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História das ideias Politicas

2º Semestre 2008/09
Péricles:

• Defendia um modelo de democracia directa e caracteriza o regime


vigente em Atenas como um regime em que o estado era
administrado em função do povo e não das minorias. Ele entende que
as regras principais da democracia seriam a igualdade (as leis
asseguravam a todos um tratamento igual e na vida publica cada um
obtinha igual consideração de acordo com os seus méritos) e a
liberdade (estimulava a participação da opinião publica pois as
grandes questões só tinham a ganhar com a livre discussão).

• Todo o seu discurso fica marcado pela apologia do equilíbrio, da


tolerância e moderação da acção política, demonstrando particular
atenção às leis sociais e defendendo a possibilidade dos pobres
poderem sair da sua condição através do trabalho

• Limitações da democracia ateniense: era uma democracia


directa na qual somente participavam os cidadãos de Atenas (filhos
de pai e mãe ateniense com mais de 21 anos e com serviço militar
cumprido). As mulheres não possuíam direitos cívicos nem jurídicos.
Atenas era uma sociedade esclavagista na qual os metecos eram
obrigados a cumprir certos deveres como pagar impostos e não
podiam participar na vida pública da cidade.

Xenofonte:

• Identifica-se com a ditadura vigente em Esparta, elogiando o poder


militar e o uso da força, mostrando-se favorável a um líder forte e
autoritário.

• Pensamento político de xenofonte: via nas principais regras da


democracia ateniense (liberdade e igualdade) os grandes inimigos de
um estado que deveria ser forte e rigoroso, presidido por um líder
carismático e autoritário. Só os mais capazes e audazes estariam
habilitados a exercer o comando. O líder seria dotado de uma
autoridade natural que levava os outros a respeita-lo e a segui-lo. O
líder devia ser um homem culto que soubesse persuadir os que o
rodeiam pelo seu carisma e incutisse respeito e obediência pelo seu
carácter. “Poder é a faculdade de mandar e de se fazer obedecer”.

• O poder não resultaria das leis, mas da mentalidade e motivação do


chefe. Aquilo que interessa não é a legitimidade do cargo, mas a
eficácia do exercício do poder (embora afirme que o poder nunca
deve ser usado para beneficio próprio, mas para beneficio comum)

• Diferenças entre o regime de Atenas e Esparta: Em Atenas


imperava um regime mais flexível e democrático. Privilegiava-se a
arte, a cultura e o intelecto em contraste com o regime ditatorial de
Esparta que tinha características rígidas sustentado por um líder forte
que privilegiava o culto do corpo, desporto e vertente militar. Em
Atenas vigorava o princípio do debate democrático enquanto em
Esparta vigorava o princípio da decisão do chefe. Atenas era uma
cidade aberta aos estrangeiros e Esparta só deixava os estrangeiros
lá residir mediante autorização.

Platão:

• O pensamento politico de Platão: avançou com o modelo daquilo


que a seu entender seria uma sociedade mais justa. Na sua procura
ele destaca aquilo que considera os grandes males da
sociedade : a família e a propriedade privada, na medida em
que prespectivava uma justiça de cariz colectivo e não somente
individual

• Abolição da propriedade privada: Porque procurava uma solução


que tivesse objectivo eliminar o egoísmo pessoal e a cobiça. O
filosofo entendia que o património individual tornava o homem
egoísta, porque fazia com que as pessoas se preocupassem
primeiramente com a propriedade descurando a preocupação com o
bem estar da comunidade.

• Abolição do casamento: é com base nos mesmos princípios que


propõe a abolição da família tradicionalmente concebida. Tornou-se
favorável à igualdade entre os homens e as mulheres numa
sociedade que deveria rumar num mesmo sentido. As uniões entre
homens e mulheres teriam por base um sorteio organizado pelos
governantes e que seria engenhosamente determinado pelos
mesmos para que desta união emergisse um aprimoramento da raça.
As crianças deformadas ou fora do esquema pretendido eram
abandonadas às portas da cidade.

