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4º CONGRESSO NACIONAL DE BIOMECÂNICA

L. Roseiro, M. Augusta et al (Eds)


Coimbra, Portugal, 4 e 5 de Fevereiro, 2010

EFEITO DA SOBRECARGA PERMANENTE E OCASIONAL NOS


PARÂMETROS CINÉTICOS DA MARCHA

Marcelo Castro1,2, Sofia Abreu1, Helen Sousa1,2 , Cristina Figueiredo1, Leandro Machado1,
Rubim Santos2, João Paulo Vilas-Boas1
1
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), CIFI2D, Porto, Portugal
2
Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto (ESTSP), Porto, Portugal

PALAVRAS CHAVE: Sobrecarga, Obesidade, Mochileiros, Marcha, Força de Reacção do Solo.

RESUMO: A proposta do presente estudo foi comparar o efeito da sobrecarga permanente


(pessoas obesas) e ocasional (mochileiros) nos parâmetros cinéticos da marcha. Foram
observadas adaptação no padrão da marcha nos indivíduos quando submetidos a sobrecarga.

1 INTRODUÇÃO
A compreensão das adaptações do sistema participantes com IMC<25 realizaram seis,
músculo-esquelético durante a marcha de sendo que nos três últimos testes, utilizaram
pessoas submetidas a sobrecarga permite o uma mochila (fixada na região dorso-
estabelecimento de estratégias de prevenção lombar) que continha uma massa que,
e reabilitação mais seguras e eficazes para a quando somada à massa corporal, perfazia
manutenção da integridade física. Neste um IMC de 30. Tal IMC foi escolhido por
sentido, a proposta do presente estudo foi ser considerado potencialmente lesivo ao
comparar os efeitos da sobrecarga aparelho locomotor [1]. Desta forma, três
permanente e ocasional nos parâmetros grupos foram estabelecidos: grupo IMC<25
cinéticos da marcha. sem mochila (grupo controlo), IMC<25
com mochila (grupo sobrecarga ocasional)
2 METODOLOGIA e IMC>30 (grupo sobrecarga permanente).
A amostra foi constituída por 80 Foi desenvolvido um programa no software
participantes, dos quais 60 apresentavam Matlab® 7.0 para cálculo das seguintes
índice de massa corporal (IMC)<25, idade variáveis: duração da fase de apoio (FA), 1º
de 22,8±3,7 anos, altura de 1,69±0,09 m e pico (Fvt1), mínimo intermédio (Fvt2) e 2º
massa corporal de 65,5±9,8 kg; e 20 pico (Fvt3) da componente vertical da FRS;
participantes apresentavam IMC>30, idade pico de travagem (FapT) e propulsão (FapP)
de 39,1±7 anos, altura de 1,69±0,1 m e da componente ântero-posterior da FRS;
massa corporal de 104,6±12,0 kg. No pico da componente médio-lateral (Fml) da
presente estudo realizou-se uma análise FRS e tempo onde ocorreram tais eventos,
extensiométrica para a qual foi utilizada respectivamente: TFvt1, TFvt2, TFvt3,
uma plataforma de força Bertec (modelo TFapT ,TFapP e TFml. O impulso da
4060-15) para recolher dados de força de componente vertical (Ivt) e da componente
reacção do solo (FRS) a uma taxa de antero-posterior (travagem e propulsão -
amostragem de 1000 Hz. Cada participante IapT e IapP) também foram determinados.
caminhou a uma velocidade auto- Os dados de força foram normalizados pela
seleccionada ao longo de um estrado de massa corporal enquanto que os dados
marcha, wm cujo centro se encontrava a referentes às variáveis temporais foram
plataforma. Os participantes com IMC>30 normalizados pela duração da FA. A
realizaram três testes, enquanto que os normalidade dos dados foi verificada por
M.P. Castro, S.A. Abreu, H. Sousa, C. Figueiredo, L. Machado, R. Santos e J.P. Vilas-Boas

