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Teoria das Restrições:


A aplicação de seus conceitos como chave para a vantagem competitiva

Carlos José Guimarães Cova1


Vanessa de Andrade Silva2
Yi Li Chen Hu3

Departamento de Administração
Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo – UFF
Resumo

Este artigo tem por objetivo delinear a contribuição ímpar da Teoria das Restrições para
alavancar o desempenho organizacional a partir da maximização do potencial da produção.
Entendendo os aspectos que envolvem o processo de desenvolvimento de um produto ou
serviço juntamente com as linhas gerais de um mercado específico será possível estabelecer
um guia de ações práticas que atendam a estratégia definida por uma organização além das
necessidades e expectativas dos vários interessados no seu negócio. Por essa lógica, as
técnicas construídas de tal pensamento em um mercado ainda pouco difundido quanto à
racionalização dos processos por meio desta visão pode, inclusive, oferecer espaço para a
criação de vantagem competitiva para as empresas que as implementam eficientemente até o
aparecimento das consultorias especializadas neste assunto.

Palavras-chaves: Teoria das Restrições, Racionalização dos Processos, Vantagem


Competitiva.

Abstract

This article has the goal to delineate the unique contribution of Theory of Constraints to

1
2
Estudante de Graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense. E-mail:
vanessaandrade30@hotmail.com. Telefone: (21) 9345-5314.
3
Estudante de Graduação em Administração pela Universidade Federal Fluminense. E-mail:
yilichenhu@yahoo.com.br. Telefone: (021) 8570-9803.
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leverage organizational performance whereof improving the potential of production to its


maximum. Understanding the aspects involving the development of a product or a service in
association with general characteristics of a particular market will enable to establish a
guideline of pragmatic efforts that attend both a strategy set by an organization and moreover,
several stakeholders’ needs and expectancies. Through this logic, the techniques built from
this idea in a market yet little disseminated in terms of process’ rationalization through this
point of view can also offer a way for creating competitive advantages to companies that
efficiently deploy those as for emerging consultant services specialized in such subject.

Keywords: Theory of Constraints, Process’ Rationalization, Competitive Advantages.


Introdução

O processo acelerado de globalização que estabelece relações mais complexas em todo o


mundo tem propiciado o fomento de novos conceitos, esclarecendo o sentido das tendências
provocadas pela racionalização contínua do homem sobre os fatos de sua vida. Esse fenômeno
calcado na acumulação de conhecimento e na presença de um vasto e crescente grupo de
elementos críticos ao sucesso produz paradigmas originais ampliando a multiplicidade de
esforços empreendidos por diversas frentes, principalmente na área de negócios.

Tais imposições diminuem drasticamente as fronteiras entre as indústrias e mercados,


contribuindo para uma concorrência ainda mais acirrada. Segundo Porter,

"o fato de que a concorrência em uma indústria não está limitada aos participantes
estabelecidos. Clientes, fornecedores, substitutos, e os entrantes potenciais são todos
"concorrentes" para as empresas na indústria, podendo ter maior ou menor
importância, dependendo de circunstâncias particulares." (Porter, 1986,p.24)

Não obstante, o crescimento da demanda não comporta o crescimento das empresas, tanto
em número quanto em tamanho. “Pools” de lucratividade, ganhos acima da média e
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efetividade produtiva passam a ser, consequentemente, objetivos mais custosos e que


contribuem para a difícil missão dos tomadores de decisão. Contemplar uma série de assuntos
que se interagem quase instantaneamente, será, ou se já não o é, uma das exigências de perfil
desse gestor emergente, e da qual suas antigas competências essenciais já não fornecem a
diferenciação desejada, passando a ser meros qualificadores primários. Com o aprimoramento
das “vias de transferência” do conhecimento e das dinâmicas nas estruturas sociais, o seu
único papel será renovar seu conjunto de excelências em menores intervalos.

Para sobrepujar as convergências verificadas ao longo do tempo, a grande solução


encontrada se baseia na idéia de inovação. Somente por meio dela, pode-se evitar o problema
da competição perfeita. Basta então definir o que seria inovação para um ou outro ambiente
de negócio. Ou o que governa cada sistema: um algoritmo particular que determina a
desenvoltura dos membros constituintes.

