You are on page 1of 16

Histórico da Agricultura Brasileira

A ocupação iniciada durante o séc. XVI e apoiada


na doação de terras por intermédio das
sesmarias, na monocultura da cana-de-açúcar e
no regime escravocrata foi responsável pela
expansão do latifúndio, que concentra as terras e
utiliza sistemas agrários nocivos, os quais ainda
predominam em muitas áreas do país. Antes da
expansão desse sistema monocultor, já havia se
instalado, como uma primeira atividade
econômica, a extração do pau-brasil, que se
tornou a primeira grande agressão ao meio
ambiente, através da destruição da vegetação
litorânea.

A extinção dessa espécie vegetal (o pau-brasil) - não havendo neste período outro produto
extrativo de valor comercial - teve início com a plantação da lavoura canavieira, que nesse
período serviu de base e sustentação para a economia do Brasil.

Essa lavoura desempenhou um papel fundamental na organização da agricultura nacional,


fazendo surgir a grande propriedade rural, núcleo de futuras plantations, apoiadas por mão-de-
obra escrava. A exploração promoveu a derrubada progressiva da vegetação original. Na fase
inicial da ocupação do território nacional, a substituição da Floresta Atlântica por lavoura foi
realizada de maneira indiscriminada, fato em parte compreensível, face ao desconhecimento de
métodos e técnicas que permitissem uma ocupação do solo mais racional, que previsse a
preservação de áreas mais suscetíveis à degradação.

Em áreas do sertão, onde as condições ambientais não eram favoráveis à expansão canavieira,
desenvolveu-se a grande propriedade voltada para pecuária de corte (praticada em pastos
naturais afastados do litoral) e também o abastecimento dos pequenos centros urbanos para o
fornecimento de animais de tração às áreas canavieiras.

Junto à expansão da cultura canavieira e da pecuária extensiva, desenvolveu-se uma


agricultura de subsistência que visava o abastecimento das pessoas engajadas nos engenhos e
fazendas de gado, situação que perdurou até o séc. XVIII, quando a mineração passou a ser a
principal atividade do País e, como conseguinte, absorvendo a maior parte da mão-de-obra, o
que ocasionou o abandono de muitos engenhos açucareiros.

Essa nova atividade foi responsável pelo aumento de áreas voltadas para agricultura de
subsistência e promoveu o aparecimento de propriedades de menores dimensões, dedicadas à
produção de alimentos, com fins comerciais. A prática da mineração ficou sob a forma de
garimpos, embora em áreas restritas e localizadas, o que contribuiu também para a
interiorização da ocupação do Brasil e provocou grandes alterações ambientais nas áreas onde
se deu de forma mais intensa.

No séc. XIX, inicia-se a fase de grande expansão da ocupação do território, sobretudo na


Região Sudeste, motivada pela difusão de novas terras. Assim, as propriedades se tornaram
maiores e nesse período o capitalismo estava em grande ascensão. Nesse período também
desenvolveu-se o transporte ferroviário, acabando-se, assim, o isolamento das fazendas.
No séc. XX, sucessivas crises de abastecimento surgidas em função do predomínio econômico
do café e da cana-de-açúcar, voltados para o mercado externo, contribuíram para o
aparecimento de pequenas e médias propriedades dedicadas ao cultivo de produtos
alimentícios básicos.

O crescente processo de urbanização do Brasil, junto com o desenvolvimento industrial a partir


da década de 40, contribuíram para o surgimento de áreas agrícolas destinadas à produção de
matérias-primas industriais, de produtos hortifrutigranjeiros e de uma pecuária leiteira
desenvolvida em planaltos. A atividade pecuária foi responsável por grandes transformações
verificadas nos usos e nos empregos de técnicas na agricultura, acelerando a ocupação do
Brasil e ocasionando modificações na natureza.

Na atualidade, segundo levantamento realizado, o setor agropecuário correspondeu a 7,8% do


PIB nacional no ano de 2000; registrou-se também um aumento na participação de cerca de
8,3%. Apesar deste crescimento, o setor continua a gerar menos renda do que o esperado,
isto, em virtude da contínua queda nos preços do café, milho e soja junto aos mercados
internacionais, queda esta que têm como agravante o aumento da oferta.

Exemplificando o aumento da oferta pode-se analisar a estimativa feita em 2001. Dados do


IBGE apontavam para uma produção de 98,298 milhões de toneladas, um volume superior a
2000 em 18,08%.

De 1969 a 1999 ocorreu uma expansão na área cultivada, passou de 187 milhões para 250
milhões de hectares (34% a mais).

http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?
base=./agropecuario/index.html&conteudo=./agropecuario/historico.html

A expansão da agricultura pelos estados das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil tem sido um tema muito
questionado pelos grandes vestibulares nos últimos anos. Em um ano perguntam sobre os cultivos de soja, no
outro, sobre as características do cerrado ou ainda a respeito do desmatamento amazônico provocado pelo avanço
da área cultivada. Assim, já é um tema que merece nossa especial atenção, vamos a um breve comentário.
Desde a década de 70, observa-se que a soja tem tomado conta de várias regiões agrícolas do nosso país, tendo
como ponto de partida os estados sulistas. Em tese, devido ao clima subtropical – marcado por médias térmicas
em torno de 18ºC e chuvas bem distribuídas ao longo do ano - predominante do sul do Brasil, a soja adaptar-se-ia
melhor nesta região, porém, pesquisas permitiram a ampliação dos tipos de sementes utilizadas no Brasil, de dez
para mais de cem espécies, em um período de pouco mais de 30 anos.
Em seu caminho rumo ao norte, a soja “escolheu” os quentes e planos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul como seus principais produtores na atualidade, tanto que o crescente de cultivos nesses dois estados faz do
Brasil, neste ano de 2003, o maior exportador mundial da soja.
Falar do avanço da soja nos referidos estados suscita uma abordagem natural, mais especificamente acerca do
tipo vegetacional lá predominante: o cerrado. Esta vegetação, caracterizada pelo predomínio de gramíneas, poucas
árvores, galhos retorcidos e cascas grossas, possui solos ácidos e, portanto, de baixa fertilidade, mas que têm
permitido boa produtividade agrícola devido a uma técnica simples de correção, conhecida como calagem. (Vale
lembrar que as condições naturais predominantes no Centro-Oeste brasileiro colaboraram para que, durante
séculos, a pecuária extensiva fosse atividade quase exclusiva).
O aumento da produtividade agrícola nas áreas centrais do Brasil provoca, não apenas a dinamização da economia
nacional, mas também colabora para o povoamento – entrada de migrantes sulistas - e desenvolvimento da infra-
estrutura local, com especial destaque para os meios de transporte voltados ao escoamento da produção agrícola.
Mas, como em tudo (ou quase tudo) há um porém, lá vai: o avanço, muitas vezes desmedido, das lavouras é
responsável por intensa destruição de ecossistemas, tanto que a periferia da Amazônia Legal já é uma das áreas
que mais sofrem com o processo de desmatamento. O chamado “Arco do
Desflorestamento” atinge, sobretudo, o centro-sul do Pará, norte do Mato
Grosso e Rondônia, chamando-nos a atenção para a importância de um
desenvolvimento sustentável.
(Professor Rodrigues)

