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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação


Especialização em Informática na Educação
Espie 00018: Ambientes Digitais no Processo de Ensino Aprendizagem
Prof. Dra. Lucila Costi Santarosa
Aluno: Daniel Sant’Anna Bittencourt

Resumo da obra, Vigotsky e a Aprendizagem Escolar

Ricardo Baquero

O livro esta ordenado em três partes.


1ª – Apresentação da Teoria Sócio Histórica
2ª – Análise dos fenômenos educativos na teoria do desenvolvimento
3ª – Exploração de conotações da obra vygotskiana em educação

Parte I

Capitulo 1 Contextualização da vida e obra de Vygotsky

Lev Semionovich Vygotsky, nasceu em Orsha , cidade da Bielorrussia em 5 de


novembro de 1896, descendente de uma família judaica de posses, teve grande estimulo
para atividade cultural e intelectual, que desenvolveu até 10 de junho de 1934, aos 37
anos quando de seu falecimento por tuberculose. Em 1913 ingressou nas faculdades de
psicologia e direito no qual se graduou em ambas em 1917, anos mais tarde preocupado
em conhecer a neurofisiologia das funções psicológicas Vygotsky estudou medicina,
também aprofundou estudos em filosofia e história. Este currículo possibilitou a
Vygotsky formular uma genuína psicologia marxista capaz de relacionar os princípios
mais gerais do marxismo e as teorias psicológicas mais específicas.

Segundo Vygotsky “A dialética abarca a natureza, o pensamento, a história: é a ciência


mais geral, universal até o máximo. Essa teoria do materialismo psicológico ou dialética
da psicologia é o que considero psicologia geral. ...” (cf. Vygotsky, 1927:389)

O educativo para Vygotsky constitui simultaneamente:


* um campo profissional próprio
* um campo de aplicações da pesquisa psicológica
* um problema inerente a sua teoria geral do desenvolvimento psicológico.

Relação Pedagogia Î Psicologia Î PPS Î associada a educação formal Î aculturação e


humanização (Riviere, 1988)
Segundo Basil Bernstein, Vigotsky e sua obra foram resgatados no seu tempo, pelo
campo educacional e pedagógico, a fim de entender o desenvolvimento cognitivo nas
práticas educativas a partir da década de 70 quando houve mudanças na composição
social das populações escolares.

Capitulo II – Idéias Centrais da Teoria Sócio-Histórica

Apresenta as teses centrais da teoria dos Processos Psicológicos Superiores PPS, os


instrumentos de mediação e as características do enfoque genético vygotskiano.

• Os PPS têm uma origem histórica e social


• A tese de que os instrumentos de mediação (ferramentas e signos) cumprem um
papel central na constituição dos PPS
• A tese de que se deve abordar os PPS segundo processos de sua constituição, a
partir de uma perspectiva genética.

A origem dos PPS

Os PPS originam na vida social recebem influência do meio ambiente.

PP ElementaresÆ influência genética

PPS rudimentaresÆ linguagem oral adquirido na vida social por internalização de


atividades socialmente organizadas Æ processos de socialização genéricos, como a fala.

PPS avançadosÆ linguagem escrita Æ processos de socialização específicos Æ


escolarização

Domínios genéticos e linhas de desenvolvimento

1- Linha cultural de desenvolvimento Æ trata os processos de apropriação e


domínio dos recursos que a cultura dispõe
2- Linha natural de desenvolvimento Æ trata os processos de maturação e
crescimento

Os processos de interiorização

Os processos de interiorização seriam os criadores de consciência.


Lei de dupla formação ou Lei genética geral do desenvolvimento cultural

Desenvolvimento cultural Æ 1º em nível social Æ interpsicológica


Æ 2º em nível individual Æ interpsicológica

Aplica-se Æatenção voluntária Æ memória lógica Æ formação dos conceitos

A internalização se trata de um processo mediante o qual se concretiza esta


reorganização de uma função psicológica desde o plano interpsicológico ao plano
intrapsicológico.
Riviere, define o sujeito “ O sujeito (...) não é um reflexo passivo do meio nem um
espírito anterior ao contato com as coisas e as pessoas . Pelo contrário é um resultado da
relação. E a consciência não é, digamos, um manancial que origina signos, mas o
resultado dos próprios signos. As funções superiores não são apenas um requisito da
comunicação , mas o resultado da própria comunicação”.

