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PUCRS - Departamento de Engenharia Mecânica e Mecatrônica Escoamentos Viscosos

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS


Faculdade de Engenharia - FENG Depto. de Engenharia Mecânica e Mecatrônica
Laboratório de Sistemas Fluidomecânicos – LSFM www.em.pucrs.br/lsfm

LSFM - Laboratório de Sistemas Fluidomecânicos

Aerodinâmica de Automóveis
COEFICIENTE DE PRESSÃO

Disciplina:
ESCOAMENTOS VISCOSOS

Atualizado: agosto 2008

Aerodinâmica de Automóveis 1
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1. Introdução
Do ponto de vista da aerodinâmica, os automóveis são corpos abruptos que se movem
próximos do solo. Sua detalhada geometria é muito complexa fazendo com que o escoamento
produzido pelo mesmo seja tridimensional e turbulento. Os principais objetivos da aerodinâmica de
automóveis é evitar a separação do escoamento quando possível, ou pelo menos controlar a mesma.
Na hora de se projetar um automóvel leva-se em consideração fatores funcionais, estéticos e
econômicos, estes fatores são os principais fatores que predeterminam sua forma. As características
aerodinâmicas são umas conseqüências do modelo projetado.
Para conhecer a qualidade aerodinâmica de um automóvel é necessário determinar a
distribuição de pressão em torno do mesmo. Uma representação simplificada da distribuição de
pressão é dada na Fig.1. A pressão é baixa ao redor do nariz do veículo devido à curvatura das linhas
de corrente no momento em que o escoamento o contorna. A pressão atinge o máximo na base do
pára-brisas, pela curvatura das linhas de corrente. Regiões de baixa pressão também ocorrem no alto
dos pára-brisas e acima do teto do automóvel. A velocidade do ar acima do teto pode ser 30% maior
o que a de corrente livre. Com a distribuição de pressão podem ser avaliadas as principais forças
aerodinâmicas denominadas força de arrasto, força de sustentação e coeficiente de pressão, o qual
será tratado neste trabalho.
A principal ferramenta para avaliar a performance aerodinâmica de automóveis tem sido o
uso do túnel de vento. Os modelos adotados em escala são submetidos a um fluxo de ar que
representa a movimentação relativa do veículo. Sistemas ou sensores de pressão permitem
determinar as forças e momentos aerodinâmicos do automóvel.
Existem limitações quando testamos um veículo em escala no túnel de vento. Devido a sua
forma abrupta e o tamanho dentro da seção de teste, o carro faz uma perturbação da corrente de
fluido. Isto é denominado efeito de bloqueio e representa a razão entre a área frontal do carro e a
seção transversal do túnel. Para automóveis esta razão pode chegar a 20%.
O movimento relativo entre o veículo e o solo e a rotação das rodas são complicados de
reproduzir em laboratório e geralmente não são considerados nos resultados. Por esta razão
eliminamos as rodas e o espaço entre o veículo e o solo, trabalhando, então, somente a partir do
pára-choque do veículo.

(a) (b)

Figura 1 – (a) Visualização do escoamento sobre um automóvel (b) Distribuição de pressão sobre o automóvel

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2. Objetivo
Determinar experimentalmente a distribuição de pressão em toda a extensão do automóvel,
estudando a importância do coeficiente de pressão (Cp) na aerodinâmica de automóveis.

3. Metodologia
Utiliza-se um túnel de vento de pequeno porte no qual porte é testado um modelo de
automóvel em escala 1:24. Estes testes são realizados com velocidade de referencia do túnel de
vento entre 8m/s a 12m/s.
O modelo do veiculo possui 19 tomadas de pressão com 1mm de diâmetro interno
abrangendo toda a extensão do veículo. Em cada uma de estas tomadas são conectadas mangueiras
de silicone com 2mm de diâmetro interno. Estas tomadas de pressão são conectadas ao manômetro
digital para determinar a pressão. Na experiência não se considera o efeito das laterais e da parte
inferior do automóvel.

P∞
U∞

Figura 2- Ilustração do Túnel de Vento e suas tomadas de pressão

4. Coeficiente de pressao

O coeficiente de pressao é definido como:

Pi − P∞
Cp =
1
ρU ∞2
2
Onde:
Pi: pressão obtida no automóvel (Pa);
P∞: pressão de corrente livre (Pa);
3
ρ : massa específica do ar (kg/m );
U∞: velocidade no túnel de vento (m/s);

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5. Plano de atividades
Cada grupo devera realizar as seguintes tarefas

1) Ajustar o inversor a freqüência entre (entre 65 e 80 Hz);


2) Medir a temperatura na seção de testes do túnel de vento (Fig.3);
3) Medir a pressão de corrente livre (P∞) (Fig.4);
4) Medir a pressão entre os pontos 1 e 2, e através da Eq. 1 determinar a velocidade de corrente
livre (U∞). (Fig.5);
4) Instalar o modelo do veículo no túnel de vento;
5) Conectar a tomada de pressão carro ao sinal de entrada do manômetro digital, assim
adquirindo a pressão estática (Pi); (Ver Fig.2)
6) Realizar o procedimento para todas as tomadas do carro;

A Eq.1 é utilizada para determinar a velocidade de corrente livre na seção de testes. A dedução da
mesma encontra-se no anexo 1. Onde ρ é a massa especifica do ar e ∆P1-2 é a variação de pressão
medida entre os pontos (1) e (2) conforme Fig.5. A constante ou coeficiente ka leva em consideração
a relação de área entre a seção de testes e a câmara de estabilização do túnel de vento. Para o caso
específico do túnel do laboratório ka =0,84.