Cultivo do feijão e da mandioca conservando


o solo
Por Henrique de Oliveira
Auro Akio Otsubo
Fábio Martins Mercante
Renato Roscoe.

A cultura da mandioca

A mandioca é uma planta perene, arbustiva, pertencente a família das Euforbiáceas. É bem tolerante
à seca e possui ampla adaptação às mais variadas condições de clima e solo. A parte mais importante
da planta são as raízes, ricas em fécula, utilizadas na alimentação humana e animal ou como matéria
prima para diversas indústrias. Originária do continente americano, provavelmente do Brasil, a
mandioca já era cultivada pelos aborígenes, por ocasião da descoberta do país.

A mandioca é fonte de caloria básica para 500 a 700 milhões de pessoas no mundo tropical,
particularmente para aquelas de menor poder aquisitivo. É cultivada em vários países, assumindo
grande importância social naqueles em desenvolvimento. O Brasil é um dos maiores produtores
mundiais, com uma produção superior a 20 milhões de toneladas.

A mandioca é um dos produtos mais apreciados na culinária sul-matogrossense, é acompanhante


obrigatória de inúmeras iguarias locais. Seu consumo anual em Mato Grosso do Sul é de,
aproximadamente, 23 kg por pessoa sendo o consumo médio semanal de 1,8 kg por família.

A época de plantio se estende de maio a novembro. Entretanto, é necessário ficar atento para que o
solo tenha umidade suficiente para garantir a brotação das manivas. Os cuidados que devem ser
tomadas na implantação e condução da lavoura são: utilizar mudas sadias; realizar rotação de
culturas e mesmo de variedades; controle das plantas daninhas principalmente nos três primeiros
meses após o plantio, para estabelecer a cultura com o número e disposição de plantas adequados.

A cultura do feijoeiro

A cultura do feijoeiro constitui-se uma importante opção econômica para o modelo de agricultura
familiar. Fonte de proteína vegetal de baixo custo, é o alimento mais tradicional do Brasil.

No cenário mundial, o Brasil ocupa a posição de líder na produção de grãos. Aliado à baixa tecnologia,
a instabilidade do mercado comprador e a demanda cada vez mais exigente do consumidor, são
entraves a uma maior expressão da cultura no país. Devem ser consideradas , também, as
adversidades climáticas particularmente importantes para a cultura. Em função da falta de opções de
beneficiamento aliado à tradição do consumo “in natura”, o feijão ainda se ressente diretamente das
frustrações de safra que periodicamente são observadas na cultura.

Merecem destaque especial as considerações sobre o manejo da matéria orgânica nas áreas onde vai
ser cultivado o feijoeiro. Essa planta é uma das que respondem mais acentuadamente à adubação
verde e orgânica, e tem sido demonstrada a importância da presença de massa vegetal
semidecomposta no crescimento e produção do feijoeiro. Efeitos semelhantes aos da adubação verde
são obtidos com aplicação de estercos, compostos e tortas.

Resultados de pesquisa indicam que quando se aduba as plantas com nitrogênio mineral, sua
absorção máxima ocorre entre o florescimento e o período de enchimento dos grãos e a taxa máxima
de fixação do nitrogênio ocorre após o período médio de enchimento de grãos, sendo que o nitrogênio
proveniente da fixação é mais eficiente para a produção de sementes do que o nitrogênio mineral.

Conservação do solo

O solo, junto com a luz solar, o ar e a água, é uma das quatro condições básicas para a vida no
planeta. Os solos não são estáticos, encontram-se em contínuas modificações. As enxurradas
transportam as partículas do solo, desgastando a superfície da Terra. A erosão é a remoção das
partículas do solo das partes mais altas e o transporte e deposição destas partículas nas partes mais
baixas. No estado natural, a vegetação exerce um papel protetor, fazendo com que a remoção do
solo seja lenta, dessa forma ela é compensada pelos processos de formação do solo. Há, portanto, um
equilíbrio entre a remoção do solo e sua formação.

Quando o homem cultiva a terra esse equilíbrio pode ser rompido. Para cultivar o solo há necessidade
de se remover a vegetação natural e, geralmente, fazer o revolvimento do solo, embora se tenha
técnicas, como o sistema de plantio direto, onde essa operação é bastante reduzida. Quando essas
operações são realizadas sem o devido cuidado é apressada a remoção das camadas superficiais do
solo.

No Brasil a erosão causada pela ação das águas (hídrica) é mais importante que a erosão causada
pela ação dos ventos (eólica). Tipos de erosão hídrica: erosão laminar, erosão em sulcos e erosão em
voçorocas. Há várias práticas para diminuir e controlar a erosão do solo são práticas de caráter
vegetativo, mecânico e práticas onde são realizadas ações que melhoram as condições de nutrição do
solo e, assim, as planas conseguem se desenvolver melhores. Essas práticas não devem ser utilizadas
isoladamente, mas combinadas.

