendimento deverá ficar para ser utilizado no final do projeto?

Resposta 2: O rendimento da aplicação financeira, conforme orientação em nosso curso,


deverá permanecer na conta bancaria e somente na solicitação de readequação do terceiro ano
do projeto poderá ser utilizado, se autorizado pela SEC.

ASSUNTO: ERRO NO PREENCHIMENTO DE NOTA FISCAL

Pergunta: Ao organizarmos os documentos para ir montando gradativamente a


prestação de contas do Ponto, verificamos um engano do fornecedor na emissão da

50
Nota Fiscal pelo Fornecedor, em relação à quantidade de um determinado item. O
valor total está correto e os equipamentos foram entregues corretamente. Como não
havia mais como trocar a Nota por já ter sido paga, optamos por reunir a Comissão,
a Diretoria da Corporação e o fornecedor e fazermos uma carta de correção. Gostaria
de saber se este procedimento está correto. Se não estiver, qual seria a melhor saída
para este caso?

Resposta: O procedimento está correto, a carta de correção deve ser emitida pela empresa
fornecedora, com assinatura e carimbo, e anexada à nota fiscal na prestação de contas.

ASSUNTO: CARIMBOS

Pergunta 1: Conforme orientação do Manual, devemos providenciar a confecção de


alguns carimbos que deverão constar nos documentos comprobatórios das despesas
realizadas. Um deles deverá conter as seguintes informações: o nº do convênio da
SEC, o nº do convênio MINC 470/07 e a seguinte informação “Projeto Ponto de
Cultura”. Minha dúvida é: Devo confeccionar o carimbo só com estas informações,
ou preciso acrescentar o nome do nosso projeto “XXXXXXX” que está sendo
executado, bem como o número do protocolo deste?

Resposta 1: Os documentos comprobatórios das despesas, além de conter manualmente a


identificação do convênio deverão constar o carimbo: Pago com o Recurso – Convênio xxxxxxx
– Projeto: xxxxxx (Convênio nº MINC/SEC 470/07 – SEC 0000/0/00 – Projeto “nome dado ao
projeto”). O modelo do carimbo está em documentos da turma na Plataforma EAD|DUO.

Pergunta 2: Tenho uma verba mensal no meu plano de trabalho para material de
escritório, posso pagar os carimbos com esta verba?

Resposta2 : Sim, carimbos relacionados ao convênio (aqueles exigidos pela SEC), e tão
somente eles são considerados material de escritório.

51
ASSUNTO: INSS PATRONAL

Pergunta 1: Segundo orientações da SEC com relação à readequação das planilhas


financeiras, item 3, incluímos no nosso plano de trabalho a previsão dos 20% de
despesas com o INSS patronal. Porém, no item 11 do Manual de Orientação para
execução e prestação de contas consta a seguinte expressão: "Não serão aceitas
como despesas do convênio o recolhimento ao INSS patronal, ou seja, a
Contribuição ao INSS da Empresa/Convenente. Só serão aceitas despesas do INSS
aos serviços prestados pela pessoa física ao convênio." Desse modo, poderão ou não
serem pagos com recurso do convênio os 20% do INSS patronal, conforme previsto
no plano de trabalho?

Resposta 1: É permitido sim o pagamento do INSS patronal de terceiros contratados para


trabalhar no Ponto de Cultura com o recurso do convênio, o que não pode é ser usado do
recurso do convênio para pagar o INSS patronal dos funcionários da Associação que não
estejam trabalhando para o Ponto.

Pergunta 2: Temos que descontar 20% de INSS Patronal para os valores destinados
à Criação do Site do Ponto de Cultura e também do valor destinado à aquisição da
Placas do Ponto de Cultura ou é somente para gastos com pessoas físicas?

Resposta 2: O desconto a ser feito no RPA (pagamentos efetuados a pessoas físicas) em geral
é de 11,0%. O Pagamento da parcela patronal ao INSS corresponde a 20,0% sobre o valor
bruto do RPA. Veja documentos preenchidos (RPA) e as instruções constantes no arquivo. Se
a dúvida prevalecer a minha sugestão, conforme reiteramos em nosso curso, é que se consulte
o seu contador que poderá estudar cada caso em sua especificidade.

Pergunta 3: Sabemos que a GPS paga do INSS descontado dos prestadores de


serviços deve compor a prestação de contas. Porém em uma das associações não
está dando a guia, pois temos uma funcionária que está de licença maternidade logo
o INSS está sendo compensado. Diante disto gostaria de saber o que anexar aos
RPAs nesse caso?

52
Resposta 3: A nossa sugestão, conforme demonstramos em nosso curso, é que se faça uma
GPS para cada prestador de serviço. Isto é absolutamente possível. Portanto, para melhor
gestão do convênio, aconselhamos que se faça para cada RPA todos os pagamentos
individualizados, desvinculados da GPS da associação, portanto não há que se falar em
pagamento de uma única GPS. Além disso você poderá destacar no corpo da GPS (e de todas
as demais guias de recolhimento de impostos) o nome do prestador de Serviços, o número do
RPA, para orientar melhor o técnico que for analisar sua prestação de contas. Portanto, uma
boa prática é que se faça 01 cheque para cada RPA. Para este RPA teremos correspondente os
demais cheques para pagamento dos impostos referentes a este RPA. 01 cheque para a GPS
(INSS) 01 cheque para o ISS 01 cheque para o imposto de Renda retido (se houver).
Resumindo, a GPS será feita individualmente, para cada prestador de serviço. Portanto a GPS
da entidade será desvinculada da GPS do convenio. Todos os encargos patronais dos
prestadores de serviços do convênio deverão ser recolhidos. Portanto, para cada RPA emitido
devera ter uma GPS paga e dentro do convênio não se fala em compensação. Esta se refere à
GPS da entidade. Estamos aqui falando somente das GPS's dos prestadores de serviço do
convênio.

53

You might also like