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Husserl – roteiro
Husserl, histórico:
- No início, simpatia pelas ciências positivas, pela onipotência da ciência [K-S, 23]
- Em 1880 revigora-se a crítica ao conhecimento. Reaparece o “sujeito pensante”
com o sujeito puro (kantiano); depois, o sujeito concreto (Bergson, Dilthey) [K-
S,23]
- Brentano o influencia:
Todos os fenôms. Psíquicos têm uma intencionalidade;
Cria a fenomenologia: o estado psíquico tem a percepção; ele existe tal como
percebe a si mesmo.
Há um “vivido”, que não tem nada a ver com algo genético, metafísico [K-S,25]
As fases de Husserl:
1. logicismo essencialista;
2. idealismo transcendental;
3. vitalismo historicista [Z,17]
Reforma o cartesianismo:
- Descartes tentou o conhecimento através do sujeito, o Cogito, mas H. o acha
insuficiente; a evidência de toda ciência é o percebido; refuta-se a crença de
uma realidade em si mais real que o mundo vivido e de natureza matemática
[R,40].
- Hume é o empirista que considera o sujeito; seu erro foi não conduzir sua
pesquisa até uma evidência primeira (a redução transcendental), ao “mundo
vivido” [R,42]. A “evidência primeira” cobre o mundo vivido em geral... Pessoas e
coisas são realidades fluentes... mas tudo ocorre num só e mesmo mundo [R,42].
Crítica ao idealismo:
- Kant: “Uma consciência imutável condiciona a organização de nossas
experiências” (sob “formas puras”) [K-S,29]; Para Kant, o mundo é imanente ao
sujeito; [MP,FP,10].
- Husserl: “É preciso romper a familiaridade com o mundo” [MP,FP,10].
- A fenomenologia não é só “pura consciência” mas reflexão baseada “na coisa”
[MP. FP, 4].
- A consciência viva exprime e dá sentido à experiência; a expressão é animada por
um sentido anterior ao ato próprio, da intenção de significar. [K-S,29]
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- Sobre a coisa em si: Kant fala: um dado é possível mas os homens não têm
condições de conhecer a origem. Husserl, ao contrário, vincula a consciência à
coisa: não há consciência “esvaziada”, não há o em si da consciência. [Lyo,34]
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A fenomenologia, def.
O fenômeno:
- Ele é apenas o “vivido”, nada tem a ver com “objeto em si”. [K-S,33]
- Para os antigos, fenômeno era a unidade entre o ser e o aparecer, e tb.
“aparência enganosa” (Platão: “mundo sensível”); para Hume, o fenômeno está
separado da coisa; para Kant há o fenômeno e a coisa em si (noumeno), que é o
limite da pretensão do fenômeno, algo fora do alcance da razão humana, o
incogniscível; o fenômeno, ao contrário, é o objeto da experiência [Z,17]. Para
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A fenomenologia:
- Essências: estudo das essências, repondo-as na existência [MP, FP, 1]; as
essências não existem independentemente das coisas. Não há um amarelo fora do
muro amarelo. [Lyo,17]. A essência é o invariante.[Lyo,18]; fenomenologia é a
ciência das essências, e essência são as maneiras de aparecer o fenômeno; ela
não vem da comparação ou abstração de várias: para proceder à comparação é
preciso ter captado a essência, o que nelas é semelhante [Z,21].
- Descrição: procedimento que busca descrever, não explicar, nem analisar [MP,
FP,3]
- “Retorno às coisas”, é o que propõe numa época em que a juventude estava
saturada de especulações.... Uma filosofia da essência e do objeto. [K-S,13]; É
“explorar o dado, o que se percebe” sem forjar hipóteses...É apenas descrição
[Lyo,10]
- É crítica da ciência; é busca de bases sólidas e de “saída da ciência” [Lyo,11];
- O transcendental: é como se apresenta o objeto em geral [Lyo,29]; quer dizer,
sempre como “intencionalidade”, sempre como um “objeto para” uma consciência
[Lyo,21] (Transcendental é diferente de transcendente: aquele é interior, ideal;
este, é exterior, real. [Z,19]). Fenomenologia é “vivência imediata da
consciência”, que não aceita pressupostos das ciências empíricas (noções
matemáticas, físicas,etc.); não aceita a primazia do racional (Galileu), que só leva
a “objetividades ideais” [Z,30].
Fenomenologia (transcendental):
- É o contínuo “pôr a descoberto” nos níveis que constituem o mundo; é a
reconstituição do mundo [K-S,53]; é o “conhece-te a ti mesmo”, o penetrar do
homem dentro de si mesmo (é interpretação de si mesmo e é vivência do eu
transcendental) [Z,35].
