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Departamento de Administração
Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo – UFF
Resumo
Este artigo tem por objetivo delinear a contribuição ímpar da Teoria das Restrições para
alavancar o desempenho organizacional a partir da maximização do potencial da produção.
Entendendo os aspectos que envolvem o processo de desenvolvimento de um produto ou
serviço juntamente com as linhas gerais de um mercado específico será possível estabelecer
um guia de ações práticas que atendam a estratégia definida por uma organização além das
necessidades e expectativas dos vários interessados no seu negócio. Por essa lógica, as
técnicas construídas de tal pensamento em um mercado ainda pouco difundido quanto à
racionalização dos processos por meio desta visão pode, inclusive, oferecer espaço para a
criação de vantagem competitiva para as empresas que as implementam eficientemente até o
aparecimento das consultorias especializadas neste assunto.
Abstract
This article has the goal to delineate the unique contribution of Theory of Constraints to
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Estudante de Graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense. E-mail:
vanessaandrade30@hotmail.com. Telefone: (21) 9345-5314.
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Estudante de Graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense. E-mail:
yilichenhu@yahoo.com.br. Telefone: (021) 8570-9803.
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"o fato de que a concorrência em uma indústria não está limitada aos participantes
estabelecidos. Clientes, fornecedores, substitutos, e os entrantes potenciais são todos
"concorrentes" para as empresas na indústria, podendo ter maior ou menor
importância, dependendo de circunstâncias particulares." (Porter, 1986,p.24)
Não obstante, o crescimento da demanda não comporta o crescimento das empresas, tanto
em número quanto em tamanho. “Pools” de lucratividade, ganhos acima da média e
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Desta maneira surge a concepção da Teoria das Restrições, facilitado por um ambiente
em que os recursos necessários para a entrega de um produto se esgotam exponencialmente e
os mercados disponíveis para consumi-los desenvolvem as suas escolhas, o que leva as
empresas a empregarem habilidades consideráveis, estratégias de alto risco e um
comportamento agressivo para alcançar uma porção maior de marketshare ou mesmo
defendê-las. Muitos, por não conseguirem se diferenciar, acabam por serem “engolidos” pela
falta de soluções e pela imposição dos mais fortes, figura de uma atmosfera darwinista.
Esta análise teórica em contato com o que se passa na prática fornece a base para a
discussão do seu efeito em termos de vantagem competitiva em setores onde, até o momento,
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não se fundamentam sobre esses princípios. Assim, o objetivo primordial será analisar as
repercussões provenientes da adoção dessas idéias inéditas e as considerações quanto a cada
esfera de mercado.
Metodologia
Da pesquisa de referências, porque por meio dela se permitirá verificar a aplicação dos
valores mencionados.
Desenvolvimento
Sejam quais forem as mobilizações, o objetivo primário tem como premissa basilar a
efetividade e o que lhe proporcione vantagens para competição.
O estudo das restrições eleva um questionamento antigo dos povos sobre como as
manipular evitando os seus efeitos em excesso. Isto porque, sua ausência completa implica em
um ambiente caótico onde todos seriam prejudicados ao optarem pelo benefício máximo. A
relação entre as partes contribui para que o crescimento conjunto supere as deficiências de
cada membro em um agregado sistêmico. Versando sobre este preocupação, Hobbes (1651)
afirma que a existência de um Estado equilibrado onde todos cederiam parte dos seus direitos
– impondo, por fim, limites aos mesmos – inibiria um cenário na qual “Homo homini lupus",
ou “o homem é o lobo do homem”. Logo, "se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo
tempo, que é impossível ela ser gozada por ambos, eles se tornam inimigos." (HOBBES,
1651. p. 43.)
das atividades. Tais relações sinalizam a missão do gestor de fazer com que as organizações
percebam a importância da restrição de qualquer sistema e com isso adaptar seus processos a
essa(s) restrição(ões) gerenciando-as. Os processos, então, são otimizados e a organização
torna-se mais eficiente e eficaz ao criar valor para seus clientes, aumentando,
consequentemente, sua lucratividade. “O combate,” por assim dizer, “às restrições guia o
processo de melhoramento continuo da empresa, aumentando sempre o ganho da mesma”.
