Professional Documents
Culture Documents
1
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
OBJETIVO:
Orientar a propedêutica mínima obrigatória para as pacientes no climatério,
bem como os benefícios e os riscos da terapia hormonal.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
DIAGNÓSTICO
PROPEDÊUTICA MÍNIMA
o estudo ERA, também não demonstrou estrogênio tem ação direta no osso como droga
benefícios sobre a progressão da obstrução antirreabsortiva, e também ações indiretas via
coronária em 309 mulheres, após 3,2 anos de paratormônio, vitamina D e calcitonina13(D).
reposição hormonal com estrogênio e
progestogênio contínuos ou estrogênio isolado, Estudos Clínicos
comparado ao placebo. Não se estudou, Evidências derivadas de estudos clínicos
entretanto, a ocorrência de evento clínico, mas aleatorizados mostram que o uso de estrogênio
a progressão angiográfica da doença previne a perda óssea em pacientes saudáveis na
coronária10(A). pós-menopausa, principalmente se iniciado logo
após a menopausa. Leva também a pequeno
O estudo WHI (Women’s Health Initiative) ganho de massa óssea em mulheres com
demonstrou que o risco de doença coronariana osteoporose e reduz o risco em cerca de 50% de
foi 29% maior nas usuárias de terapia hormonal, fraturas ósseas, em mulheres na pós-menopausa,
o que significa risco absoluto de sete eventos particularmente as de coluna vertebral. Existem
coronarianos por 10.000 mulheres/ano. O dúvidas em relação à prevenção de fraturas do
resultado desse estudo contraindica terapia colo do fêmur14(A)15-17(B). Estudos obser-
hormonal na prevenção primária de doença vacionais mostram que o benefício tende a
coronária isquêmica11(A). desaparecer com a suspensão do tratamento, pois
ocorre perda acelerada a partir de então.
Segundo Rossouw et al., mulheres que Sugerem também que o uso deve ser prolongado,
iniciam a terapia hormonal próximo à pois a utilização por curto prazo não diminui a
menopausa tendem a ter menor risco de doença incidência de fraturas após os 70
coronária isquêmica comparado com o risco anos16,17(B)18(D). O uso de um progestogênio
aumentado entre as mulheres com mais tempo associado cíclico ou contínuo não prejudica o
de menopausa, mas essa tendência não tem benefício sobre a massa óssea, podendo até ter
significância estatística. Essa informação é um efeito adicional. Doses inferiores às habituais
importante como recomendação que terapia também têm efeitos benéficos na preservação
hormonal pode ser usada por um período curto da massa óssea19(A).
de tempo para proporcionar alívio dos sintomas
vasomotores, mas não por longo tempo com a O estudo WHI (Women’s Health Initiative)
finalidade de prevenção de doenças demonstrou que mulheres em uso de terapia
cardiovasculares12(A). hormonal têm 34% menos fratura de quadril e
coluna e 24% menos fraturas de outros locais
OSTEOPOROSE do que as mulheres não usuárias de terapia
hormonal. Esse foi o primeiro estudo
Plausibilidade Biológica randomizado e controlado que definiu que
O hipoestrogenismo que se segue à terapia hormonal previne osteoporose20(A).
menopausa leva ao aumento da reabsorção óssea,
com perda da massa óssea e fraturas de corpos Conforme o Million Women Study, todos os
vertebrais, rádio distal e colo do fêmur. O tipos de terapia hormonal estudados conferem
proteção contra fratura enquanto estão sendo Alguns estudos observacionais, caso-controle e
usados. Essa proteção surge rapidamente após coorte demonstraram redução na incidência de
o uso de hormônios, porém também cessa após doença de Alzheimer em mulheres usuárias de
a sua interrupção21(A). estrogênio comparadas às não usuárias. Nem todos
os estudos demonstraram resultados
DOENÇA DE ALZHEIMER favoráveis31,32(B)33(D).
proteção aumenta com o tempo de uso de terapia morte devido ao câncer do ovário, porém o risco
hormonal, alcançando até 50% em usuárias por está aumentado em mulheres que usaram
mais de 10 anos/uso. Esta diminuição seria estrogênio por 10 anos ou mais41(A). Segundo
decorrente das alterações na secreção biliar ou outra pesquisa, após 5,6 anos de seguimento,
mesmo um efeito direto da mucosa intestinal. as usuárias de estrogênio/progestogênio
Ficou evidente também a redução na incidência, apresentaram 58% maior risco de câncer do
tamanho e número de pólipos38(A). ovário quando comparadas às não usuárias42(A).
27. Grodstein F, Chen J, Pollen DA, Albert 34. Shumaker SA, Legault C, Kuller L, Rapp
MS, Wilson RS, Folstein MF, et al. SR, Thal L, Lane DS, et al. Conjugated
Postmenopausal hormone therapy and equine estrogens and incidence of probable
cognitive function in healthy older women. dementia and mild cognitive impairment
J Am Geriatr Soc 2000;48:746-52. in postmenopausal women: Women’s
Health Initiative Memory Study. JAMA
28. Polo-Kantola P, Portin R, Polo O, Helenius 2004;291:2947-58.
H, Irjala K, Erkkola R. The effect of short-
term estrogen replacement therapy on 35. Schneider LS, Farlow MR, Henderson
cognition: a randomized, doble-blind, cross- VW, Pogoda JM. Effects of estrogen
over trial in postmenopausal women. Obstet replacement therapy on response to tacrine
Gynecol 1998;91:459-66. in patients with Alzheimer’s disease.
