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Experimentações de EAD na Fundação Joaquim Nabuco (*)

Sandra Helena Rodrigues


Verônica Araújo

A educação a distância, dentro deste novo contexto de vida contemporânea,


emerge dentro das instituições públicas como uma estratégia de dinamização das
relações organizacionais e de aprendizagem, não podendo mais ser tratada como algo a
ser pensado como ação futura. Em períodos anteriores, a maioria das organizações ainda
caminhavam em passos lentos em relação ao aprendizado e ao ensino na sua forma não
presencial, tendo em vista que a maioria das instituições públicas, pela sua cultura
organizacional centrada na formação tradicionalista e hierarquizada, temiam pela falta
de domínio e envolvimento com as novas tecnologias da informação e comunicação.
Porém as tecnologias foram dominando todo o ambiente organizacional, numa
velocidade atroz que, pequenas ações como se comunicar internamente passou do hábito
dos ramais telefônicos para os e-mails. Viu-se assim emergir nas instituições públicas
hábitos que, não só ocorrem dentro delas, mas na vida cotidiana de cada servidor
público. As redes sociais integram as pessoas, os celulares empoderam pessoas a
utilização de serviços integrados como vídeos, imagens e textos, de forma a
instrumentalizar e fazer com que a sociedade como um todo interaja e vivencie a TIC
como algo comum na vida social.
Assim, o acesso quase instantâneo a informação, a conectividade possível entre
pessoas e lugares, a diversidade de fontes de dados permitida pelo acesso a internet e
seus milhões de sites tem feito com que, nos últimos anos a utilização da TIC’s, em
especial da EAD enquanto um instrumento a serviço de projetos e ações nas instituições
públicas do país tenha se tornado uma realidade cada vez mais evidente.
Neste sentido, pensar na possibilidade da EAD nas instituições públicas passa a
ser algo a ser considerado fator de interesse organizacional, pois, as tecnologias da
comunicação e informação – TICs, passaram a ser, não apenas possibilidade de
disseminação de conhecimento e informação, mas um mecanismo de desenvolvimento e
integração na perspectiva de superação de desafios no ambiente organizacional.
Seja para a própria qualificação do corpo funcional, seja para o oferecimento de
cursos, palestras, disponibilização e envio de dados ou outras atividades, é fato que o
uso das TIC’s pelas instituições públicas tem trazido uma série de benefícios e
mudanças em relação as atividades desenvolvidas pelas mesmas, em especial em
relação a gestão de políticas públicas, principalmente aquelas focadas em propostas
educacionais. Neste sentido a Fundação Joaquim Nabuco, instituição pública federal
vinculada ao Ministério da Educação, através da COLAB – Coordenação do
Laboratório de Ensino a Distância Dosa Monteiro vem buscando, a partir de
experimentações e pesquisas compreender esse novo paradigma, para assim incentivar a
produção de programas e projetos de EAD dentro e fora da instituição.

Partindo-se do contexto de que, as organizações públicas são fundamentalmente


desenhadas por modelos gerenciais hierarquizados e utiizando-se como universo de
pesquisa a Fundação Joaquim Nabuco, órgão institucional,criado nos anos de 1947,
quando o então deputado federal Gilberto Freyre defendia a criação de um instituto de
pesquisa, este estudo visa apresentar a partir do surgimento em 2007 de projeto de
implantação de laboratório de ensino a distância (NEAD) como a mesma foi e vem se
disseminando na instituição (hoje COLAB) a partir da vivencia de seu grupo formador.
Para tanto utilizado como amostra três projetos experimentais: O curso a distância para
formação de auditores do MEC, o projeto Alfabyte e o Curso Explorando o Universo
da Educação a Distância. A partir de pesquisa exploratória e da apresentação da
experimentação prática de cada uma da amostra aqui descrita, busca-se aprofundar a
discussão de como desenvolver programas de formação através da educação a distãncia
nos órgãos públicos, uma vez que há grandes desafios a serem vencidos quanto a
questão cultural. O universo aqui abordado é, como salientado a Fundação Joaquim
Nabuco, órgão vinculado ao Ministério da Educação que tem em sua missão a
produção, acumulação e difusão de conhecimentos; tem um acervo documental e de
pesquisa sobre o Norte e Nordeste inigualável, um capital humano diferenciado com
uma gama de pesquisadores e doutores renomados e uma prática na formação de
gestores, salientando-se a criação de uma escola de governo, curso de mestrado em
Gestão de Politicas Publicas e posteriormente um Núcleo de Educação que vem
trabalhando em parceria com outros órgão públicos como a Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP.
1 - Curso de Gestão Estratégica para Auditores do MEC

