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A palavra empresa não significa uma dada entidade empresarial, mas indica,
ao contrário, de maneira genérica, toda e qualquer forma de atividade econômica
organizada com o escopo de atender à produção ou à circulação de bens ou de
serviços.
A empresa é uma atividade organizada por haver nela articulação de quatro (4)
fatores de produção ou circulação de bens e serviços:
a) capital (recurso financeiro);
b) mão-de-obra (trabalhadores);
c) insumos (materiais);
d) tecnologia.
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Assim, a empresa é um organismo econômico, isto é, se assenta sobre
uma organização fundada em princípios técnicos e leis econômicas. Objetivamente
considerada, apresenta-se como uma combinação de elementos pessoais e reais,
colocados em função de um resultado econômico, e realizada em vista de um
intento especulativo de uma Pessoa Natural, que se chama empresário ou de
uma Pessoa Jurídica, que se chama Sociedade Empresária.
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O art. 1.142 do C.C. quando define estabelecimento como o complexo
organizado de bens para o exercício da empresa, deixa claro que uma coisa é o
complexo organizado de bens e outra coisa é a empresa. O estabelecimento,
compreendido como um patrimônio especificado e organizado para o exercício da
atividade negocial, é apenas a dimensão estática da empresa.
Quem visita uma loja ou uma fábrica no final de semana, quando estão
fechados, vê o estabelecimento, toma contato com essa dimensão estática; não vê
a empresa, que é muito mais do que os bens que a compõe, incluindo o conjunto de
atos humanos e, mais especificamente, das relações jurídicas realizadas utilizando
aquele complexo organizado de bens. Essa é a dimensão dinâmica da empresa, que se
expressa como atividade, como atos e relações continuadas.
Tanto o capital do empresário como o pessoal que irá trabalhar, nada mais são,
isoladamente, do que bens e pessoas.
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Dessa explicação surge nítida a idéia que a empresa é essa organização dos
fatores da produção exercida (posta a funcionar) pelo empresário ou sociedade
empresária. Desaparecendo o exercício da atividade organizada do
empresário ou da sociedade empresária, desaparece a empresa.
Diante do que dispõe o art. 966 e 982 do CPC, o legislador brasileiro deixou
bem claro que empresário e sociedade empresária são aqueles que exercem
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens e serviços. Do dispositivo, todavia, segundo Gladston Mamede, em seu Manual
de Direito Empresarial, 5ª edição, Editora Atlas S.A, 2010, págs. 4 e 5, extraem-se
os elementos que permitem a compreensão jurídica da empresa:
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2.) DISTINÇÃO ENTRE EMPRESA E SOCIEDADE
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específicas, que a lei criou com vistas à tutela dos interesses dos credores de seu
titular. Em primeiro lugar, o contrato de alienação deve ser celebrado por escrito para
que possa ser arquivado na Junta Comercial e publicado pela imprensa oficial (CC, art.
1.144).
3.) DO EMPRESÁRIO
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O art. 971 do C.C. faculta ao empresário rural a inscrição no registro
público de empresas mercantis, fato que o equiparará, para todos os efeitos, ao
empresário sujeito a registro, ou seja, passa a ser considerado juridicamente
empresário, submetendo-se ao seu regime legal correspondente (art. 971).
OBS.: Essa dúvida de uma firma individual (hoje denominado empresário) ser
uma pessoa natural ou uma pessoa jurídica foi bem esclarecida em uma ação judicial
que tramitou no Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
A Fazenda Estadual do Estado de São Paulo ajuizou uma execução fiscal contra
a firma individual titularizada por Ronaldo, uma microempresa. O próprio Ronaldo,
que era advogado, embargou a execução, mas foi vencido. Apelou ao Tribunal de
Justiça de São Paulo, mas a Corte ignorou o recurso, pois não havia nos autos uma
procuração da firma individual para que Ronaldo a defendesse no processo: “Ora, o
que se verifica, no caso, é que a causa não pertine ao advogado subscritor da petição
do recurso, enquanto pessoa física, mas sim a outra pessoa, qual seja a pessoa
jurídica embargante e ora apelante, da qual ele participa. Não está o advogado
defendendo direito seu, mas de outrem, que por sua natureza jurídica não tem
habilitação legal e assim não ostenta capacidade postulatória”. Ronaldo interpôs
recurso especial – 102.539/SP – ao Superior Tribunal de Justiça, que lhe deu
provimento: “Não é correto atribuir-se ao comerciante individual personagem jurídica
diferente daquela que se reconhece a pessoa física. Os termos pessoa jurídica,
empresa e firma exprimem conceitos que não podem ser confundidos. Se o
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comerciante em nome individual é advogado, não necessita de procuração para
defender em juízo os interesses da empresa, pois estará postulando em causa própria
(Código de Processo Civil, art. 254, I)”. Em seu voto, o Ministro Humberto Gomes de
Barros diz que o entendimento do Tribunal Paulista “gera-se no velho engano que leva
à confusão de conceitos entre firma individual e pessoa jurídica. Ora, o termo firma
provém do latim firmare (assegurar). Hoje, através de metáfora, passou à nossa
língua, com o significado de assinatura (que dá firmeza ao conteúdo de determinado
documento). No Direito Comercial, onde a assinatura reveste-se de valor fundamental,
o termo passou a exprimir o nome pelo qual o comerciante se faz conhecer em seus
negócios. J.Silva pode ser a firma do comerciante José Silva. A adoção de firma
individual não significa tenha o comerciante adotado outra personalidade. Ele apenas
adotou o que, no jargão militar, chama-se nome de guerra. [...] No recorrente, o
status de advogado confunde-se com o de empresário comercial (comerciante), em
uma só pessoa”. É deferente quando alguém é sócio de uma sociedade empresária, já
que é ela, a sociedade, e não ele, o sócio, quem exerce a atividade empresarial.
Assim, disse Barros, o Tribunal não poderia exigir a procuração do comerciante,
outorgando poderes ao advogado, já que são a mesma pessoa, o que traduziria a
figura absurda do contrato consigo mesmo. “Primeiro, porque a empresa individual
não é sociedade. Por isto, não há de falar em pessoa física do sócio, distinta da pessoa
jurídica. Segundo, porque, no comércio individual, a pessoa física do comerciante
titular da firma responde pelas dívidas e obrigações com o seu patrimônio individual.
Tanto que, em caso de quebra, o comerciante individual considera-se falido. Terceiro,
porque se o advogado, o titular da firma e o empresário confundem-se em uma só
pessoa, não há lugar para cogitar-se em mandado ou procuração”.
Porque diversas as órbitas jurídicas, civil e penal, permite a lei que o menor
emancipado se qualifique como empresário, apesar de encontrar-se imune a
qualquer responsabilização penal. O exercício da atividade de empresário pelo menor
emancipado, como curial, poderá resultar na prática de diversos crimes, como aqueles
contra a economia popular e as relações de consumo, sem falar nos de emissão de
duplicatas frias, estelionato e outras fraudes, bem como de crime falimentar.
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Para que o empresário individual possa iniciar e exercer atividade econômica
organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, precisará ter
capacidade para exercer direitos e assumir deveres ou obrigações, ou seja, ser maior
de 18 anos ou emancipado (CC. Arts. 972, 1ª parte, 5º e 976) e não padecer de
alguma insuficiência somática ou psíquica, que lhe retire ou reduza o discernimento,
tornando-o absolutamente ou relativamente incapaz.
