Professional Documents
Culture Documents
É uma instância teórica e uma necessidade político-cultural. A crise da noção do sujeito se reflete
no destino da civilização ocidental. Trata-se, pois, de repensar a subjetividade não mais contra as
diversas criações do inconsciente e as muitas provas da limitação.
Nesse sentido, realizando uma leitura mais diferente do pensamento sociológico da Modernidade e
dialogando com os novos discursos sobre subjetividade marcados pelo descentramento,
fragmentação, diferença e alteridade.
A pergunta sobre a noção de sujeito e de modo mais radical a pergunta sobre os seus fundamentos
são, à primeira vista, questões há muito tempo resolvidas. Ao menos e o que se crê e diz no âmbito
psicanalítico. Mesmo assim, o propósito deste trabalho e o de renovar a pergunta sobre a questão
subjetiva. Propósito que lhe confere, não por acaso, esse caráter surpreendente.
Sobretudo porque implicamos no risco de reprisar coisas já ditas e repetidas, mas que assumimos,
na esperança de revigorar um debate que a tradição julga encerrado. Um debate inspirado na
proposição amplamente conhecida e largamente divulgada que, sob o titulo de retorno a Freud,
serviu de ponto de partida ao ensino de Lacan. Em outras palavras, trata-se de um debate cuja
retomada se apóia na confiança de reencontrarmos algumas das perguntas que são o fundamento da
elaboração de Freud.
Simplesmente para tentar responder a uma série de urgências e problemas que, hoje, pairam sobre a
matéria. Isso nos obriga a falar do hoje e a dizer algumas palavras sobre a atualidade. Por tudo isso,
na obra de Freud a noção de sujeito e uma referencia permanente e sempre presente. Uma referência
constante.
Foi Lacan quem, no contexto de seu primeiro projeto de um retorno a Freud, assumiu a tarefa de
extrair essa referência e expô-la a luz do dia. Com isso, projetou-a para um primeiro plano como
uma das noções centrais da teoria e da doutrina
O sujeito tornou-se o referente lógico da questão freudiana. Nesse sentido, pode-se dizer que toda a
obra de Lacan e um debate em torno da noção de sujeito. Um debate que envolve um trabalho de
crítica permanente e, ao mesmo tempo, um esforço de formalização.
O sujeito e um dos pontos centrais do debate de Lacan. E tanto e assim que, no fim, podemos dizer
que, para ele, o sujeito compõe, juntamente com o sintoma, o saber e o objeto, os quatro pontos de
apoio, os quatro términos que sustentam a noção de estrutura. Isso posto, cabe dizer que a expressão
do “estudo crítico dos princípios” refere a historia dos conceitos analíticos, nela incluindo-se a
historia da noção de sujeito.
Sendo assim, impõe-se a evidência de que, para a psicanálise, a noção do sujeito denota duas coisas:
uma função e um referente clínico. A função refere ao campo epistêmico. O referente clínico, a
prática da cura. Essa dupla inscrição representa uma anfibologia. Uma dualidade que deve ser
lembrada a todo o momento, pois o risco de deslizarmos de um plano a outro – do clinico para o
epistêmico. Com as conhecidas conseqüências. Um deslize em moto - continuo. E, no fim, uma
certa desordenação dos conceitos.
A conseqüência óbvia dessa dupla a descrição e a introdução de uma diferença no estatuto do
sujeito na teoria e na doutrina analítica singular.
“as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social,
estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o
individuo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado’’ (HALL,
Stuart, 2006, p.07, tese do Livro “A Identidade Cultural na Pós-
Modernidade’’)
GUATTARI, Félix. Restauração da cidade subjetiva. IN: Caosmose: um novo paradigma estético.
Trad. Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. São Paulo: Ed. 34, 1992, pp 169-179.
LACAN, Jacques. La fonction de l’écrit. In: Le Séminaire. Livre XX. Encore. Paris: Seuil, 1984.
[1992], 279p. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A
Editora, 2006, 102p
HALL, S. Identidade Cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro. DP.& A. 2000.
HARVEY apud Ribeiro. Cultura e política no mundo contemporâneo, p 26.
CANCLINI, N. G, La Globalización imaginada. Buenos Aires: Paidós. 2001
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade, São Paulo: Editora UNESP, 1991.
HARVEY, David. Condição pós-moderna- uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural, São
Paulo: Edições Loyola, 1996, 349 p.
BELLAMY, Richard. Liberalismo e sociedade moderna. Tradução por Magda Lopes.
FREUD, Sigmund (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Edição