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ÉTICA, CULTURA E ARTE

Introdução

Esta parte da Coletânea trata da riqueza das manifestações artísticas e as tendências no


universo cultural. Os textos e as obras de arte selecionadas têm o objetivo de colocar o leitor
em contato com temas relativos às diversas manifestações culturais. A diversidade de
formas de expressão artístico-culturais relacionadas oportuniza o contato com variadas
manifestações da atividade humana, condição fundamental para o processo de
humanização dos indivíduos.

É importante considerar que o problema da cultura nos remete ao modo como os homens
constroem a sua relação com a natureza, com os outros indivíduos, bem como às
consequências dessas interações. Assim, propõe-se a reflexão sobre as formas artísticas e
culturais que expressam as capacidades humanas no contexto das intensas transformações
sociais atuais.

Será que as obras canônicas ocupam lugar de destaque na era da globalização? Para
compreender a importância de uma obra literária é preciso realizar sua leitura de capa a
capa? Abaixo, Umberto Eco sugere reflexões como essas e algumas curiosidades sobre o
que leem ou deveriam ler os estudantes contemporâneos.

N
A ERA DA GLOBALIZAÇÃO, O QUE DEVERÍAMOS LER?
Por Umberto Eco

“O Cânone Ocidental” de Harold Bloom define o cânone literário como “a escolha de livros
em nossas instituições de ensino”, e sugere que a verdadeira questão que ele suscita é: “o
que o indivíduo que ainda deseja ler deveria tentar ler, a essa altura da História?” E ele
observa que, na melhor das hipóteses, dentro do tempo de uma vida é possível ler somente
uma pequena fração do grande número de escritores que viveram e trabalharam na Europa
e nas Américas, sem contar aqueles de outras partes do mundo. Mesmo nos atendo
somente à tradição ocidental, quais são os livros que as pessoas deveriam ler? Não há
dúvidas de que a sociedade e a cultura ocidentais foram influenciadas por Shakespeare,
pela “Divina Comédia” de Dante, e – voltando atrás no tempo – por Homero, Virgílio e
Sófocles. Mas será que somos influenciados por eles porque os lemos de fato em primeira
mão?

Isso lembra o argumento de Pierre Bayard, em “Como Falar Sobre Livros que Você Não
Leu”, de que não é essencial ler de fato um livro de capa a capa para entender sua
importância. Por exemplo, é nítido que a Bíblia teve uma profunda influência tanto sobre a
cultura judaica como sobre a cristã no Ocidente, e mesmo sobre a cultura de não-crentes –
mas isso não significa que todos aqueles que foram influenciados por ela a tenham lido do
começo ao fim. O mesmo pode se dizer sobre os escritos de Shakespeare ou James Joyce.
É necessário ter lido o Livro dos Reis ou o Livro dos Números para ser uma pessoa culta ou
um bom cristão? É necessário ter lido Eclesiastes, ou basta simplesmente saber em
segunda mão que ele condena a “vaidade das vaidades”?

Sendo assim, a questão do cânone não é homóloga à do currículo escolar, que representa o
conjunto de obras que um estudante deverá ter lido ao fim de seus estudos. Hoje o
problema é mais complicado do que nunca e, durante uma recente conferência literária
internacional em Mônaco, houve um debate sobre o lugar do cânone na era da globalização.
Se roupas de marca “europeias” são produzidas na China, se usamos computadores e
carros japoneses, se até em Nápoles comem hambúrgueres em vez de pizza – resumindo,
se o mundo encolheu a dimensões provincianas, com estudantes imigrantes em todo o
mundo pedindo para aprender sobre suas próprias tradições – então como será o novo
cânone?