3.4 Incapacidade.
De acordo com artigo 180 do Cód. Civil: “O menor, entre dezesseis e dezoito
anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente
a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se
maior”.
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A autorização resultava do exercício do pátrio poder, hoje poder familiar.
O menor continuava menor, não adquirindo capacidade plena. O pai,
conseqüentemente, podia a qualquer momento cassar a autorização, suspendendo o
exercício do comércio do filho menor, ressalvados os direitos adquiridos de terceiros.
O menor entre 16 e 18 anos pode ser sócio de qualquer sociedade, desde que
emancipado. Na sociedade limitada, o menor, independente de idade, pode ser sócio
desde que as suas quotas e dos demais sócios estejam integralizadas e não constem
nos contratos sociais atribuições ao mesmo, relativamente à administração. Acionista,
também em qualquer idade, desde de que as que ações que adquirir sejam
integralizadas no ato da aquisição. Não poderá o menor ser sócio de sociedade limitada
ou subscrever ações não integralizadas, pois firmaria um contrato do qual poderiam
decorrer sérias responsabilidades, com negativa repercussão em seu patrimônio.
O atual Código Civil, no livro II, que trata do Direito de Empresa, em seu
Capitulo II – Da Capacidade, arts. 972 e seguintes, regula a capacidade para o
exercício da atividade de empresário, dispondo, no art. 974, que “poderá o incapaz,
por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. O parágrafo
1º do artigo determina, no entanto, que a continuidade do negócio será precedida de
autorização judicial, “após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem
como da conveniência em continuá-la”. “A autorização poderá ser revogada pelo juiz,
ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem
prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros”.
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remanescentes, poderão optar pela dissolução da sociedade (art. 1.028, II, do Cód.
Civil).
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puderem exprimir sua vontade, e por isso absolutamente incapazes, nem os
pródigos, que são relativamente incapazes, podem se estabelecer no comércio. O
Curador não pode fazê-lo em seu nome.
O atual Código Civil, no livro II, que trata do Direito de Empresa, em seu
Capitulo II – Da Capacidade, arts. 972 e seguintes, regula a capacidade para o
exercício da atividade de empresário, dispondo, no art. 974, que “poderá o incapaz,
por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. O parágrafo
1º do artigo determina, no entanto, que a continuidade do negócio será precedida de
autorização judicial, “após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem
como da conveniência em continuá-la”. “A autorização poderá ser revogada pelo juiz,
ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem
prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros”.
3.10 Impedidos
Além dos casos previstos no Código Civil, há aqueles que exercem certos cargos
ou funções incompatíveis para o exercício de atividade empresarial. Sendo relevante
citar os seguintes: servidores públicos, magistrados, membros do ministério público,
militares da ativa, o falido, se não forem declaradas extintas suas obrigações,
estrangeiros com visto temporário.
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O Código Penal, no art. 47, II, coloca a interdição de exercício de profissão
entre as interdições de direito. Essa interdição consiste na proibição, ao condenado ou
a terceiro por ele, de exercer a atividade ou por em funcionamento o estabelecimento
interditado, pelo período da condenação ou da medida.
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Por praticar o comércio irregularmente, o proibido, além da punição penal, em
caso de insucesso nos negócios, estará sujeito à falência.
Marido e esposa, quando não estão casados pelo regime de separação total de
bens, não podem praticar alguns atos, sem ter a autorização do outro, segundo o
artigo 1.647 do Código Civil. Tal regra, todavia, não se aplica ao empresário ou
empresária casado, já que o artigo 978 do Código permite-lhe alienar o imóveis que
integram o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real, sem necessidade de
autorização conjugal.
O registro público tornou-se peça importante da vida social, tanto no setor civil
como no comercial. Assim como se exige que o indivíduo seja registrado ao nascer, e
inscreva no Registro Civil os atos marcantes de sua vida até a morte, pelo mesmo
motivo de disciplina jurídica se facultam ao empresário e a sociedade empresária
(anteriormente denominados apenas de comerciantes) certos registros.
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Existem duas espécies de registro público, de especial interesse para as
atividades mercantis: o Registro público de Empresas Mercantis e Atividades
Afins, anteriormente denominado Registro do Comércio, simplesmente e o Registro
de Propriedade Industrial. No primeiro são levados a registro as declarações de
firmas mercantis individuais dos empresários e os atos constitutivos das sociedades
empresárias etc. No segundo, as invenções, modelos de utilidade, as marcas de
indústria e de comércio, e de outros bens incorpóreos.
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Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), composto pelos
seguintes órgãos.
Dos atos e decisões das Juntas Comerciais cabe recurso para o Diretor do
Departamento Nacional do Registro do Comércio. A Junta do Distrito Federal se
subordina diretamente aos órgãos e autoridades do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
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serão fornecidas sem embaraços, mediante o pagamento das respectivas
taxas, denominadas emolumentos. Aplicam-se, dessa forma, ao registro Público de
Empresas Mercantis as disposições legais referentes à publicidade de que se reveste
o Registro Civil.
II – o arquivamento:
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sobre o cancelamento do registro de empresa mercantil inativa, regulando o
procedimento necessário para o cancelamento do registro).
O Código Civil, no art. 1.154, dispõe sobre os efeitos dos atos sujeitos ao
registro mercantil, bem como sobre os efeitos do próprio registro, ao estabelecer que
“os atos sujeitos a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não
pode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser opostos a
terceiros, salvo prova que este o conhecia”. Mas cumpridas as formalidades, e
por isso realizado o registro, o terceiro não pode alegar ignorância sobre o conteúdo do
registro.
4.2.4.2 Do arquivamento:
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4.2.4.3 Da Autenticação dos livros empresariais:
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Como é impossível à memória humana reter normalmente a profusão de dados
e fatos cotidianos, desde a alta antiguidade se impôs o costume de registrá-los por
escrito. A arqueologia revelou, nas ruínas de templos da Babilônia, tábuas de escrita,
onde os sacerdotes registravam as quantidades de cereais, cujos depósitos públicos
estavam sob sua guarda. Em Roma, ao pater famílias cabia o dever de registrar em
livros próprios os negócios de sua atividades econômica e doméstica, usando dois
livros: o adversária, que recebia diariamente o lançamento sumário das operações
efetuadas, e o codex accepti et expensi, os quais, ao fim de cada mês, acolhiam,
com o histórico respectivo, os assentos que eram ali diligentemente lavrados. Era
perfeita a técnica da escrituração dos romanos, segundo Trajano de Miranda
Valverde.
O Código Civil, nos arts. 1.179 e segs., passou a regular, em parte, a matéria,
principiando por dispor:
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de pequeno porte, mas estas têm regras próprias, regidas por leis especiais, não
revogadas pelo Código Civil (Lei nº 8.864/94 e Lei nº 9.317/96).
5.3 Contabilidade
Mas algumas regras gerais devem ser observadas. Os livros escolhidos deverão
ser autenticados pelo Registro Público de Empresas Mercantis (art. 1.181). O art.
1.183 determina que “a escrituração será feita em idioma e moeda corrente
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem
intervalos em branco nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou
transportes para as margens”.
