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Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste

n. 01-2004 ISSN 1678-8265

LUCIANE WEIMANN

ANÁLISE DA EFICÁCIA DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO NA


REDUÇÃO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE

CASCAVEL
2004
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste
n. 01-2004 ISSN 1678-8265

LUCIANE WEIMANN

ANÁLISE DA EFICÁCIA DO ULTRA-SOM TERAPÊUTICO NA


REDUÇÃO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE
Trabalho de Conclusão de Curso do curso de
Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná.

Orientadora: Celeide P. A. Peres

CASCAVEL
2004
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n. 01-2004 ISSN 1678-8265

TERMO DE APROVAÇÃO

LUCIANE WEIMANN

TÍTULO: Análise da Eficácia do Ultra-Som Terapêutico na


Redução do Fibro Edema Gelóide

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do


título graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

.....................................................................
Orientadora: Profª . Ms. Celeide Pinto Aguiar Peres
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE

.....................................................................
Profª . Juliana C. Frare
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE

.....................................................................
Profª . Graciana Grespan
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE

Cascavel, 11/02/2004
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Dedico este trabalho aos meus pais, Celso


Weimann e Enita Weimann, e ao meu irmão
Eduardo Weimann, por todo o amor,
incentivo e oportunidades oferecidas.

Ao Victor Santolin, uma pessoa especial,


pelo apoio, paciência e carinho.

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AGRADECIMENTOS

À Professora Celeide A. Peres, pela orientação, ajuda e disponibilidade na elaboração e

conclusão deste trabalho.

Às voluntárias deste trabalho, pela atenção e colaboração.

À Professora Juliana Frare, pela colaboração e materiais cedidos.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS........................................................................................................ix
LISTA DE ANEXOS..........................................................................................................x
RESUMO ..........................................................................................................................xi
ABSTRACT.....................................................................................................................xii
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................3
1.1.1 GERAL........................................................................................................................3
1.1.2 ESPECÍFICOS ..........................................................................................................3
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................4
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................................. 5
2.1 SISTEMA TEGUMENTAR...............................................................................................5
2.1.1 PELE...........................................................................................................................6
2.1.1.1 Epiderme...............................................................................................................7
2.1.1.1.1 Camada Germinativa ....................................................................................8
2.1.1.1.2 Camada Espinhosa ...................................................................................... 9
2.1.1.1.3 Camada Granulosa.......................................................................................9
2.1.1.1.4 Camada Lúcida ...........................................................................................10
2.1.1.1.5 Camada Córnea ..........................................................................................10
2.1.1.2 Derme ..................................................................................................................11
2.1.1.2.1 Camada Papilar...........................................................................................11
2.1.1.2.2 Camada Reticular .......................................................................................12
2.1.1.2.3 Colágeno ......................................................................................................12
2.1.1.2.4 Elastina .........................................................................................................13
2.1.2 HIPODERME OU TELA SUBCUTÂNEA ............................................................13
2.1.3 MICROCIRCULAÇÃO DA PELE..........................................................................14
2.1.4 SISTEMA LINFÁTICO ............................................................................................15
2.2 FIBRO EDEMA GELÓIDE.............................................................................................16
2.2.1 DEFINIÇÃO..............................................................................................................16
2.2.1.1 Definição Histológica.........................................................................................18
2.2.1.2 Definição Etiopatológica ...................................................................................18
2.2.1.3 Definição Clínica................................................................................................20
2.2.2 ETIOPATOGENIA ...................................................................................................20
2.2.2.1 Fatores Predisponentes ....................................................................................21
2.2.2.2 Fatores Determinantes .....................................................................................24
2.2.2.3 Fatores Condicionantes ....................................................................................26
2.2.2.4 As Teorias ...........................................................................................................27
2.2.2.4.1 Teoria Alérgica ............................................................................................27
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2.2.2.4.2 Teoria Tóxica ...............................................................................................28


2.2.2.4.3 Teoria Circulatória.......................................................................................29
2.2.2.4.4 Teoria Metabólica........................................................................................29
2.2.2.4.5 Teoria Bioquímica .......................................................................................30
2.2.2.4.6 Teoria Hormonal ..........................................................................................30
2.2.3 IDENTIFICAÇÃO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE..............................................30
2.2.4 EXAMES COMPLEMENTARES ..........................................................................32
2.2.4.1 Termografia ........................................................................................................32
2.2.4.2 Xerografia............................................................................................................33
2.2.4.3 Ecografia Bidimensional ...................................................................................33
2.2.4.4 Exame Anátomo-Patológico ............................................................................34
2.2.4.5 Impedância Bioelétrica......................................................................................34
2.2.5 ESTÁGIOS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE ........................................................34
2.2.5.1 Fibro Edema Gelóide Brando (Grau 1) ..........................................................35
2.2.5.2 Fibro Edema Gelóide Moderado (Grau 2) .....................................................35
2.2.5.3 Fibro Edema Gelóide Grave (Grau 3) ............................................................35
2.2.6 FORMAS CLÍNICAS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE........................................37
2.2.6.1 Fibro Edema Gelóide Consistente (Duro) ......................................................37
2.2.6.2 Fibro Edema Gelóide Brando ou Difuso (Flácido) .......................................38
2.2.6.3 Fibro Edema Gelóide Edematoso ...................................................................38
2.2.7 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS .......................................................................39
2.2.7.1 Prevenção ...........................................................................................................40
2.2.7.2 Tratamento Cirúrgico ........................................................................................41
2.2.7.3 Terapia Medicamentosa ...................................................................................41
2.2.7.3.1 Mesoterapia .................................................................................................41
2.2.7.3.2 Ativos Farmacológicos ...............................................................................43
2.2.7.3.3 Enzimas de Difusão....................................................................................44
2.2.7.4 Terapia Física .....................................................................................................45
2.2.7.5 Eletroterapia .......................................................................................................46
2.2.7.5.1 Corrente Galvânica .....................................................................................46
2.2.7.5.2 Correntes Diadinâmicas.....................................................................47
2.2.7.5.3 Correntes Excitomotoras...........................................................................48
2.2.7.5.4 Eletrolipoforese............................................................................................49
2.2.7.6 Endermologia .....................................................................................................50
2.2.7.7 Laser ....................................................................................................................52
2.2.7.8 Drenagem Linfática ...........................................................................................52
2.2.7.9 Ultra-som.............................................................................................................53
2.3 ULTRA-SOM ....................................................................................................................54
2.3.1 GERAÇÃO DA ONDA ULTRA-SÔNICA .............................................................55
2.3.2 TIPOS DE ONDAS .................................................................................................56
2.3.3 MODOS DE PROPAGAÇÃO................................................................................57
2.3.4 CARACTERÍSTICAS DO ULTRA-SOM ..............................................................59
2.3.4.1 Atenuação ...........................................................................................................59
2.3.4.2 Reflexão ..............................................................................................................60
2.3.4.3 Refração..............................................................................................................62
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2.3.4.4 Absorção .............................................................................................................62


2.3.4.5 Transmissão.......................................................................................................63
2.3.5 EFEITOS DO ULTRA-SOM ..................................................................................64
2.3.5.1 Físicos .................................................................................................................64
2.3.5.2 Químicos .............................................................................................................65
2.3.5.3 Elétricos...............................................................................................................66
2.3.5.4 Biológicos ............................................................................................................66
2.3.5.5 Terapêuticos.......................................................................................................67
2.3.5.6 Fonoforese..........................................................................................................67
2.3.6 INDICAÇÕES ..........................................................................................................68
2.3.7 CONTRA-INDICAÇÕES ........................................................................................69
2.3.8 APLICAÇÃO DO ULTRA-SOM.............................................................................69
2.3.8.1 Calibração ...........................................................................................................69
2.3.8.2 Agentes de Acoplamento .................................................................................71
2.3.8.3 Técnicas de Aplicação......................................................................................72
2.3.8.4 Manipulação do Cabeçote Transdutor ...........................................................73
2.3.8.5 Freqüência ..........................................................................................................74
2.3.8.6 Área de Radiação Efetiva.................................................................................75
2.3.8.7 Intensidade e Potência .....................................................................................75
2.3.8.8 Duração do Tratamento ....................................................................................77
2.3.8.9 Intervalos entre os Tratamentos......................................................................77
2.3.9 TERAPIA ULTRA-SÔNICA NO FIBRO EDEMA GELÓIDE.............................77
2.3.9.1 Freqüência Utilizada..........................................................................................77
2.3.9.2 Modo de Emissão..............................................................................................78
2.3.9.3 Intensidade Utilizada.........................................................................................78
2.3.9.4 Tempo de Aplicação..........................................................................................79
2.3.9.5 Técnica de Aplicação........................................................................................79
2.3.9.6 Efeitos do Ultra-som sobre o Fibro Edema Gelóide ....................................80
3 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................83
4 RESULTADOS ....................................................................................................................86
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................94
CONCLUSÃO...............................................................................................................100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... .101
ANEXOS .......................................................................................................................104
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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Uso de anticoncepcional................................................................... 86


FIGURA 2 - Não tabagista.................................................................................... 87
FIGURA 3 - Alimentação gordurosa..................................................................... 87
FIGURA 4 - Permanência por tempo prolongado na postura
sentada............................................................................................. 88
FIGURA 5 - Forma clínica do fibro edema gelóide............................................... 90

viii
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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Coeficiente de atenuação do ultra-som nos


tecidos............................................................................................ 60
TABELA 2 - Porcentagem da onda incidente refletida pelas várias
interfaces........................................................................................ 61
TABELA 3 - Perimetria....................................................................................... 89
TABELA 4 - Grau de satisfação......................................................................... 90
TABELA 5 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo direito das
participantes do grupo I.................................................................. 91
TABELA 6 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo esquerdo das
participantes do grupo I.................................................................. 92
TABELA 7 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo direito das
participantes do grupo II................................................................. 93
TABELA 8 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo esquerdo das
participantes do grupo II................................................................. 93

ix
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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 - Ficha de avaliação inicial.................................................................. 104


ANEXO 2 - Ficha de evolução diária................................................................... 106
ANEXO 3 - Ficha de avaliação............................................................................ 107
ANEXO 4 - Fotos de antes e depois do tratamento do grupo
I......................................................................................................... 108
ANEXO 5 - Foto após dois meses de tratamento do grupo
I......................................................................................................... 109
ANEXO 6 - Fotos de antes e depois do tratamento do grupo
II........................................................................................................ 110
ANEXO 7 - Foto após dois meses de tratamento do grupo II............................. 111

x
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RESUMO

A Fisioterapia Dermato Funcional é uma área da Fisioterapia que vem acabando com o
empirismo dos tratamentos estéticos, uma vez que atua na comprovação científica dos
métodos e técnicas utilizadas para o tratamento de patologias como o fibro edema
gelóide. Este trabalho teve como objetivo analisar a eficácia do ultra-som terapêutico na
redução do fibro edema gelóide encontrado na região glútea de mulheres jovens e
sedentárias. As 10 participantes selecionadas para esta pesquisa foram aleatoriamente
divididas em dois grupos, onde o primeiro grupo foi submetido à terapia com ultra-som,
e o segundo grupo não recebeu nenhuma intervenção terapêutica no período. O ultra-
som foi utilizado na freqüência de 3 MHz, no modo contínuo, com dose de 1,2 W/cm², e
foi aplicado por 7 minutos em cada glúteo. O tratamento consistiu de 20 sessões,
realizadas 3 vezes por semana, em dias alternados. Todas as voluntárias foram
submetidas à avaliação inicial, para verificar o tipo e grau do fibro edema gelóide
apresentado. Com o término do tratamento proposto nova avaliação foi realizada e
revelou que a utilização do ultra-som mostrou-se eficaz no tratamento do fibro edema
gelóide, uma vez que diminuiu o grau de acometimento. Após dois meses do término do
tratamento outra avaliação realizada demonstrou que não houve manutenção dos
resultados.

Palavras-chave: Fisioterapia Dermato Funcional, ultra-som, fibro edema gelóide.

xi
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ABSTRACT

The Dermato Functional Physiotherapy is an area of the Physiotherapy that have


finished with the empiricism of the esthetic treatments, since it acts in the scientific
evidence of the methods and techniques used for the treatment of patologies as fibro
edema geloide. This work had as objective to analyse the effectiveness of the
therapeutical ultrasound in the reduction of fibro edema geloide found in the nadega
region of sedentary young women. The 10 participants selected for this research had
been aleatory divided in two groups, where the first group was submitted to the therapy
with ultrasound, and the second group did not receive any therapeutical intervention in
the period. The ultrasound was used in the frequency of 3 MHz, in the continuous way,
with dose of 1,2 W/cm², and was applied for 7 minutes in each nadega. The treatment
consisted of 20 sessions, performed 3 times per week, in alternating days. All the
volunteers had been submitted to the initial evaluation, to verify the type and degree of
fibro edema gelóide presented. With the ending of the considered treatment new
evaluation was developed and disclosed that the use of the ultrasound revealed to be
efficient in the treatment of fibro edema geloide, since it decreased the degree of the
fibro edema geloide. After two months of the ending of the treatment another evaluation
was carried through and it demonstrated that it did not have maintenance of the results.

Word-key: Dermato Functional Physiotherapy, ultrasound, fibro edema geloide.

xii
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1 INTRODUÇÃO

A Fisioterapia Dermato Funcional é uma área da Fisioterapia que vem acabando

com o empirismo dos tratamentos estéticos amplamente utilizados, uma vez que atua

na comprovação científica dos métodos e técnicas abordados para o tratamento de

diversas patologias, como é o caso do fibro edema gelóide (LEITE, 2003).

Segundo GUIRRO (2002), o fibro edema gelóide consiste numa infiltração

edematosa do tecido conjuntivo, seguida de polimerização da substância fundamental

que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica consecutiva. Essa

polimerização (ou processo reativo) da substância fundamental amorfa, resultante de

uma alteração no meio interno, é favorecida por causas locais e gerais, em virtude da

qual os mucopolissacarídeos que a integram sofrem um processo de gelificação. Sendo

assim, o fibro edema gelóide pode ser definido clinicamente como um espessamento

não inflamatório das capas subdérmicas.

A reação fibrótica que ocorre no fibro edema gelóide como conseqüência do

edema do tecido conjuntivo e da hiperpolimerização da substância fundamental se

manifesta em forma de nódulos ou placas de variada extensão e localização, podendo,

inclusive, desenvolver problemas álgicos nas áreas atingidas (LOPES, 2003).

Para FERNANDES (2003), o fibro edema gelóide surge devido a um mau

funcionamento dos adipócitos, que retêm um maior teor de lipídio, diferente e alterado e

que estimula a retenção de líquidos, levando assim ao aumento de volume da célula,

gerando compressão dos vasos e comprometendo a circulação sanguínea. Além disso,


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o rompimento das fibras de colágeno e elastina, responsáveis pela sustentação da pele,

levaria ao inestético aspecto da pele.

Atualmente o público feminino, na busca pelo belo, tem recorrido a métodos e

técnicas com uma expectativa cada vez maior de bons resultados. Isto motivou uma

verdadeira revolução na indústria de cosméticos e aparelhos de estética, assim como

na pesquisa e introdução de novos conceitos que, quando interpretados e aplicados

convenientemente, proporcionam resultados que certamente virão ao encontro dos

anseios dos pacientes e profissionais (ROSSI, 2001).

O ultra-som, por exemplo, é um recurso amplamente utilizado no tratamento do

fibro edema gelóide, embora as bases fisiológicas dos seus efeitos sejam bastante

desconhecidas por inúmeros profissionais da área (LONGO, 2001).

A ação metabólica do ultra-som sobre o fibro edema gelóide é extremamente

benéfica, produzindo microvibrações moleculares que se traduzem como

micromassagem, mais intensa nas junções tissulares. E a ação térmica resultante das

fricções produzidas pela micromassagem estimula de maneira marcante a

microcirculação. Como conseqüência, os efeitos metabólicos (estimulando o

metabolismo e acelerando a cicatrização), os efeitos foréticos (pelo aumento da

permeabilidade celular) e os efeitos fibrolíticos (diminuindo a esclerose tecidual pelas

fricções moleculares) constituem um método valioso no tratamento do fibro edema

gelóide (ROSSI, 2001).

Dentre outros efeitos do ultra-som de acordo com GUIRRO (2002), pode-se

ainda destacar a fonoforese, a neovascularização com conseqüente aumento da


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circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas, e melhora das

propriedades mecânicas do tecido.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 GERAL

Verificar a eficácia do uso do ultra-som terapêutico na redução do fibro edema

gelóide observado na região glútea de mulheres jovens e não praticantes de atividade

física.

1.1.2 ESPECÍFICOS

Ø Identificar o fibro edema gelóide na região glútea das participantes;

Ø Classificar o fibro edema gelóide quanto ao grau e tipo do acometimento;

Ø Analisar a eficácia do tratamento proposto, após 20 sessões de terapia;

Ø Verificar a manutenção, agravamento ou melhora dos resultados obtidos após

dois meses de tratamento;


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1.2 JUSTIFICATIVA

Na Fisioterapia Dermato Funcional o campo da pesquisa científica não

disponibiliza de um embasamento teórico e científico suficiente para o tratamento do

fibro edema gelóide. Portanto, justifica-se este estudo pela importância da investigação

quanto a utilização do ultra-som terapêutico visando reduzir o fibro edema gelóide, um

problema que atinge um grande número de mulheres causando nestas um quadro

patológico e estético indesejável.


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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SISTEMA TEGUMENTAR

O tegumento é o maior órgão do corpo, constituindo 16% do peso corporal

(GARTNER , 1999).

O sistema tegumentar é constituído pela pele e tela subcutânea, juntamente com

os anexos cutâneos. O tegumento recobre toda a superfície do corpo e apresenta-se

constituído por uma porção epitelial de origem ectodérmica, a epiderme, e uma porção

conjuntiva de origem mesodérmica, a derme. Abaixo e em continuidade com a derme

está a hipoderme que, embora tenha a mesma origem e morfologia da derme, não faz

parte da pele, a qual é formada apenas por duas camadas. A hipoderme serve de

suporte e união da derme com os órgãos subjacentes, além de permitir à pele uma

considerável amplitude de movimento (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e

CARNEIRO, 1995).

Os anexos da pele representam apenas 0,1% da superfície total da pele e

incluem as glândulas sudoríparas, as glândulas sebáceas, os folículos pilosos e as

unhas. Todos, exceto as unhas, atravessam a epiderme (SIMÕES, 2001).

As funções realizadas pelo sistema tegumentar são múltiplas, entre as quais,

graças à camada córnea que reveste a epiderme, proteger o organismo contra a perda

de água por evaporação e contra o atrito. Além disso, através das suas terminações

nervosas, recebe estímulos do ambiente; por meio dos seus vasos, glândulas e tecido

adiposo, colabora na termorregulação do corpo. Suas glândulas sudoríparas participam


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na excreção de várias substâncias. A melanina, que é produzida e acumulada na

epiderme, tem função protetora contra os raios ultravioleta (JUNQUEIRA e CARNEIRO,

1995).

