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Não há dúvida nenhuma que o Direito não é uma ciência exacta, sendo antes uma realidade
abstracta. Depende do contexto e é susceptível a usos variados. Contudo, é seguro dizer que o
Direito é um fenómeno humano e social. Humano, na medida em que o Direito regula as
relações entre os Homens, e não de coisas ou animais. Sendo humano, é um fenómeno social,
pois regula sociedades, e não o homem isolado. O Direito só se verifica em sociedade, fazendo
com que o fenómeno social surja como importante condicionante do fenómeno jurídico: sem
sociedade não há Direito;
Toda a sociedade implica uma ordem, pois é necessária a existência de consenso na sociedade.
Somente através do mínimo de consenso entre os indivíduos é que a sociedade é possível.
Há que considerar as componentes fáctica e normativa da ordem social. Uma ordem social diz-
se normativa quando se dirige a orientar a conduta humana (“dever ser”). Uma ordem
normativa é uma ordem de condutas humanas. Porém, há elementos que não possuem
qualquer carácter normativo. As sociedades também se remetem a relações de facto,
independentes de considerações normativas. É a ordem do ser. A componente fáctica baseia-
se em padrões de comportamento vigentes em determinado meio. Assim, podemos dizer que
a ordem social é bipolar: existe a tensão entre o ser e o dever ser. A ordem normativa é um ser
que tem o sentido de um devido, dum dever ser. Mas, toda a ordem normativa pode ser
violável, ou seja, o que a norma prevê (o “dever ser”), pode ser desrespeitada.
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Ordem Jurídica e Direito: O Direito pode significar o mesmo que ordem jurídica. No
entanto, ordem jurídica é uma realidade muito mais vasta, pois compreende também, numa
forma mais lata, as fontes do Direito, as regras jurídicas em vigor, os órgãos com competência
legislativa e os tribunais. O Direito é a expressão da ordem jurídica, é o complexo normativo
que exprime a ordem jurídica total.
Ordem jurídica ordem normativa (contém normas jurídicas que vinculam nos respectivos
destinatários.
- Imperatividade: o comando contido na regra jurídica tem que ser seguido pelo destinatário
(não são deixadas ao livre arbítrio). Se não for seguido, não deixa de ser imperativo (O Homem
pode rebelar-se contra as normas)
- Coercibilidade: susceptibilidade que a ordem jurídica tem de usar a força para fazer cumprir
a norma. Reforço da imperatividade através do uso de sanções. É considerada uma
característica tendencial da OJ, porque apesar de existir a nível estatal, não existe a
internacional. A ordem jurídica, assim, nem sempre é coercível.
As normas jurídicas são estruturadas, ou seja, são construídas de acordo com dois elementos:
previsão (de situações futuras, ou seja, a norma jurídica regula situações de casos que se prevê
que venham a acontecer) e estatuição (a norma jurídica impõe uma conduta a adoptar quando
se verifica a sua previsão)
MODALIDADES DE SANÇÃO
Ao Estado cabe a tarefa de dizer o Direito. É possível distinguir os seguintes meios de tutela do
Direito:
- Tutela Pública (função que o Estado desempenha para tornar efectivas as normas jurídicas
através dos tribunais e da administração pública);
- Tutela Privada (defesa dos direitos realizada pelos particulares nas situações excepcionais
legalmente previstas).
A ordem jurídica admite que os particulares recorram à sua própria força se a sua integridade
tiver em risco, através da legítima defesa (justifica-se pelo contexto. Aceita-se que se recorra à
força para se deter uma violação), da acção directa (o exercício legítimo de acção directa
pressupõem a impossibilidade de recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais) e do
estado de necessidade (característica deste é a reacção sobre a esfera jurídica de outrem por
quem está ameaçado por um perigo que não resulta de agressão daquele)
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AS FONTES DO DIREITO
A fonte do direito é o modo de formação e revelação de regras jurídicas. Nem tudo o que é
Direito é fonte de Direito.
A FD é um facto normativo, ou seja, um facto que revela normas jurídicas. As normas jurídicas
são conteúdo de fonte de Direito. A FD determina a relação das normas entre si, o valor
relativo da norma jurídica face às outras, e a eficácia da própria norma.
Originárias são as que estabelecem o valor jurídico das outras e da sua própria (ex:
Constituição)
Derivadas o seu valor é atribuído por outra;
Voluntárias quando o processo de formação respectivo é dirigido intencionalmente
para a sua criação;
Não voluntárias no costume e nos usos é formada espontaneamente sem intenção
directa.
Imediatas leis e normas corporativas quando tem juridicidade própria, vale por si.
Mediatas juridicidade depende de outras fontes de Direito;
Internas quando são produzidas no seio da ordem jurídica considerada
Externas origem na ordem jurídica internacional
As fontes de cada ordem jurídica têm uma evolução histórica; A concepção de Direito que
cada Estado tem, determina o seu sistema de fontes.