• Importância da educação: propunha que as crianças fossem


retiradas das mães aquando do seu nascimento e seriam entregues a
amas que cuidavam do seu crescimento. Ao longo da sua infância
seriam os magistrados a ficar encarregues de escolher as tábuas que
lhes seriam lidas. Platão defendia um modelo educativo que
acompanhasse com dedicação as crianças de forma a perceber qual
seria a sua aptidão natural e para os magistrados terem uma ideia
mais precisa das suas capacidades. Estava então estabelecido que
aqueles que fossem melhores de entre os guerreiros seriam educados
com base na arte, dialogo e filosofia com vista à magistratura . Deste
modo triunfaria a sofiocracia (o governo da sabedoria e o melhor de
entre os filósofos seria o “rei filosofo”)

• Teoria dos metais: Platão concebeu 3 moldes de classes sociais


tendo por base a teoria dos metais, segundo a qual cada pessoa
possui na alma um metal colocado por Deus. Nalgumas este metal
era o ferro ou o bronze ( e neste caso esta pessoa estava destinada
a pertencer a classe dos artesãos ou trabalhadores cuja principal
função seria assegurar o sustento da cidade); noutras seria a prata
(pertenciam a classe dos militares ou guardas que assegurariam a
segurança) e finalmente, noutras seria o ouro (pertencendo à classe
dos magistrados e governantes que colocariam a sua sabedoria ao
serviço da cidade). A teoria dos metais seria um dos critérios para
seleccionar os cidadãos para as classes sociais, todavia este metal
seria apurado pelo sistema educacional que faria sobressair as
aptidões naturais de cada um.

• Tipologia das formas de governo:

o Monarquia: podia ser sofiocracia (assente na sabedoria do rei


filosofo) ou tirania ( o poder absoluto assentava num só homem
de cariz violento e desprovido das luzes da filosofia)

o Oligarquia: podia ser uma timocracia (o poder estaria assente na


classe dos guardas, acabando por se instalar o predomínio da
força sobre a sabedoria) ou podia ser uma plutocaria (o governo
dos ricos, voltados para os seus interesses pessoais)

o Democracia: contudo a democracia era pouco apreciada por


Platão pois este entendia que as grandes ,massas são incapazes
de, no seu todo, possuir razão e sabedoria nacessárias para o
governo da cidade.

• No seu entender de Platão a melhor forma de governo seria a


sofiocracia. No entanto, ele considera que as formas de governo não
são imutáveis pois evoluem constante as circunstancias. Ciclo:
Iniciaria com a sofiocracia , timocracia, oligarquia, democracia que
culminava na tirania, a partir de onde voltava ao inicio.

Aristóteles:

• Contributo para a HIP: foi um dos primeiros defensores de uma


sociedade pluralista, atribuindo um papel fundamental à família e à
propriedade privada.

o Pensamento politico: veio afirmar que o homem é um “animal


politico” concebido para viver em sociedade e é por isso que a
politica é parte integrante da sua natureza. Afirma que o homem
nunca poderia suportar a lógica do colectivismo social porque
assim estaria a rejeitar a sua própria natureza.

o Defesa da família: como considerava que o afecto era inerente à


pessoa humana repidamente conclui a impossibilidade da abolição
da família porque uma vez mais o homem estaria a agir contra
natura.

o Defesa da propriedade privada: o sentimento de posse que


caracteriza todos os seres humanos seria um entrave à abolição
da propriedade privada. Quando os homens vivem em conjunto e
partilham de igual modo as coisas que lhes são necessárias, o
sentimento de posse inerente à pessoa humana geraria conflitos e
discussões. Aristóteles conclui que os objectivos propostos por
Platão seriam praticamente impossíveis de alcançar na medida em
que são ambos contra natura.

• Classes sociais: a melhor sociedade politica era aquela que fosse


maioritariamente composta por membros da classe intermédia,
porque os seus elementos não se caracterizam pela ganância própria
das classes ricas e também não possuíam a intriga e desordem das
classes pobres. Afirmando-se como defensor do primado da lei sobre
a vontade dos homens, o autor vai apresentar uma classificação de
regimes políticos agrupados em sãos e degenerados

o Formas sãs de governo (visavam o bem do Estado e da


comunidade):

 Monarquia (governo de 1 só)

 Aristocracia ( governo de vários)

 Républica (governo da multidão)

o Formas degeneradas de governo :

 Tirania ( governo de 1 só)

 Oligarquia (governo de vários)

