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PROBLEMAS EPISTEMOLÓGICOS
(OU DE METAFÍSICA DA LINGUAGEM)
AO LONGO DA HISTÓRIA DA LINGUÍSTICA:
– DE DESCARTES A MERLEAU-PONTY,
PASSANDO POR SAUSSURE.
PALAVRAS-CHAVE:
análise dedutiva; camadas lógicas; pseudo-definição; fenomenologia; epistemologia da
linguagem; perceção.
ABSTRACT:
Poincaré (1902) in his work La Science et l‟hypothèse has forwarded the concept of
disguised definitions as one type of hypothesis which, in Linguistic Studies, has come to be
proven to have been used by Saussure and, as such, is largely disseminated by his Theory,
particularly in what the supposed linearity of human language is concerned; the latter having
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been, for the first time, clearly explained as a phenomenon belonging to the sunject‟s domain by
Merleau-Ponty (1945) in his work Phénoménologie de la Perception, who argues that it is not
produced by a linear process, and rather in a sequential manner, constituted by inter-related
logic layers, with it‟s specific dialectics. Merleau-Ponty (1945) describes, in his above
mentioned work, an original dialectic process of movement, by means of a quaternary system,
inasmuch as it includes four steps or instances, which necessarily have to be fulfilled in
language acquisition as well as in it's basic human inner reception and processing, in a dynamic
transforming way from sign-sense-meaning-significance; having reached those views as a result
of his theory of perception, which took into account all the findings of the Gestalt theory in
psychology of the initial three decades of the 20th century.
In this article a certain number of Saussure‟s linguistic concepts are argued against, for
various reasons; being those consepts of his justifiably related to his outdated cartesianism and
to his positivismo (in the most negative sense of the term), probably because unfortunately
Saussure was faithful to Auguste Comte and to his ideas; thus his work remained limited to
being a natural history while it could have reached higher and have succeeded to be a true
natural philosophy, in the sense that Noam Chomsky&Morris Halle (1966) have assigned to
these expressions.
KEYWORDS:
deductive analysis; logic layers; disguised definition; phenomenology; metaphysics of language;
perception.
Num breve ensaio de revisão das ideias de uns poucos autores que, para maior
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diferentes tipos de hipóteses, inclui nesses tipos o das pseudo-definições, as quais,
segundo ele, se encontram principalmente na matemática e na física teórica. E,
obviamente, pode-se argumentar que ele deveria reservar o nome „hipóteses‟ para as
hipóteses empíricas, que são suscetíveis de invalidação. Seja como for, é perfeitamente
claro que, para Poincaré, as ciências naturais podem incrementar o nosso
conhecimento, e que este incremento é conseguido através da testagem das
generalizações empíricas que permitem fazer previsões (ou que têm valor preditivo). É
verdade que ele considera alguns enunciados empíricos das ciências naturais como
decomponíveis em: um princípio ou convenção mais uma lei provisória; quer dizer,
equivalentes a uma hipótese empírica, que é revisível, em princípio. Mas o mero
facto de [Poincaré] fazer esta distinção, demonstra que ele não considera que a
ciência consista simplesmente em princípios, no sentido de convenções, ou de pseudo-
-definições. O convencionalismo, por conseguinte, é apenas um elemento na sua
filosofia da ciência.
(…)
Contudo, embora a ciência assente em pressuposições, não obstante ela visa
alcançar a verdade.
Frederick Copleston. 1975.
Chapter XIII. Philosophy of Science. In Part III. From Bergson to Sartre.
In Volume IX. Maine de Biran to Sartre. A History of Philosophy: 271 – 273.
Será a Linguística mais uma das ciências naturais ? A par com e sucedendo-se
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linguística do nível de uma “história natural” ao de uma “filosofia natural”. Em
acima referido o primeiro de uma série designada „Studies in Language‟, diz o Prefácio
Neste ponto, útil e necessário se torna voltar a Copleston (1975), que diz,
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e distinto historiador da ciência. (…) Na opinião de Duhem, o estudo de história da
ciência não será simplesmente um luxo da erudição, por assim dizer, que poderia ser
negligenciado, sem detrimento para qualquer estudo que se queira fazer sobre
problemas científicos efetivos. Segundo a visão que ele tinha deste assunto, não se
poderia compreender completamente uma teoria ou conceito científico sem o
conhecimento sobre as suas origens e desenvolvimento, e sobre os problemas que ela
pretende resolver.