Neurology 1996;46:1580-4.
29. Marinho R, Cabral R, Machado FR,
editors. Climatério. 2ª ed. Rio de 36. Mulnard RA, Cotman CW, Kawas C, van
Janeiro:Medsi;2000. Dyck CH, Sano M, Doody R, et al.
Estrogen replacement therapy for treatment
30. Hogervorst E, Williams J, Budge M, Riedel of mild to moderate Alzheimer disease: a
W, Jolles J. The nature of the effect of randomized controlled trial. Alzheimer’s
female gonadal hormone replacement Disease Cooperative Study. JAMA 2000;
therapy on cognitive function in post- 283:1007-15.
menopausal women: a meta-analysis.
Neuroscience 2000;101:485-512.
37. Shaywitz BA, Shaywitz SE. Estrogen and
Alzheimer disease: plausible theory, negative
31. Tang MX, Jacobs D, Stren Y, Marder K,
clinical trial. JAMA 2000;283:1055-6.
Schofield P, Gurland B, et al. Effect of
oestrogen during menopause on risk and
age at onset of Alzheimer’s disease. Lancet 38. Grodstein F, Newcomb PA, Stampfer MJ.
1996;348:429-32. Postmenopausal hormone therapy and the
risk of colorectal cancer: a review and meta-
32. Kawas C, Resnick S, Morrison A , analysis. Am J Med 1999;106:574-82.
Brookmeyer R, Corrada M, Zonderman A,
et al. A prospective study of estrogen 39. Lacey JV Jr, Mink PJ, Lubin JH,
replacement therapy and the risk of Sherman ME, Troisi R, Hartge P, et al.
developing Alzheimer ’s disease: the Menopausal hormone replacement therapy
Baltimore Longitudinal Study of Aging. and risk of ovarian cancer. JAMA
Neurology 1997;48:1517-21. 2002;288:334-41.
33. Birkhäuser MH, Strnad J, Kämpf C, Bahro 40. Beral V, Bull D, Green J, Reeves G;
M. Oestrogens and Alzheimer’s disease. Int Million Women Study Collaborators.
J Geriatr Psychiatry 2000;15:600-9. Ovarian cancer and hormone replacement
therapy in Million Women Study. Lancet role of hormone replacement therapy in the
2007;369:1703-10. risk for breast cancer and total mortality in
women with a family history of breast cancer.
41. Rodriguez C, Patel AV, Calle EE, Jacob Ann Intern Med 1997;127:973-80.
EJ, Thun MJ. Estrogen replacement
therapy and ovarian cancer mortality in a 47. Salmon RJ, Ansquer Y, Asselain B,
large prospective study of US women. Languille O, Lesec G, Remvikos Y. Clinical
JAMA 2001;285:1460-5. and biological characteristics of breast
cancers in post-menopausal women
42. Riman T, Dickman PW, Nilsson S, Correia receiving hormone replacement therapy for
N, Nordlinder H, Magnusson CM, et al. menopause. Oncol Rep 1999;6:699-703.
Hormone replacement therapy and the risk
of invasive epithelial ovarian cancer in 48. Chlebowski RT, Hendrix SL, Langer RD,
Swedish women. J Natl Cancer Inst Stefanick ML, Gass M, Lane D, et al.
2002;94:497-504. Influence of estrogen plus progestin on
breast cancer and mammography in healthy
43. Breast cancer and hormone replacement postmenopausal women: the Women’s
therapy: collaborative reanalysis of data Health Initiative Randomized Trial. JAMA
from 51 epidemiological studies of 2003;289:3243-53.
52,705 women with breast cancer and
108,411 women without breast cancer. 49. Daly E, Vessey MP, Hawkins MM, Carson
Collaborative Group on Hormonal JL, Gough P, Marsh S. Risk of venous throm-
Factors in Breast Cancer. Lancet boembolism in users of hormone replacement
1997;350: 1047-59. therapy. Lancet 1996;348:977-80.
44. Gajdos C, Tartter PI, Babinszki A. Breast 50. Jick H, Derby LE, Myers MW, Vasilakis
cancer diagnosed during hormone C, Newton KM. Risk of hospital admission
replacement therapy. Obstet Gynecol for idiopathic venous thromboembolism
2000;95:513-8. among users of postmenopausal oestrogens.
Lancet 1996;348:981-3.
45. Gapstur SM, Morrow M, Sellers TA.
Hormone replacement therapy and risk of 51. Grady D, Herrington D, Bittner V,
breast cancer with a favorable histology: Blumenthal R, Davidson M, Hlatky M, et
results of the Iowa Women’s Health Study. al.; HERS Research Group. Cardiovascular
JAMA 1999;281:2091-7. disease outcomes during 6.8 years of
hormone therapy: Heart and Estrogen/
46. Sellers TA, Mink PJ, Cerhan JR, Zheng progestin Replacement Study follow-up
W, Anderson KE, Kushi LH, et al. The (HERS II). JAMA 2002;288:49-57.