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LITERACIA FAMILIAR
Junho/09
- Introdução Pag.3
1. Fundamentação teórica
1.1 Literacia emergente Pag.4
1.2 Relação Escola - Família Pag.5
1.4 Literacia Familiar Pag.7
2. Contexto
2.1 Local Pag.13
2.2 Nacional Pag.15
3. Metodologia Pag.18
4. Conclusão Pag.20
5. Bibliografia Pag.21
6. Anexos Pag.22
A investigação mais recente, diz-nos que existe uma mudança na forma de pensar,
praticar, e conceber a alfabetização. E, por consequência existe uma nova maneira de considerar
os "fracassos" enfrentados pela criança
Assim, tendo em vista que ensinar a ler e a escrever continua a ser uma das tarefas
especificamente escolares, também é devido à escola que um número significativo de crianças
fracassa no processo de alfabetização. Na maioria das vezes por ver desconsiderado a sua forma
própria de pensar, ou seja, as suas construções individuais. Ferreiro e Teberosky (1999)
ressaltam que entre as propostas metodológicas e as concepções infantis, existe uma distância
que pode medir-se em termos do que a escola ensina e do que a criança aprende. Pois, o que a
escola pretende ensinar nem sempre coincide com o que a criança consegue aprender.
Nas tentativas de desvendar os mistérios do código alfabético, o docente procede passo a
passo, do que ele considera simples ao complexo, fragmentando todo o processo de aquisição da
língua escrita. Porém, é exactamente este processo e a forma que a escola tem vindo a usar para
"ensinar" a escrever que desconsidera todo o processo de construção da criança.
Na verdade, a criança para adquirir o código alfabético, reinventa a escrita, à sua maneira
tem dados e esquemas de interpretação muito próprios, como qualquer um de nós em qualquer
processo de aprendizagem, que lhe facilitam a compreensão do processo e a construção dos seus
conhecimentos acerca da leitura e da escrita.
A escrita é um processo de construção pessoal (processo cognitivo) e não uma mera cópia
de um modelo externo e “As crianças não são recipientes passivos de literacia, ignorando-a até
que os professores lhes chamam a atenção, têm curiosidade e constroem hipótese, mesmo de que
de um modo não convencional “ (Watson, Douglas, Hodges; McLinden, § Hall, 2004) . “Elas
crescem numa cultura onde a escrita existe, portanto não faz sentido acreditar que ficam à
espera de iniciar a aprendizagem formal da leitura para pensarem sobre a escrita presente no
seu meio ambiente e para desenvolverem conceptualizações sobre as suas propriedades e sobre
o que ela representa (Alves Martins, 2000)”
A relação escola-família é uma realidade existente em todas as escolas, ainda que a sua
efectivação em termos de envolvimento ou colaboração só se verifique numa pequena
percentagem das mesmas. Os estudos conhecidos sobre esta área, quer a nível nacional quer
internacional, agrupam-na em categorias como :
- associação de pais,
- as expectativas dos pais face à frequência de contextos educativos formais, - a participação dos
pais como práticas de cidadania,
- as expectativas dos professores sobre o envolvimento,
- a participação dos pais nos órgãos de decisão das escolas,
- as estruturas de mediação escola-família.
No entanto, esta não é a relação que a sociedade de hoje exige. Mas, o que é certo, é que
“… a escola da tradição republicana, não se baseando no multiculturalismo, não se
desenvolveu com base e a partir das idiossincrasias locais….Cresceu à revelia das diferenças
culturais e sociais, exercendo-se como instrumento político de poder de um Estado
centralizador
…. “O inconveniente de o povo saber ler não estava propriamente no facto em si mesmo, mas
no uso perigoso que dele poderia resultar” (Carvalho, 1996, p. 728) Adaptado de: Teresa
Sarmento; Joaquim Marques - A PARTICIPAÇÃO DAS CRIANÇAS NAS PRÁTICAS DE
RELAÇÃO DAS FAMÍLIAS COM AS ESCOLAS
“Este período prolonga-se até aos finais dos anos 60, em que o Estado, com forte determinação
ideológica, impediu o acesso à escola dos portadores de saberes não-escolares não se
colocando, por isso, o problema da definição das relações entre a instituição escolar e a
comunidade” (Correia ,1999) Adaptado de: Teresa Sarmento; Joaquim Marques - A PARTICIPAÇÃO
DAS CRIANÇAS NAS PRÁTICAS DE RELAÇÃO DAS FAMÍLIAS COM AS ESCOLAS
Esta, era uma escola que defendia uma identidade que se queria nacional e que se impôs e
sobrepôs às identidades locais.
