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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Setor de Ciências Jurídicas


Faculdade de Direito
Disciplina: História do Direito
Professor: Ricardo Marcelo Fonseca
Aluna: Isabella M. da Cunha
GRR: 20102498

BURKE, Peter. O que é a nova história? In: A escrita da história – Novas


Perspectivas (p. 9 à p. 16):

A chamada “nova história” é aquela vinculada à “École des Annales”. Essa


escola francesa buscou romper com os padrões tradicionais de visão da
história, representados pela “história rankeana”, que o senso comum
considerava com muita freqüência – e ainda considera muitas vezes – como a
única interpretação possível do pretérito.
Para os historiadores de Annales “tudo tem uma história”, como colocou
J.B.S. Haldane, ou seja, toda atividade humana é relevante para a história.
Essa percepção se distingue da tradicional que considera que a história se diz
respeito apenas à política, à história do Estado, num âmbito nacional ou
internacional, marginalizando outros tipos de história como a da arte ou da
ciência.
Tal marginalização não vai ocorrer na “nova história”, que também recebe o
nome de “história total”, pois esta considera que a realidade é culturalmente
construída e, portanto, é necessário observar a história da infância, da
feminilidade, da higiene... entre outras. Assim, a “história total” também propõe
que a história deixe de ser “vista de cima”, deixe de ser a história das elites,
com o povo como coadjuvante, e passe a valorizar as mentalidades coletivas e
a experiência das pessoas comuns com as mudanças sociais. Para isso, as
únicas fontes aceitas não podem ser os documentos oficiais, pois vão fornecer
apenas o ponto de vista de quem estava no poder na época. É preciso buscar
outras fontes de história e estas podem ser, por exemplo, visuais, estatísticas,
orais.
Outra denominação que a “nova história” possui é “história estrutural”, pois
esta despreza os fatos, não procura ser uma narrativa de acontecimentos, mas
preocupa-se com uma análise das estruturas. A importância é dada às
mudanças sociais e econômicas a longo prazo e às mudanças geo-históricas,
num prazo mais longo ainda.
A “nova história”, “história total”, “história estrutural”, principalmente ruptura
com a tradicional quando coloca que a idealizar uma história objetiva é algo
irrealista. Pois, por mais que evitemos preconceitos, estamos inseridos em uma
cultura e a partir dela vemos o mundo através de convenções e esteriótipos.
Dessa maneira, a construção de uma história que apresente vários pontos de
vista opostos, mas que se complementem entre si, se percebe mais válida do
que a tentativa de se formar um consenso.

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