2 .∆ p 1 − 2
U∞ =
ρ .k a (Eq. 1)

Figura 3 - Medindo a temperatura na seção de testes. Figura 4 – Medindo a pressão de corrente livre.

(a)
(b)

Figura 5 - Medindo a diferença de pressão entre as seções de teste

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Obs: Zerar o manômetro antes de iniciar o processo de medição

6. Dados da Experiência
Tab. 1 - Variáveis
Variáveis Nome Valor Unidade
Temperatura do Ar T °C
Freqüência do Motor f Hz
Pressão de Corrente Livre P∞ Pa
Velocidade de Corrente Livre U∞ m/s
Diferença de pressão entre 1-2 ∆p1-2 Pa

Tab. 2 – Pressões para cada tomada


Ponto (Pi-P∞) Cp
Pa
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19

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A Fig. 6 e 7 mostra um exemplo da distribuição de pressão e seu correspondente coeficiente de


pressão determinado conforme a metodologia apresentada.

50
40
30
20
Pressão Estática (Pa)

10
0
-10
-20
-30
-40
-50
-60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Numero de tomadas de pressao

Figura 6 – Relação entre a pressão estática em função do número de tomadas de pressão

1,5

1
Coeficiente de Pressão (Cp)

0,5

-0,5

-1

-1,5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Numero de tomadas de pressao

Figura 7 – Relação entre o coeficiente de pressão (Cp) em função do número de tomadas de pressão
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7. O relatório individual a ser apresentado deve conter:

• Capa, nome do aluno, titulo da experiência, objetivo e demais dados de identificação


julgados importantes pelo aluno;
• Uma tabela com os valores levantados na experiência;
• Uma tabela com os resultados teóricos dos dados levantados em laboratório usando
as equações adequadas;
• Levantar as curvas de Cp versus número de tomadas de pressão e pressão estática
versus número de tomadas de pressão;
• Comentar a prática e conclusões
• Referências bibliográficas

8. Anexo – Velocidade de corrente livre (U∞) em função da diferença de


pressão entre as seções do túnel de vento.

Através da equação da energia sabemos que:


2 2
U U
p1 + ρ 1
− h bocal = ρ 2
+ p2 (A.1)
2 2
Utilizando a Equação da continuidade:
U 1 . A1 = U 2 . A2
2
A 
U1 = U 2  2 
2 2

 A1 
Desta maneira a equação da energia pode ser reescrita da seguinte maneira:
2
U
2
 A2  U2
2
p1 + ρ 2
  − h bocal = ρ + p2 (A.2)
2 A
 1  2
2
 A2  U 2 2 U2
2
U2
2
p 1 + ρ   . k bocal = p2 + ρ
 A1  2 2 2
2
 A2  U 2 2 2
p 1 + ρ   (1 − k bocal )= p2 + ρ
U 2

 A1  2 2
2
2
 A2  2
( p1 − p 2 ) = − ρ U 2   .(1 − K bocal )+ ρ U 2
2  A1  2

U 2   A2  
2 2
2
 A2 
( p1 − p 2 ) = ρ −   + k bocal   + 1 
2   A1   A1  

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Tornando desprezível a perda de carga no bocal (kbocal=0), podemos reescrever a equação da energia
da seguinte maneira:

U2   A2  
2 2

( p1 − p 2 ) = ρ 1 −    (A.3)
2   A1  
 
Definindo a relação entre as áreas como uma constante:
  A 2 
k a = 1 −  2   , Assim, se A1=0,0256 m²; A2= 0,064 m², logo ka= 0,84
  A1  

Desta forma, considerando (U2 = U∞) podemos escrever a equação da energia, conforme a equação
abaixo:

1
∆ p1 − 2 = ρ .k a U ∞ 2 (A.4)
2
Onde:
∆p1-2= Diferença de pressão entre os pontos 1 e 2 (Pa)
ρ= Massa específica do Ar (kg/m³)
U∞= Velocidade de corrente livre na seção de testes do túnel de vento (m/s)
ka= 0,84 (Constante de relação entre as áreas)

Sendo ∆p1-2:

Obs: Esta apostila foi desenvolvida em 2006/2, com o auxílio dos estagiários do NUTEMA Guilherme
Wenzel, Marcos Vinícius Scheffer Cattaneo e Pedro José Moacyr Rangel Neto. Ultima modificação
(2008/2) bolsista Rafael Crespo Izquierdo.

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