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GRÉCIA

A Grécia estava situada ao sul dos Bálcãs, banhada pelos mares Jônio e Egeu. Seu
território possuía uma superfície de 56 mil km quadrados. O relevo era montanhoso e seu
solo árido e rochoso dificultavam as comunicações terrestres, ao passo que seu litoral com
excelentes portos facilitava as comunicações marítimas. Além da Grécia peninsular,
existiam a Grécia insular, a Grécia Oriental e a Magna Grécia.Na península Grega
disseminam-se, por volta de 3.000 a.C., povoados fortificados de tribos de cultura agrária.
Muitos historiadores afirmam que os primeiros habitantes da região foram autóctones,
chamados de pelágios ou pelasgos.
Entre 1.700 e 1.200 a.C. intensificam-se as migrações de povos de origem Indo-européia ou
arianos para a península, como os aqueus, os eólios, os jônios e os dórios, que falam
grego, conhecem os metais e utilizam carros de guerra.
Por volta de 1220 a.C., a violenta invasão dos dórios provocou a Primeira Diáspora Grega.
1-Período Homérico – Tem início com o predomínio dos aqueus e jônios, por volta de
1.700 a.C. Período pouco conhecido que pode ser reconstituído pelos poemas Ilíada e
Odisséia, atribuídos ao poeta grego Homero. Edificam fortalezas monumentais (Micenas,
Tirinto, Pilos, Gia e Atenas), desenvolvem o comércio com Tróia, Sicília e península Itálica,
fundam colônias (Mileto, Rodes, Lícia, Panfília, Cilícia, Chipre) e assimilam a cultura da ilha
de Creta (cultura creto-micênica). Os guerreiros constituem a classe dominante, enquanto
os agricultores e pastores são considerados servos e escravos. A organização baseava-se
na comunidade gentílica. O genos era a unidade de produção, formada por um grupo de
pessoas aparentadas por laços consangüíneos e descendentes de um antepassado
comum. A economia gentílica, agrária e pastoril, fundamentava-se na propriedade coletiva
da terra. A sociedade era igualitária e se caracterizava pela inexistência de classes. A
autoridade política, baseada na religião e na tradição, era exercida pelo pater famílar, o
mais velho dos membros do genos. A desintegração dos sistema gentílica vincula-se a dois
fatores: o crescimento demográfico e a falta de terras férteis. As disputas por terras férteis
provocou violentas guerras. A reunião dos genos formava uma frátria e a reunião de várias
frátrias, uma tribo. Nesse momento surgiu a propriedade privada e a divisão de classes. A
substituição da propriedade coletiva pela propriedade privada originou uma poderosa
aristocracia rural, a um contingente de pequenos agricultores e a uma maioria de
despossuídos. Uma parte desses últimos passou a trabalhar para aristocracia, outra
dedicou-se ao comércio e ao artesanato, os restantes deixaram a Grécia e fundaram
diversas colônias nos mares Negro e Mediterrâneo (Segunda Diáspora).

