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MARCOS AURÉLIO DA COSTA FREIRES

MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO MELHORAR A


QUALIDADE DE VIDA DOS MILITARES DA
AERONÁUTICA

Cascavel
2003
MARCOS AURÉLIO DA COSTA FREIRES

MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO MELHORAR A


QUALIDADE DE VIDA DOS MILITARES DA
AERONÁUTICA

Trabalho de conclusão de Curso apresentado à


Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
Campus Cascavel, para obtenção do Título de
graduado em Fisioterapia.

Orientador: Gustavo Kiyosen Nakayama


Co-orientador: Celeide Pinto Aguiar Peres

Cascavel
2003
MARCOS AURÉLIO DA COSTA FREIRES

MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO MELHORAR A QUALIDADE DE


VIDA DOS MILITARES DA AERONÁUTICA

BANCA EXAMINADORA

------------------------------------------------------------------------------------------
Gustavo Kiyosen Nakayama – Orientador – Unioeste

------------------------------------------------------------------------------------------
Celeide Pinto Aguiar Peres – Co-orientadora – Unioeste

------------------------------------------------------------------------------------------
Juliana Cristina Frare – Banca – Unioeste

Cascavel, 16 de abril de 2003.


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa e


querida filha, que sempre estiveram ao meu
lado incentivando-me a prosseguir. Dedico
também a todos que direta e indiretamente
ajudaram-me nesta vitória.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar, por ter me dado vida, saúde e o privilégio de
terminar este trabalho.

Agradeço ao Prof. Gustavo kiyosen Nakayama pela atenção e auxílio


indispensáveis à realização desta obra.

Agradeço a Profª Celeide Pinto Aguiar Peres por ter me apoiado na realização
deste trabalho.

Agradeço ao Comandante do Quartel da Aeronáutica, Tenente José Izidro


Apolinário, por ter autorizado e apoiado à realização do projeto.

Agradeço aos meus colegas de turma por estar me ajudando e incentivando durante os 4 anos
de Universidade.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Pirâmide da Saúde Física...............................................................................22

Figura 2. Coluna Vertebral.............................................................................................35

Figura 3. Espaço mínimo para as pernas abaixo da superfície de trabalho na posição


sentada.........................................................................................................................37

Figura 4. Dimensões a serem consideradas na posição sentada..................................38

Figura 5. Posturas adotadas no trabalho com computador...........................................38

Figura 6. Especificações de desenho para altura adequada de trabalho para operador


em pé...........................................................................................................................39

Figura 7. O desvio ulnar do punho causado por um alicate..........................................40

Figura 8. Punho para pistola com dupla pega...............................................................40

Figura 9. Desenhos e dimensões características da pá................................................41

Figura 10. Objetos de bordas e quinas vivas e arredondadas......................................41

Figura 11. A postura com mãos e cotovelos para trás do corpo...................................42

Figura 12. Ao aumentar a distância entre as mãos e o corpo há aumento da


tensão nas costas.........................................................................................................43

Figura 13. Levantamento de pesos deve ser com as pernas e evitara a rotação de
tronco............................................................................................................................43

Figura 14. As caixas devem ter pegas laterais..............................................................44

Figura 15. Usar as pernas para levantar pesos............................................................44

Figura 16. Para puxar ou empurrar deve-se usar o peso do corpo...............................45

Figura 17. Área de alcances ótimo e máximo na mesa................................................45

Figura 18. Espaço de circulação...................................................................................47

Figura 19. As luminárias devem ficar acima da linha de visão e atrás do


trabalhador....................................................................................................................50
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Questionário ergonômico; setor de administração.................................56

Gráfico 2. Questionário ergonômico; setor de serviços gerais...............................57

Gráfico 3. Questionário ergonômico; setor de escala.............................................58

Gráfico 4. Questionário ergonômico; setor de suprimento.....................................58

Gráfico 5. Questionário ergonômico; setor de manutenção...................................59

Gráfico 6. Questionário ergonômico; setor de administração.................................63

Gráfico 7. Questionário ergonômico; setor de serviços gerais...............................64

Gráfico 8. Questionário ergonômico; setor de escala............................................64

Gráfico 9. Questionário ergonômico; setor de suprimento.....................................65

Gráfico 10. Questionário ergonômico; setor de manutenção.................................66


LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Questionário de qualidade de vida (antes da intervenção).....................60

Tabela 2. Questionário de qualidade de vida (após a intervenção)........................67


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

QVT – Qualidade de vida no trabalho.

RH – Recursos humanos.

VHF – Very High Frequency.

UHF – Ultra High Frequency.

CCBS – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.


SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE GRÁFICOS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................12

2 O TRABALHO...................................................................................................14

2.1 A evolução do homem.......................................................................................14

2.2 Conceito de trabalho..........................................................................................15

2.3 A evolução tecnológica do trabalho...................................................................17

2.4 A situação de trabalho........................................................................................18

3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO..........................................................20

3.1 Conceitos de qualidade de vida no trabalho........................................................20

3.2 Modelos de QVT.................................................................................................21

3.3 Qualidade de vida no trabalho e produtividade....................................................22

3.4 O porque da importância da promoção da saúde no


trabalho...............................................................................................................23

4 A AERONÁUTICA...............................................................................................24

5 FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA...................................................................26

5.1 Origem e evolução da ergonomia.......................................................................26

5.2 Conceitos de ergonomia.....................................................................................27

5.3 Abordagens em ergonomia.................................................................................28

5.4 Tipos de ergonomia............................................................................................30


5.5 Aplicações da ergonomia....................................................................................30

6 FUNDAMENTOS DE FISIOLOGIA DO TRABALHO......................................32

7 POSTURAS E MOVIMENTOS.......................................................................34

8 CONDIÇÕES DE TRABALHO........................................................................46

8.1 Dimensionamento de espaços de circulação...................................................47

8.2 Ambiente térmico............................................................................................47

8.3 Ambiente acústico...........................................................................................48

8.4 Iluminação.......................................................................................................49

8.5 Ventilação – Qualidade do ar...........................................................................51

9 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO......................................................52

10 METODOLOGIA..............................................................................................54

11 RESULTADOS.................................................................................................56

12 DISCUSSÃO....................................................................................................68

13 CONCLUSÃO..................................................................................................72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................73

ANEXO 1........................................................................................................75

ANEXO 2........................................................................................................76

ANEXO 3........................................................................................................89
ANEXO 2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE


PROJETO DE PESQUISA
MEDIDAS ERGONÔMICAS VISANDO A MELHORA DE QUALIDADE DE VIDA

Questionário

Dados pessoais:
Nome: Data:

Idade: Altura: Peso:

Setor de trabalho:

O trabalho pode ser feito sem que haja contato da


RESUMO

A ergonomia é cada vez mais cobrada pelas instituições de fiscalização


governamentais em todo o mundo e, particularmente, no Brasil. A otimização do
trabalho é um fator fundamental para o sucesso de pessoas e organizações, num
mundo de alta competição, em que saúde e excelência de desempenho são aspectos
fundamentais. A ergonomia estuda a adaptação do trabalho ao homem, ou seja, estuda
o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e
particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na
solução dos problemas surgidos desse relacionamento. O objetivo desta pesquisa foi
melhorar a qualidade de vida dos militares da Aeronáutica, possibilitando que o trabalho
seja bem dimensionado, otimizando sua eficácia e desenvolvendo atividades em
condições favoráveis à promoção da saúde. A amostra constituiu de 45 militares da
Aeronáutica, que trabalham no Destacamento de Defesa Aérea e Controle do Tráfego
Aéreo do Sul do Brasil, em seus setores específicos, resultando em 5 grupos de
trabalho. O estudo utilizou um questionário em que todos responderam antes e após a
intervenção; um estágio de observação para coleta de dados, onde foram avaliadas as
posturas adotadas no trabalho, cargas manuseadas, o ambiente de trabalho, os
equipamentos utilizados, características da atividade, desconfortos músculo-
esqueléticos e também foi feito palestras de orientação visando otimizar o trabalho.
Concluiu-se que a metodologia aplicada foi satisfatória, obtendo uma melhora na
qualidade de vida dos militares da Aeronáutica.
Palavras chaves: Qualidade de vida, Ergonomia, Aeronáutica e Ambiente de Trabalho.
1 INTRODUÇÃO.

A ergonomia desenvolveu-se durante a II Guerra Mundial quando, pela primeira vez,


houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências
humanas. Fisiologistas, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros trabalharam
juntos para resolver os problemas causados pela operação de equipamentos militares
complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram tão gratificantes, que
foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra. (IIDA, 1998).
Ao longo da história humana os princípios fundamentais da ergonomia foram
aplicados na substituição ou transferência de trabalhos mais pesados para animais, na
invenção de artifícios que facilitam o trabalho, na adaptação de postos de trabalho,
tornando-os mais apropriados às proporções do corpo humano e facilitando posturas
mais equilibradas e na utilização de adaptações que facilitam o melhor posicionamento
do corpo humano em atividades que apresentam dificuldades excêntricas. (IIDA,1995).
A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentado,
em pé, empurrando, puxando e levantando pesos), fatores ambientais (ruídos,
vibrações, iluminação, clima, agentes químicos), informação (captadas pela visão,
audição e outros sentidos), controles, relações entre mostradores e controles, bem
como cargos e tarefas (tarefas adequadas, cargos interessantes). A conjugação
adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, confortáveis e eficientes,
tanto no trabalho quanto na vida cotidiana. Segundo Knoplich (1994), a ergonomia
estuda o comportamento do operário em relação à máquina, não só as condições
físicas e a postura, como também as condições psicológicas nesse desempenho.
Muitas situações de trabalho e da vida cotidiana são prejudiciais à saúde. As
doenças do sistema músculo-esquelético (principalmente dores nas costas) e aquelas
psicológicas (estresse, por exemplo) constituem uma importante causa de absenteísmo
e de incapacitação ao trabalho. Essas situações podem ser atribuídas ao mau projeto e
ao uso inadequado de equipamentos, sistemas e tarefas. A ergonomia pode contribuir
para reduzir esses problemas. Reconhecendo isso, muitos países já obrigam os
serviços de saúde a empregar ergonomistas. (IIDA, 1998).
A contribuição ergonômica, de acordo com a ocasião em que é feita, é classificada
em: ergonomia de concepção, onde é realizada durante a fase inicial de projeto do
produto, da máquina ou do ambiente, ergonomia de correção, onde é aplicada em
situações reais, já existentes e ergonomia de conscientização, onde o operador é
conscientizado sobre como trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de
risco que podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. (IIDA, 1998).
A ergonomia é uma das mais importantes vertentes da saúde ocupacional e vem
ganhando cada vez mais terreno nos últimos anos. Sua aplicação prática, além de
responder a esse tipo de demanda, contribui para o incremento da produtividade e da
melhoria da saúde dos trabalhadores.
Na Aeronáutica, pouco se tem feito com respeito a uma intervenção nos postos de
trabalho, visando melhorar a qualidade de vida dos militares, em seus serviços diários.
O que se pretende com esta pesquisa é analisar e detectar no quartel da Aeronáutica,
como a organização do trabalho, o posto de trabalho e os ambientes de trabalho
causam impacto sobre os militares, orientando-os quanto a uma qualidade de vida
melhor, otimizando os seus setores.

Objetivos.
Geral: Analisar as condições ergonômicas dos postos de trabalho dos militares da
Aeronáutica.
Específicos: Identificar os procedimentos de trabalho que exigem carga aos militares,
identificar posturas corporais comprometedoras nas atividades profissionais dos
militares e identificar as regiões corporais com maior relato de queixa de dores
músculo-esqueléticos.
2 O TRABALHO.

