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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO ESCOLAR

KARLA PATRÍCIA COSTA


ROSELI CORREIA ROCHA

Projeto Político-Pedagógico e a Indisciplina Escolar

Salvador
2010
KARLA PATRÍCIA COSTA
ROSELI CORREIA ROCHA

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E A INDISCIPLINA ESCOLAR

Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal da Bahia,


como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Gestão
Escolar.

Orientador (a): Jocelma Rios

Salvador
2010
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3

2. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA......................................................................5

2.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ESCOLA......................................................................5


2.2. ESTRUTURA FÍSICA DA ESCOLA....................................................................................7

2.3. PERFIL DOS ESTUDANTES............................................................................................8

2.4. PERFIL DA COMUNIDADE DE ENTORNO..........................................................................8


2.5. CONSELHO ESCOLAR...................................................................................................9
2.6. PPP........................................................................................................................10
2.6.1. Missão.........................................................................................................11
2.6.2. Visão...........................................................................................................11
2.6.3. Valores........................................................................................................11
2.6.4. Objetivos e metas........................................................................................11
2.7. A ESCOLA HOJE.....................................................................................................12
2.8. SITUAÇÃO PROBLEMA.............................................................................................13
2.9. OBJETIVO DA INTERVENÇÃO.....................................................................................13
2.9.1. Objetivo geral.............................................................................................13
2.9.2. Objetivos específicos...................................................................................13
2.10. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................14
2.11. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................14
2.12. METODOLOGIA DE TRABALHO................................................................................17
REFERÊNCIAS...............................................................................................................20
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1. INTRODUÇÃO

O Projeto Político Pedagógico (P.P.P.) de uma escola é uma construção coletiva,


contribuindo para a melhoria do processo ensino aprendizagem de todos os sujeitos que fazem
parte do contexto escolar. Como afirma Gadotti (1994 apud Veiga, 2001, p.18).
Todo o projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de
instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estar
melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a
determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo
seus atores e autores.
Para se constatar que este documento é uma prática coletiva que concretiza a realidade
da escola e busca a superação do presente, apontando as possibilidades para o futuro, este não se
reduz apenas a dimensão didática pedagógico, ou seja, apenas função do supervisor ou professor,
mas, o envolvimento de toda a comunidade escolar, constituindo-se de princípios e diretrizes do
vir a ser da escola.
Uma das questões mais discutidas no âmbito escolar está ligada à indisciplina, essa
constantemente gera muita polêmica, as causas são inúmeras e dificilmente se chega a uma
conclusão. Nesse sentido, o primeiro passo a ser traçado é a realização de uma análise no
“embrião” do problema, ou seja, na origem da questão, é partir daí que se conhece os motivos que
levam os indivíduos a comportar de forma indisciplinada.
Antes de julgar o comportamento de alguns é preciso verificar a realidade da escola, da
família, o psicológico, o social, além de muitos outros.
As manifestações de indisciplina, muitas vezes, podem ser vistas como uma forma de se
mostrar para o mundo, mostrar sua existência, em muitos casos o indivíduo tem somente a
intenção de ser ouvido por alguém, então para muitos alunos indisciplinados a rebeldia é uma
forma de expressão.
Muitas escolas não oferecem espaços adequados para a prática de esportes, para brincar
ou correr nos intervalos. Diante disso, o espaço escolar fica limitado somente à sala de aula, como
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crianças e adolescentes detêm muita energia, a falta de locais para “gastar” essa energia conduz à
indisciplina. Outro aspecto de grande relevância é a família, problemas de diversas ordens podem
acarretar na indisciplina escolar, talvez esse aluno conviva em um lar desestruturado onde os pais
não se respeitam e assim reproduzem o que presencia em casa na escola.
Além disso, problemas psicológicos e sociais atingem diretamente o rendimento escolar,
mais precisamente no fenômeno da indisciplina que se tornou, nos últimos anos, um dos principais
problemas da educação no Brasil.
A indisciplina cresce constantemente, produto de uma sociedade na qual os valores
humanos tais como o respeito, o amor, a compreensão, a fraternidade, a valorização da família e
diversos outros foram ignorados.
A partir dessas considerações apontadas nesse trabalho, algumas possibilidades são
propostas afim de minimizar e melhorar o processo de ensino e aprendizagem da Escola
Municipal Themístocles Cezar Góes.
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2. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