 Democracia (governo da multidão)

o Formas degeneradas de governo : não se dirigiam ao


beneficio da sociedade inteira: a tirania seria uma monarquia
governada de acordo com o interesse pessoal do monarca; a
oligarquia seria o governo dos ricos virado para o seu próprio
interesse; e a democracia só visava os interesses dos pobres

• Melhor forma de governo: Républica de carácter misto, com


características de alguns elementos da democracia e da oligarquia,
apoiada no predomínio das classes médias. A sucessão cíclica das
formas de governo: monarquia (algumas pessoas opunham-se ao rei
e formava-se uma ) aristocracia ( alguns elementos deste poder iam
aproveitar-se ) oligarquia (como e governo de poucos o povo
entregaria o poder a 1 só) Tirania ( o povo revolta-se) democracia
(pior regime de todos devido a desorientação ) Républica Mista.

Idade Média

Santo Agostinho:

• Considerou existirem 2 cidades originadas por diferentes amores: o


amor a Deus levado até ao desprezo da própria pessoa ( cidade
celeste) e o amor a si próprio levado até ao desprezo de Deus
( cidade terrena).

o Cidade celeste: é a cidade do bem, onde os homens vivem


segundo o espírito e buscam a justiça e onde impera a paz.

o Cidade terrena: é a cidade do mal, onde os homens vivem para


a satisfação dos prazeres carnais e é a cidade onde os homens se
esforçam por alcançar paz mas encontram apenas uma paz
aparente porque ela é impossível sem a presença de Deus.

• Estas 2 cidades representam a luta entre o bem e o mal, contudo é


errónea a conotação da cidade celeste com a igreja ou a cidade
terrestre com o estado, porque tanto na igreja como no estado
existem homens que pertencem aos dois reinos.

• Concepção sobre a natureza humana: via os homens como seres


arrogantes e egoístas cujo principal propósito era o seu bem
individual e desprezo pelos outros. Poucos seriam os que se
conseguiriam salvar pois o bispo de Hipona não acreditava no
progresso dos homens porque entende que estes serão sempre
eternos pecadores e é devido a isto que a cidade terrena nunca terá
nem paz nem justiça verdadeiras.

• Os homens como seres egoístas e individuais, o estado deveria ser


repressivo por forma a assegurar, através da coacção dois grandes
valores: a paz e a segurança. Só o medo do castigo poderia assegurar
tais valores e daí a importância do Direito enquanto mecanismo que
visa assegurar a tranquilidade entre os pecadores.

• Obediência ao poder politico: o estado era um instrumento


ordenado por deus e daí que santo agostinho defendesse o dever de
obediência ao estado e ao poder politico deveria ser absoluto. Mesmo
perante um Estado duro e repressivo, mesmo perante a existência de
maus governantes , o cidadão deveria aceitar passivamente o poder
pois aquilo que realmente interessava era a vida celeste.

• Funções da autoridade: Comandar, prover e aconselhar. O chefe


deveria exercer a função principal de comandar ao serviço do bem
geral; deveria prover em virtude das necessidades do país e deveria
aconselhar o povo com amor e carinho ao próximo.

São Tomás de Aquino:

• Contributo para a HIP: conseguiu uma síntese entre o pensamento


de Aristoteles e os principais fundamentos da igreja cristã.

• Considerou existirem 4 grandes leis :

o A lei eterna: a razão de Deus que preside ao próprio universo e é


inacessível aos homens

o A lei divina: é a parte da lei eterna que Deus resolveu revelar aos
homens através das sagradas escrituras de modo a prepara-lo
para a vida eterna

o A lei natural: é a parte da lei eterna que Deus colocou no


coração dos homens de modo a que estes distinguissem o bem do
mal

o A lei humana: aquela que é feita pelo homem que regula as


situações da vida social

• Os fins do Estado: o homem é também um animal politico e social


pelo que parece-lhe lógico que a sociedade politica seja a sociedade
perfeita pois é a única que é capaz de satisfazer todas as
necessidades da vida humana. O seu fim é a preservação e garantia
do bem comum . O estado deveria respeitar o ser humano enquanto
ser autónomo, independente e dotado de direitos, mas o ser humano
também deveria respeitar as imposições do Estado.

• Origem do estado: teria uma origem natural pois era produto da


natureza e da razão humana .

• Origem do poder: todo o poder tem origem em Deus e é


directamente transmitido ao povo e é este quem deve determinar os
governantes, ou seja, o povo acaba por ser o verdadeiro proprietário
do poder politico, podendo exercê-lo colectivamente ou escolhendo
governantes para o fazer.

