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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA

DISCIPLINA: BIOQUÍMICA PARA FARMÁCIA

CURSO: FARMÁCIA

MINISTRANTE: PROFA. MARIA DAS GRAÇAS CASTELO BRANCO SOARES

REAÇÕES DE CARACTERIZAÇÕES DOS GLICIDIOS

ANA LUIZA TELES E SILVA 10S20825

GESSYANE SOARES DUARTE 10S19401

JOYCIANE CARVALHO BORGES 10S18278

LAYS RODRIGUES MOURA 10S17115

SÁVIO FREIRE DA SILVA 10S1227O

TERESINA

MARÇO/2011
RESUMO

A prática visa à realização de reações que caracterizam glicídios. Foram


feitas as experiências: I)Identificação de glicídios pela reação com reagente de
Molish e com reagente de lugol; II)Identificação de glicídios redutores através da
reação com reativo de Benedict; III)Diferenciação entre aldoses e cetoses através da
reação com reagente de Seliwanoff; IV)Hidrólise de di e polissacarídeos através da
reação da sacarose com ácido sulfúrico e com água e da identificação de seus
produtos com reativo de Benedict, e a hidrólise do amido, identificando-se seus
produtos com reagente de lugol e de Benedict.
INTRODUÇÃO

Os carboidratos são as biomoléculas mais abundantes na face da Terra. A


cada ano a fotossíntese converte mais de 100 bilhões de toneladas de CO2 e H2O
em celulose e outros produtos vegetais. Certos carboidratos (açúcar comum e
amido) são a base da dieta na maior parte do mundo e a oxidação dos carboidratos
é a principal via metabólica fornecedora de energia para a maioria das células não-
fotossintéticas. (LEHNINGER, 2002)
Os carboidratos desempenham vários papéis importantes na bioquímica. Em
primeiro lugar, eles são a principal fonte de energia. Em segundo lugar, os
oligossacarídeos possuem um papel-chave nos processos que ocorrem na
superfície das células, particularmente nas interações célula-célula e no
reconhecimento imune. Além disso, os polissacarídeos são componentes estruturais
essenciais de várias classes de organismos. A celulose é o principal componente do
capim e das árvores, e outros polissacarídeos são os principais componentes das
paredes celulares de bactérias. (CAMPBELL, 2007)
Carboidratos são poliidroxialdeído ou poliidroxicetona ou substâncias que
liberam estes compostos por hidrólise. Dividem-se em três classes de acordo com o
seu tamanho: monossacarídeos (uma unidade de poliidroxialdeído ou
poliidroxicetona), oligossacarídeos (poucas unidades de monossacarídeos unidos
por ligações glicosídicas) e os polissacarídeos (polímeros com mais de 20 unidades
de monossacarídeos). Além disso, há a classificação de acordo com a posição da
carbonila, sendo uma aldose (estando esta na extremidade), ou uma Cetose (se
estiver em qualquer outra posição). (LEHNINGER, 2002)
Os carboidratos estão divididos em três classes principais, de acordo com o
seu tamanho: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos (a palavra
“sacarídeo” é derivada do grego sakcharon que significa “açúcar”). Os
monossacarídeos, ou açúcares simples, consistem em uma única unidade de
poliidroxialdeído ou cetona. O monossacarídeo mais abundante na natureza é o
açúcar com seis átomos de carbono na molécula, a D-glicose, também chamada
dextrose. Feita exceção à diidroxicetona, todos os outros monossacarídeos - e por
extensão, todos os outros carboidratos - possuem centros de assimetria (ou quirais),
e fazem isomeria óptica. (LEHNINGER, 2002)
Os oligossacarídeos são compostos por cadeias curtas de unidades
monossacarídicas, unidas entre si por ligações características, chamadas ligações
glicosídicas. A ligação glicosídica ocorre entre o carbono anomérico de um
monossacarídeo e qualquer outro carbono do monossacarídeo seguinte, através de
suas hidroxilas e com a saída de uma molécula de água. Os mais abundantes são
os dissacarídeos, formados por duas unidades monossacarídeos. A sacarose, ou
açúcar da cana, é o representante típico dessa classe. Nas células, a maioria dos
oligossacarídeos com três ou mais unidades não ocorrem como entidades livres,
mas é unida à moléculas de não-açúcares (lipídios ou proteínas), formando
glicoconjugados. (LEHNINGER, 2002)
Os polímeros de açúcares têm uma variação progressiva de tamanho de
cadeia. Aqueles que contêm mais de 20 unidades são chamados polissacarídeos.
Os polissacarídeos podem ter cadeias contendo centenas ou milhares de unidades
monossacarídicas. Alguns, como a celulose, têm cadeias lineares, enquanto outros,
como o glicogênio, têm cadeias ramificadas. (LEHNINGER, 2002)
MATERIAIS E MÉTODO

