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Entidade Reconhecida como Utilidade Pública Internacional

Decreto Federal nº 9.820/1912

PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO


DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE
ANOS NO MUNICÍPIO
CRUZ VERMELHA BRASILEIRA
FILIAL NO MARANHÃO

Presidente
Carmen Maria Teixeira Moreira Serra

Secretário Geral
Vitor Tadeu Ferreira

Elaboração:
Profª Francisca Maria Barros Matos
Departamento de Educação

2 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO


APRESENTAÇÃO

O governo federal por meio do Ministério da Educação


vem enviando esforços, no sentido de apoiar os Sistemas
de Ensino Municipais e Estaduais, na perspectiva de as-
segurar o cumprimento da legislação em vigor, que insti-
tui o Ensino Fundamental de nove anos de duração com
a inclusão das crianças aos seis anos de idade.

Nesse sentido, a Cruz Vermelha Brasileira Filial do Mara-


nhão, por meio do Departamento de Educação, apresen-
ta o documento - Procedimentos para Implantação do
Ensino Fundamental de Nove Anos no Município - com
a finalidade de nortear os sistemas municipais de ensino
quanto às providências a serem adotadas para a efetiva
implementação dessa política em 2010, assegurando o
padrão de qualidade desse nível de ensino.

Assim, o documento em referência, aborda os Funda-


mentos Legais que abrangem a legislação pertinente; a
Organização do Ensino Fundamental em que propomos
uma estrutura curricular em Ciclos de Aprendizagem e, fi-
nalmente, recomendamos dez estratégias para Implanta-
ção do Ensino Fundamental de Nove Anos no Município.

PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 3


1 Ampliação do Ensino
Fundamental para
Nove Anos
A implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos no
Sistema Municipal de Ensino requer a análise de um elen-
co de fatores e possibilidades a serem considerados para
recebermos as crianças de seis anos de idade nesse nível
de ensino, nas escolas públicas.

A superação desse desafio passa a exigir a participação


de todos: gestores, educadores, familiares e a sociedade
em geral. O debate deve ser ampliado no âmbito das se-
cretarias municipais de educação e de cada escola, envol-
vendo tanto os professores dos anos iniciais como os do-
centes que atuam nos anos finais do Ensino Fundamental.

Conforme Snyders, “a cada idade corresponde uma for-


ma de vida que tem valor, equilíbrio, coerência que me-
rece ser respeitada e levada a sério; a cada idade cor-
respondem problemas e conflitos reais (...) pois o tempo
todo, ela (a criança) teve de enfrentar situações novas (...)
Temos de incentivá-la a gostar da sua idade, a desfrutar
do seu presente”.

Assim, a ampliação do período escolar do ensino funda-


mental para nove anos, atende aos propósitos de que, o
ingresso das crianças com seis anos nesse nível de ensino,
possibilita maiores oportunidades de aprendizagem, permi-
tindo o alcance de elevados níveis de escolaridade.
No Brasil, a maioria dos estados e municípios já adota esse
sistema. Entretanto, 868 municípios de 17 estados ainda
não aderiram. Dentre esses, destaca-se o Estado do Mara-

4 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO


nhão que se encontra em 3º lugar com 89 municípios que
não aderiram, sendo ultrapassado pela Bahia em 2º lugar
com 141 e São Paulo em 1º lugar com 354 municípios.

Esses dados apontam para a urgência por parte dos ges-


tores municipais quanto à adoção de procedimentos e
medidas que garantam aos municípios, o cumprimento
do preceito legal, quanto à inclusão escolar, o que repre-
senta um significativo passo para a ampliação da escola-
ridade obrigatória.

2 Fundamentação legal
A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos an-
cora-se em preceitos legais, a partir da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96, que em seu
artigo 87, inciso 3º determina que: cada município e, su-
pletivamente o Estado e a União, deverá matricular todos
os educandos a partir de sete anos de idade e, facultati-
vamente, a partir dos seis anos no Ensino Fundamental.

Coerente com essa legislação, o Plano Nacional da Edu-


cação - PNE, aprovado pela Lei 10172 de 09/10/2001,
normatiza a política educacional do país e determina
como meta para esse nível de ensino, “ampliar para nove
anos a duração do ensino fundamental obrigatório, com
início aos seis anos de idade, à medida que for sendo uni-
versalizado o atendimento na faixa etária de 7 a 14 anos”.