Desta maneira surge a concepção da Teoria das Restrições, facilitado por um ambiente
em que os recursos necessários para a entrega de um produto se esgotam exponencialmente e
os mercados disponíveis para consumi-los desenvolvem as suas escolhas, o que leva as
empresas a empregarem habilidades consideráveis, estratégias de alto risco e um
comportamento agressivo para alcançar uma porção maior de marketshare ou mesmo
defendê-las. Muitos, por não conseguirem se diferenciar, acabam por serem “engolidos” pela
falta de soluções e pela imposição dos mais fortes, figura de uma atmosfera darwinista.

A melhoria contínua dos processos permitiu atingir um nível superior de eficiência e


eficácia, o que contribui em grande parte para a satisfação dos principais “stakeholders”.
Medidas como as abordadas através da interpretação dos fatores críticos abrem caminhos
totalmente inéditos e cuja perspectiva se mostra bastante promissora.

Esta análise teórica em contato com o que se passa na prática fornece a base para a
discussão do seu efeito em termos de vantagem competitiva em setores onde, até o momento,
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não se fundamentam sobre esses princípios. Assim, o objetivo primordial será analisar as
repercussões provenientes da adoção dessas idéias inéditas e as considerações quanto a cada
esfera de mercado.

Metodologia

O presente artigo utilizará como método de análise a pesquisa de referências encontradas


em estudos de caso e relatos que comprovadamente confirmam os pressupostos delineados. A
partir deste ponto, outros conceitos serão agregados como forma de subsidiar os argumentos,
tendo em vista, melhor apreensão do conteúdo. Esta base auxiliará os gestores e a todos os
interessados a esclarecer a importância de repensar condições existentes com vista às
mudanças que finalmente acabam por influenciar os processos.

Da pesquisa de referências, porque por meio dela se permitirá verificar a aplicação dos
valores mencionados.

Dos relatos, que fornecem o grau de satisfação/insatisfação dos usuários ao seguir as


medidas tomadas e corroboram na veracidade da teoria.

E da reunião de outros conceitos, visto que a racionalização do homem permeia as


diversas vertentes científicas sem, contudo, estabelecer relação de hierarquia entre as mesmas.
À medida que as similaridades passam a ser visíveis, a integração dos elementos de cada
filosofia se atrelam com menos dificuldade. Essa dinâmica sistêmica leva a uma compreensão
ainda maior e mais completa da realidade. Segundo Bertalanffy,

“A inclusão das ciências biológica, social e do comportamento junto com a moderna


tecnologia exige a generalização de conceitos básicos da ciência. Isto implica novas
categorias do pensamento científico, em comparação com as existentes na física
tradicional e os modelos introduzidos com esta finalidade são de natureza
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interdisciplinar” (BERTALANFFY, 1973, p. 132).

O sucesso ou insucesso pela adoção de qualquer um deles dependerá, única e


exclusivamente, das circunstâncias em que esses métodos se inserem na tentativa de resolução
de um dado problema. Ou seja, todo procedimento representa uma intuição baseado nas
experiências e do trabalho cognitivo a partir da percepção da realidade. Ferramentas de
gestão, portanto, são os instrumentos pelas quais ajudam o decisor na sua importante tarefa:
decidir, e fazer isso o mais ligado possível à realidade imediata a fim antecipar as mudanças e
estabelecer uma posição vantajosa.

Desenvolvimento

As análises e interpretações do ambiente referente à capacidade dos recursos de suprirem


a crescente demanda das sociedades modernas revelam a grande preocupação das nações
quanto à utilização desses bens. Novos métodos de obtenção de energia, por exemplo, como
as energias coletadas da fusão do hidrogênio, do processamento das biomassas, da geração
nuclear, da força dos ventos, do fluxo dos rios e dos raios solares denunciam o esgotamento
do petróleo nos próximos anos. Muito embora, boa parte dessas energias seja considerada
“limpa” não podem se comparar à produtividade do ultimo em se tratando do custo/benefício
e de sua ampla utilização em vários segmentos. É neste sentido que as limitações de
determinada fonte estabelecem uma redução ou elevação da produção. Para todo e qualquer
sistema, o nível de saturação desenvolve uma barreira ao crescimento vertiginoso. E segundo
essa idéia, gerir as condicionantes permite a obtenção do máximo potencial e qualidade seja
qual for o processo.