Guerra de Tróia– Provocada pela disputa entre gregos e troianos


pelas terras do litoral do mar Negro, ricas em minérios e trigo.
Segundo a lenda, o estopim da guerra é o rapto de Helena, mulher
de Menelau, rei de Amicléia (futura Esparta), por Páris, príncipe
troiano. Para resgatar Helena, os gregos entram na fortaleza troiana
escondidos dentro de um gigantesco cavalo de pau enviado como
presente a Páriis.
2-Período Arcáico (Formação da pólis grega) – Resulta, entre outros fatores,
de migrações dos dórios (1.200 a.C. em diante) e da desagregação do sistema gentílico. Os
núcleos urbanos construídos em torno das fortalezas se transformam em comunidades
político-religiosas autônomas. De todas as polis, duas se destacaram : Esparta e Atenas.
Existiam diferenças profundas entre elas, a começar pela origem. Os espartanos se diziam
descendentes dos dórios; já os atenienses tinham como antepassados os jônios.
Esparta – É fundada em 900 aC. no extremo sul da península balcânica, na península do
Peloponeso, no planalto da Lacônia, não como pólis, mas como a fusão (sinecismo) de
quatro povoamentos rurais dórios no vale do rio Eurotas. A partir de 740 a.C., Esparta
conquista Messênia e se expande para o norte da península. Em 706 a.C. funda a colônia
de Tarento, na península Itálica, e começa a disputa com Argos pelo predomínio do
Peloponeso. Em 660 a.C. os messênios rebelam-se, mas voltam a ser submetidos depois
de 20 anos de guerra. Nessa guerra, Esparta adota uma nova formação militar, a falange
dos hoplitas, armados de lança e espada e protegidos por escudo e couraça, e se
transforma em um Estado militar. O Estado espartano era dirigido por dois reis (diarquia)
com funções religiosas e militares, com apoio e controle dos nobres organizados num
conselho de 28 anciãos , a Gerúsia. O poder executivo era exercido pelo Eforato, composto
por 5 éforos. Existia ainda a assembléia popular, a Apela. Os espartanos são educados pelo
Estado e formados para a guerra. A economia depende do trabalho dos camponeses (os
hilotas), sevos do Estado e carentes de qualquer direito, e dos habitantes (periecos) das
cidades dominadas, obrigadas a fornecer contingentes militares a Esparta. No alto da
sociedade encontravam-se os espartanos ou esparciatas, provavelmente descendentes
diretos dos dórios.
Atenas – Pólis originada da fortaleza (Acrópole) fundada por volta do século X aC. pelos
jônios. Possuía regiões bastante difinidas: a Parália, litoral, a Diácria, região árida e
montanhosa e o Pédium, planícies férteis. Desenvolveu-se no comércio marítimo e na
fundação de colônias na península Itálica e Mediterrâneo Ocidental, Ásia Menor e costa do
mar Negro. A sociedade era formada por eupátridas, grandes proprietários, os geórgois,
pequenos proprietários, os thetas, os desafortunados, os demiurgos, comerciantes, metecos
(estrangeiros) e escravos (maioria da população).
Instituições Políticas – O poder figurativo era exercido pelo basileus (rei), responsável
pela guerra, justiça e culto. Seu poder era limitado pelo Areópogo, conselho de eupátridas.
A maior autoridade política era assumido pelo arcontado, formado por nove arcontes:
Arconte Basileus; Arconte Epônimo, Arconte Polemarco e Arcontes Thesmothetas, em
número de seis.
Legisladores atenienses – Os mais conhecidos são Drácon, Sólon, Psístrato e
Clístenes, que procuram abrandar os conflitos sociais que explodem a partir de 700 a.C.
decorrentes do endividamento dos camponeses, pressão demográfica, ascensão dos
comerciantes e arbitrariedades da nobreza.
Drácon – Em 621 a.C. publica leis para impedir que os nobres interpretem as leis segundo
seus interesses. Mesmo assim, a legislação é considerada severa, daí a expressão
draconiana, mas é o primeiro passo para diminuir os privilégios da aristocracia.
Sólon – Em 594 a.C. Sólon anistia as dívidas dos camponeses e impõe limites à extensão
das propriedades agrárias, diminui os poderes da nobreza, reestrutura as instituições
políticas, dá direito de voto aos trabalhadores livres sem bens e codifica o direito.
Pisístrato – As desordens e a instabilidade política resultantes das reformas de Sólon
levam à tirania de Pisístrato, em 560 a.C., que impõe e amplia as reformas de Sólon,
realizando uma reforma agrária em benefício dos camponeses. As lutas entre aristocratas e
trabalhadores livres conduzem a novas reformas, entre 510 e 507 a.C.
Clístenes – É considerado o fundador da democracia ateniense. Introduz reformas
democráticas baseadas na isonomia, o princípio pelo qual todos os cidadãos têm os
mesmos direitos, independentemente da situação econômica e do clã ao qual estejam
filiados. Divide a população ateniense em dez tribos. O governo foi organizado com base
nessa nova divisão territorial: 50 membros de cada tribo formavam o Conselho dos 500 –
Bule - misturando homens de diferentes origens e condições. Os arcontes passaram a ser
dez e o órgão mais importante passou a ser a eclésia, assembléia formada por todos os
cidadãos. Introduz a execução dos condenados à morte com ingestão de cicuta (veneno) e
a pena do ostracismo (cassação de direitos políticos e exílio daqueles que ameaçassem a
democracia, por dez anos). A partir de suas reformas, Atenas converteu-se na maior
potência econômica da Grécia entre 490 e 470 a.C.
3-Expansão grega – Acentua-se a partir de 750 a.C., resultado do crescimento da
população, da expansão do comércio, das disputas internas e das guerras entre as póleis.
Jônios, aqueus, eólios e dórios fundam colônias no Egito, Palestina, Frígia, Lídia, na costa
do mar Negro, sul da península Itálica, Sicília e sul da Gália. Os gregos enfrentam os
assírios e os medo-persas, na Ásia Menor, e os fenícios, particularmente de Cartago, no
Mediterrâneo ocidental e no norte da África. O assédio dos medo-persas resulta nas guerras
médicas, entre 492 e 479 a.C.