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5.4 Livros Empresariais:
Art. 1.179, § 2º: “Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros
ficam a critério dos interessados”.
Dispõe o art. 1.180 do C.C., que “Além dos demais livros exigidos por lei, é
indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração
mecanizada ou eletrônica”.
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A técnica de escrituração está a salvo de determinações oficiais, pois o art.
1.190 do Código Civil dispões:
“os livros e fichas dos empresários provam contra as pessoas a que pertencem
e, em seu favor, quando, escriturado sem vício extrínseco ou intrínseco, forem
confirmados por outros subsídios”.
“A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei
exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode
ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos”.
O art. 198 do CTN dispõe, por isso, que “sem prejuízo do disposto na
legislação criminal, é vedada a divulgação, para qualquer fim, por parte da Fazenda
Pública, ou de seus funcionários, de qualquer informação obtida em razão do ofício,
sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos passivos ou de terceiros e sobre
a natureza e o estado dos negócios ou atividades”.
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ou sociedade empresária está sujeito a pesadas multas (Regimento do Imposto de
Renda, art. 959 e incisos).
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minuciosa informação dentro de quarenta e oito (48) horas à Junta Comercial, para
obter a legalização de novos livros (art. 11 da Instrução Normativa nº 65, de 31-7-
1997, do DNRC).
Esse processo estabelecido é muito singelo. Para evitar que alegação de perda
ou destruição dos livros venha no futuro a ser posta em dúvida, aconselhamos que o
empresário ou sociedade empresária zeloso proceda à justificação judicial, ouvindo
testemunhas e fazendo vistoria em caso de destruição parcial, para que suas
alegações fiquem judicialmente comprovadas e fora de qualquer futura dúvida.
6.) DA SOCIEDADE
O novo Código Civil também adota a tese, conforme seus artigos 981 e 997.
As sociedades estatais, constituídas somente pelo Estado, são sempre criadas por
leis especiais, constituindo uma anomalia jurídica ditada pela conveniência do poder
público de escapar dos padrões burocráticos.
“Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria
indicada no art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as
demais podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não
determinar a necessidade de deliberação unânime”.
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O ato constitutivo será um estatuto social nas chamadas pessoas
jurídicas institucionais ou estatutárias: associações, fundações e, no âmbito
específico das sociedades, as sociedades por ações (sociedade anônima e sociedade
em comandita por ações) e as sociedades cooperativas.
Ler os dispositivos dos artigos: 1.028, 1.029, 1.031, 1.032 e 1.033 (sociedade
simples) 1.059, 1.077, 1.081, 1.082, 1.083, 1.084, 1085 e 1.086 (Sociedade
Limitada), do Código Civil.
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7.1 Sociedade como pessoa jurídica:
Com o registro do contrato social (CC, art. 985) surge a personalidade jurídica e
a sociedade passa a ser pessoa jurídica, suscetível de direitos e obrigações, tendo
capacidade, inclusive, contratual, legitimidade processual ativa e passiva e
responsabilidade civil. Poderá ser ainda sujeito passivo de imputação penal, na
hipótese de delito contra sua imagem-atributo, causando abalo creditório, atingindo
sua boa fama, e sujeito ativo de crime ambiental (Lei nº 9.605/98, art. 3º).
Sujeito de direito é conceito mais amplo que pessoa: nem todos os sujeitos
são personalizados. Em outros termos, os titulares de direitos e obrigações podem
ou não ser dotados de personalidade jurídica. Se se considerarem todas as situações
em que a ordem jurídica atribui o exercício de direito ou (o que é o mesmo, visto pelo
ângulo oposto) o cabimento de prestação, sujeito será o titular do primeiro ou o
devedor da última. No conceito de sujeito de direito encontram-se, assim, não só
as pessoas, físicas ou jurídicas, como também algumas “entidades” despersonalizadas,
como o espólio, a massa falida, o condomínio horizontal e outras, consideradas
juridicamente aptas ao exercício de direitos e assunção de obrigações.
O que caracteriza o regime das pessoas, no campo do direito privado, é a
autorização genérica para a prática dos atos jurídicos. Ao personalizar algo ou
alguém, a ordem jurídica dispensa-se de especificar quais atos esse algo ou
alguém está apto a praticar. Em relação às pessoas, portanto, a ordem jurídica
apenas delimita o proibido; a pessoa pode fazer tudo, salvo se houver proibição.
Já em relação aos sujeitos despersonalizados, não existe a autorização genérica
para o exercício dos atos jurídicos; eles só podem praticar os atos essenciais para
o seu funcionamento e aqueles expressamente autorizados. Para as não-
pessoas, a ordem jurídica não delimita o proibido, mas o permitido.
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união de esforços para a realização de fins comuns. Se esses fins são econômicos, a
pessoa jurídica é uma sociedade”.
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1º) Considera-se a sociedade uma pessoa, isto é, um sujeito “capaz de
direitos e obrigações”. Pode estar em juízo por si, contrata e se obriga. “A sociedade
adquire direitos, assume obrigações e procede judicialmente, por meio de
administradores com poderes especiais, ou, não os havendo, por intermédio de
qualquer administrador”. Esse é o dispositivo do art. 1.022 do Código Civil,
estabelecendo a legitimidade contratual, a responsabilidade patrimonial e a
legitimidade processual da sociedade personificada.
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8.1 – TÍTULO I – DA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA
Sua existência é lícita e produz efeitos jurídicos. Tanto é assim que o CC cuida
de dois tipos específicos de sociedade não personificada: a sociedade em comum e a
sociedade em conta de participação.
Benefício de ordem:
O Art. 1024 do Código Civil dispõe: “Os bens particulares dos sócios não
podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados
os bens sociais”.
Portanto a sociedade em comum é aquela que não se apresenta com seus atos
constitutivos inscritos no registro competente, a teor do disposto no art. 986 do Código
Civil.
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terceiro somente o sócio ostensivo, e, exclusivamente perante este o sócio
participante, nos termos do contrato social (art. 991 e parágrafo único).
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como alternativa a subordinação “as normas que lhe são próprias”, o que nos leva a
concluir haver uma sociedade simples comum (ou sociedade simples em sentido
estrito), tipo societário que se estrutura segundo as regras dos artigos 997 a 1.038 do
CC.
Com a sanção da Lei nº 10.406, de 2002, o Código Civil, que, com seu intuito
de promover a unificação do sistema de direito privado, nos seus arts. 1.093 e segs.,
estabelece os princípios e características da sociedade cooperativa, ressaltando a
legislação especial.
Regem-se, portanto, pela Lei nº 5.764/71 e pelos artigos 1.093 a 1.096 do CC,
embora, nas lacunas de tais normas, apliquem-se as regras da teoria geral do Direito
Societário.
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O objeto social de uma sociedade cooperativa será um gênero de serviço,
operação ou atividade prestado diretamente a seus cooperados, hipótese em que se
qualificarão como sociedades cooperativas singulares. Três ou mais cooperativas
singulares podem constituir uma cooperativa central ou federação de cooperativas.
Liberdade de adesão:
As sociedades cooperativas têm número ilimitado de cooperados; qualquer
pessoa que queira aderir à cooperativa pode fazê-lo, desde que preencha os requisitos
necessários para tanto. Por outro lado, ninguém pode ser obrigado a aderir, e todo
cooperado tem liberdade para retirar-se quando quiser.