Em certas universidades americanas, a resposta veio na forma de um movimento que, mais


do que “politicamente correto”, é politicamente estúpido. Como temos muitos estudantes
negros, algumas pessoas sugeriram ensinar-lhes menos Shakespeare e mais literatura
africana. Uma ótima piada à custa de todos aqueles jovens destinados a saírem pelo mundo
sem entender referências literárias universais como o solilóquio do “ser ou não ser” de
Hamlet – e, portanto, condenados a permanecerem à margem da cultura dominante. Se
tanto, o cânone existente deveria ser expandido, e não substituído. Como foi sugerido
recentemente na Itália, a respeito de aulas semanais de religião nas escolas, os estudantes
deveriam aprender algo sobre o Corão e os ensinamentos do Budismo, bem como sobre os
Evangelhos. Assim como não seria mau se, além de suas aulas sobre a civilização grega
antiga, os estudantes aprendessem algo sobre as grandes tradições literárias árabe, indiana
e japonesa.

Não faz muito tempo, fui a Paris para participar de uma conferência entre intelectuais
europeus e chineses. Foi humilhante ver como nossos colegas chineses sabiam tudo sobre
Immanuel Kant e Marcel Proust, sugerindo paralelos (que poderiam estar certos ou errados)
entre Lao Tsé e Friedrich Nietzsche – enquanto a maioria dos europeus entre nós mal
conseguia ir além de Confúcio, e muitas vezes com base somente em análises em segunda
mão.

Hoje, no entanto, esse ideal ecumênico esbarra em certas dificuldades. Você pode ensinar a
jovens ocidentais a “Ilíada” porque eles ouviram algo sobre Heitor e Agamêmon, e porque
seus rudimentos de cultura incluem expressões como “o julgamento de Páris” e “calcanhar
de Aquiles” (embora em um recente exame de admissão de uma universidade italiana um
candidato tenha pensado que o termo “calcanhar de Aquiles” se referia a uma doença, como
cotovelo de tenista). Ainda assim, como conseguir fazer com que esses estudantes se
interessem pelo poema épico sânscrito “O Mahabharata”, ou pelos poemas dos “Rubaiyat
de Omar Khayyam” de forma que essas obras permaneçam em suas memórias? Será que
realmente podemos adaptar o sistema educacional a um mundo globalizado quando a vasta
maioria dos ocidentais cultos ignora totalmente que, para os georgianos, um dos maiores
poemas na história literária é “O Cavaleiro na Pele de Pantera” de Shota Rustaveli? Quando
acadêmicos não conseguem nem concordar se, na versão georgiana original, o cavaleiro do
poema está na verdade usando uma pele de pantera e não de tigre ou de leopardo?
Chegaremos sequer a esse ponto, ou continuaremos simplesmente a perguntar: “Shota o
quê?”

Fonte:
ECO, Umberto. Na era da globalização, o que deveríamos ler? The New York Times.
Disponível: http://noticias.uol.com.br/blogs-colunas/colunas-do-new-york-times/umberto-
eco/2011/01/03/na-era-da-globalizacao-o-que-deveriamos-ler.jhtm. Acesso em 25 abr. 2010.

A seguir, uma das declarações sobre o crescimento de jornais na Índia que chama a
atenção é a do editor- chefe do terceiro maior diário desse país, Siddarth Varadarajan: “A
renda e a alfabetização da população estão subindo e ler jornal dá um status que a TV não
dá”. Esse crescimento sinaliza a importância desse momento histórico para a sociedade
indiana. Confira, no artigo, informações relevantes sobre esse fato.

J
ORNAIS VIVEM EXPANSÃO INÉDITA NA ÍNDIA
Por Raul Juste Lores

Os distribuidores de jornais na Índia, que carregam centenas de exemplares em bicicletas e


são reconhecidos pela pontaria com que distribuem seu produto, andam com trabalho extra.

A indústria jornalística da Índia já tem mais jornais que Estados Unidos e China juntos. Seus
2.700 jornais representam 40% mais títulos que em 2005.

A publicidade cresceu 45% em 2010, o faturamento médio cresceu 13% nos últimos cinco
anos e chegou a US$ 3,8 bilhões (em 2014, deve saltar para US$ 6 bilhões).