4- Período Clássico
Guerras médicas – Têm origem no domínio persa sobre as cidades jônias da Ásia
Menor, a partir de 546 a.C. Em 500 a.C. as cidades jônias se rebelam, sendo derrotadas
em 494 a.C. A partir de 492 a.C. os medo-persas ocupavam a Trácia e a Macedônia e
desencadeiam a 1a Guerra Médica. Em 490 aC. Dario I comanda os persas na Batalha
de Maratona, mas é derrotado pelos atenienses. Em 480 a.C. o exército persa
comandado por Xerxes avança sobre a Tessália, Eubéia, Beócia e Ática, na Batalha do
estreito das Temópilas. Dessa vez os gregos eram comandados por Leônidas, general
espartanos. Os medo-persas ocupam a Beócia e a Ática e saqueiam Atenas. Mas os
gregos vencem as batalhas de Salamina (480 aC), Platéia (479 aC.) e Micale (478 aC), o
que leva os persas a desistirem da conquista da Grécia, entrando logo depois em
decadência.
Péricles (495 a.C.-429 a.C.), filho de uma família de elite, educado por filósofos, é o
maior dirigente da democracia ateniense. Tornou-se arconte (chefe político) em 432 a.C.,
com uma plataforma de reformas democráticas. Reelege-se, anualmente, durante mais
de 30 anos. Célebre orador e estrategista, tornou-se o principal artífice da expansão
imperial de Atenas como potência comercial da Grécia. Instalou novas colônias e
ampliou a hegemonia ateniense sobre 400 cidades-Estado, através da Liga de Delos,
contra os persas. Realizou grandes construções em Atenas, como o Parthenon, e
estimula as artes e a cultura. Criou a mistoforia, ou seja, passou a remunerar os cargos
públicos. Morre em 429 a.C., durante a Guerra do Peloponeso, de uma peste que elimina
um terço da população da Ática.
Guerra do Peloponeso – Começa em 431 a.C. Decorre do antagonismo entre os
interesses econômicos e políticos de Corinto (aliada de Esparta) e Atenas. Atenas ataca
e domina Potidéia, mas seu exército é derrotado em Espartalos. A guerra continua até a
Paz de Nícias, em 421 a.C. Em 415 a.C. Esparta e Atenas voltam a se enfrentar pelos
mesmos motivos. Finalmente, em 405 e 404 a.C., os espartanos vencem os atenienses
em Egospótamos e invadem Atenas, que é obrigada a destruir sua muralha de defesa,
dissolver a Liga de Delos, entregar a esquadra, fornecer tropas e reconhecer a
hegemonia de Esparta. A aristocracia substitui a democracia pela oligarquia.
5-Economia e sociedade gregas – A introdução da metalurgia do bronze e do
ferro, o desenvolvimento do artesanato e a intensificação do comércio aumentam a
produtividade entre os séculos VI e IV a.C. Esses fatores, associados às migrações e às
guerras, modificam as antigas relações sociais, baseadas em clãs. Os habitantes
passam a agrupar-se principalmente nas póleis. O trabalho na agricultura e nas demais
atividades manuais fica a cargo de escravos (em geral presas de guerra) e parceiros
semilivres. As terras comunais ou gentílicas passam à propriedade de uma classe de
proprietários territoriais, a nobreza. O desenvolvimento do comércio faz surgir uma
classe de comerciantes e artesãos ricos.
6-Artes e ciências gregas – Os gregos desenvolvem a dramaturgia. O teatro foi
uma das maiores realizações dos gregos. Foram praticados dois gêneros dramáticos: A
TRAGÉDIA e a COMÉDIA. A Tragédia foi origina das Dionísicas, festas em homenagem
ao deus Dioniso, simbolizado por um bode (tragos). Os três grandes autores de Tragédia
são: Sófocles, que escreveu Édipo Rei e Antígona, Ésquilo, autor de Prometeu
Acorrentado e Eurípedes, autor de Medeia e Troiamos. Aristófanes, por sua vez, foi o
maior autor de Comédias. Satirizou os costumes, a sociedade e a justiça de sua época.
Entre suas obras destacam-se: As Rãs e as Nuvens. A poesia épica e lírica (Homero,
Anacreonte, Píndaro, Safo), a História (Heródoto, Tucídides, Xenofonte), as artes
plásticas (Fídias – esculpiu os frisos do Parthenon e as estátuas da deusa Pala-Atena e
o Zeus de Olímpia; e Míron – esculpiu O Discóbulo) e a arquitetura (Ictinas e Calícrates).
Particularmente em relação à arquitetura, devemos destacar três estilos: O Dórico,
caracterizado pela sobriedade das linhas e solidez das construções; os Jônico, gracioso
e elegante; e o Corinto, rebuscado e com abundância de detalhes.
7-Mitologia e religião gregas– A mitologia é particularmente rica ao registrar toda
a diversidade da religiosidade e da vida econômica e social da Antiguidade e dos
períodos anteriores à civilização grega. Na religião politeísta, praticada pela aristocracia
e difundida por Homero, os deuses Zeus (senhor dos deuses, do céu e da terra)
Posêidon (senhor dos mares), Hades (senhor do submundo), formavam uma trilogia. Os
outros deuses eram: Hera (esposa de Zeus e protetora da mulher e do lar), Deméter
(deusa da terra e da fecundidade), Ares (deus da guerra), Apolo (deus do sol e da luz),
Ártemis (deusa da caça e da natureza), Hermes (mensageiro dos deuses e deus do
comércio), Atena (deusa das artes , da sabedoria e das ciências), Afrodite (deusa do
amor e da beleza) e Dioniso (deus do vinho). Moravam no Olimpo, se alimentavam de
mel e ambrósia e estavam relacionados aos elementos naturais e humanos. Concebidos
à imagem e semelhança dos seus criadores, possuíam as paixões e os sentimentos dos
homens, reproduzindo seus defeitos e suas virtudes.

