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PRINCÍPIOS DO PRIMADO E APLICABILIDADE DIRECTA

I.

O Parlamento Europeu e o Conselho aprovaram, sob propsta da Comissão, um regulamento destinado a


reduzir os preços das chamadas em roaming pagos pelos consumidores. O regulamento entrará em
vigor a partir de 1 de Abril. A operadora de telemóveis X recusa-se no entanto a fazer reflectir no preço
das chamadas invocando o decreto-lei y. Em litígio com a operadora, um cidadão invocou o direito à
redução de preços resultante do regulamento. Quem tem razão?

II.

A) (Caso Costa v. Enel)

Um advogado italiano, Flaminio Costa, contesta uma fatura módica (1925 liras) que foi exigida pela
ENEL, a empresa publica encarregada da produção e distribuição da eletricidade na Itália. A
ENEL foi criada por uma lei de nacionalização que o Sr. Costa afirma ser contrária a certas disposições
dos tratados comunitários, anteriores a essa lei. A Corte constitucional italiana foi provocada para
resolver a questão e aplicou o principio dualista para fazer prevalecer a lei nacional mais recente.

Ordem jurídica própria

«diferentemente dos tratados internacionais comuns, o tratado da CEE instituiu uma ordem jurídica
própria, integrada ao sistema jurídico dos Estados membros desde a entrada em vigor do tratado e que
se impõe à suas
jurisdições”.

Aplicabilidade imediata

- Aplicabilidade imediata é a susceptibilidade que tem uma disposição de produzir efeitos na esfera
interna dos Estados sem ter de ser incorporada nos textos regulamentares ou legislativos internos.

- As normas comunitárias são imediatamente aplicáveis quando sua vigência interna é independente de
qualquer recepção nacional

Princípio do Primado:

– “o direito que nasce do tratado provém de uma fonte autónoma e não poderia, portanto, em razão de
sua natureza especifica original, se ver judicialmente oposto por um texto interno, qualquer que seja,
sem perder seu carácter comunitário e sem que seja colocada em causa a base jurídica da Comunidade.”

B) /Caso n° 106/77, Simmenthal, de 9 de março de 1978

A Sociedade italiana Simmenthal (S/A) contra Comissao europeia. A sociedade requer a anulação da
decisao da Comissao de n° 78/258, relativa à fixaçao de preço de venda minimo para a carne bovina
congelada, colocada a venda pelos organismos de intervençao, em virtude do regulamento n° 2900/77 e
especificando, em consequência, as quantidades de carne bovina congelada destinada à transformação
que podem ser importadas em condições especiais no primeiro trimestre de 1978.
Aplicabilidade directa e imediata

– “a aplicabilidade directa do Direito Comunitário significa que suas normas devem ser aplicadas de
maneira uniforme e integral em todos os Estadosmembros, a partir da sua entrada em vigor e durante
todo o período de vigência. Disposições directamente aplicáveis são fonte imediata de direitos e
obrigações
para todos aqueles a quem digam respeito, quer se trate dos Estados-membros quer dos indivíduos; esse
efeito também diz respeito a qualquer juiz que, no âmbito de sua competência, tem por missão,
enquanto órgão de um Estado-membro, salvaguardar os direitos conferidos aos indivíduos pelo Direito
Comunitário”.

Decisão

- O TJCE afirmou que a decisão da Comissao, apesar de endereçada aos EM, concerne diretamente e
individualmente os operadores económicos e, em especial, a requerente, pois como foi estabelecido o
preço mínimo para a carne bovina, todas as propostas inferiores a esse preço foram descartadas,
incluindo-se a da requerente.

- O TJCE anulou a decisão da Comissao, com base em uma regra disposta em regulamento, relativa à
aplicaçao do tratado, com relação à requerente apenas (para nao prejudicar o direito adquirido das
demais empresas) e
condenou a Comissao ao pagamento das despesas legais.

Primado e aplicabilidade directa

– “devido ao primado do direito comunitário, as disposições do tratado e os actos de instituiçoes


diretamente aplicaveis possuem, como efeito, nas suas relaçoes com o direito interno dos EM, nao
somente de tornar inaplicaveis de pleno direito, do facto de sua entrada em vigor, toda disposiçao
contraria da legislaçao nacional existente, mas também, na medida em que estas disposiçoes e actos
fazem parte integrante, com grau de prioridade, da ordem juridica aplicavel sobre o territorio de cada
um dos membros, de impedir a formaçao
valida de novos atos legislativos nacionais, caso sejam incompativeis com as normas comunitarias.”

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