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Controle de
Preços de
Medicamentos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bibliografia.
04-5569 CDD-615
Sumário Executivo 5
Introdução 7
1. Evolução da regulação estatal da economia 7
Regulamentação da economia 19
1. Óbices ao poder regulamentar 21
a. Serviços públicos 26
b. Produtos e serviços de saúde 28
Mercado de medicamentos 40
1. Concentração em mercado relevante 56
2. Barreiras à entrada de novos concorrentes 63
a. Barreiras sanitárias 64
b. Patentes 65
3. Assimetria das informações 74
4. Problemas de agência 81
5. Baixa elasticidade da procura 82
Conclusão 125
Bibliografia 130
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Sumário Executivo
estudosFEBRAFARMA [ 5 ]
Rodrigo Alberto Correia da Silva
[ 6 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Introdução
estudosFEBRAFARMA [ 7 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 8 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 9 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
5
“A diferença básica entre a concepção clássica do liberalismo e do Estado de Bem-Estar é que, enquanto
naquela se trata tão-somente de colocar barreiras ao Estado, esquecendo-se de fixar-lhe também as
obrigações positivas, aqui sem deixar de manter barreiras, se lhe agregam finalidade e tarefas às quais
antes não se sentia obrigado (Gordillo, 1977:74). A idéia de Estado de Bem-Estar ou Estado Social impli-
ca alcançar determinados objetivos de bem comum, de garantia de Direitos sociais, que seriam as mani-
festações concretas de seus postulados, como o amparo à saúde e à previdência social; por outro lado, O
Estado liberal mantém premissas de garantia dos Direitos individuais, como propriedade e liberdade, e de
atuação negativa do aparelho estatal em respeito a estes Direitos. Assim, num momento de intensa dis-
cussão acerca do papel do Estado diante da tão falada globalização econômica, a efetivação e a universa-
lização dos Direitos sociais dependem da atuação decisiva do Poder Público.” ROCHA, Julio César de Sá.
Direito da Saúde: Direito Sanitário na Perspectiva dos Interesses Difusos e Coletivos. 1. ed. São
Paulo: LTR, 1999, págs. 33 e 34.
[ 10 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 11 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 12 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 13 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
11
Ob. cit. pág. 126.
[ 14 ] estudosFEBRAFARMA
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
13
BRUNA, Sérgio V. O Poder Econômico e a Conceituação do Abuso em seu Exercício. 1 ed. São
Paulo: RT, 1997. P. 141.
14
“Quando a Constituição prevê expressamente o Direito a todos do livre exercício de qualquer
atividade econômica, em alguns casos mediante autorização dos órgãos públicos, tal assertiva deve ser
interpretada conjuntamente aos princípios que regem toda a atividade econômica, com ênfase à
busca do bem-estar social. Assim, não basta o desenvolvimento de uma atividade econômica pela
iniciativa privada que caminhe contrariamente aos objetivos constitucionais, tornando ilegítima a
postura adotada. Na verdade, pode-se dizer se trata de um Direito fundamental, enquanto exercido
no interesse da realização da justiça social, da valorização do trabalho e do desenvolvimento nacional,
como princípios primordiais consagrados constitucionalmente.” SANCHEZ, C.G., Aspectos da
Relação entre Estado e Iniciativa Privada: Enfoque Constitucional. 1999. 120f. Dissertação
(Mestrado em Direito Constitucional) – Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade Católica, São
Paulo, pág. 26.
[ 16 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
em nossa Constituição15.
A livre concorrência tem aspectos de direito individual e também de direi-
to difuso, pois é direito do agente econômico que lhe sejam propiciadas opor-
tunidades de uma verdadeira competição com os demais agentes e é direito de
toda a sociedade que seja mantida operacionalidade da competição entre os
agentes econômicos para a obtenção dos benefícios sociais dela advindos.
É possível a interferência estatal para garantir que os mercados atendam a
uma finalidade social já que, embora a propriedade e a livre iniciativa sejam
protegidas como dentro do rol de direitos dos cidadãos, estes hoje se encontram
relativizados em prol dos direitos sociais.
Conforme ensina Eros Grau16, o Estado poderá interferir na economia dire-
tamente, por absorção, quando reservar para si o monopólio de determinada
atividade econômica, por participação, quando partilhar atividade econômica
com a iniciativa privada, indiretamente, por indução, quando adotar medidas
que imponham desvantagens econômicas em determinadas condutas ou vanta-
gens em outras, de modo que leve o agente econômico a, espontaneamente,
seguir determinada conduta ou, finalmente, por direção, quando determinar
condutas para a iniciativa privada.
O Estado também tem importante papel simplesmente atuando como
agente econômico17, utilizando seu peso como comprador ou vendedor de
produtos e serviços, como se verifica, exemplificadamente, quando o Banco
15
“Não só a concorrência é um valor institucional. Institucional é, como visto, todo aquele elemento confor-
mador, necessário para o funcionamento do sistema. Ora, fundamental para qualquer ordem econômica e
para o seu equilíbrio é que todos tenham acesso ao serviço. A questão da difusão dos serviços (normalmente
denominada universalização) é um exemplo típico. Freqüentemente tratada como um objetivo de política
econômica, ela é, na verdade, uma garantia sistêmica ou institucional. Inegável é, como visto no primeiro
capítulo, que se trata de objetivos que não podem ser convenientemente protegidos por uma simples regulação
concorrencial. Constitui-se, portanto, em uma garantia institucional autônoma. A garantia de difusão dos
serviços deve ser aqui compreendida em sentido material, e não apenas formal. Isso significa que ela tem dois
componentes fundamentais. Em primeiro lugar, a garantia de acesso aos consumidores. Essa deriva direta-
mente das garantias constitucionais da concorrência e da defesa do consumidor (art. 170, IV e V), que coe-
rentemente interpretadas, significam a não-exclusão de qualquer consumidor. Entretanto o simples provimen-
to formal dos serviços a todos sem que muitos tenham condições materiais não é também suficiente. Isso não
significa dizer que a regulamentação possa ou deva substituir as políticas sociais. Significa que a regulação,
como também o Direito antitruste, não pode e não deve ser instrumento de criação de desigualdades sociais
e especialmente de exclusão. Novamente aqui essa é a maneira de compatibilizar materialmente os ditames
constitucionais de livre concorrência e da justiça social. Particularmente, o controle das estruturas, cujo
impacto sobre nível de emprego é inegável, tem que ter em conta esse imperativo (o art. 58, 1º, da lei concor-
rencial dele dá conta expressamente).” FILHO, Calixto S., Regulação da Atividade Econômica: Princípios
e Fundamentos Jurídicos. 1 ed. São Paulo: Malheiros, 2001, págs. 126 e 127.
16
GRAU, Eros Roberto, O Direito Posto e o Direito Pressuposto, 5 ed., São Paulo: Malheiros, 2003, pág. 27.
17
“A possibilidade de atuação estatal sobre o ambiente econômico, no texto constitucional, não se esgota na
ação normativa, ao seu lado está o atuar regulador da atividade econômica” SCOTT, Paulo Henrique Rocha,
Direito Constitucional Econômico, Sergio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 2000, pág. 113.
estudosFEBRAFARMA [ 17 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 18 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Regulamentação da Economia
INICIALMENTE, é necessário precisar os termos que usaremos neste trabalho,
com a finalidade de evitar debates infrutíferos e especialmente desnecessários
decorrentes de ruídos de comunicação.
Conforme apontam Marçal Justen Filho 22 e Washington Peloso Albino de
Souza 23, o termo regulation é tomado da literatura inglesa no sentido que, para
nós, seria tanto o de regulação quanto o de regulamentação, e algumas con-
fusões também são causadas pelo termo interferência, que na literatura de lín-
gua hispânica também teria o significado das duas palavras.
Neste trabalho tomaremos “regulação” como toda e qualquer atividade do
Estado voltada para a interferência no mercado, seja na forma direta ou indire-
ta. Será, portanto, o conjunto que contém todas as atividades do Estado voltadas
para obter um resultado através da atividade econômica 24.
21
“Para o Direito constitucional brasileiro, observa Manoel Gonçalves Ferreira Filho: ‘Não há, na Constituição
vigente, qualquer norma expressa sobre a formação de preços.’ E nem poderia haver se quisesse manter o modelo
econômico de mercado, com a livre iniciativa e a livre concorrência. Trata-se de uma decorrência deste último
princípio. Contudo, estabelece a Constituição no § 4º. do art. 173 que ao Estado incumbe também reprimir o
aumento arbitrário dos lucros (por meio de lei). Ao coibir o aumento arbitrário dos lucros, a Constituição acabou
por admitir, às avessas, o Direito aos lucros da empresa privada como um Direito absolutamente legítimo. O que
se combate – e não vai nenhuma novidade aí – é o abuso desse Direito.” TAVARES, André Ramos ob. cit., pág. 269.
22
Ob. Cit. pág. 15.
23
Ob. cit. pág. 330.
24
“A intervenção estatal no domínio econômico pode ocorrer de maneira direta ou indireta, adotadas as expressões
nos termos a seguir expostos. A intervenção estatal indireta refere-se à cobrança de tributos, concessão de subsídios,
subvenções, benefícios fiscais e creditícios e, de maneira geral, à regulamentação normativa de atividades econômi-
cas, a serem naturalmente desenvolvidas pelos particulares. Na intervenção direta, o Estado participa ativamente,
de maneira concreta, na economia, na condição de produtor de bens ou serviços, ao lado dos particulares ou como
se particular fosse. Trata-se, nesta última hipótese, do Estado enquanto agente econômico. Na lição abalizada de
Eros Grau, a intervenção pode ocorrer de quatro formas: por absorção, por participação, por direção e por indução.