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Limitação do número de quotas-partes do capital para cada cooperado:
Não se admite que o fundo social da cooperativa esteja concentrado na mão de
um único, ou de poucos cooperados. Nenhum associado pode subscrever mais de 1/3
do total das quotas-partes, salvo naquelas sociedades cooperativas em que a
subscrição deva ser diretamente proporcional ao movimento financeiro do cooperado
ou ao quantitativo dos produtos a serem comercializados, beneficiados ou
transformados, ou, ainda, em relação à área cultivada ou ao número de plantas e
animais em exploração; trata-se de critério de proporcionalidade.
Também não estão sujeitas àquele limite as pessoas jurídicas de direito público
que participem de cooperativas de eletrificação, irrigação e telecomunicação. De
qualquer sorte, não há benefício financeiro direto ou vantagem política em titularizar
mais de uma quota-parte. As cooperativas não podem distribuir qualquer espécie de
benefício às quotas-partes do capital ou estabelecer outras vantagens ou privilégios,
financeiros ou não, em favor de quaisquer associados ou terceiros, excetuando-se os
juros até o máximo de 12% ao ano que incidirão sobre a parte integralizada. Portanto,
o titular de uma quota e o titular de trinta acabam tendo os mesmos direitos, fruto da
condição de sócio (e a cada sócio corresponde um voto) e do trabalho desempenhado.
Constituição da cooperativa:
A sociedade cooperativa constitui-se por deliberação da assembléia geral dos
fundadores, constante da respectiva ata, ou por instrumento público. O número
mínimo de cooperados é aquele necessário para compor a administração da sociedade,
conforme o estatuto, mas nunca inferior a 20.
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8.2.2 Sociedade empresária
d) sócio quotista (ou como muito usado: cotista) na sociedade limitada (antes:
sociedade por quotas de responsabilidade limitada);
Deliberações sociais
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8.2.2.1 Sociedade empresária ilimitada
Art. 1039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome
coletivo, respondendo todos os sócios solidária e ilimitadamente, pelas obrigações
sociais.
Art. 1.043. O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver a sociedade,
pretender a liquidação da quota do devedor.
O Código Civil não define a sociedade em nome coletivo, mas torna evidente no
art. 1.039, de plano, a principal característica do tipo: respondem todos os
sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.
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A razão social, que será fixada pelo contrato social, é, em síntese, constituída
do nome de todos os sócios ou de alguns deles, seguido da expressão “& Companhia”,
por extenso ou abreviadamente, “& Cia.” (art. 1.041).
Art. 1.047. (...) não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o
nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio
comanditado.
Parágrafo único. Diminuído o capital social por perdas supervenientes, não pode o
comanditário receber quaisquer lucros, antes de reintegrado aquele.
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designação & Cia. É uma sociedade em nome coletivo ou comandita simples
somente manuseando o contrato social.
A administração da sociedade, com efeito, compete aos sócios comanditados
ou, dentre eles, o que for ou os que forem designados no contrato social. Silenciando o
contrato, todos os comanditados são administradores e podem usar a firma ou razão
social.
É condição do sócio comanditado ser pessoa física (art. 1.045), não havendo
a mesma exigência pra os comanditários. Mas as sociedades em comandita simples,
constituídas na vigência do Código Comercial, com sócios comanditados pessoas
jurídicas, não podem ser obrigadas a modificar tal situação.
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Nesse tipo societário, preserva-se a idéia própria do comanditamento: sócios
que investem e sócios que administram, razão pela qual somente o acionista tem
qualidade para administrar a sociedade, isto é, de ocupar a condição de diretor, cuja
nomeação se fará no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, somente
havendo destituição por deliberação de acionistas que representem no mínimo dois
terços do capital social.
Destarte, se um sócio já integralizou suas quotas, mas há sócios que ainda não
o fizeram, todos poderão ser solidariamente demandados por esse valor em aberto.
Realizado todo o capital, finda-se a possibilidade de se voltar contra os sócios – e seu
patrimônio – para a satisfação de créditos contra a sociedade limitada (simples ou
empresária), salvo a desconsideração da personalidade jurídica, que deve
ocorrer quando o administrador ou sócio fizer mau uso da personalidade jurídica,
assim relacionados com a fraude ou abuso de direito em prejuízo de terceiros.
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Observação importante que faço é no sentido de que a proteção do
patrimônio dos sócios, em caso de ações trabalhistas e consumeristas, é relativo, uma
vez que os tribunais trabalhistas têm determinado a penhora de bens de sócios, que,
inclusive não são ou não foram administradores, ou aos administradores,
independentemente de terem cometido qualquer ato com excesso poder ou em
descumprimento de lei.
Art. 1.078. A assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos
quatro meses seguintes ao término do exercício social com o objetivo de:
** De acordo com art. 1.080, acima, na sociedade limitada, tal como definida
no art. 1.052, a responsabilidade de cada sócio é restrita, perante credores ou
terceiros, à respectiva participação no capital social. Essa limitação da responsabilidade
somente é válida enquanto estiverem sendo atendidas e cumpridas as normas de
regulação da sociedade prescrita em lei e estipuladas no respectivo contrato social.
Ocorrendo deliberação contrária à lei ou a cláusula do contrato social, os sócios que
assim deliberarem passam a ter responsabilidade ilimitada pelos atos
decorrentes ou resultantes dessa decisão. Em se verificando a situação de
responsabilidade ilimitada, o patrimônio pessoal do sócio que participou de deliberação
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infringente da lei ou do contrato poderá ser alcançado por dívidas que, em princípio,
somente seriam suportadas pelo patrimônio da sociedade.
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A administração da sociedade:
Pelo art. 1.060 estabelece que a sociedade limitada é administrada por uma
ou mais pessoas, designadas no contrato social ou em ato separado.
Por sua vez dispõe o art. 1.061. “Se o contrato permitir administradores não
sócios, a designação deles, dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios,
enquanto o capital não estiver integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a
integralização”.
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Assim, os sócios de responsabilidade limitada: comanditários, quotistas
ou acionista, têm responsabilidade circunscrita: os primeiros, à sua parte-capital;
os segundos, ao capital social; e os acionistas, apenas ao valor de sua contribuição
representada na ação.
Deliberações sociais:
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Se o número de sócios for superior a dez, será obrigatório deliberar por meio de
assembléia. É de se alertar, contudo, que de conformidade com o que dispõe o
parágrafo 5º, do art. 1.072, do Código Civil, as deliberações dos sócios, com a
observância rigorosa dos preceitos legais e contratuais, obriga todos os demais sócios
ausentes. O mesmo não se pode dizer se as deliberações forem tomadas em conflito
com as disposições contidas na lei e no contrato. Nestas condições, a responsabilidade
cinge-se tão somente aos sócios que proferiram a decisão, de forma solidária,
liberando-a para os sócios ausentes e divergentes, como prevê o art. 1.080, do
Código Civil.
48
Art. 1.088; Da Sociedade em Comandita por Ações: Art. 1.091 e §§
1º e 3º; Da Sociedade Cooperativa: art. 1.095 e §§).