2.1 - A evolução do homem:

O ser humano passa a maior parte do tempo de sua vida no trabalho. Na


sociedade contemporânea, a maior parte deste trabalho é realizada dentro de
organizações, com o objetivo de produzir bens e serviços. Diferentes áreas do
conhecimento têm contribuído com reflexões sobre o ser humano e a sua forma de
intervenção na natureza. Tais reflexões vêm acompanhadas de análises referentes às
estratégias utilizadas no espaço da produção para a realização do trabalho desde o
advento da revolução industrial. Atualmente, estas contribuições têm servido para
discussões sobre o futuro das nações, na tentativa de se buscar uma solução conjunta
para uma nova ordem mundial (SANTOS, 2000 apud DUTRA¹ , _).
A forma de intervenção do homem sobre a natureza, coincide com a própria
história de desenvolvimento da humanidade. O ser humano inicialmente lidava com as
atividades: produção de ferramentas, utilização do fogo, emprego de metais,
diretamente relacionados às suas necessidades de sobrevivência frente a um ambiente
adverso. Isolado ou em grupo, tinha que lutar para estar vivo, para preservação da
própria espécie. A forma de organização do trabalho estava baseada na participação e
cooperação (SANTOS, 2000 apud DUTRA¹, _).
O fogo foi uma das descobertas mais importantes da humanidade. Através dele o
homem libertou-se da restrição de sua limitada reserva de energia, possibilitando-lhe
ampliar seu universo de produção. Com essa descoberta, o homem pôde produzir uma
variedade maior de objetos também para seu melhor conforto (CAMARGO et al, 1999
apud DUTRA², _).
____________________________
1 SANTOS, N. Fundamentos de Ergonomia. Disponível na internet. http://www.eps.ufsc.br/ergon.
19 setembro 2000. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.
2 CAMARGO, N. ; PATRÏCIO, Z. A qualidade de vida de um comandante de aeronave. In: Qualidade
de vida do trabalhador. Florianópolis: PCA, 1999. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução
à Ergonomia. PR. Unioeste.
A divisão do trabalho entre as tribos comunitárias primitivas nasceu de uma
contingência natural. O trabalho, caracterizado por técnicas rudimentares, era
extremamente cansativo, o que impedia o desempenho de outras tarefas necessárias à
organização da vida tribal (SANTOS, 2000 apud DUTRA3, _).
Na Grécia e na Roma Antiga o trabalho era reservado para escravos, sendo
considerado indigno de seres humanos livres. Entre os hebreus, o trabalho era visto de
forma menos indigna, mas mantinha uma conotação predominantemente negativa. Era
visto como missão sagrada para expiação do pecado original (PIRES, 2001).
No entanto, a Revolução Industrial alterou profundamente estas relações. A
relação do homem com a natureza passa a ser representada por padrões econômicos.
O trabalho braçal foi substituído pelas máquinas, caracterizando o início do sistema
fabril. As inovações tecnológicas caracterizam-se pela utilização do vapor, da energia
elétrica e do motor a explosão no processo produtivo das fábricas, representando o
aproveitamento dos resultados das ciências naturais para a indústria (SANTOS, 2000
apud DUTRA3, _).
Na história da evolução humana, vislumbra-se com a imensa capacidade do
homem em intervir na natureza, de criar cultura e de fazer história. No entanto, a
intervenção humana, nunca foi tão mecanicista e redutora desde o advento da
Revolução Industrial. Mas, sabe-se que faz parte da condição humana, colocar-se
diante da natureza, pensar e agir sobre ela (DUTRA, _).

2.2– Conceito de trabalho:

Na antiguidade grega, todo trabalho manual era desvalorizado e feito pelos


escravos e a atividade teórica era considerada a mais digna de um homem, cuja

3
SANTOS, N. Fundamentos de Ergonomia. Disponível na internet. http://www.eps.ufsc.br/ergon. 19
setembro 2000. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.
essência era fundamentalmente a de um ser racional (ARANHA et all, 1986 apud
DUTRA4, _).
Segundo Santos e Fialho (1995), os gregos já utilizavam duas palavras diferentes
para designar o termo trabalho: ponos que faz referência ao esforço e a penalidade, e
ergon que designa a criação, a obra de arte. A diferença entre trabalhar no sentido de
penar e trabalhar no sentido de criar deve ser uma das primeiras tarefas de alguém que
pretende analisar o trabalho.
O trabalho tem sido considerado de formas diversas, não encontrando ainda uma
definição unânime. Vários são os pontos de vista a partir dos quais se pode
compreendê-lo. Alguns deles estão a seguir:
Fisiológico – Tem a ver com a transformação de energia pelo ser humano. Um
trabalho pode realizar-se enquanto se consome certa quantidade de energia (térmica,
química e elétrica).
Econômico – Visa uma finalidade, uma utilidade, produção de bens econômicos
para a satisfação de necessidades humanas.
Ético – Dignifica o ser humano, confere sentido à vida, cria bens e valores morais.
Estético – Atividade, esforço em busca do que é belo. Algumas profissões, tais
como a odontologia, têm na questão estética um foco bastante forte.
Filosófico – Atividade do “ser” que está na essência dos ser humano; expressão
do originário poder criador do ser humano, que se constitui a si mesmo e ao mundo
histórico em que vive (PIRES, 2001).
Muito evoluíram os estudos de trabalho e inúmeros conceitos foram propostos.
Segundo FIALHO5, (1995 apud PIRES, 2001) um deles afirma que “todo trabalho é um
comportamento adquirido por aprendizagem e tendo de se adaptar às exigências de
uma tarefa”. Acrescentando-se a esse conceito a participação ativa do ser humano na
interação com os meios de trabalho, com o ambiente físico imediato e com o ambiente

4
ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando: Introdução à filosofia. SP: Moderna,1986 apud
DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.

5
FIALHO, F. , Santos, N. Manual de análise ergonômica do trabalho. Curitiba: Gênesis, 1995.
apud PIRES, Licínia. Fundamentos da Prática Ergonômica. 3ª ed. SP: LTR, 2001.
psicossocial de trabalho, pode-se fazer uma aproximação do que a ergonomia entende
por trabalho (PIRES, 2001).

2.3 – A evolução tecnológica do trabalho:

Através dos tempos, o homem tem buscado métodos e processos de trabalho que
minimizem o esforço e aperfeiçoem o resultado na produção de bens que necessita.
Assim, se no início da atividade laboral o trabalho era executado com as mãos, a
evolução ocorreu no sentido da utilidade de ferramentas, máquinas de acionamento
mecânico e, atualmente, equipamentos automatizados. A tecnologia pode ser
considerada, então, como uma potente força no sentido de poder estender as
capacidades humanas (GONÇALVES et all, 1996 apud DUTRA6, _).
A revolução industrial utilizou a tecnologia para estender a capacidade física de
realizar o trabalho, já na revolução da informática ela está estendendo as nossas
capacidades mentais.
Segundo Rodrigues et all (1987), as mudanças tecnológicas nos processos
produtivos apresentam pelo menos três metas básicas: a redução do esforço de
trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade do produto(DUTRA, _).
Mas antes mesmo de continuarmos a falar em tecnologia e em evolução
tecnológica, é preciso definir o termo tecnologia.
Para Goldemberg (1978), a tecnologia é o conjunto de conhecimentos de que uma
sociedade dispõe sobre ciências e artes industriais, incluindo os fenômenos sociais e
físicos, e a aplicação destes princípios à produção de bens e serviços.
A evolução tecnológica do trabalho pode ser dividida em quatro fases:
1) A instrumentalização: da mão à ferramenta.
Esta fase se caracteriza pelo desenvolvimento de ferramentas fabricadas pelo
homem para lhe servir de mediador entre sua mão e o objeto de trabalho. A ferramenta

6
GONÇALVES, J.E.L; GOMES, C.A. A tecnologia e a realização do trabalho. Revista de
administração de empresas, SP, v. 33, n. 1, p. 106-121. apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar.
Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.
substitui os membros do homem na ação direta sobre a matéria prima a ser trabalhada
e permite uma ampliação da capacidade humana de transformação da matéria e uma
redução dos esforços físicos.
2) A mecanização: da ferramenta à máquina.
Nesta fase ocorre a integração progressiva das ferramentas às máquinas, assim
como pelo deslocamento de determinadas ações sobre o objeto de trabalho que,
anteriormente, eram realizadas pelo homem. O homem aciona os comandos em
funções das informações que ele recebe do objeto de trabalho, traduzindo-se na
atividade de condução do processo ou da máquina.
3) A automação: da máquina ao robô.
Nesta fase se caracteriza pela introdução maciça da micro-eletrônica nos
dispositivos técnicos de produção, onde a introdução dos computadores na condução
do processo/das máquinas modifica de forma considerável os sistemas de produção.
Neste, o trabalho humano se reduz, essencialmente, a uma atividade de
supervisão/controle do sistema de produção. Temos como exemplo o controle de
tráfego aéreo (Aeronáutica), de trens, metrôs, processos químicos e siderúrgicos, onde
os trabalhadores supervisionam/controlam variáveis do processo, corrigindo-as quando
for necessário. Os trabalhadores entram em ação quando houver um erro ou defeito.
4) A interconexão: dos robôs aos sistemas inteligentes de apoio à decisão.
Esta fase caracteriza-se pelo diagnóstico, pela introdução de sistemas inteligentes
de apoio à decisão na gestão de processos.

2.4 – A situação de trabalho:

Uma situação de trabalho é um sistema complexo, dinamicamente inter-


relacionado, cujas entradas (as exigências econômicas, sócio-técnicas e
organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa) determinam os comportamentos
do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em termos de informações e
ações) e, cujas saídas (os resultados do trabalho em termos de produção e saúde),
são as resultantes deste sistema. Dentro do contexto de uma situação de trabalho,
enfatizaremos as condições de trabalho.
As condições de trabalho vêm sofrendo modificações ao longo das décadas, neste
sentido pode-se dividir em três períodos:
Do século XIX até a primeira guerra, demonstrado pela luta da sobrevivência, a
preocupação com a saúde era não morrer. Apresentava também uma jornada de
trabalho muito longa de, baixos níveis de higiene, alta periculosidade, grandes esforços
musculares, alimentação precária e repressão do governo contra o trabalhador.
Após a primeira guerra até 1968, começa o segundo período, que se caracterizava
pela preocupação somente com a saúde do corpo. Inicia-se com Taylor as influências
da forma de trabalhar com a produtividade. Nesta época, a mão-de-obra não
especializada era abundante e barata; o saber-fazer não era prioridade por parte da
empresa. Havia uma divisão muito forte dos profissionais que detinham o
conhecimento total e os que faziam, estes constituíam a maioria na indústria.
No terceiro período, que ocorre após 1968, começa a percepção de deterioração
da saúde mental como fator prejudicial ao trabalho. Passam a ser valorizadas as
questões como o conteúdo da tarefa, flexibilidade, ritmo e velocidade de trabalho e
participação. Nesta época surgiram movimentos de resistência e estudos de formas de
alternativas de organização de trabalho, mais voltados para o ser humano.
Por outro lado, Montmollin (1990), define condições de trabalho como tudo o que
caracteriza uma situação de trabalho e permite ou impede a atividade dos
trabalhadores.
Hoje, as empresas começam a se preocupar em melhorar as suas condições de
trabalho, a fim de assegurar a saúde e a segurança dos seus funcionários, entendendo
que a produtividade só ocorre com a satisfação e com motivação dos mesmos. Diante
do fenômeno da globalização, as empresas para se tornarem competitivas, precisarão
priorizar seu capital humano.
A partir dessas considerações gerais de trabalho e suas condições, pode-se
evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina, cujo objeto de estudo é o
trabalho humano – a Ergonomia.
3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.

“Companhias gastam milhões de dólares por ano na manutenção preventiva das


suas máquinas. Não vemos razão para não fazermos o mesmo com nossos
funcionários” (Peter Thigpen Thigpen, Presidente da Levi Strauss, USA, In da Silva et
all, 1997).

3.1 – Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

A QVT tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência.
Exemplo disto, é à busca do aprimoramento dos instrumentos primitivos dos quais
decorriam suas condições de trabalho. Ao longo do tempo o termo qualidade de vida no
trabalho, vem recebendo diferentes conotações, sendo a mais objetiva e clara a de
facilitar e satisfazer as necessidades dos trabalhadores no desenvolver de suas
atividades profissionais (RODRIGUES, 1994).
A definição do termo Qualidade de Vida no Trabalho, na visão de diversos autores
é apresentada a seguir:
Guest (1979) – “...um processo pelo qual uma organização tenta relevar o
potencial criativo do seu pessoal, envolvendo-os em decisões que afetam suas vidas no
trabalho. Uma característica marcante do processo é que seus objetivos não são
simplesmente intrínsecos no que diz respeito ao que o trabalhador vê como fins de
autorealização e autoengrandecimento”.
Davis (1981) – “Condições favoráveis ou desfavoráveis de um ambiente de
trabalho para os empregados”.
Fernandes e Becker (1988) – “Para reagrupar todas as experiências da
humanização do trabalho e que orientam em função do que se tem convencionado
denominar democracia industrial”.
Fernandez (1989) – Relaciona os fatores motivacionais ligados ao desempenho.
Existe QVT quando os indivíduos podem satisfazer suas necessidades pessoais
importantes, através da organização em que atuam.
3.2 – Modelos de QVT.