Considerações iniciais sobre a agricultura familiar de


assentamentos rurais em Corumbá-MS.

Por Fernando Fleury Curado

O presente texto aborda de forma introdutória dois temas normalmente pouco tratados no
Pantanal. O primeiro tema refere-se à agricultura familiar, já o segundo, ao produto de uma
política de reforma agrária implementada pelo Estado, os assentamentos rurais. Tratam-se de
assuntos dificilmente abordados há cerca de 25 ou 30 anos atrás mas que na atualidade
tornaram-se indispensáveis em reflexões acerca do desenvolvimento desta região sob a
perspectiva territorial.

No Pantanal, os motivos para a sensível dificuldade na incorporação destes temas encontram-


se relacionados ao fato da agricultura familiar nunca ter encontrado maior visibilidade, apesar
do papel social e econômico que desempenhava na região. Neste aspecto, a agricultura familiar
desenvolvida pelas populações tradicionais pantaneiras (moradores das colônias, pescadores e
indígenas), mesmo exercendo tradicionalmente uma importante função no abastecimento
alimentar das cidades de Corumbá e Ladário, assim como na própria manutenção de algumas
fazendas de gado, e demais comunidades da região, não foi percebida e valorizada pelo poder
público e pela sociedade local. Prevaleceu portanto a importância política e econômica destas
fazendas que, após a ocupação de terras anteriormente pertencentes aos povos indígenas,
fundamentaram uma estrutura social a elas circunscrita. Assim, em torno destas propriedades,
estruturaram-se categorias como peões, vaqueiros, capatazes e gerentes de fazenda,
trabalhadores rurais que contribuíram efetivamente para o desenvolvimento da pecuária de
corte, principal atividade econômica do Pantanal. Neste aspecto, diante das imensas distâncias
até as cidades e das dificuldades no deslocamento inerentes à própria região, a produção de
alimentos básicos mostrou-se de fundamental importância para a manutenção destas
propriedades.

Portanto, até recentemente, refletir sobre a agricultura familiar no Pantanal correspondia a


uma ação impraticável e de fraca repercussão. Consequentemente, tornou-se mais propício nas
reflexões sobre o Pantanal, destacar a figura do trabalhador rural, aquele mesmo que, na
atualidade, juntamente com trabalhadores oriundos de outras regiões do país, vêm
contribuindo para a conformação da agricultura familiar de assentamentos rurais nesta região.

A origem de assentamentos

Durante o ano de 2002, a Embrapa Pantanal desenvolveu uma ação de pesquisa denominada
Pré-diagnóstico Participativo de Agroecossistemas dos Assentamentos Paiolzinho e Tamarineiro
II, visando o aprofundamento de informações acerca dos assentamentos rurais de Corumbá e
seus impactos regionais. Esta ação de pesquisa, baseada na metodologia do Diagnóstico Rural
Participativo de Agroecossistemas, teve como objetivo central a busca de informações sócio-
econômicas e ambientais, assim como o planejamento participativo de ações que pudessem
contribuir no desenvolvimento integrado e sustentável local. As informações obtidas neste
estudo apontam para os principais elementos que motivaram a criação de oito assentamentos
rurais neste território, correspondendo ao número de 1.158 famílias assentadas, cerca de 5,2
% de sua população total (tabela 1). Neste sentido, mais do que um fato localizado, esta forma
de ocupação do território está associada a profundas transformações em curso naquele
contexto, em diversas regiões do país e, em especial, no Estado de Mato Grosso do Sul.

Tabela 1. Caracterização dos assentamentos de Corumbá e


Ladário sob acompanhamento da Unidade Avançada do
Incra.
Assentamento Famílias Área (ha)
1. Tamarineiro II 319 10.635,58
2. Paiolzinho 070 1.196,75
3. Taquaral 394 10.013,24
4. Tamarineiro I 126 3.812,26
5. P.A 72 085 2.343,41
6. Urucum 087 1.978,93
7. Mato Grande 050 1.264,35
8. P.A.R. Bocaina 027 761,55
Total 1.158 32.006,07
Fonte: Unidade Avançada do Incra, adaptado por CURADO, F. (2003).

Num primeiro aspecto, o processo de modernização da agricultura levado a cabo pelo intenso
aporte financeiro por parte do Estado nas décadas de 60 e 70 e que garantiu a tecnificação e
quimificação no meio rural, mostrava sinais, já nos anos 80, de profundas mudanças sócio-
econômicas e ambientais percebidas no acirramento dos conflitos pela terra, na expulsão de
pequenos proprietários familiares, no aumento da concentração fundiária, na desestruturação
das relações de trabalho, e na exploração inadequada dos recursos naturais com a degradação
de imensas extensões de terra (Graziano Neto,1985; Delgado, 1985; Martine & Garcia, 1987).

O segundo aspecto que contribuiu para o surgimento dos assentamentos rurais está
relacionado à mobilização e organização dos trabalhadores rurais no interior dos movimentos
sociais. O que aconteceu de modo especial no Mato Grosso do Sul foi a confluência de
diferentes expressões do movimento de luta pela terra em ocupações, acampamentos, e
assentamentos rurais. Neste sentido, reuniram-se, nestas experiências, desde trabalhadores
rurais oriundos das lutas contra barragens, até antigos “brasiguaios” que lutavam pela
(re)inserção sócio-produtiva no país. Estes atores sociais, contando com o apoio de diversos
mediadores, dentre os quais, a Comissão Pastoral da Terra, foram responsáveis pelo processo
de territorialização do Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST no
estado. Todos estes fatores contribuíram, conjuntamente, para a conformação de trajetórias
distintas de luta pela terra e foram verificadas em diversos relatos orais sobre as experiências
de assentamentos rurais em Corumbá. Vários agricultores assentados desta região passaram
por diferentes acampamentos no Mato Grosso do Sul, buscando a incorporação no Programa
Nacional de Reforma Agrária.