Na medida que essa demanda de “racionalização” sobre os fatores produtivos se mostra


ainda mais presente, princípios são criados como frutos de um entendimento e discernimento
mais profundo das características que permeiam as atividades. A estrutura se desdobra
empenhando-se em eliminar as lacunas de improdutividade ou, se não possível, minimizá-las.
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Sejam quais forem as mobilizações, o objetivo primário tem como premissa basilar a
efetividade e o que lhe proporcione vantagens para competição.

O estudo das restrições eleva um questionamento antigo dos povos sobre como as
manipular evitando os seus efeitos em excesso. Isto porque, sua ausência completa implica em
um ambiente caótico onde todos seriam prejudicados ao optarem pelo benefício máximo. A
relação entre as partes contribui para que o crescimento conjunto supere as deficiências de
cada membro em um agregado sistêmico. Versando sobre este preocupação, Hobbes (1651)
afirma que a existência de um Estado equilibrado onde todos cederiam parte dos seus direitos
– impondo, por fim, limites aos mesmos – inibiria um cenário na qual “Homo homini lupus",
ou “o homem é o lobo do homem”. Logo, "se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo
tempo, que é impossível ela ser gozada por ambos, eles se tornam inimigos." (HOBBES,
1651. p. 43.)

O desenvolvimento do pensamento humano caminha, então, para uma análise e


aproximação mais significativa dos fenômenos restritivos de sorte que os modos de se
produzir um bem ou serviço descobrem na Teoria das Restrições um meio mais palpável e
simplificado das idéias adotadas pela estratégia da organização. Esta nova linha de raciocínio
que surgiu do estudo de alguns pesquisadores israelenses, e posteriormente divulgada pelo
físico Eliyahu M. Goldratt, indica que somente os aparatos tecnológicos não bastariam a fim
de garantir maior lucratividade para as organizações quando não utilizadas técnicas de gestão
da produção e operações adequadas. Isso evidencia a importância de que uma sequência
coerente deve estabelecer os vínculos necessários entre os processos da cadeia produtiva, e
sem a qual, combinações quase infinitas tendem a surgir de modo que um número maior de
“peças e engrenagem” são dispostos aleatoriamente.

Determinar este controle e fluxo da linha de montagem deverá considerar principalmente


a maneira como se apresentam os processos gargalos, os não-gargalos e os estoques (buffers),
variáveis que alimentam a construção de toda estrutura que vise um aproveitamento superior
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das atividades. Tais relações sinalizam a missão do gestor de fazer com que as organizações
percebam a importância da restrição de qualquer sistema e com isso adaptar seus processos a
essa(s) restrição(ões) gerenciando-as. Os processos, então, são otimizados e a organização
torna-se mais eficiente e eficaz ao criar valor para seus clientes, aumentando,
consequentemente, sua lucratividade. “O combate,” por assim dizer, “às restrições guia o
processo de melhoramento continuo da empresa, aumentando sempre o ganho da mesma”.
(BORNIA, 1994, p.370)

Nove axiomas surgem na tentativa de Goldratt (1997) de explicitar sua filosofia. Como o
autor observou, a primeira medida seria identificar as restrições de capacidade e balancear o
fluxo do produto com a demanda do mercado, por ser esta a principal condutora das ações de
uma organização. O segundo passo determina que a utilização do recurso cujo potencial não é
limitador, ou seja, não restringe o sistema, deveria estar em função dos gargalos ou das
necessidades dos consumidores para que se possa extrair o máximo potencial de cada etapa da
confecção do produto. Assim, os processos que se apresentassem saturados quando
alimentados por outros tenham a primazia de operar com a capacidade total, a fim de não
obstruir a entrega. Goldratt afirma em seu quarto princípio a importância de dissociar
utilização (ou capacidade produtiva) da ativação (o quanto é efetivamente alimentado) de um
recurso afirmando que estes não são sinônimos. Enquanto aquele representa a capacidade
produtiva total num determinado item, este contempla as relações entre os processos
definindo o quanto deve ser efetivamente alimentado em cada um deles com a finalidade de
obter, sobretudo, agilidade, qualidade e menores custos.