Autores da área de comportamento organizacional, tem referenciado modelos para


mensurar a motivação e satisfação no trabalho.
Nadler e Lawler (1983) – indicam como atividades representativas da QVT:
Participação nas decisões, Reestruturação do trabalho com enriquecimento de
tarefas e grupos de trabalho autônomo, inovação no sistema de recompensas
influenciando o clima organizacional e melhoria do ambiente de trabalho como horas,
condições, regras e meio ambiente físico.
Siqueira e Coletta (1989), realizaram estudo com 100 trabalhadores
(Uberlândia/MG – entrevista e levantamentos de incidentes críticos e sugestões para a
melhoria da vida no trabalho). Os fatores determinantes de QVT foram: o próprio
trabalho, relações interpessoais, os colegas, os chefes, política de RH, confirmados da
seguinte forma:
Políticas de RH – Cargos e salários, treinamento, educação, benefícios,
estabilidade, cumprimento das regras e legislação trabalhista;
Trabalho – ambiente seguro/saudável, participação nas decisões, informações,
equipamentos adequados, tarefas enriquecidas e trabalhos em grupo, possibilitar uma
vida mais satisfatória fora do trabalho, horário fixo de 8 horas, amizade, contato direto
com o patrão, etc;
Interações pessoais – colegas/amizade, cooperação, confiança, chefia (aberta ao
diálogo), participativa, conhecimento técnico, autoridade, confiança, etc;
Indivíduo – assiduidade, baixa rotatividade, satisfação com o que faz,
responsabilidade, iniciativa, confiança em si mesmo, separação entre problemas
pessoais e profissionais, residir em local de fácil acesso;
Empresa – Imagem, sólida, bem conceituada, regras bem definidas, administração
eficiente.
3.3 – Qualidade de vida no Trabalho e Produtividade.

Segundo Huse et all (in Rodrigues, 1998), a QVT pode ser definida como uma de
pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organização, onde se destacam dois
aspectos muito importantes:
Bem estar do trabalhador e eficácia organizacional e participação dos
trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho.
Os aspectos que diferenciam um programa de QVT de um outro aplicado a alguma
organização radicam em quatro pontos fundamentais:
A participação dos trabalhadores (pode ser através dos ciclos de controle de
qualidade de vida, grupos de trabalhos cooperativos dentre outros);
Projeto do cargo (devendo atender as necessidades tecnológicas dos
trabalhadores, este deve incluir enriquecimento do trabalho – variedades da tarefa,
juntamente com os grupos de trabalhos autoregulados);
Inovação no sistema de recompensa (plano de cargo e salário, visando minimizar
diferenças salariais e de nível entre trabalhadores);
Melhoria no ambiente de trabalho (mudanças físicas ou tangíveis nas condições
de trabalho: flexibilidade no horário, lay-out, etc. À medida que melhora o ambiente de
trabalho, os trabalhadores tornam-se mais satisfeitos com seus serviços).

ATIVIDADE
MUSCULAR
ATIVIDADE
AERÓBICA
SER ATIVO
QUALIDADE DE SONO
ALIMENTAÇÃO
ALONGAMENTO

Figura 1: Pirâmide da Saúde Física


Fonte: Palestra da Caixa Econômica Federal, 2003.
Para termos uma boa qualidade de vida e aumentar a produtividade, devemos
seguir estas recomendações nos dias da semana, seguindo a pirâmide da saúde física:
1 dia por semana , realizar descanso total das atividades e participar de lazer, para
reposição do equilíbrio e diminuir o estresse; 2 dias por semana , realizar atividade
física com exercícios de força; 3 dias por semana, realizar atividade física aeróbica,
para ativar e melhorar o sistema cardiopulmonar, a resistência e queimar gorduras; 4
dias por semana, ser ativo o máximo possível (andando, subindo escadas, etc.); 5 dias
por semana, ter uma boa qualidade de sono; 6 dias por semana, ter uma boa
alimentação; 7 dias por semana, realizar alongamentos diários e freqüentes.

3.4 – O porque da importância da promoção da saúde no trabalho.

Segundo afirma da Silva et all (1997), para o empregado, as razões são obvias:
uma vida melhor e provavelmente mais longa, com melhor saúde física e principalmente
mais feliz. Este estado de felicidade não advém única e exclusivamente de um bem
estar físico, mas principalmente de um bem estar interior decorrente das melhorias das
relações pessoais que mantém no trabalho, além de passar a vivenciar o trabalho não
como tortura e fonte de problemas, mas como algo prazeroso e desejável.
Porque é tão importante o bem estar e a saúde no trabalho? A resposta é simples,
é só lembrarmos da quantidade de tempo que passamos em nossas atividades de
trabalho, sem exagero podemos dizer que é a maior parte de nossas vidas, quando
estamos acordados, e por meio dele (trabalho), é que realizamos grande parte das
nossas aspirações.
Para as empresas, segundo o mesmo autor, os benefícios advindos deste novo
estado de espírito dos seus empregados são óbvios.
4 A AERONÁUTICA.

Órgão do Governo Federal, pertencente ao Ministério da Defesa, que tem por


função a proteção e a integridade do território nacional. Atualmente, em Catanduvas, a
45 Km de Cascavel, encontra-se situado o Destacamento de Controle e Proteção do
Tráfego Aéreo, composto de militares da Aeronáutica vindos de diversos lugares do
Brasil. O Destacamento possui um Radar que trabalha 24 horas por dia juntamente com
outros equipamentos como de VHF e UHF, para a comunicação com as aeronaves. O
serviço é dividido por setores, que são os seguintes:
Setor Administrativo (Serviços burocráticos): São militares que ficam bastante tempo
sentado realizando serviços burocráticos. O uso de computadores é freqüente.
Trabalham em média 5 horas por dia.
Setor de Suprimento (Almoxarifado): O uso de computadores e serviços burocráticos,
como os da secretaria, são freqüentes. Estoque de materiais em mesas, armários e
principalmente em prateleiras.(materiais não são grandes, mas possui os leves e os
pesados). Trabalham em média 5 horas por dia.
Setor de Manutenções: Concertos em bancadas de equipamentos leves e pesados
(como por exemplo ar-condicionado) na posição de pé e em poucas vezes na posição
sentada. Trabalham 5 horas por dia.
Setor de Serviços Gerais: Trabalham geralmente em serviços que utilizam ferramentas
como pá, enxada, carrinho de mão, roçadeiras, etc. São trabalhos mais braçais
normalmente.
Setor de Escala diurna e noturna: São aqueles que trabalham em plantões. São
técnicos militares que trabalham juntamente com equipamentos eletrônicos que
funcionam 24h por dia (sem parar) gerando ruídos altos e buscando a atenção dos
mesmos. Estes setores são os seguintes: Setor do Radar, possui equipamentos
eletrônicos que exigem a atenção durante todo o serviço, sala do técnico de plantão
com mesas, cadeiras, televisão e microondas. Setor da Casa de Força, também com
equipamentos eletrônicos e elétricos, sala do técnico de plantão com mesa, cadeira,
televisão, microondas e uma cama para descanso. Setor de Motoristas e sargento de
dia, salas com mesas, cadeiras, televisão e camas. Setor de VHF (estação de rádio
freqüência para a comunicação com as aeronaves), possui equipamentos eletrônicos,
mesas, cadeiras e bancadas e o setor da guarda (no portão de entrada), possui mesa,
cadeira, microondas e alojamento para o descanso.
5 FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA.

5.1 – Origem e evolução da ergonomia:

Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez, em 1857, pelo
polonês W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um artigo intitulado “ensaio de ergonomia
ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza”.
Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma área
de conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela primeira vez,
houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências
humanas e biológicas. Filósofos, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros,
trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação de
equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram
tão frutíferos, que foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra (DUTRA, _).
Segundo Ilda (1990), “com a eclosão da II Guerra Mundial, foram utilizados
conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis para construir instrumentos
bélicos relativamente complexos. Estes exigiam habilidade do operador, em condições
ambientais bastante desfavoráveis e tensas, no campo de batalha. Os erros e
acidentes, muitos com conseqüências fatais, eram freqüentes. Tudo isso fez redobrar o
esforço de pesquisa para adaptar esses instrumentos bélicos às características e
capacidade do operador, melhorando o desempenho e reduzindo a fadiga e os
acidentes” (PIRES, 2001).
Em 1959, a recomendação n° 112, da OIT – Organização Internacional do
Trabalho, dedica-se aos serviços de saúde ocupacional, definido como serviços
médicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes
finalidades:
Proteger o trabalhador contra qualquer risco à saúde e que decorra do trabalho ou
das condições em que ele é cumprido.
Concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na
empresa, através da adaptação do trabalho ao ser humano e pela colocação deste em
setor que atenda às suas aptidões.
Contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de
bem-estar físico e mental dos trabalhadores.
Nessa conceituação de serviços de saúde ocupacional, verifica-se a presença do
conceito de ergonomia: adaptação do trabalho ao ser humano (DUTRA, _).
A partir de então, a ergonomia tem evoluído de forma significativa e, atualmente,
pode ser considerada como um estudo científico interdisciplinar do ser humano e da
sua relação com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos ambientes informatizados
e seu entorno, incluindo usuários e tarefas.
Hoje, a ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo.
Existem muitas instituições de ensino e pesquisa atuando na área e anualmente se
realizam muitos eventos de caráter nacional ou internacional para a apresentação e a
discussão dos resultados das pesquisas (DUTRA, _).

5.2 – Conceitos de Ergonomia:

O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos


(regras). De fato, na Grécia antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que
designava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que
designava o trabalho arte de criação, satisfação e motivação. Tal é o objetivo da
ergonomia, transformar o trabalho ponos em trabalho ergon (DUTRA, _).
Segundo Jouvencel (1994), numa publicação da revista internacional do trabalho,
a ergonomia foi assim conceituada: “A aplicação conjunta de algumas ciências
biológicas para assegurar entre o homem e o trabalho uma mútua e ótima adaptação,
com a finalidade de incrementar o rendimento do trabalhador e contribuir para o seu
bem-estar” (PIRES, 2001).
Uma definição concisa de ergonomia é a seguinte: “Ergonomia é o estudo do
relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e
particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na
solução dos problemas surgidos desse relacionamento” (IIDA, 1998).
Para Wisner (1987), a “ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos
científicos relativos ao ser humano e necessário para a concepção de ferramentas,
máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto,
segurança e eficácia”.
A ergonomia estuda o comportamento do operário em relação à máquina, não só
as condições físicas e a postura, como também as condições psicológicas nesse
desempenho (Revista Movimentação, Knoplich, 1994).
Os ergonomistas são profissionais que têm conhecimento sobre o funcionamento
humano e estão prontos a atuar nos processos projetais de situações de trabalho,
interagindo na definição da organização do trabalho, nas modalidades de seleção e
treinamento, na definição do mobiliário e ambiente físico de trabalho (DUTRA, _).
Os objetivos práticos da ergonomia são segurança, satisfação e o bem-estar dos
trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos. A eficiência virá como
resultado. Em geral, não se aceita colocar a eficiência como sendo o objetivo principal
da ergonomia, porque ela, isoladamente, poderia significar sacrifício e sofrimento dos
trabalhadores e isso é inaceitável, porque a ergonomia visa, em primeiro lugar, o bem-
estar do trabalhador (IIDA, 1998).
A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar:
As características materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a
resistência dos comandos, a dimensão do posto de trabalho, o meio ambiente físico (o
ruído, iluminação, vibrações e ambiente térmico), a duração da tarefa, os horários e as
pausas no trabalho, modelo de treinamento e aprendizagem, as lideranças e ordens
dadas, análises das atividades físicas e cognitivas de trabalho, análise das informações
e análise do processo de tratamento das informações.
A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade
pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcançar não
apenas o aumento da produtividade, mas sobretudo uma melhor qualidade de vida no
trabalho (DUTRA, _).