• Melhor regime : Monarquia mista porque o monarca deveria ser


aconselhado e auxiliado por uma elite aristocrática e eleito pelo povo,
conjugando deste modo a monarquia, a aristocracia e a republica.
Além disso, entendia que a tirania era o pior regime porque tem por
base a desordem, o caos e o beneficio do tirano.

• Remédios para a tirania:

o A possibilidade de o tirano ser deposto pela comunidade

o O pedido de substituição do tirano a um poder alheio e superior

o O recurso directo a Deus

o O direito de desobediência no caso de o rei ser declarado pela


igreja como excomungado, herético ou cismático

• Para prevenir os casos de tirania o autor aplicou-se num conjunto de


obras destinadas a aconselhar os príncipes cristãos sobre os seus
deveres enquanto governantes, nomeadamente garantir a
paz e unidade do país, prevenir crimes, reprimir a violência e
preservar a justiça, a defesa do reino perante inimigos e a
satisfação dos elementos do reino.

Idade Moderna

Maquiavel:

• Contributo para HIP: fica associado ao conteúdo da obra O


PRINCIPE . Do seu pensamento politico retiram-se dois pontos
fundamentais: a conquista e a manutenção do poder politico.

• Classificação dos regimes políticos:

 Républica : governada por uma vontade colectiva

 Monarquia ou principado: governada por 1 só individuo

• Ele entende que todos os regimes políticos são legítimos na medida


em que o único critério é o do sucesso politico independentemente
dos meios utilizados para tal (“os fins justificam os meios”)

• Regime preferido: prefere a Républica por ser o regime que melhor


defende a liberdade, no entanto entende que existem pelo menos 3
situações em que o governo de um só com características fortes é
absolutamente necessários:

o A fundação de um novo estado

o A reforma integral das instituições já existentes

o Em ocasiões extraordinárias de grave perigo publico onde se


confia a salvação da pátria num só homem.
• Ele distingue a Républica entre aristocrática entre aristocrática
( governada pelos nobres) e democrática (assente no governo
popular).

• Fins do Estado :nega qualquer ligação da politica à moral e à


religião, tendo por base a “razão do Estado” ou seja, tudo é legitimo
para se ganhar mais poder, para se prolongar e se expressar este
poder, seja por intermédio da força, da intriga ou da mentira, porque
aquilo que interessa na politica são os fins.

• O príncipe deve ser cruel quando assim for necessário, deve ser
hábil, realista, calculista, deve usar da boa ou má fé conforme for
mais útil. No entanto, a manifestação excessiva dos poderes podia vir
a ser nefasta no sentido em que poderia dar azo a um poder
alternativo que se tornasse mais forte e destituísse o poder vigente.

Jean Bodin:

• Publicou uma vasta obra de teoria politica denominada “ De


la Republica” que se destacou pelos conceitos sobre
soberania e o direito divino dos reis.

• Principio da soberania: foi definida como o poder absoluto do


chefe de estado que lhe permite fazer leis para todo o pais sem estar
sujeito às mesmas ou às dos seus antecessores. Além de absoluta, a
soberania também é perpétua e indivisível. Pode ser exercida por um
príncipe ( monarquia), por uma classe dominante ( aristocracia) ou
exercida pelo povo inteiro (democracia). Todavia a soberania apenas
podia ser efectiva na monarquia, porque esta dispõe da unidade
indispensável à autoridade do soberano . Ao exercer a soberania, o
governante deve criar órgãos que lhe facilitem a administração (ex:
estados gerais em França). Contudo, o poder de decisão em ultima
instância é sempre do príncipe, sob pena de desmoronamento da
soberania.

• Perrogativas da soberania: Decretar guerra e a paz; condenar ou


perdoar os réus; cunhar moedas; estabelecer ou suspender impostos.