A Escola Municipal Themístocles Cezar Góes, estabelecimento de ensino


Fundamental I, II e EJA, está localizada à Rua Alto da Esperança, no bairro do Bom Viver,
município de Catu, estado da Bahia, a 80 km da capital Salvador. Foi inaugurada em dezembro de
1994, no então governo Antonio Imbassahy, o qual era sua entidade mantenedora. Com a
municipalização em dezembro de 1998 passou a ser gerida pela Secretaria de Educação do
município.
É a única escola desse porte situada nessa comunidade e por isso responsável por
ações de mobilização, conscientização e conceitos de cunho sócio-cultural, na tentativa de garantir
a condição de cidadãos participando ativamente como sujeitos sociais.

Quadro 1 – Dados cadastrais da unidade escolar


Unidade escolar Escola Themistocles Cezar Góes
Endereço Rua Alto da Esperança- S/N – Bom Viver – Catu/BA
Telefones (71) 3641 0079
E-mail escolathemistocles@gmail.com
Home-page http://espacodothemistocles.blogspot.com/
Cadastro no MEC/Inep 29334500
Autorização de funcionamento
Classificação IDEB
Modalidades de ensino Ensino Fundamental I e II - EJA
Quantitativo de alunos 290

2.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ESCOLA

Embora haja no município de Catu o processo de eleições diretas para direção escolar,
alguns critérios, como a quantidade de alunos, fez com que a Escola Municipal Themístocles
Cezar Góes não passasse pelo processo de eleição, tendo sua administração formada por
indicação. O corpo administrativo é formado por uma diretora geral e uma vice-diretora, que tem
como vigência a duração de três anos e uma coordenadora pedagógica. A gestão busca trabalhar
de forma democrática e participativa, envolvendo todos os segmentos da escola.
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O corpo docente é composto por dezoito professores, sendo uma que atua no
Fundamental I e dezessete no Fundamental II.
A secretaria funciona em tempo integral, tendo duas secretárias efetivas que mantém
através de registros manuais e informatizados os registros de dados dos alunos e os documentos
administrativos organizados. Quanto ao pessoal de apoio, faz parte do quadro de funcionários,
dois auxiliares de serviços gerais efetivos e uma merendeira também efetiva.

Diretor
Roseli Rocha Correia Teixeira

Vice-diretor(a)
Karla Patrícia Costa

Secretário (a)
Coordenador(a) pedagógico(a) Catemila Verena e Maria
Auxiliares de Serviços Gerais
Karla Patrícia Costa Clotildes
Maria Clotildes
Professores

Figura 1: Organograma da unidade escolar


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Quadro 2 – Quadro funcional


Nome Cargo Formação Especialização(ões) Carga Turno de Vínculo
básica horária trabalho
Ana Lucia Pereira Araújo Professora Sup.Comp. X 40 M-V Municipal
Angela Maria Shaam Professora Sup.Comp. 20 M-V Municipal
Antonio Soriano M. Filho Porteiro Médio 40 M-V Municipal
Cleopátra Guarani A. Santana Professora Sup.Comp. X 20 N Municipal
Catemila Verena dos Santos Secretária Sup.Comp. 40 M-N Municipal
Débora Paula M. de Jesus Professora Sup.Comp. 20 M Municipal
Débora Carvalho M. de Jesus Professora Sup.Comp. 20 M-N Municipal
Edcleide Valença Professora Sup.Comp. X 20 M-V Municipal
Elmo dos Santos Ferreira Professor Sup.Incomp. 20 M-V Municipal
Gilson Santos Matos Professor Sup.Incomp. 20 N Municipal
Jaildes da Silva Barraca Professora Sup.Incomp. 20 N Municipal
Jacinete de O. Santos Professora Sup.Incomp. 20 M-V Municipal
Josenice dos S. Santos Aux.Serv.Gerais Médio 40 M-V Municipal
Karla Patrícia Costa Vice-Direção Sup.Comp. 40 M-V-N Municipal
Kátia Vasconcelos Professora Sup.Comp. X 20 M-N Municipal
Luciana B. dos Santos Professora Sup.Comp. 20 M-V Municipal
Maria Clotildes dos Santos Secretária Médio 20 M-V Municipal
Maria das Graças P. dos Santos Professora Sup.Incomp. 20 M Municipal
Márcia Rosana Baldez Professora Sup.Comp. 20 M-V Municipal
Marileuza de J. S. Nascimento Professora Sup.Incomp. 20 M-V Municipal
Naíra Cecília N. Esteves Professora Sup.Incomp. 20 M-V Municipal
Roseli Correia Rocha Direção Geral Sup.Comp. 40 M-V-N Municipal
Rosenir de França Gomes Professora Sup.Comp. 40 M-V-N Municipal
Remildes da Hora Nascimento Aux.Serv.Gerais Médio 40 M-V Municipal
Robson da Silva França Aux.Serv.Gerais Médio 40 M-V Municipal
Vilma Alves Pereira Professor Sup.Comp. 20 M-N Municipal