Lei
Costume
Jurisprudencia
Usos
Direito Internacional
A existência de diversas fontes origina um conflito entre elas, pois as fontes podem regular de
maneira contraditória os mesmos problemas (podem colidir). A resolução passa por
seleccionar a regra que deve prevalecer. Desse modo, há uma hierarquia de fontes.
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Imperativo Categórico ex: “não matarás”. Fala por si, impõe-se; uma norma é categórica se
se verifica os pressupostos da norma.
Os actos normativos podem em determinado caso concreto, não reunir todos os requisitos
necessários para produzir os efeitos a que tendem; pode acontecer que o seu conteúdo
normativo não esteja em conformidade com as fontes de Direito.
Nestes casos, estamos perante uma ineficácia jurídica, que se pode autonomizar em três
espécies:
Lei enunciado escrito proveniente de um órgão com competência estatal para produzir
normas jurídicas.
A lei em sentido formal pode designar aquilo que se chama a actividade legislativa
propriamente dita, isto é, a actividade exercida por órgãos qualificados de função legislativa,
que podem ser três: a Assembleia da República, o Governo e as Assembleias Legislativas
Regionais.
Modalidades de lei em sentido formal:
- leis constitucionais;
- leis ordinárias da Assembleia da República;
- decretos-lei do Governo; (Em Portugal, pode a Assembleia conceder autorizações legislativas
ao Governo; mas os diplomas que este emita são chamados decretos-lei no uso de autorização
legislativa. O decreto-lei é a forma principal que reveste a actividade legislativa do executivo)
A lei em sentido formal não contém regras jurídicas. Quando o Estado toma uma deliberação
individual (por exemplo, a atribuição de uma pensão à viúva de um ministro falecido), faz uma
lei em sentido formal, pois é respeitante a uma só pessoa ou a um só caso. Assim, a lei pode
ser meramente formal, quando toma uma decisão administrativa individual e concreta.
No entanto, uma lei pode ser simultaneamente formal e material (AO, JAV);
Uma lei diz-se meramente material quando contém regras jurídicas, não provém do
exercício da função legislativa do Estado e tenha como características a generalidade e
abstracção (categorias indeterminadas). A lei em sentido material pode ser feita pelo Estado
ou pelas entidades que não apresentem funções legislativas.
Porém, há leis em sentido material que não são em sentido formal:
- leis comuns emanadas dos órgãos centrais do Estado (Perante a multiplicidade de condutas
que a Administração implica, o Executivo tem a necessidade de estabelecer regras gerais que
disciplinem a sua actuação; Tem assim o Governo um poder normativo);
- leis emanadas dos órgãos locais do Estado;
- leis emanadas de entidades autónomas.
O regulamente só pode estatuir se a lei consentir (hierarquia das fontes. O regulamento pode
ser revogado pela lei, mas a lei não pode ser revogada pelo regulamento.
PUBLICAÇÃO DA LEI
ENTRADA EM VIGOR
Com a publicação, a lei fica em condições de produzir efeitos; Não quer dizer, todavia, que
seja logo aplicável. Para que a lei possa ser conhecida pelos destinatários, o legislador tende
(fixa livremente) a estabelecer um prazo entre a data da publicação e a entrada em vigor
(VACATIO LEGIS) (artigo 5/2 para a generalidade das leis). Atende-se ao que a própria lei fixar
sobre a entrada em vigor.
Se o legislador nada disser, aplica-se o tempo supletivo de 5 dias (art. 2 lei 74/98) a contar a
partir do dia imediato ao da publicação; O legislador pode estender ou reduzir esse prazo, pois
a fixação legal da vacatio é expressamente apresentada de modo supletivo.
Há casos em que a imediata entrada em vigor da lei é uma necessidade absoluta (o legislador
pode suprimir a vacatio legis);
Porém, o art. 2 da lei 74/98 determina que o início de vigência de uma lei não pode em caso
algum verificar-se no próprio dia da publicação, isto é o dia da publicação nunca conta.
Quando uma lei, em caso excepcional, entra imediatamente em vigor, é porque entra em
vigor no dia seguinte à publicação.
VIGÊNCIA DA LEI
1. O legislador fixou um prazo de vigência. Havendo um prazo, a lei mantém-se em vigor até o
prazo acabar (caducidade)
2. Quando o legislador não fixa um prazo em que a lei cessa vigência, mantém-se em uso até
se verificar um facto extintivo da mesma (revogação)
RECTIFICAÇÕES
Eficácia retroactiva insere-se no diploma corrigido, como se valesse desde o seu início.
1- Caducidade
2- Revogação
3- Declaração judicial de inconstitucionalidade
4- Costume contra a lei
Quando a lei tiver uma duração temporária, caduca quando o prazo acabar;
Pela verificação de um facto que implica a cessação da vigência (a lei cessa vigência
quando o facto acaba. Ex: regulamentos do Euro 2004/Expo 98);
Quando desaparecem os pressupostos da aplicação.
2 – Revogação