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Área temática: Administração Geral

Aglomerados e estágios de desenvolvimento: uma comparação entre dois arranjos


tradicionais

AUTORAS
PÂMELLA GABRIELA OLIVEIRA
Universidade Federal de Lavras
pamellagabi@yahoo.com.br
NATHÁLIA DE FÁTIMA JOAQUIM
Universidade Federal de Lavras
nathaliafjoaquim@hotmail.com

Resumo: Em um ambiente altamente competitivo, a importância dos aglomerados e do


conhecimento de seu contexto histórico tem se tornado fator primordial para seu
desenvolvimento e sustentação. Conhecer os estágios de desenvolvimento dos aglomerados é
fundamental não só para verificar os fatores que geraram sua vantagem competitiva, mas
também para entender o potencial que o setor possui e qual melhor planejamento para seu
estágio atual. Diante desta nova contextualização, este trabalho se propõe a identificar em que
nível de desenvolvimento se encontram os aglomerados de confecções no município de
Divinópolis/MG e de cerâmica na Comunidade Rio Acima no município de São João del-
Rei/MG e suas semelhanças. Para tanto foi proposta uma triangulação de dados com base nos
métodos da historiografia e entrevista episódica ou história oral. Apesar dos aglomerados
possuirem estágios de desenvolvimento específicos, foram identificados alguns importantes
pontos de convergência em seus estágios evolutivos. Cabe ressaltar que a consolidação desses
aglomerados está associada, além dos fatores econômicos, às condições do ambiente social,
político e cultural.

Palavras-chave: Aglomerado; Estágios de desenvolvimento; Setores tradicionais.

Abstract: In a competitive environment, the importance of clusters and the knowledge of its
historical context has become a key factor for its development and support. In this new
context, this study search to identify the levels of development and similarities of clusters in
the city of Divinópolis/MG and in the Community Rio Acima, in São João del-Rei/MG.
Therefore, was used the method of triangulation with data based on historiography and
episodic interview or oral history. There were some important points of convergence in the
stages of two clusters. It emphasized that the consolidation of clusters is not only based on
economic factors, but also on social, cultural and political factors.

Keywords: Cluster; stages of development, traditional sectors.

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1. Introdução
As mudanças ocorridas nas últimas décadas têm trazido profundas modificações nas
abordagens sobre a construção de vantagens competitivas. A globalização juntamente com a
crescente intensidade do conhecimento, força as firmas a terem um desempenho global não só
em custos, mas também em qualidade, tempo de resposta e flexibilidade. Neste contexto, a
atenção de economistas e administradores volta-se para análises urbanas e regionais e os
benefícios decorrentes desta proximidade física.
Assim, a ligação entre a idéia de aglomeração com a idéia de redes têm significado um
importante passo para o entendimento deste novo cenário. A competitividade das empresas e
organizações passa a estar relacionada à abrangência das redes em que estão inseridas, assim
como a intensidade do uso que fazem das mesmas. O aproveitamento das sinergias coletivas
geradas pela participação dinâmica em arranjos e cadeias produtivas locais fortalece as
chances de sobrevivência e crescimento, principalmente de micros e pequenas empresas.
Apesar de distintas entre si, muitas vezes, as abordagens e conceitos de aglomerados
apresentam fortes similaridades no que se refere à estrutura, operação e atores envolvidos. As
definições mais correntes referentes aos aglomerados são aquelas relacionadas aos clusters,
arranjos produtivos locais e distritos industriais. Muitas dessas definições se voltam para
aspectos relacionados ao tamanho do aglomerado, proximidade, tipo de empresas envolvidas,
e tipo de setores como tradicionais ou de alta tecnologia. Para o presente trabalho, considerou-
se adequado utilizar apenas a nomenclatura aglomerado, uma vez que faltam pesquisas que
indiquem a terminologia correta de cada região e por não ser esse o objetivo específico do
trabalho.
Independente do termo utilizado, torna-se crucial entender o processo de formação do
aglomerado. Pode-se observar que o aprimoramento de um aglomerado geralmente implica
em elementos que variam no tempo e podem levar há diferentes caminhos de
desenvolvimento. Portanto, conhecer a história de determinados setores é de suma
importância não só para verificar os fatores que geraram a vantagem competitiva para o
aglomerado, mas também para entender o potencial que o setor possui e qual melhor
planejamento para aquele determinado estágio de desenvolvimento.
Considerando a importância dos aglomerados para o atual ambiente competitivo e
também a relevância do conhecimento de seu desenvolvimento, buscou-se, neste estudo,
verificar a existência de semelhanças entre os estágios de desenvolvimento de dois
aglomerados considerados tradicionais. O primeiro aglomerado, de confecções, situa-se no
município de Divinópolis/MG. O segundo, de artesanato ceramista, situa-se na comunidade
Rio Acima, no município de São João del-Rei/MG.
O presente estudo justifica-se principalmente na importância do desenvolvimento local
para aumento da competitividade das regiões em estudo. Além dos aglomerados pesquisados
possuírem poucos estudos aprofundados sobre seus estágios de desenvolvimento, acredita-se
que a existência de semelhanças entre eles pode proporcionar bases para um melhor
planejamento de políticas públicas e incentivos por parte de outros órgãos de fomento.

2. Referencial Teórico
2.1. Distritos, Clusters e Aglomerados
No cenário atual, a competitividade não está mais baseada exclusivamente no preço,
mas principalmente na construção de competências específicas para a aquisição de
conhecimentos e de inovação tecnológica. A produtividade e a competitividade dependem
fortemente da criação e renovação de vantagens competitivas associadas ao aprendizado e à
capacitação produtiva e inovativa das empresas.