"A renda e a alfabetização da população estão subindo e ler jornal dá um status que a TV
não dá", diz o editor-chefe do terceiro maior diário do país, "The Hindu", Siddarth
Varadarajan. "Vamos crescer por mais 30 anos."

O analfabetismo na Índia ainda é de 37% (no Brasil, é de 9,5%) e 20% são analfabetos
funcionais. Mas, há 30 anos, 70% dos indianos eram analfabetos. O PIB do país cresceu 2,5
vezes na última década. Só os 20 maiores diários vendem 40 milhões de exemplares por
dia.

O potencial atraiu investidores internacionais para aproveitar a bonança. O tabloide britânico


"Daily Mail" criou sua versão indiana em parceria com o grupo local India Today, com
investimento de US$ 15 milhões. Com 48 páginas, em inglês, tem uma tiragem diária de 200
mil exemplares.

Para não ferir a sensibilidade local, as mulheres despidas do original britânico foram
substituídas por astros de Bollywood e do críquete indiano. "Há espaço para vários
formatos, pois o leitor indiano quer novidades. É a geração do primeiro jornal", diz Manoj
Joshi, editor do "Daily Mail India".
Outras mídias vivem boom semelhante. O país já tem 72 milhões de assinantes de TV a
cabo, ante 1,2 milhão em 1992. Proporcionalmente, já com mais penetração que no Brasil,
onde os assinantes são 10 milhões.

Com a expansão da telefonia celular - há 700 milhões de celulares no país-, os jornais têm
usado as mensagens instantâneas para enviar notícias e publicidade.

Os principais jornais do país são vendidos a 4 rupias (o equivalente a R$ 0,15) e se


sustentam totalmente na publicidade, atrás dessas tiragens milionárias.

Os jornais são bastantes simples, com fotos pequenas e design acanhado. Têm, no
máximo, dois ou três cadernos e poucos correspondentes no exterior. Fofocas sobre os
astros de Bollywood, a indústria de cinema local, ocupam boa parte do noticiário.

Em um país ainda muito pobre, com uma renda per capita que é um terço da brasileira,
batalhões de catadores de papel recolhem jornais velhos e vendem às empresas
jornalísticas, que reciclam o papel-jornal. Há poucas bancas. Redes de entregadores
distribuem os jornais, sempre por assinatura, nas maiores cidades do país (não há uma
distribuição nacional).

Há uma hierarquia jornalística no país. Apesar de ter tiragens mais modestas, os jornais em
inglês são os que dominam a publicidade e cobram os anúncios mais caros, por chegar às
elites do país e à massa mais educada.

Com uma circulação de 4 milhões, o "Times of India" é o maior jornal em inglês do mundo.
Mas, no país, ele é apenas o 11º em circulação.

Como um exemplar é lido por mais de uma pessoa, estima-se que 13 milhões leiam o
"Times" diariamente.

Mas os jornais que mais crescem são os das outras 22 línguas oficiais do país, fora do eixo
Nova Déli-Mumbai.

A circulação de jornais em hindi, idioma mais falado do país, triplicou em 15 anos, chegando
a 25 milhões no ano passado. Outros em tamil e bengali seguem a mesma ascensão.

Fonte:
LORES, Raul Juste. Jornais vivem expansão inédita na Índia. Folha de S. Paulo. Disponível
em <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0202201114.htm> Acesso em 25 abr.
2011.

