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Abuso Espiritual
Pr. Paulo Romeiro
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Data de Fundação:
O abuso espiritual é tão antigo quanto às falsas religiões.
Organização Estrutural:
O abuso espiritual pode ocorrer em qualquer organização estrutural, mas as estruturas mais
autoritárias são ainda mais suscetíveis ao abuso espiritual sistemático. Definição: Abuso
espiritual é o uso impróprio de qualquer posição de poder, liderança, ou influência para
satisfazer os desejos egoístas de um líder. Às vezes o abuso se origina em posições
doutrinárias. Às vezes ele ocorre porque os interesses pessoais de um líder, ainda que
legítimos, sejam satisfeitos de maneira ilegítima. Sistemas religiosos espiritualmente abusivos
são comumente descritos como legalistas, controladores mentais, religiosamente viciadores, e
autoritários.
Características Comuns:
1. Autoritarismo: A característica mais evidente de um sistema religioso abusivo, ou de um
líder abusivo, é a ênfase excessiva em sua autoridade. Normalmente o grupo se diz ter sido
estabelecido diretamente por Deus, e, portanto, seus líderes se consideram como tendo o
direito de comandar seus seguidores.
Tal autoridade, supostamente, é derivada da posição que ocupam. Em Mateus 23:1–2 Jesus
disse que “na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus”, uma posição de
autoridade espiritual. Ainda que outros termos sejam usados, essa posição, nos grupos
abusivos, é de poder, e não de autoridade moral. Àqueles que se submetem
incondicionalmente, são prometidas bênçãos espirituais. A eles é dito que devem se submeter
completamente, sem o direito de questionar os líderes; se os líderes estiverem errados, isso é
problema deles com Deus, e Deus ainda assim abençoará àqueles que se submetem
incondicionalmente.
2. Aparência Externa: O sistema religioso abusivo procura sempre manter uma aparência de
santidade. A história do grupo ou organização quase sempre é distorcida para se dar a
impressão de que ela tem um relacionamento especial com Deus. Os julgamentos incorretos
e as índoles duvidosas de seus líderes são negados ou encobertos para que sua autoridade
não seja questionada, e para manter as aparências. Padrões legalistas de pensamento e
comportamento, impossíveis de serem mantidos, são impostos aos membros. Seu fracasso
em manter tais padrões é usado como constante lembrete de que eles são inferiores aos
líderes e, portanto devem se submeter a eles. Religião abusiva é, essencialmente, legalismo.
A religião abusiva também é paranóica. Apenas uma imagem positiva do grupo é apresentada
àqueles que não fazem parte dele, porque a verdade sobre o sistema religioso abusivo seria
obviamente rejeitada se fosse conhecida. Isso é justificado com base na alegação de que
pessoas “mundanas” não entenderiam a religião e, portanto, eles não têm o direito de saber.
Isso leva com que membros escondam das pessoas que não são membros algumas
doutrinas, regras, e procedimentos internos do grupo. Principalmente os líderes, normalmente,
mantêm segredos que não divulgam a suas congregações. Esse sigilo está baseado na
desconfiança geral dos outros, porque o sistema é falso e não pode resistir a escrutínios.
3. Proibição de Críticas: O sistema religioso, por não ser baseado na verdade, não pode
permitir questionamentos, dissensões, ou discussões aberta sobre questões. A pessoa que
questiona se torna o próprio problema, ao invés da questão que ela levantou. As resoluções
sobre qualquer questão vêm diretamente do topo da hierarquia. Qualquer tipo de
questionamento é considerado como desafio à autoridade. O pensamento autônomo é
desencorajado, sob a alegação de que ele leva à dúvida, que por sua vez é vista como sendo
falta de fé em Deus e em seus líderes ungidos. Desse modo, os seguidores procuram
controlar seus próprios pensamentos, por medo de que possam estar questionando Deus.
Jesus Cristo era Deus encarnado, a segunda Pessoa da Trindade, o Criador do universo. Ele,
obviamente, tem a mais alta e soberana autoridade espiritual. Ainda assim, Jesus não usou
essa autoridade para subjugar seus discípulos; ele não abusou de sua autoridade para
colocá-los sob o jugo de regras e regulamentos legalistas. Ao contrário, ele disse: “Vinde a
mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o
meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso
para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt. 11:28–30).
Nem tampouco Jesus procurava manter as aparências externas. Ele comia com publicanos e
pecadores (Mt. 9:10–13). Aos fariseus legalistas, Jesus aplicou as palavras de Isaías: “Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram,
ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt. 15:9). Ele condenou sua atitude: “Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que,
por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda
imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro,
estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade” (Mt. 23:27–28).
Jesus não era paranóico como os líderes abusivos. Seu ministério era transparente ao publico
(Jo.18:19–21). Ele não tinha nada a esconder. Jesus não só criticou os líderes religiosos por
suas doutrinas errôneas (Mt. 15:1–9; 23:1–39; etc.), mas também, quando criticado, ele não
os silenciou, mas deu-lhes respostas bíblicas e racionais às suas objeções (e.g., Lc. 5:29–35;
7:36–47; Mt. 19:3–9).
Jesus, ainda que ensinasse a Lei perfeita de Deus, colocava as necessidades legítimas das
pessoas acima de regras ou regulamentos legalistas (Mt.12:1–13; Mc. 2:23–3:5). Ainda que
nenhum ser humano seja absolutamente perfeito nessa vida (1 Jo. 1:8), podemos saber que
já temos vida eterna (1 Jo. 5:10–13; Jo. 5:24; 6:37–40; Rm. 8:1–2).
Os fariseus eram um exemplo de líderes espirituais abusivos: “Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os
preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas
coisas, sem omitir aquelas!” (Mt. 23:23).
Uma situação análoga pode ser vista nas vítimas de incesto, que apresentam sintomas
emocionais e psicológicos muito parecidos com os vistos naqueles que são abusados
espiritualmente. O principal sintoma é a incapacidade que desenvolvem em se relacionarem
normalmente com pessoas que representem ou tenha alguma associação mental com a fonte
de sua dor emocional.
Fonte: Agir - Agência de Informaçôes Religiosas (site dos pastores Cesar Romeiro e Jaoquim Andrade)