Linguagem Î ComunicaçãoÎ Formação dos sujeitos Î Regulação do


comportamento Î instrumento influenciador do meio social

Capitulo III- Analisa as relações entre pensamento e linguagem no contexto da


teoria.

Desenvolvimento da fala interior


Fala social Æ Fala Egocêntrica (própria da pessoa, indecifrável)Æ Fala interior

Funções da Linguagem

Função de sinalização x função significativa


Função social x função individual
Função comunicativa (inter)x função intelectual (intra)
Função indicativa x função simbólica.

“Significação é a criação e o uso de signos, ou seja , de sinais artificiais” (Vygotsky,


1934:84-85)

Linguagem ÍÎSignificado da Palavra “como unidade de e para” ÍÎ Pensamento

Evolução dos significados:


1- Mudança da estrutura dos significados das palavras ao longo do
desenvolvimento do sujeito.
Função dos significados:
2- Refere-se as variações que o significado pode sofrer quando mudam as formas
de funcionamento do pensamento.

Desenvolvimento do significado das palavras.


1ª Pensamento sincrético
2º Pensamento por complexos – experiência real-concreta Æ formação de
pseudoconceitos
3º Pensamento conceitual – intrapsicológico – conceitos artificiais -valor abstrato
- interpsicológico – conceitos científicos

Sentido – dinâmico, variável conforme contexto e experiências, individual do sujeito


Significado – uso convencional,definição convencionada, é social.

Na Linguagem Interior há predominância do sentido, despreocupação com fidelidade


convencional.
Na Linguagem Social – eficácia através do significado.

Pensamento Î Linguagem [decompõe pensamento] [compõe palavras]


Motivação impulsiona o pensamento

Parte II

Capitulo IV – Processos de desenvolvimento e as práticas educativas

Desenvolve a tese do caráter inerente dos processos educativos nos processos de


desenvolvimento psicológico, analisando algumas características dos processos de
aprendizagem escolar.

O desenvolvimento se liga aos processos de interiorização e estes aos dispositivos de


interação onde se figuram possibilidades especificas de funcionamento psicológico
intersubjetivo.

A educação é o domínio engenhoso dos processos naturais de desenvolvimento.


No desenvolvimento cultural , os PPS são processos artificiais.

A escolaridade deve privilegiar o acesso ao domínio de instrumentos de mediação e


permitir o acesso às formas de conceitualização próprias da ciência.

As ferramentas psicológicas são formações artificiais, sociais por natureza, seu objetivo
é governar os processos de atuação que determinam graus de governabilidade de
conduta.

Processos de desenvolvimento consistem na apropriação de objetos, saberes, normas e


instrumentos culturais em contextos de atividade sociais.

A aprendizagem escolar e o desenvolvimento.

Em processos de escolarização:

As formas avançadas dos PPS dependem da participação do sujeito em atividades


sociais especificas, reguladas por dispositivos culturais que se proponham ao
desenvolvimento subjetivo também especifico.

Língua escrita [significado]Æ[Grau de contextualização como instrumento mediador a


linguagem oral ]Æ Linguagem Interior[sentido]

A prática pedagógica deve desenvolver no sujeito a necessidade de aquisição da língua


escrita e do desenvolvimento de estratégias voluntárias e deliberadas de trabalho, ou
seja desenvolvimento de formas de consciência e vontade superiores.

É feita a análise genética da linguagem escrita através das formas de simbolização ao


longo da vida da criança: desenvolvimento dos gestos, jogo simbólico, desenho,
linguagem oral.
Leitura não é habilidade motora e sim modalidade de linguagem para práticas culturais
especificas. A escrita deve ser ensinada de forma natural, conforme o interesse e as
necessidades da criança. Sugere planejar atividades de “brinquedo”.