Prosseguindo mais adiante e como quarta regra, a Teoria das Restrições ou TOC (Theory
of Constraints) menciona que o tempo total usufruído para atender o volume de itens
diminuirá por conta de qualquer tempo ganho no gargalo. O contrário vale para os não
gargalos na qual se garante que a produção do sistema não irá aumentar com as economias de
preparação nessas atividades. A configuração analisa, ainda, que o tempo gasto em cada fator
será realizado em menores tempos de preparação ao se distinguir lote de transferência e lote
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de processamento, sendo este o tamanho do lote que transformará insumos em produtos em


determinado recurso, antes da inicialização de outro item e; aquele o que se transfere para a
próxima operação. Esses lotes de processamento também devem ser variáveis, caracterizando
a sétima premissa. A conclusão desta afirmação se resume que cada etapa apresenta inúmeras
especificidades, e sendo assim, é natural que haja diferentes performances. Já o oitavo
postulado dispõe que o recurso gargalo atrela todo o fluxo do sistema às suas características
além de definir seus estoques com vista a prevenir a paralisação de toda a cadeia dado a
probabilidade de algum evento ocorrer. Significa que a sua gestão deve incluir planos de
contingências o que afastaria a chance de gerar uma imagem negativa perante seus
stakeholders. E, por último, o nono princípio disciplina que a programação de atividades e a
capacidade da produção devem levar em consideração todo o conjunto de restrições, e que por
sua vez, os tempos de ressuprimentos ou lead times serão estabelecidos em função de como a
produção é programada e não antes do processo de planejamento.

A abordagem dos valores, todavia, sofre alterações quando se depara com aspectos
contextuais. Logo, a primeira noção a ser considerada é que a melhor distribuição dos
componentes está intrinsecamente ligada aos aspectos da estratégia da empresa, da
configuração organizacional e das qualidades do ambiente externo criando formas e níveis de
planejamento diferentes entre os pares. Segundo Morin,

“[...]uma nova ordem de complexidade aparece quando o sistema é “aberto", isto é,


quando sua existência e a manutenção de sua diversidade são inseparáveis de inter-
relações com o ambiente, por meio das quais o sistema tira do externo
matéria/energia e, em grau superior de complexidade, informação [...] uma relação
propriamente complexa, ambígua, entre o sistema aberto e o ambiente, em relação
ao qual é, ao mesmo tempo, autônomo e dependente.(MORIN, 2000, p. 292).

Conseqüentemente, uma estratégia voltada para custos almeja um esquema em que seja
possível a procura incessante de cortes de gastos desnecessários até o limite permitido pelas
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tecnologias e ferramentas de gestão, enquanto que a estratégia pela diferenciação poderá ter
um enfoque maior sobre os processos de agregação de valor para o cliente seja por meio de
níveis maiores de qualidade proporcionados pelo aprimoramento do fluxo de processos, seja
por um nível de serviço alto como, por exemplo, a entrega rápida dos produtos. Pode vir a
ocorrer que o responsável pela produção tendo em vista a diferenciação possa implementar
processos adicionais ao conjunto, enquanto que para uma avaliação de custos poderia ser esta
rejeitada.

Ao mesmo tempo é essencial levantar as informações disponíveis sobre os recursos


existentes em um determinado contexto histórico, e que irá estabelecer o potencial relativo ao
cumprimento dos projetos. Visto dessa maneira, a alta da inflação em um país em
desenvolvimento poderia exercer uma redução drástica das possibilidades de aquisição de
novos programas, o que poderia representar empecilhos para sua competitividade
internacional conforme exista a inviabilidade de implementar processos que exijam um
orçamento mais volumoso ou conhecimentos específicos que a organização ainda não possua.

Diante desta perspectiva, empresas brasileiras aventuram-se na reestruturação de suas


operações objetivando melhores resultados. Um caso a ser citado é a empresa CD+ que trata
da produção de mídias como CD-Áudio, CD-Rom e DVD’s e tem alcançado patamares cada
vez mais elevados de produtividade, reflexo, principalmente, dos investimentos em alta
tecnologia, em capacitação profissional e na cultura de modernização de suas plantas
industriais.

