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O planejamento financeiro e o projeto político pedagógico da escola devem seguir as mesmas diretrizes
Verônica Fraidenraich
Administrar os recursos financeiros de uma escola não é tarefa fácil. É preciso avaliar muito bem onde
aplicá-los de forma que tenham reflexos na qualidade do ensino e na aprendizagem dos alunos. Para isso, o
planejamento de gastos deve estar em linha com o projeto político pedagógico (PPP). As metas e os
objetivos definidos nesse documento indicarão como investir para garantir o funcionamento da instituição
em condições satisfatórias. O conceito pode parecer óbvio, mas nem sempre é levado a sério. Mesmo com
autonomia para gerir os recursos, muitas vezes a equipe gestora se depara com o dilema de onde aplicá-los.
Para tanto, deve lembrar que as decisões têm de ser tomadas em conjunto com a comunidade escolar.
As principais fontes de recursos de uma escola são o governo federal, que repassa verbas do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e os governos estaduais e municipais, que, por meio
das secretarias de Educação, coordenam programas que destinam verbas específicas para a merenda, a
compra de materiais etc. Para fazer o dinheiro render, os gestores podem pensar em soluções alternativas e
compartilhá-las com a comunidade (que ajudará a decidir). A seguir, os cinco pontos fundamentais para
relacionar os recursos financeiros ao PPP.
Se o PPP foi feito com base nos pontos em que a escola precisa melhorar, certamente estarão listadas nele
várias ações a desenvolver durante o ano, bem como projetos institucionais e didáticos elaborados pelos
docentes. A leitura a ser realizada pela equipe gestora tem a finalidade exclusiva de definir as prioridades.
Quais são as necessidades de aprendizagem dos alunos? Em que conteúdos e disciplinas eles apresentam
mais dificuldades? Em quais didáticas os professores demandam mais formação? Que materiais precisam
ser assegurados para que os projetos se concretizem? Os espaços estão adequados para que eles sejam
realizados? Essas são as perguntas que nortearão a escolha dos itens em que o dinheiro será investido.
Exemplo: os professores promoverão mais atividades de leitura porque uma das metas é melhorar as
capacidades leitora e escritora das crianças. Para tanto, as turmas frequentarão mais a biblioteca, o
empréstimo de livros de leitura se intensificará e outras atividades estão previstas para ser realizadas lá.
Daí a necessidade de pensar em reforma do espaço, ampliação ou atualização do acervo.
Quanto mais detalhado for o planejamento, melhores serão os resultados. “Distribuir recursos é como
servir um bolo. Algumas pessoas se satisfazem com um pedaço maior, e outras, com um menor”, exemplifi
ca Andrea Silveira, diretora fi nanceira do Instituto de Gestão Educacional Signorelli e professora da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro. Para calcular certo cada fatia (os gastos) do orçamento
e compreender como melhorar a receita da escola, é preciso ter referência. Uma boa maneira de adquirir
parâmetros é levantar nos documentos da instituição o histórico de gastos de três ou quatro meses do ano
anterior e fazer uma média de quanto cada área demandou (informática, recursos humanos, material etc).
Não custa lembrar que a escola pública deve seguir as normas da Lei de Licitações. De acordo com os
valores e o tipo de gasto, essa legislação estabelece a obrigatoriedade de haver uma ação que permita a
comparação de preços (concorrência, tomada de preços ou carta-convite) antes da contratação do serviço
ou da compra de material. Por menor que seja esse gasto, o processo referente a ele deve conter, no
mínimo, três orçamentos registrados.