(BORNIA, 1994, p.370)
Nove axiomas surgem na tentativa de Goldratt (1997) de explicitar sua filosofia. Como o
autor observou, a primeira medida seria identificar as restrições de capacidade e balancear o
fluxo do produto com a demanda do mercado, por ser esta a principal condutora das ações de
uma organização. O segundo passo determina que a utilização do recurso cujo potencial não é
limitador, ou seja, não restringe o sistema, deveria estar em função dos gargalos ou das
necessidades dos consumidores para que se possa extrair o máximo potencial de cada etapa da
confecção do produto. Assim, os processos que se apresentassem saturados quando
alimentados por outros tenham a primazia de operar com a capacidade total, a fim de não
obstruir a entrega. Goldratt afirma em seu quarto princípio a importância de dissociar
utilização (ou capacidade produtiva) da ativação (o quanto é efetivamente alimentado) de um
recurso afirmando que estes não são sinônimos. Enquanto aquele representa a capacidade
produtiva total num determinado item, este contempla as relações entre os processos
definindo o quanto deve ser efetivamente alimentado em cada um deles com a finalidade de
obter, sobretudo, agilidade, qualidade e menores custos.
Prosseguindo mais adiante e como quarta regra, a Teoria das Restrições ou TOC (Theory
of Constraints) menciona que o tempo total usufruído para atender o volume de itens
diminuirá por conta de qualquer tempo ganho no gargalo. O contrário vale para os não
gargalos na qual se garante que a produção do sistema não irá aumentar com as economias de
preparação nessas atividades. A configuração analisa, ainda, que o tempo gasto em cada fator
será realizado em menores tempos de preparação ao se distinguir lote de transferência e lote
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A abordagem dos valores, todavia, sofre alterações quando se depara com aspectos
contextuais. Logo, a primeira noção a ser considerada é que a melhor distribuição dos
componentes está intrinsecamente ligada aos aspectos da estratégia da empresa, da
configuração organizacional e das qualidades do ambiente externo criando formas e níveis de
planejamento diferentes entre os pares. Segundo Morin,
Conseqüentemente, uma estratégia voltada para custos almeja um esquema em que seja
possível a procura incessante de cortes de gastos desnecessários até o limite permitido pelas
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tecnologias e ferramentas de gestão, enquanto que a estratégia pela diferenciação poderá ter
um enfoque maior sobre os processos de agregação de valor para o cliente seja por meio de
níveis maiores de qualidade proporcionados pelo aprimoramento do fluxo de processos, seja
por um nível de serviço alto como, por exemplo, a entrega rápida dos produtos. Pode vir a
ocorrer que o responsável pela produção tendo em vista a diferenciação possa implementar
processos adicionais ao conjunto, enquanto que para uma avaliação de custos poderia ser esta
rejeitada.
Pela adoção dos critérios da TOC, e ainda por uma estrutura que contempla a sua
integração com diversas técnicas de gestão como o Just-in-Time, a filosofia kanban e a
ferramenta MRP II (Manufacturing Resource Planning), perceberam um aumento em pelo
menos 25% da capacidade de produção ao se descentralizar somente o trabalho de
manutenção entre os departamentos corroborando para a afirmação das ações preventivas da
própria área de manutenção. Além dele, outras medidas foram tomadas acarretando a
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diminuição dos lead times internos na manufatura e a redução de set ups, ou seja, do tempo
gasto para a preparação em que as máquinas permanecem paradas, entre outros.
Ao considerar as diferenças existentes entre cada país e tomando como foco o ambiente
brasileiro, a existência de consultorias voltadas basicamente para fornecer esses serviços
indica uma grande lacuna de tais pressupostos pela sua malha produtiva. A Goldratt
Associados oferece aos seus clientes uma assessoria personalizada quanto aos assuntos
voltados a projetos de análise e configuração dos processos em todos os setores. Da mesma
maneira que a CD+, as soluções propostas pelo grupo aos seus clientes reúnem um conjunto
de medidas que podem ser integradas entre si. Tão logo, um novo produto surge da
combinação dos elementos da TOC, do Lean, além do Seis Sigma: o TLS. Essa técnica
representa 89% de todas as contribuições realizadas pela empresa entre diversos clientes
(Anexo I), inclusive os de grande porte, onde as suas estruturas tendem a ser mais complexas
e suas interfaces fundamentais para assegurar a harmonia no negócio.