Um dos principais objetivos de Duhem é tornar clara a separação teórica entre
física e metafísica. O metafísico, na opinião de Duhem, trata da explicação, de explicar
o ser, „de despir a realidade das aparências que a cobrem como um véu, a fim de ver a
própria realidade sem disfarces‟. (1906. La Théorie physyque, son objet et sa structure:
:7). (…) Duhem e Poincaré como que se unem a uma só voz, quando insistem em que
aquilo que sabemos são as relações entre fenómenos tangíveis. (…)
Duhem tem consciência, é claro, que as teorias científicas permitem as
previsões. Nós podemos „extrair algumas consequências que não correspondem a
nenhuma das leis experimentais anteriormente conhecidas, e que, simplesmente,
representam [novas] leis experimentais possíveis‟. (La Théorie physique: 28) Algumas
destas consequências são testáveis empiricamente. E, se forem validadas, o valor da
teoria é aumentado. Se, porém, uma previsão que representa uma conclusão legítima
de uma teoria for invalidada, isto mostra que a teoria tem de ser modificada, se não
mesmo abandonada completamente. Por outro lado, se supusermos verdadeira uma
dada hipótese e por isso deduzirmos que, com base nessa pressuposição, um certo
evento deverá ocorrer em certas circunstâncias, a efetiva ocorrência do evento nessas
circunstâncias não prova a verdade da hipótese. Porque essa mesma conclusão,
nomeadamente de que, em certas circunstâncias, um certo evento deverá ocorrer,
poderia também ser deduzível de uma hipótese diferente. No entanto, se o evento que
deveria ocorrer não ocorre, isso mostra que a hipótese é falsa ou que ela se encontra
em carência de ser revista. Por conseguinte, se deixarmos de fora de apreciação outras
razões para mudar ou para modificar teorias, tais como considerações quanto a maior
simplicidade ou quanto a maior economia [formal], podemos dizer que a ciência
avança através da eliminação de hipóteses, mais do que através da verificação no
sentido forte do termo. Uma hipótese científica pode ser conclusivamente invalidada e
por isso eliminada, mas não pode ser provada conclusivamente. (…)
Embora Duhem concorde com Poincaré em numerosas questões, recusa-se a
admitir que existam hipóteses científicas que se encontrem fora do alcance da
refutação experimental, e que tenham que ser consideradas como definições que
permanecem imunes a toda a verificação experimental. Existem de facto hipóteses que,
se tomadas isoladamente, não têm „significado experimental‟ (La Théorie
physique:215), e que não podem, por consequência, ser diretamente confirmadas ou
invalidadas através da experimentação. Mas estas hipóteses, de facto, não existem
isoladamente. Constituem o fundamento de teorias amplamente disseminadas (…); e é
sempre possível que as consequências do sistema como um todo sejam sujeitas à
refutação experimental em tal escala, que o sistema por inteiro se desmorone,
juntamente com aquelas hipóteses básicas que, se consideradas isoladamente, não
podem ser refutadas diretamente.
Frederick Copleston. 1975.
Chapter XIII. Philosophy of Science. In Part III. From Bergson to Sartre.
In Volume IX. Maine de Biran to Sartre. A History of Philosophy: 273 – 277.
talvez exagerando as suas competências, ou talvez não tendo o cuidado suficiente com a
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terminologia que empregou, foi induzido em erro, na medida em que aquilo que
esses sons. A linguagem escrita, também ela, é constituída por sequências de palavras,
mas nem por isso pode ser considerada linear. Umas palavras têm por assim dizer,
Saussure demonstrou estar a ensaiar fazer uma incipiente história natural das línguas, e
não uma verdadeira filosofia natural. Tampouco se pode dizer que Saussure estivesse a
fazer ciência linguística. Ou, não conheceria ele o verdadeiro significado lógico e
equivalente numa outra língua. Os resultados foram mais do que medíocres. Para uma
qualquer frase mais extensa, ou mais complexa, não era possível obter tradução correta,
e então, no caso de um qualquer texto mais rico, ou mais extenso, ou mais complexo, os
hipótese científica de Saussure, que ele considerava não ter significado experimental no
sentido que a expressão adquire com Duhem, era, na verdade, apenas isso – uma
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XX. E, no entanto, aparecia na Linguística Saussuriana como uma DEFINIÇÃO – uma
conhecimento humano.