- Estudo das vivências da consciência, os diferentes significados do ser e do
existente à luz das funções da consciência [Z,19]. A consciência deve passar da
atitude ingênua (ciências positivas) à transcendental (consciência que constitui o
mundo como fenômeno puro) [Z,30]; é análise das vivências intencionais da
conscência para aí perceber o sentido dos fenômenos [Z,34-35]; é o estudo da
constituição do mundo da consciência [Z,35], é a ciência descritiva eidética da
consciência pura transcendental [Z,41].
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Consciência:
- Em H., consciência é intencionalidade, ela ultrapassa o fenômeno psíquico da
percepção interna.
- É a “expressão fenomenológica dos vividos intencionais” [K-S,33]; o que lhe
importa é a percepção imanente: as experiências vividas, dadas diretamente à
consciência.[Z,32].
- Expressão: a filosofia de H. é a do movimento (de algo pré-existente e epurrá-lo
para frente) na direção do Ser ou [movimento] como necessidade de expressão;
o que é não pára no seu ser-aí, procura manifestar-se (pedras, flores, insetos,...)
[R,52]. O universo não-humano nos é inconcebível, sem sentido, pois todo sentido
é expressão de sentido dirigida à consciência [R,53]. A expressão é pelo corpo
(O corpo fala); a palavra, por sua vez, é enganosa: seu sentido é móvel [R,55]; dá
a impressão de ser relativamente estável, de ser “arsenal de significações”, mas
as “provisões” são mortas e é sempre preciso refazê-las... Criar, reinventar a
linguagem [R,56]. Codificações lingüísticas dão a ilusão de significações prontas e
diretas, entesouradas em livros, fórmulas. [R,57]. A palavra tem também a
função de verdade (= posse de um equivalente dos fenômenos) mas ela nunca
“encerra o mundo”, apenas o expressa [R,57].
- É o conjunto de todas as vivências (=unidade), é percepção interna... é o “ser
consciente” (=subjetividade) e é vivência intencional (= um rio); ela não é
substância, alma, mas atividade [Z,32].
Intuição:
- Diferente de Kant (intuição sensível: captada pelo ser), em Husserl, intuição é o ir
às coisas mesmas, é preciso a presença do objeto. [K-S,31]
Horizonte:
- É a mediação sujeito(consciência) – objeto; é o nexo global, condicionador-
determinante do sentido da intencionalidade subjetiva [Z,51].
O real:
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- ele deve ser descrito, não construído. O que eu sinto, percebo, capto não são “o
mundo” (são imaginações). O “mundo” é apenas um fundo sobre o qual os atos se
destacam. [MP, FP, 6].
- O real só existe como função das coisas que o roldeiam. A vida perceptiva é
expressão, nem passiva nem objetiva. Nossos sentidos nunca copiam o real, o
informam [R,65].
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Após as Investigações:
partir de mim [K-S,51]; O “outro” não pode ser explicado como o é “a coisa”. Não
dá para reduzir sua existência real a um “correlato intencional” [Lyo,36].
- Einfühlung: O outro é outra forma de se chegar à realidade, a saber, pela
Einfühlung do corpo do outro [Z,37].
Apodítico e não-apodítico:
- Há dois planos: o da contingência da coisa dada, nível não-apodítico (= a coisa
pode não ser) e o da necessidade do Eu puro, nível apodítico (= a vivência só pode
ser) [Lyo,27];
- A essência se atinge (a) purificando o fenômeno do que lhe é inessencial
(buscando o invariante), sendo ela o “sentido ideal” do objeto, [Lyo,36]; ou (b) da
essência purificada ruma-se para as evidências apodíticas, isolando-se o eu e
seus atos [Z,37]. Assim se chega à redução transcendental. [Z,37].
Verdade:
- Percepção é acesso à verdade, diferente do idealismo que funda uma evidência
absoluta que ilumina o mundo [MP,FP,14]. A ciência é ingênua, ela crê na verdade,
busca uma realidade independente, perde de vista o mundo vivido; ora, a
objetividade não passa de um acordo entre consciências [R,61]. A filosofia é
interrogação; o fenômeno é rodeado por um ambiente obscuro [R,59].
- Verdade nunca é adequação pensamento/objeto, mas “experiência vivida da
verdade”, isto é, evidência, momento em que a coisa se dá em “carne e osso”
[Lyo,39].
- Já a experiência é diferente: às vezes temos a experiência mas não a evidência
(“sentimos a coisa”) [Lyo,40]. As experiências “atualizam-se”: uma anterior
(ilusória) é substituída por outra mais atual. Não há “experiência verdadeira”
[Lyo,41].
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Terceira Fase: A história
A história
- História é o sentido sedimentar que nos leva à essência da História; a História é
inteligível; a humanidade era sujeito e não sabia [K-S,57,59];