5.3 – Abordagens em ergonomia:

Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas escolas de


linha francesa, é a de Análise Ergonômica do Trabalho, que procura estudar o trabalho
não só na sua dimensão explícita (tarefa), conforme definido pela engenharia de
métodos, mas, sobretudo, na sua dimensão implícita (atividades), característica do
conhecimento tácito do pessoal de nível operacional.
Em sua evolução conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se constitui numa
ferramenta de gestão empresarial. De nada adianta a certificação de qualidade de
processos e produtos, se não se consegue certificar sentimentos, crenças, hábitos,
costumes, isto é, certificar o ser humano. Uma das formas de compatibilizar os sistemas
técnico e social, é evidentemente, o que preceitua a ergonomia: a visão
antropocêntrica.
O centro das atenções no ser humano, isto é, a antropocentricidade da ergonomia,
favorece não só mudanças organizacionais, como também alavanca mudanças no
conceito de produtividade, este sendo visto a partir da qualidade de vida no trabalho,
observando, dentre outros parâmetros: a participação do trabalhador, a liberdade para a
criação e a valorização do saber fazer, isto é, do conhecimento tácito (DUTRA, _).
Neste sentido, então, pode-se classificar a ergonomia de três maneiras:
Quanto à abrangência: Ergonomia de posto de trabalho que é a abordagem
microergonômica e Ergonomia de Sistemas de produção que é a abordagem
macroergonômica.
Quanto à contribuição: Ergonomia de Concepção é a aplicação de normas e
especificações ergonômicas em projeto de ferramentas e postos de trabalho, antes de
sua implantação; Ergonomia de Correção é a modificação de situações de trabalho já
existente. Portanto, o estudo ergonômico só é feito após a implantação do posto de
trabalho; Ergonomia de Arranjo Físico é a melhoria de seqüências e fluxos de
produção, através da mudança de leiaute das plantas industriais; Ergonomia de
Conscientização é a capacitação das pessoas nos métodos e técnicas de análise
ergonômica do trabalho.
Quanto à interdisciplinaridade: Engenharia é o projeto e a produção
ergonomicamente corretos, garantindo a segurança, a saúde e a eficácia do ser
humano do trabalho; Medicina e enfermagem do trabalho é a prevenção de acidentes e
de doenças do trabalho; Administração que é a gestão de recursos humanos, projetos e
mudanças organizacionais.
5.4 – Tipos de Ergonomia:

Na aplicação prática, várias tem sido as designações dadas a ergonomia. Sem


procurar estabelecer uma patologia ergonômica, apresentaremos a seguir uma
categorização definida a partir das diferentes designações encontradas na literatura:
Ergonomia de projeto: é a incorporação de recomendações ergonômicas no
estágio inicial do projeto de postos de trabalho;
Ergonomia Industrial: é a correção ergonômica de situações de trabalho industrial
já implantadas;
Ergonomia do produto: é a concepção de um determinado objeto, a partir das
normas e especificações ergonômicas, definidas preliminarmente;
Ergonomia da produção: é a ergonomia de chão de fábrica, baseada na análise
ergonômica dos diversos postos de trabalho;
Ergonomia de laboratório: é a pesquisa em ergonomia, realizada em condições
controladas de laboratório. Alguns autores, como (Montmollin, 1990), afirmam que não
se trata verdadeiramente de uma pesquisa ergonômica, pois ela não é realizada em
situação real de trabalho.
Ergonomia de campo: é a pesquisa em ergonomia, realizada em situação real,
utlizando-se como metodologia à análise ergonômica do trabalho.

5.5 – Aplicações da ergonomia:

A ergonomia pode ser aplicada nos mais diversos setores da atividade produtiva.
Em princípio, sua maior aplicação se deu na agricultura, mineração e, sobretudo, na
indústria. Mais recentemente, a ergonomia tem sido aplicada no emergente setor de
serviços e, também, na vida cotidiana das pessoas, nas atividades domésticas e de
lazer.
A ergonomia na indústria: melhoria das interfaces dos sistemas ser humano/tarefa;
melhoria das condições ambientais de trabalho; melhoria das condições
organizacionais de trabalho.
A ergonomia na agricultura e na mineração: melhoria do projeto de máquinas
agrícolas e de mineração; melhoria das tarefas de colheita, transporte e armazenagem;
estudos sobre os efeitos dos agrotóxicos.
A ergonomia no setor de serviços: melhoria do projeto de sistemas de informação
(ergonomia da informação); melhoria do projeto de sistemas complexos de controle
(sala de controle); desenvolvimento de sistemas inteligentes de apoio à decisão;
estudos diversos sobre: hospitais, bancos, supermercados,...
A ergonomia na vida diária: consideração de recomendações ergonômicas na
concepção de objetos e equipamentos eletrodomésticos de uso cotidiano (DUTRA, _).
6 FUNDAMENTOS DE FISIOLOGIA DO TRABALHO.

Os comportamentos do ser humano no trabalho podem ser estudados sob dois


ângulos:
Sistema de transformação de energia: atividades motoras (ou musculares) de
trabalho; que permitem a transformação da energia físico-muscular em energia
mecânica de aplicação de forças, de deslocamentos, de movimentos, de manutenção
de posturas, etc.
Sistema de recepção e tratamento de informação: atividades cognitivas de
trabalho, que permitem a detecção, a percepção e o tratamento das informações
recebidas do meio ambiente de trabalho.
Toda atividade profissional necessita de um trabalho muscular, mais ou menos
importante, segundo as tarefas a serem realizadas; e este trabalho muscular é
necessário tanto para a manutenção de uma simples postura, quanto para a execução
de gestos e movimentos de trabalho (DUTRA, _).
Um músculo sem irrigação sanguínea se fatiga rapidamente, não sendo possível
mantê-lo contraído por mais de 1 ou 2 minutos. Se, ao invés de manter o músculo
contraído, ele for contraído e relaxado alternadamente, o próprio músculo funciona
como uma bomba sanguínea, ativando a circulação nos capilares; isso faz aumentar o
volume do sangue circulado em até 20 vezes, em relação à situação de repouso. Isso
significa dizer que o músculo passa a receber mais oxigênio, aumentando a sua
resistência contra a fadiga (IIDA, 1998).
Os músculos são responsáveis por todos os movimentos do corpo, são eles que
transformam a energia química armazenada no corpo em contrações, originando os
movimentos (DUTRA, _).
O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos,
para manter uma determinada posição. Isso ocorre, por exemplo, com os músculos
dorsais e das pernas para manter a posição de pé, músculos dos ombros e do pescoço
para manter a cabeça inclinada para frente, músculos da mão esquerda segurando a
peça para se martelar com a outra mão, e assim por diante.
O trabalho dinâmico é aquele que permite contrações e relaxamentos alternados
dos músculos, como tarefa de martelar, serrar, girar um volante ou caminhar.
O trabalho estático é altamente fatigante e, sempre que possível, deve ser evitado.
Quando isso não for possível, pode ser aliviado, permitindo mudanças de posturas,
melhorando o posicionamento de peças e ferramentas ou providenciando apoios para
as partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações estáticas dos músculos.
Também devem ser concedidas pausas de curta duração, mas com elevada freqüência,
para permitir relaxamento muscular e alívio da fadiga (IIDA, 1998).
A carga de trabalho representa o nível de atividade física e psíquica exigido das
pessoas na execução das suas atividades. Ela pode ser dividida em carga externa e
carga interna. A carga externa é denominada em ergonomia como contrainte e
representa impactos que vêm do meio externo sobre o indivíduo. Esses impactos são
divididos genericamente em físicos e mentais. Os impactos físicos incluem os campos
dos agentes propriamente físicos e dos agentes químicos e biológicos.
A carga interna, a astreinte, constitui-se no efeito da contrainte sobre as
características individuais de cada pessoa, ou seja, as reações internas decorrentes da
contrainte, sendo de grande variabilidade a singularidade. Em ergonomia, a carga mais
passível de ser avaliada é, portanto, a contrainte. Ela avalia a carga física, ou seja, a
quantidade de exigências sobre o corpo humano, a carga sensorial (quantidade e
qualidade de estímulos visuais, sonoros, táteis, etc.) e a carga mental, que pode derivar
de exigências cognitivas ou emocionais.
Adequar a carga de trabalho às características das pessoas é o ponto fundamental
da ergonomia (PIRES, 2001).
7 POSTURAS E MOVIMENTOS.

Postura e movimento têm grande importância na ergonomia. Tanto no trabalho


como na vida cotidiana, eles são determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho.
Para realizar uma postura ou um movimento, são acionados diversos músculos,
ligamentos e articulações do corpo. Os músculos fornecem a força necessária para o
corpo adotar uma postura ou realizar um movimento. Posturas ou movimentos
inadequados produzem tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações,
resultando em dores no pescoço, costas, ombros, punhos e outras partes do sistema
músculo-esquelético (Iida, 1995).
A postura é a organização no espaço dos diferentes segmentos corporais, é o
suporte da busca e das tomadas de informações para a ação do sujeito. É então
determinada pelas características e exigências da tarefa, das condicionantes internas
que são as formas fisiológicas e biomecânicas de manutenção do equilíbrio e das
características do meio ambiente de trabalho (DUTRA, _).
Segundo Gertz (1998), a postura inadequada exigirá maiores forças internas para
a execução de uma tarefa. A postura correta promove boas condições biomecânicas, o
que leva a um maior rendimento com relação à energia utilizada. Uma boa postura é
aquela em que os centros de gravidade das partes do corpo ficam alinhados
verticalmente, passando o mais próximo possível dos eixos de giro gerados pelas
articulações. A postura estática exige, geralmente, baixos níveis de tensão muscular.
Este estado prolongado de contração muscular provoca uma compressão dos vasos
sanguíneos, reduzindo o fluxo de sangue e o fornecimento de oxigênio, o que leva ao
desconforto e à dor, provocando fadiga mais rapidamente que a postura dinâmica.
Em ergonomia, procura-se encontrar as posturas neutras, ou seja, aquelas que
impõem carga possível sobre as articulações e segmentos músculo-esqueléticos.
Quando isto não é completamente possível, busca-se a maior aproximação dessas
posturas. É de grande importância a postura principal (postura-base) adotada pela
pessoa na execução das suas atividades. Ela é determinada pelas exigências das
atividades e, em grande parte, pelo desenho do posto de trabalho. Existem também
posturas secundárias, que as pessoas conscientes e inconscientemente utilizam para
variar as exigências músculo-esqueléticos.
A flexibilidade postural, que permite ao sistema músculo-esquelético variar as
posturas corporais, alternando os focos principais de exigência, ao mesmo tempo em
que propicia mobilidade para esse sistema, é regra fundamental da ergonomia e da
manutenção da saúde de músculos, tendões, etc.
Em termos da coluna vertebral pode-se considerar uma boa postura quando a
configuração estática natural da coluna é respeitada, com suas curvaturas originais, e
quando, além disso, a postura não exige esforço, não é cansativa e é indolor para o
indivíduo, que pode nela permanecer por mais tempo.

Figura 2: coluna vertebral

Fonte: iida, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo:


Edgard Blucher LTDA, 1998. p. 66.

O foco da ergonomia é o ser humano que trabalha. Assim, o ergonomista não


deve olhar em primeiro lugar para um teclado de computador, mas para as mãos e para
o conjunto do corpo humano que as sustenta em seu trabalho.
Deve-se portanto, partir de idéias claras a respeito de quais são as posturas
principais desejáveis nas situações de trabalho mais comuns: em pé parado e sentada.
Posturas como ajoelhado, de cócoras e deitado são menos freqüentes. A postura em
pé andando envolve mais estilos pessoais de movimentação corporal e o ambiente
maior no qual a pessoa trabalha. Nesse caso, componentes importantes do posto de
trabalho são representados por sacolas ou outros equipamentos ou materiais que as
pessoas possam carregar consigo.
Os princípios mais importantes da biomecânica para se obter uma boa postura é:
As articulações devem ocupar uma posição neutra;
Conserve pesos próximos ao corpo: quanto mais o peso estiver afastado do corpo,
mais os braços serão tensionados e o corpo penderá para frente;
Evite curvar-se para frente: quando o tronco pende para frente, há contração dos
músculos e dos ligamentos das costas para manter essa posição;
Evite inclinar a cabeça: quando a cabeça se inclina mais de 30 graus para frente,
os músculos do pescoço são tensionados para manter essa postura e começam a
aparecer dores na nuca e nos ombros;
Evite torções do tronco: Posturas torcidas do tronco causam tensões indesejáveis
nas vértebras;
Evite movimentos bruscos que produzem picos de tensão: Sabe-se que o
levantamento rápido de peso pode produzir fortes dores nas costas. O levantamento de
peso deve ser feito gradualmente;
Altere posturas e movimentos: Nenhuma postura ou movimento repetitivo deve ser
mantido por um longo período;
Pausas curtas e freqüentes são melhores: A fadiga muscular pode ser reduzida
com diversas pausas distribuídas ao longo da jornada de trabalho (IIDA, 1995).
Postura sentada: grande parte das atividades é realizada na posição sentada.
Segundo autores como Bustamante, essa postura teria sua origem na definição
hierárquica de posições sociais, sendo reservada àqueles de maior poder (PIRES,
2001).
A posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta
posição. Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso
ísquio, nas nádegas (IIDA, 1998).
As pessoas devem evitar permanecer prolongadamente na posição sentada, sem
movimentação corporal mais significativa, ainda que estejam nas melhores condições
biomecânicas (PIRES, 2001).
A posição sentada apresenta vantagens sobre a em pé. O corpo fica mais bem
apoiado em diversas superfícies: piso, assento, encosto, braços da cadeira, mesa.
Portanto, a posição sentada é menos cansativa que a em pé. Entretanto, as atividades
que exigem maiores forças ou movimentos do corpo são mais bem executadas em pé.
Algumas dicas:
a) Alterne a posição sentada com a em pé e andando.
b) Ajuste a altura do assento e a posição do encosto.
c) Use cadeiras especiais para tarefas específicas.
d) A altura da superfície de trabalho depende da tarefa.
e) Compatibilize as alturas da superfície de trabalho e do assento.
f) Use apoio para os pés.
g) Evite manipulações fora do alcance.
g) Se possível, incline a superfície para a leitura.
i) Deixe espaço para as pernas.

Figura 3: Espaço mínimo para as pernas abaixo da superfície de trabalho na posição sentada.
Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 31.