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De acordo com Cassiolato et. al. (2004) a idéia de aglomeração torna-se
explicitamente associada ao conceito de competitividade, principalmente a partir do início dos
anos 90. Muitas organizações realizam estudos sobre aglomerações a fim de promover uma
reinterpretação de termos como competitividade e especialização. Tal fato foi reforçado com
o sucesso observado em aglomerados espaciais de empresas tanto em áreas hi-tech (Vale do
Silício), como em setores tradicionais (Terceira Itália).
Baseado no sucesso desses setores, alguns estudiosos buscaram denominações para
essas aglomerações. No dizer de Cassiolato et al. (2004), Amin (1993) propõe a distinção
entre três tipos de aglomeração: Aglomerações industriais em setores tradicionais ou
artesanais; complexos hi-tech; e aglomerações baseadas nas presenças de grandes empresas.
Especificamente as aglomerações em setores tradicionais ou artesanais (como àqueles de
sapatos, confecções, metalurgia, dentre outros) ilustram a importância da cooperação,
especialização da produção e arranjos sociais e institucionais informais.
Britto (2004), tratando de modo específico de arranjos produtivos denomina-os em
tradicionais e hierarquizados. Os arranjos considerados tradicionais possuem uma estrutura
pouco hierarquizada, com forte presença de pequenas e médias empresas, produção de bens
pouco complexos, e especialização flexível. A consolidação desses arranjos está associada,
além de fatores econômicos, às condições do ambiente sócio-político-cultural. Em termos da
qualificação de mão de obra, há uma baixa exigência relativa a qualificação formal, mas
muita exigência na qualificação informal (técnica e artesanal). Além disso, há um intercâmbio
não sistemático de informações sobre qualidade e performance e, ainda, uma importância
limitada que assumem os esforços inovativos formais, ao contrário do aprendizado informal.
A experiência desses distritos poderia ser extrapolada para outros arranjos da mesma natureza.
A associação e articulação de empresas em redes surgem como uma excelente
alternativa para ganhos em eficiência e competitividade. Neste sentido, Britto (2002) aponta
que uma rede de empresas pode ser definida como um conjunto de unidades que podem ser
avaliadas de forma separada que operam com rendimentos crescentes, obtidos através de
economias de escala, como conseqüência de técnicas, tecnologias e de demanda.
Amato Neto (2001) apresenta e discute os principais conceitos relativos ao processo de
formação e desenvolvimento de redes de cooperação produtiva. Para ele, a cooperação
interorganizacional traz inúmeras vantagens, uma vez que atende as necessidades das
empresas que seriam difíceis de serem alcançadas quando se atua isoladamente. Dessa forma,
as redes de empresas são formadas com o objetivo de reduzir incertezas e riscos, a partir da
coordenação e cooperação entre empresas. O sucesso das redes se deve ao fato delas
reduzirem os custos de gerenciamento para os custos de produção, o que gera ganho de escala
e eficiência.
Segundo esse autor, a formação de redes ocorre com base em três variáveis
determinantes: diferenciação, interdependência interfirmas e flexibilidade. Neste âmbito ele
assume que a flexibilidade é uma das maiores propriedades das redes, tendo em vista que elas
podem se adaptar às contingências. Existem diferentes formas de relações interfirmas e, a que
melhor se enquadra a este trabalho são os complexos industriais. Esta terminologia é utilizada
para caracterizar um conjunto dinâmico de empresas ligadas entre si por uma rede de fluxos,
preços e antecipações e localizadas em determinada área geográfica. Segundo Amato Neto
(2001) atenta para os complexos industriais como um foco do sistema produtivo no qual as
atividades estreitamente inter-relacionadas estão agrupadas, proporcionando uma visão
orgânica da economia.
Ao que tangem os clusters, o mesmo autor afirma que sua principal característica é a
concentração setorial e geográfica de empresas. Isto gera ganho de eficiência coletiva, ou seja,
vantagem competitiva advinda das economias externas locais e da ação conjunta dos agentes

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participantes. Para Schimitz e Nadvi (1999), o cluster se originou da discussão de indústrias
de pequena escala que receberam apoio de pequenas firmas dos distritos industriais na
Europa, especialmente na Itália, conquistando mercados internacionais. Amato Neto (2001)
aponta para a dificuldade de se caracterizar um cluster na prática. Para ele, essa dificuldade
não altera em nada o fato essencial de que a aglomeração traz ganhos de eficiência coletiva,
que agindo isoladamente os produtores dificilmente atingiriam.
Gordon e McCann (2005) afirmam que o desenvolvimento regional alcançado por esta
concentração regional de empresas reduz os custos de processo e aumentam a eficiência
inovativa, tanto de processos quanto de produtos. Segundo Porter (1999), são muitas as
vantagens advindas com o relacionamento entre aglomerados. Dentre elas, pode-se destacar a
obtenção de feedbacks, que geram informações importantes para gestão e manutenção da
competitividade do aglomerado, facilidade quanto a realização de trocas de tecnologias, maior
proximidade entre os envolvidos, desenvolvimento de estratégias gerais pelo grupo, vantagens
no elo final da cadeia de produção, entre outros. Com base nisso, pode-se afirmar que a
produtividade e a competitividade destes aglomerados tende a crescer e se aperfeiçoar em
proporção direta ao desenvolvimento de novas tecnologias e integração entre os atores.
Assim, é importante elucidar que os clusters se formam por fatores e condições locais,
demanda local e indústrias relacionadas.
Segundo Takeda et. al. (2008), a literatura sobre estudos organizacionais ainda não é
tão rica para compreender e avaliar a estrutura da rede regional dos clusters. Além disso, cabe
ressaltar que de acordo com Schimitz e Nadvi (1999) os clusters podem também ser motivos
para a estagnação das empresas caso a inter-relação entre os agentes não seja eficiente e sem
objetivos concretos. Dessa forma, fica clara, ainda, a importância das relações sociais para o
desenvolvimento das empresas e da região. Faz-se necessário compreender as atuais
estruturas industriais das regiões para uma política eficaz de desenvolvimento.
Existe uma diferença básica entre distrito industrial e cluster industrial. Para Crocco
(2001) esta diferença reside no fato de que o distrito industrial pode ser considerado um
cluster localizado, baseado na especialização de base flexível, competição cooperativa e
acentuada concentração espacial das empresas. Diante disso, Schmitz (1995) afirma que
quando um cluster alcança um estágio de desenvolvimento que transcende a especialização e
divisão racional do trabalho entre as empresas, constitui-se um distrito industrial. Portanto,
para que haja um distrito industrial é preciso que se estabeleçam relações de cooperação e
colaboração entre os atores envolvidos no cluster. Neste sentido, um cluster industrial é
definido como um grupo cooperativo que inclui fornecedores, consumidores, periféricos
indústrias, governos e insituições de apoio. Ou seja, as organizações não sobrevivem de forma
isolada (Lorenzoni e Ornati, 1988).
Existem autores de estudos organizacionais que adotaram algumas tipologias de redes
focadas em Distritos industriais, que serão o norte deste trabalho. Segundo Markusen (1996) a
tipologia de redes de empresas baseia-se na relação que as empresas mantêm com as outras
que pertencem ao mesmo distrito e também com aquelas que estão externas a ele. Além disso,
o autor afirma que a tipologia está relacionada, ainda, com a flexibilização do trabalho,
identificação dos trabalhadores com o distrito em si, origem do mercado de trabalho, dentre
outros fatores. Para tanto, ele sugere as seguintes nomenclaturas: Distrito Marshalliano;
Distrito Centro Radial; Distrito Plataforma Satélite e; Distrito Ancorado pelo Estado.
Segundo Markusen (1996), o Distrito Industrial Marshalliano é formado por Pequenas
e Médias Empresas (PMEs), situadas em determinado espaço geográfico, de modo a
aproveitar economias externas que a aglomeração proporciona. De acordo com Mendonça
(2008), o modelo original de Marshall mostra uma rede de transações entre empresas locais,
aglomeradas em regiões próximas aos recursos básicos de produção, como minas de carvão e