A partir das “10 estratégias de manipulação midiática”, objetivamente elaboradas pelo


filósofo, linguista e ativista estadunidense Noam Chomsky, podemos constatar algumas das
peripécias, sutilezas e manipulações que atuam por trás da mídia, a qual exerce o domínio e
o controle sobre uma grande massa populacional, no intuito de mantê-la passiva, acrítica,
alienada e submissa às autoridades, sistemas e classes dominantes.
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0 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA
Por Noam Chomsky

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar
a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites
políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações
e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para
impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da
economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público
distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância
real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de
volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras
tranqüilas’)”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES


Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma
“situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante
das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se
intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público
seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também:
criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos
direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a
conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas
radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990:
Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários
que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma
revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo
“dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação
futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro,
porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa,
tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o
sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com
a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE


A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos,
personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade,
como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto
mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante.
Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou
menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta
ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou
menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO


Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na
análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do
registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou
enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE


Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos
utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes
sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da
ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e
permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para
guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE


Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE


Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por
causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços.
Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e
culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua
ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM


No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente
brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites
dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem
desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como
psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que
ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce
um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si
mesmos.

Fonte:
CHOMSKY, Noam. 10 estratégias de manipulação midiática. Escrivinhador.
Disponível: <http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/noam-chomsky-10-
estrategias-de-manipulacao-midiatica-2.html> Acesso em 31 jan. 2010.

Um dos oito trabalhos selecionados para o Festival de Cannes e que serão exibidos no dia
20 de maio foi o curta-metragem de Tiara Curti Félix, cuja cidade natal é Paranavaí e,
atualmente, reside em Londres. Sua história demonstra o quanto vale a pena investir nos
estudos e colocar em prática os projetos que podem fazer a diferença. Leia, a seguir, a
notícia completa e fique por dentro do conteúdo significativo que compõe o curta-metragem
de Tiara.

C
INEASTA NASCIDA EM PARANAVAÍ TEM FILME EXIBIDO NO FESTIVAL DE
CANNES
Por Thiago Ramari

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novamente. Seu nome: Seu e-mail: Enviar para: Escreva os e-mails das pessoas para as
quais deseja enviar, separando-os endereços por vírgulas. Seu comentário | Máximo de 500
caracteres (0). Enviar X fechar. Quando recebeu o e-mail informando que o seu curta-
metragem tinha sido selecionado para o Festival de Cannes, a paranaense Tiara Curi Félix,
27 anos, teve uma reação ligeiramente patética. “Fiquei procurando a câmera, para ver se
era uma pegadinha”, contou à Gazeta Maringá, pela internet, diretamente de Saint-Étienne,
uma pequena cidade a 60 quilômetros de Lyon, na região Leste da França, onde mora há
nove meses com o marido.

O comunicado chegou no dia 13 de abril, a pouco menos de um mês do Festival de Cannes,


que ocorrerá de 11 a 22 de maio, com júri presidido pelo ator norte-americano Robert De
Niro. Passada a euforia inicial, que incluiu uma noite de insônia, Tiara espalhou a boa nova
aos familiares e amigos, muitos deles moradores de Maringá, Matinhos e Curitiba - na
cidade-natal, Paranavaí, ela não tem mais conhecidos.

O curta, de quase 14 minutos, foi filmado em 2010, no último ano do curso de cinema que
Tiara fez em Paris, na École Internationale de Création et Réalisation Audiovisuelle (Eicar).
Depois de pronto, ela o enviou para o concurso de jovens cineastas promovido pelo
Banlieuz’Art. O trabalho foi um dos oito selecionados para ser exibido, no dia 20 de maio, no
Festival de Cannes.

Além de Tiara, o Brasil será representado pela dupla Juliana Rojas e Marco Dutra (com o
longa “Trabalhar Cansa”) e Ana Furtado (com o curta “Duelo Antes da Noite”), nenhum na
Seleção Oficial - na qual os filmes concorrem ao prêmio principal, a Palma de Ouro. Mesmo
assim, eles vão dividir as telas com Pedro Almodóvar (“La Piel Que Habito”), Woody Allen
(“Midnight In Paris”) e Lars Von Trier (“Melancholia”).