”Na origem, segundo a mitologia grega, nada tina forma. Tudo se confudia, e
não era possível distinguir a terra do céu nem do mar. Esse abismo
nebuloso se chama se chamava Caos. Quanto tempo durou? Até hoje não
se sabe.
Uma forma força misteriosa, talvez um deus, resolveu pôr ordem nisso.
Começou reunindo material para moldar o disco terrestre, depois o pendurou
no vazio. Em cima, cavou a abóboda celeste, que encheu de ar e luz.
Era necessário um casal de divindades para gerar novos deuses. Foram
Urano, o Céu e Gaia, a Terra, que puseram no mundo uma porção de seres
estranhos.
Da união deles nasceram seis meninos e seis meninas, os Titãs e as
Titânides, todos de natureza divina, como seus próprios pais. Os coitados
viviam no Tártaro, uma região escondida nas profundezas da terra. Nenhum
deles podia ver a luz do dia, porque seu pai os proibia de sair. Gaia, a mãe,
juntamente com um dos seus filhos, Crono, arquitetaram um plano que
deveria acabar com o domínio tirânico de Urano.
Certa noite, guiado pela mãe, Crono entrou no quarto dos pais. Com um
golpe de foice, cortou os testículos de Urano. Algumas gotas de sangue da
ferida de Urano caíram na terra e a fecundaram, dando origem aos
demônios, as erínias, a outros monstros, os gigantes e às ninfas.
Vencedor de seu pai, Crono se tornou o senhor todo-poderoso do universo.
Em vez de beneficiar seus parentes, libertando os irmãos, preferiu reinar
sozinho e os deixou encerrados nas profundezas da terra. Sua mãe, furiosa,
predisse seu fim:
“Você também, filho meu, será deposto do trono por dos seus filhos!”
Temendo a realização da profecia, Crono fez como seu pai: arranjou um jeito
de eliminar os filhos, que lhe dava sua esposa Réia. Cada vez que nascia
um, ele o devorava. Isso ocorreu com os cinco primeiros recém nascidos.
A mãe deles, desesperada foi ver Gaia.
“Você precisa ser mais astuciosa do que ele, minha filha”, respondeu-lhe
maliciosamente Gaia. “Enrole uma pedra em uma coberta e entregue a
Crono, no lugar do bebê. Ele nem vai desconfiar e vai engolira pedra, como
engoliu os outros filhos!”
A profecia de Gaia não tardaria a se realizar: o bebê que elas acabavam de
salvar era Zeus. O jovem deus logo tomou do pai o poder absoluto sobre o
mundo...” (adaptado da obra Contos e Lendas da Mitologia Grega;
Pouzadox, Claude; Cia da Letras – São Paulo 2001).