De modo específico, na região de Corumbá, outro fator parece ter igualmente contribuído para
a formação progressiva de novas demandas por terra, gerando a mobilização necessária para a
ocupação deste território mediante a criação de assentamentos rurais pelo governo federal.
Este fator corresponde à grande enchente de 1974 e, com ela, a inauguração de um novo ciclo
de cheias que provocou intensas transformações sócio-econômicas no Pantanal, dando início a
um processo de declínio da atividade pecuária nesta região. Com esta enchente, várias
fazendas que ocupavam anteriormente áreas secas foram tomadas pelas águas, inviabilizando,
em alguns casos, a continuidade desta atividade. Em conseqüência disto, muitos trabalhadores
rurais migraram para as cidades de Corumbá e Ladário. O período de 60 e 70, segundo o Plano
de Conservação da Bacia do Alto Paraguai - PCBAP, mostrou um acréscimo na ordem de
23.397 habitantes em Corumbá. Por outro lado, o período seguinte, de 70 a 80, evidenciou um
decréscimo de 742 habitantes neste mesmo município. Apesar deste decréscimo, a taxa de
urbanização manteve-se crescente no período citado, chegando a 86,7%, em 1991. Este
quadro, associado aos reflexos das mudanças provocadas pelo Estatuto do Trabalhador que
estendeu ao trabalhador rural os direitos concedidos ao trabalhador urbano, promoveu a
alteração do elemento estruturante das relações sociais em torno da fazenda pantaneira, ou
seja, a cordialidade, que fundamentava a relação patrão e empregado nestas unidades.
Diante do exposto, duas frentes migratórias deram o contorno populacional dos assentamentos
rurais de Corumbá e região nas últimas décadas: de um lado, trabalhadores rurais (antigos
bóias-frias, assalariados, arrendatários, etc.) migrantes expropriados pela modernização do
campo (monocultura da soja), organizados em torno do MST, e que estabeleceram vários
acampamentos na região sul do estado (Dourados, Caarapó, Mundo Novo, Itaquiraí, etc) ao
longo das décadas de 80 e 90. A outra frente, correspondeu à própria população pantaneira
(trabalhador rural das fazendas), assim como ex-proprietários expulsos pelas águas, antigos
posseiros e arrendatários que se tornaram, neste contexto, novos demandantes por terras
mediante o processo de reforma agrária, impulsionando, consequentemente, a criação dos
assentamentos rurais na parte alta de Corumbá.

_______________________________________________________
Fernando Fleury Curado (fcurado@cpap.embrapa.br) é pesquisador da Embrapa Pantanal na
área de sócio-economia.

Agronegócio Brasileiro: Uma Oportunidade de Investimentos

Moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera,


segura e rentável. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e
quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares
de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram
explorados. Esses fatores fazem do país um lugar de vocação natural para a agropecuária e
todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas. O agronegócio é hoje a principal
locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país.

O agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das
exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Estima-se que o PIB do setor chegue a
US$ 180,2 bilhões em 2004, contra US$ 165,5 bilhões alcançados no ano passado. Entre
1998 e 2003, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,67% ao ano. No ano
passado, as vendas externas de produtos agropecuários renderam ao Brasil US$ 36 bilhões,
com superávit de US$ 25,8 bilhões.

Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio
internacional do agronegócio quanto o Brasil. Os números comprovam: em 1993, as
exportações do setor eram de US$ 15,94 bilhões, com um superávit de US$ 11,7 bilhões.
Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos
agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial. Esses resultados
levaram a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) a
prever que o país será o maior produtor mundial de alimentos na próxima década.

O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos


agropecuários. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas.
Além disso, lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina, carne de frango,
tabaco, couro e calçados de couro. As projeções indicam que o país também será, em pouco
tempo, o principal pólo mundial de produção de algodão e biocombustíveis, feitos a partir
de cana-de-açúcar e óleos vegetais. Milho, arroz, frutas frescas, cacau, castanhas, nozes,
além de suínos e pescados, são destaques no agronegócio brasileiro, que emprega
atualmente 17,7 milhões de trabalhadores somente no campo.

MODERNIZAÇÃO

O bom desempenho das exportações do setor e a oferta crescente de empregos na cadeia


produtiva não podem ser atribuídos apenas à vocação agropecuária brasileira. O
desenvolvimento científico-tecnológico e a modernização da atividade rural, obtidos por
intermédio de pesquisas e da expansão da indústria de máquinas e implementos,
contribuíram igualmente para transformar o país numa das mais respeitáveis plataformas
mundiais do agronegócio. A adoção de programas de sanidade animal e vegetal, garantindo
a produção de alimentos saudáveis, também ajudou o país a alcançar essa condição.

É evidente, entretanto, que o clima privilegiado, o solo fértil, a disponibilidade de água e a


inigualável biodiversidade, além da mão-de-obra qualificada, dão ao Brasil uma condição
singular para o desenvolvimento da agropecuária e de todas as demais atividades
relacionadas ao agronegócio. O país é um dos poucos do mundo onde é possível plantar e
criar animais em áreas temperadas e tropicais. Favorecida pela natureza, a agricultura
brasileira pode obter até duas safras anuais de grãos, enquanto a pecuária se estende dos
campos do Sul ao Pantanal de Mato Grosso - a maior planície inundável do planeta.

Para fortalecer essas vantagens competitivas, tornando o agronegócio um investimento


ainda mais atrativo, o governo tem modernizado a Política Agrícola. A espinha dorsal desse
processo é o seguro rural. Indispensável à garantia de renda do produtor, ele também é
essencial à geração de empregos no campo, ao avanço tecnológico e à efetiva incorporação
do setor ao mercado de capitais.