Se você fez bem a lição de casa nas etapas anteriores, está pronto para esta – que nada mais é que o
detalhamento do plano de gastos. Nesse planejamento devem constar os valores definidos para cada uma
das prioridades, assim separados: estimativa de entrada de recursos e de arrecadação (receitas) e previsão
de despesas. De acordo com a terminologia do orçamento público, essas últimas devem ser classificadas
em dois grupos. As “correntes” se referem aos gastos diários com a manutenção da escola, como compra de
material e contratação de serviços. As “de capital” são as despesas com equipamentos, materiais
permanentes e execução de obras. Para que o planejamento não desande é preciso estar sempre atento ao
fluxo de caixa, ou seja, ao dinheiro que entra e sai diariamente. Como os imprevistos sempre acontecem,
como margem de segurança é recomendável prever uma reserva. Outra medida que garante um bom
controle da execução orçamentária é cuidar para que sejam emitidos sempre cheques nominais. Esse
procedimento facilita o acompanhamento do extrato bancário, o que deve ser feito com frequência.
4. Prestação de contas transparente
A escola tem de prestar contas de seus gastos à Secretaria de Educação à qual é vinculada, aos executores
dos programas de fi nanciamento com os quais estabelece parceria – em períodos estabelecidos
previamente por lei ou pelo regulamento da entidade fi nanciadora – e à comunidade. Os balanços fi
nanceiro e orçamentário são obrigatórios, conforme determina o artigo 70 da Constituição Federal.
Acompanhado por documentos fi scais e justifi cativas, o relatório de prestação de contas precisa ser
aprovado pelo conselho fi scal da escola antes de ser divulgado. Os formulários para essa finalidade
mudam de acordo com o órgão de onde saem os recursos. No caso da verba recebida pelo PDDE, a escola
também encaminha a prestação de contas para a Secretaria. Os formulários estão disponíveis no site do
FNDE (www.fnde.gov.br). Já com relação aos recursos fi nanceiros privados, é essencial atender aos
critérios da instituição que repassou a verba. Numa gestão democrática, a comunidade precisa ser
informada de todas as aplicações feitas em benefício da escola. Mas isso pode ser divulgado de maneira
mais informal, publicando as informações no jornal interno, no mural ou em assembleias com a presença
de pais e alunos.
5. Comprovação de gastos
Todos os originais de documentos fiscais precisam ser encaminhados ao órgão responsável pela
contabilidade. Lá ficam disponíveis para a fiscalização do Tribunal de Contas. Para garantir o controle
interno, porém, é recomendável manter cópias de tudo. A boa organização da papelada é meio caminho
andado na hora de justifi car as despesas. Fica mais fácil encontrar os documentos e manipulá-los se
estiverem separados por contrato. Uma boa prática é criar uma pasta (ou processo) para cada um. Por
exemplo, se a escola recebeu da Secretaria uma verba para executar uma obra na cozinha, o ideal é
documentar esses reparos, organizando a papelada por ordem cronológica: comprovantes, extratos
bancários, notas fiscais e recibos, plano de aplicação dos recursos e prestação de contas. São válidos
somente os recibos e documentos emitidos em nome da escola. Aqueles em nome de pessoa física ou de
terceiros ficam de fora.
Exemplo:
DESCRIÇÃO DO PROJETO
Identificação do Objeto
Construção de dez sanitários, sendo cinco femininos e cinco masculinos, para
atendimento dos alunos e funcionários da escola.
Justificativa da Proposição
A Escola A, inaugurada em 1965, atualmente com 300 alunos, conta com instalações
precárias, exigindo reparos imediatos. O mais urgente deles é a construção de novos
sanitários, pois os antigos, além de não atenderem à demanda, são ameaça constante à
saúde dos seus usuários.
As obras de construção serão contratadas por licitação de acordo com a legislação em
vigor, com a participação da escola na compra dos materiais. A escola contratará os
profissionais para realizar a construção e há previsão de desembolso mensal, ao longo de
três meses, na medida em que sejam aprovadas as medições da execução das obras.
Exemplo:
Exemplo:
4. Orçamento de serviços (roteiro) Explicação de como levantar orçamentos para a contratação de uma
empresa prestadora de serviços.