Além dos deuses, existiam os heróis ou semi-deuses, autores de grandes feitos, cuja
mitologia povoava o imaginário popular. Héracles, dos doze trabalhos impossíveis,
Teseu, que matou o Minotauro, Perseu, venceu a Medusa, Édipo, que decifrou os
enigmas da esfinge e Jasão, realizador de grandes aventuras com os argonáutas.
Os Titãs, os Ciclopes e os Monstros sem-braços eram outras criaturas muito freqüentes
na mitologia dos gregos.
8-Organização política grega – A princípio, as póleis assimilam a forma
monárquica de governo dos povos submetidos. Em diferentes momentos, os nobres
destronam os reis e estabelecem governos oligárquicos ou ditatoriais. pobres, artesãos,
comerciantes e camponeses lutam entre si para fazer predominar seus interesses. A
presença de numerosa população escrava estrangeira traz a ameaça constante de
rebeliões. O processo de luta entre essas classes desemboca na democracia. São
concedidos direitos civis aos estratos livres da população, independentemente da classe
social a que pertençam. Os escravos, não sendo parte do povo, são mantidos alijados
desses direitos. As diversas póleis gregas, com diferentes formas de governo, travam
guerras entre si pelo predomínio de seu sistema político.
8-Democracia grega – Forma de governo adotada por várias póleis, baseada nos
princípios da soberania popular e na distribuição eqüitativa do poder político. Os diversos
estratos da população têm os mesmos direitos civis e políticos e participam do controle
das autoridades. A forma democrática de governo criada pelos gregos é única durante a
Antigüidade e só é retomada na Idade Moderna.