A intervenção do Estado no domínio econômico ocorre por absorção quando ele assume por completo o exercício
da atividade em determinado setor da economia, atuando em regime de monopólio. Ocorrerá o regime de parti-
cipação quando o Estado exercer atividade econômica paralelamente aos particulares. O Estado, nessa situação,
compete com empresas privadas, do mesmo setor. Não se pode ignorar, aqui, contudo, a posição privilegiada que o
Estado passa a ocupar como agente econômico.” TAVARES, André Ramos ob. cit., págs. 57-59.
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 20 ] estudosFEBRAFARMA
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27
MELLO, Vanessa Vieira de, ob. cit., págs. 94-95.
28
Art. 68. As Leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação
ao Congresso Nacional. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reserva-
da à Lei complementar, nem a legislação sobre: (...) § 2º - A delegação ao Presidente da República terá a
forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
29
Apesar de não ser tema deste trabalho, entendemos pela possibilidade de criação destes órgãos, pelos Estados
e municípios desde que previstos, respectivamente, na Constituição Estadual ou Lei orgânica e relativo a
matérias de sua competência executiva.
estudosFEBRAFARMA [ 21 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
do princípio da legalidade 30, uma vez que o ato regulamentar, apesar de sua
carga normativa, é ato administrativo31 e a atividade administrativa deve estar
estreitamente determinada pela lei, não podendo ser realizada fora desses rígi-
dos limites, consoante disposto nos artigos 5º, II, 37 caput e 84 IV de nossa
Constituição Federal, na lição de Celso Antonio Bandeira de Mello 32.
“Instaura-se o princípio de que todo poder emana do povo, de tal sorte que
os cidadãos é que são proclamados como os detentores do poder. Os governantes
nada mais são, pois, que representantes da sociedade. O artigo 1º, parágrafo
único, da Constituição dispõe que ‘todo poder emana do povo, que o exerce
através de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição’. Além disto, é a representação popular, o Legislativo, que deve,
impessoalmente, definir na lei e na conformidade da Constituição os interesses
públicos e os meios e modos de persegui-los, cabendo ao Executivo, cumprindo
ditas leis, dar-lhes a concreção necessária. Por isto se diz, na conformidade da
máxima oriunda do Direito Inglês, que no Estado de Direito quer-se o governo
das leis, e não o dos homens; impera a rule of law, not of men.
Assim o princípio da legalidade é o da completa submissão da
Administração às leis. Esta deve tão-somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las
em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa
a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores,
só pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições
gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no
Direito Brasileiro.”
Desta forma, temos a necessidade de lei que determine a interven-
ção estatal na economia servindo como fundamento de validade do ato
30
“O princípio da legalidade, resumido na proposição suporta a lei que fizeste, significa estar a Administração
Pública, em toda a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob pena de
invalidade do ato e responsabilidade de seu autor.” GASPARINI, Diógenes, Direito Administrativo, 4 ed.,
Saraiva, São Paulo, 1995, pág. 06. “O princípio da legalidade eleva, portanto, a lei à condição de veículo
supremo da vontade do Estado. Nesse sentido, como visto, ela é uma garantia, o que não exclui, contudo, a
necessidade de que ela mesma seja protegida contra possíveis atentados à sua inteireza e contra possíveis
máculas que a desencaminhem do seu norte autêntico. Nessa acepção a própria isonomia de todos perante a
lei é uma contenção de possíveis abusos que ela possa encerrar. A sua submissão à Constituição não deixa,
também, de ser uma delimitação da sua vontade soberana.” BASTOS, Celso Ribeiro, Curso de Direito
Constitucional, 19 ed., Saraiva, São Paulo, 1998, pág. 186.
31
“É possível conceituar ato administrativo como: declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como,
por exemplo, um concessionário de serviço público) no exercício de prerrogativas públicas, manifestada
mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle
de legitimidade por órgão jurisdicional.” MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito
Administrativo, 8 ed., Malheiros, São Paulo, 1996, pág. 215.
32
MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo, 14 ed., Malheiros, São Paulo,
2002, págs. 83-85.
[ 22 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
33
“A liberdade de contratar envolve: 1) a faculdade de ser parte em um contrato; 2) a faculdade de se esco-
lher com quem realizar o contrato; 3) a faculdade de escolher o tipo de negócio a realizar; 4) a faculdade de
fixar o conteúdo do contrato segundo as convicções e conveniências das partes; e, por fim 5) o poder de acionar
o Judiciário para fazer valer as disposições contratuais (garantia estatal da efetividade do contrato por meio
da coação). Considerando do ponto de vista estatal, o princípio em análise é a garantia de legalidade. Nesse
sentido, exige lei para que se admita legítima a intervenção do Estado, e dentro dos limites constitucionais.”
TAVARES, André Ramos, ob. cit., pág. 249.
34
SUNDFELD, Carlos Ari, Fundamentos de Direito Público, 3 ed., Malheiros, São Paulo, 1997, pág. 151.
35
FIGUEIREDO, Lúcia Valle, Curso de Direito Administrativo, 5 ed., Malheiros, São Paulo, 2001, pág. 42.
36
ZANCANER, Weida, Temas de Direito Administrativo: da Convalidação e da Invalidação dos Atos
Administrativos, 2 ed., Malheiros, São Paulo, 1996.
estudosFEBRAFARMA [ 23 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
37
SANCHEZ, C.G. Aspectos da Relação entre Estado e Iniciativa Privada: Enfoque Constitucional.
1999. 120f. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional) – Faculdade de Direito, Pontifícia
Universidade Católica, São Paulo, pág. 48.
38
CUÉLLAR, Leila, As Agências Reguladoras e seu Poder Normativo, 1 ed., Dialética, São Paulo, 2001.
39
GRAU, Eros Roberto, O Direito Posto e o Direito Pressuposto, 5 ed., São Paulo: Malheiros, 2003.
[ 24 ] estudosFEBRAFARMA
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estudosFEBRAFARMA [ 25 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
a. Serviços Públicos
40
17 ed. Forense, Rio de Janeiro, 1998, pág. 249.
[ 26 ] estudosFEBRAFARMA
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3) O formal, que considera o regime jurídico – o serviço público seria aquele exer-
cido sob regime de Direito Público derrogatório e exorbitante do Direito comum.” 41
41
GROTTI, Dinorá Adelaide Musetti, Teoria dos Serviços Públicos e sua Transformação, in Direito
Administrativo Econômico, Malheiros, São Paulo, 2000, pág. 42.
42
DUGUIT, Leon, Las Transformaciones Del Derecho Público, 2 ed. Madrid, 1913, pág. 105.
43
Ob. Cit. pág. 600.
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
Eles é que lhe dão vida e estrutura, porque são como a carne no corpo humano,
revestindo, portanto, a ossatura do esqueleto. É o que dá feição de unidade ao texto
constitucional, determinando-lhe as diretrizes fundamentais.” 54
Especificamente as normas infralegais de regulação no setor de saúde
somente serão constitucionais se afinadas com os objetivos contidos no artigo
196 da Constituição Federal, quais sejam “a redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua pro-
moção, proteção e recuperação”, pois o legislador constituinte fornece a orien-
tação a ser seguida pelo legislador infraconstitucional.
Este ponto tem fundamental importância para o nosso trabalho e merece ser
observado com maior atenção, pois a despeito de sua simplicidade traz conse-
qüências importantes para a análise da validade da legislação infraconstitucional
sob uma ótica incomum para a maioria dos que lidam com o direito atualmente.
Como é sabido, a Constituição Federal além de conter em si o processo de
criação de novas normas jurídicas, sejam infraconstitucionais, ou de fiel exe-
cução de lei, e ainda das próprias emendas constitucionais, fixa o conteúdo das
normas infraconstitucionais, na medida em que limita este conteúdo negativa-
mente, vale dizer, uma norma infraconstitucional não pode ser contrária a um
ditame constitucional, pois se o for não será parte do sistema jurídico, já que
carente de fundamento de validade.
Na maior parte da nossa Constituição temos esta fixação de conteúdo
através de dispositivos constitucionais que simplesmente criam direitos ou
obrigações, para sujeitos que se enquadrem nas condições hipotéticas definidas
por estes dispositivos.
É bem verdade que tais direitos e obrigações são atribuídos de maneira
muito genérica, de modo que permitem a sua especialização e procedimenta-
lização pela legislação infraconstitucional, algumas vezes até com conceitos
vagos que são preenchidos conforme sua interpretação pela sociedade em um
determinado tempo e que, portanto, pode variar com sua evolução.
Mas de qualquer forma, nestes casos, a leitura do texto da Constituição,
preenchendo estes conceitos abertos, e a leitura do texto das normas infra-
constitucionais são o suficiente para se perquirir a validade desta norma.
Contudo, no capítulo da saúde o constituinte originário utilizou outro
instrumental, conferiu um objetivo a ser alcançado pelo Estado, Estado como
junção dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, dando uma
verdadeira missão a ser perseguida pelo Estado Brasileiro, qual seja, a ampliação
do acesso à saúde para a população brasileira.
54
BASTOS, Celso Ribeiro. Dicionário de Direito Constitucional. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
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55
“As diretrizes constitucionais, que estabelecem obrigação de resultado, vinculam o aplicador ou intérprete,
condicionando a legalidade da norma a submissão aos fins nelas declarados.” DALLARI, Sueli G. Os Estados
Brasileiros e o Direito à Saúde. 1 ed. São Paulo: Hucitec, 1995, pág. 28.
56
KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, 3 ed. brasileira, Martins Fontes, São Paulo, 1991.
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 34 ] estudosFEBRAFARMA
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tivos que devem ser alcançados com este poder é um freio eficaz no seu dire-
cionamento para os interesses sociais.