Assim, enquanto que na Europa do pós-Segunda Guerra Mundial, em contexto de
conceptualização e de operacionalização da sinonímia desenvolvimento como desenvolvimento
económico, a educação formal surge como factor fundamental para a promoção da mobilidade
1988) e de nove anos em 1986 (Lei nº 46/86), alargando, deste modo, a base social de
recrutamento da escola.
Na actualidade, ainda que essencialmente numa lógica de continuidade a relação dos
professores com as famílias dos seus alunos tende a surgir em concomitância: um estreitamento
de relações potencia um melhor desempenho académico das crianças.
No entanto, estatutariamente possibilitadas de participar na gestão da escola, as famílias
fazem-no essencialmente por representação. Os professores olham-nas como recursos a quem
solicitam apoio pontual para o desenvolvimento de actividades múltiplas e são alguém a quem,
normativamente, precisam de informar sobre as suas intenções de trabalho e sobre o desempenho
global dos seus alunos Adaptado de: Teresa Sarmento; Joaquim Marques - A PARTICIPAÇÃO DAS
CRIANÇAS NAS PRÁTICAS DE RELAÇÃO DAS FAMÍLIAS COM AS ESCOLAS.
Isto é, as relações Escola – Família e vice versa, tendem a pautar-se pela formalidade. A
informação prestada, no primeiro caso, “não significa uma verdadeira desocultação dos sentidos
das intenções educativas dos professores com vista a uma participação pró-activa das famílias,
mas tão só um procedimento formal de comunicação de intenções”.( Adaptado de: Teresa
Sarmento; Joaquim Marques - A PARTICIPAÇÃO DAS CRIANÇAS NAS PRÁTICAS DE RELAÇÃO DAS
FAMÍLIAS COM AS ESCOLAS )
Porém, tudo isto e apenas isto, não chega A relação escola-família que urge configura,
não apenas, uma concepção de escola, mas também uma concepção de sociedade
Assim, só é possível entender a existência de relação entre escolas - famílias, num
modelo de escola que admita, para lá dos imperativos legislativos, a relevância da acção
educativa se inserir num projecto educativo de uma comunidade em que, como tal, todos (pais,
professores, alunos, outros actores sociais) tenham espaço de participação, e em que às crianças,
particularmente, seja assegurado o direito a uma educação informada, “que assenta na lógica da
sua participação com voz nos processos de vida em que se desenvolvem”(Marques, 2005, p. 3).
Porque “as crianças, mais do que necessitarem da nossa acção socializadora, necessitam
de oportunidades para se exercerem como actores com direito a serem ouvidos e lidos na sua
forma de olhar e conceber o mundo” (Zaida Garcez, 2001, p. 1)
- os pais com nível literário baixo atribuem mais importância à presença de materiais de
apoio no lar, preferencialmente aqueles orientados para capacidades;
- os pais de nível literário elevado, percepcionavam-na como uma prática cultural,
atribuindo mais importância à modelagem de comportamentos de literacia.
Pode-se, então, concluir que para uns LITERACIA é uma capacidade de trabalho, a ser
adquirida principalmente na escola e para outros é uma transmissão cultural, adquirida de modo
indirecto e implícito no lar e comunidade, assim como na escola.
- Frequência de conversas em família - conversar acerca de eventos passados, contar o
dia, contar histórias, discutir tópicos gerais pode promover a capacidade de compreensão ,
receptiva e produtiva de textos, que se torna importante assim que ler e escrever na escola
envolve textos .(Hoff-Ginsberg 1991; cit. In Leseman § Jong, 2001).
- Existência de Materiais de leitura em casa - Existência de Materiais de leitura em
casa - fortemente determinado pelo poder de compra e categoria social (Benavente et al, 1996;
cit Fernandes, 2003)
Portanto, “O que as crianças aprendem acerca da linguagem escrita antes da escola está
constrangido pela forma como o impresso é utilizado pelos outros significativos na sua família e
comunidade social” (Purcell-Gates, 2000)
Por outro lado, Fernandes, 2004), no seu trabalho de investigação sobre
CORRELAÇÕES E INFLUÊNCIAS DO MEIO FAMILIAR diz que no desenvolvimento das
competências de Literacia as Características parentais :
- O Nível vocabular
- O Nível de educação
- O Registo linguístico, em casa
- O Prazer e frequência de leitura
- Ambiente linguísto
- Frequência e duração da leitura conjunta de livros
- Número de livros em casa
- Frequência de bibliotecas
- Visibilidade de comportamentos literácitos familiares
- Por outro lado, a escola fornece pouca informação sobre as perspectivas com que aborda
a leitura. Esta falta de conhecimento mútuo e de informação pode conduzir ao uso de dois
diferentes métodos de ensino.