Pela adoção dos critérios da TOC, e ainda por uma estrutura que contempla a sua
integração com diversas técnicas de gestão como o Just-in-Time, a filosofia kanban e a
ferramenta MRP II (Manufacturing Resource Planning), perceberam um aumento em pelo
menos 25% da capacidade de produção ao se descentralizar somente o trabalho de
manutenção entre os departamentos corroborando para a afirmação das ações preventivas da
própria área de manutenção. Além dele, outras medidas foram tomadas acarretando a
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diminuição dos lead times internos na manufatura e a redução de set ups, ou seja, do tempo
gasto para a preparação em que as máquinas permanecem paradas, entre outros.

Ao considerar as diferenças existentes entre cada país e tomando como foco o ambiente
brasileiro, a existência de consultorias voltadas basicamente para fornecer esses serviços
indica uma grande lacuna de tais pressupostos pela sua malha produtiva. A Goldratt
Associados oferece aos seus clientes uma assessoria personalizada quanto aos assuntos
voltados a projetos de análise e configuração dos processos em todos os setores. Da mesma
maneira que a CD+, as soluções propostas pelo grupo aos seus clientes reúnem um conjunto
de medidas que podem ser integradas entre si. Tão logo, um novo produto surge da
combinação dos elementos da TOC, do Lean, além do Seis Sigma: o TLS. Essa técnica
representa 89% de todas as contribuições realizadas pela empresa entre diversos clientes
(Anexo I), inclusive os de grande porte, onde as suas estruturas tendem a ser mais complexas
e suas interfaces fundamentais para assegurar a harmonia no negócio.
A satisfação demonstrada pelos seus usuários deixa claros os benefícios que esta
interpretação dos recursos traz em questão de gerenciamento efetivo. Desta maneira, o projeto
de Logística de Produção Seriada (TPC) instaurada na 3M do Brasil segundo fonte da própria
consultoria revela que

“a disponibilidade de produtos da primeira linha de produtos da primeira linha


piloto, saltou de 70% para 98%, em 5 meses, e na segunda linha, aumentou de 60%
para 94%, no mesmo período de tempo. Paralelamente, os estoques baixaram além
do planejado.”

““O grande impacto deste projeto, previsto para ser finalizado em 2003, é a redução
do inventário sem piorar o Desempenho de Entrega”, aponta Afonso Chaguri,
gerente de fábrica da 3M.”4

4
http://goldratt.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=6 (acessado em 21 de
junho de 2010 às 18:21)
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O que normalmente se poderia deduzir é que a redução de custos de estoque afetaria


inevitavelmente a qualidade do serviço. A experiência da 3M, todavia, demonstra que tal
relação não existe e que é possível a conciliação desses dois aspectos: a redução de estoque e
a melhoria na entrega. Essa mentalidade amplia a análise em questões que envolvem a
dinâmica dos sistemas.

Outra empresa a ter os seus processos otimizados foi uma das franquias da Coca-Cola, a
Kaiser. Segundo os dados fornecidos,

“O trabalho Renosa-Kaiser foi inovador na maneira de trabalhar dois elos


consecutivos de uma Cadeia de Suprimentos. A falta de sucesso da distribuição da
Coca-Cola Renosa e das Cervejas Kaiser era atribuida pela Renosa às falhas de
produto e de publicidade feita pela Kaiser. A Kaiser, por sua vez, atribuia às falhas
do trabalho de distribuição e vendas da Renosa. Após analise das realidades
individuais utilizando metodologias de Processos de Raciocínio da TOC, cada
companhia identificou seu conflito genérico. Após isso, foi feita uma sessão
conjunta envolvendo dirigentes das duas companhias, onde foi diagnosticada a
Restrição conjunta e as partes construíram, consensaram e implementaram um plano
estratégico conjunto:
Restruturar a equipe de vendas da Renosa para dar foco adequado à Kaiser nos
clientes cervejeiros;
Criar inteligência de mercado focada em cerveja;
Integrar e aprimorar a logística de produção e distribuição para garantir a qualidade
do produto.
Três meses após o início da implementação em Cuiabá, a Kaiser apontou
crescimento das vendas da embalagem alvo de 600 ml retornável superior a 80%. O
relacionamento entre as companhias melhorou significativamente, e a produção de
cerveja Kaiser em latas na fábrica Coca-Cola de Cuiabá se fez realidade.”5

5
http://goldratt.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=6 (acessado em 21 de
junho de 2010 às 18:21)
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Como visto, a descrição feita do ambiente da Kaiser-Renosa expande as expectativas de


resolução dos problemas na medida em que tais práticas abrangem outros segmentos da
empresa, e não apenas a linha de montagem. Outro benefício que se adquire nesta proposição
é que a aplicação das assertivas da Teoria das Restrições pode ainda exercer o papel de
atenuador de conflitos, como verificados anteriormente entre os envolvidos deste estudo de
caso, surgindo como um mediador racional. Para tanto, a administração de conflitos passa
inevitavelmente por um enfoque racional, definindo instrumentos justos e estabelecendo a
equidade. Colabora, portanto, para subsidiar a veracidade do tema e, por fim, o objetivo deste
artigo.