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lógicas de consistência e também os requisitos práticos e estéticos. Mas recusava
admitir que as teorias científicas eram decorrências necessárias da lógica ou da
experiência. Elas expressam a criatividade da mente humana, embora esta atividade
criativa seja guiada na ciência pela decisão racional e não pelo capricho. Além disso,
não podemos nunca dizer que o conhecimento científico atingiu a sua forma final. Não
podemos à partida excluir as transformações radicais. (…) Se considerarmos o
positivismo Comteano como representando o terceiro estadio do pensamento humano,
temos que acrescentar que este estadio tem de ser transcendido, uma vez que constitui
um obstáculo à atividade criativa da mente. (Gaston Milhaud. 1902. Le positivisme et le
progrès de l‟esprit).
Vimos que Duhem fez uma clara distinção entre ciência por um lado, e a
metafísica ou ontologia, por outro. Uma visão um tanto diferente da natureza da
ciência foi a que apresentou Émile Meyerson (1859-1933). (…)
Em primeiro lugar Meyerson opõe-se fortemente à visão positivista da ciência
que a considera como a simplesmente tratar de previsões e do controlo da ação.
Segundo o positivista, a ciência formula leis que representam as relações entre
fenómenos ou entre aparências tangíveis, leis que nos habilitam a fazer previsões, e
assim servem à ação e ao nosso controlo sobre os fenómenos. Porém, embora
Meyerson não queira negar que a ciência de facto nos capacita a prever, e a ampliar a
nossa área de controlo, recusa-se a admitir que seja esse o fim fundamental ou o ideal
operativo da ciência. Não é exato dizer que a ciência tem a ação como seu único alvo,
nem que ela é governada unicamente pelo desejo de economia nessa ação. A ciência
também busca fazer-nos compreender a Natureza. Ela tende de facto, na expressão do
Senhor Le Roy, à progressiva racionalização do real. (Émile Meyerson. 1908. Identité
et Realité: 438) A ciência firma-se na pressuposição de que a realidade é inteligível; e
tem a esperança de que esta inteligibilidade se torne cada vez mais manifesta. O
esforço, a atividade, e a motivação da mente para a compreensão, é o que está na base
de toda a investigação e pesquisa científica. É, portanto, um erro seguir Francis Bacon,
Hobbes e Comte ao definirem a meta da ciência simplesmente em termos de previsão
com vista à ação. A teoria positivista baseia-se, no fundo, num palpável erro em
psicologia. (Émile Meyerson. 1927. De l‟explication dans les sciences: 45).
foi na França da sua época. Filósofo, crítico literário, crítico estético, crítico político, os
seus ensaios sobre História contemporânea e sobre Ciência Política são de inestimável
valor e ainda muito relevantes para quem atualmente estuda aprofundadamente esses
temas.
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Antigo aluno da Escola Normal Superior em Paris, Maurice Merleau-Ponty foi
Colégio de França de 1952 a 1961. Morreu precocemente nesse ano, em Paris, num
conhecimentos que for construído sobre a nossa vivência do mundo. Tudo o que se pode
saber do mundo, sabe-se a partir de uma visão individual. Sem a experiência individual
Portanto, para este autor, o que explica a Ciência e, mais ainda, o que determina
que o Filósofo presidirá, e a literatura terá o estatuto do que sobra à Filosofia no último.
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A segunda atitude será nomeadamente a dos filósofos que se opõem claramente a estes
três grandes, respetivamente Aristóteles, Locke, e Hegel: a linguagem como que deverá
um “organon”, em ordem a permitir uma lógica como arte do raciocínio silogístico, bem
veremos, tem uma atitude que não cabe em nenhuma das duas classificações anteriores
no que discorda de Descartes e Kant, mas utiliza a linguagem corrente nos seus ensaios,
que são, muito tipicamente, argumentativos e bem ao estilo de Platão, praticando a arte
Retórica magistralmente. Para provar as suas teses, parte da refutação das teorias e
Platónica.