Postura sentada trabalhando em computador: Segundo Huet e Moraes (2002),


a coluna vertebral, na posição sentada, deve ser mantida na sua forma normal, com um
mínimo de forças sobre os discos intervertebrais, com o maior relaxamento possível dos
músculos das costas.
Dentro do conhecimento disponível no momento, as seguintes condições podem
ser utilizadas como referência:
Pescoço sem flexão, extensão ou torção;
Ângulo tronco-coxa em torno de 100 a 110 graus;
Braços na posição vertical, alinhados ao tronco, formando um ângulo de 90 a 110
graus com os antebraços;
Punhos em alinhamento natural com os antebraços, evitando sua flexão ou
extensão;
Ângulo coxas-pernas em torno de 90 a 120 graus;
Coxas totalmente apoiadas sobre o assento e cadeira com bordas anteriores
arredondadas, evitando-se a compressão das regiões poplíteas;
Pés apoiados no chão e/ou no suporte para os pés, sem flexão forçada das
pernas;
Distância entre tela e os olhos do operador de 40 a 70 cm;
Borda superior da tela do computador na linha horizontal que parte dos olhos do
operador;
Espaço suficiente sob a mesa para as pernas;
Cadeira, mesa e acessórios ergonomicamente apropriados (PIRES, 2001).

figura 4: Dimensões a serem consideradas Figura 5: Posturas adotadas no trabalho com


na posição sentada. Computador.
Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e
São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p.109. Produção. São Paulo: Edgard Blucher LTDA,
1995. p. 163.
Postura em pé: A posição em pé é recomendada para os casos em que há
freqüentes deslocamentos do local ou quando há necessidade de aplicar grandes
forças (IIDA, 1995).
A mudança de postura durante o trabalho é de grande importância para a saúde
do sistema músculo-esquelético, possibilitando variação de uso de articulações e
segmentos músculo-ligamentares, além da redução de cargas estáticas (PIRES, 2001).

Figura 6: Especificações de desenho para altura adequada de trabalho para operador em pé.

Fonte: PIRES, Licínia e Rodrigo. Fundamentos da Prática Ergonômica. São Paulo: LTR LTDA,
2001. p. 166.

A figura 6 mostra as diferentes alturas para 3 tipos de trabalhos em pé: de


precisão (altura da mesa 10 cm acima da altura dos cotovelos), leve (altura no nível dos
cotovelos) e pesados (10 cm abaixo dos cotovelos) (IIDA, 1995).
A posição parada, em pé, é altamente fatigante porque exige muito trabalho
estático da musculatura envolvida para manter essa posição. O coração encontra
maiores resistências para bombear sangue para os extremos do corpo. As pessoas que
executam trabalhos dinâmicos em pé, geralmente apresentam menos fadiga que
aquelas que permanecem estáticas ou com pouca movimentação (IIDA, 1998).
Posturas das mãos e braços: O trabalho por longos períodos, usando as mãos e
os braços em posturas inadequadas, pode produzir dores nos punhos, cotovelos e
ombros. Quando o punho fica muito tempo inclinado, pode haver inflamação nos
nervos, resultando em dores e sensações de formigamento nos dedos.
Dores no pescoço e nos ombros podem ocorrer quando se trabalha muito tempo
com os braços levantados, sem apoio. Esses problemas ocorrem principalmente com o
uso de ferramentas manuais. As dores se agravam quando há aplicação de forças ou
se realizam movimentos repetitivos com as mãos. Pode-se conseguir posturas
melhores com o posicionamento correto para a altura das mãos. Eis algumas dicas:
a) Selecione a ferramenta correta:
Existem muitos modelos de ferramentas. Selecione o modelo que melhor se
adapte à tarefa e à postura, de modo que as articulações possam ser mantidas na
posição neutra.
b) Verifique se a ferramenta apresenta empunhaduras curvas para não torcer o
punho:
Em vez de torcer o punho, usando ferramentas retas, pode-se usar ferramentas
com empunhaduras curvas, que permitam conservar o punho reto.

Figura 7: O desvio ulnar do punho causado por um Figura 8: Punho para pistola com dupla
alicate(A) pode ser eliminado adotando-se um cabo pega.
encurvado como em (B). Fonte: COUTO, Hudson de Araújo.
Fonte: COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada Ergonomia aplicada ao trabalho. MG:
ao Trabalho. MG: Ergo LTDA, 1996. p. 52. Ergo LTDA, 1996. p. 70.

c) Alivie o peso das ferramentas manuais:


As ferramentas manuais não devem exceder de 2Kg.
d) Preste atenção na forma da pega:
Pega é à parte da ferramenta ou máquina segurada pelas mãos. A forma e a
localização da mesma devem possibilitar uma boa postura para as mãos e os braços.
As mesmas também devem ter quinas arredondadas, e não quinas vivas que possam
prejudicar o trabalhador.
Figura 9: Desenhos e dimensões características da pá.

Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher LTDA,
p.374.

Figura 10: Objetos de bordas e quinas vivas podem comprimir os delicados tecidos dos
membros superiores.
Fonte: COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao Trabalho. MG: Ergo LTDA,
1996. p. 26.

e) Evite atividades acima do nível dos ombros:


As mãos e os cotovelos devem permanecer abaixo do nível dos ombros. Se for
inevitável, a tarefa executada acima do nível dos ombros deve ter duração limitada.
Deve haver também descansos regulares durante a realização da mesma.
f) Evite trabalhar com as mãos para trás:
Deve-se evitar o trabalho com as mãos para trás do corpo. Esse tipo de postura
ocorre, por exemplo, quando se empurram objetos para trás, como ocorre com os
caixas de supermercados (IIDA, 1995).

Figura 11: A postura com mãos e cotovelos para trás do corpo deve ser evitada.

Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p.39.

Levantamento de pesos: O levantamento manual de pesos ainda é necessário,


apesar da automatização. Este é uma das maiores causas das dores nas costas.
Muitos trabalhos envolvendo levantamentos de pesos não satisfazem os requisitos
ergonômicos. Dicas:
Restrinja o número de tarefas que envolvam a carga manual: Se não for possível
evitar os levantamentos manuais de pesos, freqüentes e pesados, estes devem ser
intercalados com outras atividades leves, aplicando-se o enriquecimento do trabalho.
Condições favoráveis para o levantamento de pesos: Se o levantamento manual
de pesos for inevitável, é necessário criar condições favoráveis para essa tarefa. É
necessário manter a carga próxima do corpo (distância horizontal entre a mão e o
tornozelo de cerca de 25 cm). A carga deve estar colocada sobre uma bancada de 75
cm de altura, aproximadamente, antes de começar o levantamento. O deslocamento
vertical do peso não deve exceder 25 cm. Deve se possível segurar o peso com as
duas mãos. A carga deve ser provida de alças ou furos para encaixe dos dedos. O
tronco não deve ficar torcido durante o levantamento.
Figura 12: Ao aumentar a distância entre as Figura 13: levantamento pesos deve ser com as
mãos e o corpo há um aumento da tensão nas costas. pernas e deve-se evitar a rotação de tronco.
Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São aulo
Edgard Blucher LTDA, 1995. p.19. Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 19.

Limite o levantamento de peso para 23 Kg no máximo;


O posto deve ser projetado adequadamente para o trabalho pesado: As
bancadas, prateleiras, máquinas e outros, nas quais ocorrerão trabalhos pesados,
devem ser projetadas de acordo com as recomendações: deverá ter espaço adequado
para os pés, deve-se evitar a torção de tronco, as mãos devem situar-se
aproximadamente a 75 cm de altura, encostadas ao corpo.
Os objetos devem ter alças para as mãos: Os objetos devem ter alças ou furos
laterais para o encaixe dos dedos.
Figura 14: As caixas devem ter pegas laterais.

Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 43.

Use técnicas corretas para o levantamento de pesos: Inclinar ou girar o tronco


durante o levantamento de carga pode provocar lesões nas costas. Inclinar o tronco,
em vez de usar a musculatura das pernas, provoca um aumento de 30% na tensão do
dorso. O levantamento de pesos deve ser feito com o dorso vertical, flexionando as
pernas e mantendo a carga o mais próximo possível do corpo.

Figura 15: Usar as pernas para levantar pesos.

Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard


Blucher LTDA, 1998. p.95.

Puxar e empurrar cargas: O movimento de puxar e empurrar cargas provoca


tensões nos braços, ombros e pernas. Para empurrar e puxar, deve-se usar o peso do
corpo a favor do movimento (IIDA, 1995).
Figura 16: Para puxar ou empurrar deve-se usar o peso do corpo.

Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. p. 49.

Áreas de alcance: A área de alcance ótimo sobre a mesa pode ser traçada,
girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços caídos normalmente.
A parte central situada em frente ao corpo, fazendo interseção com os dois arcos, será
a área ótima para usar as duas mãos. A área de alcance máximo será obtida fazendo-
se girar os braços estendidos em torno do ombro. O espaço de alcance vertical
corresponde ao raio de ação dos braços, estando as mãos em posição de preensão. A
altura de alcance em que uma pessoa pode alcançar é proposta por uma fórmula: altura
máxima de alcance= 1,24 x estatura. Um dado importante é a profundidade das
prateleiras, principalmente no que se refere à necessidade de as pessoas visualizarem
nitidamente objetos a serem apreendidos, assim como para evitarem posturas e
movimentos forçados (PIRES, 2001).

Figura 17: Áreas de alcances ótimo e máximo na mesa.

Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher
LTDA, 1998. p. 137.
8 CONDIÇÕES DE TRABALHO.

Já houve época em que o trabalho foi considerado um “castigo” ou um mal


necessário. Muita gente trabalhava somente porque precisava ganhar dinheiro para a
sobrevivência. Se tivéssemos oportunidade de examinar as condições em que as
pessoas trabalhavam, certamente acharíamos que elas tinham razão. As fábricas eram
sujas, escuras, barulhentas e perigosas. Os postos de trabalho eram improvisados.
Modernamente, as fábricas vêm adquirindo um outro aspecto. Cada posto de
trabalho, às vezes, é uma “máquina” de alta complexidade, que exigiu muitos estudos
de diversos especialistas, para que possa ser operado de forma eficiente, com um
mínimo de riscos. A temperatura e a iluminação são também cuidadosamente
estudadas para criar um ambiente agradável. Os espaços são organizados de forma a
permitir um bom relacionamento com os colegas e os supervisores. Assim, o trabalho
deixou de ser um “sacrifício” e passou a ser uma fonte de satisfação e de auto-
realização.
Para promover essa transformação, é necessário analisar as principais fontes de
insatisfação dos trabalhadores e atuar sobre os mesmos.
a) Ambiente Físico – O ambiente físico abrange o posto de trabalho e as
condições físicas como iluminação, temperatura, ruídos, vibrações e espaço de
trabalho. Se esses elementos não estiverem dentro das faixas de tolerância humana,
constituem-se em fontes de “estresse” e de insatisfação no trabalho.
b) Ambiente psicossocial – O ambiente psicossocial abrange aspectos como
sentimento de segurança e estima, oportunidades de progresso funcional, percepção
da imagem da empresa, aspectos intrínsecos do trabalho, relacionamento social com os
colegas e os benefícios que o trabalhador recebe da empresa.
c) Jornada de trabalho – Com o progresso tecnológico e o aumento da
produtividade, há uma tendência histórica de se reduzir à jornada de trabalho. Ela já
chegou a ser de 16 horas diárias, no início da revolução industrial. Hoje é adotado 5
dias semanais de trabalho, com jornadas diárias de 8 a 9 horas, totalizando 40 a 50
horas semanais (IIDA, 1998).
8.1 – Dimensionamento de espaços de circulação:

A área de trabalho deve ser organizada de tal forma que o produto tenha um fluxo
crescente ao longo da mesma, em uma direção, evitando-se ao máximo o retorno do
mesmo no contrafluxo. Deve-se tomar cuidados para evitar que o corpo humano atinja
partes de máquinas ao se movimentar, ou que partes móveis de máquinas atinjam o ser
humano ao se movimentarem (COUTO, 1996).

Figura 18: Espaço de circulação

Fonte: COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia aplicada ao Trabalho. MG:


Ergo LTDA, 1996. p. 168.

Para a circulação de uma só pessoa, deve-se ter um espaço de pelo menos 80 cm


entre objetos. Para a circulação de duas pessoa ao mesmo tempo, deve-se ter um
espaço livre de pelo menos 1,20 m (DUTRA, _).