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fontes de água. Esses produtores adquirem matérias-primas e serviços fora da região e, ainda,
realizam transações comerciais com os mercados externos ao distrito.
Para este autor, o que torna esse distrito especial é a existência de economias externas,
gerada por ganhos significativos, originados do conjunto de empresas e do desempenho
individual, ressaltando a eficiência e competitividade das pequenas firmas de mesma natureza
localizadas no mesmo espaço geográfico. Isso permite o desenvolvimento de identidade
cultural local, uma capacidade industrial compartilhada e, ainda, um mercado de trabalho
altamente flexível, uma vez que, a vinculação do trabalhador está relacionada com a região e
não apenas com a firma. Essa economia externa é responsável pela atração e manutenção de
investimentos.
Assim, Markusen (1996) afirma que as principais características dos novos Distritos
Mashallianos são: grande número de pequenas empresas locais; economias de escala pouco
significativas; alta importância das transações intra-distritais; decisões de investimentos
tomadas localmente; contratos e compromissos de longo-prazo entre fornecedores e
consumidores-intermediários locais; relacionamento pouco relevante com empresas fora do
distrito; mercado de trabalho interno à região altamente flexível; trabalhadores mais
identificados com o distrito do que com as empresas; altas taxas de imigração de
trabalhadores e baixas taxas de emigração; fontes locais de financiamento a longo-prazo aos
novos negócios; atuação dos governos locais na regulação e na promoção das principais
indústrias; e, associações patronais fortes.

2.2. Estágios de desenvolvimento


Baseados na idéia de que uma atenção ao aspecto regional é inevitável para efetivar o
desenvolvimento político e estabelecer uma vantagem competitiva, pesquisadores focam seus
estudos sobre os aglomerados. Segundo Porter (1999), os aglomerados variam em tamanho,
amplitude e estágios de desenvolvimento, ou seja, possuem uma diferença na estrutura dos
setores constitutivos. Dessa forma, conhecer a história de determinados setores torna-se
crucial para entender como se gerou a vantagem competitiva e o desenvolvimento do mesmo
(PORTER, 1999), além de ajudar a entender o potencial efetivo do setor e executar melhores
planejamentos de políticas e ações (PARRILLI, 2007).
Para um efetivo desenvolvimento político, entender a estrutura industrial é vital.
(TAKEDA et al, 2008). Brusco (1990) procurou demonstrar a importância dos modelos de
aglomerados através de uma base temporal. O autor propôs uma seqüência a partir de quatro
modelos históricos: (1) Processo de aglomeração de pequenas empresas especializadas em
atividades tradicionais; (2) Poucas grandes empresas no sistema local de produção,
deslocando a produção artesanal para industrial; (3) Crise do sistema fordista, intensa criação
de MPE dinâmicas; (4) Ambiente globalizado – forças competitivas se deslocam além das
fronteiras tecnológicas. Além desse trabalho, Brusco (1999) analisou o conteúdo, estrutura e
processo de formação de normas e regras escritas e não escritas no distrito industrial da
Emilia-Romana. Um de seus objetivos era ajudar a explicar a maneira na qual a história tem
escrito as regras do distrito.
Suas análises não sugerem que todo aglomerado tenha necessariamente que passar por
todos esses estágios de desenvolvimento. A mobilização de um determinado arranjo
geralmente implica em conjuntos específicos de requerimentos que variam no tempo e podem
levar a diferentes caminhos de desenvolvimento (CASSIOLATO E LASTRES, 2004), por
esse motivo, não há de se esperar que todo e qualquer aglomerado passe pelos mesmos
estágios de desenvolvimento.
Alguns estudos foram realizados levando em consideração os estágios de
desenvolvimento de aglomerados. Lemos et al (2000) realizaram um estudo sobre o histórico