Por outro lado, se bem que grande parte dos seus ensaios se ocupem de definir
linguagem “domesticada”; tampouco acredita que a ciência não se possa fazer valer da
linguagem do quotidiano.
todas as épocas, das mais recuadas até aos dias de hoje, tem-se desenvolvido segundo
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gnosiológico ocidental.
todos os que se dedicam às ciências modernas que, desde Galileu e Newton, utilizam a
iniciou com Sócrates, Platão e Aristóteles, que passa por Kant e Hegel, e vem até
Husserl.
crítico, que considerava poder a teoria marxista fornecer, nos seus próprios princípios e
concreta, uma vez que o eu apreendia o outro, uma vez que o eu podia tocar o outro,
pela linguagem e por outras formas de expressão, por força da sua intencionalidade.
publicado em 1945, a sua segunda obra, pois que precedida pelo livro de 1942 A
Estrutura do Comportamento.
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Ao iniciar o estudo da perceção, deparamo-nos, pela linguagem terminológica
inerente, com a noção de sensação, que parece imediata e clara: sinto vermelho, sinto
azul, sinto calor, sinto frio. Vai-se ver, no entanto, que essa noção é a mais confusa que
existe, e que, para a terem admitido, as análises clássicas esqueceram-se do fenómeno
da perceção.
Poderia começar por definir sensação como a maneira pela qual sou afetado e
como a constatação de um estado de mim-mesmo. O cinzento dos olhos cerrados que
me rodeia sem distância, os sons da semi-vigília que vibram “na minha cabeça”,
indicariam aquilo que se poderia considerar como o sentir puro. Sentiria, na exata
medida em que eu pudesse coincidir com aquilo que sinto, na medida em que o que eu
sinto deixa de ter lugar no objetivo, e quando o que eu sinto não significa nada para
mim. Isto equivale a conceder que se deveria procurar a sensação fora (e antes) de todo
e qualquer conteúdo qualificado, uma vez que o vermelho e o verde, para se
distinguirem um do outro como duas cores diferentes, devem já ter-se constituído como
quadro perante mim, mesmo sem localização precisa, e cessam portanto de ser eu-
mesmo. A sensação pura será a vivência de um “choque” indiferenciado, instantâneo e
pontual. Não é necessário demonstrar, uma vez que os autores quanto a isto estão de
acordo, que esta noção de sensação não corresponde a nada de que tenhamos tido a
experiência, e que as perceções factuais mais simples que conhecemos, entre animais
como o macaco e a galinha, repousam sobre relações, e não sobre termos absolutos.
Mas fica a faltar nos interrogarmos sobre por que razão nos julgamos autorizados
legitimamente a distinguir, na experiência percetiva, uma camada de “impressões” .
Maurice Merleau-Ponty. 1945.
Introduction – Les Préjugés Classiques Et Le Retour aux Phénomènes
Chapitre I. - La “Sensation” - Phénomenologie de la Perception : 9
seguidos dos de Koehler, de 1913, e logo a seguir de Koffka, a partir de 1922, bem
como de Werner, também a partir desse ano, e também de Hering, de Jaensch, de Gelb,
1926 e 1927, de Stein, de 1928, bem como de Scheller, nesses mesmos três últimos anos
pensamento: parafraseando-o: A teoria da sensação, que compõe todo o saber por meio
todo e qualquer equívoco, puros, absolutos, que, mais do que seus temas efetivos, são o
E ainda Merleu-Ponty: “A palavra indica apenas uma direção e não uma função
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primitiva.”
assim, penetram a nossa consciência vigilante, genérica, são por ela filtrados, no sentido
com sentido, embora equívoco, daquilo a que Merleau-Ponty chama “domínio pré-
tangível são objetos para a consciência, e não objetos da consciência. Sobre elas são
“muda”, pois, pelo contrário, ela tem sempre um sentido. Esse sentido e esse objeto, já
elemento, da consciência.
E aí volta, para ser tratado por mais um nível ainda superior, ou se quisermos,
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por um módulo ainda mais central. Aquilo a que Merleau-Ponty chama consciência
racional sobre dados da experiência, uma verdadeira capacidade inata dos seres
humanos.