• Monarquia absoluta:não é uma monarquia ilimitada ou despótica,


pois é “aquela em que os súbditos obedecem às leis do monarca e o
monarca às leis da natureza, continuando a pertencer aos súbditos a
liberdade natural e a propriedade de bens. Assim, o monarca
absolutista deve respeitar as leis naturais ( ex: direito a vida) e as
propriedades dos seus súbditos, não podendo toma-las sem causa
justa.
Thomas Hobbes:

• Contrato social: o homem tem uma natureza imperfeita e má, o que


implica que a sua convivência com os outros seja caracterizada por
permanentes guerras e conflitos. O homem é um ser com
assustadora ambição pelo poder, o que o leva a concluir que o seu
estado natural é o estado de guerra. Assim sendo, hobbes entende
que só um monstro mais forte que os homens poderá preservar a
segurança e garantir a paz. Este “monstro” é o Estado que surge
através de um CONTRATO SOCIAL celebrado em comum acordo pela
maioria dos homens, onde os mesmos alienam parte dos seus direitos
a um Estado que deve ser forte, repressivo e com poderes ilimitados,
por forma a garantir a paz e a segurança na vivência em sociedade.

• Conclusão: a sociedade resulta da natureza maligna do homem e


em consequência, o direito e o estado surgem com uma função
repressiva e ilimitada em ordem para preservar a segurança e a paz
no estado da vida social. Para Hobbes a liberdade de cada um deve
ser controlada pelo estado, porque o homem em liberdade é um
animal mau e ambicioso que pode colocar em causa a segurança e o
equilíbrio da vida em sociedade.

Iluminismo

Locke ( sec XVII a XVIII)

• Contributo para a HIP: conceito de que o governo deveria ser


limitado no âmbito dos seus poderes . A sua obra fundamental “ two
treaties of government” foi um suporte à mais importante
movimentação politica que eclodiu no sec. XVIII na América e na
Europa : a revolução liberal

• Poder politico: o poder politico era o poder de fazer leis para as


quais se pudesse estabelecer como sanção a pena de morte ou
outras consequências menos graves, de modo a que se pudesse
preservar a propriedade, a segurança, a paz e o bem publico . Assim
sendo, locke acaba por ser o primeiro autor a aformar que o estado é
a única entidade terrena a possuir o direito de vida ou morte sobre os
homens.

• CONTRATO SOCIAL:Entende que todos os homens nascem livres e


iguais e que o homem seria bom ou mau consoante a sua vontade.
Contudo, defende que no estado de natureza não existiriam leis nem
tribunais que pudessem garantir aos homens a plenitude dos seus
direitos, o que levava a que cada um procurasse garanti-los através
de 1 sistema de justiça privada. Racionalmente chegou-se à
conclusão que este sistema poderia conduzir a desigualdades ,
contribuindo para que os homens celebracem entre si um CONTRATO
SOCIAL com o intuito de delegarem no estado certos poderes para
que este se encarregasse de procurar garantir a justiça, liberdade e
proteger a propriedade privada.

• O ESTADO SOCIAL: surge através da vontade contratual do homem


com a finalidade do estado assegurar e garantir alem da paz e da
segurança , a liberdade e a defesa da propriedade, preconizando
deste modo uma intervenção muito mais limitada do estado e do
direito na vida privada.

• Distribuição dos poderes: entendeu que o poder politico se


deveria desdobrar em 3 faculdades:´

o Poder legislativo: tal função deveria ser confiada a um


parlamento (assembleia de representantes do povo por ele
eleitos). Este poder deveria ser confiado ao rei ou ao seu governo
e este poderia ser executado de forma continua e permanente.

o Poder federativo: consistia na capacidade de conduzir as


relações externas e internacionais com os outros estados,
devendo pertencer ao âmbito das funções do rei e respectivo
governo.

o Poder executivo: consistia na capacidade de aplicar as leis aos


casos concretos, fosse por intermédio de administração publica
outribunais. Deveria ser confiado ao rei e ao seu governo e este
poder deveria ser executado de forma continua e permanente.

• Tais limitações visavam a salvaguarda dos direitos individuais


do cidadão.

Montesquieu:

• Contributo para a HIP: foi a sua obra “o espírito das leis” que nasce
da conciliação de 2 tendências opostas: tendência aristocrática de
França e constitucionalismo britânico.

