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ETAPAS
DO
tão necessários nos primeiros anos de vida. Caberá aos pais a tarefa da
transmissão da linguagem através de conversas, toques e significações que
são fundamentais na constituição da psique do bebé.
De facto, neste período, a mãe volta a sua atenção, o seu interesse e
a sua preocupação para o recém-nascido. Esta dedicação é fundamental
para ela conseguir prestar os cuidados quase contínuos que o bebé solicita.
Isto exige uma certa identificação da mãe com o seu bebé (podemos
perceber esta situação quando o bebé chora e a mãe sabe, quase
instintivamente, se ele está com fome, com sono ou incomodado, por
exemplo). Ao agir desta forma, a mãe está a proporcionar ao bebé uma
sensação de protecção, conforto e segurança, tanto física como
emocionalmente.
Até ao momento, atribuímos grande importância à mãe, no que se
refere ao desenvolvimento psíquico do bebé, mas o que é certo é que o pai
também exerce várias funções que se revelam fundamentais. A mãe precisa
de um companheiro para apoia-la, tanto material como emocionalmente, a
fim de que ela possa ter tranquilidade e disponibilidade para cuidar do bebé
de ambos.
O pai do bebé poderá, também, na ausência da mãe, ou mesmo em
conjunto com ela, desempenhar as funções ditas “maternas”, uma vez que
estas funções são prioritariamente – mas não exclusivamente –
desenvolvidas por ela.
produz no bebé uma apetência oral, uma avidez, que o leva muitas vezes a
chupar vigorosamente a mama ou mesmo a chupeta, e que o faz ficar
extremamente atento à mãe.
O mamanhês, isto é, a linguagem específica que a mãe usa para
comunicar com o seu bebé, desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento da criança, pois permite a primeira vinculação
psíquica do bebé a outra pessoa (neste caso, a mãe).
Em síntese:
A progressão do desenvolvimento vai desde o bebé totalmente
dependente até ao final do primeiro ano de vida, altura em que começa a
dar os primeiros passos, adquirindo a mobilidade e a capacidade de
manipular objectos que lhe permitem explorar a maior parte do
meio. Estas competências neuro-motoras estão ao serviço do “eu” do bebé
e do seu desejo de conhecer e dominar o que o rodeia;
O mesmo acontece com a aquisição da linguagem que se
inicia com as trocas sonoras, ritmadas e agradáveis do bebé com a sua
mãe, e vai evoluindo até a criança conseguir falar de si mesma e de se
afirmar dizendo não, fazendo as suas escolhas, conhecendo e agindo no seu
para explicar factos evidentes, de forma consciente, mas sem malícia, visto
que muitas vezes não distingue o que se passou do que deseja ter-se
passado.
A criança apenas aprende a diferenciar a realidade da fantasia por
volta dos 5 anos, momento a partir do qual, embora solicite explicações
mais detalhadas, não é tão insistente, já que é capaz de deduzir Ao longo
desta etapa, as relações com os outros vão-se tornando mais complexas. A
criança começa a manifestar um interesse crescente pela integração em
grupos da mesma idade e uma maior capacidade para a participação em
jogos. A sua interacção social ainda é muito egocêntrica, já que ainda não
leva em conta os pontos de vista dos seus companheiros. É precisamente
esta progressiva capacidade de dar e não apenas de receber, de
compreender os outros, de manifestar empatia e de tentar colaborar de
forma construtiva em actividades comuns que realmente reflecte o
amadurecimento da criança.
As expectativas que os pais têm em relação à criança são
particularmente importantes nesta fase, uma vez que a criança começa a
interrogar o desejo destes a respeito de si. “Que queres de mim?” é a
pergunta que parece nortear a organização do psiquismo neste momento.
Muitas vezes, o desejo inconsciente dos pais contradiz os seus desejos
conscientes! Vejamos o seguinte exemplo:
Uma mãe leva a filha de 4 anos ao psicólogo e queixa-se da falta de
controlo dos esfíncteres da criança. A menina ainda usa fraldas porque se
não “faz nas calças”. Quando o psicólogo começa a orientar a mãe sobre a
atitude a tomar, recomendando, por exemplo, que ela diga à sua filha para
ir à casa de banho sozinha, a mãe exclama: “Ah, mas ela ainda é tão
pequenina!”
A mãe conscientemente quer que a sua filha cresça e se comporte como uma criança
de 4 anos, mas inconscientemente deseja que ela continue a ser “o seu bebé”.
A LATERALIDADE