Por tudo o que ficou dito, e que espero ter ficado suficientemente claro,
linguagem. Primeiro que tudo quanto ao método. Acusa Saussure de utilizar um método
meramente reflexivo, de nem sequer utilizar a análise nem a indução. A esse método
contém camadas, umas integradoras outras integrantes, com relações complexas entre
si, umas determinadoras e outras determinadas, quanto à sua potência significante, como
quanto à abrangência do seu contexto significativo, e ainda quanto à força com que
entanto o seu ceticismo relativamente à linguística tal como era praticada na sua época é
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patamares lógicos, ou elementos, ou instâncias. A dialética explica, descreve, e justifica
filtragem sumária, e a partir daí o signo passaria a significante com sentido equívoco,
como objeto para a consciência, e num domínio como que pré-cognitivo, o tal a que
seu contexto seriam tratados pela capacidade de perceção, comparada com dados da
memória, etc., e, de um estado com sentido equívoco, passaria a compor uma imagem
com significado vago e indeterminado; seria como que o terceiro patamar ou instância
“consciência científica”.
3. – Conclusões
Mundo.
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o primeiro chama a atenção para a existência de pseudo-definições, de hipóteses
empíricas mascaradas de definições, sendo este seu uso da linguagem um tanto peculiar,
fisiológicos sem a fazer passar, como hipótese empírica, pelo nosso filtro racional de
análise dedutiva.
substância e sendo apenas forma, posição esta anterior a e mantida por Saussure, recai
1949) também está de acordo com Poincaré (1902) quando este defende que as
que têm valor cognitivo. Daí que Merleu-Ponty (1988) critica Saussure por este
considerar que não existe qualquer laço interior entre consciência e linguagem, e a
linguagem, nesta perspetiva, relevar da ordem das coisas, e não da ordem do sujeito,
sendo por isso as palavras faladas ou escritas fenómenos físicos, um laço acidental,
Merleau-Ponty defendia, logo numa sua Lição de 1949, que a linguagem é uma
mensagem emitida com força de comunicação efetiva, e que portanto existe uma
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O que não é verdade: a linguagem contribui para o pensamento, a potência do
vocábulo existe, o pensamento muito deve ao vocábulo, pois este, após universalizar,
empíricas que não têm significado experimental – isto considerando logo à partida e
conceitos de metafísica, uma vez que, como Filosofia, a Fenomenologia tem noções
ontológicas, acerca do Ser, acerca da Essência, e acerca da Subjetividade, que lhe são
muito próprias, e opera com o conceito de transcendência, pelo que tem uma Metafísica
4. – O Estado da Arte
do Saber, que diminua as divisões internas de quem se dedica a trabalhos que têm por
deste novo terreno científico esteve sujeito nos últimos dois ou três séculos. Penso que o
trabalho de Alexandre Kojève, a partir da Lógica de Hegel, por sua vez apoiado no
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O facto primordial para o discurso filosófico, é o próprio facto do discurso.
Falar como filósofo, é falar de tudo o que se fala tendo em conta o facto de e
compreendendo que se fala do que se fala. Ou ainda: a filosofia é um discurso que fala
tanto da essência das coisas quanto do significado dos discursos que a ela se
“referem”, e que apenas o pode fazer falando de um “terceiro” que, nem sendo apenas
essência nem apenas significado, pode no entanto aparecer umas vezes como um,
outras vezes como outro: aquilo que Kojève, na esteira de Hegel, designa como
Conceito. (1973. Alexandre Kojève. La Philosophie hellénistique – Les Néo-
Platoniciens. In Éssai d‟une histoire raisonnée de la philosophie païenne – tome III :
:30).
Falar do Conceito como da unidade singular da essência e do significado, é
falar da verdade. E falar da verdade, é necessariamente falar do tempo. “Com efeito [a
verdade], no sentido próprio da palavra, é qualquer coisa que é reputada não poder ser
nem modificada nem negada: ela é válida “universal e necessariamente”, como se diz.
Quer dizer que ela não está sujeita à mudança; ela é, como também se diz: eterna ou
intemporal. Por outro lado, não há dúvida de que a encontramos num determinado
momento do tempo, e que ela existe no Mundo. A partir do momento em que se coloca
o problema da verdade, mesmo parcial, coloca-se portanto necessariamente o problema
do tempo, ou, mais especificamente, o da relação entre o tempo e o intemporal.” (1962.
A. Kojève. Introduction à la lecture de Hegel: 336). Ora, este problema apenas admite
um número finito de soluções. (obra citada: 337).