2.2. ESTRUTURA FÍSICA DA ESCOLA

A Escola Municipal Themístocles Cezar Góes conta com uma formação estrutural
composta de quatro salas de aula, dois banheiros, um pátio coberto, uma secretaria e uma cozinha
com um depósito para armazenamento da merenda escolar. Essa estrutura foi programa para
atender a clientela a clientela do ensino Fundamental I. No entanto, com o crescimento
populacional houve a necessidade de implantar o ensino fundamental II a partir do ano 2000. A
EJA passou a ser oferecida no ano de 2009. Ao atender essas novas demandas, observou-se uma
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precariedade do espaço físico, onde ficou notória a necessidade de uma ampliação para a melhoria
do atendimento, além da perda de alunos por falta de mais salas de aulas de aula.

Quadro 3 – Recursos da unidade escolar


Tipo de recurso Descrição Quantidade
Computador 1
Televisão 1
Equipamentos
Aparelho de DVD 2
Livro Para-didáticos 120
Jogos Educativos 3
Material didático
Carteiras escolares 146
Mesa 5
Armário 3
Mobiliário Estantes 3
Arquivos 4

2.3. PERFIL DOS ESTUDANTES

O corpo discente é composto de estudantes de classe baixa e média baixa, uma parte
proveniente do bairro do Bom Viver e outra da zona rural adjacente, sendo distribuídos nos turnos
matutino, vespertino e noturno. Tendo uma turma de quarta-série, três turmas de quinta-série, duas
turmas de sexta-série uma turma de sétima-série e uma turma de oitava –série, no turno diurno e
no turno noturno uma turma de EJA I e duas turmas de EJA II.

2.4. PERFIL DA COMUNIDADE DE ENTORNO

Atualmente o bairro onde a escola está situada possui uma dimensão espacial
consideravelmente heterogênea uma vez que no mesmo, existe uma dualidade onde o espaço rural
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e urbano coexiste. Sua população apesar do baixo índice de escolaridade possui uma organização
social que se evidencia com a existência de duas associações de moradores: Associação São Judas
Tadeu e Associação dos Moradores do Alto da Esperança. Além dessas associações o bairro
possui grupo de jovens ligados as igrejas protestantes (Adventista e Assembléia de Deus) e a
Igreja Católica, que desenvolve trabalhos comunitários. Percebe-se a carência de mais projetos
sociais que continue afastando a população adolescente da marginalidade.
Do ponto de vista do saneamento, o bairro pode se caracterizar como essencialmente
rural, não apresenta rede de esgoto e conta como serviço de saúde um único PSF (Posto de Saúde
Familiar). Com relação aos meios de transportes a situação não se diferencie do restante da cidade,
onde prevalecem as motos e os transportes alternativos ligados as Cooperativas de Motoristas
Autônomos de Catu. Quanto aos maios de comunicação é servido pela rede telefônica e percebe-se
uma limitação em relação aos correios, pois não chegam a todos do bairro.