O filme
“La Rose” é protagonizado pelos atores franceses Maryvonne Schiltz e Jean-Pierre Moulin.
A primeira tem uma longa carreira na televisão e o segundo atuou em filmes de cineastas
consagrados, a exemplo de Jacques Doillon (“L’An 01”, de 1973), François Truffaut (“O
Quarto Verde”, de 1978) e Cédric Klapisch (“Paris”, de 2008), além de ter dublado o
personagem Dupond da animação Tintim na versão francesa.

Os atores vestem a pele de Mathilde e Jacques, dois viúvos à beira dos 70 anos, que se
conhecem em um parque na França. Como raramente recebe visitas, a primeira inventa que
se casará com o novo amigo, para forçar os filhos a lhe fazerem companhia em um jantar,
como nos velhos tempos. O argumento, trabalhado com delicadeza no roteiro, também
assinado por Tiara, revela a realidade dos idosos que vivem praticamente abandonados.
A ideia para o roteiro veio de uma conversa despretensiosa em um ponto de ônibus na
capital francesa. “Uma velhinha começou a puxar papo comigo e, então, percebi o quanto
ela se sentia sozinha”, lembrou Tiara. “O simples fato de eu ter sido um pouco simpática e
ter aberto espaço fez com que um enorme diálogo se criasse entre nós, atraindo até outros
velhinhos que estavam no local.”

O orçamento de “La Rose” foi de menos de 10 mil euros – parte financiado por Tiara e outra
parte, pela Eicar. Toda a equipe de produção foi voluntária no projeto, classificado como
independente. No total, foi um mês de preparação, cinco dias de filmagem e quase oito
meses de edição - um longo tempo de trabalho duro que levarão uma paranaense a um dos
mais importantes festivais de cinema do mundo.

A trajetória, de Paranavaí a Cannes

A cineasta Tiara Curi Félix, 27 anos, viveu a maior parte da vida no Paraná. Ela nasceu em
Paranavaí, no Noroeste do estado, mas se mudou para Curitiba aos três meses de idade.
Foi durante a adolescência na capital que ela começou a desenvolver sua veia artística.
“Como era muito tímida, comecei a fazer teatro e peguei gosto pela coisa”, contou.

Ela estudou na Academia de Artes Cênicas Cena Hum, em Curitiba, dos 14 aos 17 anos.
Depois disso, foi embora para São Paulo, já propensa a seguir carreira artística. Lá,
continuou com os estudos cênicos no, Teatro Escola Macunaíma, até ir para Paris, aos 24
anos, para estudar direção de cinema na École Internationale de Création et Réalisation
Audiovisuelle (Eicar).

A mudança do teatro para o cinema se deve ao fato de que, enquanto estudava para os
palcos, Tiara participou de curtas e de longas-metragens, tanto na produção como na
figuração. O curso parisiense terminou em 2010, no mesmo ano em que ela se casou.
Atualmente, mora em Saint-Étienne, onde trabalha na produtora de documentários DDM et
Les Films Pour Demain.

Durante o curso na Eicar, Tiara participou dos concursos anuais que elegem o melhor entre
os roteiros escritos pelos alunos para produção em película 35 mm. Ela venceu por duas
vezes. A primeira foi em 2009, com o filme “Esprit Volé” (“Alma Roubada”); e a segunda, em
2010, com “La Rose”, que será exibido no Festival de Cannes, por ser um dos oito
selecionados pelo Banlieuz’Art.

Diretores favoritos? Tiara tem dois: o servo Emir Kusturica e o espanhol Pedro Almodóvar.
Entre os dois, a paranaense parece pender em favor do primeiro, que vai presidir o júri da
mostra paralela Un Certain Regard. “Kusturica é um gênio”, disse. “Ele mistura loucura e
alegria com poesia, em filmes que são, ao mesmo tempo militantes e sensíveis.”

Fonte:
RAMARI, Tiago. Cineasta nascida em Paranavaí tem filme exibido no festival de Cannes.
Gazeta Maringá. Disponível em:
http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=1118510&tit=Cineasta-
nascida-em-Paranavai-tem-filme-exibido-no-Festival-de-Cannes. Acesso em 25 abr. 2011.