Excluamos à partida a solução heracliteana, aquela de todos os cepticismos e
de todos os relativismos. Nesta hipótese, o verdadeiro é exclusivamente temporário e,
por consequência, o discurso não passa de uma verborreia prolixa e difusa, sem fim,
onde é sempre possível e justificado contradizer, a um dado momento, aquilo que se
disse anteriormente. (…) O discurso filosófico torna-se, então, impossível. É por essa
razão que os filósofos acreditaram inicialmente poder salvar a verdade dizendo que ela
é a eternidade ou, pelo menos, eterna. É esta a tese parmenidiana, retomada, à sua
maneira, por Espinosa. Infelizmente, se a solução heracliteana do problema da verdade
conduzia o discurso à verborreia, a solução parmenidiana ou espinosista redu-lo ao
silêncio. Com efeito, se o Conceito é de uma natureza absolutamente outra e distinta da
do tempo do mundo onde vivem e falam os homens em geral e os filósofos em
particular, torna-se então rigorosamente impossível dar notícia da manifestação da
verdade nos discursos cronologicamente situados dos homens (…).
Se a história da filosofia começa com a identificação do Conceito com a
Eternidade, sabe-se que, segundo Kojève, ela acaba com a identificação “hegeliana”
do Conceito com o Tempo, não com o tempo indefinido do cosmos, nem com o tempo
cíclico da vida, mas com o tempo histórico, quer dizer com o tempo em que prima o
futuro. É porque se dá a si mesmo um fim que não está inscrito em nenhuma natureza,
que o homem se “destaca” do ser para o “conceber”. A história da filosofia aparece
assim, como a redução progressiva da transcendência do Conceito.
Bernard Hesbois (1990) In Présentation.
Kojève, A. 1990. Le Concept, Le Temps et Le Discours: 10 – 11.
desse processo de maturação da Filosofia. É por isso que, embora com dificuldade, a
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(…) o discurso filosófico compreende que não pode falar do Conceito sem se
contradizer, e portanto não pode apresentar o seu trabalho, a menos que diga que o
Conceito, que não é nem essência nem significado, se revela tornando-se essência
primeiro e significado em seguida. Dizendo de outro modo, o Conceito não é mais do
que o processo histórico da transformação do universo dos objetos em universo do
discurso (…). Discorrer, com efeito, é “romper o silêncio”: durante um certo tempo.
(…)
Segundo Kojève, o discurso filosófico apenas se desenvolve manifestando uma
triplicidade estrutural que aparece historicamente pela primeira vez com Platão. É que
Platão apercebeu-se de que, para poder falar sem se contradizer, era necessário expor
discursivamente não somente o caráter dado do ser comum a tudo aquilo que se revela
enquanto fenómeno na duração-extensão da Existência-empírica de que se fala, mas
também da realidade-objetiva destes fenómenos, na medida em que estes não só
diferem do Nada, como também se distinguem uns dos outros, opondo-se uns aos outros
de uma maneira irredutível. É assim que, na esteira de Platão, a filosofia completa o seu
discurso fenomenológico (que descreve o Mundo onde vivem os filósofos, que dele
falam falando também daquilo que dele dizem), já não apenas por meio de um discurso
onto-lógico (que diz o que é necessário dizer do Ser-dado enquanto tal, para poder falar
sem se contra-dizer daquilo que se diz da Existência-empírica no seu conjunto), como
também através de um discurso energo-lógico (que indica o que deve ser a Realidade-
-objetiva para que tudo aquilo de que se fala possa simultaneamente ser aquilo que se
diz e ser percebido (ou aparecer) tal como é dito (…) (Alexandre Kojève. 1972. Platon-
-Aristote. In Éssai d‟une Histoire raisonnée de la Philosophie Païenne . Tome II: 47).
Bernard Hesbois (1990) In Présentation.
Kojève, A. 1990. Le Concept, Le Temps et Le Discours: 12 - 13.
Contém 1 Anexo :
A Fenomenologia da Percepção segundo Maurice Merleau-Ponty.
Autoria: Fluxograma – José Manuel de Almeida Freitas
Design Gráfico – Marta Calejo
Realizado com recurso a aplicação „Free-Hand‟ em Dezembro 2010.
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