2.5. CONSELHO ESCOLAR

O Conselho Escolar é o órgão máximo ao nível da escola e tem funções consultivas,


deliberativa e fiscalizadora, com prévia consulta aos seus pares.
As famílias podem se envolver ativamente nas decisões tomadas pelas escolas dos
seus filhos. Candidatar-se a uma vaga no conselho escolar é uma boa maneira de acompanhar e
auxiliar o trabalho dos gestores escolares. O Conselho Escolar da Escola Municipal Themístocles
Cézar Góes é constituído por representantes de pais, estudantes, professores, demais funcionários,
membros da comunidade local e o diretor da escola. Através de um consenso, foram estabelecidas
regras transparentes e democráticas de eleição dos membros do conselho. O mandato de cada
conselheiro terá a duração de dois anos.
As reuniões acontecem mensalmente e questões relacionadas a dinâmica da escola são
expostas e discutidas entre os integrantes, na tentativa de se encontrar possíveis soluções para as
mesmas. São funções do Conselho Escolar:
 Elaborar o regimento;
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 Elaborar o plano administrativo conjuntamente com a direção da escola


sobre a programação e aplicação dos recursos para a manutenção e conservação da Escola;
 Criar e garantir mecanismos de participação efetiva e democrática da
comunidade escolar na definição do projeto político-pedagógico da comunidade escolar;
 Divulgar periódica e sistematicamente informações referentes ao uso dos
recursos financeiros, resultados obtidos e à qualidade dos serviços prestados;
 Convocar assembléias gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;
 Definir o calendário escolar, no que competir à unidade, observando a
legislação vigente;
 Fiscalizar a gestão administrativo-pedagógica e financeira da comunidade
escolar;

2.6. PPP

A escola é responsável pela formação e desenvolvimento do cidadão no sentido pelo


da palavra. Então cabe a ela definir-se pelo tipo de cidadão que deseja formar, de acordo com a
sua visão de sociedade. Cabe-lhe também a incumbência de definir as mudanças que julga
necessária para fazer nessa sociedade através das mãos do cidadão que irá formar.
Desse modo o Projeto Político Pedagógico é uma forma de traçar as diretrizes
pedagógicas a fim de delinear a formação do estudante enquanto um ser social capaz de contribuir
para as transformações sociais que viabilizem uma melhor vivência do ambiente escolar e na
comunidade em que o mesmo reside.
A proposta desta Unidade Escolar visa a re-elaboração do PPP, pois alguns tópicos
precisam ser revistos e atualizados. Nesta fase, todos os segmentos da escola foram convidados a
participar, pois e essencial que esse processo seja realizado de forma entrosada, democrática e,
principalmente, participativa.
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2.6.1. Missão

A missão desta unidade escolar é promover aos alunos uma educação voltada para a
valorização da sua auto estima buscando a preparação do mesmo para atuar como ser crítico,
construtor e consciente do importante papel que exerce na sociedade..

2.6.2. Visão

A unidade escolar tem como visão ser reconhecida como uma instituição de referência
que promove a formação ética, a autonomia intelectual e a integração de valores e competências
necessárias ao projeto de vida de nossos alunos.

2.6.3. Valores

A comunidade escolar tem como valores:


a) Solidariedade;
b) Honestidae;
c) Respeito ao próximo;
d) Otimismo;
e) Auto estima.

2.6.4. Objetivos e metas

Os objetivos estabelecidos no PPP tiveram como base as necessidades tanto físicas


quanto humanas apresentadas pela instituição escolar, a partir dos anseios, observações e
pesquisas. Ao se elaborar esse quadro de objetivos e metas todos os segmentos da escola foram
convidados a participar.
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Quadro 4 – Objetivos e metas da unidade escolar (estabelecidas no PPP atual)


Objetivo Meta(s) Prazo Responsável (is) Status
Estímulo do hábito da Desenvolvimento da leitura Março a Outubro Professores de Língua 90%
leitura para melhoria do e conseqüentemente a de 2010. Portuguesa e Redação.
processo de aprendizagem compreensão.
Conservação do ambiente Valorização do patrimônio Todo o ano. Corpo docente e 90%
físico da escola. escolar discente.
Melhoria do processo de Desenvolvimento da auto- Todo o ano. Professores, direção e 100%
aprendizagem através do estima do aluno. funcionários.
desenvolvimento da auto-
estima do educando.
Diminuição da indisciplina Valorização das relações Todo o ano Comunidade escolar e 80%
escolar pessoas na escola. família.
Segurança da comunidade Suspensão do muro. 1º Semestre Direção e Coordenação 100%
escolar.
Aumento da oferta de Construção de duas salas Todo o ano. Direção e Coordenação 100%
vagas.