Essa nova maneira de pensar a gestão propicia um lugar onde a concorrência se torna
ainda mais acirrada, seja no plano nacional ou internacional, obrigando os gestores a inovar
em todos os sentidos no ambiente interno e para fora dela, criando um novo perfil de sua
indústria. E por ser uma filosofia que não possui obstáculos rígidos a sua adaptação, sua vida
útil se estende contribuindo, inclusive, para que novos valores sejam agregados à medida que
as mudanças ocorrem. Isto possibilitará um meio imprescindível para o alcance de maior
produtividade.

A circunstância de restrição que afeta a todos pode ser contornado não somente com os
avanços tecnológicos, mas, sobretudo com o auxílio de conceitos e instrumentos de gestão
que ajudam a delinear uma estratégia e a alocação adequada dos recursos. Visam, tão
somente, a racionalização, um processo de aperfeiçoamento em ultima instância do próprio
indivíduo, levando a sociedade a criar alternativas aos problemas enfrentados em todos os
setores. Maiores graus de complexidade, porém, requerem que o gestor direcione a sua
atenção a uma gama crescente de causas. E avaliá-las a fim de prever um cenário, contribui
para uma menor possibilidade de ocorrência de erros ao longo do projeto e um ótimo
desempenho quanto mais simples for a aplicação do planejamento organizacional.

Conclusões e Comentários
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A análise dos ambientes produtivos permite elucidar a importância das ferramentas


conceituais sobre as estratégias de abordagem da produção em detrimento da noção limitada
que apenas a adoção de recursos mais desenvolvidos fomenta vantagens competitivas. Essa
compreensão é vital para que a empresa alcance competências essenciais na cadeia de
processos que desemboca em favorecer uma melhor posição não somente nos mercados onde
atua, como também na sua relação para com seus fornecedores, colaboradores e acionistas. O
enxugamento dos processos facilita além de ganhos extras de retorno sobre o capital para os
últimos, a simplificação das operações para os trabalhadores e um poder de negociação junto
aos fornecedores, fruto de uma demanda crescente por insumos e também pela objetividade
dos lead times. A análise tem como último objetivo permitir que a cadeia de suprimentos seja
fortalecida e incentivada.

Entende-se ainda que o encadeamento dos processos pelo método das restrições auxilia o
papel do gestor em apontar quais são os itens cruciais e que determinam o fluxo de atividades.
A configuração do sistema, então, estabelecerá diferentes resultados, entre os quais, se podem
enumerar os atributos constituintes de cada operação, os lotes de transferência e de
processamentos, os estoques mínimos, os recursos gargalos e os não-gargalos e acima de tudo,
o fluxo em si.

O valor das características do contexto interno e externo também tem que ser considerados
e refletirão a variação desses instrumentos o que permitirá a aplicação mais efetiva para cada
tipo de organização, colaborando em um primeiro momento para a criação de competências
essências, intensificando a competição entre os concorrentes, e posteriormente, para o
desenvolvimento das qualidades dos produtos para o cliente.

A existência de lacunas de produtividade poderá favorecer, inclusive, grandes retornos


para empresas de consultorias na proporção que essas idéias possam ser difundidas
gradualmente dentro dos mercados.
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Referências Bibliográficas

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BORNIA, Antônio Cezar. A Teoria das Restrições e os Custos. Anais do I Congresso


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HOBBES, Thomas. Leviatã. Organizado por Richard Tuck; tradução João Paulo Monteiro,
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option=com_content&view=article&id=7&Itemid=6 (acessado em 21 de junho de 2010 às
18:21)

Anexos
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Anexo I

Percentual de Contribuição Realizado (Redução de Custo):

Fonte: 2006 APICS

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