O que significa Arte Pública? Você já parou para pensar nisso? Você já teve a oportunidade
de apreciar os monumentos em exposição na Praça do Conhecimento do Cesumar? Em
suma, a Arte Pública eterniza momentos e valores históricos que, muitas vezes, não
conseguimos mensurar por meio de palavras, mas a importância de tais momentos e
valores se tornam evidentes para nós a partir de nossas reflexões. Então, aproveite os
fragmentos de textos a seguir e a imagem da PRAÇA DO CONHECIMENTO para refletir!

O
BRA TRIDIMENSIONAL: PRAÇA DO CONHECIMENTO

Vários autores, como Lagnado et al. (2002) entre outros, acreditam que há uma dívida
acerca da definição de arte pública, que a aborda como arte em espaços públicos ou
essência pública da arte. Todos nós acreditamos que, de um modo ou de outro, a arte
pública possui uma busca de um estilo próprio da produção artística e do acesso a ela.

Neste contexto, o músico e poeta Arnaldo Antunes apud (LAGNADO et al., 2002) considera
que: Arte pública é arte de graça, é arte que você não paga para ver, é arte que as pessoas
têm acesso sem ter que pagar ingresso. Arte pública é arte sem mercantilização. É aquilo
que está na rua, na praça ou em exposição aberta. São as formas de arte acessíveis à
maioria da população que não tem grana e que pode, então, conviver com aquilo. Não
precisa estar na rua, mas não pode prescindir do fato de ser de graça.

(Disponível em: <http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/956,1.shl>. Acesso em: 07


março. 2011)

Nesse sentido, compreendendo-se a importância da Arte Pública, o CESUMAR projetou a


PRAÇA DO CONHECIMENTO com a exposição de monumentos significativos. Foram
escolhidos: PLATÃO, para representar a FILOSOFIA; GALILEU GALILEI, para representar a
CIÊNCIA; LEONARDO DA VINCI, para representar a ARTE e JESUS, para representar a
RELIGIÃO. Essas personalidades marcaram a história da humanidade, expressam a arte
pública perene para a sociedade e retratam o que o CESUMAR prioriza enquanto
comunidade do conhecimento.
Na década de 1950, tem início o movimento chamado de pop art, expressão que, original do
inglês, significa arte popular. A partir desse movimento, os artistas interpretam a cultura
popular e expressam as características de uma sociedade marcada pela industrialização.
Veja, no artigo, a obra do artista Richard Hamilton, que transpõe o mundo para a arte, e
confira mais algumas informações a esse respeito.

P
OP ARTE: CULTURA DE MASSA

O artista Richard Hamilton manifestou seu “... entusiasmo por uma arte, em oposição à
longa tradição cultural da Europa”. (HONNEF, 2004) Ele pinta, desenha, fotografa, produz
colagens, instalações e faz design.

Observe a obra abaixo:


RICHARD HAMILTON. O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes, 1956. Colagem
sobre papel, 26 cm x 125 cm. Kunsthalle,Tübingen, coleção particular.

Esta colagem é um marco de arte pós-guerra, revela o interior de uma casa dos anos de
1950. Richard Hamilton combinou nela fotografias com recortes de revistas para mostrar o
paraíso do consumidor. A inscrição POP no imenso pirulito é instigante e inovadora, trata-se
da primeira vez que a palavra é utilizada para anunciar uma nova arte, ou seja, o movimento
da Pop Art, que utilizava como fontes de inspiração símbolos da cultura de massa, objetos e
temas do cotidiano moderno, principalmente, ligados à sociedade de consumo e aos meios
de comunicação. Sanduíches, tiras de história em quadrinhos, anúncios, cenas de TV, e
fotos de celebridades são incorporados diretamente ao trabalho artístico e complementados
por meio de diferentes técnicas, tais como fotografia, pintura, colagem, escultura, serigrafia,
etc. As colagens e reprodução de imagens em série são características das obras da Pop
Art. (HONNEF, 2004)

A banda Engenheiros do Hawaii surge quando já era permitida a expressão de ideias e


ideais, sem as típicas ameaças que outros artistas sofreram no período da ditadura. Atente
para a letra de uma de suas músicas, O papa é pop, bem como para o contexto em que foi
produzida. Quais sentidos podemos inferir ou atribuir a essa canção?