2.7. A ESCOLA HOJE

O que é preciso ser revisto nas escolas não só da rede pública, é a falta condição
necessária para um ambiente harmonioso, condições necessárias para o desenvolvimento de um
projeto pedagógico capaz de lidar com os novos desafios da educação, da globalização e
tecnologia. O sucesso da escola está comprometido com a implantação da cultura de mudança, de
contínuo aperfeiçoamento, sendo que o que estes alunos precisam é serem disciplinados e
integrados novamente a um regime escolar que os fará serem pessoas melhores.
E isso a equipe da Escola Municipal Themístocles Cezar Góes tem como prioridade. O
empenho em desenvolver um trabalho significativo de forma a sanar problemas como,
indisciplina, baixo rendimento escolar, envolvimento com a comunidade local, ausência da família
na escola e outros. Problemas que aflige a escola como um todo.
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2.8. SITUAÇÃO PROBLEMA

Para mudar a perspectiva em relação à indisciplina, é imprescindível que a escola se


responsabilize cotidianamente por garantir um ambiente de cooperação, em que o valor humano, o
respeito, a dignidade e a integridade marquem as relações. Essa conquista pode se dar por meio de
um percurso de formação continuada para toda a equipe. Ao mesmo tempo, é preciso ter em mente
que conflitos sempre vão ocorrer e não é possível esperar o fim da formação para resolvê-los. É
preciso lembrar de que o mais importante é lidar com a causa do conflito e não apenas atribuir
culpa e impor punições. Pouco importa quem começou uma discussão. O fundamental é analisar o
que levou as pessoas a ter dificuldade de negociar soluções justas e respeitosas.

2.9. OBJETIVO DA INTERVENÇÃO

2.9.1. Objetivo geral

Investigar as interações educativas escolares, mais especificamente aquelas inapropriadas


para este contexto – comportamento de indisciplina do aluno, de contestação à autoridade
científica do professor, comportamento de agressão verbal e física - incompatíveis com a
aprendizagem acadêmica e interações sociais significativas para o desenvolvimento do aluno, de
forma a encontrar possíveis soluções com intuito de eliminar ou minimizar tais problemáticas.

2.9.2. Objetivos específicos

a) Promover uma mudança de olhar em relação à indisciplina, estudando conceitos de

desenvolvimento moral e ético e adotado-os como conhecimento necessário ao proceso

educacional;

b) Estimular a equipe a refletir sobre a própria postura;


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c) Conhecer os principios de um ambiente de cooperação;

d) Analisar o regimento da escola;

e) Orientar a atuação da equipe frente a situação de conflito.

2.10. JUSTIFICATIVA

Qualquer pessoa ligada às práticas escolares contemporâneas, seja como


educador, seja como educando, ou público mais geral (pais, comunidade etc.),
consegue ter uma razoável clareza quanto àquilo que nos acostumamos a
reconhecer como a "crise da educação". Sabemos todos diagnosticar sua
presença, mas não sabemos direito sua extensão nem suas razões exatas.
A indisciplina na atualidade se apresenta não mais como um evento especifico e esporádico,
mas como um dos mais graves e generalizados obstáculos pedagógicos ao trabalho educativo com
alunos de todas as idades.Nos últimos anos houve um aumento significativo de casos de
indisciplina dentro da sala de aula.
Muito se tem feito pelos alunos que apresentam bom desempenho na escola, como
oferecimento de bolsas e outras premiações, mas os alunos que realmente deveriam ser mais
trabalhados pelo fato de apresentarem dificuldades de comportamento, conseqüentemente mal
desempenho escolar são ignorados muitas vezes pela própria escola. Por isso a necessidade
dessa situação ser revista e superada.

2.11. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


O aluno-problema é tomado, em geral, como aquele que padece de certos
supostos "distúrbios psico/pedagógicos"; distúrbios estes que podem ser de
natureza cognitiva (os tais "distúrbios de aprendizagem") ou de natureza
comportamental, e nessa última categoria enquadra-se um grande conjunto
de ações que chamamos usualmente de "indisciplinadas". Dessa forma, a
indisciplina e o baixo aproveitamento dos alunos seriam como duas faces de
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uma mesma moeda, representando os dois grandes males da escola