2.1.1 PELE

A pele é o maior órgão do corpo humano, o mais externo e revestido de grande

complexidade. Com cerca de 1,5 – 2 m² de área, a pele é muito mais do que o simples

invólucro do corpo (SIMÕES, 2001).

A pele representa 12% do peso seco total do corpo com peso de

aproximadamente 4,5 quilos, e é o maior sistema de órgãos expostos ao meio

ambiente. Um pedaço de pele com aproximadamente 3 cm de diâmetro contém: mais

de 3 milhões de células, entre 100 e 340 glândulas sudoríparas, 50 terminações

nervosas e 90 cm de vasos sanguíneos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

A superfície da pele está coberta por uma delgada película líquida que tende

para a acidez. Oferece uma grande superfície de dispersão calórica e de evaporação e,

por isso, desempenha importante papel na termorregulação por meio de seus vasos e

glândulas. O fluxo sanguíneo pode ter uma grande variação. Sob condições normais, o

fluxo sanguíneo cutâneo é de aproximadamente 400 mililitros (mL) por minuto.

Funciona também como um vasto emunctório e com fábrica de vitamina D e melanina,

que tem função protetora contra os raios ultravioletas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).
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Sendo uma barreira por excelência, a pele não é contudo um órgão isolado.

Encontra-se associada a muitos sistemas, nomeadamente, músculo-esquelético,

neurológico, circulatório, endócrino e imunitário (SIMÕES, 2001).

A pele constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, para recepção de

estímulos táteis, térmicos e dolorosos. O seu teor de água é de cerca de 70% do peso

da pele livre de tecido adiposo, contendo perto de 20% do conteúdo total de água do

organismo. Sua espessura situa-se entre 0,5 e 4 milímetros (GUIRRO e GUIRRO,

2002).

A pele é composta de duas camadas principais: 1) a epiderme, camada

superficial composta de células epiteliais intimamente unidas e 2) a derme, camada

mais profunda composta de tecido conjuntivo denso irregular. O limite entre a epiderme

e a derme não é regular, mas caracteriza-se pela presença de saliências e reentrâncias

das duas camadas que se embricam e se ajustam entre si, formando as papilas

dérmicas (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.1.1.1 Epiderme

É constituída essencialmente por um epitélio estratificado pavimentoso

queratinizado, de origem ectodérmica. Além desse epitélio, que constitui a maior parte

da epiderme, observa-se a presença de melanócitos, que são células responsáveis pela

produção de melanina (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

A porção mais profunda da epiderme é constituída de células epiteliais que se

proliferam continuamente para que seja mantido o seu número. Tipicamente, em todos
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os epitélios, não há vasos sanguíneos na epiderme, embora a derme subjacente seja

bem vascularizada. Como resultado, o único meio pelo qual as células da epiderme

podem obter alimento é através da difusão dos leitos capilares da derme. Esse método

é suficiente para as células mais próximas da derme, mas à medida que as células se

dividem e são empurradas para a superfície, ficando assim longe da fonte de alimento

(derme), morrem (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Quando as células da epiderme morrem elas se convertem em escamas de

queratina que se desprendem da superfície epidérmica. A queratina é uma proteína que

se hidrata facilmente e isto explica a tumefação da pele por imersão na água

(DÂNGELO e FATTINI, 1995).

A espessura da epiderme apresenta variações topográficas ao longo do

organismo desde 75 a 150 milimicras, à exceção das palmas das mãos e plantas dos

pés onde sua espessura atinge desde 0,4 milímetros até 1 milímetro (SAMPAIO,

CASTRO e RIVITTI, 1992).

A epiderme é em geral descrita como uma estrutura constituída de quatro a cinco

camadas ou estratos, devido ao fato da camada lúcida estar ou não incluída (GUIRRO

e GUIRRO, 2002; SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992; JUNQUEIRA e CARNEIRO,

1995; AZULAY e AZULAY, 1999).

2.1.1.1.1 Camada Germinativa

É a camada mais profunda e assim denominada porque gera novas células e

apresenta intensa atividade mitótica. É responsável pela constante renovação da


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epiderme, fornecendo células para substituir aquelas que são perdidas na camada

córnea. Nesse processo as células partem da camada germinativa e vão sendo

deslocadas para a periferia até a camada córnea, num período de 21 a 28 dias

(GUIRRO e GUIRRO , 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

Esta camada é constituída por dois tipos de células, as células basais e os

melanócitos (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992).

2.1.1.1.2 Camada Espinhosa

É também denominada camada malpighiana. É constituída por células de

Malpighi, ou células espinhosas, que vão se achatando à medida que exteriorizam, até

chegarem a perder seus núcleos e transformarem-se em verdadeiras lâminas acidófilas

anucleadas, que representam a camada córnea (AZULAY e AZULAY, 1999).

As células desta camada têm importante função na manutenção da coesão das

células da epiderme e, conseqüentemente, na sua resistência ao atrito (GUIRRO e

GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

2.1.1.1.3 Camada Granulosa

O citoplasma das células desta camada caracteriza-se por conter grânulos de

querato-hialina que parecem estar associados com o fenômeno de queratinização dos

epitélios. À medida que os grânulos aumentam de tamanho, o núcleo se desintegra,

resultando na morte das células mais externas da camada granulosa. Assim, a camada
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granulosa é formada por células que estão em franca degeneração. O núcleo das

células já apresenta sinais de atrofia e os filamentos que as uniam à camada espinhosa

quase desaparecem (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

2.1.1.1.4 Camada Lúcida

É constituída por várias camadas de células achatadas e intimamente ligadas. As

camadas granulosa e lúcida constituem a chamada camada de transição, com

importante função de barreira entre o meio interno e o exterior, pois impede a saída de

água e impede a entrada de substâncias exógenas (AZULAY e AZULAY, 1999).

A camada lúcida é mais proeminente em áreas de pele espessa e pode estar

ausente em outros locais; não é observada com facilidade (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.1.1.1.5 Camada Córnea

É a camada mais superficial da epiderme. Consiste de vários planos de células

mortas e intimamente ligadas. A partir do momento em que seu citoplasma for

substituído por uma proteína fibrosa denominada queratina, estas células mortas são

referidas como corneificadas. Estas, formam uma cobertura ao redor de toda a

superfície do corpo e não apenas protegem o organismo contra agressões físicas,

químicas e biológicas, como também ajudam a restringir a perda de água do organismo.

Embora a camada córnea seja de pequena espessura (cerca de 20 micrômetros), sua


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capacidade de retenção hídrica conserva a superfície da pele macia (GUIRRO e

GUIRRO, 2002; AZULAY e AZULAY, 1999).

2.1.1.2 Derme

É uma espessa camada de tecido conjuntivo sobre a qual se apóia a epiderme,

comunicando esta com a hipoderme. É suprida por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e

terminações nervosas. Também contém glândulas especializadas e órgãos dos

sentidos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

A derme tem entre 1 a 4 mm de espessura e é constituída essencialmente por

fibroblastos que produzem, entre outros, colágeno e elastina. Estes dois constituintes

vão elaborar uma matriz que circunda as células e as estruturas dérmicas (SIMÕES,

2001).

São as fibras colágenas e elásticas que conferem à pele sua capacidade de

distender-se quando tracionada, voltando ao estado original desde que cesse a tração

(DÂNGELO e FATTINI, 1995).

Observa-se na derme a camada papilar, a mais superficial, e a camada reticular,

a mais profunda (GUIRRO e GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

2.1.1.2.1 Camada Papilar

É delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo. Nesta camada foram

descritas fibrilas especiais de colágeno, que se inserem na lâmina basal e penetram


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profundamente na derme. Estas fibrilas teriam a função de prender a derme à epiderme

(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

2.1.1.2.2 Camada Reticular

É a mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso, e é assim

denominada devido ao fato de que os feixes de fibras colágenas que a compõem

entrelaçam-se em um arranjo semelhante a uma rede (GUIRRO e GUIRRO, 2002;

JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

Ambas as camadas contêm muitas fibras elásticas, responsáveis, em parte,

pelas características de elasticidade da pele. Uma grande diferença entre as duas

camadas diz respeito ao seu conteúdo de capilares. A camada papilar apresenta um

suprimento sanguíneo bastante rico, enquanto na camada reticular os capilares são

raros (GUIRRO e GUIRRO , 2002; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995).

2.1.1.2.3 Colágeno

O colágeno é uma proteína fibrosa, formada a partir da polimerização do

tropocolágeno, substância excretada pelos fibroblastos. A parte mais interior da derme

contém colágeno num estado de compactamento elevado, enquanto que a parte mais

exterior da derme contém colágeno numa forma mais laxa (SIMÕES, 2001).

As fibras colágenas compreendem 95% do tecido conectivo da derme. Os feixes

colágenos espessam-se da superfície para a profundidade, sendo mais finos na derme


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papilar e, grossos, entrelaçados e paralelos à superfície, na derme reticular. O colágeno

tem como função fornecer resistência e integridade estrutural a diversos tecidos e

órgãos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992).

2.1.1.2.4 Elastina

Tal como o colágeno, a elastina é produzida por um precursor secretado pelos

fibroblastos. Está organizada em fibras curtas e sobrepostas. É responsável pela

elasticidade da pele (SIMÕES, 2001).

2.1.2 HIPODERME OU TELA SUBCUTÂNEA

Tecido sobre o qual a pele repousa, formado por tecido conjuntivo que varia do

tipo frouxo ou adiposo ao denso nas várias localizações e nos diferentes indivíduos.

Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva participa no

isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e traumatismos

externos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; GARTNER e HIATT, 1999; SAMPAIO, CASTRO

e RIVITTI, 1992).

A tela subcutânea compõe-se em geral de duas camadas, das quais a mais

superficial é chamada de areolar, que é composta por adipócitos globulares e

volumosos, em disposição vertical, onde os vasos sanguíneos são numerosos e

delicados. Na camada lamelar, mais profunda, ocorre aumento de espessura no ganho

de peso, com aumento de volume dos adipócitos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).


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A proporção dessas camadas varia de acordo com diversos fatores: espessura

da pele (na pele espessa a camada areolar é preponderante sobre a lamelar, na pele

fina ocorre o inverso), região e segmento corporal, sexo (a mulher tem a camada

areolar mais espessa), idade (a camada areolar é mais espessa no adulto) (GUIRRO e

GUIRRO, 2002).

2.1.3 MICROCIRCULAÇÃO DA PELE

Apesar das variações topográficas da disposição vascular da pele, os vasos

cutâneos constituem sempre um plexo profundo em conexão com um plexo superficial.

O plexo profundo situa-se em nível dermo-hipodérmico e é formado por arteríolas,

enquanto o plexo superficial localiza-se entre as camadas papilar e reticular e é

composto por capilares, vênulas e arteríolas (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI, 1992).

A coloração rósea da pele é principalmente causada pelo sangue nas amplas

vênulas do plexo superficial, também chamado plexo subpapilar (CORMACK, 1991).

Os capilares que formam o plexo vascular dérmico não só transportam os

nutrientes, como são responsáveis pela termorregulação corporal e ainda pela

absorção de substâncias que tenham conseguido ultrapassar a barreira epidérmica

(SIMÕES, 2001).
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2.1.4 SISTEMA LINFÁTICO

O sistema linfático representa uma via acessória pela qual o líquido pode fluir

dos espaços intersticiais para o sangue. E, o que é mais importante, os linfáticos podem

transportar proteínas e material em grandes partículas, para fora dos espaços teciduais,

nenhum dos quais pode ser removido por absorção direta pelos capilares sanguíneos

(GUYTON e HALL, 1997).

Consiste de um conjunto particular de capilares, vasos coletores, troncos

linfáticos e linfonodos que servem como filtros do líquido coletado pelos vasos e pelos

órgãos linfóides que são encarregados de recolher, na intimidade dos tecidos, o líquido

intersticial e reconduzí-lo ao sistema vascular sanguíneo. Quando o líquido intersticial

passa para dentro dos capilares recebe o nome de linfa, que apresenta uma

composição semelhante ao plasma sanguíneo. A linfa difere do sangue justamente por

não conter células sanguíneas. A linfa absorvida nos capilares linfáticos é transportada

para os vasos pré-coletores e coletores, passa através de vários linfonodos, sendo aí

filtrada e recolocada na circulação até atingir os vasos sanguíneos (LEDUC e LEDUC,

2000).

Os vasos linfáticos estão dispostos em alças ao longo da derme papilar,

reunindo-se num plexo linfático subpapilar que através da derme desemboca num plexo

linfático profundo, de localização dermo-hipodérmica (SAMPAIO, CASTRO e RIVITTI,

1992).
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2.2 FIBRO EDEMA GELÓIDE

2.2.1 DEFINIÇÃO

Para descrever ou definir o fibro edema gelóide é preciso ficar clara a

inadequação do termo para se designar esta afecção, a qual não afeta

preferencialmente o elemento celular. Este erro de conceituação existe há muitos anos

e ainda hoje conduz a várias controvérsias e discussões (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Celulite, palavra de origem latina, cellulite, quer dizer inflamação do tecido

celular, derivada do adjetivo celulae, que significa células, mais o sufixo ite, indicativo

de inflamação, o que não define o seu verdadeiro significado (GUIRRO e GUIRRO,

2002; PARIENTI, 2001).

Alguns outros termos são utilizados para designar a celulite, na tentativa de

adequar o nome às alterações histomorfológicas encontradas, dentre eles estão: a

Lipodistrofia Ginóide – Lipodistrofia significa gordura com crescimento anormal e

Ginóide faz referência ao sexo feminino; Paniculopatia Fibroesclerótica – Paniculopatia

é uma doença do tecido adiposo e Fibroesclerótica quer dizer endurecimento pelo

tecido fibroso; Lipodistrofia Edematofibroesclerótica – onde Edematofibroesclerótica

significa inchaço, retração e endurecimento. Contudo, a denominação de Fibro Edema

Gelóide (FEG) tem-se demonstrado como o conceito mais adequado para descrever o

quadro historicamente conhecido e erroneamente denominado de celulite (GUIRRO e

GUIRRO, 2002; CIPORKIN, 1992).


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O fibro edema gelóide afeta os tecidos cutâneo e adiposo em diversos graus,

portanto ocorre comprovadamente nesta disfunção uma série de alterações estruturais

na derme (pele), na microcirculação e nos adipócitos. Sem dúvida trata -se de uma

desordem localizada que afeta o tecido dérmico e subcutâneo, com alterações

vasculares e lipodistrofia com resposta esclerosante, que resulta no inestético aspecto

macroscópico (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Para HORIBE (2000), o fibro edema gelóide é uma alteração genuína e

locorregional do panículo adiposo subcutâneo, determinante do formato corporal

característico da mulher, com perda do equilíbrio histofisiológico local e que atinge

principalmente a região dos quadris e coxas.

Segundo ZANI (1994), o fibro edema gelóide é uma disfunção crônica, sem

características inflamatórias, que acomete as células gordurosas da tela subcutânea, e

que ocorre quando há uma alteração na estrutura e disposição anatômica do tecido

gorduroso subcutâneo.

Para LEITE (2003), o fibro edema gelóide inicia com um aumento de líquido

dentro do adipócito, com conseqüente mudança no seu pH e alterações nas trocas

metabólicas. O adipócito comprime as células nervosas provocando dor à palpação e

devido ao aumento de tamanho ocorre a distensão do tecido conjuntivo, com perda da

elasticidade. O organismo responde a essas alterações formando tramas de colágeno

que tentam encapsular todo o extravasamento do adipócito. Formam-se assim, os

nódulos, que desenvolvem o aspecto em casca de laranja.


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O fibro edema gelóide é uma afecção benigna que atinge as mulheres, não

apresentando risco de vida ou potencial inabilitante, porém, um problema que afeta a

vida afetiva, causando importante desconforto emocional (NETO et al., 2003).

Segundo CARDOSO (2002), o fibro edema gelóide resulta, na maioria dos

casos, de um problema circulatório, uma vez que a circulação se processa lentamente.

Assim, os capilares se enfraquecem, propiciando a perda do plasma para o exterior dos

vasos sanguíneos e conseqüentemente levando ao aumento de líquido nos espaços

intercelulares. O organismo então reage criando uma barreira fibrosa, que encarcera as

células adiposas desenvolvendo, então, o fibro edema gelóide.

2.2.1.1 Definição Histológica

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), o fibro edema gelóide é uma infiltração

edematosa do tecido conjuntivo, não inflamatória, seguida de polimerização da

substância fundamental que, infiltrando-se nas tramas, produz uma reação fibrótica

consecutiva.

2.2.1.2 Definição Etiopatológica

Acredita-se que uma alteração do fibroblasto causada por diversos fatores faz

com que as glicosaminoglicanas sofram alterações estruturais (hiperpolimerização),

elevando seu poder hidrofílico e a pressão osmótica intersticial (GUIRRO e GUIRRO,

2002).
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Segundo PARIENTI (2001), esta alteração leva à hiperviscosidade da substância

fundamental ligada à estase capilovenular e linfática. Desencadeia-se, então, uma série

de sinais com transformação do tecido adiposo, em tecido celulítico. Estabelece-se um

verdadeiro círculo vicioso. Isso traduz uma descompensação histoangiológica que

evolui em quatro fases:

Ø 1ª fase: estase venosa e permeabilidade capilar anormal. Ela se traduz por uma

congestão do tecido subcutâneo com vasodilatação, bloqueios conjuntivos,

seguida de uma exsudação plásmica com formação de um edema intersticial.

Ø 2ª fase: organização progressiva e colagenização do exsudato plásmico. O

fenômeno de estase acentua-se. A parede dos vasos capilares torna-se porosa e

por esse motivo deixa de filtrar, no tecido subcutâneo, o soro que contém

mucopolissacarídeos e sódio. Esta etapa vai dissociar a trama das fibras

conjuntivas. Por essas razões, a pele perde sua elasticidade.

Ø 3ª fase: sulcos celulíticos. O fibrócito desencadeia a produção de elementos

fibrosos inelásticos que se entremeiam até dividir a hipoderme em

compartimentos com múltiplos alvéolos. A quantidade de adipócitos organiza-se

em micronódulos.

Ø 4ª fase: fase fibrocicatricial com alteração dos capilares. Os micronódulos

comprimem as arteríolas, os nervos. As fibras conjuntivas aderem

superficialmente à pele e em profundidade às aponeuroses musculares.


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2.2.1.3 Definição Clínica

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), trata-se de um espessamento não

inflamatório das capas subepidérmicas, às vezes doloroso, que se manifesta em forma

de nódulos ou placas de variada extensão e localização.

Devido a esta modificação na textura dos tecidos subcutâneos superficiais ocorre

aumento da sensibilidade e diminuição da mobilidade por meio de fenômenos de

aderência superficial e profunda (PARIENTI, 2001).