Resta então o problema de como aplicar referida análise prospectiva de va-
lidade de normas jurídicas, evitando o casuísmo. Nos parece que a solução é,
simplesmente, buscar em outras ciências humanas os mecanismos para a cons-
trução destes cenários futuros, de maneira que possa ser validada ou contesta-
da em bases concretas.
Esta ciência é justamente a economia, é a ciência econômica que se ocupa
de estudar a alocação de recursos escassos, no nosso caso produtos e serviços
para saúde, analisando os comportamentos do mercado, para descobrir quais
são as variáveis determinantes de suas reações e, com base nisto, realizar pre-
visões e criar cenários futuros factíveis.
Não se trata aqui de submeter todo o sistema jurídico a uma perspectiva
econômica, mas simplesmente de se utilizar o instrumento adequado quando
isto é determinado pelo próprio sistema jurídico.
Sendo assim, a validade das normas jurídicas infraconstitucionais que te-
nham por fundamento os artigos 196 e 197 da Constituição Federal de 1988,
está condicionada à análise econômica dos resultados de sua aplicação e, é por
esta razão, que o presente trabalho, a despeito de seu objeto jurídico, trata em
tantas linhas das questões econômicas relativas aos medicamentos.
As questões econômicas são expostas neste trabalho para verificar se con-
forme a ciência econômica indicada pelo próprio direito constitucional como
critério de validação das normas infraconstitucionais, as atuais leis que tratam
da matéria de ampliação do acesso da população aos medicamentos, no caso via
controle de preços, são válidas do ponto de vista do sistema jurídico, se têm sus-
tentação nos artigos 196 e 197 da Constituição Federal que são seu fundamen-
to de validade.
Da mesma forma que no campo econômico geral as normas devem se ater
aos princípios da atividade econômica contidos no artigo 170 da Carta
Constitucional, sob pena de invalidade perante o sistema57, as normas infra-
constitucionais relativas à regulação da atividade econômica pública ou privada
em saúde devem ampliar o acesso universal e igualitário aos serviços a ela rela-
cionados, de modo que as leis contrárias a este objetivo serão inconstitucionais.
57
“Assim, a ordem econômica de que cuido, a ser complementada pelo legislador ordinário, no quadro de seus
princípios – e, saliento, não há nenhum mal em que a Constituição a ele atribua esta tarefa, de dar concreção
aos princípios – veiculada a uma ideologia que não se fecha em si própria. Esse modelo há de ser complemen-
tado pelo legislador ordinário, evidentemente tangido, também, pelos princípios e regras contempladas no
bojo da Constituição.” GRAU, Eros R. A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 8 ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2003. pág. 269.
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 36 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
As penalidades que podem ser aplicadas tanto pela ANVISA quanto pelas
Secretarias de Vigilância Sanitária podem ser de advertência, multa, suspensão
de exercício da atividade ou revogação das autorizações e licenças.
No caso de medicamentos, todas as suas apresentações que se pretende
comercializar devem ser registradas perante a ANVISA para a aferição de sua
eficácia e periculosidade com referência às suas propriedades terapêuticas e
riscos, bem como a sua bula e embalagem, sendo alguns classificados como de
venda livre, outros como sujeitos a prescrição e, ainda, de venda controlada pela
retenção da receita. Em qualquer caso, os medicamentos só podem ser comer-
cializados após o deferimento voluntário ou automático do seu registro.
[ 38 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
59
PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
pág. 230.
estudosFEBRAFARMA [ 39 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
Mercado de Medicamentos
QUALQUER relação de compra e venda envolve os mesmos aspectos básicos:
um vendedor, um produto ou serviço, um comprador e um pagamento, cuja
representação é o preço. Em uma relação simples entre dois indivíduos, estes
negociam até comporem um equilíbrio satisfatório de seus interesses contra-
postos sendo, então, realizado o negócio.
Normalmente teremos mais de um vendedor e mais de um comprador e
também mais de um produto ou serviço que podem ser comprados, seja um
substituto do outro ou não, de modo que temos uma grande interação entre
todas estas variáveis.
“Dentro de um modelo de pura concorrência, supõe-se sempre ser a quantidade
procurada uma função do preço, isto é, os consumidores irão amoldar o seu desejo
de obter determinado bem ou serviço ao preço por eles encontrado no mercado.” 60
O estudo das relações verdadeiras que se estabelecem entre as diversas com-
binações de tais variáveis é feito através de uma abstração que pretende isolar o
ambiente em que elas ocorrem, o chamado mercado.
O mercado pode ser estudado em suas características globais ou segmenta-
do nos chamados mercados relevantes, que comporão o ambiente em que
determinados agentes econômicos interagem entre si. Em geral os mercados
relevantes são definidos por produtos passíveis de serem intercambiados 61.
O mercado relevante é o ambiente em que as empresas efetivamente com-
petem entre si pela compra, pelo dinheiro de seu consumidor em relação a pro-
dutos intercambiáveis.
Esse ambiente pode ser segmentado tanto geograficamente, quanto em
relação ao próprio produto. Para definição geográfica do ambiente importa
a verificação da mobilidade dos consumidores para a compra dos produtos
em um ou noutro território.
Dessa forma, temos que apenas produtos intercambiáveis estarão incluídos
em um mercado relevante por conta da possibilidade do consumidor substituir
livremente um pelo outro e satisfazer sua necessidade.
No caso dos medicamentos, a definição de mercado relevante será simples
60
NUSDEO, F. Curso de Economia: Introdução ao Direito Econômico. 3 ed. São Paulo: RT, 2001. pág. 227.
61
“A delimitação material do mercado é feita a partir da perspectiva do consumidor. O mercado relevante
abrange todos os produtos ou serviços pelos quais o consumidor poderia trocar, razoavelmente, o produto ou
serviço acerca de cuja produção ou distribuição se pesquisa a ocorrência de infração contra a ordem econômi-
ca. Se a mercadoria ou o serviço pode ser perfeitamente substituído, de acordo com a avaliação do consumi-
dor médio, por outros de igual qualidade, oferecidos na mesma localidade ou região, então o mercado rele-
vante compreenderá também todos os outros produtos ou serviços potencialmente substitutos. A definição
geográfica e material do mercado relevante, portanto, apenas pode ser feita mediante análise casuística.”
COELHO, Fábio U. Direito Antitruste Brasileiro: Comentários a Lei 8.884/94. 1 ed. Saraiva: São Paulo,
1995, pág. 58.
[ 40 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 41 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
65
NUSDEO, Ana Maria O. Defesa da Concorrência e Globalização Econômica: o Controle da
Concentração de Empresas. 1 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, págs. 30 e 31.
66
“A concorrência deve ser entendida como a luta entre as firmas pelo estabelecimento de poder de mercado;
é o processo de ‘enfrentamento’ das firmas como representantes dos diversos capitais individuais, isto é, como
unidades de valorização e expansão do capital global. Alimentada pelo progresso técnico, a concorrência é um
processo de criação constante, embora descontínuo, de assimetrias entre as firmas. O mercado é onde a con-
corrência acontece, onde esta atua como portadora de inovações e de mudanças qualitativas responsáveis pela
seleção de agentes aptos ao processo. A firma opera sempre na tentativa de concentrar o mercado a seu favor,
como se a situação de monopólio fosse seu objetivo no processo de concorrência.” (POSSAS, 1996). SENHO-
RAS, Elói Martins, Defesa da concorrência: Políticas e perspectivas; Caderno de Pesquisas em
Administração, v. 10, nº 1, janeiro/março 2003.
[ 42 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
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69
“Os jogos, que são objeto de análise econômica, por constituírem método de investigação científica, têm
conotação específica e tratamento formal, que é fornecido pela Teoria dos Jogos. Esta tem como objetivo a
análise de problemas por meio da interação entre os agentes, na qual as decisões de um indivíduo, firma ou
governo afetam as decisões dos demais agentes ou jogadores ou vice-versa. A teoria dos jogos, definida como
estudo das decisões em situação interativa, não se restringe à Economia, sendo também bastante utilizada em
Ciência Política, Sociologia, estratégia militar, entre outras. Dentro da Economia, ou da Microeconômica, a
teoria dos jogos procura analisar o processo de tomada de decisão em situação um pouco diferente da pre-
conizada pela concorrência perfeita. Do mesmo modo que a concorrência perfeita, parte-se do pressuposto
que os agentes tomam decisões intencionalmente, ou seja, procurando atingir um objetivo, e racionalmente –
as ações tomadas são consistentes com a busca do objetivo. Além disso, na teoria dos jogos, assim como na
Microeconômica clássica, pressupõe-se comportamento maximizador, ou seja, o agente toma as decisões
procurando ‘maximizar’ seus objetivos, buscando o máximo lucro, a máxima satisfação, entre outros. O que
diferencia a teoria dos jogos é o ambiente no qual essas decisões (intencionais, racionais e maximizadoras)
são tomadas. Na microeconômica tradicional, o agente decide com base em um conjunto de informações,
num ambiente dito paramétrico, ou seja, ambiente em que o resultado depende apenas da sua decisão, não
importando as ações dos demais agentes. Já em teoria dos jogos, trabalha-se com o chamado ambiente
estratégico, no qual o resultado de determinada ação depende não apenas dela, mas também das ações dos
outros tomadores de decisão.” PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed.
São Paulo: Saraiva, 2003, págs. 244 e 245.
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CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
dos jogadores) quando os jogadores fizerem opções que lhes garantam uma
situação favorável por força da opção dos demais, ou seja, ainda que não seja a
opção ótima, que poderia ser impedida pelas opções dos outros jogadores, vale
notar que pelo jogo de variáveis é possível ser alcançada mais de uma solução
estável, de modo que a análise dependerá de refinamentos relativos as per-
cepções e preferências dos jogadores.