I. Reações de Caracterizações dos Glicídios


1. Reação com reagente de Moslish (solução alcoólica de α-naftol a 5%)

Preparou-se quatro tubos de ensaio contendo, no tubo A, 1 ml de água


destilada, no tubo B, 1 ml de solução de glicose 1%, no tubo C, 1 ml de
solução de sacarose 1% e, no tubo D, 1 ml de solução de amido 1%. Em cada
um dos tubos colocou-se duas gotas do reagente de Molish e agitou--se bem.
Depois, sem agitação, acrescentou-se em cada tubo 1 ml de ácido sulfúrico
concentrado, inclinando o tubo para que o ácido escorresse lentamente pela
parede deste. Colocou-se o tubo em repouso na estante por 5 minutos,
observou-se o que aconteceu e anotou-se os resultados.

2. Reação com iodo

Foi preparada a seguinte série de tubos, tubo A contendo 1 ml de água


destilada, tubo B 1 ml de solução de glicose 1%, tubo C 1 ml de solução de
sacarose 1% e tubo D contendo 1 ml de solução de amido 1%. A cada tubo
foi acrescentado duas gotas do reagente de lugol, misturando-o à solução e
observando o que aconteceu. Depois aqueceu-se o tubo D em banho-maria
até a mudança de coloração, resfriou-o em água corrente, observou-se
novamente e anotou-se os resultados. Finalizou-se o segundo teste.

II. Identificação de glicídios redutores


Preparou-se a seguinte série de tubos contendo, no tubo A, 1 ml de água
destilada, no tubo B, 1 ml de solução de glicose 1%, no tubo C, 1 ml de solução de
frutose 1% e, no tubo D, 1 ml de solução de amido 1%. Acrescentou-se a cada um
deles 1 ml do reagente de Benedict. Aqueceu-se em média durante 3 minutos em
banho-maria fervente, observou-se o que aconteceu e anotou-se os resultados.

III. Diferenciação entre aldoses e cetoses

Preparou-se quatro tubos de ensaio, tubo A contendo 3 ml de Seliwarnoff + 5


gotas de água destilada, tubo B contendo 3 ml de Seliwarnoff + 5 gotas de solução
de frutose 1%, tubo C contendo 3 ml de Seliwarnoff + 5 gotas de solução de glicose
1% e tubo D contendo 3 ml de Seliwarnoff + 5 gotas de solução de sacarose 1%.
Colocou-se em banho-maria a 100°C e observou-se o tubo de três em três minutos,
durante dez minutos. Observou-se o que aconteceu e anotou-se os resultados.

IV. Hidrólise de di e polissacarídeos

1. Hidrólise da sacarose

Preparou-se os seguintes tubos de ensaio, tubo A contendo 2 ml de


solução de sacarose 1% + 3 gotas de ácido sulfúrico concentrado, tubo B
contendo 2 ml de solução de sacarose 1% + 3 gotas de água destilada.
Colocou-se em banho-maria 100°C durante três minutos. Adicionou-se a cada
tubo 3 ml do reativo de Benedct. Agitou-se. Recolocou-o no banho-maria
durante três minutos. Retirou-o e foi observado o que aconteceu, logo em
seguida foi registrado os resultados obtidos.

2. Hidrólise do amido

Colocou-se em um erlenmeyer 30 ml de solução de amido 1% e 6 ml


de ácido clorídrico 2N. Preparou-se 7 tubos de ensaio, nomeados de A a G,
contendo cada um deles, 3 ml da mistura já citada. Ao tubo A, juntou-se uma
gota do reativo de lugol e observou-se a cor que se desenvolveu. Os tubos
restantes foram colocados em banho-maria 100°C. Retirou-se cada um dos
tubos no intervalo de 5 minutos, totalizando um tempo de 30 minutos, cada
tubo retirado foi resfriado em água corrente e a ele acrescentou- se uma gota
do reativo de lugol, com exceção do tubo G. A este adicinou-se 3 ml do
reativo de Benedict e novamente colocado em banho-maria 100°C durante 3
minutos. Retirou-o, observou-se o que aconteceu e registrou-se o que
aconteceu.
RESULTADOS

TABELA 1: IDENTIFICAÇÃO DE GLICÍDIOS ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO DA


FORMAÇÃO DO ANEL VIOLETA APÓS A ADIÇÃO DO REAGENTE DE MOLISH.

