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Alquimia:

A Grande Obra

Aqui vou procurar passar, de uma forma resumida, em que


consistiu, e consiste, a autêntica alquimia. A maioria dos
dicionários contribuiu para reforçar uma série de erros
comuns, recusando-a, por considerá-la uma predecessora
imadura, empírica e especulativa da química, com o único
objetivo de transmutar os metais comuns em ouro. Embora
seja certo que a química se desenvolveu à partir da alquimia,
estas duas ciências não tem quase nada em comum.
Enquanto que a química se ocupa dos fenômenos
cientificamente verificáveis, a misteriosa doutrina da
alquimia se refere a uma realidade escondida de ordem
supeior que conforma a essência que está na base de todas as
verdades e religiões. A perfeição dessa essência é
denominada Absoluto, pode ser percebida e compreendida
como a maior Beleza de todas as Belezas, o maior Amor de
todos os Amores e o mais Alto do Alto, só é necessário que a
consciência se altere profundamente e passe do nível normal
de percepção cotidiana (o chumbo) a um nível sutil e elevado
de percepção (o ouro), de maneira que cada objeto se
perceba com a forma arquetípica perfeita, contida dentro do
Absoluto. A percepção da perfeição eterna do todo em todos
os lugares é o que constitui a Redenção Universal. A ciência
da alquimia, sagrada, secreta, antiga e profunda, também
denomindada a Arte Real ou Sacerdotal e Filosofia
Hermética, esconde atrás de textos metafóricos e emblemas
enigmáticos, os caminhos para penetrar nos segredos mais
profundos da matéria e da natureza, da vida e da morte e da
unidade, da eternidade e do infinito. Começarei, portanto,
nos fixando no que era realmente os verdadeiros alquimistas
pretendem conseguir. A alquimia não é simplesmente uma
arte ou ciência que ensine a transmutar metais em ouro, mas
sim, uma ciência sólida e verdadeira que ensina a conhecer o
centro de todas as coisas, o que na linguagem divina
significa o Espírito da Vida. Ao longo da história, os
verdadeiros alquimistas , que menosprezavam as riquezas e
os elogios mundanos, tentaram encontrar a Medicina
Universal, a Panacéia. Essa Panacéia que, ao ser totalmente
sublimada, se converte na Fonte da Juventude, a chave da
Imortalidade, tanto em um sentido espiritual, como
misteriosamente físico. Não só curaria todas as doenças, mas
também poderia fazer com que o corpo rejuvenescesse e se
convertesse finalmente em um corpo de Luz incorruptível. O
Adepto, o que conseguiu o dom de Deus, receberia então, a
tríplice coroa da Iluminação: Onisciência, Onipotência e
Gozo do Amor de Divino. Mas muitos são os chamados e
muito poucos os escolhidos, deve-se reconhecer que dentro
desta minoria muitos poucos conseguiram alcançar o último
objetivo. Os que assim o fizeram, constituem a Irmandade da
Luz e estão vivos. Mas apesar de serem enormes as
dificuldades que apresentam as doutrinas ocultas do
Ocidente e do Oriente, são muito maiores as que se
apresentam ao verdadeiro estudioso da alquimia.
Especialmente se o que se pretende é ir além das análises
superficiais que periodicamente vieram realizando os
historiadores, psicólogos e outros eruditos. Se bem é certo
que o estudo da alquimia através dos textos pode se tornar
verdadeiramente desalentador, igual que o desesperançado
estudioso pode descobrir nas pinturas alquímicas um
caminho, repleto de maravilhas, para penetrar no coração da
matéria. É que os alquimistas, através de suas imagens,
expressaram de uma forma ingeniosa e muito bela, coisas
que nunca chegaram a escrever. Esta linguagem pictórica,
onde todos os detalhes possuem um significado específico,
exerce uma profunda fascinação sobre o observador sensível.
Essa fascinação se produz sempre, independente de que as
pinturas sejam compreendidas. Se o leitor contempla
atentamente estas imagens, ou seja, se vai mais além da
superfície, comprovará que muitas vezes correspondem a
uma dimensão atemporal que se encontra em nosso interior
mais profundo.

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