contemporânea, geradores do fracasso escolar, e os dois principais obstáculos
para o trabalho docente.
Uma primeira hipótese de explicação da indisciplina seria a de que "o aluno
de hoje em dia é menos respeitador do que o aluno de antes, e que, na verdade,
a escola atual teria se tornado muito permissiva, em comparação ao rigor e à
qualidade daquela educação de antigamente".
Esse primeiro entendimento, mais de cunho histórico, da questão
disciplinar precisa ser repensado urgentemente. E a primeira coisa a admitir é
que essa escola de antigamente talvez não fosse tão "de excelência" quanto
gostamos de pensar hoje em dia
Essa é a grande tarefa dos educadores brasileiros na atualidade: fazer com
que os alunos permaneçam na escola e que progridam tanto quantitativa quanto
qualitativamente nos estudos. Mesmo porque escolaridade mínima e obrigatória
é um direito adquirido de todo aquele nascido neste país. E desse princípio ético-
político, e também legal, não podemos abrir mão sob hipótese nenhuma.
Quando conseguirmos fazer com que a cada criança corresponda uma vaga
numa escola, bem como condições efetivas para que lá ela permaneça (e queira
permanecer) , algo de radicalmente revolucionário terá acontecido neste país.
É tarefa de todos nós (principalmente os educadores) garantir uma
escola de qualidade e para todos, indisciplinados ou não, com recursos ou
não, com pré-requisitos ou não, com supostos problemas ou não. A inclusão,
pois, passa a ser o dever "número um" de todo educador preocupado com o
valor social de sua prática e, ao mesmo tempo, cioso de seus deveres
profissionais.
Outra hipótese muito em voga no meio escolar, produto de nosso suposto
e, às vezes, perigoso "bom senso" prático, diz respeito à suposição de que "as
crianças de hoje em dia não têm limites, não reconhecem a autoridade, não
respeitam as regras, e a responsabilidade por isso é dos pais, que teriam se
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tornado muito permissivos". Quase todos parecem concordar com essa hipótese
do "déficit moral" como explicativa da indisciplina.
Pois bem, esse tipo de entendimento da questão disciplinar, mais de cunho
psicológico, merece pelo menos dois reparos: o primeiro, com relação à idéia de
ausência absoluta de limites e do desrespeito às regras; o segundo, sobre a
suposta permissividade dos pais.
Vejamos o primeiro: se prestarmos um pouco de atenção nos alunos
mais indisciplinados fora da sala de aula, num jogo coletivo, por exemplo,
veremos o quanto as regras são muito bem conhecidas pelas crianças e
adolescentes. Não é nada estranho a um jovem de hoje em dia a vivência de
uma situação qualquer de acordo com regras muito bem estabelecidas,
rígidas na maioria das vezes.
Desse modo, não se pode sustentar, nem na teoria nem na prática, que
as crianças padeçam de falta generalizada de regra e de limite, embora esta
idéia esteja muito disseminada no meio escolar. Ao contrário, a inquietação e
a curiosidade infantis ou do jovem, que antes eram simplesmente reprimidas,
apagadas do cotidiano escolar, podem hoje ser encaradas como excelentes
ingredientes para o trabalho de sala de aula. Só depende do manejo delas.
Um segundo reparo a essa idéia da falta de limites da criança e do
jovem refere-se à suposta permissividade dos pais que, por sua vez, estaria
criando obstáculos para o professor em sala de aula. Segundo boa parte dos
professores, a família, em certa medida, não estaria ajudando o trabalho do
professor, pois as crianças seriam frutos da "desestruturação", do
"despreparo" e do "abandono" dos pais (vale lembrar, oriundos também das
décadas de 60/70). E mais ainda, os professores teriam se tornado quase
"reféns" de crianças tirânicas, deixados à mercê de crianças "sem educação".
É muito comum imaginarmos que "criança mal-educada em casa"
converte-se automaticamente em "aluno indisciplinado na escola". Pois
alertemos que isso nem sempre é necessariamente verdadeiro. Não é
possível generalizar esse diagnóstico para justificar os diferentes casos de
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indisciplina com os quais deparamos. Além disso, há uma evidência


irrefutável de que os mesmos alunos indisciplinados com alguns professores
podem ser bastante colaboradores com outros.
Ainda, uma terceira hipótese que os professores levantam freqüentemente
sobre as razões da indisciplina é que "para os alunos, a sala de aula não é tão
atrativa quanto os outros meios de comunicação, e particularmente o apelo da
televisão. Por isso, a falta de interesse e a apatia em relação à escola. A saída,
então, seria ela se modernizar com o uso, por exemplo, de recursos didáticos
mais atraentes e assuntos mais atuais".
Esse tipo de raciocínio, mais de cunho metodológico, também merece
alguns reparos. O principal deles refere-se ao fato mais do que evidente de que
escola não é um meio de comunicação. Da mesma forma que distinguimos
anteriormente as instituições família e escola, aqui faz-se importante a distinção
escola e mídia.
Enquanto a mídia (os diversos meios de comunicação como a televisão, o
rádio, o jornal, o próprio computador atualmente etc.) têm como função
primordial a difusão da informação, a escola deve ter como objetivo principal a
reapropriação do conhecimento acumulado em certos campos do saber.