Em 11 de maio de 2005, a Lei 11.114, altera os artigos 6º,


30, 32 e 87 da LDB, com o objetivo de tornar obrigatório
o início do Ensino Fundamental aos seis anos de idade.
Assim, os Pareceres do Conselho Nacional de Educação
- CNE, Nº 06 de 8 de junho de 2005 e Nº 18 de 15 de
setembro de 2005, estabelecem normas nacionais para
a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de

PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 5


duração e orientações para a matrícula das crianças de 6
(seis) anos de idade nesse nível de ensino.
Também a Resolução CNE/CEB nº 03/2005 de 3 de
agosto de 2005 estabelece como condição para a matrí-
cula de crianças de seis de idade no ensino fundamental,
as que tenham obrigatoriamente, seis anos completos ou
a completar no início do ano letivo em curso.

Em 6 de fevereiro de 2006, a Lei Nº 11.274, altera os ar-


tigos 29, 30, 32 e 87 da LDB e dispõe sobre a duração
de nove anos para o ensino fundamental, com a inclusão
obrigatória das crianças de seis anos de idade. Conforme
o Art. 5º da Lei, os Municípios, os Estados e o Distrito
Federal terão prazo até 2010 para implementar a obri-
gatoriedade para o Ensino Fundamental, assim como a
abrangência da pré-escola.

Essa medida que objetiva a todas as crianças um con-


vívio escolar mais amplo, requer planejamento e defini-
ção de diretrizes norteadoras que considerem os aspec-
tos estruturais e teórico-administrativos da escola, bem
como as dimensões física, psicológica, intelectual e so-
cial do aluno.

3 Organização do
Ensino Fundamental
de Nove Anos
A Resolução nº 03 de 3 de agosto de 2005 do Conselho
Nacional de Educação, define que, para efeito de organi-
zação do Ensino Fundamental de Nove Anos e da educa-
ção infantil, será adotada a nomenclatura a seguir:

Conforme o artigo 23 da LDB, “a educação básica po-

6 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO


derá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais,
ciclos, alternância regular de períodos de estudos, gru-
pos não-seriados, com base na idade, na competência e
em outros critérios, ou por forma diversa de organização,
sempre que o interesse do processo de aprendizagem
assim o recomendar”.

Nesse sentido, propomos três alternativas de organiza-


ção do Ensino Fundamental de Nove Anos, a ser adota-
da, coerente com a realidade de cada sistema de ensino.

Séries Anuais

O Ensino Fundamental com duração de nove anos estru-


tura-se em cinco anos iniciais e quatro anos finais, con-
forme quadro a seguir:

Nessa estrutura, o currículo é organizado em áreas de co-


nhecimento de forma sequencial e articulada, levando-se
em consideração a definição criteriosa de tempo e carga
horária. Conforme o Parecer 04/2008 – CNE, mesmo que
o Sistema de Ensino ou a escola, desde que goze desta
autonomia, faça a opção pelo Sistema Seriado, há neces-
sidade de considerarmos os três anos iniciais como um
Bloco Pedagógico ou Ciclo Sequencial de Ensino.

Ciclos

Segundo Perrenoud (2007), “um ciclo de estudos é con-


cebido aqui como uma seqüência de séries (ou níveis)
anuais formando um todo”. Para o autor, o ciclo de apren-
dizagem representa um meio para o/a professor/a ensi-
nar melhor, combater o fracasso escolar, sendo, portanto
imprescindível que os objetivos a serem alcançados ao
final de cada percurso sejam claramente definidos, cons-
tituindo-se em contrato para professores, alunos e pais.
É importante destacar que a opção do sistema munici-
pal de ensino por ciclo não deve ser considerada pura e
simplesmente devido a aprovação automática dentro do
ciclo, uma vez que o simples desaparecimento da repro-

PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 7


vação não basta para eliminar o fracasso escolar.

Assim, entendemos como ciclos plurianuais de aprendi-


zagem o espaço-tempo de formação que permite atingir
os objetivos definidos em um determinado tempo. Pro-
pomos então uma segunda possibilidade de organização
do Ensino Fundamental em Nove Anos.

Essa organização em ciclos exige uma mudança de re-


orientação curricular, na redefinição dos tempos e espa-
ços escolares em novas concepções e práticas de tra-
balho diferenciadas, planejamento de ensino, avaliação
da aprendizagem, assim como a formação continuada de
professores, gestores e equipe técnica da secretaria (su-
pervisores, coordenadores pedagógicos).

Ciclos/Séries Anuais

Esse sistema mescla a adoção de ciclo nos anos iniciais


e as séries anuais nos anos finais de forma integrada. Ao
ingressar na escola de Ensino Fundamental (anos iniciais)
a criança vivencia situações de ensino e aprendizagem
em ciclos, dando continuidade ao processo de aprendi-
zagem no sistema série/ano.