Outros modernos instrumentos de Política Agrícola, como o Fundo de Investimento do


Agronegócio (FIA), o Certificado de Depósito Agropecuário e o Warrant Agropecuário,
têm sido desenvolvidos e aperfeiçoados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Com isso, o governo busca atrair parte do patrimônio de mais de US$ 165
bilhões dos fundos de investimentos ao financiamento das atividades agropecuárias para
impulsionar ainda mais o setor por meio do crédito rural.

O governo acaba de modernizar os contratos de opção de venda, trazendo o setor privado


para dentro das políticas públicas do setor. Dessa forma, aumenta o potencial de
alavancagem dos recursos públicos aplicados na agropecuária e garante ainda mais
liberdade ao setor privado. Essas mudanças certamente impulsionarão ainda mais o
agronegócio, responsável pela totalidade do superávit da balança comercial brasileira nos
últimos anos.

Com uma população superior a 170 milhões, o Brasil tem um dos maiores mercados
consumidores do mundo. Hoje, cerca de 80% da produção brasileira de alimentos é
consumida internamente e apenas 20% são embarcados para mais de 209 países. Em 2003,
o Brasil vendeu mais de 1.800 diferentes produtos para mercados estrangeiros. Além dos
importadores tradicionais, como Europa, Estados Unidos e os países do Mercosul
(Argentina, Uruguai e Paraguai), o Brasil tem ampliado as vendas dos produtos do seu
agronegócio aos mercados da Ásia, Oriente Médio e África.

SUPERPRODUÇÃO

O desempenho da agropecuária brasileira é incomparável. Nenhum outro país do mundo


teve um crescimento tão expressivo na agropecuária quanto o Brasil nos últimos anos. A
safra de grãos, por exemplo, saltou de 57,8 milhões de toneladas para 123,2 milhões de
toneladas entre as safras 1990/1991 e 2002/2003. Nesse período, a evolução da pecuária
também foi invejável, com destaque para a avicultura, cuja produção aumentou 234% - ou
incríveis 16,7% ao ano -, passando de 2,3 milhões para 7,8 milhões de toneladas. Não é por
acaso, portanto, que o setor, dono de uma alta produtividade, excelente nível sanitário e alta
tecnologia, tem atraído cada vez mais investimentos internacionais nos últimos anos.

De 1990 para cá, a produção de grãos no Brasil cresceu 131%. Nesse período, a área
plantada ampliou-se apenas 16,1%, passando de 36,8 milhões para 43,9 milhões de
hectares. A abundância foi obtida, portanto, graças ao aumento de 85,5% no índice de
produtividade nessas últimas 13 safras. O rendimento das principais culturas agrícolas
saltou de 1,5 tonelada para 2,8 toneladas por hectare. Por trás desse avanço, estão as
digitais da pesquisa agropecuária, responsável pelo desenvolvimento de 529 novos
cultivares adaptados especificamente a cada clima e solo nas principais regiões produtoras
do Brasil. Pesaram também o emprego de técnicas mais avançadas e ambientalmente
corretas, como o plantio direto na palha, e o trabalho de correção de solos e recuperação de
áreas degradadas de pastagens e outras culturas.

Com pelo menos 90 milhões de terras agricultáveis ainda não utilizadas, o Brasil pode
aumentar em, no mínimo, três vezes sua atual produção de grãos, saltando dos atuais 123,2
milhões para 367,2 milhões de toneladas. Esse volume, porém, poderá ser ainda maior,
considerando-se que 30% dos 220 milhões de hectares hoje ocupados por pastagens devem
ser incorporados à produção agrícola em função do expressivo aumento da produtividade
na pecuária. O país tem condições de chegar facilmente a uma área plantada de 140 milhões
de hectares, com a expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste e no Nordeste. Tudo isso
sem causar qualquer impacto à Amazônia e em total sintonia e respeito à legislação
ambiental.

PECUÁRIA (Relativo a criação e indústria de animais)

A exemplo da agricultura, a pecuária registra um crescimento espetacular. De 1990 a 2003,


a produção de carne bovina aumentou 85,2% - ou 6,1% ao ano -, passando de 4,1 milhões
para 7,6 milhões de toneladas. Nesse período, a suinocultura cresceu 173,3%, ou 12,4% ao
ano. A produção de carne suína saltou de 1 milhão para 2,87 milhões de toneladas. O
complexo carnes, que inclui outros tipos do produto, também investe em pesquisa, por
intermédio do melhoramento genético, e na certificação de origem do produto. Tudo para
oferecer aos consumidores alimentos seguros e de alta qualidade, como o chamado "boi
verde", um animal alimentado apenas com pastagem, muito diferente dos sistemas
mantidos em outros países produtores.
Dono do maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil tem mais de 83% das suas
183 milhões de cabeças em áreas livres da febre aftosa, uma doença altamente contagiosa e
economicamente devastadora. O país também é considerado pelo Comitê Veterinário da
União Européia como "área de risco desprezível" para a ocorrência do chamado mal da
"vaca louca", a doença que dizimou populações inteiras na Europa e chegou recentemente
ao continente americano.

Ao mesmo tempo, a maior parte do território brasileiro está livre de doenças como
"Newcastle", que pode exterminar plantéis inteiros de frangos e até mesmo contagiar o
homem, e a peste suína clássica, letal para animais jovens. O país também não registra
qualquer caso de influenza aviária, a chamada "gripe do frango", um vírus altamente
contagioso que tem infectado aves na Ásia, América do Norte e Europa. No setor avícola, o
país é o segundo maior do mundo. Em suínos, tem a terceira maior população do globo.

ÁLCOOL E AÇÚCAR

Introduzida no Brasil para consolidar a colonização portuguesa e, ao mesmo tempo,


garantir grandes lucros à metrópole, a cana-de-açúcar tornou-se um dos produtos mais
importantes do agronegócio brasileiro. Do auge durante o chamado ciclo da cana (séculos
XVI e XVII) aos dias de hoje, a cultura manteve uma forte participação na economia
nacional. O país é o maior produtor mundial de cana, com uma área plantada de 5,4
milhões de hectares e uma safra anual de cerca de 354 milhões de toneladas. Em
conseqüência disso, também é, naturalmente, o mais importante produtor de açúcar e de
álcool.