Além dos dispositivos acima, há, ainda, outros estatutos normativos que
prevêem a responsabilidade dos administradores. Entre os dispositivos legais que
prevêem a responsabilidade dos dirigentes de uma sociedade, existem: o art. 10 do
Decreto nº 3.708/1.919 (extinta pelo atual Código Civil); o Art. 50 do Código Civil; o
art. 2º, § 2º, da CLT; art. 158 da Lei nº 6.404/76 (Lei das sociedades por ações); o
art. 50 da Lei de Falências (Decreto-Lei nº 7.661 de 21/06/1945); o art. 34 da Lei nº
4.595/64; os artigos 134 e 135 do Código Tributário Nacional e art. 81 e 82 da Lei nº
11.101/2005 (Lei de Recuperação de Empresas e Falência).
49
1.016 e do art.1.080 do Código Civil. Este é o entendimento pacífico do Superior
Tribunal de Justiça.
50
da lei. Deixando de adimplir as obrigações tributárias decorrentes de fatos geradores
imputáveis à sociedade, poderá o administrador ser pessoalmente responsabilizado?
Exclusão de sócios:
51
1. Não cumprir
contribuição
2. Falta grave
3. Incapacidade supe
Exclusão
A exclusão do sócio remisso:
4. Liquidação da q
O capital social constitui a garantia original dos credores da sociedade. Por isso
credor de sócio
nosso direito tem em grande conta a formação e intangibilidade do capital da
do
sociedade, que na sociedade limitada determina o limite da responsabilidade dos
sócio-quotistas.
5. Falência ou insolvê
Se o sócio não integraliza suas quotas, ficando a devê-las à sociedade no todo
sócio
ou nas parcelas a que se obrigou, torna-se sócio remisso. Como tal podem os demais
sócios excluí-lo.
O Código Civil, no art. 1.004, determina que os sócios são obrigados, na forma
e prazos previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que
52
deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade,
responderá perante esta pelo dano emergente da mora. Nas sociedades simples. Os
demais sócios poderão optar pela exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao
valor já realizado.
53
A sociedade anônima somente pode captar os recursos juntos aos investidores
em geral – isto é, ser aberta – mediante prévia autorização do governo, que se
materializa no registro dela mesma, bem como no dos lançamentos de seus valores
mobiliários, no órgão governamental próprio, que é a Comissão de Valores
Mobiliários – CVM, autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda.
Mercado de Capitais:
54
embolsou nada. Esse outro negócio, que tem por objeto a mesma ação, denomina-se
compra e venda, aquisição ou alienação. Por meio dele, a ação deixou de
pertencer àquele primeiro acionista, passou à titularidade de outro (o “segundo”
acionista), e considera-se a operação negocial correspondente inserida no mercado
secundário.
Bolsas de Valores:
55
As negociações realizadas em bolsa caracterizam-se como mercado secundário,
isto é, compreendem a transferência de titularidade do valor mobiliário, do vendedor
para o comprador. As sociedades corretoras filiadas a determinada bolsa de valores
atuam, no pregão, como portadoras do interesse de seus clientes (investidores),
materializado em ordens de compra e venda, no sentido de tentarem a aquisição ou
alienação de ações e demais valores mobiliários das companhias abertas. Não há, no
mercado bursítico, a colocação de ações novas pelas sociedades emissoras, posto que
o segmento primário se desenvolve por outros mecanismos, centrados nos mercados
de balcão.
MERCADO DE BALCÃO
56
essas instituições são autorizadas a funcionar pela CVM e por ela são supervisionadas -
cria-se um ambiente de menor risco e transparência para os investidores se comparado ao
mercado de balcão não organizado.
57
mercado, aliás, é obrigatório na hipótese de negociação admitida na EMBO por
iniciativa não da sociedade anônima emissora, mas de participante ou intermediário da
entidade. Desde agosto de 2000, a CVM admite a negociação simultânea de valores
mobiliários na Bolsa de Valores e no mercado de balcão organizado. Se, porém, a
sociedade anônima aberta não quiser mais que suas ações sejam negociadas em bolsa
– conservando a negociação em EMBOs -, ela deve adotar providências similares às
exigidas para o cancelamento do registro.
Valor da ação
Preço de Emissão: é o valor que se cobra por cada ação, quando de sua
emissão (no ato da subscrição). É, assim, o montante despendido pelo investidor
(subscritor) à vista ou a prazo, em favor da sociedade anônima emissora em troca
da ação. Em outras palavras, há duas formas de alguém se tornar acionista de uma
companhia: subscrevendo ações recém-emitidas ou adquirindo-as de um acionista.
No primeiro caso, trata-se de subscrição (operação do mercado primário), no
segundo, de compra (operação do mercado secundário).
58
Em duas oportunidades a sociedade anônima estabelece o preço de emissão: a)
constituição; b) aumento de capital social com lançamentos de novas ações.
Para ficar mais explicito, esse valor é obtido pela divisão do valor em reais do
patrimônio líquido pelo número de ações. Todos os bens e direitos titularizados por
uma companhia compõem o seu patrimônio bruto, também chamado ativo. Ao se
deduzir deste o montante correspondente às obrigações devidas pela sociedade (quer
dizer, o passivo), chega-se ao patrimônio líquido. Conceitualmente falando, portanto,
o patrimônio líquido de determinado sujeito de direito é o seu ativo menos o
passivo. Assim, por exemplo, se a companhia tem o ativo de R$ 10.000.000,00, o
passivo de R$ 8.000.000,00 e 5.000.000 de ações emitidas, o valor patrimonial de
cada ação será de R$ 0,40 (quarenta centavos).
59
O terceiro critério (classe) diz respeito à especificação dos direitos
titularizados pelos acionistas, com objetivo de atrair os mais diversos interesses dos
investidores atuantes no mercado, e se traduz na identificação de cada categoria por
uma letra (classe A, classe B, classe C etc).
9.2.1 Espécies
Ações Ordinárias
Ações Preferenciais
60
da ação ordinária o mesmo dividendo pago ao preferencial, os acionistas, no exercício
em referência, receberão dividendos diferentes, segundo a espécie de ação que
possuem. Se, finalmente, for possível pagar aos ordinarialistas o mesmo dividendo dos
preferencialistas, e ainda restarem recursos a serem distribuídos entre os acionistas,
eles serão repartidos igualmente entre todos. Hipótese em que os sócios receberão
dividendo igual, independentemente da ação que titularizam.
Existe uma restrição legal para emissão de ações preferenciais sem voto ou com
voto restrito; esta não pode ultrapassar 50% do total das ações.
OBS. Até 2001, a lei previa limite maior para a emissão de ações preferenciais
sem direito a voto ou com restrição no exercício desse direito (era 2/3). Para as
companhias constituídas depois da entrada em vigor da reforma legislativa, aplica-se o
limite de 50%.
Ações de fruição
61
previsão estatutária ou deliberação assemblear, ou seja, restrições que alcançam todos
os acionistas com ações integralmente amortizadas: a) concorrerem ao acervo líquido
da sociedade somente após a compensação em favor das ações não amortizadas; b)
ao exercerem o direito de recesso, o reembolso das ações também é objeto de
compensação; c) não têm direito ao recebimento de juros sobre o capital próprio.
9.2.2 Forma
Nominativas:
escriturais:
Na mesma companhia, parte das ações pode adotar a forma nominativa e parte
a escritural, embora essa disparidade não apresente nenhuma vantagem.