8.2 – Ambiente térmico:

Segundo Verdussen (1978), a temperatura é um ponto que deve merecer o maior


cuidado, quando se busca criar adequadas condições ambientais de trabalho. Há
temperaturas que nos dão uma sensação de conforto, enquanto outras tornam-se
desagradáveis e até prejudiciais à saúde.
Conforto térmico – é um estado de espírito que reflete a satisfação com o
ambiente térmico que envolve a pessoa. Se o balanço de todas as trocas de calor a que
está submetido o corpo humano for nulo e a temperatura da pele e suor estiverem
dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto térmico
(DUTRA, _).
A temperatura abaixo ou acima dos limites de conforto térmico – limites dentro dos
quais a temperatura efetiva é confortável – geram desconforto e podem influenciar
negativamente o desempenho das pessoas (PIRES, 2001).
Trabalho em altas temperaturas: Segundo Laville (1997), durante o trabalho físico
no calor, constata-se que a capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a
atividade mental se altera, apresentando perturbação da coordenação sensório-motora.
A freqüência de erros e acidentes tende a aumentar pois o nível de vigilância diminui,
principalmente a partir de 30 graus. Outros problemas relacionados a altas
temperaturas: insolação, câimbras, conjuntivites e dermatites. Algumas recomendações
para o trabalho em locais quentes: isolamento das fontes de calor, roupas e óculos
adequados no caso de calor por irradiação, pausas para repouso, reposição hídrica
adequada e ventilação natural.
Trabalho em baixas temperaturas: Os danos à saúde, nestes casos, apresentam
uma relação direta entre o tempo de exposição e as condições de proteção corporal.
Destacam-se, ainda, os cuidados necessários à prevenção dos denominados choques
térmicos, que podem ocorrer quando o organismo é exposto a uma variação brusca de
temperatura. Os efeitos sobre a saúde do trabalhador frente a um ambiente de trabalho
com baixas temperaturas são, entre outros: Enregelamento dos membros devido a má
circulação do sangue, ulcerações decorrentes da necrose dos tecidos expostos,
redução das habilidades motoras como a destreza e a força, da capacidade de pensar
e julgar (DUTRA, _).

8.3 – Ambiente acústico:

O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica, desde o


limiar da audição até o limiar da dor.
O ruído – é o som desagradável e indesejável. Também é um estímulo que não
contém informações úteis à tarefa em execução (DUTRA, _).
O ruído é um dos itens mais importantes da saúde ocupacional, estando, quando
inadequado, relacionado a: lesões do aparelho auditivo, fadiga auditiva e efeitos
psicofisiológicos negativos, relacionados ao estresse psíquico (perturbações da atenção
e do sono, taquicardia e aumento da tensão muscular) (PIRES, 2001).
Mantenha o ruído abaixo de 80 dB – Um ruído que ultrapassa a média de 80 dB
em oito horas de exposição, pode provocar surdez. Se o ruído tiver uma intensidade
constante de 80 dB, o tempo de exposição máximo permitido é de oito horas. A cada
aumento de 3 dB, deve haver uma redução do tempo para a metade.
Coloque os postos de trabalho (escritórios) onde se desenvolve atividade mental
afastados das fontes de ruído (máquinas) .
Fazer a manutenção constante (fixação, ajuste dos parafusos e equilíbrio dos
aparelhos rotatórios)
Isolamento interno: usar placas de material absorvente de som no teto e nas
paredes (escritórios).
Uso de gabinetes que cobrem hermeticamente a fonte de ruído (DUTRA, _).

8.4 – Iluminação:

Na sociedade moderna as pessoas passam a maior parte do tempo em ambientes


iluminados, parcialmente por aberturas, mas predominantemente iluminado
artificialmente. Desta forma, a maior parte dos ambientes que vemos, seja de trabalho
ou não, é iluminado artificialmente.
Boa iluminação aumenta a produtividade, gera um ambiente mais prazeroso e
pode também salvar vidas.
Segundo(LAMBERTS et al, 1997 apud DUTRA7,_),conforto visual é entendido
como a existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o
ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade (medida
da habilidade do olho humano em discernir detalhes) e precisão visual.

7
LAMBERTS, R. ; DUTRA, L. ; PEREIRA, F.R. Eficiência energética na arquitetura. SP: PW, 1997.
apud DUTRA, Ana Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.
Algumas orientações:
No campo visual de uma pessoa trabalhando não deve encontrar-se nenhum
corpo luminoso. A visão direta do corpo luminoso durante o trabalho deve ser evitada
por todos os meios.
Todas as luminárias devem ter quebra-luz.
O ângulo entre a direção horizontal da visão e olho-luminária deve ser maior que
30 graus. Se em um ambiente grande, um ângulo de menos de 30 graus é inevitável, as
luminárias devem ter quebra-luzes eficazes.
Um número maior de luminárias com pequenas densidades luminosas é melhor do
que poucas luminárias com grandes densidades.
As luminárias devem ficar acima da cabeça ou lateralmente (dos dois lados),
evitando assim o reflexo e diminuindo a produtividade do trabalhador.

Figura 19: As luminárias devem ficar acima da linha de visão e atrás do trabalhador

Fonte: IIDA, Itiro. Ergonomia- Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1998.
p. 260.

Nos locais de trabalho com computador devem ser colocados


perpendicularmente às janelas. As janelas frontais ou nas costas do operador devem
ser evitadas.
A iluminação natural pode ser usada para compor a iluminação ambiental (PIRES,
2001).
8.5 – Ventilação – Qualidade do ar:

Qualidade do ar é definido como o ar sem concentrações de contaminantes


prejudiciais à saúde e com o qual uma parcela significativa de pessoas expostas se
sintam satisfeitas (LAMBERTS apud DUTRA8,_).
Os ambientes fechados devem ser adequadamente ventilados, mesmos que não
contenham fontes de poluição. A taxa de renovação do ar depende da natureza do
trabalho, devendo ser maior para os trabalhos mais pesados.

8
LAMBERTS, R. ; Conforto Térmico. UFSC, Florianópolis. Noras de aula, 1994. apud DUTRA, Ana
Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.
9 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO.

O objetivo principal da análise ergonômica do trabalho é conhecer como os


trabalhadores formulam de forma estável ou variável os problemas de seu trabalho
(situação e ação) e, de maneira mais restrita, como eles os resolvem (WISNER, 1995
apud DUTRA9, _).
Montmollin (1982) ressalta que a análise ergonômica do trabalho permite não
somente categorizar as atividades dos trabalhadores como também estabelecer a
narração destas atividades permitindo, conseqüentemente, modificar o trabalho ao
modificar a tarefa. Para este autor, o fato da análise ser realizada no próprio local de
trabalho, em oposição às análises de laboratório, permite a apreensão dos fatores que
caracterizam uma situação de trabalho real, envolvendo aspectos como organização do
trabalho e relações sociais.
A intervenção ergonômica começa no “campo”, denominada análise do posto.
Diferentes técnicas são empregadas para este fim: observação direta, observação
clínica, registro das diversas variáveis fisiológicas do operador, medidas do ambiente
físico (ruído, iluminação, vibração, poeira, temperatura, etc.). Num segundo momento,
são, às vezes, reconhecidas e classificadas as principais exigências do posto de
trabalho e, em seguida, são enumerados as sugestões de modificação do posto de
trabalho, destinadas a eliminar ou minimizar os males detectados. Finalmente, o custo
das medidas corretivas propostas pode ser discutido com a direção da empresa e
adota-se um compromisso que constituirá a base dos trabalhos de mudança do posto
(SANTOS, 1992 apud DUTRA10, _).

9
WISNER, A. Situated cognition and action: implications for ergonomic work analysis and
anthropotechnology. Ergonomics, v. 38, n.8, p. 1542-1557, 1995. apud DUTRA, Ana Regina de
Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.

10
SANTOS, N. Ergonomia e Organização do trabalho. UFSC, Fpolis, 1992. apud DUTRA, Ana
Regina de Aguiar. Introdução à Ergonomia. PR. Unioeste.
Segundo Guerin et all (1991), a transformação do trabalho é a finalidade primeira
da intervenção ergonômica, sendo que esta transformação deve ser realizada visando a
dois objetivos, quais sejam:
A concepção de situações de trabalho que não alterem a saúde dos trabalhadores,
nas quais os mesmos possam exercer suas competências em um plano ao mesmo
tempo individual e coletivo e encontrar possibilidades de valorização de suas
capacidades.
A consideração de objetivos econômicos que a empresa tenha fixado, levando em
conta investimentos passados e futuros.
10 METODOLOGIA.

Foi utilizada uma amostra de 35 militares, sendo que inicialmente a proposta era
de 45 militares, não sendo possível devido alguns estarem em missões e em período
de férias.
O presente estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
CCBS/Unioeste, segundo protocolo CR. 007056/2002 de 15 de Outubro de 2002.
(anexo 1).
A análise foi realizada incluindo questionário, estágio de observação, palestras e
orientações.
Primeiramente foram utilizados quatro questionários. O primeiro questionário é
constituído de questões abertas sobre os dados pessoais e setor de trabalho do militar.
O segundo questionário (o ergonômico) foi baseado nos livros de Couto (1996), de
Pires (2001) e Iida (1995) e (1998), sendo composto por perguntas que caracterizam o
ambiente de trabalho. Ele compõe 58 perguntas dicotômicas onde o militar optava por
sim ou não. As perguntas mesclavam 4 assuntos: posicionamento (34), fator de risco
(16), ambiente de trabalho (10) e pausas (10), sendo que algumas questões poderiam
ser interpretadas como mais de um assunto, explicando a soma das questões por
assunto ter dado 70 questões e não 58. Ao optar por sim ou não, estas respostas
poderiam ser interpretadas como positivas (situação prejudicial ou não ao militar) ou
como negativas (também situação prejudicial ou não ao militar). Como exemplo
podemos citar o seguinte: as alturas do assento e do encosto são ajustáveis? Se a
resposta fosse sim, seria interpretada como positiva e não prejudicial ao militar e se
fosse não, seria negativa e prejudicial ao militar. Ao contrário da seguinte pergunta: o
assento induz a má postura? Se a resposta fosse sim , seria interpretada como
negativa e prejudicial ao militar e se fosse não, seria positiva e não prejudicial ao militar.
O terceiro questionário é o de lombalgia (dor nas costas) proposto por Roland
Morris (NUSBAUM et all, 2001), questionário este composto por 23 questões
dicotômicas onde o militar optava por sim ou não. Os resultados foram analisados por
setores e obtidos por uma média de 0 a 10 (na escala de dor).
O quarto questionário é o Genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36
(CICONELLI, 1997). Este foi composto de 11 questões sendo 9 categóricas e 2
dicotômicas, onde abrange questões de capacidade funcional, aspecto físico, dor,
estado geral de saúde, vitalidade, aspecto social, aspecto emocional e saúde mental.
Estas respostas foram colocadas no programa SF-36 que analisava e dava o resultado
quanto aos parâmetros acima citados.
Estes questionários foram entregues para os militares responderem, recolhido
posteriormente. (anexo 2).

O estágio de observação foi realizado nos setores de trabalho específicos de cada


militar, onde foram colhidos dados, através de um “check-list”, referentes a mobílias
(mesas, cadeiras, prateleiras, bancadas), instrumentos utilizados (computadores,
furadeiras, alicates, etc.), ambiente de trabalho (iluminação, ventilação, temperatura,
ruído e espaço de circulação), posicionamento de utensílios (televisão, camas,
microondas) e características da atividade de cada setor. (anexo 3).

Foram feitas 2 palestras, baseadas nos resultados dos questionários interpretados


em planilhas. Uma com todo o grupo, onde foram passadas orientações gerais de
ergonomia e qualidade de vida no trabalho, e outra em cada setor específico,
orientando os encarregados e subordinados sobre os possíveis ajustes nos seus
setores.

Ao final foi aplicado novamente o questionário (o mesmo anterior) para comparar


com os dados obtidos na avaliação prévia.

Foram construídas 4 planilhas, uma para cada questionário, no programa Excel


2000, em que foram colhidos dados para a análise antes e após a intervenção
ergonômica.
11 RESULTADOS.

Ao analisar os questionários, verificou-se que na primeira etapa, onde os militares


responderam os questionários antes da intervenção ergonômica, obteve-se os
seguintes resultados:

Em um número de 35 militares que responderam o questionário, foram divididos


em setores de trabalho, que são os de administração (com 8 militares), dos serviços
gerais (com 7 militares), da escala (com 14 militares), do suprimento (com 3 militares) e
da manutenção (com 3 militares). Foi observado que no setor de administração (ADM),
das 80 questões referentes a pausas, possíveis de serem respondidas positivamente
(situações não prejudiciais) pelos militares deste setor, 46 questões (58%) foram
respondidas. Das 80 questões referentes a ambiente de trabalho, possíveis de serem
positivas (não prejudiciais), 65 questões (81%) foram respondidas. Das 272 questões
referentes a posicionamento no trabalho, 186 questões (68%) foram respondidas e das
128 questões referentes a fator de risco, 75 questões (59%) foram respondidas.

Gráfico 1: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE ADMINISTRAÇÃO.

ADM

100%
81%
80% 68%
59% 58%
60%
40%
20%
0%
P FR PA A

Fonte: do setor.