A LDB nos artigos 8º, 23 e 32, admite o desdobramento


do ensino fundamental em ciclos, no todo ou em parte.
Propomos, portanto, como terceira alternativa, o sistema
misto que adota ciclos nos anos iniciais e séries nos anos
finais do Ensino Fundamental de Nove Anos.

Essa estrutura possibilita a continuidade do processo de


alfabetização e letramento no segundo ciclo, favorecendo
a consolidação do aprendizado das crianças, levando-se
em conta o domínio da leitura, da escrita e os conheci-
mentos matemáticos.

8 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO


4 Estratégias para
Implantação do
Ensino Fundamental
de Nove Anos
Para a implantação do Ensino Fundamental de Nove
Anos faz-se necessária a adoção de um conjunto de pro-
cedimentos, considerando as implicações de natureza
administrativa e pedagógica. Recomendamos, portanto,
10 (dez) procedimentos, a saber:

• Reorganização do Ensino Fundamental como um todo,


com base na estrutura de nove anos, devendo ser provi-
denciada a normatização legal pelo Conselho Municipal
de Educação;

• Realização da chamada pública, conforme determina a


LDB, assegurando, assim, o ingresso de todas as crian-
ças de seis anos no ensino fundamental;

• Planejamento da oferta de vagas em quantidade sufi-


ciente para atender a demanda escolar;

• Disponibilização de espaços físicos, de mobiliários


adequados, de equipamentos, de materiais didático-
pedagógicos específicos, coerentes com a faixa etária
da criança de seis anos de idade. Recomendamos que o
município não utilize o espaço físico da pré-escola para
atendimento às crianças do Ensino Fundamental;

• Caso o município não tenha outra opção de espaço na


escola para atendimento às crianças de seis anos de ida-
de, poderá organizá-lo na escola de educação infantil de

PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 9


forma provisória. Entretanto, os alunos devem ser matri-
culados em uma escola de ensino fundamental, cabendo
aos gestores assegurar às crianças e aos professores a
articulação entre os dois espaços educativos;

• Reelaboração do Projeto Político Pedagógico das es-


colas, de modo a assegurar às crianças de seis anos o
desenvolvimento integral, psicológico, intelectual, social
e cognitivo;

• Reestruturação da Proposta Pedagógica e Curricular do


Ensino Fundamental, na perspectiva de Nove Anos, to-
mando por base as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Ensino Fundamental, da Educação Infantil, os Pareceres
e as Resoluções dos Conselhos Nacional e Municipal de
Educação, os fundamentos psicológicos, pedagógicos,
filosóficos e sócio-culturais que respaldam os aspectos fí-
sicos, emocionais, afetivos, cognitivo-linguísticos e sociais
da criança, atendendo, assim, suas características, poten-
cialidades e necessidades específicas dessa infância;

• Adequação do Regimento Interno da escola a essa nova


estrutura de organização administrativa e pedagógica;

• Implementação de política de formação continuada


para professores, gestores, supervisoras, coordenadores
pedagógicos e profissionais de apoio;

• Organização de equipes estáveis de professores, as-


segurando a permanência de docentes nos três anos
iniciais (1º, 2º e 3º) ou 1º ciclo do Ensino Fundamental,
conforme organização adotada;

• Reorientação do processo de acompanhamento do tra-


balho escolar por parte da equipe técnica da Secretaria
Municipal de Educação, no sentido de prestar apoio à ges-
tão administrativa e pedagógica para a implementação da
proposta de reorganização do Ensino Fundamental.

10 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO


REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes de Bases da Educação


Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
______.Lei Nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001 – Plano
Nacional de Educação.
______.Lei Nº 11.114 de 16 de maio de 2005.
______.Lei Nº 11.274 de 6 de fevereiro de 2006.
______. Ministério da Educação. Ensino Fundamental
de Nove Anos. Brasília: julho de 2004.
______. Ministério da Educação. Ensino Fundamental
de nove anos: orientações para a inclusão da
criança de seis anos de idade. Organização: Jeanete
Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do
Nascimento. – Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO / CEB
Pareceres Nº 06/2005, de 08/06/2005, Nº 18/2005 de
15/08/2005, Nº 04/2008 de 20/02/2008.
__________________________________/ CEB. Resolução
N° 03 de 03 de agosto de 2005.
MARANHÃO. Secretaria de Estado da Educação.
Orientações gerais para implantação do ensino
fundamental de nove anos. Maranhão, 2007.
PERRENOUD, Philippe. Os ciclos de aprendizagem: um
caminho para combater o fracasso escolar. Trad. Patrícia
Chittoni Ramos Reuillard. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Avenida Getúlio Vargas nº 2342, Monte Castelo. CEP: 65.030-005. São Luís - MA
www.cvbma.org.br
(98) 3231 8757

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