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da implantação do arranjo produtivo da rede Fiat de Fornecedores em Minas Gerais,
destacando a importância do incentivo governamental para a fomentação do desenvolvimento
desse arranjo. Guerrieri e Pietrobelle (2004), em um estudo comparativo entre os regimes de
evolução e tecnologia dos distritos industriais da Itália e Taiwan destacaram que a chave para
explicar o sucesso de micro e pequenas empresas na globalização é a co-evolução de ligações
de conhecimentos domésticos e internacionais. Parrilli (2007) observando os estágios de
desenvolvimento dos distritos industriais italianos (vida rural - cluster artesanal -
concentração industrial - distrito tradicional - novo distrito competitivo) reconheceu a
importância do aprimoramento através de estágios graduais e exeqüíveis no processo de
crescimento de aglomerados de micro e pequenas empresas.
Para Cassiolato e Lastres (2004) há uma influência das significativas mudanças
ocorridas nas últimas décadas sobre o próprio processo de desenvolvimento econômico dos
aglomerados. Castells (2006) propõe considerar o desenvolvimento de diferentes trajetórias
organizacionais, expondo quatro pontos para a reestruturação econômica: crise dos anos 70;
difusão de tecnologia de informação; produção enxuta; e administração do conhecimento. Os
mecanismos de mercado mudam ao longo da história e funcionam mediante várias formas
organizacionais, por esse motivo torna-se necessário descobrir quais as fontes de
especificidade do mercado atual (CASTELLS, 2006).
Nota-se, portanto, que considerar as mudanças históricas ocorridas, incluindo tanto os
fatos internos aos aglomerados quanto os externos, são fundamentais para entender o
desenvolvimento e para promover ações futuras que objetivam a perpetuação destes
aglomerados. Apesar da importância do entendimento desse processo histórico, que fatores
devem ser considerados para a elaboração dos estágios de desenvolvimento?
De acordo com Boari (2001), ao se preocupar com o problema das origens e
crescimento de aglomerados, muitas pesquisas focam a importância das economias externas,
da divisão local de trabalho, e da influência das estruturas sociais na natureza da competição
na área. Outras pesquisas pontuam que muitos aglomerados regionais tiveram suas origens em
condições particulares, a partir de fatores e demandas locais, e a presença de indústrias
relativas. Outro ponto destacado é que as forças que proporcionaram a vantagem inicial para o
aglomerado podem perder seu poder ao longo do tempo, sendo necessário novas forças para
fortalecer o crescimento do mesmo.
Schmitz e Nadvi (1999) destacam que somente as economias externas não conseguem
explicar a eficência coletiva do arranjo. Por esse motivo, uma eficiência coletiva ocorreria
através de uma vantagem competitiva derivada de economias externas e ações conjuntas.
Mais especificamente, Porter (1999) destaca seis fatores de motivação para a constituição das
primeiras empresas do aglomerado a saber: disponibilidade de fatores; demanda local
incomum, sofisticada ou rigorosa; existência anterior de fornecedores; empresas inovadoras
que estimulam o crescimento de outras; iniciativas empreendedoras; e fatores aleatórios. Para
Castells (2006) as formas de organização econômica não se desenvolvem em um vácuo
social: estão enraizadas em culturas e instituições, quanto mais distintas, mais específicas são
as organizações.
A partir de sua revisão, Parrilli (2007) identificou duas abordagens sobre o
desenvolvimento dos aglomerados: o desenvolvimento espontâneo, que está relacionado ao
dinamismo endógeno do local; e a eficiência coletiva, relacionada a indução política e
estruturas legais. Para o autor, combinando as duas podemos alcançar um resultado
importante, porém só elas não conseguem explicar o sucesso. Seria também necessário a
inclusão de uma perspectiva adicional – a abordagem do enraizamento social, que se refere a
uma área do comportamento humano não dirigida unicamente por motivações econômicas,
ma também por elementos não econômicos. Dessa forma, uma abordagem eclética para

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desenvolvimento dos aglomerados que leva em conta três níveis (econômico, social e político)
pode ajudar a melhor explicar o crescimento do sistema e promovê-lo em outro lugar através
de políticas apropriativas.
Pode-se observar que existem pontos importantes que não podem deixar de ser
considerados ao se tratar os estágios de desenvolvimento de aglomerados. Para a presente
pesquisa, optou-se pela utilização da denominação dos fatores em econômicos, sociais e
políticos (PARRILLI, 2007). Nos fatores econômicos estariam englobados as economias
externas, a divisão local do trabalho, a demanda local, a presença de fornecedores e indústrias
relativas. Nos fatores sociais engloba-se as ações conjuntas, a influência das estruturas sociais
e as iniciativas empreendedoras. E nos fatores políticos, a constituição de leis e instituições de
apoio aos aglomerados. Para a relevância de uma abordagem eclética, a competitividade não
resulta somente do balanço entre micro e macro economia, mas de processos mais complexos
como sociais e políticos (PARRILLI, 2007).

3. Metodologia
A presente pesquisa usou como método a Triangulação. Segundo Vergara (2005), no
âmbito das ciências sociais, a triangulação pode ser definida como uma estratégia de pesquisa
baseada na utilização de diversos métodos para investigar o mesmo fenômeno. Assim, o
emprego desse método é a tentativa do pesquisador em aumentar a confiança dos resultados
do seu estudo, tendo em vista a complexidade dos fenômenos que constituem o objeto de
estudo das ciências sociais. A triangulação, também chamada de abordagem multimétodos,
pode ser discutida e explorada com base em dois pontos de vista: como estratégia para o
alcance da validade do estudo e como uma alternativa para a obtenção de novas perspectivas,
novos conhecimentos (VERGARA, 2005).
Especificamente nessa pesquisa, foi utilizada uma “triangulação de dados” que se
refere à utilização de dados originários de várias fontes em um mesmo estudo. Optou-se,
portanto, pela triangulação entre uma entrevista episódica (FLICK, 2004) ou história oral
(HAGUETTE, 1987; VERGARA, 2005) e historiografia (VERGARA, 2005).
A entrevista episódica, segundo Flick (2004), traz a suposição de que as experiências
que um sujeito adquire sobre um determinado domínio estejam armazenadas e sejam
lembradas nas formas de conhecimento narrativo-episódico (aproxima mais da experiência) e
semântico (suposições e relações destas experiências). Assim, na entrevista, presta-se atenção
especial a situações ou episódios nos quais o entrevistado tenha tido experiências que pareçam
relevantes à questão do estudo.
Esse método é também conhecido como história oral, no qual ocorre o relato do
entrevistado sobre um acontecimento do qual ele tenha participado ou que chegou até ele por
meio de relatos de antepassados e outras pessoas. A história oral nos permite considerar vários
aspectos da história que não estão expressos nos documentos (HAGUETTE, 1987). Para
Vergara (2005), a história oral é uma metodologia de pesquisa que visa ao estudo e ao registro
de acontecimentos, de temas históricos contemporâneos que permitam acessar pessoas que
ainda estejam vivas. Haguette (1987) observa que, por basear-se no depoimento pessoal e na
memória, a história oral está sujeita a críticas no que diz respeito a validade das informações
que ela obtém. Dessa forma, os dados podem ser checados não só internamente, como
externamente, confrontando-os com os dados disponíveis provenientes de outras fontes.
Assim, os dados obtidos com as entrevistas foram confrontados com os dados obtidos
pela historiografia. Denomina-se historiografia como sendo um método de pesquisa que visa
ao resgate dos acontecimentos e das atividades humanas ao longo do tempo, possibilitando
desvendar as mudanças, as contradições e as tendências da realidade social (VERGARA,
2005). A historiografia é realizada através de uma pesquisa documental em acervos históricos,

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atas de reuniões, histórico de entidades e outros tipos de documentos. Citando Cardoso
(1981), Vergara expõe que “a história se faz com documentos. ... Porque nada substitui os
documentos: onde não há documentos não há história”.
Seguindo esse referencial, foi realizada inicialmente uma pesquisa documental
abordando dados históricos das regiões em estudo. Em seguida, foram realizadas duas
entrevistas episódicas, com participantes de entidades promotoras dos arranjos de confecção e
artesanato ceramista, buscando o histórico do desenvolvimento desses setores e comparando
com os resultados obtidos na primeira parte da pesquisa. Após esses dois estágios, foi
realizada uma nova pesquisa documental para confirmação dos dados obtidos nas entrevistas.