Tubo de ensaio Formação do anel violeta


A Não formou
B Formou
C Formou
D Formou
Fonte: Laboratório de Bioquímica da UFPI, alunos de Farmácia, 2011.1

TABELA 2: IDENTIFICAÇÃO DE GLICÍDIOS ATRAVÉS DA COLORAÇÃO


OBSERVADA APÓS A REAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS COM REATIVO DE LUGOL.
Tubos Cor após adição Cor após Cor após
de reagente de aquecimento resfriamento
lugol
A Amarela ── ──
B Amarela ── ──
C Amarela ── ──
D Roxo Amarela Roxo
Fonte: Laboratório de Bioquímica da UFPI, alunos de Farmácia, 2011.

TABELA 3: IDENTIFICAÇÃO DE GLICÍDIOS REDUTORES ATRAVÉS DA


COLORAÇÃO APRESENTADA PELOS TUBOS APÓS A ADIÇÃO DE REATIVO DE
BENEDICT.
Tubo Cor
A Não alterou a cor
B Vermelho tijolo
C Vermelho tijolo
D Vermelho tijolo (reação mais lenta)
Fonte: Laboratório de Bioquímica da UFPI, alunos de Farmácia, 2011.1

→ + Cu2O+

TABELA 4: DIFERENCIAÇÃO DE ALDOSES E CETOSES ATRAVÉS DA


COLORAÇÃO APRESENTADA APÓS REAÇÃO COM REAGENTE DE
SELIWANOFF.
Tubo Cor após 3 min. Cor após 6 min. Cor após 9 min. Cor após 12
min.
A Sem alteração Sem alteração Sem alteração Sem alteração
B Sem alteração Rosa Laranja claro Laranja escuro
C Sem alteração Sem alteração Sem alteração Sem alteração
D Sem alteração Rosa Laranja claro Laranja escuro
Fonte: Laboratório de Bioquímica da UFPI, alunos de Farmácia, 2011.1

+ → Composto Vermelho

TABELA 5: HIDRÓLISE DA SACAROSE E AS CORES DOS PRODUTOS APÓS A


REAÇÃO.

Reagente Cor Cor com reativo de Benedict


H2SO4 Azul esverdeado Vermelho tijolo
H2O Azul Azul esverdeado
Fonte: Laboratório de bioquímica da UFPI, alunos de Farmácia, 2011.1

TABELA 6: HIDRÓLISE DO AMIDO COM A COLORAÇÃO APRESENTADA E OS


PRODUTOS FORMADOS APÓS CERTO TEMPO DE REAÇÃO.

Tubo Tempo de reação Cor como reativo Produto identificado


(min.) de lugol
A 0 Azul Amido
B 5 Roxo Amilodextrina
C 10 Roxo avermelhado Amilodextrina e eritrodextrina
D 15 Vermelho Eritrodextrina
E 20 Laranja Eritrodextrina (predominância) e
acrodextrina
F 25 Amarelo claro Eritrodextrina e acrodextrina
(predominância)
Cor com Reativo de
Benedict
G 30 Vermelho tijolo Glicose + maltose
Fonte: Laboratório de Bioquímica da UFPI, alunos de Farmácia, 2011.
DISCUSSÃO