meio do teste de Shapiro-Wilk. Para a grupos com sobrecarga quando comparados


comparação entre os grupos foi utilizado o ao controlo.
teste t-Student e o valor de significância foi
α = 0.05. Os resultados serão apresentados 4 CONCLUSÃO
como média e desvio padrão da média. Os Observam-se diferenças no padrão cinético
procedimentos estatísticos foram realizados da marcha dos indivíduos submetidos a
em SPSS® 17. sobrecarga (permanente e ocasional)
quando comparados ao grupo controlo.
3 RESULTADOS Adaptações específicas consoante ao perfil
Na tabela 1 encontram-se os resultados das da sobrecarga imposta também foram
variáveis em estudo. Pela análise dos observadas. Assim, uma possível adaptação
parâmetros temporais, observa-se que o do aparelho locomotor parece ocorrer no
grupo com sobrecarga permanente promove sentido de minimizar as forças excessivas e
potensioalmente lesivas à integridade física.

Tabela 1 – Resultados de média e desvio padrão de todas as variáveis em estudo

Variáveis Controlo Sobrecarga Ocasional Sobrecarga Permanente

Média dp Média dp Média dp

Duração da FA (s) 0,79*& 0,06 0,81& 0,07 0,83* 0,08

Fvt1 (N/BW) 1,02*& 0,03 0,99& 0,04 1,00* 0,02

TFvt1 (%FA) 25,95* 2,74 26,55 3,06 28,00* 2,77

Fvt2 (N/BW) 0,83 0,05 0,83 0,06 0,83 0,05

TFvt2 (%FA) 46,07 5,42 45,51 3,76 46,60 4,66


*& &# *#
Fvt3 (N/BW) 1,10 0,05 1,07 0,05 1,04 0,05
& &# #
TFvt3 (%FA) 74,40 2,35 73,02 2,55 75,08 1,29
& &# #
FapT (N/BW) -0,14 0,03 -0,15 0,03 -0,13 0,03

TFapT (%FA) 18,00* 2,81 18,01# 1,77 19,74*# 2,19

FapP (N/BW) 0,18* 0,02 0,18# 0,03 0,16*# 0,02

TFapP (%FA) 82,88* 1,96 82,81# 1,90 85,20*# 1,45


*& & *
Fml (N/BW) 0,10 0,01 0,09 0,01 0,11 0,02
* *
TFml (%FA) 45,31 21,35 46,27 19,18 75,29 1,91

Ivt (N/BW),s 0,590 0,04 0,600 0,04 0,598 0,03


& &# #
IapT (N/BW),s -0,028 0,00 -0,030 0,00 -0,027 0,00
& &# #
IapP (N/BW),s 0,028 0,00 0,030 0,00 0,028 0,00

dp – desvio padrão; diferenças significativas com p < 0,05 entre: * grupo controlo e sobrecarga permanente; & grupo controlo e
sobregarca ocasional; e # sobrecarga ocasional e permanente.

um atraso onde ocorrem os eventos que AGRADECIMENTOS


caracterizam a marcha; enquanto que, ao AO SUPORTE FINANCEIRO DA ADI, ATRAVÉS DO SISTEMA DE
INCENTIVOS À INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
analisar as variáveis relativas ao impulso, TECNOLÓGICO DO QREN E AO SERVIÇO DE PNEUMOLOGIA
parece que as pessoas com sobrecarga DO HOSPITAL SÃO JOÃO PELA INDICAÇÃO DE
PARTICIPANTES.
permanente apresentam uma melhor
adaptação ao excesso de carga, quando
REFERÊNCIAS
comparado com o grupo com sobrecarga [1] KO, S., S. STENHOLM, AND L. FERRUCCI,
adicional (IapT e IapP). Em relação aos CHARACTERISTIC GAIT PATTERNS IN OLDER ADULTS WITH
OBESITY--RESULTS FROM THE BALTIMORE LONGITUDINAL
picos, verifica-se uma suavização nos
STUDY OF AGING. JOURNAL OF BIOMECHANICS, 2010. 43(6):
P. 1104-1110.

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