OBS. Até o início de 1990, o direito societário brasileiro admitia duas outras
formas de ações, as endossáveis e as ao portador. Elas foram abolidas pela Lei nº
8.021/90, diploma voltado ao combate à sonegação fiscal, que determinou a retirada
de circulação dos valores mobiliários dessas categorias no prazo de dois (2) anos.
9.2.3 Classe
62
Na aberta, um ordinarialista será sempre titular dos mesmos exatos direitos atribuídos
aos demais acionistas dessa categoria (LSA, art. 15, § 1º).
Para melhor entender as classes, imagine-se que três (3) grupos empresariais
discutem a constituição de uma sociedade anônima destinada à exploração de certa
atividade industrial: o primeiro está interessado especificamente na realização do
objeto da sociedade, porque sua implementação atenderá, por exemplo, à sua
necessidade de suprimento de insumos; o segundo é uma empresa de
desenvolvimento de negócios, e seu interesse está restrito aos lucros que a atividade
industrial em questão pode geral; o terceiro é um fundo de pensão que deve manter
seus ativos empregados em investimentos diversificados.
Note-se que, nesse quadro, podem ser atribuídas as ações ordinárias (votantes)
somente no primeiro grupo, já que os outros dois não fazem questão de participar da
administração do empreendimento. A eles serão reservadas as ações preferenciais sem
voto. Agora, se o segundo grupo apenas concorda em aderir ao investimento caso
lhe seja assegurado o retorno mínimo de 15% ao ano, e o terceiro apresenta como
condição para participar da companhia a amortização do investimento a médio prazo,
para viabilizar a constituição da sociedade anônima, devem ser criadas duas classes de
ações preferenciais, destinadas à atração do interesse de um e outro grupo.
63
Segundo “Coelho” e “Requião”, Os valores mobiliários não são espécie de
título de crédito, porque não apresentam os mesmos atributos destes últimos
(documento de crédito, executividade, cartularidade, literalidade e autonomia das
obrigações).
10.2 Debêntures
A lei não define debêntures, limitando-se a especificar que elas conferem aos
seus titulares direito de crédito, nas condições mencionadas pela escritura da
emissão e certificado (LSA, art. 52).
64
obrigatoriedade de informar a operação no relatório da administração e nas
demonstrações financeiras (LSA, art. 55, § 2º).
65
Ao emitir debêntures, a companhia assume um conjunto de obrigações perante
os investidores que as titularizam, como o pagamento do montante prometido em seu
vencimento, as amortizações, a constituição das garantias referidas na escritura de
emissão etc. O cumprimento de tais obrigações interessa a cada debenturista em
particular e, também, ao conjunto. Destarte, é natural que os debenturistas se
preocupem em acompanhar a vida da companhia emissora, fiscalizando seus atos e
monitorando o desenvolvimento da empresa. Esse acompanhamento interessa a cada
um e a todos os titulares de debêntures. Há, em suma, uma comunhão de interesses
dos debenturistas.
Partes beneficiárias são valores mobiliários que asseguram ao seu titular direito
de crédito eventual contra sociedade anônima emissora, consistente numa participação
nos lucros desta. Quem titulariza uma parte beneficiária tem, por exemplo, direito a
3% dos lucros de certa companhia durante 5 anos. Trata-se de crédito eventual, na
66
medida em que nada poderá ser reclamado da sociedade se ela não registrar lucro
num determinado exercício. Só as companhias fechadas podem emitir parte
beneficiária (LSA, art. 47, parágrafo único).
A base de cálculo de cada uma é diferente, pois a lei impõe deva ser
descontado o montante pago aos beneficiados das participações com preferência.
67
Os commercial papers são notas promissórias com certas particularidades,
justificáveis em função de sua negociabilidade em mercados de capitais.
a) ela comporta apenas endosso sem garantia, o que significa dizer que o
investidor, ao transferir os seus direitos creditícios a outrem, não se torna co-devedor
da sociedade emissora;
68
11.1) ACIONISTAS
69
pode impor limitações à circulação das ações, desde que devidamente reguladas, não
podendo impedir a negociação, nem sujeitar o acionista ao arbítrio dos órgãos de
administração da companhia ou da maioria dos demais acionistas. Já nas
companhias abertas, face ao impacto gerado sobre o mercado de valores
mobiliários, a alienação direta ou indireta1, do controle acionário somente poderá ser
contratada sob a condição suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se obrigue a
fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos
demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço mínimo igual a
80% do valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle.
1
Há transferência indireta quando a alienação do controle acionário é resultado de uma outra operação; por
exemplo, a transferência das quotas de uma sociedade limitada que é titular do controle acionário da
companhia.
70
A partir da segunda metade do século XIX, com as obras de Beseler, de 1847,
e de Gierke, de 1887, iniciou-se a elaboração da teoria orgânica, uma doutrina
estreitamente ligada à superação das concepções prenormativistas das pessoas
jurídicas. Tomando-se por premissa a constatação de que a pessoa jurídica não existe
fora do direito positivo, afirma-se impossível ela manifestar vontade senão por meio
das pessoas físicas. Decorre daí que os órgão não substituem a vontade da sociedade
anônima, mas a expressam. Não são, a rigor, representantes, mas presentantes,
no sentido de que tornam presente a vontade da companhia (Pontes de Miranda).
Assim, cada órgão expressa a vontade da pessoa jurídica da sociedade anônima nos
limites de sua competência.
A assembléia geral pode ser ordinária (AGO) ou extraordinária (AGE). Diz a lei
que essas espécies se definem pela matéria em votação (LSA, art. 131), ou seja,
quando previstos, na ordem do dia, os temas característicos da assembléia ordinária, é
dessa espécie a sessão; se previstos outros assuntos, será extraordinária a reunião do
órgão.
71
8. deliberar sobre transformação, fusão,, incorporação e cisão da companhia,
sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as
contas; e
9. autorizar os administradores a confessar falência e pedir recuperação
judicial, embora, em caso de urgência, a confissão de falência ou o pedido
de recuperação judicial possa ser formulado pelos administradores, com a
concordância do acionista controlador, se houver, convocando-se
imediatamente a assembleia geral, para manifestar-se sobre a matéria.
11.2.2 Administração
Requisitos: prevê a lei que somente pessoas naturais podem ser eleitas para
os órgãos de administração. Outro requisito é a residência no Brasil. Abre-se exceção
ao membro do conselho de administração, que pode ser domiciliado ou residente no
exterior, desde que constitua procurador residente no Brasil (LSA, art. 46, § 2º).
A diretoria, que pode ser composta por não acionistas, nem sempre é o
órgão da sociedade mais indicado para assumir a responsabilidade pelas deliberações
de maior envergadura e repercussão. Estas cabem aos sócios, isto é às pessoas que
72
investiram seu dinheiro na formação da sociedade e assumiram o risco da atividade
empresarial.
11.2.4 Diretoria
73
O estatuto da sociedade anônima define o número de diretores (ou o mínimo e
máximo permitidos), a duração do mandato, substituição e, principalmente, a
competência de cada um. Dependendo da dimensão ou espécie da sociedade, a
diretoria poderá ter cargos como diretor-presidente, diretor financeiro,
comercial, de produção, jurídico, de relações com os investidores etc. As
atribuições relacionadas a cada uma das diretorias são detalhadas em normas
estatutárias.