Exemplo:
5. Prontuário ou pasta individual do aluno Lista dos documentos que devem integrar o prontuário de
cada aluno, de acordo com a faixa etária que a escola abrange. As pastas devem ser montadas sempre no
início do ano letivo.
Exemplo:
ROTINAS ADMINISTRATIVAS
Cópia do termo securitário a favor do aluno estagiário em casos de acidentes pessoais ou de responsabilidade civil por danos contra terceiros.
Cópia de termo de compromisso firmado entre aluno e a parte concedente do estágio.
Documento comprobatório da realização de estágio requerido para conclusão de curso, devidamente validado pelo Supervisor de Estágio.
Casos excepcionais:
Avaliação psicológica realizada por profissional devidamente habilitado em casos de alunos portadores de necessidades especiais.
Sanções disciplinares: Ata do Conselho de Escola (quando for o caso), com deliberação sobre penalidade aplicada.
Documento informativo encaminhado pela autoridade competente em casos de alunos que se encontram em liberdade assistida.
Documentos comprobatórios da EQUIVALÊNCIA DE ESTUDOS (Del. CEE 21/01).
Documentos comprobatórios da REGULARIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR DO ALUNO (Portaria Conjunta COGSP/CEI, de 14/02/2005).
Documentos comprobatórios de trabalho voluntário realizado pelo aluno (Res. SE 143/02).
Exemplo:
PLANO DE TRABALHO
Descrição do projeto
Título do projeto Período de execução
Início Término
Identificação do objeto
Justificativa da proposição
Cronograma de Execução (meta, etapa ou fase)
Meta Etapa/fase Especificação Indicador físico Duração
Unidade Quantidade Início Término
Total geral
Cronograma de desembolso
Meta Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Contrapartida
Meta Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
2. Relatório de execução físico-financeira Este formulário deve ser preenchido pela Unidade Executora
de acordo com os dados contidos no Plano de Trabalho. O registro serve para detalhar os valores aplicados
dentro de um período de tempo. Serve também para avaliação do órgão financiador quanto aos objetivos
atingidos e maneira como os recursos foram aplicados.
Exemplo:
Executor Processo nº
Período
Meta Etapa Descrição Físico
Fase
Unid No período Até o período
Prog Exec Prog Exec
Total
Financeiro
Meta Etapa Realizado no período Realizado até o período
Fase
Concedente Executor Outros Total Concedente Executor Outros Total
Total
Executor Responsável pela execução
Reservado à Unidade Concedente
Parecer técnico Parecer financeiro
Aprovação do ordenador da despesa Assinatura
Local e data
3. Execução da receita e da despesa A declaração é o registro dos valores recebidos para aplicação no
projeto (as receitas) – que inclui os rendimentos de aplicações financeiras – e das despesas realizadas na
sua execução.
Exemplo:
Saldo
Total Total
Assinatura Assinatura
RELAÇÃO DE PAGAMENTOS
Recursos Proc nº
1. Concedente
2. Executor
3. Outros
Unidade executora
Rec Item Credor CGC/CPF Nat. Desp. CH/OB Data Tit. Créd. Data Valor
Total
Exemplo:
RELAÇÃO DE BENS
(ADQUIRIDOS, PRODUZIDOS OU CONSTRUÍDOS COM OS RECURSOS RECEBIDOS)
Total geral
5. Instruções e recomendações sobre aplicação de DMPP Orientações sobre como montar o processo
de prestação de contas de Despesa Miúda de Pronto Pagamento (DMPP) – trata-se de uma verba oriunda
da arrecadação de ICMS, destinada à compra de produtos usados no dia-a-dia da escola, como cola, papel
sulfite e desinfetante, sem o objetivo de fazer estoque.
Exemplo:
1. Enviar junto com o Processo de Prestação de Contas o Extrato Mensal da conta corrente, referente
ao período de gasto.