Segundo VILELLA (1973), o teste de Molish é considerado uma reação


global para glicídios, podendo estar isolados ou associados, entretanto sem muita
especificidade, pois há outras substâncias no procedimento. O reagente de Molish é
composto por uma solução alcoólica de α–naftol a 5%. Sendo assim, ao adicionar-se
a glicídios ácido sulfúrico concentrado(forte ação desidratante), as ligações
glicosídicas presentes em moléculas de polissacarídeos são facilmente rompidas
resultando em monossacarídeos. Quando os monossacarídeos forem desidratados
originam: furfural e hidroximetilfurfural. Que reconhecem, respectivamente, pentoses
e hexoses. Ambas são substâncias incolores, então adiciona-se o composto fenólico
ao meio. O fenol reage com os produtos incolores e provoca o aparecimento de um
anel de coloração violeta. De fato, ao utilizarmos os produtos propostos pela
experiência, observamos a formação de um peculiar anel de cor violeta na interfase
dos líquidos. Na presença dos glicídios em questão (glicose, sacarose e amido) o
anel apresentou-se. Já na presença de água destilada não se constatou a presença
de tal singularidade. Conforme mostra tabela 1.
Outra maneira de identificar glicídios é através da reação com iodo. O amido
é uma mistura de dois polissacarídeos estruturalmente diferentes: amilose e
amilopectina. O amido quando tratado com Lugol modifica sua coloração, pois o
amido reage na presença de iodeto, formando um complexo de cor roxa, sendo
visível em concentrações mínimas de iodo. Essa reação ocorre devido à produção
de um complexo entre o amido e o iodo presente no Lugol. (VILELLA, 1973)
Conforme mostra a tabela 2, podemos interpretar que após o aquecimento da
solução o complexo se desfaz, apresentando assim uma solução de cor amarela,
devido a presença de iodo dissociado. Após resfriamento em água corrente a
solução assume novamente a coloração roxa.
O reativo de Benedicte (citrato de sódio, carbonato de sódio anidro, e sulfato
de cobre) reage em meio alcalino com a hidroxila anomérica livre (oxi-redução)
formando óxido de cobre de cor vermelha ou amarela. (VILELLA, 1973) De acordo
com os resultados apresentados na Tabela 3, não houve mudança de cor no tubo A,
o que já era esperado, pois neste só havia água destilada. O tubo A foi usado como
grupo controle. Nas soluções dos tubos B e C a coloração apresentou-se vermelho
tijolo, o que indica a presença de porções redutoras na glicose e na frutose,
confirmando os dados encontrados na literatura. Por fim, a solução contida no tubo
D, apresentou-se também numa coloração vermelho tijolo, porém a reação ocorreu
mais lentamente se comparada as dos tubos B e C, isso se deve ao fato de o amido
possuir apenas uma porção redutora.
A reação de Seliwanoff (resorcinol diluído em acido clorídrico) diferencia
aldeído de Cetose, formando um composto avermelhado para a função cetose
(reação positiva). Observou-se, conforme demonstra a tabela 4, que a reação com
cetoses é mais rápida do que com as aldoses, pois ao longo do tempo notamos
mudança de cor nos tubos B e C. Assim, podemos concluir que esses tubos
continham cetoses.
Para a hidrólise da sacarose foram preparados dois tubos de ensaio, A e B.
No tubo A foram adicionados 2 ml de solução de sacarose 1% + 3 gotas de ácido
sulfúrico concentrado, enquanto no tubo B adicionou-se 2 ml de solução de sacarose
1% + 3 gotas de água destilada. Após o aquecimento foi adicionado a cada tubo 3
ml do reativo de Benedict e foram observados os resultados, conforme a tabela 5. A
sacarose é um açúcar não-redutor, mas, quando quebrada em seus
monossacarídios, glicose e frutose que são açúcares redutores, pelo ácido sulfúrico,
os íons Cu2+ e Cu+, do reativo de Benedict, são reduzidos e há a formação e um
precipitado vermelho.
Para a hidrolise do amido observou-se que em A, a solução ficou com cor
azul, pois só tinha em solução amido. Já B, C, D, E, F e G foram postos em banho-
maria, retirados após 5, 10, 15, 20, 25 e 30 minutos, respectivamente. Em B
apresentou uma cor roxa, pois em solução tinha amilodextrina. Em C apresentou
uma cor roxo avermelhada, tinha em solução de amilodextrina e eritrodextrina, em D
vermelha, tendo eritrodextrina, em E apresentou-se um laranja, tendo uma maior
quantidade de eritrodextrina e menor quantidade acrodextrina. Em F apresentou
coloração amarelo claro, pois possuía eritrodextrina e acrodextrina em
predominância. No tubo G acrescentou-se 3 ml de reativo de Benedict, voltando
em seguida ao banho Maria por mais três minuto, percebeu-se uma cor vermelho
tijolo, pois em solução tinha maltose e glicose, um grupo redutor. Percebeu-se
então que a medida que aquece a solução com amido em banho-maria, a solução
vai se hidrolisando em moléculas menores até o seu monômero básico.
(CISTERNAS, 2001)
CONCLUSÕES

Essas reações confirmaram os resultados já esperados, de acordo com a


literatura. Cada resultado obtido ajudou a fortalecer conceitos, como características
de carboidratos, por exemplo. A prática foi extremamente proveitosa para o
entendimento mais aprofundado dos glicídios, de sua importância para nossa
sobrevivência, de sua estrutura e de suas propriedades.
REFERÊNCIAS

CAMPBELL, Mary K. Bioquímica. 3. ed. São Paulo: Artmed, 2007

CISTERNAS, J. R., MONTE, O., VARGA, J. Fundamentos de bioquimica


experimental. 2. ed. Sao Paulo: Atheneo, 2001

LEHNINGER, Albert Lester. Lehninger princípios de bioquímica / David L. Nelson,


Michael M. Cox; traduzido por Arnaldo Antonio Simões, Wilson Roberto Navega
Lodi. 3. ed. São Paulo, 2002

VILELLA, BACILA, TASTALDI. Tecnicas e experimentos de bioquimica. 1973

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