No setor de serviços gerais (SVG), das 238 questões referentes a


posicionamento, possíveis de serem respondidas positivamente (não prejudiciais) pelos
militares, 137 questões (58%) foram respondidas. Das 112 questões referentes a fator
de risco, 57 questões (51%) foram respondidas. Das 70 questões referentes a pausas,
43 questões (61%) foram respondidas e das 70 questões referentes a ambiente de
trabalho, 56 questões (80%) foram respondidas positivamente.

Gráfico 2: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE SERVIÇO GERAIS.

SVG

80%
80%
58% 61%
60% 51%

40%

20%

0%
P FR PA A

Fonte: do setor.

No setor de escala (ESC), das 476 questões referentes a posicionamento,


possíveis de serem respondidas positivamente pelos militares, 340 questões (71%)
foram respondidas. Das 224 questões referentes a fator de risco, 134 questões (60%)
foram respondidas. Das 140 questões referentes a pausas, 89 questões (64%) foram
respondidas e das 140 questões referentes a ambiente de trabalho, 89 questões (64%)
foram respondidas positivamente.
Gráfico 3: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DA ESCALA.

ESC

75% 71%
70%
65% 64% 64%
60%
60%
55%
50%
P FR PA A

Fonte: do setor.

No setor de suprimento (SUP), das 102 questões referentes a


posicionamento, possíveis de serem respondidas positivamente pelos militares, 76
questões (75%) foram respondidas. Das 48 questões referentes a fator de risco, 33
questões (69%) foram respondidas. Das 30 questões referentes a pausas durante o
trabalho, 22 questões (73%) foram respondidas e das 30 referentes a ambiente de
trabalho, 29 questões (97%) foram respondidas positivamente.

Gráfico 4: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE SUPRIMENTO.

SUP

97%
100%
80% 75% 73%
69%
60%
40%
20%
0%
P FR PA A

Fonte: do setor.
No setor de manutenção (MAN), das 102 questões referentes a posicionamento,
possíveis de serem respondidas positivamente pelos militares, 58 questões (57%)
foram respondidas. Das 48 questões referentes a fator de risco, 27 questões (56%)
foram respondidas. Das 30 questões referentes a pausas no trabalho, 21 questões
(70%) foram respondidas e das 30 questões referentes a ambiente de trabalho, 21
questões (70%) foram respondidas positivamente.

Gráfico 5: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE MANUTENÇÃO.

MAN

80% 70% 70%


57% 56%
60%

40%

20%

0%
P FR PA A

Fonte: do setor.

Com relação ao questionário de qualidade de vida, foi observado que


no grupo de 35 militares, apresentou uma média de 95% da capacidade funcional,
sendo que 50% é o mínimo, 100% é o máximo e 9.36% de desvio padrão; média de
87% no aspecto físico, sendo 0% o mínimo, 100% o máximo e 25,86% de desvio
padrão; média de 66% no aspecto dor, sendo 11% o mínimo, 100% o máximo e
33,84% de desvio padrão; média de 76% relacionados a aspecto geral de saúde, sendo
15% o mínimo, 100% o valor máximo e 21,32% de desvio padrão; média de 64% com
respeito à vitalidade, sendo 0% o mínimo, 95% o máximo e 22,24% de desvio padrão;
média de 78% no aspecto social, sendo 0% o mínimo, 100% o máximo e 28,69% de
desvio padrão; média de 80% no aspecto emocional, sendo 0% o mínimo, 100% o
máximo e 34,39% o desvio padrão; média de 68% no aspecto saúde mental, sendo 0%
o mínimo, 100% o máximo e 28,18% de desvio padrão; média de 76 Kg com relação ao
peso corporal, sendo 56Kg o mínimo, 113 Kg o máximo e 14,81% de desvio padrão;
média de 1,76 m relacionado à altura dos militares, sendo 1,64 m o mínimo, 1,89 m o
máximo e 0,06% de desvio padrão e média de 22,05 de relação peso/altura, sendo
18,31 o mínimo, 34 o máximo e 4,02% de desvio padrão. A relação peso/altura foi
baseada na fórmula P/h².

Tabela 1: QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA.

Média mínimo máximo Desvio padrão


Cap. Func. 95,76 50,00 100,00 9,36
Aspecto Físico 87,12 - 100,00 25,86
Dor 66,58 11,00 100,00 33,84
Estado G Saúde 76,82 15,00 100,00 21,32
Vitalidade 64,09 - 95,00 22,24
Aspecto Social 78,41 - 100,00 28,69
Asp. Emocional 80,81 - 100,00 34,39
Saúde Mental 68,36 - 100,00 28,18
Peso 76,85 56,00 113,00 14,81
Altura 1,76 1,64 1,89 0,06
Relação peso/altura 22,05 18,31 33,90 4,02

Fonte: Do autor.

No questionário relativo ao de dor nas costas (Lombalgias) proposto por Roland


Morris (NUSBAUM et all, 2001), obteve-se uma média de 1,0 com relação a todos os 35
militares, sendo que no setor de suprimento ocorreu uma média de 1,0, no setor de
administração média de 2,38, nos serviços gerais média de 1,57, no de manutenção
média de 0,67 e no da escala média de 0,76.

No estágio de observação foram verificadas particularidades em cada setor.


ESCALA: Setor do Radar, local onde o técnico fica a maior parte do serviço, foi
encontrada mesa de altura dentro do recomendável segundo Iida (1995), cadeiras
ajustáveis, com encosto, giratório e com rodas para auxiliar na movimentação. O
estofamento do assento é fino colocado sobre uma base rígida que provoca dores nas
“nádegas” após um curto período sentado. A iluminação é colocada acima do técnico
não provocando reflexo (Pires, 2001), a ventilação é feita por sistema de ductos,
juntamente com a refrigeração, que mantém uma temperatura entre 23° e 25° C. Ainda
neste setor, no local onde fica a tela do radar, existem cadeiras sem ajuste de altura e
de encosto e sem rodas e uma cadeira que é usada em bancada sendo imprópria para
este local segundo Iida (1995), que provocam alterações da postura do técnico ao
trabalhar neste local e a iluminação é baixa devido ser local de visualização da tela do
radar, sendo escuro para a leitura e estudos. Setor de Casa de Força, local onde o
técnico fica maior parte do serviço, foi observado mesa e cadeira que estavam dentro
do recomendável segundo Iida (1995), com ajuste de altura e encosto, giratória, com
rodas, apoio para os braços, largura e profundidade do assento, a iluminação,
ventilação e temperatura dentro do recomendável proposto por Dutra (_). O ruído neste
setor é intenso e alto, dificultando na comunicação e atrapalhando a concentração do
técnico. A televisão está colocada muito alta, fazendo com que o militar tenha que
realizar, por um longo período, a extensão do pescoço, provocando dores, relatam os
mesmos. A cama para descanso de turno, neste setor, foi colocada a 2,20 metros de
altura, para se ganhar espaço no alojamento, oferecendo riscos ao militar de serviço.
No setor de motoristas e Sargento de dia, foram observadas cadeiras sem ajustes,
assento com estofamento rígido que provoca dor, sem rodas, não giratória e também
televisão muito alta, causando dores no pescoço devido extensão cervical. No setor de
VHF foi observado que existia pouco espaço de circulação, entre bancadas e
equipamentos. Na guarda (portão de entrada), constatou-se que as cadeiras eram de
plástico, sem ajustes, sem rodas, com encosto que provoca hipercifose e dores nas
costas e também a má postura para a escrita. A ventilação de ar no alojamento é
precário, pois não possui janelas, prejudicando a qualidade do ar neste local
(DUTRA, _). No setor de SUPRIMENTO as mesas e cadeiras estavam dentro do
recomendável segundo Iida (1995), com ajustes, estofamento que distribui a pressão e
diminui o desconforto e com rodas. A iluminação não provoca reflexo direto e indireto e
existe uma constante renovação de ar. Neste setor possuem várias prateleiras onde foi
observado material pesado colocado em prateleiras altas, dificultando a retirada dos
mesmos e também provocando a hiperextensão, feita pelos militares ao pegarem estes
materiais. Ainda possui caixas pesadas e leves sem pegas, dificultando o manejo e
carregamento dos mesmos. O computador estava colocado com a tela voltada para a
janela, provocando o reflexo indireto nos olhos do militar e prejudicando o desempenho
do serviço a ser executado (PIRES, 2001). No setor ADMINISTRATIVO (secretarias) as
mesas estavam dentro do recomendável para leitura e trabalhos administrativos (IIDA,
1998), mas havia cadeiras sem ajustes, profundidade do assento além do normal
(acima de 48 cm) que provoca a má postura segundo Iida (1995), algumas sem rodas e
também não giratória, onde ao final da jornada de trabalho, segundo os militares deste
setor, sentem fadiga e dores musculares. Os computadores, alguns deles, estavam
numa altura que provocavam a flexão cervical do militar, sendo que a tela (parte
superior) do computador deve estar na linha horizontal dos olhos do operador (PIRES,
2001). A tela de um computador estava voltada para a janela, provocando o reflexo
indireto nos olhos do militar. Foi observado que alguns militares ficam por um tempo
muito grande trabalhando no computador ou na mesa, sem fazer pausas, causando
fadiga e dores musculares e também realizam movimentos de rotação e flexão lateral
de tronco, não recomendável segundo Iida, 1995. No setor de MANUTENÇÃO existem
duas mesas: uma grande para serviços pesados que estava dentro do recomendável
(em torno de 10 cm abaixo da altura dos cotovelos) segundo Iida, 1998 e uma bancada
com altura recomendável segundo Iida (1998), só que com uma cadeira muito baixa
para ser utilizada, provocando má postura (hiperextensão dos braços, rotação e flexão
lateral de tronco), sem ajuste e sem rodas. Foi observado que os militares que
trabalhavam na mesa grande, faziam constantemente a rotação e flexão lateral de
tronco, sendo orientado a movimentação de todo o corpo (IIDA, 1995). Também
algumas ferramentas de uso constante, não possuíam cabos anatômicos e com quinas
vivas (alicates), provocando o desvio ulnar do punho e pressionando as estruturas das
mãos, ocasionando dores ao final do serviço (PIRES, 2001). O espaço de circulação
estava comprometido devido à largura da porta de entrada ser pequena, pelo motivo de
haver o transporte de equipamentos grandes e pesados pelos militares deste setor. No
setor dos SERVIÇOS GERAIS foram encontradas ferramentas que são utilizadas todos
os dias, que induzem a má postura e também fadiga e dores musculares. As pás
estavam sem a pega na sua parte superior para facilitar o manejo e sem a angulação
entre o cabo e a lâmina, provocando a má postura (IIDA, 1995). Os alicates de cortar
folhas e arbustos, martelos e serrotes possuem o cabo reto e não o curvado como o
recomendável, provocando o desvio ulnar do punho durante o seu manejo (IIDA, 1995).
Foi observado que quando os militares trabalhavam com levantamentos de pesos, eles
não faziam a flexão das pernas e deixando a coluna reta e sim levantando os pesos
com o tronco (flexionando).

Ao final, após a intervenção ergonômica, foi entregue novos questionários, para os


35 militares, obtendo os seguintes resultados:

No setor de administração (ADM), das 80 questões referentes a pausas, possíveis


de serem respondidas positivamente pelos militares deste setor, 56 questões (70%)
foram respondidas. Das 80 questões referentes a ambiente de trabalho, possíveis de
serem positivas, 70 questões (88%) foram respondidas. Das 272 questões referentes a
posicionamento no trabalho, 211 questões (78%) foram respondidas e das 128
questões referentes a fator de risco, 71 questões (55%) foram respondidas.

Gráfico 6: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE ADMINISTRAÇÃO

ADM

100% 88%
78%
80% 70%
55%
60%
40%
20%
0%
P FR PA A

Fonte: do setor.

No setor de serviços gerais (SVG), das 238 questões referentes a posicionamento,


possíveis de serem respondidas positivamente pelos militares, 156 questões (66%)
foram respondidas. Das 112 questões referentes a fator de risco, 59 questões (53%)
foram respondidas. Das 70 questões referentes a pausas, 49 questões (70%) foram
respondidas e das 70 questões referentes a ambiente de trabalho, 54 questões (77%)
foram respondidas positivamente.

Gráfico 7: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE SERVIÇO GERAIS.

SVG

77%
80% 70%
66%
60% 53%

40%

20%

0%
P FR PA A

No setor de escala (ESC), das 476 questões referentes a posicionamento, possíveis de


serem respondidas positivamente pelos militares, 334 questões (70%) foram
respondidas. Das 224 questões referentes a fator de risco, 136 questões (61%) foram
respondidas. Das 140 questões referentes a pausas, 86 questões (61%) foram
respondidas e das 140 questões referentes a ambiente de trabalho, 79 questões (56%)
foram respondidas positivamente.

Gráfico 8: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE ESCALA.