4. Análise dos Resultados


4.1 Divinópolis e a indústria de confecções
Divinópolis faz parte da Mesorregião Oeste de Minas e tem grande representatividade
econômica e populacional no Estado de Minas Gerais. É uma cidade média de nível superior
que ocupa uma posição geográfica privilegiada. A cidade é servida por eixos rodoviários
importantes – MG 050, MG 430, MG 429 e BR 494 – e pela Ferrovia Centro Atlântica; além
disso, possui um aeroporto.
No que concerne às funções de enriquecimento, a industrial e a comercial se destacam.
Em Divinópolis, as indústrias com maior dinamismo são as do vestuário, cachaça e siderurgia.
Oferece serviços mais modernos, têm uma economia mais estruturada e, conseqüentemente,
maior raio de influência e forte poder de atração (ALVIM et al, 2007).
Em 2009, Divinópolis completou 97 anos de emancipação política e, por esse motivo,
se comparada às demais cidades da região é considerada uma cidade de formação recente. Sua
população é predominantemente urbana, chegando a 209.921 habitantes (IBGE, 2008). O
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do município (0,831) em 2005 foi
superior ao IDH-M do Estado (0,773), outro fator importante para o município é sua
participação no PIB de Minas Gerais que se manteve na média de 1,07% nos últimos anos,
configurando-se o maior do Centro-Oeste .

Os Estágios de desenvolvimento do aglomerado de confecção:


1º estágio – Da chegada da estrada de ferro à crise do setor siderúrgico:
Esse estágio foi marcado pelo desenvolvimento específico do município, destacando-
se seu processo de urbanização devido à chegada, em 1890, da estrada-de-ferro do Oeste de
Minas, que trouxe melhores perspectivas de desenvolvimento sócio-econômico para o
povoado. Com o desenvolvimento advindo da estrada de ferro, em 1912, a cidade é
emancipada e seu desenvolvimento torna-se atração para os povoados vizinhos. A principal
atividade desenvolvida nesta época era a siderurgia. A atividade no setor de confecções tinha
poucos vestígios, sendo concentrada nas atividades realizadas pelas mulheres dos ferroviários,
de forma muito amadora. Segundo alguns moradores da cidade, nesta época não havia muitas
lojas com um preço acessível à população e por esse motivo as roupas eram confeccionadas
dentro da própria família, para subsistência, sendo essa atividade concentrada nas mãos das
mulheres.
“Não há nenhum histórico de empresa que tenha se iniciado através das atividades
realizadas pela mulher de um ferroviário; o que poderia ter acontecido é um
artesanato, não uma empresa de confecção.”
Na década de 1930, no período conhecido como Era Vargas, houve o processo de
industrialização no qual o país começou sua expansão, procurando produzir, aqui, o que antes
era importado, caracterizando-se, esta fase inicial, pela substituição das importações e volta

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para o mercado interno. Pelo fato do setor de confecções encontrar-se em um estágio muito
informal na época do incentivo, talvez o mesmo não tenha sido diretamente contemplado com
seus benefícios. Na década de 70, com a crise da siderurgia, milhares de trabalhadores foram
demitidos e várias empresas foram fechadas. As dificuldades provocaram o surgimento da
indústria da confecção que contornou o desemprego crescente e se transformou em uma
importante alternativa econômica para o Município e para o Estado. Aquelas mulheres que
antes produziam para subsistência começam a encontrar em seu trabalho uma fonte de renda:
“Com a crise da siderurgia muitas pessoas passaram a investir nesse novo negócio,
na verdade o custo de entrada nesse setor é muito baixo, então qualquer um que
ficar desempregado compra uma máquina, a mulher dele costura, ele mesmo
vende...”
2º Estágio – Da entrada de indústrias fornecedoras aos “Feirões”
Na mesma década em que ocorreu a crise do setor siderúrgico instalou-se na cidade a
primeira fábrica têxtil, FITEDI. O problema da oferta de matéria prima começa a ser suprido
pela vinda dessa indústria e de outros atacadistas que se instalaram na cidade, aumentado a
possibilidade de abertura de confecções.
“Com essa proximidade da matéria prima, com o envolvimento de algumas
pessoas, funcionários daquela empresa, com pesquisas, surgiram algumas empresas
que tentaram uma oportunidade de montar sua indústria, sua confecção”.
Assim, em 1980 começa-se a se formar uma aglomeração, na qual as primeiras
empresas surgiram como resultado das demissões e da proximidade com a matéria prima. Até
o final da década de 80 o crescimento do setor foi normal. Com o aumento da importância do
setor, em 1989 foi fundado o SINVESD – Sindicato das indústrias do Vestuário de
Divinópolis – para representar as indústrias de confecção da cidade. Com a formalização do
sindicato, se criou algumas ações para desenvolvimento, para melhorias e para o crescimento
do setor.
Uma das principais ações do sindicato foi a criação dos “Feirões” onde havia cerca de
300 empresas expondo seus produtos, e vinham excursões com sacoleiras [vendedoras
informais] de todo lugar do Brasil, comprar aqui, uma vez que a cidade possuia um número
grande de produtos, de menor qualidade, mas que possuía um preço muito forte. O
comportamento do consumidor foi de suma importância nessa época pois estimulou a criação
de novas empresas, mesmo que informais.
“Vinham sacoleiras que tinham aberto uma conta um dia antes para comprar em
Divinópolis, o nicho de Divinópolis dependia muito desse tipo de cliente. O
comportamento de vir comprar, de cheque sem garantias, esse meio informal,
proporcionou um grande ganho para a cidade, ou seja, acho que esse
comportamento do consumidor melhorou as condições, muita gente estava
desempregada, criou oportunidades. Hoje eu já vejo de outra forma, isso melhorou
a questão do movimento naquela época mas, essa história prejudicou um
pouco nosso modelo.”
3º Estágio – Do rápido crescimento ao declíneo no setor
Com a criação dos “Feirões” houve um crescimento muito rápido do setor, de 300
evolui para 1200 o número de confecções participantes, um crescimento de quase 400%
talvez em cinco anos. Nesta época vinham aproximadamente 50 ônibus com sacoleiras de
várias partes do Brasil e era um momento no qual tudo que era produzido era vendido, o
consumo era grande e a oferta pequena.
“Todo mundo que criava uma empresa, porque que é fácil criar esse tipo de
negócio, criava para vender na feira”.