A satisfação demonstrada pelos seus usuários deixa claros os benefícios que esta
interpretação dos recursos traz em questão de gerenciamento efetivo. Desta maneira, o projeto
de Logística de Produção Seriada (TPC) instaurada na 3M do Brasil segundo fonte da própria
consultoria revela que
““O grande impacto deste projeto, previsto para ser finalizado em 2003, é a redução
do inventário sem piorar o Desempenho de Entrega”, aponta Afonso Chaguri,
gerente de fábrica da 3M.”4
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http://goldratt.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=6 (acessado em 21 de
junho de 2010 às 18:21)
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Outra empresa a ter os seus processos otimizados foi uma das franquias da Coca-Cola, a
Kaiser. Segundo os dados fornecidos,
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http://goldratt.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=6 (acessado em 21 de
junho de 2010 às 18:21)
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Essa nova maneira de pensar a gestão propicia um lugar onde a concorrência se torna
ainda mais acirrada, seja no plano nacional ou internacional, obrigando os gestores a inovar
em todos os sentidos no ambiente interno e para fora dela, criando um novo perfil de sua
indústria. E por ser uma filosofia que não possui obstáculos rígidos a sua adaptação, sua vida
útil se estende contribuindo, inclusive, para que novos valores sejam agregados à medida que
as mudanças ocorrem. Isto possibilitará um meio imprescindível para o alcance de maior
produtividade.
A circunstância de restrição que afeta a todos pode ser contornado não somente com os
avanços tecnológicos, mas, sobretudo com o auxílio de conceitos e instrumentos de gestão
que ajudam a delinear uma estratégia e a alocação adequada dos recursos. Visam, tão
somente, a racionalização, um processo de aperfeiçoamento em ultima instância do próprio
indivíduo, levando a sociedade a criar alternativas aos problemas enfrentados em todos os
setores. Maiores graus de complexidade, porém, requerem que o gestor direcione a sua
atenção a uma gama crescente de causas. E avaliá-las a fim de prever um cenário, contribui
para uma menor possibilidade de ocorrência de erros ao longo do projeto e um ótimo
desempenho quanto mais simples for a aplicação do planejamento organizacional.
Conclusões e Comentários
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Entende-se ainda que o encadeamento dos processos pelo método das restrições auxilia o
papel do gestor em apontar quais são os itens cruciais e que determinam o fluxo de atividades.
A configuração do sistema, então, estabelecerá diferentes resultados, entre os quais, se podem
enumerar os atributos constituintes de cada operação, os lotes de transferência e de
processamentos, os estoques mínimos, os recursos gargalos e os não-gargalos e acima de tudo,
o fluxo em si.
O valor das características do contexto interno e externo também tem que ser considerados
e refletirão a variação desses instrumentos o que permitirá a aplicação mais efetiva para cada
tipo de organização, colaborando em um primeiro momento para a criação de competências
essências, intensificando a competição entre os concorrentes, e posteriormente, para o
desenvolvimento das qualidades dos produtos para o cliente.
Referências Bibliográficas
BERTALANFFY, Ludwing von. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1973.
DARWIN, Charles. Charles Darwin and Alfred Russel Wallace: Evolution by natural
selection [by] Charles Darwin and Alfred Russel Wallace. With a foreword by Gavin de Beer.
London: Johson Reprint, 1971.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Organizado por Richard Tuck; tradução João Paulo Monteiro,
Maria Beatriz Nizza da Silva, Claudia Berliner; revisão da tradução Eunice Ostrensky. – Ed.
Brasileira supervisionada por Eunice Ostrensky. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Site:http://pessoas.feb.unesp.br/vagner/files/2009/02/variavel-e-GEC.pdf (acessado em
14/06/2010 às 22h 34min)
Site:http://goldratt.com.br/site/index.php?
option=com_content&view=article&id=7&Itemid=6 (acessado em 21 de junho de 2010 às
18:21)
Anexos
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Anexo I