Na transição do século XIX para o século XX, o americano Frederick Taylor
elaborava a Teoria da Administração Científica, procurando parâmetros para que a máxima produção pudesse ser obtida com um mínimo custo. Para isso, desenvolveu estudos em busca de uma organização científica do trabalho, com destaque para os seguintes pontos (FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1997; BATEMAN e SNELL, 1998; SILVA, 2001; MAXIMIANO, 2004):
- Planejamento e execução
Cabe exclusivamente aos gerentes efetuar o planejamento e aos
operários à execução do que foi planejado.
- Divisão do Trabalho
Em busca de produtividade, quanto maior a subdivisão de tarefas
(tornando-as mais simples) maior será a facilidade do operário em executá-las. Segundo esse princípio, tarefas simples e repetitivas poderiam ser executadas com maior rapidez e eficiência.
- Supervisão
É necessário controlar o trabalho dos operários, acompanhando
diretamente a produção (por exemplo, número de peças produzidas em função do tempo). A supervisão deverá ser efetuada por aéreas especificas.
Embora tenha como objetivo organizar a produção em fábricas, servindo com
adequação para a época em foram formuladas, as proposições de Taylor despertam mais do que uma simples curiosidade histórica ou simplesmente acadêmica, pois são aplicadas ainda hoje – ao menos em parte – em diversas organizações.
Ao conceber que o planejamento deve ser função exclusiva dos gerentes,
Taylor estabelece uma linha de mão única que pode não resultar na adoção da melhor pratica ou na formulação do melhor processo. As decisões dão tomadas de cima para baixo, ao longo da cadeia hierárquica, sem considerar que os operários podem fornecer indicadores que auxiliem na concepção do melhor método. Busca-se a eficiência sem obter a necessária eficácia.
A divisão do trabalho em tarefas simples e repetitivas faz com que os operários
não tenham dimensão do processo, minimizando sua compreensão do todo e tornando seu trabalho enfadonho e pouco criativo. Ao não possuir essa compreensão, o operário sente-se tolhido em sua criatividade e capacidade de colaboração, deixando de fornecer indicadores ou sugestões que auxiliem na melhor concepção e execução do processo.
Contemporâneo de Taylor, o francês Henri Fayol desenvolveu os Princípios
Gerais da Administração, sobre as características da administração, a divisão do trabalho, autoridade, responsabilidade, unidades de comando e direção, hierarquia e remuneração – dentre outros. Enquanto o estudo de Taylor fora elaborado para o chão de fabrica, preconizando a máxima divisão do trabalho e a adoção de métodos padronizados de trabalho, Fayol trabalhou com a gerência administrativa no desenvolvimento de uma estrutura formal da empresa, assim com no estabelecimento de princípios administrativos pela alta administração. Dessa forma, enquanto Frederick Taylor é considerado pai da Administração Cientifica (pela busca de métodos racionais e otimizados de produção), Fayol é denominado pai da Administração Clássica, por enfatizar a estrutura formal e hierárquica da organização (FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1997; BATEMAN e SNELL, 1998; SILVA, 2001; MAXIMIANO, 2204).
É importante considerar que as idéias de Taylor e Fayol não são
necessariamente antagônicas, funcionando – em diversos aspectos – de maneira complementar. Enquanto Taylor observa a empresa a partir de uma unidade produtiva (chão de fabrica), Fayol analisava a organização a partir da alta gerencia com especial atenção as tarefas administrativas.
Considerando que interação é uma ação que se exerce mutuamente, nessa
forma de organização do trabalho, o nível de interação entre os diversos níveis hierárquicos é praticamente inexistente, tendo em vista que são poucas as oportunidades que se apresentam para que um funcionário de um escalão inferior apresente sugestões aos seus superiores. Num sistema de informação utilizado sob a ótica taylorista, a realimentação existiria simplesmente como forma de subsidiar a execução de tarefas previamente estabelecidas, e não como forma de a pessoa alimentar o processo com informações ou algum tipo de conhecimento que pudesse ser útil ao aprimoramento do processo ou importantes a outros setores.
O exemplo mostrado a seguir procura traduzir em termos práticos esse tipo de
situação (baseada em um caso real):
- Em uma indústria de processamento de alimentos, um produto
destinado à nutrição de crianças de até três anos era oferecido em uma embalagem de vidro difícil de ser manuseada, especialmente no que se referia à sua abertura. Além disso, caso apenas uma parte do conteúdo fosse aproveitada em uma refeição, o fechamento dessa embalagem era praticamente impossível, o que impedia seu aproveitamento posterior.
• Visão taylorista com baixo nível de interatividade: os operários
percebem essa dificuldade, mesmo porque alguns utilizam esse produto ma alimentação de seus filhos. Apesar disso, eles nada podiam fazer devido à inexistência de um canal de comunicação que possibilitasse esse tipo de realimentação.
• Visão mais abrangente com maior nível de interatividade: os
operários percebem essa dificuldade e informam a empresa, seja por meio de canais específicos, seja diretamente via supervisão imediata, previamente instruída para isso. O projeto da embalagem é reavaliado e as modificações quando pertinentes, são executadas.
Em uma grande empresa alimentícia, essa situação realmente ocorreu. Nesse
caso a embalagem foi modificada apenas quando nasceu o filho de um executivo da empresa e ele passou a usar esse produto. Durante vários anos, utilizou-se de uma embalagem pouco funcional, exatamente pela inexistência de canais eficientes que realimentassem e melhorassem o processo.
É importante ressaltar que a interação ou a realimentação não é um atributo ou
função disponível apenas em sistemas de informação, isso não significa que se tenha estabelecido um ganho expressivo para o conhecimento e a inteligência empresarial. Em muitos casos, realimentação é apenas voltada para a tomada de decisões pontuais, sem fornecer às pessoas elementos que ampliem o seu conhecimento sobre determinado assunto ou permitam que decisões sejam tomadas com muito maior abrangência.
Por exemplo, um sistema de cálculo de empréstimos de um banco ou uma
financeira para aquisição de automóveis permite a realização de simulações envolvendo o valor contratado, taxas de juros e prazos, possibilitando a tomada de decisões imediatas. Um sistema com maior qualidade nas interações poderia fornecer todas essas opções e, adicionalmente, apresentar as tendências de aumento ou redução de taxas de juros, indicar os modelos (dentro de uma determinada faixa de preço) que possuem seguro mais baixo ou até mesmo custo de manutenção reduzido, melhorando a qualidade final da decisão tomada. Nesse caso, o sistema seria realimentado periodicamente com informações que embora nem sempre sejam consideradas no momento da aquisição, acabam tendo efeito relevante no dia – a –dia dos clientes.
Assim, percebe-se a importância que tem a possibilidade de interação e de
realimentação dos sistemas para a melhoria da qualidade das informações obtidas e das decisões tomadas.
Côrtes, Pedro Luiz, 1960 – Administração de sistemas de informação – São Paulo: Saraiva, 2008. (Págs 75-78)