Projeto experimental de capacitação a distância visando atender demanda do


Fórum de Auditores vinculados ao MEC em relação a uma formação mais eficaz dos
seus auditores, visto que, a partir de necessidade detectada no Fórum quanto
necessidade de qualificação dos serviço de auditoria uma melhor prática do exercício
dessa função, já que a mesma em muitos momentos exige conhecimentos específicos
sobre gestão organizacional.
Tendo como foco Auditoria Interna - Planejamento e Gestão Organizacional, o
mesmo foi oferecido a 200 auditores internos do Ministério de Educação de todo o
Brasil, com a finalidade de fornecer subsídios técnicos em planejamento e gestão
organizacional, visando a otimizar e inovar os resultados das atividades de auditoria
interna. O curso foi realizado em parceria com a UFPE, o Fórum de Auditores do MEC
– FONAI – e teve o aporte de conteúdos do INTG – Instituto de Gestão.
Este curso foi oferecido em duas etapas: a primeira em 2006; a segunda etapa
iniciada em 2007.

Foto1: Professora virtual do ambiente do Curso de Auditores do MEC.

2 – Projeto Alfabyte

O Projeto Alfabyte, projeto voltado para a o reforço de aprendizagem em


alfabetização, foi iniciado a partir do projeto piloto Caminhos para a Alfabetização, da
pedagoga Damaris Flor. O projeto iniciado presencialmente e que teve ótimos
resultados, foi projetado como um game educativo a ser disseminado na web a partir do
contexto da educação a distância como forma de ampliar o raio de ação. O mesmo foi
projetado para pessoas de todas as idades, através de um software com 60 horas de
duração. Este software foi inicialmente desenvolvido através de um trabalho conjunto
do COLAB e da UFPE, não sendo finalizado por questões de mudanças
organizacionais.
Para o projeto Alfabyte a equipe do COLAB buscou a partir de pesquisas focadas em
ambientes virtuais (Second Life,p.ex), estudos sobre a viabilidade educacional do
projeto e seu uso em plataformas de ensino como Ensinar, Moodle, Amadeus, etc..

Foto2: Ambiente imersivo do Alfabyte.

3- Curso Explorando o Universo da EAD

Projeto recente que buscou a partir da compreensão do universo da educação a


distância fomentar a prática da educação a distância nos órgãos públicos.
Procurou-se assim atender tanto a uma demanda interna (funcionários da própria
instituição), quanto externa (profissionais de diversas áreas, estudantes,etc.), em relação
a um aprendizado sobre Educação a Distância e sua utilização em atividades de
aprendizagem. A equipe do COLAB desenvolveu em todas as suas etapas (elaboração
da proposta pedagógica, criação de conteúdos, criação do site, criação de textos e de
materiais pedagógicos, criação das aulas, avaliações,etc.) um curso no qual são
discutidos elementos desde o conceito da EAD, seu histórico, sua legislação até o
panorama e perspectivas atuais da mesma no país.

RESULTADOS

Busca-se assim, apresentar o resultado desses experimentos do COLAB na


Fundação Joaquim Nabuco e como é possível promover mudanças nas organizações
públicas, a partir da compreensão da necessidade da utilização da EAD como
metodologia que possibilita a conjugação de múltiplas alternativas para oferecimento de
formação continuada. Neste sentido, mostrando a importância do conhecimento nos
órgãos públicos dos meios tecnológicos e como fazer uso deles de forma a implementar
programas de formação de recursos humanos que favoreçam a habilitação do exercício
profissional, buscando assim assegurar o aperfeiçoamento da força de trabalho e da
qualidade do serviço prestado.

5 – CONCLUSÃO

Atuar em EAD exige seriedade, conhecimentos específicos, suporte técnico


adequado e também uma política de ação institucional voltada para as possibilidades
dessa modalidade.
Pelo alcance que essa modalidade possui, ela é um instrumento útil na
qualificação de profissionais de uma instituição, na disseminação de informações, na
realização de pesquisas e quaisquer outras atividades em que os recursos da EAD
possam contribuir. Assim faz necessário fomentar a criação de sistemas de EAD nas
instituições públicas a partir da integração das redes de escolas públicas.

(*) Texto apresentado no III Encontro Nacional de Educação a Distância, que será realizado
nos dias 27 a 29/10/2010, no Rio de Janeiro.

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