74
Em norma programática, a Constituição Federal assegura aos trabalhadores,
excepcionalmente, a participação na gestão da empresa (art. 7º, XI). Essa disposição
constitucional tem eficácia dependente de lei, que ainda não existe.
“A participação dos empregados na gestão da empresa capitalista é criação do
direito alemão pós-guerra e foi adotada, parcialmente, também pelo direito francês.
No Brasil, a previsão constitucional aguarda a edição de lei ordinária. Enquanto isso,
companhias privatizadas e sociedades de economia mista municipais e estaduais
passam ou passaram pela experiência” (Coelho).
75
O art. 158 da Lei de Sociedade Anônima prevê a responsabilidade civil,
consistente na “obrigação de reparar o dano imposto a todo aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar prejuízo a
outrem”.
76
intervenção, liquidação extrajudicial, falência ou regime especial de administração
temporária.
“Os dois incisos do art. 158 da LSA são interdefiníveis: não há conduta que se
enquadre num deles que não se possa enquadrar também no outro. Não é correto,
portanto, considerar que cada dispositivo expressa um sistema diferente de
responsabilidade civil dos administradores de sociedade anônima”.
Essa obrigação não se encontra expressa nas normas em vigor, nem delas
decorre implicitamente.
Tal como as firmas individuais as subsidiárias integrais são constituídas por uma
só pessoa. As firmas individuais são constituídas por uma pessoa física e as
subsidiárias integrais por uma pessoa jurídica.
77
de retirar-se da companhia, sendo reembolsados pelo valor de suas ações. Aprovado o
laudo de avaliação pela assembléia geral da incorporadora, efetivar-se-á a
incorporação e os titulares das ações incorporadas receberão diretamente da
incorporadora as ações que lhes couber.
A sociedade em nome coletivo demanda sócios que sejam pessoas naturais; nos
demais tipos societários, admitem-se sócios que sejam pessoas jurídicas, embora com
algumas limitações: na sociedade em comandita simples, os sócios comanditados
devem ser pessoas naturais, a exemplo dos sócios-diretores na sociedade em
comandita por ações. A possibilidade de haver sócios que sejam pessoas
jurídicas nos coloca uma questão relevante: a titularidade de quotas ou ações de
uma sociedade por outra; com efeito, uma sociedade pode ter por objeto social apenas
a participação em outras sociedades, tirando justamente daí uma vantagem
econômica; é a chamada holding ou sociedade de participações.
I – a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas
deliberações dos quotistas ou da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos
administradores;
78
Há, ainda, o controle indireto: é controlada a sociedade cujo controle, como
acima posto, esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por
sociedades ou sociedades por esta já controladas. Assim, se a sociedade B decide
sobre as deliberações e eleições da sociedade C, e a sociedade A decide sobre as
deliberações e eleições da sociedade B, tem-se, por via de conseqüência, que a
sociedade A é considerada controladora indireta da sociedade C, mesmo não tendo
uma única quota ou ação desta última.
Art. 1.099. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade
participara com, dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.
79
1. a designação do grupo;
2. a indicação da sociedade de comando e das filiadas;
3. as condições de participação das diversas sociedades;
4. o prazo de duração, se houver, e as condições de extinção;
5. condições de admissão de outras sociedades e de retirada das que o
componham;
6. órgão e cargos da administração do grupo, suas atribuições e as relações
entre a estrutura administrativa do grupo e as das sociedades que o
componham;
7. a declaração da nacionalidade do controle do grupo; e
8. as condições para alteração da convenção.
80
Resolu
Liquid
81
(A frase encoberta acima trata da Extinção da personalidade jurídica)
82
Art. 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem
verificadas judicialmente quando contestadas.
Art. 1.038. Se não estiver designado no contrato social, o liquidante será eleito
por deliberação dos sócios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à sociedade.
I – se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberação dos sócios;
Art. 1.044. A sociedade de dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1033 e, se empresária, também pela declaração da falência.
83
sócios; c) deliberação da maioria absoluta dos sócios, na sociedade de prazos
indeterminado; d) a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento
e oitenta dias, podendo o sócio remanescente optar pelo que dispõe o parágrafo único
do art. 1.033; e) a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. Além
dessas causas, quando a sociedade limitada se organizar sob a forma de sociedade
empresária, se sujeitará, também, à falência como processo de dissolução.
84
IV – ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e
partilhar o remanescente entre os sócios ou acionistas;
Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua
responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.
85
A liquidação de uma sociedade implica na interrupção da continuidade de novas
operações empresariais, as quais ficam limitadas tão somente aos atos absolutamente
indispensáveis ao encerramento das contas. Não teria sentido, em sede de liquidação
da empresa, manter a continuidade da realização de atos empresariais, de compra,
venda e prestação de serviços, de contratação de operações de crédito e outras, eis
que incompatíveis com o processo em curso. Se, contudo, os sócios não se abstiverem
da realização de novos negócios, durante a fase de liquidação da empresa,
responderão, pessoalmente, de forma ilimitada e solidariamente, pelos seus atos, de
acordo com os art. 51 e 1.036, do Código Civil, sem prejuízo das repercussões
criminais, mormente se se tratarem de negócios estranhos ou desnecessários à
condição da empresa ora em dissolução.
86
Art. 1.112. No curso de liquidação judicial, o juiz convocará, se necessário,
reunião ou assembléia para deliberar sobre os interesses da liquidação, e as presidirá,
resolvendo sumariamente as questões suscitadas.
Dissolve-se a companhia (1) de pleno direito, (2) por decisão judicial ou (3) por
decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em
lei especial. São hipóteses de decisão de pleno direito: (1) o término do prazo de
duração, (2) a ocorrência de casos previstos no estatuto, (3) a deliberação da
assembleia geral e (4) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.
Também haverá dissolução de pleno direito da companhia se sua composição
societária for reduzida à existência de um únicos acionista, verificada em assembléia
geral ordinária, se o mínimo de dois não for constituído até à do ano seguinte, regra
que não se aplica, obviamente, às subsidiárias integrais.
20.1 Da Transformação
87
Na transformação de tipo societário, a sociedade mantém sua existência, mas
altera seu ato constitutivo para assumir um novo tipo societário. Assim, uma sociedade
limitada pode tornar-se sociedade anônima, como exemplo.
Por fim, o artigo 968, parágrafo único, do Código Civil permite ao empresário
admitir sócios, transformando-se em sociedade empresária. Os sócios deverão redigir
e firmar o ato constitutivo, pedindo arquivamento na Junta Comercial.
Art. 968 do Código Civil: § 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário individual
poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu
registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que
couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 do Código Civil.
Art. 1.033 do Código Civil: Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV
caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da
sociedade sob sua titularidade, requeira no Registro Público de Empresas Mercantis a
transformação do registro da sociedade para empresário individual, observado, no que
couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 do Código Civil.
20.2 Da Incorporação
88
Art. 1.116 do Código Civil. Na incorporação, uma ou várias sociedades são
absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Devendo
todas aprová-la, na forma estabelecida para os respectivos tipos.