2.12. METODOLOGIA DE TRABALHO

O problema da indisciplina escolar é bastante complexo para que o professor ou o


pedagogo efetuem ações isoladamente. Um trabalho realizado desta forma corre o risco de ficar no
círculo vicioso do empurra-empurra, ou na eterna busca dos culpados. Segundo Vasconcellos
(2004, p.76):
“Tem havido uma certa confusão em relação ao trabalho do professor: como se
constatou que é muito complexo, começou-se a repartir com outros profissionais,
ao invés destes profissionais (orientadores, supervisores, etc.) estarem trabalhando
junto ao professor para melhor capacitá-lo, já que, ao nosso ver, é ele que deve
enfrentar os conflitos e não cair no jogo dos “encaminhamentos”. O espaço de
reunião é privilegiado para esta inter-ajuda entre os profissionais”.
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Necessitamos de um envolvimento coletivo sério e comprometido, direcionando


esforços na busca de resultados positivos frente a tal problemática. Há uma urgente necessidade de
reflexão teórico-prática, tomada de postura e busca de soluções. Partindo dessa premissa,
verificamos a importância no investimento da escola na formação permanente do professor e,
especificamente tratando da problemática da indisciplina escolar, tema de estudo do presente
trabalho, a organização de momentos de estudo, reflexão e revisão metodológica da prática
cotidiana de sala de aula, torna-se fundamental para a melhoria da qualidade do processo
pedagógico. Além do que, um projeto construído coletivamente estabelece o envolvimento e a
cumplicidade grupal em torno da proposta. Buscamos a conscientização da comunidade educativa
em torno de um novo sentido da indisciplina. Como se dá essa conscientização? Pela dialética:
Ação-reflexão-ação. Temos, pois, que partir da realidade, refletir sobre ela, de forma a despertar o
desejo, a vontade política, o compromisso de se construir algo diferente, buscar junto o que seria
isto e colocar em prática, voltar a sentar em conjunto, refletir sobre a prática, etc. Precisamos,
portanto de uma teoria que ajude a analisar a realidade” (Vasconcellos, 2004, p.19).
Conforme Freire (1996, p. 22), “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma
exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática,
ativismo.”
Sendo assim, acredita-se que as discussões coletivas viabilizam a prática reflexiva, a
desconstrução dos saberes e a revisão de ações metodológicas com relação à indisciplina na
escola.

Quadro 5 – Ações a serem desenvolvidas na intervenção


Ação Responsável(is) Prazo Recurso(s) necessário(s) Resultados Esperados
1.Estímulo ao respeito Direção,Coordenação e Corpo Vídeos motivacionais Melhoria nos
mútuo docente Textos reflexivos relacionamentos
Dinâmicas em grupo interpessoais
2.Promover a cooperação Direção,Coordenação e Corpo Atividades Coletivas Promoção da ajuda mútua.
docente e Funcionários Gincanas
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REFERÊNCIAS1

AFFONSO, Almerindo: Relações de Poder Assimétrico. IN: Motta. A escola e a indisciplina. Ed.
Porto 1998.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Disciplina: construção da disciplina consciente e


interativa em sala de aula e na escola. São Paulo. Libertard, 1995.

REGO, Teresa Cristina: A indisciplina o processo educativo: uma análise na perspectiva


vygotskiana. IN: AQUINO, Júlio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas.
São Paulo: Summus, 1996. p. 83 - 101

http://www.educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/indisciplina-escolar.htm

http://revistaescola.abril.com.br/swf/animacoes/indisciplina-mapa-conceito.swf
AQUINO, J. G. (Org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo:
Summus,
1996a.

1
Baseada na NBR-6023/2002, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

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