Desenvolvimento dos conceitos científicos

Î Definição verbal Î remissão comentada Î sistema conjunto onde o conceito ganha


sentido

Diferencia –se dos conceitos cotidianos: o caminho é inverso Îdo geral ao especifico.

Î Definição verbal primária Æ concreto Æ fenômeno

Conceitos quotidianos Î são limitados em sua capacidade de abstração


Conceitos científicos Î verbalismos e sua insuficiente saturação do concreto

V – A Zona de Desenvolvimento Proximal – ZDP e a análise das práticas


educativas

ZDP “é a distância entre o nível real de desenvolvimento, determinado pela capacidade


de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em
colaboração com outro companheiro mais capaz” (cf. Vygotsky, 1988:133)

Zona de Desenvolvimento Próximal – ZDP- e as particularidades que seu uso


proporcionou no terreno educativo.

A ZDP prevê:
Î desenvolvimento de autonomia no futuro

O brinquedo (com caráter simbólico) é definido como formador de ZDP, pois é uma
atividade cultural típica da criança.Assim como o trabalho é para o adulto, na medida
que envolve a criança em graus maiores de consciência das regras de conduta, e nos
comportamentos previsíveis dentro do cenário construído. Vygotsky defendia o caráter
antecipatórios e preparatórios dos brinquedos para vida real.
Nem toda atividade lúdica gera ZDP, assim como nem toda aprendizagem nem ensino o
fazem.O brinquedo pode instalar situações imaginárias e a sujeição a certas regras de
conduta.

O autor destaca interessantes estes elementos comuns nas situações de brinquedo


também nas situações escolares:

1- Presença de uma situação ou cenário imaginárioÎ contextos não presentes.


2- Presença de regras de comportamento socialmente estabelecidas.
3- Presença de uma definição social da situação.
A interação verbal é imprescindível pois colabora na criação de intersubjetividade.
A ZDP e o suporte

Suporte é uma situação de interação entre um sujeito especializado e um menos


especializado. A atividade se resolve colaborativamente, tendo no inicio, o controle
maior por parte do especialista, sendo delegado aos poucos ao novato.

O suporte deve ser:


- ajustável, de acordo com o nível de competências
- temporal, adequado a possibilitar autonomia.
- audível e visível, o novato precisa ter consciência que esta sendo assistido.

Griffin e Cole assinalaram que o formato de suporte deixa em aberto o problema da


criatividade no desenvolvimento da criança, já que os avanços adultos que regulam as
aquisições possíveis da criança. (Griffin e Cole, 1984).

Engeström reintera que o dispositivo de suporte parece orientado para aquisição do


dado, mas seria limitado a possibilidade de um salto para uma idéia nova.(cf Engeström,
1986 e Cazden,1991) E foi mais além dizendo que os trabalhos iniciais da Psicologia
Sócio-histórica deram maior ênfase aos processos de aquisição, assimilação e
internalização das ferramentas e sistemas de signos culturais, do que aos processos de
“criação”. Por isso, indica que mesmo:“O conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal de Vygotsky está, ele mesmo, necessitando de desenvolvimento”. Cazden
“diferencia o fato de ajudar uma criança a dar uma resposta concreta e ajudá-la a
conseguir uma compreensão conceitual a partir da qual possa construir no futuro
respostas a perguntas similares” (cf. Cazden 1991:121)

A ZDP , a atividade e a apropriação.

Para Leontiev “Na atividade,o objeto é transformado em forma subjetiva ou imagem, ao


mesmo tempo, a atividade é convertida em resultado objetivo ou produto.

A atividade é o processo de transformações recíprocas entre:

Sujeito ÍÎ Atividade ÍÎ Objeto

As atividades são compostas por ações independentes, cada qual com uma finalidade.
As atividades são uma espécie de contexto sócio-cultural definido, com apropriação dos
motivos de atividades relativas, por exemplo, ao brinquedo, à aprendizagem escolar, à
interação entre pares e ao trabalho.