“Os jogadores são agentes econômicos que tomam decisões. São consumidores
buscando maximizar sua satisfação, firmas que procuram maximizar seu lucro ou
aumentar sua fatia no mercado, investidores que devem decidir entre tomar ou não
um empréstimo, bancos que têm de decidir se concedem ou não empréstimos, ou
mesmo o governo que tem de tomar a decisão de implementar determinada medi-
da econômica. Esses jogadores são, a princípio, considerados racionais e têm prefe-
rências em relação aos resultados do jogo. Na tomada de decisão, eles procuram
maximizar suas preferências.” 70
É interessante observar a contribuição desta análise ao debate relativo a
eficácia das agências regulatórias independentes, que são criadas com o objeti-
vo de aumentar a eficácia do jogador Governo ao aumentar a sua agilidade na
resposta aos movimentos dos demais jogadores – agentes econômicos.
Neste aspecto específico fazemos uma pequena digressão para cruzar com
estas observações outra teoria que nos parece também de grande utilidade,
especialmente no tocante a necessidade da velocidade da regulação estatal,
trata-se da Teoria dos Sistemas de Nilkas Lhumann.
A Teoria dos Sistemas parte da análise da comunicação compartilhada para
o exercício de uma determinada função na sociedade moderna.
Os diversos tipos de comunicação são definidos pelos códigos utilizados
nestas mesmas comunicações, que conformam sistemas com funcionamento
interno auto-referencial que os diferencia do ambiente no qual se encontram.
Assim, temos diversos sistemas no ambiente da sociedade moderna: sistema
político, sistema jurídico e sistema econômico, apenas para citar os que nos
interessam no momento.
Tais sistemas são operativamente fechados, pois o pressuposto de uma
comunicação sempre será outra comunicação (autopoiese). Contudo, são
cognitivamente abertos, já que estão sujeitos a “irritação” pelos outros sistemas
(para o qual são meramente o ambiente), ou seja, traduzem e processam comu-
nicações vindas de outros sistemas.
70
PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003,
pág. 247.
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
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CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
político, pela sua aplicação repetitiva e, por outro, alivia o sistema político do
fardo do uso da violência, interrompendo um ciclo do uso da violência.
O sistema político é aquele que, na criação do Estado, recebe dos cidadãos o
monopólio do uso da força. Os cidadãos abdicam de resolver suas disputas pelas
próprias mãos e subordinam-se a um poder superior, seja autoritário ou democráti-
co, que resolverá as questões e implementará com o uso da força a solução.
Uma vez que o Direito surge como um sistema que se responsabiliza pelas
decisões quanto à aplicação ou não da força, através de processos pré-definidos
com uma série de garantias, com resultados pré-programados, afasta do sistema
político as eventuais cargas da insatisfação geradas por elas.
Por outro lado, o sistema político garante a implementação das decisões
judiciais através do uso da força conforme definido pelo sistema jurídico.
É importante observar que o sistema político gera decisões programadas,
voltadas para o futuro, através de uma perspectiva teleológica, e o sistema
jurídico, por sua vez, gera decisões previamente programadas, de uma
perspectiva condicional, sempre em um ciclo de comunicação através do
acoplamento estrutural entre os dois sistemas.
Na regulamentação de mercado realizada pelo Poder Executivo com a facul-
dade para o órgão regulador de criar normas jurídicas, o perigo é a reunião do
poder político, já que os cargos nas agências regulatórias apesar de terem a
garantia de independência, têm indicação política, com o poder jurídico, de
modo que o sistema jurídico pode perder a função de conter e legitimar o poder
político, o que deve ser verificado em cada caso, de acordo com o processo de
decisão e competências de cada agência regulatória.
Já para o sistema econômico, que funciona segundo o código de tem/não
tem, o sistema jurídico entrega a prestação de garantir o respeito à propriedade,
já que o conceito de propriedade é meramente jurídico e cultural, pois não
existe vinculação de fato entre as pessoas e as coisas, existindo apenas uma vin-
culação jurídica respeitada pelos demais indivíduos, bem como, a prestação de
garantir que os contratos serão respeitados, sob pena de serem objeto de uma
decisão judicial, que será aplicada pelo sistema político.
Assim, está muito presente a função do Direito de garantir as expectativas
dos agentes econômicos, gerando a base de segurança sem a qual os negócios
não se desenvolveriam.
No caso da regulação econômica, podemos supor que o sistema jurídico
também tem a incumbência de garantir o saneamento do mercado para que o
sistema econômico possa funcionar adequadamente, o mais próximo possível
da concorrência perfeita.
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 48 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
palavras, deve-se ter respostas para perguntas do tipo ‘o que o jogador sabe?’ ou ‘ele
sabe sobre as preferências dos outros jogadores, sobre as ações permitidas aos
outros jogadores, sobre os resultados a serem alcançados?’. Chamam-se jogos de
informação completa aqueles nos quais os jogadores possuem todas as informações
necessárias para a tomada de decisão. Esses são os mais conhecidos e mais facil-
mente analisados. Quando parte das informações não está disponível, temos um
jogo de informação incompleta” 72.
Desta forma será fundamental descobrir como transita a informação nos
jogos que se realizam no sistema econômico. Podemos ter “jogos de informação
perfeita (ou seqüências) e os jogos de informação imperfeita (ou simultâneos). Nos
jogos em que a jogada é simultânea, como o ‘par ou ímpar’, a informação é imper-
feita, já que um jogador não sabe o que outro vai fazer. Nos jogos cujas ações ocor-
rem em seqüência, como o xadrez, a informação é perfeita, pois o outro jogador
sabe o que o outro fez antes de fazer sua ação” 73.
No jogo de mercado é possível observar que estamos diante de um jogo
seqüencial no qual cada jogador faz um movimento de mercado e os demais agem
em resposta a ele, o que é facilmente perceptível, por exemplo, em pregões de bolsa.
Os agentes econômicos dentro do jogo adotarão condutas buscando maximizar
os seus resultados, podendo tais condutas ser chamadas de estratégias74, classificadas
72
PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, págs. 248 e 249.
73
PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, págs. 248 e 249.
74
“Uma estratégia é chamada de dominante em relação a outra quando os resultados obtidos com sua utilização são
melhores em relação aos resultados obtidos com outra estratégia, qualquer que seja a atuação dos demais jogadores.
Essa estratégia é, assim, melhor que as outras e pressupõe-se que é a que deverá ser escolhida pelo jogador. Outra forma
de escolher a estratégia, quando não existe estratégia dominante, é o chamado maxmin. Nesse caso, o jogador procu-
ra maximizar o mínimo que ele pode assegurar para si, independentemente das estratégias dos outros jogadores. A
estratégia maxmin é a que garante ganho mínimo para o jogador. A idéia aqui é a seguinte: não sei o que fazer, farei
aquilo que me der ‘o menos pior’ dos piores resultados possível. O conceito de equilíbrio (ou solução) de Nash é tam-
bém conhecido como o do não arrependimento. A combinação de estratégias escolhidas leva a um resultado no qual
nenhum dos jogadores, individualmente, se arrepende, ou seja, esse jogador não poderia melhorar a sua situação uni-
lateralmente modificando a estratégia escolhida. Numa situação em que se utiliza o conceito de Nash, um jogador
escolhe a melhor estratégia, dada a escolha do outro. Teoricamente, a maior parte dos jogos que são modelados pela
teoria econômica, como os exemplos citados até aqui, são definidos como jogos não-cooperativos, nos quais cada
agente econômico busca maximizar seu payoff efetivando ações sem se preocupar com o bem-estar do seu oponente
ou o estabelecimento de acordos. Não se pode concluir, no entanto, que o mundo real seja não-cooperativo. Existem
inúmeras situações cooperativas na sociedade. A criação de associações, de sindicatos e cooperativas são exemplos de
cooperação entre os agentes. Tais situações são consideradas, pela teoria dos jogos, como jogos cooperativos, cuja sofisti-
cação matemática e complexidade dos conceitos escapam dos objetivos de um livro introdutório. Os jogos não-coo-
perativos, no entanto, ainda são os mais utilizados nos livros-textos e cursos, em vista da facilidade com que são apli-
cados a inúmeras situações estudadas pela Economia. Outra questão importante diz respeito ao número de vezes que
o jogo é realizado. A repetição de um jogo pode dar início a um processo de aprendizagem acerca das estratégias dos
jogadores, levando a resultados diferentes, caso fosse realizado apenas uma única vez. Imagine sucessivas repetições do
jogo dilema dos prisioneiros. Nesse caso é difícil imaginar que sempre o resultado será os dois confessarem. Enfim, são
inúmeras as possibilidades na teoria dos jogos, o que talvez explique a crescente popularidade que ela vem alcançan-
do dentro da teoria econômica.” PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São
Paulo: Saraiva, 2003, pág. 256.
estudosFEBRAFARMA [ 49 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
pela Teoria dos Jogos na tentativa de prever os movimentos futuros dos jogadores.
No sistema econômico partimos da premissa de que os jogadores não
cooperam entre si, mas competem entre si. As situações em que há cooperação
entre os jogadores poderão ser classificadas como práticas cartelizadas, sempre
que intentarem o abuso de posição dominante (individual ou obtida pelos
cooperativos) e prejudicarem a livre concorrência.
Com base na Teoria dos Jogos fica cristalino o conceito de poder de merca-
do que pode se expressar sinteticamente como o potencial de influenciar o com-
portamento dos demais agentes econômicos em um dado mercado relevante,
ou seja, um jogador pode ter o poder de dominar o jogo, sem que os demais
possam se contrapor a este domínio, quaisquer que sejam as suas estratégias.