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Em 1996, com o objetivo de habilitar técnicos em nível médio, foi criado pelo Centro
Federal Tecnológico – Cefet, a habilitação na área de Vestuário, pelo fato deste tipo de
indústria estar desempenhando um papel de grande importância no município.
O rápido crescimento do setor trouxe alguns problemas como mão-de-obra, problemas
de níveis gerenciais, o pensamento de que todo mundo podia abrir uma confecção e
principalmente uma imagem de um pólo de produtos de baixa qualidade e baixo preço. Com a
criação de outros pólos no país como Goiânia, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, aumentou-
se o número de concorrentes, os clientes ficaram cada vez mais dispersos, e como o mercado
dependia do feirão, percebeu-se essa grande diminuição. Além do exposto, na década de 90
ocorreu a abertura do mercado que ocasionou uma crise no setor têxtil. Apesar do problema
na indústria têxtil, houve um crescimento no setor do vestuário, o que pode ter sido
ocasionado pela própria abertura, que proporcionou o acesso a matérias-primas mais baratas.
“O setor cresceu nessa década, por causa da questão do momento, houve momentos
de crise sim, houve problemas de negligência, problemas financeiros em alguns
anos aqui, mas acho que a crise sempre afeta o mais fraco”.
Com esses problemas, procurou-se modificar o cenário presente criando shoppings
especializados no setor, próximos a rodoviária, formalizando aquelas lojas que vendiam para
sacoleiras, lojistas e clientes finais. Durante esse processo ocorreu um filtro natural, muitas
empresas fecharam, deixaram de existir, pois muitos clientes que compravam aqui já estavam
comprando em outros lugares. Com isso Divinópolis perdeu vários clientes, dos 50 ônibus
com clientes de todo o Brasil, passou-se para 5 o número de ônibus de clientes recebidos pelas
lojas. Além disso, persiste o problema do atacarejo: não existe diferenciação entre atacado e
varejo, essa diferenciação é feita por número de peças e não por tipo de cliente. Outro
problema é que as empresas geralmente não conseguiam ter um diferencial, todas criam o
mesmo produto e ainda disputavam por preço.
“A mentalidade aqui é produzir um produto cada vez mais igual, mais
barato, uma mentalidade cultural, e a tendência é contrária, o que é
produzido em série, muita gente lá fora faz melhor.”
4º Estágio – Do declíneo à reestruturação: um novo contexto, um novo planejamento
Na tentativa de buscar novos mercados, algumas empresas iniciaram, em 2000, sua
participação na FENIT (Feira Internacional da Indústria Têxtil), uma vez que o mercado
estava em decadência. Em 2002 foi criado o Programa Brasil Empreendedor, no qual estava
incluído o pólo de confecções de Divinópolis. Esse programa teve como objetivo
proporcionar crédito às empresas associado a capacitação das mesmas. Na visão do
entrevistado, o programa foi um multirão de treinamentos, grande foi o volume e na pouco se
aproveitou em termo de concretização de novos negócios, criação de novos empregos. Foi um
momento importante porque muitas pessoas se capacitaram mas em contrapartida o crédito só
foi oferecido para os que possuíam as condições exigidas.
Em meados de 2000, foi estruturado um Conselho Gestor que se reúne periodicamente
para discutir as ações do arranjo. Esse Conselho é formado por várias entidades relacionadas
ao arranjo que participam ativamente, cada um na sua área, como SEBRAE, FIEMG,
SINVESD, dentre outras e atualmente a Prefeitura Municipal. O governo atual possui a
proposta de investir no aglomerado, com investimentos no estacionamento dos shoppings,
melhorias na logística daquela região, a organização de uma central de guias para o
comprador, dentro outras ações. O que está ocorrendo atualmente é um replanejamento com a
inserção da prefeitura em algumas ações de infra-estrutura, de divulgação que eu acho que é o
papel dela.
“O setor está vivendo um momento interessante porque quando você tem entidades
que não se falam, que não conversam, cada um vai pro seu canto com seus

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objetivos, então o momento hoje é um momento interessante para o setor. Estamos
vivendo um momento de planejamento, com muitas ações, ações não só internas,
ações também externas”.
Foi criado o curso superior de Design de Moda através da percepção do potencial que
o setor de vestuário representa para a indústria moderna e, sobretudo, por seu importante
papel sócio-econômico e cultural para a cidade e região. Assim, o curso foi criado atendendo
a uma demanda da cidade, aumentando a oferta de profissionais na área..
“Esse tipo de profissional aqui ajuda os pequenos a estarem em uma posição de
diferenciação, muitas empresas estão contratando estagiários, então eu acho que
isso tem afetado significantemente”.
Dessa forma, o arranjo encontra-se em um estágio de reestruturação para que consiga
sobreviver às rápidas mudanças impulsionadas pela globalização. Se a troca de informações e
ações existentes entre as várias entidades do setor conseguir atingir seus objetivos, apresentará
bons frutos que levarão o aglomerado a um estágio de fortalecimento para melhor competir no
mercado atual.

4.2. Rio Acima e o artesanato ceramista


A Comunidade Rio Acima está inserida na zona rural do município de São João del-
Rei. São João del-Rei, pólo do Campo das Vertentes, possui bastante destaque em relação a
sua região principalmente na saúde, educação e economia. Com uma população de 81.918
habitantes (IBGE, 2007) e com um IDH de 0,802 (PNUD, 2000), a cidade possui importantes
empresas de pequeno e médio porte nas áreas têxteis, metalurgia, alimentícia, entre outras,
sendo um dos principais pólos industriais do Campo das Vertentes. A atividade turística e
artesanal, devido a importância histórica do município, dão ao mesmo um caráter diferenciado
em relação a outras cidades da região.