Em 2003, segundo dados consolidados pela Secretaria de Produção e Comercialização


(SPC), as exportações de açúcar atingiram 12,9 milhões de toneladas, com receitas de US$
2,1 bilhões, um resultado 2,2% superior ao registrado em 2002. Os principais destinos do
nosso produto foram Rússia, Nigéria, Emirados Árabes Unidos, Canadá e Egito. A
produção em 2003/2004 chegou a 24,8 milhões de toneladas de açúcar.

A cana também é matéria-prima para extração de álcool. Cada tonelada de cana tem o
potencial energético de 1,2 barril de petróleo. Atualmente, o álcool movimenta 15% da
frota automotiva do país. Em 2003/20004, o Brasil produziu 14,4 bilhões de litros de
álcool. No ano passado, o volume de embarques bateu em 800 milhões de litros.

Combustível não-poluente, o álcool é um produto que cada vez mais interessa às nações
interessadas em reduzir a emissão de gases nocivos à saúde humana. Países como a China e
o Japão já manifestaram intenção de importar o combustível. A perspectiva é de que as
exportações de álcool dêem um salto espetacular nos próximos anos.

CAFÉ

Da Etiópia, no nordeste da África, ao Brasil, o café fez um longo percurso. Primeiro,


migrou para a Península Arábica, entre 600 e 700 d.C, conquistando mouros e cristãos.
Durante a Idade Média, chegou à Europa, onde era conhecido como a "vinha da Arábia".
No início do século XVIII, as primeiras sementes do produto chegaram ao território
brasileiro trazidas da Guiana Francesa. Depois de tentativas frustradas de desenvolver a
cultura no Norte, a cafeicultura se fixou no Sudeste do país e, mais tarde, expandiu-se por
Paraná e Bahia, transformando o Brasil no maior produtor e exportador mundial de café.

Com uma área plantada de 2,2 milhões de hectares, o Brasil teve uma safra de 28,82
milhões de sacas em 2003/04. No ano passado, as exportações brasileiras do produto
chegaram a 1,43 milhão de toneladas, com faturamento de US$ 1,51 bilhão. Os principais
destinos foram Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão. O país detém 28% do mercado
mundial de café em grão in natura.

CARNES E COURO

A pecuária brasileira é hoje uma das mais modernas do mundo. O alto padrão da sanidade e
qualidade dos produtos de origem bovina, suína e de aves elevaram as exportações do
complexo carne a US$ 4,1 bilhões em 2003, com um aumento de 31% em comparação com
o resultado de 2002. Com isso, o Brasil passou a liderar o ranking dos maiores exportadores
de carne bovina e de frangos.

As exportações de carne bovina in natura e industrializada cresceram 40% em 2003,


chegando a US$ 1,5 bilhão. Em volume, totalizaram 1,4 milhão de toneladas e foram
embarcadas principalmente para Chile, Países Baixos, Egito, Reino Unido, Itália, Arábia
Saudita e Alemanha, entre outros. Esse desempenho colocou o país em primeiro lugar no
ranking mundial das vendas do setor, superando a Austrália, até então o líder comércio
internacional do produto.

Em 2003, o país assumiu ainda a liderança do ranking dos maiores exportadores do setor
avícola, com crescimento de 20% em relação a 2002. As exportações brasileiras de frango
in natura e industrializado somaram US$ 1,8 bilhão, representando cerca de 2 milhões de
toneladas. A maior parte dos embarques foram para a Arábia Saudita, Japão, Países Baixos,
Alemanha, Rússia e Hong Kong.

O Brasil também registrou crescimento nas vendas externas de carne suína, que
aumentaram 12%, chegando a US$ 526 milhões - ou cerca de 550 mil toneladas. Rússia,
Hong Kong, Argentina, Cingapura e Uruguai foram os principais importadores da carne
suína brasileira.

As exportações de couros cresceram mais de 10,2% em 2003, saltando a US$ 1,06 bilhão.
O couro acabado foi o que apresentou o melhor resultado, ampliando seu volume de
negócios em 29,5%, o que correspondeu a quase US$ 469 milhões. Com isso, atingiu 44%
da exportação total de couros. As vendas externas dos produtos de couro foram de quase
US$ 1,4 bilhão no ano passado. Os calçados de couro representaram 91,5% das
exportações. Os Estados Unidos compraram 91,5% de todos os produtos de couros,
seguidos do Reino Unido e Canadá.

SOJA
Originária da China, a soja é hoje o principal grão do agronegócio brasileiro. O país é o
segundo maior produtor mundial da oleaginosa, com uma safra de 52 milhões de toneladas
e uma área plantada de 18,4 milhões de hectares na temporada 2002/2003.

A soja é conhecida há mais de cinco mil anos. No Brasil, chegou em 1882, quando foi
introduzida no tórrido território baiano. A partir de 1940, começou a ganhar importância na
agricultura. Passados quase 64 anos, transformou-se no maior destaque do agronegócio
brasileiro. No ano passado, o Brasil assumiu a liderança no mercado internacional do
complexo soja (grãos, farelo e óleo), com exportações de US$ 8,1 bilhões, 31% acima do
valor alcançado em 2002.

A expansão do plantio de soja é um dos maiores exemplos do potencial e vocação agrícola


brasileira. Até a década de 80, as lavouras da oleaginosa se concentravam nos estados do
Sul - Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Graças ao desenvolvimento de cultivares
adaptados ao solo e ao clima das diferentes regiões brasileiras, a soja se espalhou também
pelo Centro-Oeste, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito
Federal, além de parte do Nordeste - principalmente no oeste da Bahia e no sul do
Maranhão e do Piauí.

O crescimento da soja no Brasil também foi fantástico. Em 1990/1991, a colheita foi de


15,3 milhões de toneladas, com uma área plantada de 9,7 milhões de hectares. Com a safra
de 52 milhões de toneladas em 2002/03, a produção mais do que triplicou em 12 safras, em
conseqüência dos ganhos de rendimento.