“O sentido de dominação ou poder de mercado expressa, em síntese, a capaci-
dade de uma empresa ou grupo de empresas de aumentar os preços dos seus pro-
dutos acima do custo marginal, sem perder clientes, i.e., agindo por razoável perío-
do de tempo independentemente dos concorrentes e dos consumidores. A domi-
nação de mercado pode também ser expressa, embora com menos freqüência,
mediante prática temporária de preços predatórios, i.e., abaixo do custo marginal.
O complexo teste jurídico-econômico da dominação exige uma análise estru-
tural do mercado adequadamente definido, no qual os concorrentes atuam. Ponto
de partida dessa análise é a identificação do mercado relevante e da participação
de mercado, embora o percentual de market share não seja um dado bastante em
si para denotar dominação. É necessário, por exemplo, verificar a existência de
substitutos próximos para um produto, processo ou obra objeto da ou relacionado
com o Direito de propriedade.” 75
Neste aspecto é importante o papel exercido pelo Direito Antitruste para o
combate ao abuso de poder de mercado, como sua garantia estrutural do
próprio mercado, garantindo a livre concorrência entre os agentes econômicos.
O Direito Antitruste tem por objeto o controle de concentrações e práticas
anticoncorrenciais em geral, como mecanismo de proteção do mercado do
ponto de vista dos mercados relevantes atingidos por tais ocorrências. É
aplicável a todos os mercados indistintamente, vale dizer, todos os agentes
econômicos estão sujeitos a aplicação destas normas independentemente do
mercado em que atuem. O “objeto da política antitruste é o bem-estar econômico,
que é reduzido pelo abuso do poder de mercado” 76.
75
FONSECA, Antônio, estudo cit., pág. 13.
76
SANTACRUZ, Ruy, Preço Abusivo e Cabeça de Bacalhau, Revista Doutrina e Jurisprudência do
IBRAC, v. 7.
[ 50 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 51 ]
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77
SAMPAIO FERRAZ Jr., T. (1992) Lei de Defesa da Concorrência: Origem Histórica e Base Constitucional.
Revista dos Mestrandos em Direito Econômico da UFBA, (2):71.
78
Proferido no Recurso de Ofício em Representação n° 275/92 (aumento abusivo de preço), que teve, no pólo
ativo, o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro e, no passivo, a Hoechst do Brasil Química e
Farmacêutica S.A.
[ 52 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Por fim, com a promulgação da Lei 8.884/94, deu-se efetividade aos ditames
do artigo 170 da Constituição Federal de 1988, estabelecendo o CADE como
autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, ou seja, com personali-
dade jurídica e autonomia necessárias para o exercício da função e, especial-
mente, com mandato fixo para seus conselheiros.
O CADE é responsável pelo controle da concentração de poder econômico
que resulte da integração de duas ou mais empresas, antes independentes,
visando a compra de participação de mercado, e pela repressão ao abuso do
poder econômico.
“A agência brasileira de política da concorrência aprecia os atos de concen-
tração, definidos como fusão, incorporação ou qualquer forma de agrupamento
societário. Para o conhecimento pelo CADE é necessário que cada uma das empre-
sas ou grupo de empresas participantes possua no mínimo 20% de participação de
mercado ou faturamento igual ou superior a 400 milhões de reais.
Na apreciação do ato de concentração, o CADE procura responder, inicial-
mente, se a operação é potencialmente anticompetitiva, i.e., se limita ou de qual-
quer forma prejudica a livre concorrência. Na hipótese de dano potencial, procura-
se estabelecer eventuais eficiências oferecidas pela operação. Um balanço das efi-
ciências e do dano potencial indica se a operação merece aprovação, com ou sem
condições, ou se deve ser desfeita total ou parcialmente.” 79
O CADE também faz um controle de condutas dos agentes econômicos em
conjunto com a Secretaria de Direito Econômico (SDE) e a Secretaria de
Acompanhamento Econômico (SEAE), que exercem funções auxiliares na defe-
sa da concorrência.
A primeira é responsável por instaurar e conduzir processos administra-
tivos que serão encaminhados para decisão pelo CADE, bem como emitir pare-
ceres nos casos de concentração de poder econômico, já à segunda cabe emitir
pareceres nos casos de concentração de poder econômico e nos processos que
investiguem infração à ordem econômica, em todos os casos os pareceres não
são vinculantes da decisão e devem seguir critérios técnicos.
A Secretaria de Direito Econômico (SDE), ligada diretamente ao Ministério
da Justiça, promoverá, para posterior encaminhamento ao CADE, averiguações
preliminares, de ofício ou por requerimento escrito e fundamentado de qual-
quer interessado, função que no caso de produtos de interesse da saúde também
é exercida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, como veremos adiante.
79
Concorrência e Propriedade Intelectual, FONSECA, Antonio, Curso de Defesa da Concorrência organizado sob
a direção FGV/CADE e realizado no ano de 1997 nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, pág. 12.
estudosFEBRAFARMA [ 53 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 54 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
82
FORGIONI, Paula, Os Fundamentos do Antitruste, 1 ed., Revista dos Tribunais, São Paulo, 2001,
fls. 321/326.
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 56 ] estudosFEBRAFARMA
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
84
MALARD, Neide Terezinha, Estudos Introdutórios de Direito Econômico, 1 ed., Brasília Jurídica,
Brasília, 1997, fls. 65-74.
85
“Para a configuração da infração, é necessário que haja efetivo acordo entre os agentes envolvidos. Não
basta apenas o efeito da padronização de preços e condições de negócios. É indispensável que tenha havido
realmente algum tipo de entendimento entre os empresários com vistas ao tratamento concertado da questão.
Se muitos agentes de certo segmento de mercado praticam preços uniformes ou paritários, mas não estabele-
ceram acordo de nenhum tipo nesse sentido, inexiste concerto e tampouco infração.” COELHO, Fábio U.
Direito Antitruste Brasileiro: Comentários à Lei 8.884/94. 1 ed. Saraiva: São Paulo, 1995, pág. 66.
[ 58 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
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87
“Note-se que, contrariamente ao sucedido no regime de concorrência perfeita para o monopolista, a curva
de procura não é horizontal, isto é, de elasticidade infinita. Para o monopolista a curva de procura é a curva
de procura do mercado, já que ele concentra em si o atendimento de todo o mercado. Logo, enquanto a única
maneira de o vendedor, em concorrência perfeita, aumentar a sua receita é jogar maior quantidade no mer-
cado, o vendedor monopolista não necessariamente procederá assim, muito embora possa também levar a sua
produção até o ponto em que o custo marginal iguale o preço. Isto não significa ser o hedonismo do mono-
polista, o seu desejo de lucros, maior do que o vendedor em concorrência perfeita. A única diferença é ter o
primeiro condições de fabricar este lucro, pela situação por ele ocupada no mercado, que, no caso, deixa de ser
uma estrutura de controle automático como na concorrência pura. A rigor, no monopólio deixa de existir o
preço de mercado, pois ele será, em boa medida, uma decisão do monopolista.” NUSDEO, F. Curso de
Economia: Introdução ao Direito Econômico. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, pág. 269.
88
PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, pág. 215.
89
Palavra usada como contraposta a real, já que o monopólio não decorre da real comparação entre os
produtos mas sim da percepção que o consumidor tem destes.
[ 60 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
a aumentar seus preços para manter seu lucro absoluto, pelo aumento de sua
margem de lucro, apesar da diminuição do número de unidades vendidas, pois
parte dos consumidores está disposta a trocar o produto pelo seu similar mais
barato; o efeito pode ser verificado quando há perda de patente, portanto de
monopólio legal, pelo laboratório farmacêutico, restando-lhe apenas o que
chamamos de monopólio “virtual” 90.
No caso específico dos medicamentos, “os resultados das regressões reali-
zadas indicam que os preços dos medicamentos líderes sobem mais quanto maior
for a taxa de crescimento dos salários do setor. Os aumentos de preços também são
maiores quando o líder está perdendo participação no mercado para substitutos
genéricos ou similares, o que revela, à semelhança do observado por Frank e
Salkever (1995) nos Estados Unidos, que os líderes preferem se voltar para um seg-
mento de mercado menos elástico a preço – aquele que reluta mais em substituir a
marca pioneira por um similar.
Os resultados obtidos contradizem a usual intuição de que a entrada de novos
concorrentes deve resultar em uma redução dos preços cobrados pelas firmas
líderes. Nossas estimativas apontam justamente o oposto: em consonância com
estudos empíricos efetuados em países desenvolvidos, estimamos que os preços de
medicamentos líderes reagem positivamente ao avanço de medicamentos similares
no mercado; como reverso da moeda, o nível médio dos preços dos genéricos ou
similares tende a baixar e sua dispersão em relação ao preço do líder tende a subir
quando há um acirramento da concorrência na franja.” 91
Outro aspecto importante dos monopólios é observar a conduta do mono-
polista diante da entrada de um novo concorrente em seu mercado relevante,
considerando que estaremos diante de um jogo de dois jogadores, monopolista
versus desafiante, não-cooperativo e seqüencial (portanto de informação completa).
90
“A diferenciação do produto pode ser objetiva, no caso do seu acabamento ou da sua apresentação variarem,
como, também, pode ser subjetiva, quando via propaganda ou outro veículo qualquer se induzir o consumi-
dor a acreditar que determinado produto ou serviço lhe atendam melhor a necessidade sentida ou criada.