Trata-se de um tecido mal-oxigenado, subnutrido, desorganizado e sem

elasticidade, resultante de um mau funcionamento do sistema circulatório e das

consecutivas transformações do tecido conjuntivo. Com este quadro histopatológico,

compreende-se a aparência nodulosa na epiderme, e em fases mais avançadas a dor

ao contato, à pressão ou palpação (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.2 ETIOPATOGENIA

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), não se pode falar em causa, visto que

seria impossível garantir sua verdadeira influência, não sendo possível isolar cada um

desses fatores, que somados, contribuem para o aparecimento do distúrbio. De

maneira geral pode-se delinear uma etiologia para o fibro edema gelóide, enumerando

e subdividindo os fatores que provavelmente desencadeiam o processo em três

classes: fatores predisponentes, determinantes e condicionantes. Além disso, várias

teorias se postulam como candidatas para tentar explicar o desenvolvimento do fibro


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edema gelóide. Cada uma guarda propriedades que justificam seu grau de aceitação e

se complementam entre si.

2.2.2.1 Fat ores Predisponentes

São fatores que somados a outros se pode ter uma probabilidade razoável de

instalação do fibro edema gelóide (LOPES, 2003; GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI,

2001).

Ø Genéticos: São fornecidos pela presença de genes múltiplos com capacidade de

expressão em pele de tecido celular subcutâneo de certas regiões. Depende de

uma aptidão individual à capacidade de resposta (ROSSI, 2001). Segundo

GUIRRO e GUIRRO (2002), a incidência para o desenvolvimento do fibro edema

gelóide é maior na raça branca, quando comparada às raças negra e amarela.

Ø Sexo: Segundo ZANI (1994), o fibro edema gelóide acomete preferencialmente

as mulheres, representando 95% dos casos. GUIRRO e GUIRRO (2002),

ressaltam que a mulher apresenta um número duas vezes maior de adipócitos

em relação ao homem e que, o corpo feminino tem tendência ao acúmulo graxo

nos glúteos e coxas, gordura sexo-específica, ao passo que no homem, tais

acúmulos situam-se predominantemente no abdome.

Os estrógenos estimulam enzimas que produzem uma acumulação de

gordura nos adipócitos, com conseqüente aumento de tamanho. Por outro lado,

os estrógenos produzem retenção de líquidos gerando edema, ou seja,

infiltração de líquido dentro e fora das células, com surgimento de uma


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substância de aspecto gelatinoso que aumenta ainda mais o tamanho do

adipócito. Esses dois processos tendem a comprimir os pequenos vasos

sanguíneos, produzindo uma circulação deficiente e dor (BERTRANOU, 2003).

As fibras do tecido conjuntivo das mulheres são mais separadas que as

dos homens, mas não são entrelaçadas em forma reticular, o que favorece a

insuflação das células gordurosas depositadas. Seu número, entretanto, oscila

durante a vida, assim como o seu tamanho, que é influenciado pelos hábitos de

vida, idade, hormônios. Antes da puberdade o tecido conjuntivo conectivo de

ambos os sexos é exatamente igual. As fibras do tecido conjuntivo encontram-se

dispostas cruzadas e interlaçadas, formando uma trama firme que mantém os

lóbulos adiposos no fundo da hipoderme, impedindo sua subida. Sob o estímulo

dos hormônios sexuais femininos, o cruzamento das fibras é desfeito e as fibras

tomam uma posição paralela umas em relação às outras, ficando num ângulo de

aproximadamente 90º em relação à superfície da pele. Esta alteração torna-se

necessária para uma eventual gestação, mas favorece o aparecimento de fibro

edema gelóide. O tecido masculino normal, ao contrário do feminino, mantém as

fibras cruzadas e inclinadas num ângulo de aproximadamente 45º por toda a vida

(LEITE, 2003).

Ø Idade: As primeiras alterações do fibro edema gelóide apresentam-se muitas

vezes ainda durante a puberdade. Neste período, as alterações hormonais

elevam a taxa de estrogênios no sangue. Isto ativa não somente o ciclo

menstrual e a puberdade, mas também modifica a situação na região entre a


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pele e a hipoderme. O tecido conjuntivo torna-se espesso, permitindo que

moléculas gordurosas ali se depositem (ULRICH, 1982).

Ø Desequilíbrio hormonal: Os estrógenos e a progesterona induzem um tamanho

maior dos adipócitos e um número maior em certos locais. A testosterona faz

com que o tamanho e número dos adipócitos localizados nas regiões

trocantéricas sejam reduzidos. Os catecolestrógenos, considerados metabólitos

dos estrógenos, são produzidos com o extravasamento causado pela estase

circulatória. Estas substâncias competem com as catecolaminas que têm sua

taxa diminuída, ocasionando diminuição de glutation e cisteína. Esta redução

ocasiona uma série de alterações metabólicas, decisivas na etiologia da celulite,

pois a diminuição da taxa de glutation retarda o metabolismo celular, com

acúmulo de toxinas e metabólitos. Produz também um aumento da quantidade

de homocisteína que inibe a formação de pontes transversais entre o colágeno e

elastina, desestruturando o tecido conjuntivo. Por outro lado, ocorre uma redução

do metabolismo dos hormônios tireoideanos (na transformação de T4 em T3). A

diminuição de T3 provoca a diminuição da hialuronidase (que despolimeriza os

mucopolissacarídeos) com conseqüente aumento da viscosidade da substância

fundamental, com diminuição da difusão intercelular. A lipólise também se acha

diminuída pela redução do T3, produzindo um maior acúmulo de triglicérides intra

adipocitários (ROSSI, 2001).


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2.2.2.2 Fatores Determinantes

Estes fatores estabelecem que uma pessoa do sexo feminino, fumante, com

maus hábitos alimentares e ainda com um desequilíbrio hormonal, será alvo de fácil

acesso para as infiltrações teciduais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Ø Estresse: Segundo ZANI (1994), a ansiedade afeta as secreções hormonais,

interferindo no tecido gorduroso subcutâneo. Assim, pessoas agitadas,

sobrecarregadas de preocupações e problemas, têm maior propensão para

adquirir o fibro edema gelóide.

Ø Fumo: O uso, isolado ou concomitante, de café e fumo, favorece em grande

escala o aparecimento do fibro edema gelóide, ou o seu agravamento,

principalmente por alterações na microcirculação (ROSSI, 2001).

Ø Sedentarismo: A falta de exercício físico agrava tanto as alterações vasculares

quanto às das fibras; ambos os fatores concorrem para a deterioração do tecido

conjuntivo, que não consegue mais desempenhar a contento suas funções

(LEITE, 2003).

Ø Desequilíbrios glandulares e perturbações metabólicas do organismo em geral:

diabetes, hipotireoidismo e altas dosagens de cortisona determinam o

aparecimento do fibro edema gelóide (ROSSI, 2001).

Ø Maus hábitos alimentares: Uma dieta rica em gorduras e hidratos de carbono ou

mesmo o baixo consumo hídrico e excessivo consumo de sal agravam o quadro

microcirculatório com aumento da resistência capilar. Açúcares refinados,

alimentos gordurosos, chocolate e refrigerantes são alimentos que agravam o


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quadro metabólico. Recomenda-se ingesta hídrica em torno de 2 litros por dia

(ROSSI, 2001). O gás das bebidas, o gás carbônico – CO2, transforma-se,

quando dissolvido na água, em ácido carbônico. O excesso desta substância na

derme e hipoderme provoca a acidificação dos tecidos, cujo pH é normalmente

levemente alcalino. A alteração do pH provoca o endurecimento das fibras

protéicas (colágeno e elastina), que perdem sua capacidade de reter líquido,

com diminuição da elasticidade da pele e do tecido adiposo, além de induzir

alterações de permeabilidade e resistência dos capilares sanguíneos (LEITE,

2003).

Ø Patologias de base: As alterações renais e hepáticas, principalmente nos

quadros de insuficiência, concorrem para a piora do quadro, pela baixa

capacidade de filtração/eliminação das toxinas, além da perda (renal) ou falta de

produção (hepática) protéica, com diminuição da pressão oncótica e aumento do

transudato. Problemas circulatórios, insuficiência de retorno venoso e varizes

agravam o bloqueio da microcirculação, favorecendo também o extravasamento

de líquidos ao interstício, aumentando o edema, com conseqüente compressão

da microcirculação, agravando o quadro do fibro edema gelóide (ROSSI, 2001).

Ø Alterações posturais e ortopédicas: Hiperlordose lombar, anteversão pélvica,

joelhos valgos ou varos, são atribuídos, mas não confirmados, como

perturbações hemodinâmicas importantes, a ponto de serem fatores

condicionantes da etiologia do fibro edema gelóide. MARINO 1 (1985 apud

1
MARINO, M.I. Celulite e alterações posturais. Tema Livre apresentado no VII Congr. Bras. De
Fisioterapia, Belo Horizonte, MG, 1985.
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GUIRRO e GUIRRO, 2002), defende tal etiologia a partir da constatação de que

de 89 pacientes portadores de fibro edema gelóide, 85 deles (aproximadamente

95,5%) apresentavam hiperlordose lombar com anteversão pélvica. Salienta

ainda que a localização do fibro edema gelóide na região dos quadris, região

pélvica e porção superior da face externa da coxa é caracterizada pela presença

da hiperlordose lombar.

Ø Hábitos posturais e compressão interna: A posição preferencial durante o dia,

como o hábito de se sentar, pode, pela compressão das cadeias ganglionares da

região poplítea a inguino crural, agravar o quadro celulítico, pela resistência

oferecida à circulação de retorno veno-linfático, favorecendo a manutenção do

edema loco regional. A falta de orientação no uso do vestuário, com vestimentas

apertadas, causando compressão do plexo dérmico superficial por um longo

período, contribuem para a instalação de edema de toda a região comprimida,

com agravamento ou aparecimento do quadro. A gravidez atua como

componente mecânico dificultando o retorno venoso dos membros inferiores; o

aumento do estrogênio e progesterona concorre para diminuição da tonicidade

das paredes vasculares, favorecendo sua dilatação com conseqüente alteração

da permeabilidade vascular (ROSSI, 2001).

2.2.2.3 Fatores Condicionantes

A partir dos fatores acima citados criam-se perturbações hemodinâmicas locais,

que podem:
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Ø Aumentar a pressão capilar;

Ø Dificultar a reabsorção linfática;

Ø Favorecer a transudação linfática nos espaços intersticiais.

Estes fatores promovem alterações no tecido conjuntivo, e fazem com que ele se

torne mais hidrófilo. Assim sendo, o tecido passa a reter maior quantidade de água,

ocasionando um trânsito mais lento de líquidos na região, que associado a outros

fatores, principalmente hormonais, criam condições propicias à maior deposição de

gordura (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.2.4 As Teorias

2.2.2.4.1 Teoria Alérgica

LAGÉZE 2 (1929 apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), afirmou a natureza alérgica do

fibro edema gelóide, reconhecendo 3 etapas sucessivas:

Ø A primeira fase congestiva da invasão serosa, produzindo infiltração ainda

flácida, porém já dolorosa;

Ø A segunda fase de hiperplasia e formação fibrosa relacionada com uma

exsudação fibrinosa. É chamada de colagenização, com aspecto nodular,

aumentando de volume;

2
LAGÉZE, P. Sciatiques et Infiltrat Cellulalgiques. Thesis Méd, Lyon, 1929.
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Ø A terceira fase de retração esclerosa, atrófica e cicatricial, irreversível, sendo

nervos e vasos encerrados em uma massa comprimida.

No decorrer desses 3 estados, pode-se observar a inexistência de fenômenos

inflamatórios, invocando, então, a natureza alérgica do fibro edema gelóide, a partir do

exame de cortes que mostram um exsudato de origem vascular, resultando de um

fenômeno de vasodilatação acentuada de controle nervoso, igual aos observados nas

manifestações anafiláticas. O fibro edema gelóide seria uma série de edemas se

repetindo e deixando persistir uma certa porção de exsudatos sobre os quais viria a se

enxertar um novo surto.

2.2.2.4.2 Teoria Tóxica

Para LAROCHE3 (1941 apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), o fibro edema gelóide

deve ser considerado como uma reação do organismo às toxinas que o invadem, por

insuficiência hepática ou renal. O acúmulo de resíduos (ácido úrico, colesterol, ácido

lático) tende a provocar um aumento de volume nas células e uma reação o que

causaria o aparecimento do fibro edema gelóide; logo, este seria um estado reativo de

natureza defensiva contra uma intoxicação tornando-se um processo cicatricial.

3
LAROCHE, G. Sur queques erreurs graves par mecannaissance de la cellulite. Press Méd, 42 -521,
1941.
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2.2.2.4.3 Teoria Circulatória

MERLEN4 (1958 apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), reconheceu no fibro edema

gelóide uma origem hemodinâmica de natureza alérgica. Causas mais diversas têm

sido invocadas para explicar o déficit circulatório: restrições mecânicas externas, como

o uso de certos vestuários muito apertados, ou causas endógenas, como certas

modificações do estado físico-químico da substância fundamental conjuntiva, impedindo

a livre circulação dos líquidos intersticiais. A má circulação dos tecidos, causada por

uma estase devida à presença de varizes, favorece a formação do fibro edema gelóide,

pois a estagnação do sangue não permite uma boa nutrição.

2.2.2.4.4 Teoria Metabólica

DUVAL5 (1954, apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), menciona uma perturbação

nutritiva histológica de natureza metabólica e de caráter distrófico. Esse desvio

metabólico levaria a uma diminuição do anabolismo protéico e aumento do anabolismo

lipídico. Sugere-se que o fibro edema gelóide resulte de um acúmulo acima do normal

de gorduras, essencialmente por ácidos graxos saturados, às custas dos ácidos graxos

etilênicos.

4
MERLEN, J.F. La cellulite, entila clinique et mecanisme pathogenique. Concours Med., 80-2311,
1958.
5
DUVAL, A. R. Diagnostic et tratement de la cellulite. Sem. Med., 30:852, 1954.
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2.2.2.4.5 Teoria Bioquímica

Essa hipótese afirma que, quaisquer que sejam as causas, o fibro edema gelóide

resulta, em última instância, de uma perturbação da fisiologia molecular no íntimo da

matriz intercelular conjuntiva, e, muito especialmente, de uma polimerização dos

mucopolissacarídeos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; CIPORKIN, 1992).

2.2.2.4.6 Teoria Hormonal

O fibro edema gelóide foi, de início, considerado como resultante de uma

deficiência glandular e, depois, atribuído a um estado de hiperfunção hormonal. O

estrógeno é o principal hormônio envolvido e principal responsável pelo agravamento

do fibro edema gelóide. São evidências desse fato: a maior incidência em mulheres,

surgimento após a puberdade, ciclo menstrual, agravamento com a gestação, lactação

e estrogenioterapia, além de sua relação com outros hormônios que interagem no fibro

edema gelóide (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.3 IDENTIFICAÇÃO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE

Um interrogatório bem conduzido certamente será de valor inestimável, haja vista

a importante influência que os hábitos diários e antecedentes patológicos, psicológicos

e hereditários exercem sobre a instalação e evolução do fibro edema gelóide (ROSSI,

2001).
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Além disso, segundo PARIENTI (2001), a anamnese permite verificar

determinados pontos que irão orientar a estratégia terapêutica.

No exame físico, é importante a propedêutica de inspeção e palpação. A

inspeção deve ser efetuada com a paciente na posição ortostática. A posição de

decúbito não é adequada, uma vez que a acomodação dos tecidos, decorrente da ação

da gravidade, pode mascarar o grau de acometimento dos tecidos. Além das alterações

de relevo inspecionam-se alterações associadas como: coloração tecidual,

telangectasias, varizes, equimoses, estrias, hiperceratose folicular, tonicidade muscular

e alterações posturais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), o primeiro teste para reconhecer o fibro

edema gelóide consiste no “teste da casca de laranja”, onde pressiona-se o tecido

adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmas das mãos, e a pele se

parecerá com uma casca de laranja, com aparência rugosa. O outro teste é

denominado de “teste da preensão” (pinch test). Após a preensão da pele juntamente

com a tela subcutânea entre os dedos, promove-se um movimento de tração. Se a

sensação dolorosa for mais incômoda do que o normal, este também é um sinal do fibro

edema gelóide, onde já se encontra alteração da sensibilidade.

As quatro evidências clínicas encontradas na palpação do fibro edema gelóide,

classicamente conhecidas como “tétrade de Ricoux” são:

Ø Aumento da espessura do tecido celular subcutâneo;

Ø Maior consistência tecidual;

Ø Maior sensibilidade àdor;

Ø Diminuição da mobilidade por aderência aos planos mais profundos.


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2.2.4 EXAMES COMPLEMENTARES

O diagnóstico paraclínico torna-se necessário para avaliar a importância das

infiltrações celulíticas, acompanhar a evolução desses acometimentos sob tratamento,

e objetivar a existência de enfermidades (afecções vasculares, tireoideanas, etc.) as

quais será preciso igualmente tratar em paralelo (PARIENTI, 2001).

O diagnóstico clínico de fibro edema gelóide baseado em uma anamnese

adequada, associada à aplicação de testes clínicos, pode ser ampliado por meio de

exames complementares: termografia cutânea, xerografia, ecografia bidimensional e

exames anátomo-patológicos (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.4.1 Termografia

Trata-se de um método que mede a emissão infravermelha da superfície

cutânea. O método utiliza placas flexíveis, compostas de cristais termossensíveis de

colesterol, cuja função é avaliar e classificar o fibro edema gelóide de acordo com a

temperatura cutânea superficial, diretamente relacionada com alterações circulatórias

ocasionadas pelo distúrbio. Após o contato placa-pele por alguns segundos, surge um

“mapa” de cores, indicando diferença de temperaturas em áreas localizadas da

superfície cutânea. Imagem com coloração verde ou rosada significa menor

envolvimento circulatório da área, que clinicamente corresponderia ao grau I ou

ausência de fibro edema gelóide. Já zonas que indicam hipotermia, que no exame

aparecem como zonas escuras (“buracos negros” ou “pele de leopardo”), indicam um


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grau mais avançado. Embora o exame seja inócuo, como método de avaliação único

não é seguro, pois fatores externos e internos podem alterar significativamente o

resultado do exame, como por exemplo: exposição solar, febre, tabagismo, época do

ciclo menstrual, temperatura e umidade da sala de exames (GUIRRO e GUIRRO, 2002;

PARIENTI, 2001).

2.2.4.2 Xerografia

O método consiste na radiação da pele com raios X. A passagem de radiação

por tecidos com diferentes espessuras, permite a formação de imagens (de cor azul, em

diversas tonalidades) que evidenciam a diversidade de espessuras dos tecidos

conjuntivos e musculares. Trata-se de um exame não inócuo que deve ser prescrito

apenas por médicos; além disso, não permite uma avaliação de alterações

microcirculatórias (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.4.3 Ecografia Bidimensional

Avalia a textura dos tecidos conjuntivos, bem como suas espessuras, sendo

possível a observação da ocorrência de edemas nestas regiões. Utilizando-se o método

associado ao efeito “Doppler”, pode-se avaliar também a circulação local (GUIRRO e

GUIRRO, 2002).
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2.2.4.4 Exame Anátomo-Patológico

Tem o inconveniente de ser um método invasivo. O exame pode ser realizado

através de biópsias com “punches” de 4 mm de diâmetro. As colorações aplicadas

podem ser, por exemplo, fucsina resorcina e fucsina ácida (Weigert – Van Gieson),

sendo demonstrativa de fibras elásticas, colágenas e musculares lisas, dentre outras

colorações (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.4.5 Impedância Bioelétrica

Mede a resistência à passagem de uma corrente elétrica através do corpo.

Impedância é menor em tecidos magros onde os eletrólitos e a água são bons

condutores de eletricidade, e maior na gordura que tem um conteúdo de água

diminuído. É proporcional ao volume total de água corporal. A fração de hidratação do

tecido magro permite calcular a massa magra; a diferença é a gordura corporal total. O

erro é de 0,3 a 5% (NETO et al., 2003).

2.2.5 ESTÁGIOS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE

A classificação do fibro edema gelóide pode ser dividida em três ou quatro graus,

de acordo com o aspecto clínico e histopatológico. Entretanto, a classificação em

apenas três graus, a qual apresenta as alterações clínicas mais marcantes, é a


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classificação mais condizente com a anamnese de rotina nos consultórios (GUIRRO e

GUIRRO, 2002).

Segundo ULRICH (1982), as lesões teciduais surgem em três estágios, sendo

esta classificação fundamentada na avaliação clínica, não fazendo menção às

alterações histopatológicas. São consideradas as alterações cutâneas macroscópicas e

a sensibilidade à dor, bem como o prognóstico.

2.2.5.1 Fibro Edema Gelóide Brando (Grau 1)

Somente é percebido pela compressão do tecido entre os dedos ou da contração

muscular voluntária. Nesta fase, não há alteração da sensibilidade à dor e, quanto ao

prognóstico, é sempre curável (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.5.2 Fibro Edema Gelóide Moderado (Grau 2)

As depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos, sujeitas,

portanto, a ficarem mais aparentes mediante a compressão dos mesmos. Já apresenta

alteração da sensibilidade, e é freqüentemente curável (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.5.3 Fibro Edema Gelóide Grave (Grau 3)

O acometimento tecidual pode ser observado tanto em posição ortostática como

em decúbito. A pele fica enrugada e flácida. A aparência assemelha-se a um “saco de


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nozes”. A sensibilidade à dor está aumentada e as fibras do conjuntivo estão quase

totalmente danificadas. Nesta fase, o fibro edema gelóide é considerado como

incurável, ainda que passível de melhora (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Os estágios do fibro edema gelóide não são totalmente delimitados, podendo

ocorrer uma sobreposição de graus em uma mesma área de uma mesma paciente

(GUIRRO e GUIRRO, 2002).

No que se refere a anatomia patológica do fibro edema gelóide, LAGÉZE2 (1929

apud GUIRRO e GUIRRO, 2002) a descreveu e a subdividiu em quatro fases. Foi o

primeiro a ter descrito tal anatomia, complementando os achados histológicos

apresentados por outros autores. As fases são:

Ø Primeira Fase: Não é percebida pelos pacientes; é uma fase breve, puramente

circulatória, que comporta essencialmente uma estase venosa e linfática. Disso

sofrem as estruturas do tecido, seguindo-se uma outra fase.

Ø Segunda Fase: Considerada como a fase exsudativa, nela a dilatação

arteriocapilar provocada pela estase acentua-se, sendo o tecido celular invadido

por um composto de mucopolissacarídeos e eletrólitos. Tal exsudato dissocia as

fibras conjuntivas e altera as terminações nervosas da região.

Ø Terceira Fase: É a fase dos nódulos propriamente ditos. Aparecem os

fibroblastos, formando um arcabouço fibroso, que progressivamente vai se

transformando em colágeno.

2
LAGÉZE, P. Sciatiques et Infiltrat Cellulalgiques. Thesis Méd, Lyon, 1929.
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Ø Quarta Fase: Com fibrose cicatricial, atrófica e irreversível. Há retração

esclerótica. As arteríolas são atingidas, ocorrendo uma endoarterite e uma

periarterite, sendo os nervos comprimidos pelo conjunto de fibroses.

2.2.6 FORMAS CLÍNICAS DO FIBRO EDEMA GELÓIDE

Segundo classificação feita por LEONARD 6 (1970 apud GUIRRO e GUIRRO,

2002) distinguem-se três tipos de fibro edema gelóide, sendo que pode-se entender

essas alterações teciduais como decorrência da tonicidade muscular associada ao

problema.

2.2.6.1 Fibro Edema Gelóide Consistente (Duro)

A pele está tensa e apresenta característica granulosa sub dérmica. A derme

está espessada e aderente aos planos profundos, oferecendo resistência a sua

mobilização. Sua incidência é maior em pessoas jovens e traduz estágios iniciais da

patologia (ROSSI, 2001).

As zonas atingidas conservam geralmente uma conformação bastante regular e

uniforme. Nesta forma, não são comuns as grandes deformações. Com uma

regularidade quase constante percebem-se varicosidades, equimoses e extremidades

frias. A pele fica cada vez mais seca, rugosa, e apesar do espessamento cutâneo

6
LEONARD, G.J. A celulite – causas e tratamentos. Publ. Europa-América, 1970.
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verificamos que a epiderme é de uma textura muito fina e delicada, podendo apresentar

estrias. Essa forma aparente do distúrbio é normalmente encontrada em indivíduos que

praticam atividade física constantemente, apresentando inclusive a musculatura bem

definida (GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI, 2001).

2.2.6.2 Fibro Edema Gelóide Brando ou Difuso (Flácido)

É a forma mais importante, tanto em número quanto nas manifestações

aparentes. Pode apresentar-se em grandes ou pequenas proporções, em indivíduos

com hipotonia muscular. Nestes casos, encontram-se os tecidos superficiais sem a

menor consistência, com as regiões atingidas manifestando uma deformação total,

tornando-se difícil encontrar os contornos da área afetada. Com o movimento, nota-se

uma oscilação dos tecidos superficiais. Na maioria das vezes é encontrado nos

indivíduos que obtiveram perda de peso sem a associação da atividade física. Nos

casos de indivíduos com peso normal ou abaixo, essa forma de fibro edema gelóide

normalmente pode ser encontrada naqueles que são sedentários, os quais apresentam

a massa muscular pouco desenvolvida (GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI, 2001).

2.2.6.3 Fibro Edema Gelóide Edematoso

Apresenta um aspecto exterior de um edema tecidual puro e simples, e a

consistência da pele é pastosa. Encontra-se quase que exclusivamente nos membros

inferiores. Apresenta consistência variável, às vezes muito firmes ou por vezes flácidas,
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situando-se quase sempre num grau médio entre esses dois extremos. Encontramos a

forma edematosa do fibro edema gelóide em qualquer faixa de idade ou de peso. Há

sinais e sintomas que destacam o comprometimento circulatório, como insuficiência de

retorno veno-linfático, varizes, telangectasias, fragilidade capilar, equimoses, prurido

local, sensação de pernas cansadas e fadiga muscular (GUIRRO e GUIRRO, 2002;

ROSSI, 2001).

2.2.7 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS

O fibro edema gelóide é um distúrbio de etiologia multifatorial; sendo assim, os

melhores resultados são obtidos com procedimentos variados e complementares entre

si, sendo ainda muito importante a orientação da paciente para uma manutenção e/ou

complementação doméstica (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Para isso, o tratamento envolve diversos profissionais, que dispõem de uma

gama de tratamentos e recursos que, quando perfeitamente integrados, proporcionam

bons resultados. Porém vale salientar que os melhores resultados serão obtidos quando

o corpo for submetido a um tratamento que recupere a saúde e não que vise somente a

eliminação do fibro edema gelóide. Sendo assim, a Fisioterapia Dermato Funcional

dispõe de diversas técnicas que possuem finalidades positivas no tratamento do fibro

edema gelóide (GUIRRO e GUIRRO, 2002; FRANCISCHELLI, 2003).


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2.2.7.1 Prevenção

Segundo ROSSI (2001) existem algumas medidas úteis na prevenção do fibro

edema gelóide:

Ø Quando há edema associado, torna-se importante a redução de sódio e hidratos

de carbono, para se diminuir a retenção hídrica intersticial;

Ø Como o silício participa ativamente da síntese de colágeno, é interessante um

aumento no fornecimento de fibras, ricas em silício;

Ø Em caso de sobrepeso, o balanço calórico deverá ser negativo, com diminuição

da ingesta associada preferentemente com o aumento do gasto calórico;

Ø O vestuário não deverá ser constritivo, para não permitir a compressão da rede

linfática superficial e venosa;

Ø A posição preferencial durante o dia deverá ser corrigida, evitando-se a

compressão de linfáticos do cavo poplíteo e inguino-crural, presente em pessoas

que trabalham sentadas;

Ø A atividade física deve ser estimulada;

Ø Os hábitos tóxicos devem ser abandonados ou reduzidos, principalmente o

fumo;

Ø Técnicas de relaxamento devem ser introduzidas, visando diminuir o estresse

diário.
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2.2.7.2 Tratamento Cirúrgico

Subcisão é uma técnica que consiste na introdução de uma agulha, com ponta

cortante, por baixo do furinho da celulite, para cortar as fibras que repuxam a pele,

desfazendo os nódulos. Além de liberar a pele, o hematoma decorrente do trauma leva

à formação de tecido colágeno na região, que também ajuda a elevar a pele. É

necessária a anestesia local. O procedimento só pode ser realizado por médicos

habilitados, e está indicado nos estágios mais avançados da celulite (ALVES, 2003).

A qualidade da pele e principalmente a capacidade de retração cutânea da

paciente, continuam sendo os critérios essenciais para a indicação operatória. O uso de

uma meia elástica durante 24 horas durante 6 semanas é imprescindível após a

intervenção. Os resultados serão visíveis dois meses após a intervenção, mas será

preciso aguardar 6 meses para obter uma cicatrização definitiva (PARIENTI, 2001).

A fisioterapia precoce diminui sobremaneira o risco de complicações, fazendo

uso da drenagem linfática, gelo, ultra-som e laser (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.7.3 Terapia Medicamentosa

2.2.7.3.1 Mesoterapia

A mesoterapia visa utilizar a derme como receptora e difusora de pequenas

quantidades de medicamentos. Neste grupo incluem-se anestésicos, corticosteróides,


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antibióticos, e outras substâncias utilizadas no tratamento do fibro edema gelóide. A

técnica tem origem francesa (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Esse método consiste em efetuar múltiplas injeções intradérmicas de uma

mistura de diferentes substâncias farmacológicas. Essa mistura é composta de

enzimas, vasodilatadores e de substâncias que auxiliam o metabolismo do tecido

conjuntivo. O composto é injetado com aplicador tipo pistola, o qual porta uma agulha,

geralmente de 4mm, ou simplesmente se efetua a penetração através de pressão. Os

medicamentos vasoativos injetados, potencialmente eficazes, permitem tratar as

enfermidades arteriais, mas principalmente venosas e linfáticas (GUIRRO e GUIRRO,

2002; PARIENTI, 2001).

Faz-se cerca de dez injeções na zona celulítica. Em cada ponto injeta-se 0,05 a

1ml da mistura medicamentosa escolhida. Os seguintes medicamentos podem ser

utilizados: procaína 2%, esberiven, fonzylane. Realiza-se uma sessão por semana

durante 3 semanas e, em seguida, a cada 15 dias durante 2 meses. Posteriormente é

realizada uma sessão por mês durante 6 meses e, finalmente, a cada 2-3 meses como

tratamento de manutenção (PARIENTI, 2001).

A mesoterapia tem como objetivo difundir lentamente esses produtos em

pequenas quantidades, em determinadas regiões do organismo que apresentem sinais

e sintomas de funções anormais (GUIRRO e GUIRRO, 2002).


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2.2.7.3.2 Ativos Farmacológicos

Os ativos farmacológicos utilizados na terapêutica do fibro edema gelóide atuam

no tecido conjuntivo ou na microcirculação, podendo ser utilizados por via tópica,

sistêmica ou transdérmica. Dentre os princípios ativos atuantes na microcirculação

encontram-se os extratos vegetais de hera e castanha-da-índia, ricos em saponinas,

além de ginkgo biloba e rutina, que contêm bioflavonóides. Estes agem diminuindo a

hiperpermeabilidade capilar e aumentando o tônus venoso. Estudos experimentais

demonstraram que o extrato de ginkgo biloba tem ação antiedematosa, melhorando o

retorno venoso e a circulação arterial (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Os princípios ativos conhecidos aos quais são atribuídos efeitos sobre o tecido

adiposo são as metilxantinas (teobromina, teofilina, aminofilina, cafeína, etc.). Os efeitos

sistêmicos da cafeína quando utilizada por via tópica foram testados e revelam que as

taxas séricas obtidas após uso criterioso de um gel hidroalcoólico a 5% foram inferiores

às obtidas após ingestão de uma xícara de café. Dentre os ativos utilizados com ação

no tecido conjuntivo, destacam-se o silício e a Centella asiática. O silício é um elemento

estrutural do tecido conjuntivo, regulador e normalizador do metabolismo e da divisão

celular. Na microcirculação, modifica favoravelmente a permeabilidade capilar venosa e

linfática (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Um estudo duplo-cego efetuado por HACHEM e BOURGOIN 7 (1979 apud

GUIRRO e GUIRRO, 2002) em 35 mulheres afetadas por fibro edema gelóide, com uso

7
HACHEM, A.;BOURGOIN, J. Etude anatomo clinique des effects de I extrait trite de centella
asiatica dans la lipodystrophie localisee. Publi. Therap., supl.AU-2, março, 1979.
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oral de extrato de Centella asiática e placebo. Para evidenciar os resultados, foram

executadas biópsias antes e após o tratamento, da região deltóidea e trocantérica. Na

análise histológica evidenciaram a ação da Centella asiática sobre a fibrose paniculada,

podendo explicar assim sua ação sobre o fibro edema gelóide.

2.2.7.3.3 Enzimas de Difusão

As enzimas utilizadas para o tratamento do fibro edema gelóide tratam-se de

mucopolissacaridases e de hialuronidases com ação despolimerizante. As enzimas

podem ser encontradas na forma de comprimidos, supositórios, injetáveis e cremes. A

hialuronidase é uma das enzimas presentes no interstício, sendo encarregada de

manter o equilíbrio hídrico, com a finalidade de assegurar uma absorção normal da

substância fundamental amorfa através de todo o tecido conjuntivo. Despolimerizando o

ácido hialurônico, a hialuronidase reduz a viscosidade do meio intercelular, tornando o

tecido mais permeável à dispersão de outras substâncias e promovendo a reabsorção

do excesso de fluidos, mobilizando edemas e infiltrados no tecido conjuntivo (GUIRRO

e GUIRRO, 2002).

As técnicas de administração de princípios ativos utilizados pela fisioterapia são:

corrente contínua (ionização) e ultra-som (fonoforese). Deve-se evidenciar a não

recomendação dos tratamentos que associam as enzimas ao ultra-som, pois estudos

apontam o efeito deletério que esse recurso físico promove sobre as mesmas (GUIRRO

e GUIRRO, 2002).
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2.2.7.4 Terapia Física

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) o sedentarismo pode contribuir para o

agravamento do fibro edema gelóide através dos seguintes mecanismos:

Ø Diminuição da massa muscular, com aumento da massa gordurosa;

Ø Aumento da flacidez músculo-tendínea;

Ø Diminuição do mecanismo de bombeamento muscular dos membros inferiores,

dificultando o retorno venoso e linfático.

Isto pode favorecer o aparecimento de acúmulos de gordura, nódulos e placas

celulíticas, notadamente na região abdominal, face medial e trocantérica das coxas e

região glútea. O tecido afetado pelo fibro edema gelóide é mal-oxigenado e mal nutrido,

pelo fato da circulação sanguínea e linfática ser deficiente. A atividade física, portanto,

deve ser estimulada, no sentido de se promover uma boa circulação arterial e redução

da estase venosa, além de melhorar a função cardiorrespiratória, o tônus muscular,

aumentar o fluxo linfático e o metabolismo, e prover maior aporte nutricional aos tecidos

comprometidos (GUIRRO e GUIRRO, 2002; ROSSI, 2001).

Exercícios regulares melhoram a circulação, ajudam a queimar a gordura e a

tonificar os músculos. Os exercícios aeróbicos de longa duração e de intensidade

moderada são os mais indicados para o tratamento do fibro edema gelóide (ZANI,

1994).

As atividades físicas como caminhadas, corridas, bicicleta, natação e ginástica

aeróbica, são atividades que necessitam de energia para a contração muscular e esta é

ofertada através da degradação das gorduras e açúcares presentes no organismo. As


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gorduras fornecem mais energia que os açúcares, porém sua degradação é mais

demorada, ao contrário dos açúcares que são os primeiros a serem requisitados. Para

que as gorduras possam entrar como fornecedoras de energia os exercícios devem ser

realizados por um intervalo de tempo maior, acima de 20 minutos (FERNANDES, 2003).

Geralmente o fibro edema gelóide manifesta-se de forma localizada, daí a

importância dos exercícios localizados, visando desenvolver a musculatura local,

aumentando o seu tônus. Dentre os exercícios localizados, os exercícios resistidos são

de grande importância para o desenvolvimento da força muscular. Além do exercício

localizado, grande importância deve ser dada aos exercícios respiratórios e de

relaxamento, pois estes melhoram a oxigenação e promovem a diminuição do estresse

físico e mental (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

A força muscular pode também ser alterada quando o tecido mole se encurta

devido à adaptação que ocorre com o tempo. À medida que o músculo se encurta, ele

não é mais capaz de produzir o pico de tensão e desenvolve-se uma fraqueza com

retração. A perda da flexibilidade, pode também causar dor (GUIRRO e GUIRRO,

2002).

2.2.7.5 Eletroterapia

2.2.7.5.1 Corrente Galvânica

É utilizada na sua forma pura (galvanização) ou em associação a drogas

despolimerizantes (iontoforese). No caso da corrente galvânica pura os efeitos podem


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promover um incremento na nutrição do tecido afetado conseqüente ao aumento da

circulação local, que ocorre principalmente no nível do pólo negativo, que é mais

estimulante (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

A iontoforese consiste em fazer penetrar no organismo substâncias

medicamentosas ionizáveis através do revestimento cutâneo por meio de uma corrente

elétrica unidirecional que possui propriedades polares iontoforéticas (PARIENTI, 2001;

ROSSI, 2001).

Segundo PARIENTI (2001), os primeiros resultados aparecem em geral por volta

da 6a ou 7a sessão de ionização. A duração é em média de 20 minutos. O número de

sessões é de 20, podendo-se realizar novas sessões após um descanso de 1 mês.

Existe uma série de ativos utilizados em eletroterapia, obtidos de derivados

vegetais (alcachofra, hera, gingko biloba), minerais (silício, argila verde), tieroideanos

(triiodotiroacetato), enzimas proteolíticas (tiomucase), que quebram as longas cadeias

de mucopolissacarídeos em cadeias menores. Os princípios ativos devem permitir o

aumento do catabolismo lipídico, maior eliminação de água retida no interstício,

promover a despolimerização dos mucopolissacarídeos e incrementar a microcirculação

cutânea (ROSSI, 2001).

2.2.7.5.2 Correntes Diadinâmicas

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002) as correntes diadinâmicas que podem ser

utilizadas no tratamento do fibro edema gelóide são:


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Ø A corrente difásica (DF): proporcionando analgesia temporária, pois eleva o

limiar de excitação das fibras nervosas sensitivas, além de promover melhora

dos transtornos circulatórios;

Ø A corrente monofásica (MF): possui uma predileção no sentido de atenuar a

tonicidade vascular simpática e estimular o metabolismo do tecido conjuntivo;

Ø A corrente curtos períodos (CP): indicada para situações que necessitem de

aumento de circulação local ou segmentar;

Ø A corrente ritmo sincopado (RS): provoca contrações rítmicas das fibras

musculares, melhorando a hipotonia muscular associada, porém, é

extremamente desagradável.

2.2.7.5.3 Correntes Excitomotoras

A estimulação elétrica neuromuscular (NMES) é um importante complemento no

tratamento do fibro edema gelóide. O objetivo desta modalidade terapêutica é propiciar

o fortalecimento e/ou hipertrofia muscular, bem como o aumento da circulação

sanguínea e linfática, melhorando assim o trofismo dos tecidos. Um ponto importante a

ser observado é a sensibilidade do paciente, pois quanto mais agradável for, maior

intensidade o paciente suportará, maior a profundidade do campo elétrico e,

conseqüentemente, maior o número de unidades motoras recrutadas (GUIRRO e

GUIRRO, 2002).
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Geralmente os equipamentos dispõem de 6 eletrodos positivos e 6 eletrodos

negativos, distribuídos portanto em 6 canais, podendo ser trabalhados 6 grupos

musculares (ROSSI, 2001).

Os pontos motores são as áreas ótimas para a estimulação elétrica dos

músculos esqueléticos, os quais estão localizados na área onde o nervo penetra no

epimísio. Os limiares, sensitivo e motor, serão menores nestes pontos. Quando não se

tem o conhecimento da localização dos pontos motores, recomenda-se a aplicação da

técnica mioenergética, que consiste da localização de dois eletrodos do tipo placa sobre

cada extremo do ventre muscular a ser estimulado, de modo que a corrente atravesse o

músculo em todo o seu comprimento (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Trabalhando-se com correntes de baixa freqüência (até 300Hz), em torno de 0,5

a 60 Hz, poderemos ter uma boa contração muscular, em sessões com duração de 15-

20 minutos, com um ritmo semanal de 2 a 3 vezes. O número de sessões está

compreendido entre 15 e 30. Os resultados esperados e obtidos além de 10 sessões

são representados por uma tonificação seletiva dos músculos, redução dos depósitos

adiposos, aumento da circulação e aumento do metabolismo (ROSSI, 2001).

2.2.7.5.4 Eletrolipoforese

Trata-se de um procedimento que consiste em veicular ondas elétricas de

intensidade e de freqüência definidas. Vários pares de agulhas finas (0,3mm) e longas

(5 a 15cm), desempenhando o papel de eletrodos, são ligadas a correntes de baixa


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intensidade, criando um campo elétrico entre elas (GUIRRO e GUIRRO, 2002;

PARIENTI, 2001).

A intensidade da corrente utilizada varia de 5 a 40 mA e a freqüência é escolhida

entre 5 e 500 Hz. A duração da sessão é de 50 minutos, sendo realizada uma vez por

semana. O número de sessões varia de 3 a 6, sendo que a implantação das agulhas

pode ser alterada a cada sessão de acordo com a localização dos enchimentos

celulíticos (PARIENTI, 2001).

Atribui-se ao tratamento uma modificação do meio intersticial, que favorece

trocas metabólicas, e ainda lipólise. Como o processo é considerado invasivo, é

considerado de uso médico (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.7.6 Endermologia

A endermologia é uma técnica terapêutica, que utiliza-se de um aparelho que

permite uma dupla ação sinérgica de aspiração e mobilização dérmica, onde é utilizada

a pressão negativa na sucção, associada ao rolamento (manobra do “palper-rouler”)

exercido pelos rolos presentes no cabeçote. O cabeçote faz a função de “apalpar-sugar-

rolar”, logo é formado por uma câmara de aspiração onde o estancamento é garantido

por válvulas laterais e longitudinais. A pele é aspirada pela depressão de ar criada entre

os dois roletes motorizados que deslizam sobre a pele, e o espaço entre eles é

determinado pela espessura da dobra cutânea. Esta técnica permite a redução do fibro

edema gelóide bem como uma melhor condição da pele (LOPES, 2003).
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Segundo LOPES (2003), antes da sessão de tratamento com a endermologia a

paciente poderá vestir-se com uma malha finíssima em tecido sintético antialérgico, que

terá como função ser uma segunda pele, além de garantir maior higiene ao tratamento,

atenuar eventual desconforto provocado pela aspiração e pinçamento da prega cutânea

pelo cabeçote, e facilitar as manobras e o deslizamento dos roletes em todas as regiões

do corpo.

As funções do tratamento com a endermologia no fibro edema gelóide consistem

em melhorar a maleabilidade do tecido, com ação inclusive nas etapas mais avançadas

do distúrbio, suavizando o aspecto acolchoado da pele. Logo, a endermologia estimula

a dissolução dos nódulos e libera as aderências teciduais, bem como favorece na

diminuição dos transtornos circulatórios. A endermologia visa, através de ação

puramente mecânica, reverter o processo patológico do fibro edema gelóide instalado

no tecido conjuntivo hipodérmico (SILVA, 2002).

Além disso, pode-se citar como ações resultantes do tratamento com

endermologia a ação lipolítica (pela ação mecânica), drenagem linfática e eliminação

dos resíduos metabólicos (através da ação de hipervascularização associada ao

desfibrosamento do tecido conjuntivo, garantindo uma melhor circulação dos fluidos),

tonificação da pele (pelo estímulo gerado no fibroblasto associado ao

descongestionamento dos tecidos) e desestresse muscular (por diminuir as tensões e

otimizar as trocas tissulares) (LOPES, 2003).


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2.2.7.7 Laser

É possível relacionar os efeitos da radiação laser no tratamento do fibro edema

gelóide, dando ênfase às ações antiedematosa e fibrinolítica. As respostas decorrentes

dos efeitos secundários são: vasodilatação no nível da microcirculação, ação da

histamina sobre os esfíncteres capilares, regeneração de fibras nervosas, neoformação

de vasos sanguíneos e regeneração dos linfáticos. Contudo, para se conhecer a

verdadeira ação do laser sobre o fibro edema gelóide há necessidade de estudos mais

acurados. É sabido que a irradiação com energias próximas de 3 J/cm² exercem uma

ação antiinflamatória, antálgica e circulatória, sendo que quantidades de energias

maiores, próximas de 6 J/cm² são indicadas para processos de regeneração tecidual

(GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.2.7.8 Drenagem Linfática

É de grande valia no tratamento do fibro edema gelóide, diante do quadro de

estase sanguínea e linfática. A técnica consiste em captar o líquido intersticial

excedente que originou o edema e evacuá-lo em direção aos corredores de reserva

ganglionares, mantendo, dessa forma, o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais.

(GUIRRO e GUIRRO, 2002; PARIENTI, 2001; LEDUC e LEDUC, 2000).

A drenagem linfática manual da região glútea começa no nível dos gânglios

inguinais, estando a paciente em decúbito ventral. Em seguida, os círculos com os

polegares drenam as faces externas das nádegas. Deve-se levar em conta o fato de
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que os dois terços externos da nádega são drenados pela via externa em direção aos

gânglios inguinais, ao passo que o terço interno é drenado pela via interna em direção

ao grupo ganglionar inguinal súpero-interno. Então, os círculos com os polegares ou

com as falanges distais dos dedos forçam a linfa do terço interno da nádega em direção

à sua face interna e à raiz da coxa. As manobras de demanda são seguidas por

manobras de pressão. A drenagem linfática manual da região glútea termina com a

drenagem dos grupos superiores dos gânglios inguinais (LEDUC e LEDUC, 2000).

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), a massagem não representa mais que um

coadjuvante no tratamento do fibro edema gelóide, não devendo ser utilizada como

recurso terapêutico único e completo, devido à etiologia multifatorial. A massagem

promove analgesia, incremento na circulação sanguínea e linfática, auxilia na

penetração de produtos com princípios ativos específicos, e aumenta a maleabilidade

tecidual.

2.2.7.9 Ultra-som

O uso do ultra-som no tratamento do fibro edema gelóide está vinculado à sua

capacidade de fonoforese, além de promover neovascularização com conseqüente

aumento da circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas, e

melhora das propriedades mecânicas do tecido (GUIRRO e GUIRRO, 2002).


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2.3 ULTRA-SOM

Foi no final da década de 40 e início da década de 50 que se conseguiu, com

sucesso, a primeira aplicação do ultra-som em medicina, sendo que a partir de então

sua evolução progrediu rapidamente. Atualmente, a energia ultra-sônica está entre as

mais utilizadas pelos profissionais fisioterapeutas, para o tratamento das mais diversas

lesões do sistema músculo-esquelético. Além disso, o ultra-som é muito utilizado no

tratamento do fibro edema gelóide, embora as bases fisiológicas de seus efeitos sejam

ainda bastante desconhecidas (GUIRRO et al., 1996b; LONGO, 2001; ROBERTSON e

BAKER, 2001).

O ultra-som foi originalmente produzido através de um cristal de quartzo vibrante

quando submetido a uma corrente de alta freqüência, sendo descoberto por Langevin

em 1917. Hoje, são utilizados cristais cerâmicos sintéticos. A liga entre chumbo,

zircônio e titânio é um excelente sintético pela sua durabilidade e eficiência em

converter corrente elétrica em vibrações mecânicas. A vibração aciona as partículas do

meio, produzindo ondas por compressão e descompressão. O cristal contrai sob a

influência de uma corrente elétrica em uma determinada direção e expande-se quando

a corrente elétrica for revertida. Quando a corrente for desligada o cristal retorna a sua

forma original (FUIRINI e LONGO, 1996).


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2.3.1 GERAÇÃO DA ONDA ULTRA-SÔNICA

O equipamento de ultra-som terapêutico consiste de um gerador de corrente

elétrica de alta freqüência, conectado a uma cerâmica piezoelétrica sintética (titanato

zirconato de chumbo – PZT), a qual se deforma na presença de um campo elétrico. Os

transdutores ultra-sônicos convertem a energia elétrica em energia mecânica e vice-

versa (GUIRRO e GUIRRO, 2002; GUIRRO et al., 1997).

O efeito piezoelétrico foi descoberto por Pierri e Jacques Curie, em 1880, e

consiste na formação de cargas elétricas na superfície de certos materiais sujeitos a

pressões mecânicas. Ao se colocar um material piezoelétrico num campo elétrico, as

cargas da rede cristalina interagem com o mesmo e produzem tensões mecânicas,

fenômeno conhecido como efeito piezoelétrico inverso (GUIRRO et al., 1996b).

As ondas ultra-sônicas são ondas longitudinais e provocam oscilações nas

partículas do meio onde se propagam. Possuem freqüências que variam de 20.000 a

20.000.000 de ciclos por segundos (ciclos/s), as quais são mais altas que a faixa de

audição humana, que varia de 20 a 20.000 ciclos/s. A freqüência para diagnóstico de

imagem varia de 5 a 20 Mega Hertz (MHz) e para terapia de 0,7 a 3 MHz (FUIRINI e

LONGO, 1996).

GUIRRO et al. (1996a), relatam que neste recurso a intensidade pode variar de

0,1 a 3,0 Watts/cm² na maioria dos aparelhos. E também destacam que para a

obtenção de um efeito terapêutico satisfatório o aparelho de ultra-som terapêutico deve

estar devidamente calibrado, procedimento este que visa garantir a intensidade de

saída a mais próxima possível da intensidade selecionada no painel do aparelho.


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Os sons e os ultra-sons são vibrações elásticas, com amplitude e comprimento

de onda determinados, capazes de se propagar através de gases, líquidos e sólidos,

embora com velocidades diversas, em relação a cada meio, e portanto, com

comprimentos de ondas também diferentes (GUIRRO et al., 1996b).

2.3.2 TIPOS DE ONDAS

Podem ser produzidos três tipos de ondas: as longitudinais, as transversais e as

estacionárias. A longitudinal ou compressional é a onda mais comum, as partículas se

deslocam paralelamente à direção do som. A alternância de pressão alta e baixa

exercida pelo feixe de ultra-som resulta em regiões de compressão (elevada densidade

de partícula) e de rarefação (baixa densidade de partícula) ao longo do caminho da

onda. Ondas longitudinais são transportadas em meios líquidos não viscosos. Na

transversal ou de cisalhamento, as partículas se deslocam perpendicularmente à

direção da onda sonora. Ondas transversais são formas comuns de propagação de

ondas em meios sólidos. As ondas estacionárias poderão ocorrer se parte das ondas

forem refletidas por uma interface entre meios com impedâncias acústicas diferentes,

como, por exemplo, osso e músculo. Ondas estacionárias poderão ser produzidas se a

onda que incide na interface e a onda refletida na interface se tornarem superpostas a

tal ponto que seus picos de intensidade se somem (LOW e REED, 2001; YOUNG,

1998; FUIRINI e LONGO, 1996).


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As ondas estacionárias ocorrem, na prática, principalmente pela utilização

estática prolongada do aplicador ultra-sônico em um dado ponto e numa intensidade

elevada (GUIRRO et al., 1996b).

Nos equipamentos de ultra-som terapêutico somente a onda longitudinal é

utilizada, uma vez que os tecidos moles do corpo humano podem ser considerados

como um fluído, e as ondas de polarização transversal propagam-se somente em meios

sólidos (GUIRRO et al., 1996b).

2.3.3 MODOS DE PROPAGAÇÃO

Há dois regimes de pulso comumente empregados na prática clínica do ultra-

som terapêutico, o contínuo e o pulsado (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), o modo contínuo se caracteriza por ondas

sônicas contínuas, sem modulação, com efeitos térmicos, alteração da pressão e

micromassagem. O modo pulsado apresenta características como ondas sônicas

pulsadas, modulação em amplitude com freqüências de 16 Hz a 100Hz, efeitos térmicos

minimizados e alteração da pressão.

BAKER, ROBERTSON e DUCK (2001), em uma revisão dos efeitos biofísicos do

ultra-som terapêutico, referem não concordar em assumir que apenas um efeito é

presente durante uma terapia, e sim que os dois efeitos não podem ser separados,

assumindo que os efeitos não térmicos serão acompanhados por algum aquecimento

pela interação entre o tecido e o ultra-som, sendo simultaneamente térmico e mecânico.


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Na forma pulsada predominam os efeitos não térmicos ou mecânicos – cavitação

estável, micro-fluxo acústico e força de radiação. As vibrações ultra-sônicas causam

compressões e expansões nos tecidos em uma mesma freqüência que é emitida pelo

aparelho. O efeito mecânico, portanto, também é chamado de micromassagem, e esta

consiste na reação mecânica dos tecidos devido à pressão da onda ultra-sônica

(GUIRRO et al., 1996b).

Sob efeito da micromassagem, os gases existentes nos tecidos podem resultar

em pequenas bolhas de ar que oscilam através do campo ultra-sônico, fenômeno este

denominado de cavitação (GUIRRO et al., 1996b).

Os efeitos não térmicos resultantes principalmente da cavitação exercem efeitos

marcantes na estimulação celular e em microorganismos, alterando a permeabilidade

de membranas. Já a cavitação instável pode promover danos teciduais decorrentes das

altas temperaturas e pressões geradas em razão da liberação de energia no instante da

ruptura da bolha de ar. O colapso dessas bolhas libera energia que pode romper as

ligações moleculares, provocando a produção de radicais livres, altamente reativos

(GUIRRO e GUIRRO, 2002).

As forças de radiação (pressão acústica) podem deslocar, distorcer e/ou

reorientar partículas intercelulares, ou mesmo células, com relação às suas

configurações normais. Evitando-se a cavitação instável, a força de radiação produz

uma alteração na permeabilidade da membrana celular, facilita o fluxo sanguíneo, o

suprimento de oxigênio e nutrientes, e aumenta o metabolismo celular, dentre outros

efeitos conseqüentes destas alterações. O microfluxo acústico é resultado da pressão


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de radiação exercida pela onda ultra-sônica quando desloca-se através de um meio

compressível como uma suspensão de célula ou tecido (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

O efeito térmico decorre da absorção das ondas mecânicas pelo tecido e sua

conversão gradual em calor. É predominante na forma de onda contínua, já que essa

não é modulada e emite feixes de onda contínuos, não havendo tempo hábil por parte

do sistema circulatório sanguíneo para o resfriamento do tecido. O aumento da

temperatura está relacionado com o aumento do tempo de aplicação ou da intensidade

utilizada, podendo trazer respostas benéficas ou deletérias ao organismo. Esse

aumento da temperatura tecidual ocasionará um aumento do fluxo sanguíneo local,

aumento na permeabilidade da membrana e na distensibilidade das fibras colágenas,

levando a um aumento da capacidade de regeneração de tecidos lesados e da

elasticidade tecidual (GUIRRO et al ., 1996b).

2.3.4 CARACTERÍSTICAS DO ULTRA-SOM

2.3.4.1 Atenuação

A perda de energia pelo feixe de ultra-som nos tecidos é denominada de

atenuação (HARR, 1998; LOW e REED, 2001).

A tabela 1 mostra os coeficientes de atenuação (citados em

decibel/centímetro/Mega Hertz) relativos para diferentes tecidos biológicos.


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Tabela 1 - Coeficiente de atenuação do ultra-som nos tecidos.

Tecido Atenuação (db/cm/MHz)


Sangue 0,2
Gordura 0,6
Fígado 1,0
Músculo 1,3-3,3
Osso 20
Pulmão 41
Ar 342 (1MHz)
Água 0,002
Fonte: HARR, Gail T. Propriedades eletrofísicas. In: KITCHEN, Sheila; BAZIN, Sarah.
Eletroterapia de Clayton. 10ª ed. São Paulo, Manole, 1998, p. 3-30.

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), a amplitude e a intensidade diminuem à

medida que as ondas de ultra-som, sobre sua forma de feixe, passam através de um

meio.

O modo pelo qual a intensidade vai caindo, à medida que o feixe de ultra-som

segue sua trajetória através dos tecidos é conhecido como queda exponencial (HARR,

1998).

Essa diminuição de intensidade é causada pela difusão do som em um meio

heterogêneo, pela reflexão e refração nas interfaces e pela absorção do meio (FUIRINI

e LONGO, 1996).

2.3.4.2 Reflexão

Os tecidos oferecem uma resistência à passagem de ultra-som, chamada de

impedância acústica (HARR, 1998).


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A reflexão ocorre quando uma onda não consegue atravessar a próxima

densidade, devido a uma diferença da impedância acústica dos meios. Se os dois

meios possuírem a mesma impedância acústica a reflexão não ocorrerá. Quando

ocorre, essa reflexão pode ser parcial ou completa (quando toda energia é impedida de

entrar na próxima camada de densidade) (FUIRINI e LONGO, 1996; STARKEY, 2001).

Assim, quando a onda encontra uma interface, com propriedades acústicas

diferentes, parte dela é refletida e parte é transmitida. A onda refletida na interface

retorna através do meio incidente com a mesma velocidade com que se aproximou da

mesma. A onda refletida pode sobrepor-se a uma nova onda incidente, formando uma

terceira onda, com amplitudes variando de zero até duas vezes a amplitude da onda

incidente. Esta terceira onda recebe a denominação de onda estacionária. Já a onda

transmitida continua a se propagar após a interface, mas com velocidade característica

do segundo meio (GUIRRO et al., 1996b).

Quanto maior a diferença das impedâncias acústicas dos meios (tecidos), maior

será a quantidade de energia ultra-sônica refletida (FUIRINI e LONGO, 1996).

A tabela 2 mostra as porcentagens da onda incidente refletida pelas várias

interfaces.

Tabela 2 – Porcentagem da onda incidente refletida pelas várias interfaces.

Interfaces % de reflexão
Água/Tecido mole* 0,2
Tecido mole/Gordura 1
Tecido mole/Osso 15-40
Tecido mole/Ar 99,9
PZT/Ar 99,99
Os valores disponíveis de impedância acústica para tecidos moles, por exemplo, sangue, fígado e
músculos são muito semilares que a reflexão é desprezível.
Fonte: FUIRINI, Jr, N.; LONGO, G. J. Ultra-som. Amparo: KLD – Biossistemas equipamentos eletrônicos
Ltda, 1996.
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2.3.4.3 Refração

Refração é um desvio da onda de som nas várias interfaces dos tecidos. A onda

de som penetrará no tecido ou interface a um ângulo, chamado de ângulo de

incidência, e sai desse tecido ou interface a um ângulo diferente, ângulo de refração. O

feixe ultra-sônico deverá ser aplicado sempre perpendicularmente a superfície de

tratamento, pois um desvio maior que 15º com a normal provoca um ângulo de refração

de tal maneira que a onda incidente terá parte refletida e o restante refratado em

direção paralela a interface, tornando o tratamento ineficaz (FUIRINI e LONGO, 1996).

2.3.4.4 Absorção

As ondas ultra-sônicas são absorvidas pelos tecidos e transformadas em calor

(MACHADO, 1991).

Os tecidos podem absorver parte ou toda energia neles introduzida. Qualquer

energia não refletida ou absorvida por uma camada de tecido continua a atravessar o

tecido, até atingir uma camada com outra densidade. Nesse ponto, ela pode ser

refletida, refratada ou absorvida ou passar para o próximo tecido. Cada vez que a onda

é parcialmente refletida, refratada ou absorvida, diminui a energia remanescente

disponível para os tecidos mais profundos (STARKEY, 2001).

A absorção do ultra-som depende da impedância acústica do tecido, densidade

do tecido e suas interfaces, freqüência do ultra-som, quantidade de proteína do tecido,

quantidade de água ou gordura, ângulo de incidência, viscosidade do fluido, reflexão,


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refração e ondas transversais. Por exemplo, a uma freqüência de 1 MHz a intensidade

diminui em 50% ao atravessar 5 cm de gordura subcutânea; e a uma freqüência de 3

MHz a sua intensidade diminui em 50% ao atravessar 1,6 cm de gordura subcutânea

(FUIRINI e LONGO, 1996).

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), o ultra-som é bem absorvido por proteína

em tecido nervoso, ligamentos, cápsulas intra-articulares, tendões com alta

concentração de colágeno, proteína no músculo, hemoglobina, não obtendo uma boa

absorção pela pele e gordura.

2.3.4.5 Transmissão

As ondas de ultra-som se propagam mais facilmente em determinados tecidos

que em outros. Isto é determinado pela impedância acústica característica de cada

tecido (FUIRINI e LONGO, 1996).

Quando as impedâncias acústicas dos dois meios são similares, quase toda a

intensidade é transmitida. Em contrapartida, nas interfaces teciduais, como na interface

músculo-osso, podem ocorrer reflexões e alterações na propagação e absorção do

feixe (GUIRRO e GUIRRO, 2002).


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2.3.5 EFEITOS DO ULTRA-SOM

2.3.5.1 Físicos

Quando o ultra-som penetra no corpo, pode exercer um efeito sobre as células e

tecidos mediante dois mecanismos físicos: térmico e atérmico (YOUNG, 1998).

As ondas ultra-sônicas ao penetrarem no tecido provocam uma vibração a nível

celular (micromassagem), acelerando a velocidade de difusão de íons através da

membrana celular. Com isto, tem-se um aumento da permeabilidade da membrana, e

uma aceleração dos processos osmóticos. O potencial da membrana é alterado

produzindo a sua despolarização (MACHADO, 1991).

Com relação aos efeitos atérmicos YOUNG (1998), refere que existem muitas

situações em que o ultra-som produz bioefeitos, mas que apesar disso não há

envolvimento de uma temperatura significativa.

A vibração celular e de suas partículas provoca um atrito entre elas, produzindo

assim o efeito térmico. Esse efeito é decorrente da absorção das ondas ultra-sônicas

pelo tecido, transformando-se em calor. No ultra-som com feixe contínuo prevalece o

efeito térmico, não ocorrendo o mesmo com o feixe ultra-sônico pulsátil (MACHADO,

1991).

O efeito térmico do ultra-som é considerado de grande importância. O som

atenua-se à medida que atravessa um meio ou diminui sua intensidade durante este

trajeto. Parte dessa atenuação é causada pela conversão da energia em calor por
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absorção e o restante, pela reflexão e refração do feixe. O aquecimento do tecido é

causado pelo coeficiente de absorção (FUIRINI e LONGO, 1996).

A quantidade de absorção depende da natureza do tecido, seu grau de

vascularização, e da freqüência do ultra-som. Tecidos com elevado conteúdo protéico

absorvem mais rapidamente que aqueles com maior conteúdo de gordura, e quanto

maior a freqüência, maior a absorção. Uma vez gerado, o calor é então dissipado, tanto

pela difusão térmica como pelo fluxo sanguíneo local (YOUNG, 1998).

Para se obter efeitos terapêuticos do ultra-som pelo aquecimento sem lesão, a

temperatura do tecido deve manter-se entre 40 e 45ºC por aproximadamente cinco

minutos. Esta temperatura produz um temporário aumento da extensibilidade de

estruturas colágenas, aliviando a dor e diminuindo a rigidez articular (GUIRRO e

GUIRRO, 2002).

2.3.5.2 Químicos

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), o ultra-som pode produzir efeitos tais como

a inversão do açúcar da cana, cristalização, hidrólise, cristalizações de soluções

supersaturadas, oxidação e despolimerização de polímeros de cadeias longas.

Em geral, o ultra-som age como um catalisador nas reações químicas,

acelerando as trocas químicas, exercendo grande influência no poder de catálise das

enzimas e foto-reações (FUIRINI e LONGO, 1996; MACHADO, 1991).


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2.3.5.3 Elétricos

O ultra-som é capaz de mudar as soluções eletrolíticas e causar trocas de íons.

Moléculas grandes como proteínas e celulose, quando submetidas à pressão, exibem

mudanças elétricas em suas superfícies. Isso possivelmente deve-se ao fato de que a

aplicação de ultra-som em proteínas atrai os metabólitos eletrofílicos liberados durante

a isquemia e dor (FUIRINI e LONGO, 1996).

2.3.5.4 Biológicos

No corpo humano, o ultra-som exerce vários efeitos pronunciados sobre os

tecidos biológicos (HARRELSON, WEBER e LEAVER-DUNN, 2000).

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), as mudanças biológicas decorrentes dos

efeitos não térmicos do ultra-som terapêutico seriam o aumento da permeabilidade das

membranas e difusão celular, aumento do transporte dos íons de cálcio através das

membranas das células, degranulação de mastócitos, liberação de histaminas e

agentes quimiotáxicos, aumento da síntese de colágeno, aumento da elasticidade do

colágeno, aumento da taxa de sínteses de proteínas, diminuição da atividade elétrica

dos tecidos, aumento da atividade enzimática nas células, promoção da oscilação dos

tecidos, do movimento dos fluídos e da circulação nos vasos sanguíneos expostos a

ondas estáveis.

Com relação aos efeitos térmicos FUIRINI e LONGO (1996), citam o aumento da

taxa metabólica dos tecidos, promoção de mudanças vasculares concomitantes,


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aumento da extensibilidade do colágeno, aumento das propriedades viscoelásticas dos

tecidos conjuntivos, diminuição da sensibilidade dos elementos neurais, diminuição de

espasmos musculares, aumento da taxa de atividade enzimática.

2.3.5.5 Terapêuticos

Os efeitos não térmicos terapêuticos seriam a regeneração tissular e reparação

dos tecidos moles, síntese de proteína, estimulação do calo ósseo, aumento da

circulação tissular, diminuição de espasmos, normalização do tônus muscular, ativação

do ciclo do cálcio, estimulação das fibras nervosas aferentes (FUIRINI e LONGO,

1996).

E os efeitos térmicos seriam o aumento de mobilidade da articulação, aumento

da circulação sanguínea, efeito sobre os nervos periféricos, aumento da extensibilidade

em tecidos ricos em colágeno, redução de espasmos musculares, alívio da dor,

resolução de processos inflamatórios crônicos (FUIRINI e LONGO, 1996).

2.3.5.6 Fonoforese

Fonoforese ou sonoforese é um termo que descreve a habilidade do ultra-som

em incrementar a penetração de agentes farmacológicos ativos através da pele. Trata-

se de uma eficiente alternativa de transporte de substâncias além da utilização

medicamentosa via oral, ou injeções intradérmicas (GUIRRO e GUIRRO, 2002; LOW e

REED, 2001; MACHADO, 1991).


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A agitação e o movimento rápido e contínuo das moléculas no trajeto das ondas

sonoras, um efeito não térmico, poderia ser responsável em partes pelo efeito positivo

da fonoforese (HARRELSON, WEBER e LEAVER-DUNN, 2000).

Há várias evidências de que o ultra-som possa promover a penetração de

substâncias químicas, uma vez que o feixe ultra-sonico é capaz de alterar os potenciais

de membrana. A cavitação ultra-sônica é tida como responsável pela permeabilização

de células e tecidos de interesse para aplicações farmacêuticas. O aumento da

permeabilidade de membrana promovida pelo ultra-som é o fator que torna possível a

maior penetração de fármacos no organismo (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Na área de dermatologia a fonoforese é utilizada principalmente com enzimas de

difusão. Neste caso a dose deve ser cuidadosamente selecionada uma vez que as

enzimas se desnaturam em temperaturas acima do limite suportável (GUIRRO e

GUIRRO, 2002).

2.3.6 INDICAÇÕES

As indicações do ultra-som são amplas. Entre elas pode-se citar traumatismos do

tecido ósseo, de articulações e músculos como anomalias pós-traumáticas, distensões,

luxações e fraturas, contraturas, espasmos musculares, neuroma, distúrbios do sistema

nervoso simpático, pontos gatilhos, transtornos circulatórios, em condições inflamatórias

agudas e crônicas, em reparo de lesões, no fibro edema gelóide, entre outras (GUIRRO

e GUIRRO, 2002; STARKEY, 2001; FUIRINI e LONGO 1996; MACHADO, 1991).


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2.3.7 CONTRA-INDICAÇÕES

O ultra-som pode ser uma terapia efetiva, ou um risco potencial, dependendo de

como é aplicada esta modalidade. Existem listas de contra-indicações e precauções

como: áreas isquêmicas, tromboflebite e varizes, diretamente sobre endopróteses e

implantes metálicos, sobre útero gravídico, tumores cancerígenos, sistema nervoso,

áreas anestesiadas, infecção ativa, gônadas, área cardíaca, olhos, hemofílicos não

tratados e placas epifisárias (YOUNG, 1998; STARKEY, 2001; FUIRINI e LONGO 1996;

LOW e REED, 2001; GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.3.8 APLICAÇÃO DO ULTRA-SOM

2.3.8.1 Calibração

Segundo YOUNG (1998), o aparelho deve ser calibrado regularmente, em

comparação a um dispositivo de calibração confiável, como um comparador de

radiação, sendo muito importante saber que a leitura do medidor de saída de potência

do aparelho não é uma orientação acurada.

Estudos relatam a falta de uma apropriada calibração nos aparelhos de ultra-som

utilizados, o que vem a se confirmar pela pesquisa de ARTHO et al. (2002), que

publicaram um trabalho com o propósito de verificar aparelhos de ultra-som usados nas

clínicas com relação à calibração de intensidade e de precisão de tempo. Foram

obtidas medidas de 83 aparelhos de ultra-som em uso, esses que foram testados em 4


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intensidades (0.5, 1.0, 1.5, e 2.0 W/cm2) usando o modo contínuo com uma freqüência

de 1 MHz. As intensidades e os cronômetros medidos foram convertidos a

porcentagens de erro e comparados com o padrão (±20% para intensidade e o ±10%

padrão para precisão de cronômetro). Como resultado foram encontrados 32 (39%)

aparelhos fora do padrão de calibração para pelo menos uma das intensidades

testadas. Destes aparelhos, 15 (18%) estavam dentro dos limites de 20%, e 17 (21%)

estavam abaixo, para pelo menos uma das intensidades. Dos 32 aparelhos fora do

padrão, 26 (31%) estavam fora para 2 ou mais intensidades, e 3 (4%) não respondiam

a nenhuma delas. Dos cronômetros mecânicos testados, 7 (28%) estavam fora dos

±10% para precisão de cronômetro ao intervalo de 5 minutos, e 6 (24%) estavam fora

do intervalo de 10 minutos. Todos os cronômetros digitais testados estavam

obedecendo o valor estipulado. Concluíram, então, que mais de um terço de máquinas

testadas neste estudo estavam fora do padrão para a intensidade, e aproximadamente

um quarto dos cronômetros mecânicos para o tempo, sendo necessário melhorias

adicionais na precisão dos aparelhos.

A possibilidade de calibração do ultra-som terapêutico, no momento, está

exclusivamente nas indústrias fabricantes. Contudo, o teste de cavitação deve ser

realizado periodicamente indicando a emissão ou não da energia ultra-sônica. Neste

teste a cavitação deve ser visível na intensidade de 0,1 W/cm², no modo contínuo.

Apesar de ser uma análise qualitativa o teste pode fornecer uma indicação da

intensidade emitida pelo transdutor, onde a uma potência de 5,5 a 6,0 W, a qual

corresponde a uma intensidade entre 1,3 a 1,8 W/cm², pode-se observar a nebulização
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da água, desde que a freqüência de oscilação da cerâmica esteja próxima da

normalidade (GUIRRO e SANTOS, 1997; GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.3.8.2 Agentes de Acoplamento

Os agentes de acoplamento são usados nas aplicações do ultra-som terapêutico

em virtude deste não se propagar no ar, fazendo com que o coeficiente de atenuação

entre os dois meios envolvidos se tornem similares, e assim quase toda a intensidade

incidente seja transmitida (GUIRRO e SANTOS, 1997).

A impedância acústica similar à dos tecidos, alta transmissibilidade para o ultra-

som, alta viscosidade para agir como um lubrificante entre o transdutor e a parte que

está sendo tratada, baixa suscetibilidade para a formação de bolhas, natureza

quimicamente inativa, caráter hipoalergênico, esterilidade relativa, além de ser

transparente e de baixo custo, são requisitos para a escolha do meio de acoplamento

(LOW e REED, 2001; GUIRRO e GUIRRO, 2002; YOUNG, 1998).

Os agentes de acoplamento mais utilizados são os géis preparados

comercialmente, a água e o óleo mineral (HARRELSON, WEBER e LEAVER-DUNN,

2000).

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), existe uma grande variedade de agentes

de acoplamento utilizados na prática clínica: gel, glicerina, água desgaseificada,

parafina líquida, entre outros, sendo o gel hidrossolúvel e a água desgaseificada

considerados como os materiais com maior eficiência. Estudos demonstram que a

energia transmitida nos diferentes meios foi sempre inferior à incidente. O autor cita
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uma taxa de 19,06% de transmissão da energia ultra-sônica para a parafina líquida,

67,65% para a glicerina e 72,6% para o gel hidrossolúvel reafirmando, portanto, a

eficiência do gel, considerando a parafina líquida ineficiente.

2.3.8.3 Técnicas de Aplicação

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), a transferência de energia poderá ocorrer de

duas formas: contato direto entre o cabeçote e o corpo ou através de tratamento

submerso.

O modo de transferência de energia por contato direto é o mais utilizado. Nesse,

o transdutor é colocado diretamente sobre a pele, sendo melhor realizado quando a

superfície a ser irradiada é razoavelmente plana, sem muitas irregularidades, permitindo

um bom contato de toda superfície metálica do transdutor com a pele (FUIRINI e

LONGO,1996; GUIRRO e GUIRRO, 2002; STARKEY, 2001).

Nesta técnica de aplicação pode-se utilizar como agente de acoplamento, além

do gel hidrossolúvel, formulações farmacológicas com fins terapêuticos para

tratamentos específicos, fonoforese, sendo que a base desta formulação deve ser

preferencialmente o gel (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Se a superfície do corpo for muito irregular, como as extremidades distais, o que

dificulta o bom contato entre o cabeçote e a pele, faz-se uso da técnica de imersão.

Esta técnica também é utilizada quando não for possível o contato direto devido, por

exemplo, à dor. (GUIRRO e GUIRRO, 2002; FUIRINI e LONGO 1996).


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Na técnica de imersão a parte do corpo em questão é submersa em um

recipiente completamente cheio de água em temperatura agradável. Submerge-se

também o cabeçote e posiciona-se a uma certa distância da parte a ser tratada. Em

certas áreas do corpo de difícil tratamento, como por exemplo a superfície interior dos

dedos dos pés, pode-se usar uma placa metálica posicionada no fundo do recipiente.

Esta placa refletirá o ultra-som para que chegue na área a ser tratada no sentido de

baixo para cima (FUIRINI e LONGO 1996).

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), uma terceira técnica para o tratamento de

superfícies com forma irregular é a chamada almofada d’água. Trata-se de uma bolsa

de plástico com água se adapta perfeitamente sobre a área a ser tratada. O cabeçote e

a superfície da bolsa em contato com a pele devem ser cobertos com agente de

acoplamento, e então aplica-se o cabeçote sobre a superfície da bolsa. Nesta técnica

ocorre, sem dúvida, perda razoável de energia.

2.3.8.4 Manipulação do Cabeçote Transdutor

Em todos os métodos é importante mover o cabeçote continuamente em relação

aos tecidos devido a grande irregularidade do feixe de ultra-som no campo próximo, a

reflexão e refração no padrão de absorção de energia nos tecidos que é muito irregular,

as ondas estacionárias que podem se formar causando estase temporária das células

sanguíneas circulantes e dano endotelial, e a cavitação instável ou aquecimento

excessivo (com altas intensidades) que poderá causar dano tecidual. O movimento
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constante do cabeçote nivelará a dose emitida para os tecidos e eliminará os riscos de

danos (LOW e REED, 2001; FUIRINI e LONGO 1996).

Segundo FUIRINI e LONGO (1996), é necessário, para o tratamento o mais

uniforme possível, manter o cabeçote em movimento contínuo e lento. O cabeçote pode

mover-se de duas formas: (1) por meio de movimentos curtos, de poucos centímetros,

que se superpõem com a finalidade de assegurar o tratamento uniforme da área; e (2)

por meio de pequenos movimentos circulares, sendo estes superposicionados levando

a um movimento praticamente espiral.

2.3.8.5 Freqüência

A freqüência está relacionada com o número de ondas que passam por um

determinado ponto em unidade de tempo, sendo que a unidade para a freqüência será

de ciclos por segundo, conhecido como hertz (Hz). O ultra-som terapêutico caracteriza-

se por apresentar uma freqüência de 1 ou 3 mega hertz (MHz), sendo que alguns

equipamentos apresentam uma maior variação das freqüências na forma de onda

pulsada (GUIRRO et al., 1996b).

O controle da freqüência de saída do ultra-som proporciona ao terapeuta o

controle da profundidade a ser atingida pela energia. Assim, quanto maior for a

freqüência, maior será a sua absorção, sendo mais efetiva para o tratamento de tecidos

superficiais, uma vez que seu poder de penetração diminui (GUIRRO et al., 1996b;

YOUNG, 1998).
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Segundo HAYES, SANDREY e MERRICK (2001), o ultra-som de 1 MHz tem sido

utilizado para aquecer estruturas a uma profundidade igual ou maior que 2,5 cm,

enquanto o ultra-som de 3 MHz tem sido utilizado para aquecer estruturas a uma

profundidade menor que 2,5 cm.

Para MACHADO (2001), a profundidade de penetração das ondas é

aproximadamente de 5 cm, decrescendo proporcionalmente, sem especificar a

freqüência utilizada.

2.3.8.6 Área de Radiação Efetiva

A área de radiação efetiva (ERA) compreende todos os pontos nos quais a

intensidade ultra-sônica é igual ou superior a 5% da intensidade ultra-sônica máxima

espacial, expressa em cm². A ERA é geralmente de 4 cm² para a maioria dos aparelhos

nacionais. Deve-se entender que a ERA não deve ser considerada como a área física

do cabeçote transdutor. Portanto, um transdutor com área de acoplamento maior (face

metálica) não necessariamente tem uma ERA maior, a qual dependerá da área da

cerâmica geradora do ultra-som e da energia produzida (GUIRRO e GUIRRO, 2002;

FUIRINI e LONGO 1996).

2.3.8.7 Intensidade e Potência

A intensidade é definida como a quantidade de energia que passa pela unidade

de área na unidade de tempo, sendo o watt por metro quadrado a sua unidade no
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sistema internacional, mas como a área de radiação efetiva do transdutor é dada em

cm², é convenção na aplicação do ultra-som terapêutico a unidade ser W/cm² (GUIRRO

e GUIRRO, 2002).

Os aparelhos mais avançados permitem valores de até 2 W/cm² no modo

contínuo e de até 3 W/cm² em modo pulsado (FUIRINI e LONGO 1996).

Os diferentes tecidos que se encontram no campo ultra-sônico, a sua

profundidade, a freqüência da onda e o tempo de aplicação são fatores que determinam

a intensidade selecionada. A intensidade deve ser mantida num mínimo que possibilite

um tratamento efetivo (GUIRRO et al., 1996b).

Quando a intensidade for muito baixa não terá efeito terapêutico e se for com

uma dose muito alta provocará efeitos indesejados, sendo necessário sua utilização

apropriada para que seja eficaz (ARTHO et al., 2002).

A partir da intensidade pode-se obter o valor da potência da radiação ultr a-sônica

emitida. Esse valor é conseguido multiplicando-se a intensidade pela ERA, a qual pode

variar entre os fabricantes, contudo a maioria das indústrias nacionais adotam uma ERA

de 4 cm². Para efeito ilustrativo, podemos considerar que um equipamento que tenha

uma intensidade máxima de 3 W/cm² irá emitir 12 W de potência, energia essa

suficiente para causar lesões nos tecidos biológicos (GUIRRO e SANTOS, 1997;

GUIRRO et al., 1996b).


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2.3.8.8 Duração do Tratamento

As opiniões expostas nas literaturas sobre a duração do tratamento são

variáveis. A duração depende da dimensão da área a ser tratada. Recomenda-se que

seja dispendido um tempo de tratamento total máximo de 15 minutos (YOUNG, 1998;

FUIRINI e LONGO 1996).

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), estabelece-se, como regra geral, o tempo

de dois minutos para áreas próximas de 10 cm².

2.3.8.9 Intervalos entre os Tratamentos

O intervalo entre tratamentos sucessivos depende da natureza da lesão, aguda

ou crônica. As lesões com caráter agudo devem ser tratadas diariamente e as lesões

com caráter crônico, em geral menos severo, poderão ser tratados em dias alternados,

duas ou três vezes por semana (YOUNG, 1998; FUIRINI e LONGO 1996).

2.3.9 TERAPIA ULTRA-SÔNICA NO FIBRO EDEMA GELÓIDE

2.3.9.1 Freqüência Utilizada

Sabe-se que quanto maior for a freqüência utilizada, maior será a absorção nos

tecidos superficiais e menor será a profundidade de penetração, por isso as freqüências

mais elevadas são utilizadas nos tratamentos de tecidos superficiais, como ocorre no
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fibro edema gelóide. Sendo assim, a faixa de freqüência ideal no tratamento do fibro

edema gelóide é de 3 MHz (ROSSI 2001, GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Segundo LONGO (2001), o ultra-som de 3 MHz deixa de ser efetivo após

penetrar 3,5 cm de tecido adiposo. Então, quando a região a ser tratada apresentar

uma camada de 5-6 cm de panículo adiposo, deve-se optar pelo uso do ultra-som de 1

MHz.

2.3.9.2 Modo de Emissão

As ondas ultra-sônicas podem ser emitidas de modo contínuo ou pulsado. Na

emissão contínua predomina o efeito térmico. Na emissão pulsada entre um impulso e

outro há um tempo que facilita a dispersão do calor. Com isso, o seu efeito térmico é

menor, e o efeito mecânico é predominante obtendo-se, deste modo, uma ação

analgésica, antiinflamatória e antiedematosa. No tratamento do fibro edema gelóide

recomenda-se o uso do ultra-som em emissão contínua, exceto se existir alguma

circunstância que contra indique a aplicação de calor (ROSSI, 2001).

2.3.9.3 Intensidade Utilizada

A dose do ultra-som é expressa em W/cm². Em geral para o tratamento do fibro

edema gelóide recomenda-se iniciar com doses baixas e aumentar a intensidade

progressivamente. Porém, estas não devem ultrapassar 2 W/cm², sobretudo quando se


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trabalha em emissão contínua. Caso a aplicação seja em emissão pulsada a

intensidade pode variar de 2 a 3 W/cm² (ROSSI, 2001).

2.3.9.4 Tempo de Aplicação

Como regra geral segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), pode-se estabelecer o

tempo de dois minutos para áreas próximas de 10 cm².

PARIENTI (2001), cita que a sessão de ultra-som não deve exceder 10 minutos,

e que a zona de atuação é de 10x15cm.

Já LONGO (2001), não aconselha uma aplicação por mais de 15 a 20 minutos

contínuos em uma mesma sessão de tratamento, pois podem ocorrer vertigens,

tonturas, estresse, além de outros efeitos colaterais. Isto limita, portanto, a área de

tratamento. Com esses parâmetros verifica-se que a máxima área de tratamento não é

grande, sendo bem menor que um glúteo ou uma coxa. Então recomenda-se

concentrar a utilização do ultra-som nas regiões mais afetadas.

O ultra-som pode ser instituído no tratamento em dias alternados, de 2 a 3 vezes

na semana. Deve-se aplicar, no máximo, 20 sessões. Após o término destas deve-se

aguardar 1 a 2 meses para então reiniciar o tratamento (ROSSI, 2001).

2.3.9.5 Técnica de Aplicação

No caso do fibro edema gelóide se utiliza a aplicação móvel por contato direto, a

qual consiste em manter o cabeçote emissor do ultra-som em contato direto com a pele
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que se deseja tratar. A aplicação deve ser realizada via um agente de acoplamento,

sendo que este deve ser suficientemente viscoso para agir como lubrificante entre o

transdutor e a pele, estéril para evitar contaminação e não apresentar bolhas de ar no

seu interior, o que favoreceria a atenuação do feixe (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

O transdutor deve ser mantido sempre perpendicular à área a ser tratada, o que

minimiza a energia refletida e refratada. É essencial que durante a emissão da energia

ultra-sônica o transdutor esteja em constante movimentação e que seja mantido a todo

o momento o contato com a mesma. A velocidade de movimento não deve ser rápida,

nem se deve manter o transdutor fixo. Simples rotações contínuas deverão ser feitas

com o cabeçote, e gel deverá ser acrescentado caso necessário. O paciente não deve

sentir pinçamentos ou aquecimentos excessivos, apenas uma ligeira sensação de calor

(GUIRRO e GUIRRO, 2002).

2.3.9.6 Efeitos do Ultra-som sobre o Fibro Edema Gelóide

Em virtude dos efeitos mecânicos, térmicos e químicos, o ultra-som produz uma

série de efeitos terapêuticos no fibro edema gelóide (ROSSI, 2001).

Sua ação metabólica é extremamente benéfica, produzindo microvibrações

moleculares que se traduzem como micromassagem, mais intensa nas junções

tissulares (ROSSI, 2001).

A ação térmica resultante das fricções produzidas pela micromassagem estimula

de maneira marcante a microcirculação, sendo que a melhora desta deve ser uma das

principais preocupações no tratamento do fibro edema gelóide. Além disso, o efeito


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térmico associado com a liberação de substâncias vasodilatadoras leva a uma ativação

do metabolismo local (ROSSI, 2001; CARDOSO, 2002).

O aumento da permeabilidade das membranas celulares associado com o

estímulo circulatório favorece os intercâmbios celulares e a reabsorção de líquidos e

resíduos metabólicos. Com isso, obtém-se um efeito de reabsorção de edemas (ROSSI,

2001).

O ultra-som tem efeitos fibrolíticos, que diminuem a esclerose tecidual com as

fricções moleculares. Produz-se uma despolimerização ou fragmentação das moléculas

grandes de modo a diminuir a viscosidade do meio, que no fibro edema gelóide

encontra-se aumentada (ROSSI, 2001).

LONGO (2001), ressalta outro efeito do ultra-som em tecidos adiposos, onde é

observado o esvaziamento de adipócitos, sob ação do ultra-som, sem quebra da

membrana celular. Além da preservação da membrana celular verificou-se manutenção

da integridade física de todas as estruturas, como mitocôndrias, arteríolas, ramos

nervosos e outros, mostrando que o ultra-som, quando utilizado nas doses terapêuticas

recomendadas (máximo de 3 W/cm²), não causa dano a tecidos sãos. Este fato

demonstra a inadequação do conceito, há muito repetido e afirmado, de que o ultra-som

“quebra” o fibro edema gelóide.

Em parte pelo efeito térmico e em parte pela ação direta do ultra-som sobre os

mecanismos contráteis e fibras nervosas obtém-se efeito analgésico e de relaxamento

muscular. O uso do ultra-som também produz sobre os tecidos superficiais um aumento

da permeabilidade das membranas biológicas e alterações nos potenciais de

membrana, favorecendo a penetração de substâncias farmacologicamente ativas. Os


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efeitos não térmicos são os principais responsáveis pela permeação de substâncias

(ROSSI, 2001).

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), o uso do ultra-som no tratamento do fibro

edema gelóide está vinculado aos seus efeitos fisiológicos associados à sua

capacidade de veiculação de substâncias através da pele (fonoforese). A fonoforese

tem a vantagem de que o medicamento a ser introduzido não necessita ter carga

elétrica, isto é, ser polarizado. O autor relata que soluções enzimáticas são inativadas

por ultra-som na freqüência de 3 MHz, com intensidades entre 1 e 3 W/cm². Diante

desse fato, deve-se evitar a utilização de enzimas em géis aditivados para fonoforese,

pelo risco de ineficiência terapêutica. Deve-se optar pela iontoforese no caso de

tratamento àbase de enzimas de difusão.

Para potencializar os efeitos da fonoforese, aconselha-se a utilização de um

agente de acoplamento enriquecido com princípios ativos, que contenham cafeína,

extrato de alecrim, extrato de gingko biloba, extrato de centella asiática (ROSSI, 2001).

Dentre outros efeitos do ultra-som pode-se destacar a neovascularização com

conseqüente aumento da circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras

colágenas, e melhora das propriedades mecânicas do tecido (GUIRRO e GUIRRO,

2002).
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3 MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa em questão caracteriza-se por ser um ensaio clínico randomizado.

Toda a coleta de dados foi realizada nas dependências da Clínica de Fisioterapia

da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).

Contribuíram para a realização deste trabalho 10 indivíduos, do sexo feminino,

com idade média de 21,9 anos, não praticantes de atividade física e que

apresentassem fibro edema gelóide na região de glúteos. As participantes

apresentavam média de altura de 1,66m e média de peso corporal de 56,32Kg.

O processo de seleção do grupo amostral foi aleatório e voluntário, através de

convite verbal.

As voluntárias foram esclarecidas sobre os procedimentos experimentais e

assinaram, antes do início dos experimentos, um termo de consentimento,

demonstrando ter conhecimento das etapas do trabalho, aceitando a participação e a

utilização dos resultados obtidos.

As participantes foram divididas, aleatoriamente, em dois grupos de 5 pessoas.

Assim sendo, 5 mulheres fizeram parte do grupo I, submetidas à terapia com ultra-som

terapêutico e 5 fizeram parte do grupo II ou grupo controle, e não sofreram intervenção

de tratamento .

Uma integrante do grupo controle foi retirada do trabalho, pois iniciou, logo em

seguida, um programa de fortalecimento muscular com correntes de média freqüência

na região de glúteos. Logo, o grupo II ficou com 4 integrantes.


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Como instrumento da pesquisa foram utilizadas fichas de avaliação inicial

(ANEXO 1), que consistia de identificação, antecedentes pessoais e hábitos de vida.

Ainda nestas avaliações foram verificados, o grau e o tipo do fibro edema gelóide

apresentados pelas participantes, conforme classificação de ULRICH (1982) e

LEONARD 6 (1970, apud GUIRRO e GUIRRO, 2002), respectivamente, além da

temperatura e sensibilidade local da pele, perimetria e o grau de satisfação pessoal

com o quadro apresentado.

Para tanto, fez-se uso de imagens fotográficas utilizando máquina digital da

marca Sony Digital Câmera, modelo Cyber Shot DSC-P9. As fotos foram realizadas em

vista posterior enfatizando-se a região glútea, tiradas a um metro de distância da

participante, a qual permaneceu em posição ortostática realizando a contração

muscular voluntária de glúteos. A temperatura e a sensibilidade local da pele foram

avaliadas mediante o toque da região e com a realização do Teste da Preensão (Pinch

Test). A perimetria foi realizada com uma fita métrica da marca Ricsen, de fabricação

brasileira, tomando como único ponto de referência a região púbica (localizada

traçando-se uma linha vertical de 16 cm a partir do umbigo). E, por fim, a própria

participante avaliava o seu grau de satisfação com o fibro edema gelóide apresentado,

através de uma escala numérica de 0 a 10, registrando nenhuma satisfação e muita

satisfação, respectivamente.

O grupo I foi submetido à terapia com ultra-som terapêutico, sendo utilizado o

aparelho da marca KLD Biossistemas, modelo Avatar V - US 9705, com freqüência de 3

6
LEONARD, G.J. A celulite – causas e tratamentos. Publ. Europa-América, 1970.
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MHz, no modo contínuo, com dose de 1,2 W/cm2. Foi realizado o método por

acoplamento direto, sendo utilizado um gel comum, sem princípios ativos.

Limpou-se a pele da participante e o cabeçote do aparelho com um algodão

embebido em álcool comum, sempre antes e depois da realização das terapias.

O tratamento consistiu de 20 sessões consecutivas, realizadas 3 vezes por

semana, em dias alternados, com duração de 15 minutos cada sessão, sendo 7

minutos de aplicação para cada glúteo, em uma área aproximada de 36cm². Cada

participante teve uma ficha de evolução diária de tratamento (ANEXO 2).

Uma integrante deste grupo precisou se ausentar ao final do tratamento e,

portanto, realizou apenas 15 sessões, enquanto as demais participantes realizaram 20

sessões.

Com o término das vinte sessões, após 6,5 semanas de tratamento, foram

realizadas reavaliações (ANEXO 3), para posterior análise de resultados. Passados

dois meses das reavaliações foram realizadas novas avaliações (ANEXO 3), visando

observar a manutenção, melhora ou agravamento do quadro do fibro edema gelóide.

O grupo II que não recebeu esse tratamento teve direito ao mesmo, com o

término do trabalho.
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4 RESULTADOS

De acordo com o questionário aplicado na ficha de avaliação inicial constatou-se

que a faixa etária das participantes deste estudo variou entre 20 e 25 anos, com uma

média de idade de 21,9 anos. A média de peso corporal foi de 56,32 Kg e a média de

altura foi de 1,66 m.

Questionadas com relação ao uso de anticoncepcional, independente da via de

administração, foi verificado que 3 participantes (30%) não faziam uso, enquanto que a

maioria, 7 participantes (70%) faziam uso do anticoncepcional. Com relação ao tempo

de uso foi observado uma média de 3 anos e 1 mês. Os dados estão ilustrados na

figura 1.

FIGURA 1 - Uso de anticoncepcional

30%

70%

Não Sim
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As 10 participantes deste estudo negaram o tabagismo como um hábito de vida.

A ilustração deste dado segue na figura 2.

FIGURA 2 - Não tabagistas

100%

Com relação à alimentação, 6 participantes (60%), referem uma alimentação

gordurosa no seu cardápio, enquanto 4 (40%), negam a ingestão deste tipo de

alimento, conforme ilustrado na figura 3.

FIGURA 3 - Alimentação gordurosa

40%

60%

Sim Não
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Quanto ao hábito de permanência por tempo prolongado na postura sentada, foi

verificado que a grande maioria das participantes, adota preferentemente esta postura

durante o seu dia. Das 10 participantes do estudo, 9 delas, ou seja, 90%, permanece a

maior parte do dia na postura sentada, e apenas 1 participante (10%) refere que esta

postura não é a principal adotada durante o seu dia. Esses dados estão ilustrados na

figura 4.

FIGURA 4 - Permanência por tempo


prolongado na postura sentada

10%

90%

Sim Não

Os resultados da perimetria estão detalhados na tabela 3, demonstrando a média

dos valores da mensuração na primeira avaliação, ou seja, antes do tratamento, a

média verificada depois do tratamento, e por fim, a média realizada após dois meses de

tratamento, para os dois grupos da pesquisa. Observa -se, para o grupo I, que foi

submetido à terapia, um aumento do diâmetro de 1,5 cm entre a medida de antes e

depois do tratamento. E nesse mesmo grupo foi observado um aumento de 0,3 cm

entre a medida realizada depois das vinte sessões de terapia e a medida realizada

após dois meses de tratamento. Ao analisar as medidas de perimetria do grupo controle

notou-se um aumento do diâmetro de 1,3 cm entre a medida inicial e a medida


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realizada após 6,5 semanas de tratamento do grupo I. E uma diminuição de 0,4 cm

desta última medida para a medida de perimetria após 2 meses.

Tabela 3 - Perimetria

PERÍODO GRUPO I GRUPO II

Antes do tratamento 92,1 cm 93,6 cm

Depois do tratamento 93,6 cm 94,9 cm

Após 2 meses de tratamento 93,9 cm 94,5 cm

Outro parâmetro utilizado foi uma escala de grau de satisfação, incluso na ficha

de avaliação (ANEXO 1). As médias dos dois grupos do estudo encontram-se

detalhados na tabela 4. Foram realizadas as médias antes do tratamento, bem como

depois da terapia ultra-sônica e também após 2 meses de tratamento. Assim, verificou-

se, no grupo I um aumento de 0,4 entre a avaliação inicial e a avaliação depois do

tratamento, e uma diminuição de 0,2 entre a avaliação inicial e a avaliação após dois

meses de terapia. No grupo II observou-se uma diminuição de 0,3 entre a avaliação

inicial e a avaliação depois do tratamento, e um aumento de 0,1 entre a avaliação inicial

e a avaliação após dois meses.


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Tabela 4 – Grau de satisfação

PERÍODO GRUPO I GRUPO II

Antes do tratamento 5,4 4,6

Depois do tratamento 5,8 4,3

Após dois meses de tratamento 5,2 4,7

Com relação à classificação do fibro edema gelóide, quanto às formas clínicas

apresentadas, sendo elas: fibro edema gelóide duro, flácido e edematoso, verificou-se

que a maioria das participantes envolvidas neste estudo apresentavam a forma flácida

do fibro edema gelóide, enquanto apenas 10% apresentavam o fibro edema gelóide na

sua forma consistente ou dura. Os dados estão ilustrados na figura 5.

FIGURA 5 - Forma clínica do fibro


edema gelóide

10%

90%

Flácido Duro

Segundo a classificação do fibro edema gelóide quanto ao estágio encontrado -

grau 1, 2 ou 3 – os resultados foram divididos conforme observação do glúteo direito e


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do glúteo esquerdo, antes do tratamento, depois deste, e após 2 meses de terapia, para

os dois grupos da pesquisa.

Os resultados obtidos analisando o glúteo direito do grupo I, que foi submetido à

terapia, revelaram que a maioria das voluntárias apresentavam grau 2 no início da

pesquisa. A avaliação realizada após as vinte sessões de ultra-som terapêutico revelou

que as participantes apresentavam grau 1 e grau 2, sendo que nenhuma apresentava

grau 3. E a avaliação realizada após 2 meses de terapia demonstrou os mesmos

resultados observados na primeira avaliação. Os detalhes estão na tabela 5.

Tabela 5 – Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo direito das


participantes do grupo I
PERÍODO GRAU 1 GRAU 2 GRAU 3

Antes do tratamento 1 3 1

Depois do tratamento 3 2 -

Após dois meses de tratamento 1 3 1

Os resultados obtidos analisando o glúteo esquerdo do grupo I, que foi

submetido à terapia, revelaram que 40% apresentavam acometimento em grau 3 e que

60% apresentavam o fibro edema gelóide em grau 1. Depois do tratamento obser vou-

se que 60% mantinham o grau 1, enquanto 20% apresentavam grau 2 e 20%

apresentavam grau 3. A última avaliação, realizada após dois meses, demonstrou que

novamente 40% das participantes apresentavam grau 3, tal qual no início. Além disso,

observou-se que dos 60% de grau 1 apenas 40% manteve este grau e 20% evoluiu

para grau 2. Os resultados estão detalhados na tabela 6.


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Tabela 6 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo esquerdo das


participantes do grupo I
PERÍODO GRAU 1 GRAU 2 GRAU 3

Antes do tratamento 3 - 2

Depois do tratamento 3 1 1

Após dois meses de tratamento 2 1 2

Os resultados obtidos analisando o glúteo direito do grupo II, que serviu de grupo

controle, não sendo submetido a nenhuma intervenção, revelaram que a maioria (60%)

apresentavam grau 2, enquanto que 20% apresentavam grau 1 e 20% grau 3. Na

segunda avaliação, realizada depois do tratamento do grupo I, verificou-se que as 4

participantes (100%), uma vez que este grupo teve uma desistência, apresentavam

fibro edema gelóide em grau 2. E na avaliação realizada após dois meses de

tratamento do grupo I verificou-se que 50% apresentavam grau 2 e os demais 50%

apresentavam grau 3, ou seja, duas participantes evoluíram do grau 2 para o grau 3. Os

resultados podem ser visualizados na tabela 7.


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Tabela 7 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo direito das


participantes do grupo II
PERÍODO GRAU 1 GRAU 2 GRAU 3

Antes do tratamento 1 3 1

Depois do tratamento - 4 -

Após dois meses de tratamento - 2 2

Os resultados obtidos analisando o glúteo esquerdo do grupo II revelaram que a

maioria das voluntárias (80%) apresentavam fibro edema gelóide grau 2, enquanto 20%

apresentavam grau 1, e nenhuma participante apresentava grau 3. Na segunda

avaliação observou-se que 50% apresentavam grau 2, 25% apresentava grau 1 e 25%

já apresentava grau 3. Por fim, na avaliação realizada após dois meses de terapia com

o grupo I, verificou-se que a maioria (75%) das participantes evoluíram para fibro

edema gelóide grau 3, enquanto 25% mantiveram o grau 1. Os resultados estão

expostos na tabela 8.

Tabela 8 - Grau do fibro edema gelóide observado no glúteo esquerdo das


participantes do grupo II
PERÍODO GRAU 1 GRAU 2 GRAU 3

Antes do tratamento 1 4 -

Depois do tratamento 1 2 1

Após dois meses de tratamento 1 - 3


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5 DISCUSSÃO

Conforme visto existem vários fatores predisponentes no aparecimento do fibro

edema gelóide. Porém, apenas alguns fatores foram analisados nesta pesquisa. Os

anticoncepcionais, por exemplo, por apresentarem na sua constituição hormônios

femininos levariam segundo FERNANDES (2003), a alterações nos adipócitos,

desencadeando o problema. Sendo assim, o uso do anticoncepcional poderia agravar o

quadro de fibro edema gelóide apresentado pelas participantes deste trabalho, uma vez

que a maioria fazia uso deste método contraceptivo.

Outra provável etiologia para o fibro edema gelóide seriam os fatores

determinantes, como o tabagismo, maus hábitos alimentares e maus hábitos posturais,

que foram analisados neste estudo.

As participantes não apresentavam o tabagismo como um hábito de vida, e isso

é importante, pois segundo FERNANDES (2003), as substâncias do cigarro determinam

espessamento das paredes dos vasos sanguíneos prejudicando a circulação, já

deficiente no fibro edema gelóide.

Com relação a alimentação verificou-se que a maioria das participantes

apresentava uma alimentação gordurosa. De acordo com CARDOSO (2002), os hábitos

desordenados e abusos na dieta criam com o passar do tempo desequilíbrios a nível

celular que originarão uma reação em cadeia influenciando diretamente na formação do

fibro edema gelóide.

Para ROSSI (2001), a posição preferencial adotada durante o dia, como a

postura sentada por período prolongado, pode comprimir as cadeias ganglionares da


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região poplítea e inguino crural e agravar o quadro do fibro edema gelóide devido à

resistência oferecida à circulação de retorno veno-linfático. E como pôde ser observado

nos resultados a maioria das participantes permanecem sentadas por tempo

prolongado, favorecendo o desenvolvimento do fibro edema gelóide.

A perimetria realizada não foi utilizada para identificar o fibro edema gelóide ou

classificá-lo, mas como uma medida complementar e indireta na avaliação deste, pois

um aumento na circunferência da região glútea poderia estar relacionada com ganho de

peso e este com o fibro edema gelóide. Observou-se que no grupo I houve um aumento

do diâmetro entre a medida de antes e depois do tratamento. E também um aumento

do diâmetro entre a medida realizada depois das vinte sessões de terapia e a medida

realizada após dois meses de tratamento. De forma semelhante verificou-se um

aumento do diâmetro entre a medida inicial e a medida realizada após o tratamento no

grupo controle. Contudo, observou-se, ao término deste trabalho, uma diminuição do

diâmetro entre a medida realizada após o tratamento e a medida realizada após dois

meses de terapia no grupo controle, que não recebeu nenhuma intervenção

terapêutica.

Outro parâmetro utilizado como avaliação complementar foi a escala de grau de

satisfação, realizada pela própria participante, a qual graduava de zero a dez a sua

satisfação com relação ao seu fibro edema gelóide apresentado na região glútea.

Analisando-se os resultados do grupo I verificou-se inicialmente um aumento do valor

numérico dado pela participante, ou seja, a satisfação com o tratamento havia

melhorado. Posteriormente observou-se uma diminuição do valor numérico, ou seja,

entre a avaliação inicial (pré-tratamento) e a avaliação após dois meses de terapia


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verificou-se que as participantes estavam menos satisfeitas ao final do estudo com

relação a satisfação referida no início. Já no grupo controle observou-se o inverso:

inicialmente uma queda quanto ao grau de satisfação e posteriormente uma melhora

com relação a satisfação do fibro edema gelóide apresentado.

Observando-se as formas clínicas do fibro edema gelóide apresentado pelas

participantes deste estudo nota-se que os resultados estão de acordo com GUIRRO e

GUIRRO (2002), que referem-se a forma flácida do fibro edema gelóide como sendo a

mais comumente encontrada, especialmente em indivíduos sedentários como é o caso

das participantes deste estudo, as quais não eram praticantes de atividade física.

Com relação a classificação do fibro edema gelóide quanto ao estágio

encontrado analisando-se isoladamente o glúteo direito do grupo I, que foi submetido à

terapia, observou-se inicialmente, ou seja, da primeira para a segunda avaliação, uma

melhora no aspecto do fibro edema gelóide, com conseqüente redução do grau de

acometimento. Posteriormente, na avaliação realizada após dois meses do tratamento,

verificou-se a mesma classificação encontrada na primeira avaliação, ou seja, após um

período de dois meses o fibro edema gelóide voltou a ter o mesmo aspecto observado

no início deste estudo. Em relação a observação do glúteo esquerdo do grupo I

verificou-se que inicialmente houve um decréscimo do grau de acometimento em 20%

das participantes e manutenção da classificação para as demais. O que diferiu, no

entanto, foi que na avaliação final não houve retorno para a classificação original de

todas as participantes tal qual foi observado no glúteo direito, e sim uma piora pois

verificou-se um aumento do grau de acometimento em 20% das participantes. As

possíveis causas para esta diferença de resultados entre os dois glúteos podem ser
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devido ao próprio biotipo da participante com assimetria da microcirculação e

distribuição do fibro edema gelóide, ou devido a disposição da área que foi tratada

durante a aplicação, uma vez que o aparelho de ultra-som estava localizado próximo ao

lado direito das participantes, sendo mais difícil a sua aplicação no glúteo esquerdo.

Vale ressaltar que este modo de aplicação foi realizado apenas no início da pesquisa,

sendo alterado posteriormente para maior comodidade da terapeuta, que solicitava a

mudança de posicionamento da participante, de modo a deixar o glúteo esquerdo mais

próximo do aparelho.

Como visto, de uma forma geral, o grupo que foi submetido ao tratamento

proposto utilizando ultra-som apresentou, inicialmente, redução do grau de

acometimento do fibro edema gelóide na região glútea. Isto está de acordo com

GUIRRO e GUIRRO (2002), ROSSI (2001), e LONGO (2001), que afirmam que o ultra-

som terapêutico constitui um recurso eficaz no tratamento do fibro edema gelóide. Esta

redução inicial pode, por exemplo, ser visualizada no ANEXO 4, quando é comparada a

fotografia da primeira avaliação com a fotografia realizada após as vinte sessões de

terapia.

Contudo, foi verificado que após dois meses sem intervenção houve um retorno

à classificação inicial, ou seja, não houve manutenção dos resultados obtidos com o

tratamento por um período prolongado. Isto pode possivelmente ser explicado.

Segundo GUIRRO e GUIRRO (2002), NETO et al. (2003), LOPES (2003), e

FERNANDES (2003), o fibro edema gelóide não deve ser considerado isoladamente

para o tratamento pois é preciso buscar a saúde da paciente em todos os seus

aspectos, ou seja, o sistema muscular e a gordura localizada também devem ser


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abordadas para devolver ou manter a harmonia corporal. Isto pode ser obtido através

da adoção de medidas alimentares equilibradas e com a prática de atividades físicas. A

não manutenção dos resultados obtidos com o tratamento proposto pode ser

visualizada em ANEXO 5.

Analisando-se o grupo controle, tanto glúteo direito como glúteo esquerdo, foi

verificado que na primeira e na segunda avaliação a maioria das participantes se

enquadravam na classificação do fibro edema gelóide em grau 2 e que, posteriormente,

na última avaliação verificou-se que a maioria das participantes apresentava piora do

quadro uma vez que evoluíram para grau 3. Ou seja, neste grupo que não recebeu

intervenção terapêutica notou-se que não houve melhora alguma do quadro do fibro

edema gelóide, mas manutenção ou evolução para grau mais avançado. Isto pode ser

melhor observado em ANEXO 6 e ANEXO 7, que demonstram bem este exemplo de

piora quanto ao grau de acometimento.

As classificações referentes ao grau de acometimento do fibro edema gelóide

foram realizadas nas avaliações, durante a inspeção e através das imagens

fotográficas. Estas fotografias digitais segundo RATNER e THOMAS (2003), têm sido

utilizadas para capturar e documentar as amplas manifestações de doenças da pele,

pois permitem a comunicação do terapeuta com companheiros e pacientes. Um

obstáculo não sobreposto observado nesta pesquisa foi em relação a execução das

fotografias, devido a não padronização da vestimenta das participantes e pela

inconstante iluminação proporcionada pelo ambiente. Outro aspecto relevante para a

execução deste trabalho diz respeito a inspeção e as fotografias digitais que foram
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analisadas apenas por um examinador, visando minimizar a subjetividade na

determinação da classificação.
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CONCLUSÃO

Conforme os objetivos propostos para este estudo, o fibro edema gelóide foi

identificado na região glútea e posteriormente classificado quanto ao grau e tipo do

acometimento. Através da análise dos resultados obtidos com a pesquisa pode-se

concluir que o ultra-som terapêutico utilizado como recurso no tratamento do fibro

edema gelóide foi eficaz após vinte sessões de terapia. Por fim, verificou-se que os

resultados obtidos ao término da terapia não foram mantidos após dois meses do

tratamento.

Conclui-se que embora a utilização do ultra-som tenha mostrado eficácia na

redução do fibro edema gelóide em mulheres jovens e sedentárias há a necessidade de

se realizar pesquisas mais acuradas. Para tanto, sugere-se o uso de meios avaliativos

complementares e mais fidedignos como por exemplo a termografia, bem como a

utilização de uma amostragem mais significativa. Isto se faz necessário a fim de se

aferir, através de estudos comparativos, a verdadeira eficácia do ultra-som nos tecidos

acometidos pelo fibro edema gelóide.


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Rio de Janeiro, n.1, p.20-22, 2002.

SIMÕES, S.I. Veiculação transdérmica de fármacos: I A pele humana II Libertação


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2001.

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Clayton . 10.ed. São Paulo: Manole, 1998.

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ANEXOS

ANEXO 1

A. Identificação: Data: __/__/__


Nome: ______________________________________________ Idade: ______
Profissão:___________________________Cor:____________Telefone:____________

B. Ficha Clínica:
Peso: __________ Altura: _________
Diabetes: ( )não ( )sim
Uso de medicamentos: ( )não ( )sim.
Qual?__________________________________
Hipertensão( ) Hipotensão( ) Normotensa( )
Disfunção hormonal: ( )não ( )sim.
Qual?__________________________________
Transtorno circulatório: ( )não ( )sim
Anticoncepcional: ( )não ( )sim. Há quanto tempo?________
Tabagismo: ( )não ( )sim, quantos por dia?______
Ingestão diária de refrigerantes: ( )não ( )sim. De bebidas alcoólicas: ( )não ( )sim
Ingestão diária de líquidos: ( )abaixo de 1litro ( )entre 1 e 2 litros ( )acima de 2
litros
Alimentação gordurosa: ( )sim ( )não
Permanece por muito tempo na posição sentada:( )não ( )sim
História de fibro edema gelóide na família: ( )não ( )sim
Aparecimento do fibro edema gelóide em outras regiões:_______
Tratamentos anteriores para o fibro edema gelóide:
( )não ( )sim;
E o resultado foi: ( )ruim ( )bom ( )ótimo
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C. Caracterização do Fibro Edema Gelóide:

Glúteo D

Grau:
Tipo:
Temperatura local da pele:
Sensibilidade:

Glúteo E

Grau:
Tipo:
Temperatura local da pele:
Sensibilidade:

D. Perimetria:

E. Grau de satisfação pessoal quanto ao fibro edema gelóide em glúteos:

0_____1_____2_____3_____4_____5_____6_____7_____8_____9_____10
pouco satisfeita muito satisfeita
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ANEXO 2

Identificação:______________________________________

EVENTO DATA ASSINATURA


Primeira avaliação
1a sessão
2a sessão
3a sessão
4a sessão
5a sessão
6a sessão
7a sessão
8a sessão
9a sessão
10a sessão
11a sessão
12a sessão
13a sessão
14a sessão
15a sessão
16a sessão
17a sessão
18a sessão
19a sessão
20a sessão
Segunda avaliação
Terceira avaliação
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ANEXO 3

C. Caracterização do Fibro Edema Gelóide:

Glúteo D

Grau:
Tipo:
Temperatura local da pele:
Sensibilidade:

Glúteo E

Grau:
Tipo:
Temperatura local da pele:
Sensibilidade:

D. Perimetria:

E. Grau de satisfação pessoal quanto ao fibro edema gelóide em glúteos:

0_____1_____2_____3_____4_____5_____6_____7_____8_____9_____10
pouco satisfeita muito satisfeita
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ANEXO 4

ANTES DO TRATAMENTO. Paciente 1 com fibro edema gelóide grau 3, bilateral.

DEPOIS DO TRATAMENTO. Paciente 1 com fibro edema gelóide grau 2, bilateral.


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ANEXO 5

APÓS 2 MESES DO TRATAMENTO. Paciente 1 com fibro edema gelóide grau 3,

bilateral.

ANEXO 6
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ANTES DO TRATAMENTO. Paciente 2 com fibro edema gelóide grau 2 em glúteo

esquerdo, e grau 3 em glúteo direito.

DEPOIS DO TRATAMENTO. Paciente 2 com fibro edema gelóide grau 2, bilateral.

ANEXO 7
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APÓS 2 MESES DO TRATAMENTO. Paciente 2 com fibro edema gelóide grau 3,

bilateral.

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