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PODER JUDICIÁRIO

mPf TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
REGISTRADO(A) SOB N°

ACÓRDÃO I uni mil mil mu um um mii um mi 111


*03236227*
Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Habeas Corpus n° 990.10.301533-9, da Comarca de São
José dos Campos, em que é paciente ERNANI GIOVANNI
MESSIAS VITORIO e Impetrante FABIANO FERNANDES DA
SILVA CUNHA.

ACORDAM, em 11" Câmara de Direito Criminal do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "NA ESTEIRA DA CONCESSÃO DA LIMINAR,
CONCEDERAM A ORDEM. V.U.", de conformidade com o voto
do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores OLIVEIRA PASSOS (Presidente),
GUILHERME G.STRENGER E XAVIER DE SOUZA.

São Paulo, 15 de setembro de 2010.

OLIVEIRA PASSOS
PRESIDENTE E RELATOR
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
21409
HABEAS CORPUS n° 990.10.301533/9
Comarca: SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - (Processo n° 24106/2010)
Juízo de Origem: 1 a Vara Criminal
Órgão Julgador: Décima Primeira Câmara Criminal
Impetrante: FABIANO FERNANDES DA SILVA CUNHA
Paciente: ERNANI GIOVANNI MESSIAS VITORIO

Relator

VOTO DO RELATOR
Cuida-se de habeas corpus, impetrado pelo
Advogado Fabiano Fernandes da Silva Cunha em favor de
Ernani Giovanni Messias Vitorio, sob a alegação de
constrangimento ilegal por parte do MM Juiz de Direito da I a
Vara Criminal da comarca de São José dos Campos, que nos
autos da Ação Penal n° 24106/2010, denegou a liberdade
provisória ao paciente.
Em suma, a impetração acena com a ausência
de dolo no suposto cometimento do delito descrito na
denúncia, e aponta a ausência dos requisitos legais para a
manutenção da custódia cautelar, diante de circunstâncias
subjetivas favoráveis (fls. 2/10).
O writ foi bem processado, concedida a liminar
(fls. 49), e o juízo a quo prestou informações (fls. 53),
manifestando-se a douta Procuradoria Geral de Justiça (fls.
65/67).
É o relatório.
Com o registro de que a eventual
desclassificação do delito exigiria o aprofundado exame dos
fatos, para o que não se presta o habeas corpus, a impetração
é de ser acolhida.

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O paciente foi preso em flagrante, depois


denunciado, em 22 de junho de 2010 (fls. 54/55), e está
sendo regularmente processado pelo cometimento do delito do
artigo 180, caput, do Código Penal - receptação, anotando-se
que a peça acusatória foi recebida em 30 de junho último.
É certo que a prisão processual deriva de regra
escrita na própria Carta Magna (art. 5 o , inciso LXI), por isso
que, como assentou a jurisprudência, não se mostra
inconstitucional (STF - HC 94.404/SP - Rei. Min. Celso de
Mello - DJe 26.8.2008).
Em verdade, estabelece o artigo 5 o , LXVI, d a
Constituição Federal, que ninguém será levado ou mantido n a
prisão nos casos em que couber liberdade provisória, com ou
sem fiança. E o parágrafo único do art. 310, do Código de
Processo Penal dispõe que o juiz deverá conceder liberdade
provisória ao preso quando verificar, pelo auto de prisão em
flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que
autorizam a prisão preventiva.
Assim, não proibiu a Carta Magna a prisão
processual, antes, permite-a, porque também diz, no inciso
LXI do citado artigo 5 o , que ninguém será preso se não em
flagrante delito ou por ordem da autoridade.
Mas a Constituição não deixa dúvida quanto à
prisão processual ser medida excepcional, por isso que deve
resultar de ato motivado do juiz, que demonstre a necessidade
cautelar do encarceramento dentro das hipóteses do art. 312
do Código de Processo Penal. (STJ - HC 113.306/SP - Rei.
Min. Maria Thereza Assis Moura - DJ 21.8.2008).

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Em outras palavras: a regra é o réu defender-


se em liberdade; a exceção é permanecer preso durante o
andamento do processo. Tanto é assim que, nas palavras de
Mirabete, ao comentar o parágrafo único do art. 310 do CPP,
"o dispositivo é aplicável tanto às infrações afiançáveis como
inafiançáveis, ainda que graves, a réus primários ou
reincidentes, de bons ou maus antecedentes, desde que não seja
hipótese em que se pode decretar a prisão preventiva. Trata-se
de um direito subjetivo processual do acusado, e não uma
faculdade do juiz, que permite ao preso em flagrante readquirira
liberdade por não ser necessária sua custódia" (Código de
Processo Penal Interpretado, Ed. Atlas, 8 a ed., 2001, p. 672).
Na espécie destes autos, o MM Juiz denegou o
favor da liberdade provisória porque entendeu "presentes os
requisitos autorizadores da custódia preventiva" - sem, todavia,
apontá-los, julgando "prematura" a liberdade do paciente (fls.
46).
Ora, não se afigura idônea, por si, tal
fundamentação, porque não apontado - e nem aqui se
constata - algum fato concreto a fazer presumir que, em
liberdade, o acusado possa afrontar a garantia da ordem
pública, ou obstar a aplicação da lei penal.
Até porque ao delito imputado ao paciente -
receptação - prevê o Código Penal pena mínima de u m e
máxima de quatro anos de reclusão, sendo possível, em tese,
a aplicação de penas restritivas de direitos.
Destarte, não haveria mesmo motivos para

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manter a custódia cautelar do paciente, quando se tem que


mais tarde, se condenado for, n a prisão possivelmente não
permanecerá.
Diante do exposto, n a esteira da concessão da
liminar, concede-se a ordem.

OLIVMtfA PASSOS
(Relator

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