Aliás, os símbolos, marcas, patentes, logotipos e outros veículos usados pela propaganda e pela promoção têm
desempenhado um papel fundamental no processo de diferenciação de produtos e de discriminação de mer-
cados. Essa crença, tão ciosamente instilada nos consumidores pelos veículos da publicidade, dá origem à
chamada procura viscosa - objeto de todo concorrente imperfeito -, que vem a ser aquela procura grudenta
que sob várias formas se apega a determinados fornecedores, circulando de um para outro morosa e dificul-
tosamente. Estabelece-se uma espécie de afeição comercial entre alguns clientes e os seus fornecedores, em
função do tipo de atendimento, da decoração do estabelecimento, das características do produto, diferenciadas
em função dessa viscosidade, no fundo um conjunto de características psicoculturais próprias a grupos distin-
tos de consumidores.” NUSDEO, F. Curso de Economia: Introdução ao Direito Econômico. 3 ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, pág. 266.
91
)].” FIÚZA, Eduardo P.S., LISBOA, Marcos B.L., Bens Credenciais e Poder de Mercado: um Estudo
Econométrico da Indústria Farmacêutica Brasileira, Rio de Janeiro: Ipea, 2001, pág. 07.
estudosFEBRAFARMA [ 61 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 62 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 63 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
a. Barreiras Sanitárias
[ 64 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
b. Patentes
estudosFEBRAFARMA [ 65 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
Lei 5.772/71
Art. 9 – Não são privilegiáveis:
Decreto 1.355/94
Art. 27 – Matéria Patenteável
95
Convenção de Paris de 20/03/1883, revista em: Bruxelas 14/12/1900, Washington 02/06/1911, Haia
06/11/1925, Londres 02/06/1934, Lisboa 31/10/1958 e Estocolmo 14/07/1967, internada pelo Decreto
75.572/75 com a revisão de Haia e com as alterações da revisão de Estocolmo pelo Decreto 1.263/92 (sempre
promulgados com restrições regimentalmente permitidas).
96
Decreto-lei. nº 7.903/45.
97
Decreto-lei nº 1.005/69.
[ 66 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Decreto 1.355/94
Art. 65 – Disposições Transitórias
estudosFEBRAFARMA [ 67 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
Lei 9.279/96
Art. 229 – Aos pedidos em andamento serão aplicadas as disposições desta Lei,
exceto quanto à patenteabilidade das substâncias, matérias ou produtos obti-
dos por meios ou processos químicos e as substâncias, matérias, misturas ou
produtos alimentícios, químico-farmacêuticos e medicamentos de qualquer
espécie, bem como os respectivos processos de obtenção ou modificação, que
só serão privilegiáveis nas condições estabelecidas nos artigos 230 e 231.
[ 68 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 69 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
Esta regra de transição foi criada para evitar injustiças para com os inventores
que poderiam ser protegidos pela patente de seus produtos, pois ainda estariam
em vigência seus privilégios caso o Brasil não os incluísse no rol dos não paten-
teáveis e resumidamente impunha os seguintes requisitos para sua utilização:
[ 70 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
100
Que admite o patenteamento dos referidos produtos.
estudosFEBRAFARMA [ 71 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
Lei 9.279/96
§ 2º O Direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que
tenha tido conhecimento do objeto da patente através de divulgação na
forma do artigo 12, desde que o pedido tenha sido depositado no prazo de
1 (um) ano, contado da divulgação.
[ 72 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
mento do avanço científico que possa gerar benefícios para a própria sociedade,
não podendo haver o abuso deste Direito por parte de seu detentor.
“A nova Lei de Proteção da Propriedade Industrial contém várias disposições
que merecem atenção. Consagra-se a exaustão de Direitos (art. 43-IV e 68 §§ 3º e
4º). Admite-se a cláusula de grantback (art. 63). Admite-se a licença compulsória
sem exclusividade por abuso dos Direitos decorrentes da patente (misuse), por
abuso de poder econômico, por falta injustificada de exploração ou atendimento
insuficiente da demanda, em caso de dependência de patentes e em razão de
emergência nacional ou interesse público (arts. 68 a 72)” 101.
Essas medidas são voltadas a impedir que o detentor do monopólio legal o
use de modo a prejudicar a sociedade ao invés de favorecê-la, solução equiva-
lente foi dada pela Lei de Cultivares 102, que em certo sentido andou melhor, pois
atribui a competência para conceder a licença compulsória ao CADE, que é um
órgão mais aparelhado para tratar de questões de abuso de poder econômico,
que afinal é a hipótese também do abuso de Direito patentário apesar de se
tratar de um poder econômico criado por um privilégio legal.
Para evitar que o detentor da patente pudesse gozar de um período maior
de monopólio do que o da própria patente, decorrente do tempo em que os
novos competidores pudessem levar para obter o registro de produto genérico
ou similar, as autoridades brasileiras não vedam o registro de produto patentea-
do, por entenderem que (i) o registro tem como critério as características do
produto e não sua possibilidade de comercialização e (ii) que a patente confere
Direito individual ao seu titular, que terá de defender seu Direito com os meios
que a Lei de patentes lhe garante.
Ademais, os medicamentos concorrentes, genéricos e similares não pre-
cisam realizar todos os testes realizados pelo medicamento original, de modo
que seu registro deveria ocorrer em prazo mais curto.
Já nos Estados Unidos da América e na Europa a tônica da discussão foi
diferente, o grande debate se deu por conta da perda de uma parte do prazo de
gozo do monopólio legal em decorrência do tempo de desenvolvimento dos
testes de segurança e da demora no registro dos medicamentos, criando uma
diferença entre o prazo formal de patente e seu prazo real, aquele que efetiva-
mente é aproveitado economicamente pelo seu detentor, apesar de lá igual-
mente haver uma extensão do prazo de monopólio decorrente da demora no
registro dos produtos genéricos.
101
FONSECA, Antonio, ob. Cit. pág. 6.
102
Lei 9.456/97 - Art. 28.
estudosFEBRAFARMA [ 73 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 74 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
abundância estariam refletidas nos preços não apenas a cada momento, quanto às
condições presentes, mas em sua potencialidade, isto é, no tocante às perspectivas
futuras. Assim, muito embora num dado momento o suprimento de café pudesse
estar em seu normal ou até acima, a notícia de uma geada numa grande região
produtora determinaria, muito provavelmente, uma alta de seus preços ante a pers-
pectiva de escassez na próxima safra. Será possível, porém, que logo num primeiro
momento esta notícia não se dissemine e apenas alguns poucos a tenham. Estes,
hedonisticamente, expandirão as suas compras do produto para se locupletarem com
a futura alta, à custa dos demais que, inadvertidamente, se desfizeram do mesmo.
Note-se, ainda, ser também um pressuposto ligado ao ora em exame a perfeita
identificação dos produtos e de suas qualidade ou atributos por parte dos
adquirentes, donde haver um preço para cada tipo de produto, ainda quando não
passem de simples diferenciações do mesmo bem.” 103
No mundo do consumo de massas, normalmente, o consumidor não tem
acesso às informações do produto e muito menos tem condições de entendê-las
e traduzi-las em valor, o que gera a falha de mercado denominada assimetria
da informação, ou seja, o nível de informação que o vendedor tem do produto
é superior ao detido pelo consumidor, como por exemplo expressamente
reconhecido pelo Código de Defesa do Consumidor.
A determinação do valor do produto também passa pelo conceito de utili-
dade total, utilidade que uma única unidade do bem tem para o consumidor, e
utilidade marginal, utilidade que o consumidor terá com unidades adicionais
do produto, porém, não sendo um fator relativo à concorrência no mercado
como um todo, mas sim ao comportamento do consumidor, não vamos nos
deter na questão, embora certamente ela seja pertinente no mundo real.
O que nos interessa é o aspecto da intercambialidade, por sua influência na
concorrência existente no mercado. Como já dito, para ocorrer a intercambia-
lidade o consumidor tem de perceber os produtos como intercambiáveis, vale
dizer, o consumidor precisa pelo menos ter informação que o permita saber que
um produto pode ser trocado pelo outro com a mesma eficácia e segurança.
Quando isto não ocorre temos a concorrência monopolística e a intercam-
bialidade viscosa em favor de um agente econômico conforme já esclarecemos.
Podemos classificar os bens em: (i) bens de busca, cujas informações são co-
nhecidas pelo consumidor antes da compra, (ii) bens de experiência, quando o con-
sumidor somente conhecerá a qualidade do bem após a compra e (iii) bens creden-
ciais, somente um profissional especializado pode conhecer suas características.
103
NUSDEO, F. Curso de Economia: Introdução ao Direito Econômico. 3 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001, págs. 143 e 144.
estudosFEBRAFARMA [ 75 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 76 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
106
PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva,
2003, pág. 221.
estudosFEBRAFARMA [ 77 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 78 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
• 80% (oitenta por cento) dos consumidores confiam que o genérico faz o
mesmo efeito (ou seja, acreditam na intercambialidade do produto);
108
FIÚZA, Eduardo P.S., LISBOA, Marcos B.L., Bens Credenciais e Poder de Mercado: um Estudo
Econométrico da Indústria Farmacêutica Brasileira, Rio de Janeiro: Ipea, 2001, pág. 25.
estudosFEBRAFARMA [ 79 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 80 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
4. Problemas de Agência
estudosFEBRAFARMA [ 81 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
110
PINHO, D.B. e VASCONCELOS, M.A.S. (orgs) Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, pág. 220.
111
NUSDEO, F. Curso de Economia: Introdução ao Direito Econômico. 3 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001, pág. 230.
[ 82 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
112
NUSDEO, F. Curso de Economia: Introdução ao Direito Econômico. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2001, págs. 231 e 232.