Leontiev, discípulo de Vygotsky Î “TEORIA DA ATIVIDADE”

Apropriação é símile ao conceito de adaptação ressaltando as descontinuidades entre os


processos culturais e naturais, é um processo ativo. É preciso efetuar a atividade
correspondente que esta concretizada no objeto ou no fenômeno considerado. É preciso
comunicação prática e verbal.
A ZDP , Análise de Práticas educativas

O avanço do desenvolvimento depende de atividades colaborativas, que desempenhem a


autonomia do sujeito.

Parte III

VI – Leituras e visões: Os usos da teoria.

Descrição e análise sobre leituras da obra de Vygotsky e sobre as conseqüências que se


inferem em relação aos fenômenos educativos.

Fala – processo natural


Escrita – processo artificial específico, que deve ser conduzido de forma natural,
despertando o interesse, exige motivação.

As visões vygotskianas sobre o discurso escolar.


• Importância dos processos comunicativos
• Desenvolvimento autônomo e criativo
• Desigual distribuição do conhecimento
• ZDP e o ensino por suporte

“ Os PPS formam-se no sujeito em virtude de seu caráter ‘comunicável’ como o


‘apropriável’, como aqueles processos suscetíveis de serem transmitidos
intersubjetivamente” (cf. Baquero, 1995 a)
Competência Comunicativa – apropriação de suas regras de saber como participar.

Interações Docente-Aluno

Os intercâmbios discursivo em classe podem ser analisados como funcionamento


psicológico intersubjetivo, possuindo relações com as categorias de ZDP e de “suporte”
Onde a intervenção docente acontece fornecendo pistas, guiando, persuadindo e
corrigindo os pensamentos e estratégias dos sujeitos.

IRA ( inicio, resposta, avaliação). Inicio do professor, resposta da criança, e avaliação


como modelo mais corrente de discurso escolar em todos os graus.
IRF – onde o feed back é capaz de induzir no aprendiz um novo modo de observar,
categorizar, reconceitualizar os fenômenos submetidos a discussão.

Considera importante a apropriação das respostas dos alunos e resignificá-las numa


lógica discursiva diferente.

Interação entre pares

Possibilita uma alternância ou complementação de papéis, de indagar e


responder,fornecer informação ou solicita-las, seguir indicações ou dá-las.
VII- Alguns Problemas Vygotskianos na Encruzilhada de Sujeito e Escola: O
trabalho Escolar e as práticas de governo.

Apresenta algumas relações entre o enfoque sócio histórico e as interpretações das


práticas pedagógicas como “prática de governo”.

a) Apropriação de modalidades de uso do discurso, o domínio de conhecimentos e


de habilidades cognitivas
b) A atividade é significada recíproca e assimetricamente. O docente é um produtor
de significações
c) Os objetivos da tarefas e a direção do desenvolvimento são significados pelos
que definem e controlam os processos de produção de conhecimento.

A perspectiva do trabalho escolar

A posição de aluno como uma espécie de “oficio”

Trabalho escolar prevê:

• Atividade continuada pelo sujeito


• Graus de controle de consciência e voluntariedade, através de motivações
culturais
• Sujeição à regras e procedimentos

Princípios de aprendizagens:

• Grande parte do ensino deve ser: ativa,estratégica, consciente, auto motivada e


reflexiva.
• As salas de aulas devem criar zonas múltiplas de desenvolvimento proximal em
razão dos estados iniciais desiguais, devido aos diferentes caminhos e as
velocidades diferentes
• Necessidade de legitimar as diferenças para aumentar as potencialidades da
diversidade de competências.
• Existência de uma base dialógica, o conhecimento deve ser compartilhado em
função das diferenças.Considera-se que as atividades dialógicas são
interiorizadas e incorporadas aos processos de reflexão dos membros da
comunidade.

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