9 –Filosofia – O desenvolvimento da filosofia grega está associado ao momento da


expansão colonizadora na Ásia Menor.
A filosofia foi fundada na Ásia Menor, na Escola de Mileto. Seus principais
representantes foram: Tales, que fundamentou as bases do materialismo espontâneo ou
Filosofia da Natureza; para ele a base de tudo na natureza era a água. Anaxímenes, que
estabeleceu que tudo na natureza baseia-se no ar. Anaximandro determinou que a base
de tudo era a matéria.
Outra escola foi a Pitagórica, que afirmou que todas as coisas são explicadas por
conceitos matemáticos. Seu maior representante foi Pitágoras.
Heráclito e Parmênedes afirmaram que todas as coisas possuem como elemento comum
o átomo, que segundo eles, era a menor partícula da natureza, indivisível.
Os sofistas foram importantes professores. Ensinavam aos jovens aristocratas a arte da
política, através da retórica, da oratória e da eloqüência. Segundo essa escola, a
verdade é relativa. Seu maior representante, Protágoras, afirmava: “o homem é a medida
de todas as coisas”.
No fim do século V a.C. iniciou-se, em Atenas, a segunda fase da filosofia grega,
conhecida como socrática ou antropológica.
Um dos maiores pensadores desse período foi Sócrates. Para ele as verdades são
universais. Para encontrá-las era necessário descobrir suas razões.
Quando questionado sobre um problema, ajudava cada qual a descobrir por si suas
próprias respostas. Questionava para isso as pessoas sobre suas dúvidas, até que, por
si mesmas, chegassem ao conhecimento. Esse método é conhecido como maiêutica,
que do grego significa “trabalho de parteira”. Uma das frases mais célebres de Sócrates
foi :”só sei que nada sei”.
Por criticar a democracia ateniense, defendendo um sistema oligárquico, Sócrates foi
acusado de corromper a juventude e condenado a ingerir cicuta, em 399 a.C..
Platão, discípulo de Sócrates, defendeu o mundo da metafísica, alegando que todas as
coisas que vemos ou sentimos, nada mais é que uma tênue lembrança do “mundo das
idéias”. Tentava explicar seu pensamento pelo “mito da caverna”. Segundo ele, quando
passamos por uma caverna onde se encontra um prisioneiro, pela sombra refletida na
pedra, temos a certeza que ele está ali, mesmo sem vê-lo.
Foi o fundador da Academia de Atenas e sua obra mais famosa é a República, na qual
defende uma forma ideal de governo para a sociedade. Segundo ele, o poder deveria ser
exercido por sábios e sustentado pela mão de obra escrava.
Aristóteles, discípulo de Platão, foi o principal pensador da sistemática. Considerado
como o “pai da lógica”, fundou o Liceu e realizou vários estudos sobre os mais diversos
assuntos. Observou as plantas os animais, o movimento dos corpos, os astros, etc.
Assim, Aristóteles deixou grandes contribuições para a ciência moderna.
Império Macedônico – Séculos seguidos de guerras internas e externas debilitaram
o poderio grego e abriram espaço para a ascensão da Macedônia, região no norte da
Grécia anteriormente ocupada por tribos trácias que foram assimiladas pelas migrações
e cultura gregas. A expansão macedônica começa em 359 a.C., com o início das
campanhas de Filipe II. À frente do governo, Filipe realizou uma reforma no exército,
criando uma poderosa cavalaria e uma infantaria (falange macedônica), que utilizava
longas lanças com lâminas nas pontas, chamadas sarissas. Além disso, impulsionou
uma reforma administrativa, instituindo tributação e implantando uma moeda, chamada
de filípia, cunhada a partir da exploração de ouro das minas do monte Pangeu.
Pressentindo o perigo, Demóstenes, grande orador ateniense, começou a alertar seus
concidadãos sobre o avanço do inimigo. Seus discursos ficaram conhecidos como
Filípicas. Quando os gregos se deram conta do perigo, já era tarde. Em 338 a.C., na
Batalha de Queronéia, atenienses e tebanos foram derrotados pelas forças
macedônicas. Com astúcia política, conhecedor do individualismo das cidades-estados,
Filipe respeitou sua autonomia. Pôde, assim, organizar os gregos para um ataque contra
os persas. As relações econômicas e culturais entre o Mediterrâneo e o Oriente se
intensificaram com o estabelecimento do Império Macedônico. Mas, em 336 a.C.,
quando acabava de ser eleito chefe da liga militar greco-macedônica, na Conferência de
Corinto, Filipe II foi assassinado. Foi sucedido por seu filho Alexandre, o Grande, que
expandiu o império, fundando mais de 70 cidades, muitas conhecidas como Alexandria,
inclusive, a mais famosa, no Egito. Essas cidades funcionavam como mercados de
intercâmbio com a China, Arábia, Índia e o interior da África e facilitam a difusão cultural
grega.
Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.), filho de Filipe II, assumiu o reino da
Macedônia aos 20 anos, após o assassinato do pai. Aluno de Aristóteles, passou a
apreciar a filosofia e as ciências. Estabeleceu completo domínio sobre a Grécia, após
sufocar uma revolta de várias cidades-estados. A cidade de Tebas, líder da revolta, foi
destruída. Em 334 a.C., na Batalha de Granico, apossou-se da Ásia Menor. Conquistou
a Palestina e Egito, avançou através da Mesopotâmia e chegou à Índia. Em 13 anos,
Alexandre, também conhecido como Magno, cria o maior império territorial até então
conhecido. No delta do rio Nilo funda Alexandria, que logo se projeta como pólo cultural
e comercial. Morre de febre aos 33 anos, na Babilônia.
Divisão do império – O império Macedônico se organiza em nove reinos ou diádocos,
considerados propriedade privada. A base do poder desses reinos é o exército mercenário
e a coleta de impostos. A morte de Alexandre, em 323 a.C., abre um processo de disputas
em que se envolvem os diádocos ou generais pelo domínio do império e se estendem até
280 a.C. Resultam na formação de três grandes reinos com dinastias independentes: o
Reino da Macedônia, incluindo a Grécia, ficou com Antígono; o Reino do Egito, com
Ptolomeu; a Ásia Menor ficou com Seleuco.
Nos séculos II e I a.C., os reinos helenísticos foram conquistados paulatinamente pelos
romanos, que se tornaram os verdadeiros sucessores do império criado por Alexandre
Magno.
9-Período Helenístico – Estende-se de 338 a 30 a.C., período que corresponde à
expansão e o posterior declínio do império de Alexandre, o Grande, da Macedônia. As
conquistas de Alexandre e a fundação dos reinos diádocos difundem a cultura grega no
oriente. A biblioteca de Alexandria, com 100 mil rolos de papiros, transforma-se no centro
de irradiação cultural do helenismo, incentivando um novo florescimento da geografia,
matemática, astronomia, medicina, filosofia, filologia e artes.
Em 220 a.C. começa uma crise econômica e política, a ascensão de novas potências e a
reação dos povos gregos contra o helenismo, contribuindo para o seu declínio. A tomada
de Alexandria pelas legiões romanas, em 30 a.C., encerra o período.
Desafio

