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DIREITO PENAL – Alexandre Carvalho

09/02/2008 – 1ª Aula

Interpretação Autêntica Posterior

Lei 1  Lei 2

Lei 2: Interpreta dispositivo da Lei 1 (somente)


Nesse caso haverá efeito ex-tunc desde que a interpretação anterior não seja mais benéfica.

Lei 1 (interpretação judiciário X)  Lei 2 (interpretação do judiciário Y)


Sendo a interpretação X mais benigna

CF: A lei penal não retroage, exceto para beneficiar o réu (art. 5º, XL)

EXPOSICÃO DE MOTIVOS
Não é lei em sentido formal, contempla apenas explicações e motivações da lei (não é caso
de interpretação autêntica contextual).

Art. 181 do Código Penal (IMUNIDADES ABSOLUTAS)  Não será punível

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural.

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:


I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave
ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
(Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

Art. 181, inciso I  Através da interpretação teleológica, aplica-se também às hipóteses de


crimes patrimoniais não violentos cometidos na constância de união estável.

Art. 141, III  várias pessoas (quantas são?)

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos
crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou da injúria.

Art. 155 e 157  o código fala em 2 pessoas

Art. 146, §1º e art. 288  mais de 3 pessoas


A lei penal não explicita quando o número mínimo de pessoas é 3, utiliza locuções
genéricas.

Portanto, várias pessoas  número mínimo de 3

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA # ANALOGIA

Na interpretação analógica a lei existe.


Na analogia, a lei não existe, é um recurso de integração da lei.

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA OU ANALOGIA INTRA LEGEM


Fórmula casuística (casos): art. 121, §2º, IV  traição emboscada ou dissimulação.
Cláusula genérica  ex: outro recurso (vítima dormindo)

Art 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;

Segue-se uma cláusula genérica depois de uma fórmula casuística.


Interpretação analógica: enquadrar casos genéricos aos casos análogos ou similares
contidos na fórmula casuística.

A superioridade em força ou em armas são irrelevantes para qualificação no artigo 121,


§2º, IV.

ANALOGIA
É forma de integração da lei, consistindo na aplicação a uma hipótese não prevista em lei
de um dispositivo legal ou um princípio jurídico aplicável a um caso semelhante.
Não é admissível para a definição de crimes e cominação de penas (matéria reservada à
lei).
Não é admitida em malam partem.

Ex: Art. 128  excludente de tipicidade

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:


Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante
ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Não se pune aborto resultante de atentado violento ao pudor por aplicação analógica do art.
128, II.

Art. 181, II (norma penal de excusa absolutória)


Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou
natural.

A norma do art. 181, II, não se funda em razão de política criminal, como no caso do
aborto. Neste caso, a norma penal é baseada em motivo de política extrapenal (direito de
família).
Neste caso, não é possível a aplicação analógica em bonam partem. Por exemplo, no caso
de um sobrinho que furta de um tio, mesmo que haja quase uma relação de pai para filho.

Observação:
ABOLITIO CRIMINIS (causa de extinção de punibilidade, art. 107, III, CP):
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
Não apaga os efeitos civis, apenas os efeitos penais.
Direitos políticos  efeito penal.
Perda de cargo  efeito civil.

É cabível a abolitio criminis parcial?


SIM, ex: direção sem habilitação

É cabível a abolitio criminis temporária?


SIM, ex: posse de arma de fogo (prazo para a regularização da situação)

ULTRATIVIDADE EXTRA - ATIVIDADE


RETROATIVIDADE

Lei 11.464 – 28/03/2007


Estabeleceu requisitos para progressão de regimes:
2/5  para réu primário
3/5  para réu reincidente

A Lei 11.464/07 revogou a Lei 8.072/90 que em seu art. 2º, §2º vedava a progressão de
regimes para crimes hediondos.

No HC 82959/2006 o STF decidiu (6x5) que o §2º do art. 2º da Lei 8072/90 era
inconstitucional (feria o princípio da individualização da pena) – A decisão ocorreu em
controle difuso.
Apesar de ser controle difuso, o pleno que julgou a lei em tese.

Fatos ocorridos entre a lei 8072/90 e 11464/07:


Se entendermos que o HC tem EFEITO ERGA OMNES, aplicaremos a progressão de
regime normal da LEP (1/6 da pena), sendo a lei 11.464 mais gravosa.

Agora, se entendermos que o HC ocorreu em controle difuso, sendo o EFEITO INTER


PARTES, então a Lei 11464 é menos gravosa, pois admite a progressão de regime.

LEX MITIOR - IN MELLIUS


Nova lei que sem descriminalizar o fato, de algum modo, favorece o agente.
A verificação deve ser feita no caso concreto.
Art. 66, I da LEP + Súmula 611 do STF

Há casos em que a competência é do Tribunal incumbido da revisão criminal, quando for o


caso, não sendo o juiz da execução competente para isso.
Ex: Condenação pendente de recurso no Tribunal
Aplica-se de plano e de pronto a nova lei se for uma operação de natureza objetiva.
Não se aplica de plano e de pronto a nova lei quando se exigir uma operação de natureza
subjetiva, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do duplo grau de jurisdição.
Neste caso, os autos devem ser baixados à primeira instância para que o juiz complemente
a sua decisão. Depois o Tribunal analisa o recurso.

A Lex Mitior afeta a medida de segurança?


SIM, pois se a pena pode, a medida de segurança também pode.
Prazo mínimo hoje para a medida de segurança: 1 a 3 anos.

LEX TERTIA
Conjugação de partes benéficas de leis para favorecer o agente.

Lei 1 ---------------------------------------------->> Lei 2


Parte Benéfica 1 Parte Gravosa 2
Parte Gravosa 1 Parte Benéfica 2

Parte Benéfica 1 + Parte Benéfica 2 = Lei 3

A maior parte da doutrina admite.


O STF tem decisões nos dois sentidos.

Lei 11343/06 X Lei 6368


Art. 33 Art. 12
5 a 15 anos 3 a 15 anos
§4º causa de redução pena 1/6 a 2/3
Pena = 5 anos Pena = 3 anos

Lex Tercia: aplicar a pena de 3 anos com a redução do §4º

LEI INTERMEDIÁRIA
É aquela que possui simultaneamente os efeitos da ultratividade e da retroatividade.

Lei 1 (gravosa)  Lei 2 (benéfica)  Lei 3 (gravosa)


FATO

Tendo o fato ocorrido em L1, a Lei 2 é retroativa de L2 para L1 e ultrativa de L2 para L3.

LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS


A ultratividade dessas leis é absoluta (art. 3º do CP):

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou


cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
Lei excepcional não sucede, a questão é de tipicidade, por isso não há conflito entre o art.
3º do CP e o art. 5º, XL, da Constituição.

Exceção à ultratividade absoluta.

Lei 1 Excep. ou Temp.  Lei 2 Excep. ou Temp.


FATO
Gravosa Benéfica

Neste caso, a Lei 2 retroage.

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