O Papa É Pop
Engenheiros do Hawaii (1990)
Composição: Humberto Gessinger

Todo mundo tá revendo


O que nunca foi visto
Todo mundo tá comprando
Os mais vendidos...
É qualquer nota,
Qualquer notícia
Páginas em branco,
Fotos coloridas
Qualquer nova,
Qualquer notícia
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo...
Todo mundo tá relendo
O que nunca foi lido
Tá na cara...
Tá na capa da revista...
É qualquer nota,
Uma nota preta
Páginas em branco,
Fotos coloridas
Qualquer rota,
A rotatividade
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo
Um disparo
Um estouro...
O Papa é Pop,
O Papa é Pop!
O Pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro
À queima roupa
O Pop não poupa ninguém...
Uma palavra
Na tua camiseta
O planeta na tua cama
Uma palavra escrita a lápis
Eternidades da semana...
Qualquer coisa
Quase nova
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo
O Papa é Pop,
O Papa é Pop!
O Pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro
À queima roupa, é...
O Pop não poupa ninguém...
Toda catedral é populista
É pop
É macumba prá turista
Mas afinal?
O que é Rock'n'roll?
Os óculos do John
Ou o olhar do Paul?
O Papa é Pop!
O Papa é Pop!
O Pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro
À queima roupa
O Pop não poupa!
O Pop não poupa!
Ninguém!...

Fonte: http://letras.terra.com.br/engenheiros-do-hawaii/45744/

A partir da leitura dos próximos artigos, você terá a oportunidade de rever artistas e obras
que marcaram a Semana de Arte Moderna no Brasil, compreender as razões do Movimento
Antropofágico e da diversidade cultural existente no Brasil. Por fim, poderá apreciar a obra
de Tarsila do Amaral, a qual retrata uma classe de pessoas que contribuiu para o
crescimento da cidade de São Paulo.

S
EMANA DE 1922

O Modernismo no Brasil teve início com a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de
São Paulo, aberta dia 11 de fevereiro de 1922. Essa semana representou a independência
da arte Brasileira. Uma coincidência é que aconteceu em 1922, pois, se refletirmos, é o ano
do centenário da Independência do Brasil. Cem anos se passaram do “Grito do Ipiranga”,
portanto, já era tempo de questionarmos se o país estava mesmo livre e se toda a
população participava de uma sociedade realmente democrática. Da Semana de Arte
Moderna de 1922, uma iniciativa dos artistas e intelectuais participantes, nasceu a
consciência de uma arte Nacional. Os participantes da Semana foram:

• Na Pintura: Anita Malfati, Ferrignac, J. F. de Almeida Prado, Jhon Graz, Martins


Ribeiro, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita.
• Na Música: Guiomar Novais, Heitor Villa-Lobos.
• Na Escultura: Victor Brecheret, W. Haarberg.
• Na Arquitetura: Antônio Moya, Georg Przyembel.
• Na Literatura: Menotti Del Picchia, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manoel
Bandeira e Cassiano Ricardo.
A Boba é uma das obras dessa famosa exposição. Foi elaborada por Anita Malfati e
representa um dos pontos mais altos de sua pintura. Observe:

ANITA MALFATTI. A Boba, 1917. Óleo s/ tela 61 x 51 cm. Museu


de Arte Contemporânea USP, SP. In: Arte Moderna Brasileira
– Uma Seleção da Coleção de Roberto Marinho. Março /
Abril, 1994, p. 25.

