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O avião tem várias partes que, em conjunto, fornecem sustentação e controle. A forma
como o avião vai voar depende do equilíbrio destas partes e da forma como elas irão
interagir com o ar.
Asa
A função da asa é dar sustentação ao avião e mantê-lo no ar. Para isto ela se vale de sua
curvatura, que força o ar a fazer uma curva para acompanhá-la e assim gera sustentação.
O formato desta curva é chamado perfil da asa, que geralmente recebe o nome ou
iniciais do autor e um número ou letra indicando a série do perfil. Criar ou escolher
perfis é objeto de estudos de especialistas em aerodinâmica, mas para nosso uso
escolher um com características que sejam compatíveis com o aeromodelo é o
suficiente.
Se você nunca fez um aeromodelo e quer montar seu primeiro para servir como
treinador, um perfil Clark-Y é bastante adequado. Ele é fácil de fazer, e por não ter um
planeio dos melhores facilita o pouso, que pode ser feito em uma distância menor.
Com o tempo você desejará fazer modelos melhores, mais velozes, com mais planeio,
para isto alguns perfis recomendados para as aplicações mais comuns:
Em modelos asa alta com motor na frente (Piper J3, Cessna 172, etc.), é recomendado
que o eixo do motor aponte ligeiramente para baixo, cerca de 3 graus. Esta inclinação se
chama "downthrust" e tem duas utilizades:
Não adianta colocar um motor ou redução que consiga este empuxo com uma hélice
muito grande, porque neste caso a velocidade pode ser muito baixa, fazendo com que
abaixo de uma velocidade segura a hélice já não consiga mais acelerar o avião. Imagine
entrar em uma via expressa com um carro só com a primeira marcha, por mais que se
acelere o motor nunca dará conta de fazê-lo chegar a uma velocidade segura.
Profundor
O profundor é a parte móvel do estabilizador horizontal. Quando se puxa o stick direito
do controle (movimento de cabrar), o profundor sobe, fazendo o ar subir quando passa
por ele, e fazendo a cauda descer. Quando se empurra o stick (movimento de picar)
ocorre o oposto, levantando a cauda.
Leme
O leme é a parte móvel do estabilizador vertical, funciona como o leme de um barco. As
curvas podem ser feitas só com o leme, com leme e ailerons ou somente com ailerons.
O uso de apenas um destes comandos torna a curva meio arrastada, e se fosse um avião
de passageiros causaria desconforto, mas para aeromodelos é o suficiente.
Ailerons
Ailerons são superfícies de controle que ficam no bordo de fuga da asa, geralmente nas
extremidades. Quando um aileron sobe, o outro desce, e seu movimento faz o avião
girar para a esquerda ou para a direita. Se a asa tiver diedro ou poliedro não é
obrigatório ter ailerons, pois ela tenderá a se manter na horizontal em vôo reto ou
inclinar para dentro da curva quando se usa o leme.
Os ailerons não são uma extensão da asa, mas um corte com dobradiça, de forma a
manter o perfil.
Centro de gravidade
Para um perfil Clark-Y (treinador), uma forma simples de dar uma incidência adequada
é alinhar o intradorso (parte de baixo) da asa com o profundor.
Aviões acrobáticos geralmente têm ângulo de incidência zero, portanto voam sempre
com o nariz ligeiramente para cima. Isto permite um vôo de dorso mais fácil.
Proporções gerais
Para que um avião seja estável e voe bem normalmente ele segue um conjunto de
proporções aproximadas. Nem sempre é obrigatório seguí-las à risca para que o projeto
seja bem-sucedido, mas serve como um guia geral.
Comprimento: o comprimento de um avião normalmente fica entre 70% e 100% da
envergadura. Menos do que isto e as asas parecerão exageradamente grandes, mais do
que isto geralmente a fuselagem fica pesada demais.
Corda da asa: é possível fazer modelos minúsculos, mas não errar muito na construção
do primeiro treinador e não criar algo muito arisco, um bom ponto de partida é que a
corda não seja menor do que 15cm.
Distância entre asa e cauda: Para ser estável e suave nos comandos é sempre bom que a
distância entre o bordo de fuga da asa e o bordo de ataque do estabilizador seja de no
mínimo 1,5 vezes a corda da asa. Isto ajuda a cauda a exercer sua função de manter a
trajetória reta.
Ao lado está um exemplo de um avião que por tanto em escala cheia quanto como
aeromodelo costuma ser um bom treinador, o Cessna 172.
A área do estabilizador fica em 391cm², o que dá 22% da área da asa que é de 1782cm²,
uma boa proporção.
Para cálculo de carga alar usamos geralmente decímetros quadrados, o que no caso da
asa dá 17,82dm². Supondo que o peso final fique em 440g (o que não é difícil de se
obter em um modelo deste tamanho), a carga alar ficaria em 24,7g/dm², o que não chega
a ser um slowfly, mas é uma ótima carga alar para um treinador deste tamanho.