PROFESSOR: EDUARDO FAUSTO BARRETO ALUNO: ADRIANO LUIS COSTA
IMPACTOS DO PPA, LDO E LOA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Constituição Federal de 1988 delineou o modelo orçamentário atual ao instituir o
Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Estes instrumentos de planejamento orçamentário são projetos de iniciativa do Poder Executivo e têm as seguintes características principais: Plano Plurianual – PPA É editado a cada quatro anos com vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato subseqüente, tendo por objetivo estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Apresenta, além do valor das despesas de capital (investimentos em escolas, estradas, etc.), as metas físicas por tipo de programa e ação, lista as despesas de duração continuada e condiciona toda a programação do orçamento ao planejamento de longo prazo. Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a sua inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
É expedida anualmente e com validade apenas para um exercício, e compreende as metas e prioridades da Administração Pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente. A LDO orienta a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe sobre as alterações da legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento. Estabelece, assim, de forma antecipada, as diretrizes, as prioridades de gastos, e as normas e os parâmetros que devem orientar a elaboração do projeto de lei orçamentária para o exercício seguinte. A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes e se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias. Lei Orçamentária Anual – LOA É editada para cada exercício fiscal, que coincide com o ano civil e, conforme a Constituição, compreende três partes: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimentos. A LOA é o ato pelo qual o Poder Executivo submete ao Poder Legislativo proposta, pelo prazo de um ano, para realização de despesas de forma pormenorizada e de conformidade com a previsão de receitas, para assegurar o regular funcionamento dos serviços públicos e para cumprimento de outras finalidades encampadas pela política econômica do governo.
Pela análise conjunta desses três instrumentos, depreende-se que a concepção do
processo de planejamento e orçamento confere ao PPA, à LDO e à LOA uma atuação integrada, que pode ser assim resumida: o PPA estabelece o planejamento de médio e longo prazo, por meio dos programas e ações de governo, enquanto que a LOA fixa o planejamento de curto prazo, ou seja, materializa as ações e programas previstos no PPA, por meio de projetos, atividades e operações especiais. À LDO, por sua vez, cabe o papel de estabelecer a ligação entre esses dois instrumentos, destacando do PPA os investimentos e gastos prioritários que deverão compor a LOA e definir as regras e normas que orientarão a elaboração da lei orçamentária para o exercício seguinte.
Impactos na Administração Pública
Com a introdução da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) em 2000, novas responsabilidades foram introduzidas para o administrador público com relação aos orçamentos da União, dos Estados e Municípios, como limite de gastos com pessoal e proibição de criar despesas de duração continuada sem uma fonte segura de receita. O PPA, a LDO e os orçamentos anuais não mais podem ser elaborados apenas para cumprir formalidade legal. Com isso, os orçamentos públicos devem ser compatíveis com a situação financeira presente, assim como a futura de cada órgão e entidade, e representar com transparência a definição da política econômico-financeira da Administração Pública e os programas de trabalho do governo. Assim, a LRF resgata a necessidade de planejamento na Administração Pública e exige a compatibilidade entre o PPA, a LDO e a LOA, deixando-os de tal forma interligados que a gestão dos recursos públicos é executada com maior eficiência. Com o advento da LRF, a necessidade de tornarem mais efetivas e transparentes as ações governamentais, trouxe aos Tribunais de Contas uma importância e valorização acentuadas no contexto do planejamento orçamentário nacional. Os órgãos e entidades que executam os orçamentos estão sujeitos à fiscalização por órgãos internos e externos. Eles devem periodicamente prestar contas do que têm feito e dos gastos realizados. Essas informações devem ser públicas, acessíveis a todo e qualquer cidadão e não apenas aos órgãos de fiscalização e controle do próprio governo. É direito da sociedade interferir na elaboração das leis orçamentárias, imprimindo-lhes suas reivindicações e sugestões. A sociedade pode, ainda, atuar junto ao Executivo, que elabora a proposta; junto ao Legislativo, que discute, modifica e aprova as leis orçamentárias; e junto aos próprios órgãos de controle e fiscalização. Há ainda a possibilidade de articular as reinvidicações na própria sociedade civil para fortalecer a luta política. Com relação ao PPA em específico, na história do planejamento brasileiro, pela primeira vez foi realizada uma discussão pública no período 2004-2007, quando foram realizados debates em todos os estados envolvendo representantes de entidades de trabalhadores e empresários, da cidade e do campo, das elites e dos movimentos populares, cientistas, ambientalistas, igrejas, etc. Consultando a sociedade sobre a orientação estratégica do PPA, o Governo Federal reafirmou seu compromisso de democratizar o processo de estabelecimento de diretrizes, objetivos e metas. A LDO deve conter anexos de metas e riscos fiscais, que são uma detalhada e sofisticada projeção, elaborada pelo Poder Executivo, sobre a composição do resultado fiscal, sobre a situação atuarial da previdência social, e sobre os passivos contingentes que possam vir a se tornar efetiva despesa pública. Também colocam o orçamento dentro do contexto mais amplo da política macroeconômica, examinando a interação das metas fiscais com as políticas monetária e cambial. Tais anexos da LDO se tornaram referência para os analistas de finanças públicas, constituindo um conjunto de informação comum a todos os participantes do processo orçamentário acerca das hipóteses e projeções de indicadores econômicos e fiscais elaborados pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Depois que a LOA é publicada no Diário Oficial e passa a valer, os órgãos e entidades da administração pública começam a executar o orçamento, ou seja, passam a realizar as atividades programadas e a aplicar o dinheiro de suas dotações orçamentárias (a verba anual de cada um). Para isso, cada órgão público elabora um cronograma de desembolso, isto é, o programa, as despesas e a liberação de dinheiro para as unidades envolvidas na execução das ações. Assim, o governo ajusta o ritmo de execução do orçamento ao fluxo dos recursos, mantém o equilíbrio entre receita e despesa e garante verba em tempo hábil às unidades administrativas, melhorando a execução de seu programa de trabalho. Muitas vezes, o Executivo reduz ou deixa de realizar determinadas despesas fixadas na LOA para liberar verbas para outra despesa, isto é, ele tira recursos de uma ação e aplica em outra. Em alguns casos, pode-se usar a reserva de contingência, que é uma verba prevista na LOA, mas sem destinação específica – uma espécie de “poupança obrigatória” cujos recursos podem ser usados para a cobertura de despesas não previstas, especialmente em caso de guerra ou calamidade pública.
Castorina, J.A Et Ali. Piaget - Vigostsky - Novas Contribuições para o Debate, SP, Ed Ática, 1990. Capítulo I - o Debate Piaget-Vygotsky - A Busca de Um Critério para Sua Avaliação