ESC

80% 70%
61% 61%
60% 56%

40%

20%

0%
P FR PA A
Fonte: do setor.

No setor de suprimento (SUP), das 102 questões referentes a


posicionamento, possíveis de serem respondidas positivamente pelos militares, 90
questões (88%) foram respondidas. Das 48 questões referentes a fator de risco, 39
questões (81%) foram respondidas. Das 30 questões referentes a pausas durante o
trabalho, 29 questões (97%) foram respondidas e das 30 referentes a ambiente de
trabalho, 29 questões (97%) foram respondidas positivamente.

Gráfico 9: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE SUPRIMENTO.

SUP

100% 97% 97%


95%
90% 88%
85% 81%
80%
75%
70%
P FR PA A

Fonte: do setor.

No setor de manutenção (MAN), das 102 questões referentes a posicionamento,


possíveis de serem respondidas positivamente pelos militares, 69 questões (68%)
foram respondidas. Das 48 questões referentes a fator de risco, 29 questões (60%)
foram respondidas. Das 30 questões referentes a pausas no trabalho, 21 questões
(70%) foram respondidas e das 30 questões referentes a ambiente de trabalho, 27
questões (90%) foram respondidas positivamente.
Gráfico 10: QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO; SETOR DE MANUTENÇÃO.

MAN

100% 90%
80% 68% 70%
60%
60%
40%
20%
0%
P FR PA A

Fonte: do setor.

Com relação ao questionário de qualidade de vida, foi observado que no grupo de


35 militares, apresentou uma média de 98% da capacidade funcional, sendo que 55% é
o mínimo, 100% é o máximo e 8.79% de desvio padrão; média de 90% no aspecto
físico, sendo 0% o mínimo, 100% o máximo e 28,04% de desvio padrão; média de 80%
no aspecto dor, sendo 11% o mínimo, 100% o máximo e 31,04% de desvio padrão;
média de 87% relacionados a aspecto geral de saúde, sendo 32% o mínimo, 100% o
valor máximo e 15,95% de desvio padrão; média de 68% com respeito à vitalidade,
sendo 20% o mínimo, 95% o máximo e 26,18% de desvio padrão; média de 88% no
aspecto social, sendo 0% o mínimo, 100% o máximo e 22,99% de desvio padrão;
média de 91% no aspecto emocional, sendo 0% o mínimo, 100% o máximo e 27,22% o
desvio padrão; média de 75% no aspecto saúde mental, sendo 20% o mínimo, 100% o
máximo e 28,0% de desvio padrão; média de 82 Kg com relação ao peso corporal,
sendo 56Kg o mínimo, 113 Kg o máximo e 14,87% de desvio padrão; média de 1,76 m
relacionado à altura dos militares, sendo 1,64 m o mínimo, 1,89 m o máximo e 0,06%
de desvio padrão e média de 24,05 de relação peso/altura, sendo 19,38 o mínimo, 34 o
máximo e 3,40% de desvio padrão. A relação peso/altura foi baseada na fórmula P/h².
Tabela 2: QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA.

Média mínimo máximo Desvio padrão


Cap. Func. 98,94 55,00 100,00 8,79
Aspecto Físico 90,91 - 100,00 28,04
Dor 80,09 11,00 100,00 31,04
Estado G Saúde 87,67 32,00 100,00 15,95
Vitalidade 68,48 (20,00) 95,00 26,18
Aspecto Social 88,64 - 100,00 22,99
Asp. Emocional 91,92 - 100,00 27,22
Saúde Mental 75,52 (20,00) 100,00 28,00
Peso 80,64 56,00 113,00 14,74
Altura 1,76 1,64 1,89 0,07
Relação peso/altura 24,05 19,38 33,90 3,40

Fonte: do autor.

No questionário relativo ao de dor nas costas (Lombalgias) proposto por Roland


Morris (NUSBAUM et all, 2001), obteve-se uma média de 1,0 com relação a todos os 35
militares, sendo que no setor de suprimento ocorreu uma média de 0,66, no setor de
administração média de 0,75, nos serviços gerais média de 0,86, no de manutenção
média de 0,61 e no da escala média de 0,55.
12 DISCUSSÃO.

A ergonomia, é então, justificada como meio de prevenção. As empresas


começam a tomar consciência da importância desta prevenção, uma vez que com esta
atitude reduz-se gastos com afastamento e aposentadoria precoce.

É importante a análise e redimensionamento dos fatores, ou seja, o estudo do


ambiente de trabalho, o modo como o paciente segura sua ferramenta ou se posiciona
ao utilizar seu instrumento de trabalho, posição de mesas, bancadas e computadores,
monitorizarão dos movimentos executados sem intervalos adequados de pausa, entre
outros. Estes fatores podem contribuir para a gênese e/ou perpetuação dos estresses
físicos e mentais no ambiente de trabalho e conseqüentemente a geração e sobrecarga
de lesão das estruturas comprometidas.

Foi observado os resultados obtidos do questionário antes da intervenção


ergonômica, com a ajuda de planilhas construídas no Excel 2000 e conforme descrito
na metodologia que, no Setor de administração apresentou um índice mais baixo no
item pausas no trabalho (58% das questões), precisando redimensionar a rotina dos
militares deste setor, orientando-os para que seja feito pausas durante a execução de
tarefas. Segundo Pires (2001), as pessoas devem evitar permanecer prolongadamente
na posição estática, sem movimento corporal significativo, ainda que estejam nas
melhores condições biomecânicas. No setor de serviços gerais foi observado um índice
mais baixo nos itens fator de risco (51%) e posicionamento (58%), sendo necessário
uma intervenção, pois este setor trabalha com ferramentas e estas devem ser
adequadas para proporcionar ao militar, condições apropriadas para a execução das
tarefas. Também quanto ao levantamento correto de pesos, muito freqüente neste
setor. No setor de escala e de suprimento, apresentaram um índice mais baixo no item
fator de risco (60% na escala e 69% no suprimento), sendo necessário uma intervenção
com relação ao correto manuseio de ferramentas, alturas de mesas, cadeiras,
bancadas e dos equipamentos utilizados, que exigem atenção durante todo o serviço
de plantão. Também quanto aos materiais, estes devem ter pegas para a correta
manipulação e orientações para o levantamento destes. No setor de manutenção foi
observado um baixo índice nos itens fator de risco (56%) e posicionamento (57%),
necessitando de uma intervenção com respeito ao correto uso de ferramentas, alturas
de mesas e bancadas, principalmente quando no concerto de equipamentos, as
posturas adotadas e o levantamento adequado de pesos. Com relação à qualidade de
vida dos militares, foi dada uma atenção especial no aspecto dor, principalmente com
respeito à postura, o cuidado com a saúde (alimentação, exercício físico e o descanso)
e também orientação particular para os militares que apresentaram peso corporal alto
com relação à estatura. No questionário de dor nas costas (lombalgias), obteve-se
índice baixo (média de 1,0 para todo o grupo), sendo que alguns militares foram
abordados particularmente em seus setores, mediante resultado de seus questionários.
Com relação a cadeiras, mesas e bancadas, é importante observar suas especificações
dentro do recomendável, pois alguns setores apresentaram, principalmente, cadeiras
inadequadas a tarefa a ser realizada, segundo (DUTRA, _), a fim de que não venham
causar posturas inadequadas e prejudicar o andamento da atividade. Também as
pausas, quando trabalhando na posição sentada por muito tempo, deve ser utilizada,
evitando a fadiga e o estresse que contribuem na diminuição da produtividade (COUTO,
1996). Os computadores, de alguns setores, estavam colocados na posição em que
ocorria o reflexo indireto, ou seja, a janela nas costas do operador, prejudicando a
produtividade. Segundo Pires, 2001 os computadores devem ser posicionados
lateralmente as janelas, para que não venham ocorrer os reflexos diretos e indiretos.
Também os computadores devem ser colocados a uma altura em que não provoque a
flexão do pescoço, ou seja, a tela na linha de visão do operador (PIRES, 2001).
Em relação às condições ambientais destacou-se o problema do ruído. Segundo
Iida , 1995 os ruídos intensos tendem a prejudicar tarefas que exigem atenção ou
velocidade e precisão dos movimentos e os resultados tendem a piorar após duas
horas de exposição ao ruído. A exposição contínua a níveis elevados de ruído pode
provocar uma série de distúrbios neuropsíquicos, problemas de aparelho
cardiovascular, distúrbios da visão e disfunção dos órgãos reprodutores entre outros. A
solução para com os ruídos seria o isolamento interno usando placas de material
absorvente de som no teto e nas paredes (escritórios) e uso de gabinetes que cobrem
hermeticamente a fonte de ruído. A iluminação, a ventilação e a temperatura, em todos
os setores, estavam dentro do recomendável, segundo Dutra (_).
Com respeito a utensílios como televisão e microondas, estes devem ser
posicionados em altura em que não provoquem extensão do pescoço e elevação dos
braços acima da altura dos ombros, para evitar dores nestas regiões (IIDA, 1995).
O espaço de circulação em alguns setores, estava de maneira que dificultava a
circulação dos militares bem como de cargas. Para a circulação de uma só pessoa,
deve-se ter um espaço de pelo menos 80 cm entre objetos. Para a circulação de duas
pessoas ao mesmo tempo, deve-se ter um espaço livre de pelo menos 1,20 m
(DUTRA,_).
No setor de manutenção foi observado, durante o trabalho de pé, que os militares
faziam a rotação de tronco quando manipulavam aparelhos pesados em uma bancada.
O posto deve ser projetado adequadamente para o trabalho pesado: as bancadas,
prateleiras, máquinas e outros, nas quais ocorrerão trabalhos pesados, devem ser
projetadas de acordo com as recomendações: deverá ter espaço adequado para os
pés, deve-se evitar a torção de tronco, as mãos devem situar-se aproximadamente a 75
cm de altura, encostadas ao corpo (IIDA, 1995).
No setor de serviços gerais bem como o de manutenção, foi encontrado
ferramentas que provocavam desvio ulnar de punho e sem pegas e os militares
levantavam cargas usando a flexão de tronco. As ferramentas devem ter cabos
encurvados e não retos, evitando assim o desvio do punho e também pegas adequados
para a manipulação correta. Deve-se observar o correto levantamento de pesos,
utilizando as pernas e mantendo a coluna na vertical, evitando o risco de lesões nas
costas (IIDA, 1998).

Foi observado os resultados obtidos do questionário após a intervenção


ergonômica, com a ajuda de planilhas construídas no Excel 2000 e conforme descrito
na metodologia que, no Setor de administração apresentou uma melhora significativa
nos itens posicionamento (78%), pausas (70%) e ambiente de trabalho (88%) e no item
fator de risco (55%) manteve-se uma média próxima ao resultado de antes da
intervenção. O setor de serviços gerais apresentou uma melhora nos itens
posicionamento (66%), fator de risco (53%) e pausas (61%) e manteve a média no item
ambiente de trabalho (77%). No setor de escala, manteve-se a média como antes da
intervenção nos itens posicionamento (70%), fator de risco (61%) e pausas (61%) e
ficou abaixo da média antes da intervenção o item ambiente de trabalho (56%),
justificando-se que neste setor, foi observado o fator ruído o mais assinalado pelos
militares e também constatado na observação, tornando-se difícil uma intervenção
rápida com relação a este fator, pois os equipamentos precisariam de proteção anti-
ruído ou até mesmo a sala do militar de plantão, ser colocado placas anti-ruído. Com
relação a todos os setores, o de suprimento apresentou um dos melhores resultados
pós-intervenção. O item posicionamento (88%), fator de risco (81%), pausas (97%) e
ambiente de trabalho (97%). O setor de manutenção também apresentou melhora em
todos os itens, posicionamento (68%), fator de risco (60%), pausas (70%) e ambiente
de trabalho (90%). No questionário de qualidade de vida observou-se uma melhora na
média de todos os itens em que os militares foram orientados, como capacidade
funcional (98%), aspecto físico (90%), principalmente a dor (80%), estado de saúde
geral (87%), vitalidade (68%), aspecto social (88%), aspecto emocional (80%) e saúde
mental (75%). No questionário de dor nas costas (lombalgias), obteve-se índice mais
baixo (média de 0,69 para todo o grupo) que antes da intervenção (média de 1,0 para
todo o grupo), sendo que os militares abordados particularmente em seus setores,
mediante resultado de seus questionários, tiveram uma melhora significativa.
13 CONCLUSÃO.

Através dos resultados obtidos verificou-se que, com as melhoras ergonômicas


orientadas e aplicadas, obtivemos uma melhora da qualidade de vida dos militares.

Com este trabalho constatamos que a metodologia foi satisfatória, possibilitando o


reconhecimento de elementos concretos que permitiram a reflexão sobre a influência
dos fatores ergonômicos (ambientais e organizacionais) no posto de trabalho da
Aeronáutica.
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