5. NÃO COMPRAR DE PESSOAS QUE SE DIZEM REPRESENTANTES DE FIRMAS QUE NÃO SE CONHEÇA
O LOCAL DO ESTABELECIMENTO E SUA IDONEIDADE;
7. NÃO ACEITAR NOTAS FISCAIS COM NÚMEROS SEQÜENCIAIS MUITO PRÓXIMOS NUM MESMO
PERÍODO (p. e. 004, 008; 009);
8. EVITAR RECEBER NOTAS IMPRESSAS COM MAIS DE 05(CINCO) ANOS , VERIFICAR NO IMPRESSO O
MÊS E ANO DA IMPRESSÃO;
11. JUSTIFICAR OS SERVIÇOS EXECUTADOS COM EXTREMA URGÊNCIA COM A VERBA DE D.M.P.P.
Conforme artigo 40 Inciso II da Lei 10320/68;
12. OS PROCESSOS DEVERÃO SER NUMERADOS E RUBRICADOS COM O SEGUE FOLHAS NO VERSO DE
CADA PÁGINA;
Observação - Com as 2ªs vias das Notas Fiscais, as Unidades Escolares deverão montar um processo
que deverá ficar arquivado na U.E.
6. Balancete de prestação de contas Serve para documentar as despesas da escola. Deve ser preenchido
com os números das notas fiscais, as empresas fornecedoras e os valores pagos, sempre que a instituição
receber verba para DMPP. Os demais códigos estão na nota de empenho (documento que contém os dados
sobre a verba depositada, enviado pela diretoria de ensino).
Exemplo:
43 002 3
UNIDADE DE DESPESA
______________________ _____________________________________________
ELEMENTO DISCRIMINAÇÃO
____________________________
Mês de referência Código do Servidor Número do Empenho Data Contábil
____________________________
DATA DO RECEBIMENTO
TOTAL
7. Pesquisa prévia para aquisição de DMPP e materiais de consumo Para cada produto que deseja
adquirir, a escola deve fazer uma pesquisa prévia de preços. Os valores levantados são explicitados nesse
documento, junto com o da nota fiscal da compra. No campo “unidade”, o diretor informa se o item se trata
de pacote, unidade, caixa etc. Especificação, quantidade e preço dispensam explicação.
Exemplo:
Responsável:
Exemplo:
9. Termo de doação Tudo o que se compra com verba federal destinada a APM deve ser doado à
Secretaria de Educação Estadual, passando a integrar o patrimônio público (a escola não é dona dos
objetos que abriga). Ao preencher esse termo, a máquina fotográfica e os pufes da sala de leitura, por
exemplo, ganham uma chapinha com um número, que constará no inventário da instituição.
Exemplo:
TERMO DE DOAÇÃO
TOTAIS
_______________
________________________________________ ________________________________________
LOCAL E DATA
NOME DO DIRETOR EXECUTIVO (APM) ASSINATURA DO DIRETOR EXECUTIVO (APM)
10. Relatório de prestação de contas – Programa Escola da Família Trata-se de mais uma planilha de
prestação de contas, só que destinada às instituições que integram o Programa Escola da Família e que
recebem verba da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). O projeto, porém, foi encerrado
na maioria das UEs.
Exemplo:
11. Relatório de prestação de contas - manutenção preventiva A cada três meses, a Associação de
Pais e Mestres recebe uma verba da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), destinada à
manutenção do prédio. Essa verba pode ser usada para trocar vidros, desentupir banheiros, consertar
muros etc.. Na planilha, o diretor executivo da APM deve listar as notas fiscais de todos os materiais ou
serviços adquiridos. Em “conciliação bancária”, entram os valores gastos, sem discriminação.
Exemplo:
12. Conferência de documento fiscal e comunicação de incorreções Serve para as notas fiscais
emitidas com rasura. O diretor deve preencher o código correspondente à irregularidade, especificar a
informação correta e voltar à empresa para pedir que o responsável carimbe e assine o documento.
Exemplo: