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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

MRLF
Nº 70006446157
2003/CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO. CÉDULA


COMERCIAL PIGNORATÍCIA. PENHORA EM
EXECUÇÃO CEDULAR – INTELIGÊNCIA DO ART. 655,
§ 2º, DO CPC.
Na execução de crédito pignoratício e hipotecário, a
penhora deve recair sobre a coisa dada em garantia. Se
a execução está lastreada em cédula comercial, a
penhora deverá recair sobre este bem gravado com
garantia cedular.
Agravo provido monocraticamente.

AGRAVO DE INSTRUMENTO DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

Nº 70006446157 PASSO FUNDO

BANCO DO BRASIL S A AGRAVANTE

ODILON JOSE DA SILVA JUNIOR E AGRAVADO(A)


CIA LTDA
ODILON JOSE DA SILVA AGRAVADO(A)

NEUSELY TERESINHA DA SILVA AGRAVADO(A)

CRISTIANO DA SILVA AGRAVADO(A)

ODILON JOSE DA SILVA JUNIOR AGRAVADO(A)

DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
Cuida-se, na espécie, de agravo de instrumento deduzido por
Banco do Brasil S/A, contra decisão interlocutória, proferida nos autos da
execução de título executivo extrajudicial, promovida contra Odilon José da
Silva Júnior & Cia Ltda, Odilon José da Silva, Neusely Teresinha da Silva,
Odilon José da Silva Júnior e Cristiano da Silva, onde o Juiz Titular do 1º
Juizado da 3ª Vara Cível da comarca de Passo Fundo, decidiu acolher a
nomeação à penhora efetuada pela empresa executada.

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Em suas razões, o agravante alegou não se conformar com a


pretensão de nomeação à penhora, pois o bem nomeado já estava gravado
com outras três constrições, tendo como credores os Bancos HSBC
Bamerindus e Banrisul.
Afirma sequer pertencer o bem à Empresa executada, Odilon
José da Silva Júnior & Cia Ltda, bem como, possuir a cédula de crédito
objeto da execução, garantia hipotecária e cedular, devendo assim, recair a
penhora sobre os bens deixados em garantia no título.
Sustenta, não elencar a decisão agravada, as razões pelas quais
o juízo a quo, acolheu a nomeação a penhora e indeferiu a impugnação
proposta pelo demandante.
Propugnou ao final, a concessão do efeito suspensivo, devendo
ser conhecido e provido o agravo de instrumento, incidindo a penhora sobre os
bens deixados em garantia na Cédula exeqüenda.
É o relatório.
Razão assiste ao agravante.
Conforme se verifica da disposição do art. 655, § 2º, do CPC, in
verbis:
§ 2º Na execução de crédito pignoratício,
anticrético ou hipotecário, a penhora,
independentemente de nomeação, recairá sobre
a coisa dada em garantia.

Depreende-se do conteúdo dos autos estar a execução


promovida pela agravante lastreada em Cédula de Crédito Comercial (fls.
15/21), onde a garantia da divida seriam os bens descritos na fl. 17.
Impago o débito, ajuizada a ação expropriatória de bens, deveria,
por disposição legal, recair a penhora nos referidos bens garantidores do
débito.

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A disposição do Decreto-Lei nº 413, de 09 de janeiro de 1969 é


clara em seu art. 2º:
2º)- não depositado, naquele prazo, o montante do
débito, proceder-se-à à penhora ou ao seqüestro dos
bens constitutivos da garantia ou, em se tratando de
nota de crédito industrial, à daqueles enumerados no
art. 1.563 do Código Civil (art.17 deste decreto-lei);

No presente caso, o nobre magistrado “a quo”, simplesmente


indeferiu pretensão do agravante em ver penhorado o bem dado em garantia
pignoratícia, olvidando-se da necessária motivação, ferindo, assim, preceito
processual acima referido, além de disposição constitucional que determina a
fundamentação das decisões (art. 93, inc. IX, da CF/88).
A propósito, o egrégio STJ vem decidindo da seguinte forma:

Na execução de crédito pignoratício, a penhora,


independentemente da nomeação, recairá sobre
a coisa dada em garantia (art. 655, § 2º, do
CPC)... (Resp nº 241.903-SP, 3ª Turma, rel. Min.
Waldemar Zveiter, j. 16.2.01).

Esta Corte também já se pronunciou a respeito:

EMBARGOS À EXECUÇÃO. CÉDULA RURAL


PIGNORATÍCIA. PLANILHA DE CÁLCULO
DEFEITUOSA. SEGURANÇA DO JUÍZO.
1- Na execução de crédito pignoratício e hipotecário,
a penhora deve recair sobre a coisa dada em
garantia. Hipótese em que os embargos foram
recebidos e julgados após a segurança do juízo pela
penhora do imóvel hipotecado, cuja avaliação

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demonstrava sua suficiência para pagar a dívida e


despesas do feito.
2- Se a execução está baseada em cédula rural
pignoratícia, não há razão para extingui-la pelo fato
de a memória detalhada de cálculo não ser de fácil
interpretação, contendo o título todos os elementos
necessários para que seja expurgado o excesso de
execução, se presente. (Ap. Civ. 70002480127, 16ª
Câm. Cív. do TJRS, Rel. Des. Paulo Augusto Monte
Lopes, j. em 09.05.2001).

Assim, com fundamento no art. 557, § 1º-A, do CPC, com a


redação dada pela Lei nº 9.756/98, dou provimento ao presente recurso de
agravo de instrumento.
Comunique-se, com urgência.
Intimem-se.
Porto Alegre, 05 de junho de 2003.

DES. MARIO ROCHA LOPES FILHO,


RELATOR.

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