• Principio da separação de poderes:

 Poder legislativo: da competência do parlamento

 Poder executivo: devia pertencer ao rei

 Poder judicial: devia ser entregue aos tribunais

• Estes poderes deviam ser entregues a entidade diferentes, caso


contrario corria-se o risco de se estar perante um tirano que criasse
as suas próprias leis e as aplicasse repressivamente. Este modelo foi
pensado de forma a que os poderes se impeçam uns aos outros de
provocar abusos que prejudiquem os cidadãos e é por isso que o
autor refere que em cada um deles estão contidos as faculdades de
estatuir e impedir ou seja, cada poder detém a possibilidade de tomar
decisões relativas à sua esfera de competências, mas deve
igualmente possuir a capacidade de travar determinadas decisões
dos restantes poderes de estado, de modo a que exista um sistema
de controlo recíproco que impeça qualquer um dos poderes de
assumir controlo sobre os restantes.

• Classificação dos regimes: distingue 3 especies de sistemas:


governo republicano, governo monárquico e governo despótico.

 Governo republicano: a natureza do poder politico assenta


na pertença do poder politico ao povo e ao seu principio
consiste na virtude cívica dos cidadãos.

 Governo monárquico: a natureza do poder politico assenta


na pertença do poder politico ao rei (de acordo com as leis) e o
seu principio consiste na honra

 Governo despótico: a natureza do poder politico assenta na


pertença do mesmo ao próprio tirano, sem qualquer respeito
pelas leis e o seu principio consiste no medo.

• Forma de governo preferida: monarquia limitada apontando 3


limitações fundamentais:

 O governo monárquico devia ser subordinado À lei (sob pena


de se tornar despótico)

 Através da teoria dos “corpos intermédios” defendia que a


monarquia deveria ser limitada pelas autonomias municipais e
corporativas, pelo clero, nobreza e povo pela reunião dos
estados gerais.

 Alem disso, também garante ser necessária uma separação de


poderes dos governantes por forma a promover esta limitação.

Rousseau:

• Contributo para a HIP: foi o autor da obra CONTRATO SOCIAL

• Contrato social: no inicio dos tempos o homem vivia isolado e feliz,


expressando desse modo a sua liberdade, a sua natural bondade e
ausência de conflitos. O estado de natureza seria assim o paraíso
perfeito. Entende Rousseau que a sociedade é que corrompeu a boa
natureza do homem pois desenvolveu o sentimento de posse
decorrendo dai uma substancial alteração da sua natureza, passando
o homem a ser ambicioso , egoísta e causador de perturbação . é
então através da vontade da comunidade geral que se estabelece um
CONTRATO SOCIAL cujo principal objectivo é o de remediar a quebra
de equilíbrio de estado de natureza.

• Sendo apologista de que a maioria tem sempre razão e cuja vontade


geral deve sempre colocar-se acima das vontades menores ,
Rousseau não coloca limites ao estado e ao direito , pois sendo
defensor da soberania popular e da democracia directa ele entende
que esta seria a melhor solução em ordem a salvaguardar os
interesses gerais da população.

• Democracia directa: defensor sob pena de a vontade geral não ser


aplicada, logo os deputados não seriam representantes do povo mas
sim seus comissários ( a quem o povo delegava certas
responsabilidades).

• Defende que todas as leis deveriam ser submetidas a referendo


popular porque é nesse ponto que reside o grande principio da
democracia directa.

• Critica à monarquia e defesa da republica:

 Como defendia que o governo só seria legitimo se


emanasse da vontade geral, criticou os regimes
monárquicos porque assentavam na tradição, costume e
hereditariedade.

• Melhor forma de governo: tinha de possuir as seguintes


características: republica de raízes democráticas; assente na
soberania popular expressa pelo voto e exercida directamente pelo
povo; aquela que o referendo popular sempre que necessário; não
seria necessário separação de poderes porque defendia um sistema
de assembleia do tipo convencional , onde a assembleia legislativa
fosse delegada do povo, o governo seria uma comissão delegada do
legislativo, o chefe de estado seria colegial , tudo inserido na lógica
da delegação de poderes.

Idade contemporânea

Karl Marx

• Contributo para a historia das ideias politicas: As suas obras


“manifesto comunista” e o primeiro volume de “ O capital”, Marz foi
influenciado por dois planos: plano dos factos, devido À reacção
contra as pessimas condições sociais em que vivia o proletariado e o
impacto da sua ascensão devido à conquista do direito de voto, e o
plano das ideias nomeadamente por receber influências de Comte,
Hegel, Darwin, entre outros.

• Materialismo Histórico: pode ser entendido como uma


interpretação da história segundo a qual esta evolui a partir do
choque dos contrários, isto é, através do choque entre teses e anti-
teses. Todavia, no entender de Marx a historia é essencialmente
determiada por factores materiais e económicos e não por causas
morais, espirituais ou politicas.

• Teoria da Historia: Marx interpreta a historia como uma guerra


entre as classes sociais e é por isso que a luta das classes se assume
como o motor fundamental para a evolução histórica O filosofo
defende que no inicio existia o comunismo primitivo e integral dos
bens, mais tarde surgiu a propriedade privada e os meios de
produção (originando a luta de classes) e da luta de classes emanou o
estado capitalista ao serviço da classe exploradora . A partir daqui
originou-se nova luta de classes trabalhadoras contra o Estado
capitalista das quais haveria de emergir uma nova sintese que era o
socialismo a caminho do comunismo. Para este autor , as infra-
estruturas (forças económicas) dominam e comandam as super-
estruturas (direito, politica, religião, moral etc). Sendo assim, Marx
afirma que uma sociedade só se encontra em harmonia consigo
própria quando a infra-estrutura coincide com a supra-estrutura ou
seja, antigamente a produçao era individual ou familiar, pelo que se
justificava que a propriedade dos meios de produção também o
fosse , todavia quando no capitalismo o modo de produção é
colectivo então já não se justifica que a propriedade ainda seja
individual. Para este autor é devido a este facto que se verifica a crise
social e a luta de classes e a solução que se apresenta como viavel
para Marx é a do principio de apropriação colectiva dos meios de
produção, que gerará uma sociedade sem classes.

• Doutrina do estado e do Direito: Assim sendo, a evolução natural


da Historia seria a passagem para a fase de propriedade colectiva
que resultaria da ascensão e vitória do proletariado. Marx entende
que o Estado é um aparelho criado pela classe dominante cuja função
é a de perpetuar a exploração e a opressão do proletariado e quando
ocorrer a inevitavel revolução do proletariado, tomando o poder e
aniquilando a burguesia, então a razão do Estado cessará e o mesmo
desaparecerá. Também o Direito é tido como uma super-estrutura
pois é visto como um mero produto da correlação de forças. Resulta
da expressão da classe burguesa e do próprio capitalismo e como tal
deverá desaparecer com o Estado.
• Concepção acerca da religião e da moral: A religião é o “ópio do
povo” e a sua função é dar aos proletários a possibilidade de
projectar para um futuro distante (paraiso depois da morte) e o bem
estar e felicidade para este mundo. A moral, por seu turno, sendo o
código ético de uma sociedade não se destina a desaparecer no
futuro . Mas Marx destingue uma moral capitalista que morrerá com
ele de uma socialista que nascerá com o socialismo.

• Previsão sobre o advento do socialismo: Marx distingue duas


fases no processo de implantação do socialismo : a fase interior
(ditadura do proletariado ) e a fase superior (comunismo
propriamente dito). A ditadura do proletariado é a fase provisória em
que a classe operária se apossa pela força do Estado e do seu
aparelho repressivo, passando a ocupar as posições chave na
administração pública, economia e sociedade de modo a fazer com
que o Estado opere a extinção da burguesia e o desmantelamento do
capitalismo através da prisão dos principais dirigentes económicos e
da nacionalização das principais empresas. Nesta fase o Estado ainda
terá que persistir para promover uma economia necessária para se
passar à fase seguinte. Nesta fase a economia será organizada de
acordo com o principio “a cada um o seu trabalho”.

• Utopia sobre a sociedade comunista: teriamos uma sociedade


comunista que seria profundamente igualitária e justa desprovida de
classes sociais, onde todos seriam livres e iguais. A atribuição dos
rendimentos seria feita segundo o principio “ a cada um de acordo
com as suas necessidades”. É nesta fase que o Estado se extinguirá.

Benjamim Constant

• Distinção entre a "Liberdade dos Antigos" e a "Liberdade dos


Modernos": A liberdade dos antigos era participatória, uma
liberdade republicana, a qual dava aos cidadãos o direito de
influenciar diretamente as políticas por debates e votos em
assembléia pública. Para poder suportar esse nível de participação,
cidadania era uma obrigação moral pesada que requeria um
considerável investimento temporal e energético. Geralmente, isso
requiria uma sub-sociedade de escravos para fazer muito do trabalho
produtivo, deixando os cidadãos livres para deliberar em questões
públicas. A Liberdade dos Antigos também era limitada para
sociedades relativamente pequenas e homogêneas, nas quais o povo
podia se reunir convenientemente em um local para tratar de
questões públicas. A Liberdade dos Modernos, em contraste, era
baseada na possessão de liberdades civis, na regência da Lei, e na
liberdade de muita interferência estatal. Participação Direta seria
limitada: uma conseqüência necessária do tamanho dos estados
modernos, e também do resultado inevitável de se ter criado uma
sociedade comercial na qual não há escravos mas quase todos têm
de ganhar algo em troca de trabalho. Então diferente da primeira, os
votantes elegeriam representantes, que deliberariam no Parlamento
baseados na vontade popular e salvariam o povo da necessidade de
envolvimento político diário.
• Teoria de Monarquia Constitucional: o poder real deveria ser um
poder neutro, protegendo, balanceando e restringindo os excessos
dos outros, poderes ativos (o executivo ), o legislativo , e o
judiciário ). No esquema de Constant, o poder executivo seria
acreditado um Conselho de Ministros (ou Gabinete) o qual, apesar de
apontado pelo Monarca, seria o supremo responsável pelo
parlamento. Fazendo essa clara distinção teorética entre os poderes
do Monarca (como o chefe de estado) e os ministros (como o
Executivo). Deveria ser notado, porém, que o Monarca não existe
para ser uma figura sem poderes no esquema de Constant: ele
deveria ter muitos poderes, incluindo o poder de fazer apontamentos
judiciais, o poder de dissolver a Câmara dos Deputados e invocar
novas eleições, o poder de apontar os senadores vitalicios, e o poder
de demitir os ministros - porém ele não poderia governar, fazer
política, ou administrar diretamente, já que esses são os poderes dos
ministros responsáveis.

Auguste Comte
• A lei dos três Estados:Observando a evolução das concepções
intelectuais da humanidade, Comte percebeu que essa evolução
passa por três estados teóricos diferentes: o estado 'teológico' ou
'fictício', o estado 'metafísico' ou 'abstrato' e o estado 'científico' ou
'positivo', em que:
▪ No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, por
entidades cuja vontade arbitrária comanda a realidade.
▪ No segundo, já se passa a pesquisar diretamente a realidade, mas ainda
há a presença do sobrenatural, de modo que a metafísica é uma transição entre a
teologia e a positividade.
▪ No terceiro, os fatos são explicados segundo leis gerais abstratas, de
ordem inteiramente positiva, em que se deixa de lado o absoluto (que é inacessível)
e busca-se o relativo.

Tocqueville

• Democracia:a democracia se realizava com a liberdade e sem dúvida, cada nação terá
seu próprio desenvolvimento democrático. Porém todas caminharão para uma situação
de condições igualitárias, e nesse processo o povo se tornará cada vez mais homogêneo.
O processo de igualização pode envolver desvios perigosos, que levem à perda da
liberdade:
1º perigo: tirania da maioria a cultura igualitária de uma maioria poderia destruir as
possibilidades de manifestação de minorias ou mesmo de indivíduos diferenciados. É
contra o individualismo.
2º perigo: o surgimento de um Estado autoritário despótico; neste caso o Estado dos
poucos tomaria para si todas as atividades, assim, intervindo também, nas liberdades
fundamentais. A atividade política dos cidadãos pode impedir que estes perigos
ocorram. A existência e a manutenção de certas instituições podem dificultar bastante o
surgimento de um Estado autoritário e mesmo de uma sociedade massificada.

• Despotismo: O Estado despótico seria um Estado que comandaria um povo


massificado, preocupado apenas com suas pequenas atividades particulares. A
democracia não precisa apenas ser igualitária, ela pode permitir aos homens serem
livres.

• Critica ao socialismo: Ele condena o socialismo, pois um Estado intervencionista


agigantado seria o único responsável, pela direção política da nação (desaparecendo a
liberdade dos cidadãos)..Os cidadãos deveriam lutar pelos seus ideais liberais. Para
Tocqueville, as revoluções em determinados momentos são necessárias, por exemplo,
nas nações onde os cidadãos não são capazes de conduzir o processo democrático com
liberdade.

Stuart Mill (pag 229)

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