M
OVIMENTO ANTROPOFÁGICO

Você já deve ter escutado falar em antropofagia ou Movimento Antropofágico. Este


Movimento é iniciado em 1928 com o Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, no
qual indiferentemente ele se refere a um episódio da história do Brasil: o naufrágio do navio
em que viajava o bispo português Sardinha que, após a sua morte, foi devorado por índios
antropófagos. O movimento, nessa perspectiva, instaura a “deglutição” de ideais e conceitos
pré-formados pelos europeus, aproveitando- se do que há de bom e descartando o que não
é de interesse nacional. Aceitavam uma Arte Européia, desde que fosse devorada, digerida
e transformada em produto nacional.
Leia alguns fragmentos do Manifesto Antropofágico - 1928:

“Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente”.


Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os
coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupy or not tupy, that is the
question.
[…]
A nossa independência ainda não foi proclamada.
Frase típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa
na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça!
[…]
Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas
caravelas. Contra a verdade dos povos missionários,
definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde
de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.
Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos
de uma civilização que estamos comendo, porque
somos fortes e vingativos como o Jabuti.
[…]
Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil
tinha descoberto a felicidade.
[…]
A alegria é a prova dos nove.

OSWALD DE ANDRADE (Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha." Revista de
Antropofagia, Ano 1, Nº. 1, maio de 1928)

Fonte: http://www.antropofagia.com.br/acesso. Acesso em 07 de mar. 2011.

ULTURA BRASILEIRA

C
Como é constituído o povo brasileiro? Indígenas? Afros-descendentes? Europeus?
Orientais? O grande número de imigrantes que o Brasil recebeu foi um dos fatores que
acarretou toda essa diversidade cultural existente no país hoje. A imigração para o Brasil foi
significativa durante o período de pós-guerra em razão do crescimento da economia do café
e do desenvolvimento da indústria brasileira que sustentavam o país. Muitos imigrantes
europeus foram atraídos, uns em busca de riquezas, outros fugindo dos horrores da
Primeira Guerra Mundial. Tanto as áreas rurais, quanto a urbana prometiam grandes
possibilidades, principalmente, a cidade de São Paulo que recebeu toda essa diversidade
étnica que resultou em uma riqueza cultural que se expressa por intermédio das artes.

Observe a Obra de Arte:


Operários, de Tarsila do Amaral.
TARSILA DO AMARAL. Operários, 1931. Óleo s/ tela, 120 x 205 cm. Coleção Palácio de Verão do Governo do
Estado de São Paulo, Campos do Jordão. In: BEUTTENMÜLLER, prancha 6.

Retrato de uma paulicéia trabalhadora

Refinações de Milho Brasil, em 1930: setor


alimentício é uma das pontas da
industrialização em São Paulo.
Foto: Reprodução/ Sommer Andrey

Em 1933, quando Tarsila pintou Operários, São Paulo já havia se consolidado como o
principal centro urbano e industrial do país. O acúmulo de riquezas originadas pelos
negócios do café, as importações e exportações e a presença de imigrantes possibilitaram o
crescimento da cidade.

O desenvolvimento industrial deu-se com a instalação de fábricas de tecidos, alimentos e


vestuário. Até 1920, entre 6% e 10% da população morava em cidades. Nos 20 anos
seguintes, esse porcentual aumentou para 31%. A maior parte dos trabalhadores que
vieram de outros países e de regiões brasileiras chegava em São Paulo. Hoje, mais de 10
milhões de pessoas vivem em pouco mais de 1500 quilômetros quadrados na capital
paulista, a maior cidade da América do Sul.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/tem-muitas-historias-brasil-
telas-tarsila-424884.shtml/acesso. Acesso: 07 mar. 2011.

Tira
O personagem da tira faz referência a um dos pensamentos de Friedrich Nietzsche,
influente filósofo alemão do século XIX. Quais são as interpretações possíveis desse
pensamento? Reflita!

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/charges/index.phtml?ch=Benett&offset=&foffset=22

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