SUCOS e FRUTAS

A fruticultura é estratégica para o agronegócio brasileiro. Com um superávit de US$ 267


milhões em 2003, o setor ocupa uma área de 3,4 milhões de hectares. A produção de frutas
permite obter um faturamento bruto entre R$ 1 mil e R$ 20 mil por hectare. Hoje, o
mercado interno absorve 21 milhões de toneladas/ano e o excedente exportável é de cerca
de 17 milhões de toneladas.

Com uma fruticultura diversificada, o Brasil é um dos maiores pólos mundiais de produção
de sucos de frutas. No ano passado, as exportações do setor alcançaram US$ 1,25 bilhão.
Do total, 95,5% corresponde a suco de laranja, do qual o país é o maior produtor e
exportador. O setor gerou receitas cambiais de US$ 1,2 bilhão em 2003, um resultado
14,6% acima do valor vendido ao mercado externo em 2002. Os principais destinos foram
Bélgica, Países Baixos, Estados Unidos e Japão.

O Brasil é o terceiro pólo mundial de fruticultura, com uma produção anual de cerca de 38
milhões de toneladas. Em 2003, as vendas externas de frutas frescas alcançaram US$ 335,3
milhões, com um aumento de 39% em comparação aos US$ 241 milhões obtidos em 2002.
Neste ano, devem crescer algo em torno de 15%, chegando a US$ 375 milhões. Com isso,
torna-se cada vez mais factível a meta brasileira de elevar a US$ 1 bilhão as exportações de
frutas frescas até o final desta década.
Consciente do enorme potencial do país na área de fruticultura, com plenas condições de
ampliar sua participação do mercado internacional, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e os produtores do setor estão investindo em um sistema de cultivo de frutas
de alto padrão de qualidade e sanidade. É o programa de Produção Integrada de Frutas
(PIF), que prevê o emprego de normas de sustentabilidade ambiental, segurança alimentar,
viabilidade econômica e socialmente justa, mediante o uso de tecnologias não agressivas ao
meio ambiente e ao homem.

As frutas cultivadas no sistema de produção integrada vão para o mercado com um selo de
conformidade, atestando a sua qualidade e sanidade. Desde que foi implantada, a PIF
permitiu uma redução de 63% no uso de agrotóxicos nos pomares de manga; de 50% no
mamão; de 32% na uva; e de 30% na maçã.

PRODUTOS FLORESTAIS

A indústria brasileira de papel e celulose tem vocação exportadora, graças a sua


competitividade, o que tem se refletido no aumento de sua participação no comércio
internacional. Em 2003, as exportações de celulose cresceram mais de 50% em relação ao
ano anterior, saltando de US$ 1,1 bilhão para US$ 1,7 bilhão. Os principais destinos foram
Estados Unidos, China,m Japão e países da União Européia. Já as vendas externas de papel
chegaram a US$ 1 bilhão em 2003, 21,5% acima do valor comercializado em 2002, de US$
900 milhões.

Papel, celulose, madeiras e suas obras compõem um importante item da pauta de


exportações brasileiras. No ano passado, o país exportou US$ 4,9 bilhões de produtos
florestais, representando um aumento de 28,6% em comparação ao valor alcançado em
2002.

As exportações de madeira e suas obras aumentaram 18,4%, passando de US$ 2,2 bilhões
em 2002 para US$ 2,6 bilhões em 2003. Os Estados Unidos é o principal comprador
brasileiro, absorvendo 44% das vendas. Outros importantes destinos foram Reino Unido,
China, Bélgica, França, Japão e Espanha.

ALGODÃO

O cultivo de algodão no Brasil deve dar um salto nos próximos anos. A expansão do plantio
indica que o país também poderá assumir papel de destaque na cotonicultura mundial. As
plantações têm crescido especialmente em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
e na Bahia. Com alto grau de tecnologia, as lavouras de algodão apresentam resultados
animadores em termos de produção e produtividade.

As exportações da pluma dobraram em apenas uma safra, passando de US$ 93 milhões em


2002 para US$ 188,5 milhões em 2003. Na temporada 2003/04, o país deve produzir 1,2
milhão de toneladas do produto em pluma, contra 847,5 milhões de toneladas do período
anterior. Isso representa um crescimento de 46,3%, o que significou um acréscimo de 392,6
milhões de toneladas na produção de algodão. A área plantada deve passar de 735,1
milhões de hectares para 1 milhão de hectares.
CACAU

Bebida sagrada para os povos indígenas da América, o cacau passou a ter importância
comercial no Brasil dos fins do século XVII. Embora tenha sido cultivado inicialmente no
Norte do país, o cacau só ganhou força depois de ser introduzido no sul da Bahia, onde
encontrou as condições naturais favoráveis para se expandir. Até hoje, a região é a principal
pólo de produção da cacauicultura, setor cuja trajetória teve importante participação na
economia e na política brasileira das últimas décadas. As exportações de cacau e seus
derivados aumentaram 55,4% em 2003, saltando de US$ 206 milhões em 2002 para US$
321 milhões no ano passado.

AGRICULTURA ORGÂNICA

O aumento crescente da demanda por produtos livres de agrotóxicos tem impulsionado a


agricultura orgânica no Brasil. Sistema de manejo sustentável que dispensa o uso de
agrotóxicos sintéticos, esse sistema agrícola privilegia a preservação ambiental, a
biodiversidade, os ciclos biológicos e a qualidade de vida do homem. Com uma área
plantada de 842 mil de hectares, o setor movimentou cerca de US$ 1 bilhão em 2003. O
país tem 19 mil propriedades orgânicas certificadas e 174 processadoras espalhadas em
diversas regiões.

A agricultura orgânica brasileira cresce a uma taxa anual de 20% e já tem grande
participação no mercado interno e, em breve, deve ampliar sua presença no mercado
internacional. A crescente demanda por produtos orgânicos está fortemente relacionada ao
aumento da exigência dos consumidores, internos e externos, com a qualidade dos
alimentos e com os impactos da agricultura sobre o meio ambiente. A expansão da
agricultura orgânica também pode ser atribuída ao desenvolvimento de um mercado mais
justo para produtores e consumidores, que é altamente gerador de empregos.