Os Estágios de desenvolvimento do aglomerado de artesanato ceramista:


1º estágio: A constituição de uma nova forma de geração de renda para a comunidade
através de recursos públicos e parcerias.
O aglomerado da comunidade de Rio Acima/MG surgiu de uma necessidade social e
econômica da comunidade. Dada essa demanda, a Rede UNITRABALHO, através de
recursos disponibilizados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) propôs um curso de
introdução à cerâmica aos interessados na comunidade em questão. Estes trabalhos iniciaram
entre os meses de maio e junho de 2002. No intuito de contribuir para a diminuição do
impacto negativo gerado pelo desemprego na cidade, o Estado de Minas Gerais, através do
Serviço Voluntário de Assistência Social (SERVAS), instituiu uma parceria com a
Universidade Federal de São João Del Rei – UFSJ, representada pela Incubadora Tecnológica
de Cooperativas Populares (ITCP/UFSJ), além das Obras Sociais da Paróquia de São
Francisco e uma empresa multinacional que atua na região. Com esta iniciativa os parceiros
conseguiram levar a essas pessoas uma nova alternativa de geração de renda e qualidade de
vida.
Segundo análise documental disponibilizada pela ITCP/UFSJ e mediante depoimentos
dos participantes que acompanharam o grupo de Rio Acima nota-se que após este primeiro
contato mediante o curso introdutório, houve mais um curso de capacitação no segundo
semestre de 2003. Depois disso, pode-se perceber que o contato com a comunidade foi
perdido até que, em novembro de 2004, representantes das Obras Sociais da Paróquia de São
Francisco de Assis procuraram a ajuda da ITCP/UFSJ, com vistas a retomar a mobilização do
grupo e as atividades de cerâmica. O aglomerado surgiu de uma real necessidade da

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população carente do local, que através do apoio de instituições públicas e privadas
apresentou resultados bastante satisfatórios.
2º estágio: Da base produtiva de cunho rural para uma atividade artesanal
A partir dessa retomada das atividades entre o coletivo, a ITCP/UFSJ e as Obras
Sociais nota-se uma transição na realidade dos alunos do curso que se qualificaram e
desenvolveram habilidades artesanais que lhe garantiram uma profissão. Durante esse período
foi articulado um apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de
Minas Gerais (SEBRAE-MG), o qual apresentou a possibilidade de financiamento dos
equipamentos restantes necessários na olaria e dos cursos de capacitação para fabricação de
cerâmica. Com essa nova atividade desenvolvida por eles, os trabalhos na comunidade
deixam de ter um caráter extremamente rural para se apoiarem em uma atividade produtiva
artesanal de fato.
As atividades no município de Rio Acima foram retomadas em setembro de 2005 com
uma reunião, na qual ficou estabelecido que fosse ministrado um curso de gestão de negócio,
por um consultor do SEBRAE- MG, juntamente com uma estagiária da ITCP. Todavia, um
fato que merece destaque é que o grupo teve uma baixa significativa, apenas 50% dos alunos
presentes no primeiro encontro compareceram ao segundo, o que desmotivou um pouco o
coletivo. Porém as aulas tiveram andamento normal, o grupo contava, neste momento, com 20
alunos-artesãos.
Após contato com as aulas de técnica de cerâmica, gestão de cooperativas e design de
produtos, os artesãos já haviam criado duas linhas de produtos cerâmicos: presépios e
oratórios. As peças produzidas deveriam ter sido expostas numa Feria de Artesanato
Nacional, em Belo Horizonte, porém o grupo não conseguiu produção mínina para esta
exposição. Contudo a Universidade promoveu uma exposição para estes ceramistas no Museu
Regional da cidade de São João Del Rei/MG.
Mesmo com a produção de duas coleções e mediante exposição das obras, o número
de artesãos participantes do grupo teve nova redução drástica. Tal fato se deve a aprovação de
alguns deles no vestibular da própria UFSJ. Neste momento são cerca de 10 (dez) artesãos
apenas que compõem o grupo.
No final do mês de setembro de 2006 aconteceu a cerimônia de entrega de diplomas e
presença de autoridades representantes dos parceiros no projeto. Foi o encerramento do
primeiro ciclo de atividades na Oficina e o convênio firmado entre a UFSJ, a empresa
multinacional e as Obras Sociais da Paróquia de São Francisco de Assis. Com o fim da
parceria, a Oficina passou a contar somente com o apoio da UFSJ, Obras Sócias e SEBRAE,
com novas propostas de cursos de gestão. Neste mesmo período, o coletivo recebeu a visita de
pessoas de São Paulo, interessadas em encomendar aproximadamente 1.500 pratos de
cerâmica, para lançamento de um kit de uma grande empresa de cosméticos.
Este foi um momento crucial para que o coletivo tivesse um contato mais direto com
conceitos de autogestão e economia solidária. Na expectativa da resposta da encomenda, pois
a cerâmica estava concorrendo com dois outros materiais de outras oficinas, o grupo logo
começou a se organizar e traçar planos de produção. Daí surgiram problemas. A hipótese de
lucro e, consequentemente, sua partilha, logo causou discussões e desentendimentos no
coletivo. Foram feitas diversas reuniões para que os artesãos pudessem entender os
fundamentos da Economia Solidária e os objetivos da Incubadora com aquele coletivo. Por
fim, a encomenda dos pratos de cerâmica para a Natura não foi confirmada, pois a empresa
optou pelo vidro de outra oficina. Durante todo o mês, o grupo continuou trabalhando na
produção das coleções propostas.
Nesta etapa, os artesãos já haviam apreendido técnicas de fabricação e gestão. Então,
no ano de 2008 a ITCP fez um levantamento nas cidades da região com a finalidade de