113
NUSDEO, F. Curso de Economia: Introdução ao Direito Econômico. 3 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2001, pág. 233.
estudosFEBRAFARMA [ 83 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
(c) O segmento com renda entre 0 e 4 salários mínimos, com despesa média
anual de US$ 18,95 (dezoito dólares norte americanos e noventa e cinco cen-
tavos) per capita, que não tem qualquer condição de adquirir medicamentos
e, portanto, está na situação muito próxima de inexistência de elasticidade
em relação ao preço, pois por mais baratos que os medicamentos se tornem
ainda estarão acima de seu poder de compra – conforme informação divul-
gada pela Associação Pró-Genéricos 50% dos pacientes que precisam de um
medicamento não podem comprá-lo e abandonam o tratamento.
[ 84 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
114
Relatório da CPI dos Medicamentos, título VI.
estudosFEBRAFARMA [ 85 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 86 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 87 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
116
Cuja extinção se deu através da Lei 8.030 de 12 de abril de 1990 que instituiu a nova sistemática para
reajuste de preços e salários em geral.
117
Grupos de trabalho que tinham a participação de órgãos do governo e representações da iniciativa
privada para propor medidas para o Governo ao lidar com diversos mercados relevantes.
[ 88 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 89 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 90 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
16.000.000
Vendas nominais em R$ 1000 e US$ 1000
1.800.000
14.000.000
8.000.000
1.600.000
6.000.000
0 1.400.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003(*)
Os dados de 2001 e 2002 foram retificados
Fonte: GRUPEMEF
Elaboração: Febrafarma/Depto. de Economia (*) Últimos 12 meses móveis até Julho de 2003
130
R$
120 US$
110 Unidades
100
90
80
70
60
50
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003(*)
estudosFEBRAFARMA [ 91 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 92 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 93 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 94 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
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RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 96 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 97 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 98 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
(iii) “Regulamentar [na verdade criar critérios e normas jurídicas, pois estes
não estão na lei] a redução dos preços dos medicamentos que forem objeto de
redução de tributos”.
estudosFEBRAFARMA [ 99 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 100 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
E que:
estudosFEBRAFARMA [ 101 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 102 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 103 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
125
Evidentemente inexistente para produtos não comercializados pela empresa anteriormente.
[ 104 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Tudo resultando que o RMP será igual a “Ø” (de maneira mais
correta impossível), independentemente do preço do produto em
janeiro de 2001 (caso este preço também não seja “Ø”).
estudosFEBRAFARMA [ 105 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 106 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Mas não é só, a Medida Provisória em questão foi editada pelo Sr.
Presidente da República no dia 06 de setembro de 2001, contendo normas para
aplicação apenas em 2002.
Ora, é sabido que, nos termos do artigo 62 da Constituição Federal de 1988,
em sua redação original, o Presidente da República só pode adotar Medidas
Provisórias “em caso de relevância e urgência”.
Parece-nos evidente que não havia urgência na edição da referida Medida
Provisória, posto que foi editada em setembro de 2001 com sua eficácia apenas
para o ano de 2002, sendo contraditória a determinação desta eficácia diferida,
com o próprio conceito de urgência, pois o que urge não pode esperar até 2002,
ainda mais tendo em vista que as Medidas Provisórias, na forma da
Constituição Federal, em vigor quando da edição desta Medida Provisória,
tinham vigência por apenas 30 dias.
Dessa forma, nosso Presidente da República poderia, sem maiores difi-
culdades, ter feito projeto de lei para submissão à votação de nossas Casas
Parlamentares no regime de urgência previsto no parágrafo único do artigo
64 da Carta Magna. Este seria o caminho constitucional e, acima de
tudo, democrático.
No dia 05 de setembro de 2001, o Plenário do Senado Federal aprovou a
Emenda Constitucional nº 32, que impediu a reedição de Medidas Provisórias
mais de uma vez, mas que, em seu artigo 2º, determinou que as medidas pro-
visórias editadas em data anterior à sua publicação permanecessem em vigor
até sua revogação por outra Medida Provisória, ou até deliberação definitiva do
Congresso Nacional.
estudosFEBRAFARMA [ 107 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 108 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
justifica nos mercados relevantes em que esta realmente não se apresente, pelo
que devemos estudar se a medida tomada pelo Governo Federal é legítima para
esta finalidade.
Com efeito, “a fixação de preços pelo Estado gera a obrigação, para o agente
econômico, de praticá-lo no limite fixado, daí se originando dois Direitos distintos:
o público, do Estado, de ver cumprida sua determinação, tendo em vista a satisfação
do interesse social; o privado, da parte adversa contratante, de ver satisfeito o seu
interesse, pessoal, em não pagar mais do que o definido pelo texto normativo” 129.
Sendo assim, o agente econômico só poderá cobrar pelos seus produtos os
valores autorizados pelo órgão competente para definir seus preços, podendo
em caso de descumprimento tanto ser penalizado administrativamente, quanto
ser acionado pelos compradores de seus produtos.
O controle de preços trata das conseqüências da falta de concorrência, dos
seus efeitos, sem efetivamente tratar das causas que levam ao seu aumento abu-
sivo, é uma medida extrema que substitui o próprio mercado, pois bloqueia o
sinal que os agentes econômicos trocam entre si, qual seja o próprio preço,
referida medida acaba gerando grande poder para o administrador público,
que passa a ter a competência para tomar a decisão sobre o aumento de preço
solicitado pelo fornecedor.
Dessa forma, o poder econômico acaba submetido ao poder político que
passa a dar uma finalidade ao mercado, contrastando com a própria idéia de
concorrência que levaria os fornecedores na ânsia de aumentar sua participação
no mercado a buscarem diferenciais entre si de forma aleatória. O controle de
preços aniquila a efervescência do mercado que é responsável pelas evoluções
inusitadas do próprio mercado selecionadas pelas escolhas do consumidor.
No controle de preços o poder político dá uma finalidade ao mercado, a
finalidade política que acaba com esta efervescência natural do mercado, já que
o agente econômico passa a jogar com base não mais nos movimentos dos con-
sumidores mas sim com base nos movimentos do governo, passando a buscar a
maximização de seus resultados através deste relacionamento com o governo.
O fenômeno é o mesmo que já ocorreu nos tempos do CIP, quando os agentes
econômicos deixaram de buscar o aumento de produtividade e redução de custos,
simplesmente porque para maximizar seus resultados não poderiam diminuir seus
custos, pois se o fizessem não teriam argumentos para obter aumentos de preço.
Outro malefício do controle de preços é o risco de o administrador
público competente para aprovar os aumentos de preços passar a utilizar
129
GRAU, Roberto E. A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 8 ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2003, págs. 86 e 87.
estudosFEBRAFARMA [ 109 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
seu poder para fins próprios, sejam escusos ou simplesmente fins políti-
cos, o que é até natural já que para este a maximização dos resultados se
dá pela popularidade de suas medidas e não pela sua eficiência, de modo
que este poderá adotar medidas populares mas ineficientes do ponto de
vista econômico.
No nosso entender é ingênuo argumentar que o administrador público
procurará sempre as medidas mais eficazes porque estas gerarão melhorias
econômicas que lhe darão maior popularidade, na medida em que seus
interesses pessoais tendem a interferir em seu critério de julgamento, uma
vez que:
[ 110 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 111 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 112 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 113 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
5,69
2,5 5,20
4,68
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,48 -0,52
-0,5 -1,02
-1,0
Perda nas vendas Perda nas vendas Perda nas vendas
-1,5
2000 2001 2002 2003(*)
Fonte: GRUPEMEF
Elaboração: Febrafarma/Depto. de Economia (*) Estimativa Febrafarma
1,3
1,0
1,65
0,8
US$ bilhões
1,40
1,28 1,15
0,5
0,3
0,0
-0,25 -0,12 -0,13
-0,3
Perda na arrecadação Perda na arrecadação Perda na arrecadação
-0,5
2000 2001 2002 2003(*)
[ 114 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
48.100
Empregos diretos
48.000 47.300
45.800
44.000
40.000
2000 2001 2002 2003(*)
400
300
200 Investimentos
Expectativa de
100 147 investimentos
121
100
0
2001 2002 2003(*)
Fonte: Interfarma/Grupo de Empresas
Elaboração: Febrafarma/Depto. de Economia (*) Estimativa Febrafarma
estudosFEBRAFARMA [ 115 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
269
250
240
US$ milhões
200 214
150
153
142
132
100
Exportações
Expectativa
50
0
2001 2002 2003(*)
Fonte: Interfarma/Grupo de Empresas
Elaboração: Febrafarma/Depto. de Economia (*) Estimativa Febrafarma
[ 116 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
134
Para os quais valem as mesmas observações feitas sobre os artigos 8 e 9 da Lei 10.213/2003 feitos
anteriormente.
135
Medida razoável caso o tabelamento fosse constitucional, pois permite a avaliação da existência de concor-
rência em mercado relevante e sua liberação, embora o inciso careça de determinação clara deste objetivo,
bem como de um tratamento específico não só para o tratamento peculiar dos mercados relevantes, mas
também para cada jogador de um mercado relevante em relação ao poder de mercado que detém, não tem
sentido controlar preços de um desafiante que ainda não acumulou poder de mercado.
estudosFEBRAFARMA [ 117 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 118 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 119 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
Desta forma, percebe-se que não foi criada uma agência com poderes inde-
pendentes, mas simplesmente um órgão do Poder Executivo, que certamente
decidirá as questões do mercado farmacêutico segundo critérios políticos, com
todos os problemas já mencionados 136.