1. (COVEST/91) Aristóteles, ao afirmar que: “o privilégio do homem livre não é a liberdade,


mas a ociosidade”, revela o sentido do trabalho e o papel do escravo na Cidades-Estados
gregas. Quanto ao escravo na Grécia Antiga, identifique as proposições verdadeiras e as
falsas.

0-0-era principal responsável pela produção exportada, permitindo o desenvolvimento do


comércio.
1-1-trabalhava exclusivamente na agricultura produzindo alimentos para a sociedade.
2-2-era obrigado a pagar as banalidades e os impostos “in natura”, para garantir o sustento do
seu senhor.
3-3-dirigia e orientava trabalhadores na indústria, ocupando lugares de administradores.
4-4-possuía direitos civis e políticos, devido à intensa participação na vida econômica.

2. (UNICAP/90) Principais características da cidade-Estado grega (pólis)

0-0-foi, essencialmente, a base da organização religiosa e econômica dos povos gregos;


1-1-era formada pela acrópolis, a parte central da cidade, e as terras em volta eram utilizadas
para a caça;
2-2-o seu centro político e religioso se localizava no alto e era denominado “acrópole”.
3-3-os habitantes do território, exceto os escravos e estrangeiros, eram cidadãos e , juntos,
organizavam a vida política da cidade.
4-4-a base rural-escravista foi o sutentáculo de sua organização e impediu problemas de
abastecimento.

3. “Com a nova divisão da sociedade, qualquer cidadão poderia participar das decisões do
poder. Apenas os escravos e os metecos (estrangeiros) não participavam das decisões
políticas , pois não tinham direito de cidadania."
Ao texto pode-se associar:

A) Dracon e a expansão colonial em direção ao Mediterrâneo.


B) Sólon e a militarização da política espartana.
C) Psístrato e a helenização da península Balcânica.
D) Péricles e a hegemonia cultural grega no Peloponeso.
E) Clístenes e a democracia escravista.

4. (UNIFOR) Considere as seguintes proposições:

I. As leis de Sólon tornaram-se célebres por sua rigidez;


II. Drácon fez aprovar, em Atenas, leis de caráter popular;
III. Clístenes instituiu um tipo de democracia em Atenas;
IV. Os arcontes eram magistrados que governaram Atenas, após a queda da monarquia.
Marque:
A) se apenas II e III forem verdadeiras;
B) se todas forem verdadeira;
C) se apenas II e IV forem verdadeiras;
D) se apenas III e IV forem verdadeiras.