Em 2003, o Brasil aprovou uma lei específica para a agricultura orgânica. Ao mesmo
tempo, elaborou um plano de trabalho para executar o Programa de Desenvolvimento na
Agricultura Orgânica, contemplado no Plano Plurianual 2004-2007. Com isso, o governo
brasileiro valoriza o segmento, estruturando o gerenciamento físico e financeiro das ações
para a área.

PESQUISA & DESENVOLVMENTO

O conhecimento e tecnologia são instrumentos imprescindíveis ao crescimento sustentável


do agronegócio do Brasil. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem
papel fundamental no desenvolvimento de pesquisas e na produção de novas técnicas
agrícolas e pecuárias, além de contribuir com a agroindústria.

Reconhecida como uma das grandes responsáveis pelo aumento da produção brasileira de
grãos, que atingiu 9,5% em 2003, a Embrapa lidera o Sistema Nacional de Pesquisa
Agropecuária (SNPA). Essa rede engloba, além das unidades de pesquisa e
desenvolvimento da empresa, centros de pesquisa agropecuária estaduais, algumas
universidades brasileiras e outras instituições privadas. Também fazem parte do sistema os
Laboratórios Virtuais no Exterior (Labex) da Embrapa, implantados atualmente nos
Estados Unidos e na Europa (França).

Estudos de simulação feitos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)


demonstraram que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento podem elevar a
produção de grãos no Brasil a 295 milhões de toneladas com a utilização da tecnologia já
disponível, hoje usada apenas por uma parte dos produtores brasileiros. De acordo com
especialistas da área, a Embrapa desenvolve 52% dos projetos em agricultura no Brasil.
Governos estaduais contribuem com 20%. Universidades, com 21%.

As variedades de sementes desenvolvidas pela Embrapa representaram 77% das variedades


de arroz oferecidas no Brasil entre 1976 e 1999; 30% do feijão; e 37% da soja. Entre os
materiais desenvolvidos pela empresa até 2004 são contabilizadas 91 variedades de arroz,
36 de feijão, 68 de milho, 87 de trigo, 37 de algodão e 210 variedades de soja.

O imenso potencial do agronegócio brasileiro, aliado à capacidade instalada de suas


instituições e à reconhecida criatividade de seus pesquisadores, abrem enormes
possibilidades de investimentos externos e privados em pesquisa e desenvolvimento no
país. Cosméticos, nutracêuticos, uso da biotecnologia para desenvolvimento de raças e
variedades resistentes a parasitas, doenças, pragas, estresse hídrico e secas prolongadas,
juntamente com informática agropecuária e agricultura de precisão, são algumas das áreas
que apresentam as melhores oportunidades de investimento por intermédio de parceria
público-privado para a geração de conhecimento técnico-científico.

Maiores Informações: estatistica@agriculura.gov.br

Última atualização: 23/11/2004


http://www.agricultura.gov.br/

A atuação da Bahia Pesca está sendo fundamental para manter o ritmo de crescimento
do setor pesqueiro na Bahia.

- Mapeamento dos Recursos Pesqueiros Alternativos

Uma das mais importantes ações, o Mapeamento dos Recursos Pesqueiros Alternativos
foi pioneiro no país e possibilitou a criação de projetos para aumentar a quantidade do
pescado capturado e a identificação de espécies ainda não exploradas em nossa costa.
- Pesquisa para reconhecimento do potencial do mar da Bahia

A Bahia Pesca organizou expedições oceanográficas, integrando a Bahia ao Programa


nacional de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica
Exclusiva (Revizee), que se estende até as 200 milhas do litoral. O estado integra o
comitê executivo do programa, coordenado pela Comissão Interministerial para
Recursos do Mar (CIRM).
Um dos primeiros resultados alcançados com a iniciativa foi a descrição do ambiente
pelágico, sob condições de inverno e verão. As expedições permitiram também
verificar a ocorrência abundante de grandes pelágicos de alto valor comercial junto à
plataforma continental.

- Pesca em pequena escala

], a Bahia Pesca está incrementando esta atividade com a organização da produção.

As ações focam a educação e priorizam a qualidade de vida das comunidades que


estão sendo capacitadas para uso de tecnologia de pesca e técnicas de beneficiamento.

Os pescadores e seus familiares recebem também informações sobre o acesso a linhas


de crédito, legislação e política ambiental.
Para valorizar o produto final, garantindo a sua qualidade sanitária, estão sendo
instalados entrepostos de pesca e unidades de beneficiamento de peixes e mariscos.

Em 2003, a Bahia Pesca concluiu seu levantamento estatístico do setor pesqueiro, o


Estatpesca 2002, que apresenta dados importantes para o direcionamento das ações
como produção por município, tipos de embarcação utilizados, entre outros.
- Boapesca, benefício para pescadores e marisqueiras

Um importante incentivo aos pescadores da Bahia foi a criação, em 2002, do Boapesca


- Programa de Desenvolvimento Sustentável da Pesca Artesanal, que beneficia 2.405
famílias dos municípios de Taperoá, Valença, Aratuípe, Salinas da Margarida e
Saubara. O programa é uma parceria entre Bahia Pesca, Secretaria de Combate à
Pobreza e às Desigualdades Sociais (Secomp), municípios e associações de pescadores
e marisqueiros. A iniciativa tem apoio do Sebrae e da Uneb, através da Escola de
Nutrição.
O programa tem como objetivos a implantação de equipamentos para agregar valor à
produção, através da utilização de técnicas de beneficiamento do pescado, aquisição e
distribuição de máquinas e equipamentos de pesca, capacitação de mão-de-obra e
apoio às organizações na busca de autonomia para gestão econômica e social. A meta
é expandir o programa para todo o estado.

You might also like