Excluindo-se o conteúdo inconstitucional da Lei 10.742/2003, resta que a
CMED terá por objetivos a adoção, implementação e coordenação de atividades
relativas à regulação econômica do mercado de medicamentos, voltados a pro-
mover a assistência farmacêutica à população, por meio de mecanismos que
estimulem a oferta de medicamentos e a competitividade do setor, com as
seguintes competências:
• Definir diretrizes e procedimentos relativos à regulação econômica do
mercado de medicamentos;
• Coordenar ações dos órgãos componentes da CMED voltadas à implemen-
tação dos seus objetivos;
• Sugerir a adoção, pelos órgãos competentes, de diretrizes e procedimentos
voltados à implementação da política de acesso a medicamentos;
• Propor a adoção de legislações e regulamentações referentes à regulação
econômica do mercado de medicamentos;
• Opinar sobre regulamentações que envolvam tributação de medicamentos;
• Assegurar o efetivo repasse aos preços dos medicamentos de qualquer
alteração da carga tributária;
• Sugerir a celebração de acordos e convênios internacionais relativos ao setor
de medicamentos;
• Monitorar o mercado de medicamentos, podendo, para tanto, requisitar
informações sobre produção, insumos, matérias-primas, vendas e quaisquer
outros dados que julgar necessários ao exercício desta competência, em
poder de pessoas de direito público ou privado;
136
“Com efeito, dentro de uma perspectiva normativo-constitucional, o Direito de proteção à concorrên-
cia é entendido como legislação que dá concretude aos princípios jurídicos da livre iniciativa, de livre
concorrência e da repressão ao abuso do poder econômico – princípios de base da ordem econômica
constitucional brasileira. Essa característica, de certa forma comum a todos os ordenamentos jurídicos
de nações cujo sistema econômico é o de mercado, impõe seja a aplicação das normas antitruste admi-
nistrada por autoridades administrativas independentes – autarquias no Direito Brasileiro – e pelo
Poder Judiciário, isolando-a de pressões políticas mais imediatas. Diferem, assim, de outros instrumen-
tos de política econômica sob controle direto do poder Executivo.” NUSDEO, Ana Maria O. Defesa da
Concorrência e Globalização Econômica: o Controle da Concentração de Empresas. 1 ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2002, pág. 63.
[ 120 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
A CMED deverá exercer estas competências para combater cada uma das
falhas de concorrência existentes no mercado de medicamentos, valendo-se de
múltiplas estratégias combinadas, conforme já vem sendo realizado por diver-
sos países do mundo, o que certamente é mais efetivo do que simplesmente
impor um arbitrário controle de preços aos laboratórios farmacêuticos.
Importante notar que além do controle dos atos expedidos pela CMED,
em relação a sua eficácia econômica, estes não deixam de ser atos administra-
tivos que devem também ser analisados sob luz das normas e princípios do
Direito Administrativo.
Portanto, o ato regulatório deverá atender aos princípios da finalidade,
razoabilidade, proporcionalidade, motivação (com seus motivos determi-
nantes), impessoalidade, publicidade, devido processo legal (processual e
substantivo), moralidade, responsabilidade do Estado, sujeito ao controle judi-
cial sobre os mesmos e também ao princípio da eficiência.
O princípio da eficiência remete ao alcance concreto de objetivos pelos
administradores públicos. No caso de atos regulamentares, as normas infra-
legais criadas devem conduzir aos objetivos propostos pelo sistema jurídico, que
dá validade aos mesmos também em atendimento ao princípio da eficiência,
portanto, no caso, novamente, eficiência econômica, para ampliação da oferta
de medicamentos e competitividade no setor 137.
Para reforçar a necessidade de análise econômica dos atos praticados pela
137
“Em uma divisão exclusivamente didática, Roberto Dromi e Carlos Menen separam em duas espécies de ação
de eficiência: 1. Na “organização econômica”, que seria destinada ao planejamento (imposição de metas), regu-
lação (de contratos e serviços), descentralização (privatização, competição e desmonopolização), fiscalização,
estabilização e promoção (fomento e investimento); e 2. Na “organização administrativa”, que visaria a obtenção
de uma Administração racional, desburocratizada, moderna e não legista. Dicotomia esta que, embora interes-
sante, não é tecnologicamente mais adequada. Mais produtivo é ressaltar que o princípio da eficiência não
somente se aplica à organização (aspecto estático), como também à própria atividade administrativa (aspecto
dinâmico). Entretanto, mesmo utilizando-se a distinção proposta, cabe salientar que por eficiência administrati-
va deve-se compreender não só a chamada organização e atividade eminentemente administrativas, como tam-
bém, e muito, a econômica. Por outro lado, em uma concepção abrangente, não seria correto falar em “eficiência
administrativa”, mas sim em “eficiência de Estado”, pois não se pode acreditar que somente nas funções adminis-
trativas o Estado precisaria ser eficiente. São, portanto, passíveis de submissão ao ideal de eficiência também as
funções judiciárias e legislativas (além daquelas de cunho propriamente governamental).” GABARDO, E.
Princípio Constitucional da Eficiência Administrativa. 1 ed. São Paulo: Dialética, 2002, págs. 18 e 19.
estudosFEBRAFARMA [ 121 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 122 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
141
“O motivo do ato administrativo constitui o pressuposto fático (ocorrência no mundo fenomênico) que per-
mite ou determina que a Administração o emita. Tais circunstâncias fáticas devem, por óbvio, estar previstas
em lei (motivo legal) e, uma vez configuradas, legitimam a administração a praticar o ato. Recorde-se por
oportuno, que o motivo do ato há de estar em perfeita sintonia com o motivo legal, isto é, as circunstâncias
fáticas previstas em lei devem estar caracterizadas. Ter-se-á, assim, um ato inválido, pelo menos do ponto de
vista do motivo.” SIMÕES, Mônica M. T., O Processo Administrativo e a Invalidação de Atos Viciados.
120f, pág. 149.
142
“Nem sempre, todavia, ocorre a desejada sintonia [entre o motivo legal e o motivo de fato]. Em situações
deste jaez, está-se diante de um ato inválido, por vício de motivo, quando, então, revela-se imperiosa a restau-
ração da legalidade. Num primeiro momento, poder-se-ia cogitar de convalidar o ato. Mas seria isso possí-
vel? Uma análise mais detida conduzirá à resposta negativa. Ora, se o ato apresenta vício quanto ao motivo,
significa isso dizer que o pressuposto fático previsto em lei para a prática do ato não restou configurado. E,
para que o ato seja válido o motivo deve indiscutivelmente fazer-se presente. Não seria razoável supor que
a administração pudesse, após a emissão de ato inválido por ausência de motivo, convalida-lo.” Mônica
Martins Toscano Simões, em tese de Mestrado apresentada perante a PUC/SP, sob orientação do Professor
Celso Antônio Bandeira de MELLO. O Processo Administrativo e a Invalidação de Atos Viciados, pág. 149.
143
ZANCANER, Weida, Da Convalidação e da Invalidação dos Atos Administrativos, 2 ed., Malheiros,
São Paulo, 1996, pág. 65.
estudosFEBRAFARMA [ 123 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 124 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Conclusão
estudosFEBRAFARMA [ 125 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
[ 126 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
Um bom exemplo a ser seguido é o Pharmacy Benefit Managers, dos EUA, que
são empresas privadas especializadas na aquisição de medicamentos a custos
estudosFEBRAFARMA [ 127 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
menores, em razão das grandes compras efetuadas, para o suprimento dos planos
de saúde.” 144
Conforme aponta Rodney de Castro Peixoto 145, “O chamado PBM –
Pharmaceutical Benefit Management é um sistema de gerenciamento de serviços
de saúde que teve início nos Estados Unidos na década de 80, e em alguns anos se
tornou padrão na distribuição e prescrição de medicamentos naquele país. O PBM
envolve uma gama de clientes e administra benefícios na venda e aquisição de
medicamentos e serviços, permitindo um controle de custos otimizado. É um con-
junto de ferramentas, procedimentos, padrões e informações atuando para suprir
os interesses das partes envolvidas na administração e distribuição de produtos e
serviços de saúde.
Através do PBM, empresas operantes no ramo de saúde estabelecem uma rede
de distribuição entre si, facilitando a comunicação, cortando custos, agregando
valores, mantendo clientes, adquirindo insumos, fortalecendo marcas, em suma,
estreitando relacionamentos comerciais com a obtenção de maiores vantagens
operacionais. E seus clientes obtêm vantagens como rapidez, maior segurança
na obtenção de medicamentos, descontos progressivos e demais facilidades de
pagamento, comunicação segura para o processamento e recebimento de créditos,
fortalecimento de parcerias comerciais.”
Já temos no Brasil algumas operadoras de PBM que estão expandindo seus
negócios com a colaboração de operadoras de planos de saúde e laboratórios
farmacêuticos com ganhos evidentes para o mercado, porém, com apoio
governamental tais ganhos poderiam ser muito ampliados, como por exemplo
terceirizando a assistência farmacêutica oficial para tais empresas mediante
licitações públicas.
Importante avanço para os participantes da cadeia farmacêutica seria a
imediata revogação da fixação de margens de preço de comercialização, pelos
efeitos anti-concorrenciais, bem como, a concessão de apoio para que labo-
ratórios farmacêuticos desafiantes possam efetivamente concorrer com os
medicamentos líderes de mercado, tanto através dos medicamentos genéricos,
quanto incentivando a pesquisa para a descoberta de novas drogas que possam
se tornar líderes de mercado.
No mesmo sentido, o fornecimento constante de informação relativa a
fabricantes, marcas e preços de medicamentos intercambiáveis aos médicos,
bem como o custo dos tratamentos indicados e, finalmente, a mais importante,
144
Relatório da CPI dos Medicamentos, título V.
145
PEIXOTO, Rodney de Castro, PBM, Conceito Descrição e Aspectos Contratuais, disponível em
<http//www.csalaw.com.br>, Acesso em 15 de ago. 2003.
[ 128 ] estudosFEBRAFARMA
CONTROLE DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS
estudosFEBRAFARMA [ 129 ]
RODRIGO ALBERTO CORREIA DA SILVA
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