20.3 Da Fusão
A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar
sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações, extinguindo-se
as sociedades que se uniram. Deve ser decidida, na forma estabelecida para os
respectivos tipos societários, pelas sociedades que pretendam unir-se. Assim, em
reunião ou assembléia dos sócios de cada sociedade deverão ser aprovados o
protocolo de fusão, o projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano
de distribuição do capital social; serão, então, nomeados os peritos que avaliarão os
patrimônios líquidos das demais sociedades. Constituída a nova sociedade, incumbirá
aos primeiros administradores promover o arquivamento e a publicação dos atos da
fusão.
Art. 1.119 do Código Civil. A fusão determina a extinção das sociedades que se
unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações.
89
20.4 Da Cisão
O Código Civil não traça normas à cisão. Destarte, interpretando os arts. 1.116
a 1.122 do Código Civil, o Conselho da Justiça Federal, na III Jornada de Direito Civil,
entendeu no Enunciado nº 231 que: “A cisão de sociedades continua disciplinada na
Lei nº 6.404/76, aplicável a todos os tipos societários”.
Art. 1.122 do Código Civil. Até noventa dias após publicados os atos relativos a
incorporação, fusão ou cisão, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover
judicialmente a anulação deles.
90
§ 1º A consignação em pagamento prejudicará a anulação pleiteada.
Pelo que dispõe o art. 132 do Código Tributário Nacional – CTN, haverá
responsabilidade da sociedade, resultante de fusão, transformação ou incorporação,
pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas fusionadas,
transformadas ou incorporadas.
91
complementar, que estão suspeitas ao controle do Banco Central do Brasil, que lhes
pode determinar a intervenção ou liquidação extrajudicial; (7) sociedade operadora de
plano de assistência à saúde, que está submetida à Agência Nacional de Saúde
Complementar; (8) sociedades seguradoras e (9) sociedades de capitalização, que
estão submetidas à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), finalmente, outras
entidades legalmente equiparadas às anteriores.
92
A lei está em harmonia com a nova disciplina do Código Civil, esclarecendo que
ela se aplica ao empresário e à sociedade empresária, designando-os devedores.
Como visto, a prescrição não “reinicia” o seu curso, não se computa de novo,
como ocorreria se de interrupção da prescrição se tratasse. A prescrição, que estava
suspensa, “continua” a fluir após cessada a causa de sua suspensão. O mesmo
entendimento deve ser atribuído ao art. 777 do CPC, concernente ao concurso de
credores.
93
A recuperação judicial é instituto que, dada sua flexibilidade de organização e
participação e controle dos credores, supera com vantagens a concordata. O
empresário ou a sociedade empresária, devedores conforme conceituado pelo art. 1º
da LREF, tem legitimidade para requerer a recuperação judicial. Não o podem fazê-lo
os sujeitos relacionados no art. 2º, já que a eles não se aplica a presente lei.
“Art. 47, A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores,
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica”.
94
trabalho. Também não se aplica a credor titular da posição de proprietário fiduciário de
bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, proprietário ou promitente vendedor
de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade, inclusive em incorporação imobiliária, ou proprietário em contrato de
venda com reserva de domínio, não se permitindo, contudo, durante o prazo de
suspensão das ações, a venda ou retirada do estabelecimento do devedor dos bens de
capital essenciais a sua atividade empresarial
O método de organização dos artigos não seguiu uma ordem cronológica que,
contudo, não resulta na impossibilidade de aplicação adequada dos preceitos.
95
No pedido de habilitação de crédito deve ser indicado o valor do crédito,
monetariamente atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de
recuperação judicial, sua origem e classificação (art. 9º, II). A atualização
monetária deverá seguir índice legal ou contratualmente estipulado.
O administrador judicial elabora e faz publicar dois editais: um primeiro de
convocação de credores para apresentarem suas habilitações ou divergências à relação
publicada (art. 7º, § 1º), um segundo, de consolidação da relação de credores, após
apreciação das habilitações ou divergências (art. 7º, § 2º).
Não se exige mais que a escolha recaia entre os maiores credores do falido. O
que se exige é que o administrador seja profissional idôneo, preferencialmente,
advogado, economista, administrador de empresa ou contador, ou pessoa
jurídica especializada. A escolha preferencial (e não exclusiva), de tais profissionais se
deve ao conhecimento que detêm e que são úteis no exercício da função que lhe é
cometida. Cabe ao juiz nomear o administrador judicial (art. 52, I).
A nova lei permite que o administrador judicial venha a ser uma pessoa
jurídica especializada. Escolhida pelo juiz uma pessoa jurídica com tal tipo de objeto
social, ela deverá indicar um dos seus profissionais para ser o responsável pelo
processo (de falência ou de recuperação judicial conforme o caso).
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não implique “tratamento diferenciado entre os credores da classe que houver
rejeitado” (art. 58, §§ 1º e 2º). Compete também à assembleia-geral de credores
o pedido formulado pelo devedor de desistência da ação, quando já deferida a
recuperação judicial, e deliberar sobre o nome do gestor judicial, quando do
afastamento do devedor (art. 35, I, d e e).
Apesar de o dispositivo prever, em ambos os processos, de falência e de
recuperação judicial, que a constituição do comitê de credores, a escolha de seus
membros e sua substituição deve ser feita pela assembléia de credores, o art. 26, §
2º, autoriza o juiz a nomear ou substituir o representante ou os suplentes,
independentemente de realização de assembléia, se houver requerimento nesse
sentido de credores que representem a maioria dos créditos da respectiva classe.
22.) FALÊNCIA
Quando não é possível manter a empresa, pois o seu passivo (as suas dívidas)
supera – e muito, normalmente – o seu ativo (os seus bens e créditos), coloca-se um
problema: Com o pouco que se tem, em contraste com o volume do que se deve, o
que fazer? Como se não bastasse o problema de haver mais dívidas do que dinheiro
para pagar, outros desafios específicos decorrem dessa desproporção. Não se poderia
permitir que os que fossem mais ágeis na cobrança recebessem tudo e os que fossem
mais lentos não recebessem nada; se assim fosse, quem tem créditos vencidos levaria
vantagem sobre quem tem créditos por vencer ou que ainda precisa ver seus direitos
reconhecidos pelo Judiciário.
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Com a decretação da falência, forma-se um juízo universal, indivisível e
competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido,
ressalvando-se as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas na Lei
11.101/05 em que o falido figura como autor ou litisconsorte ativo. Todas as ações,
inclusive essas que foram excetuadas, terão prosseguimento com o administrador
judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de
nulidade do processo. Por assim ser, as ações que devam ser propostas no juízo da
falência estão sujeitas a distribuição por dependência.
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No campo do direito civil (de acordo com artigo 158/159 da Lei 11.101/05),
deverá o falido requerer a declaração, por sentença, da extinção das obrigações. Esta
ocorre nas seguintes hipóteses:
Se o falido não tiver sendo processado penalmente ou tiver sido absolvido, por
sentença definitiva, poderá, com a simples extinção das obrigações, voltar a explorar
atividade empresarial, reabilitado que se encontra. Se, no entanto, ele for condenado
por crime falimentar, deverá, ainda, requerer a sua reabilitação penal. Esta somente
pode ser concedida após o transcurso de 2 anos contados do cumprimento da pena
(CP, art. 94). A declaração, por sentença, da extinção das obrigações é condição da
reabilitação penal.
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