- Se a escola tem por objectivo desenvolver parcerias com a família, então deverá dar
todas as informações relevantes e conhecer as abordagens que a família adopta, encarando-as
numa perspectiva positiva.
As diferenças no desempenho académico parece ter mais a ver com a relação dos sujeitos
com as práticas e discursos da escola do que com deficits de capacidades (cf. COMBER et al.,
2001),
A leitura e a escrita são sempre vistas como inseparáveis do falar, ouvir, interagir, pensar
e agir no mundo e são práticas que ocorrem no âmbito de práticas sociais mais vastas, em que os
indivíduos se envolvem para realizar objectivos pessoais ou colectivos.
Assume-se também que os significados do que se lê e do que escreve estão intimamente
ligados à experiências de cada um no mundo material e social.
2. CONTEXTO
2.1 Contexto Local
NOTA: Em Portugal, bem assim como no Brasil, na Grécia, na Letónia, no Luxemburgo, no México e na
Federação Russa a percentagem do nível 3,4,e 5 não atinge os 50% (PISA 2000)
Sendo que 8,3% dos alunos tiveram resultados abaixo do nível 1 (Pisa 2006)
OCDE por uma economia do conhecimento e da coesão social. Esta aposta estratégica
pressupõe a correlação entre inovação, competitividade, níveis de bem estar, qualidade de vida,
educação e formação da população, capaz de garantir um desenvolvimento humano sustentado.
Por outro lado, a investigação também já nos provou que a maneira como interagimos
com as crianças e o tipo de ambiente que criamos para elas, está interligada com os tipos de
pensamentos, concepções, ideias, estruturas sociais e padrões comportamentais que moldaram as
nossas concepções de criança e da infância e, acima de tudo com a forma como nos fomos
adaptando às exigências da sociedade actual e como desenvolvemos as nossas competências
literácitas. O que torna ainda mais relevante o facto de cerca de 50% da nossa população ainda se
encontrar no nível 2 literacia, de acordo com os estudos feitos, ou seja, não possuem habilidades
suficientes para ler e escrever com domínio, mas conseguem adaptar e desenvolver normalmente seu
trabalho, criando estratégias de interação com a maioria das atividades discursivas escritas.
Por isso, os efeitos positivos da mudança só irão acontecer quando se der uma dimensão
verdadeiramente ecológica a todo o processo educativo envolvendo todos os níveis de ensino,
provocando o envolvimento de cada indivíduo, da família, da comunidade e do poder politico.
Caberá aos educadores – enquanto profissionais de educação – fecharem este círculo.
Só desta forma, acreditamos continuar a ser possível desenhar uma medida abrangente
de promoção de literacia. Na certeza de que “ser capaz de ler não define a literacia no complexo
mundo de hoje.
4. CONCLUSÃO
Perante tudo o que já foi dito, não podemos deixar de concordar que Promover a
Literacia em família é contribuir para se criarem as condições necessárias à aprendizagem da
leitura e da escrita e ao desenvolvimento precoce das suas competências literácitas. Por um lado
é necessário que a família não se demita das suas funções aquando da entrada na escola dos seus
educando. Por outro, é necessário que a escola abra efectivamente as portas ao envolvimento das
famílias, cooperando e co-responsabilizando-as pelo sucesso escolar de cada um dos seus alunos.
Todavia, tudo começa muito antes da entrada na escola e bem no meio do seio familiar. Pois,
uma das condições prioritárias é sem dúvida o contacto precoce com os livros e a leitura
partilhada em família. Estas actividades, para além de poderem proporcionar bons momentos de
convívio e descontracção familiar, ouvir ler em voz alta, ler em conjunto, conversar sobre livros
desenvolve a inteligência e a imaginação.
Os livros enriquecem o vocabulário e a linguagem; As imagens, informações e ideias
dos livros alargam o conhecimento do mundo; Quem tem o hábito de ler conhece-se melhor a si
próprio e compreende melhor os outros; Ler em conjunto é divertido, reforça o prazer do
convívio, Os laços afectivos entre as crianças e os adultos que lhes leêm tornam-se mais fortes;
A leitura torna as crianças mais calmas, ajuda-as a ganhar auto-confiança e poder de
decisão(in:Ler+ dá saúde, PNL)
5. BIBLIOGRAFIA
6. ANEXOS