5. Analise a alternativa correta:


a) A democracia grega consagrou princípios da igualdade social e política, universalizando a
cidadania para todos, respeitando a liberdade de escolha política.
b) A mitologia e a religião gregas destacavam a fragilidade dos deuses, com desejos e
necessidades humanas, mas subordinadas à vontade de Zeus, que não foi desafiada.
c) O auge da democracia grega coincidiu com o fim das tiranias políticas, o fim do militarismo
espartano e consagração de sua unidade administrativa e econômica tão significativa para
sua cultura.
d) A arte grega pouco contribuiu para as concepções estéticas romanas, sendo impossível
estabelecer comparações entre suas obras, pois negaríamos o relativismo histórico.
e) A cultura grega foi marcante para o mundo ocidental e sua importância, ainda hoje, é
visível na produção do conhecimento e mesmo na compreensão que temos do mundo e do
homem.

6. Sobre a primeira e segunda Diásporas (dispersão) grega é incorreto afirmar que:


a) A chegada dos dórios à Grécia reforçou a expansão da civilização micênica em direção à
Ásia.
b) Os aqueus, jônios e eólios realizaram a primeira experiência grega de colonizar outras
terras.
c) A expansão territorial grega muito se deve as técnicas de navegação adquiridas pelos
cretenses.
d) A tomada de Tróia, cidade da Ásia Menor permitiu o domínio grego no comércio marítimo
entre o mar Egeu e o mar Negro.
e) A Segunda expansão grega durou mais de dois séculos e levou a civilização
cretomicênica à África e a China.

7-A cultura clássica não surgiu num vazio histórico. Ela tem suas vinculações com as invenções,
pensamentos e ações dos outros povos da Antigüidade. A filosofia grega é um exemplo do que
afirmamos anteriormente.
Neste sentido, seria correto afirmar que:

a) os gregos e os romanos foram os únicos povos que realmente contribuíram para a


construção da cultura ocidental;
b) os romanos conseguiram uma originalidade destacada na maneira de pensar os
problemas gerais do ser humano;
c) apenas a arquitetura grega se destaca pela sua originalidade;
d) a mitologia grega é apenas uma síntese das crenças do antigo oriente;
e) a própria filosofia teve, no início, seus principais representantes na Escola Jônica de
origem asiática.

8. Na construção da sociedade ocidental, há um destaque, dado por muitos historiadores, aos feitos
da civilização grega, nos setores mais diversos da sua vida. Muitos feitos culturais dos gregos:
a) Permanecem atuantes na contemporaneidade, contribuindo para o pensamento
ocidental, inclusive na formulação de seus valores éticos e políticos.
b) Distanciam-se totalmente dos princípios dos nossos tempos, não sendo retomados pelos
pensadores do mundo atual.
c) Estão restritos aos tempos da Antiguidade clássica, onde predominavam os interesses da
aristocracia comercial de Atenas.
d) São diferentes dos feitos dos romanos e dos de outros povos da Antiguidade, pela
universalização das suas práticas democráticas e estéticas.
e) Ficaram restritas as conquistas estéticas da Arquitetura e da escultura, onde se
salientava a harmonia das formas como princípio estético.

9. A arte grega construiu espaço significativo na história do mundo ocidental. Sobre esta arte, pode-
se afirmar que
a) Privilegiou a pintura e a música, inspirando os artistas do tempo medieval e do
renascimento.
b) Teve, na arquitetura, obras de destaque, em que um dos princípios básicos era a
harmonia das formas.
c) Se destacou com originalidade, na música da antiguidade, influenciando depois os
grandes artistas modernistas.
d) Se preocupou em seguir os ensinamentos realistas de Platão – o filósofo maior da cultura
grega que se dedicou ao estudo da estética.
e) Não teve penetração na vida cotidiana das grandes cidades gregas, sendo apenas
admirada pelas escolas estilizadas.

GABARITO: 1-fffff; 2-vfvvf; 3-e; 4-d.5-e;6-e;7-e;8-a;9-b;.

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