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identificar o processo de fabricação, comercialização e distribuição dos produtos por eles
fabricados. Ao estabelecer contato com os ceramistas locais, pôde-se notar que muitos deles
estão em franca produção. Além disso, um ponto curioso é que a matéria-prima para produção
é facilmente encontrada pelos artesãos. Por se tratar de argila ou barro, como eles mesmos
chamam, é um material extremamente acessível, muitas vezes encontrado no próprio quintal
de casa.
Através das entrevistas realizadas constatou-se que muitos dos artesãos aprenderam a
produzir com um mestre e depois de algum tempo começaram a fabricar suas obras sozinhos,
utilizando as técnicas aprendidas com o instrutor. Os ensinamentos absorvidos durante os
cursos, tais como procedimentos e tecnologias utilizadas no processo de criação, em alguns
casos foram disseminados e, em raros casos modificados. O contato direto com os produtores
locais tornou possível conhecer a realidade e os trabalhos de cada um deles. Grande parte
deles possui peças prontas em casa e fizeram questão de mostrá-las. Em geral, os produtos por
eles fabricados eram enfeites para decoração de interiores. Outro fator importante diz respeito
à proximidade física entre os artesãos, o que resulta em menores custos com transporte na
distribuição.
O fato de atuarem em associação traz alguns benefícios ao grupo em termos de
armazenamento, comercialização e distribuição da produção. O local mais comum de
armazenamento é na própria sede da organização. Em se tratando da forma de
comercialização, o meio de escoamento mais comum entre os artesãos participantes deste
levantamento são as vendas diretas ao comprador, que podem ser turistas, pessoas da
comunidade ou lojistas de cidades vicinais. Outro meio de comercialização vigente está
relacionado à exposição de obras em feiras especializadas e atendimento a encomendas. A
entrega e distribuição das peças são feitas diretamente ao comprador, no caso das vendas
diretas. E pode, ainda, ser realizada por meio de transportadoras e correios, em caso de
encomendas.
E por fim, quando questionados sobre a percepção deles acerca da importância das
associações coletivas, muitos afirmaram que a atuação coletiva trouxe muitos ganhos para o
grupo. Resultados que, segundo eles, jamais conseguiriam atuando de forma individualizada.
Dentre os fatores ressaltados está o fato de uma associação promover os artesãos e divulgar
seus trabalhos, de modo a atender aos interesses dos mesmos, além de apoiá-los na
participação em feiras e exposições, auxiliar nas vendas ao disponibilizar um espaço para este
fim e por estimular a coletividade, uma vez que o trabalho coletivo motiva o desenvolvimento
do artesão cada vez mais. A atuação coletiva trouxe eficiência aos artesãos, além de uma
maior interação entre eles. Tal fato contribuiu para o desenvolvimento de um enraizamento
social, pautado na confiança e cooperação.
3º estágio: A reestruturação do coletivo solidário
Na fase atual de desenvolvimento do aglomerado percebe-se que o coletivo está
passando por uma reestruturação. Isto se deve ao fato de contarem diretamente com o apoio
da ITCP. Eles estão passando por um processo de reavaliação das atividades administrativas e
associativas. A incubadora teve algumas de suas atividades suspensas no ano de 2008, o que
prejudicou o andamento de determinadas ações no coletivo em questão. Nota-se que o grupo
estudado apresenta um estágio de desenvolvimento ainda rústico e precário.
Com o auxílio da ITCP, o grupo se organizou e de maneira participativa constituíram
seu estatuto de regimento interno. Por fazer parte da Estrada Real, a cidade apresenta um
volume considerável de turistas interessados nas riquezas por lá produzidas. Diante desses
fatos, pode-se depreender a fundamental relevância de se identificar o atual estágio de cada
aglomerado, no sentido de entender o potencial efetivo do grupo produtor, bem como facilitar
a construção de uma melhor política pública de incentivo e planejamento de ações.

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Tabela 1 – Estágios de desenvolvimento (econômico, social e político) – Divinópolis e Rio Acima
DIVINÓPOLIS – CONFECÇÕES RIO ACIMA – ARTESANATO CERAMISTA

1) Urbanização 1) Nascimento
Fatores Econômicos: Chegada da estrada de ferro; Fatores Econômicos: Novas alternativas para geração de
desenvolvimento e crise do setor siderúrgico. renda, disponibilidade de cursos de capacitação.
Fatores Sociais: produção de confecções para Fatores Sociais: Alto índice de desemprego na região.
subsistência. Fatores Políticos: Incentivo estadual para o
Fatores Políticos: incentivo federal à indústrias de bens Desenvolvimento Regional Sustentável.
de consumo.

2) Industrialização
Fatores Econômicos: Instalação de indústrias de matéria
prima; início dos “feirões” de vendas; habilidade artesanal
das mulheres. 2) Desenvolvimento
Fatores Econômicos: criação de coleções de trabalho;
Fatores Sociais: desemprego em outros setores,
exposição das obras no museu regional; desenvolvimento
possibilidade de geração de renda.
de técnicas próprias de fabricação, comercialização e
Fatores Políticos: Fundação do Sindicato do Vestuário de
Divinópolis. distribuição; matéria-prima de baixo custo e fácil acesso;
apoio a participação em feiras e exposições; habilidades
artesanais
3) Crescimento e declíneo
Fatores Sociais: disseminação e conhecimentos acerca de
Fatores Econômicos: Aumento do número de firmas,
economia solidária e autogestão; redução do número de
aumento da competitividade e concorrência, forte
participantes; estímulo a coletividade, cooperação e
mercado local.
aumento da confiança entre os membros.
Fatores Sociais: Oportunidade de abertura de novos
Fatores Políticos: Incentivo estadual por parte do
negócios
SERVAS, Paróquia São Francisco e UFSJ.
Fatores Políticos: Criação de cursos técnicos apoiados
pelo governo Federal.

4) Reestruturação
Fatores Econômicos: conhecimento e informações 3) Reestruturação
consolidadas, criação do curso superior de Design. Fatores Econômicos: Demanda local por geração de renda.
Fatores Sociais: aumento da cooperação entre entidades Fatores Sociais: Práticas solidárias entre os atores.
envolvidas no setor, modelos de carreira. Fatores Políticos: Criação do estatuto de regimento
Fatores Políticos: Criação de um Conselho Gestor. interno; incentivo no setor turístico por parte do governo
Federal.
Fonte: Dados da pesquisa

5. Considerações Finais
Tendo por base a Tabela 1, pode-se depreender que existem alguns pontos de
convergência entre os dois aglomerados estudados. Eles apresentam fatores sociais,
econômicos e políticos que os aproximam em termos práticos. Em se tratando dos elementos
que motivaram a formação e atuação dos aglomerados, ressalta-se o desemprego, a
possibilidade de geração de renda, o aumento da cooperação entre os envolvidos, habilidade
artesanal, qualificação, facilidade de acesso à matéria-prima, incentivo por parte de órgãos de
fomento.
Sobre os fatores econômicos, nota-se a importância da habilidade artesanal para os
dois aglomerados. Apesar do aglomerado de confecção se encontrar em um estágio
industrializado, as habilidades artesanais presentes no segundo estágio foram de suma
importância para o desenvolvimento do setor. Para o aglomerado de artesanato ceramista essa
habilidade continua presente e é base fundamental para a fabricação de seus produtos. Outro
fator econômico presente em ambos aglomerados foi a possibilidade de qualificação da mão-
de-obra dessas regiões. Apesar da capacitação formal ser pouco exigida em aglomerados
tradicionais, a criação dos cursos técnicos relacionados as atividades desenvolvidas nas

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regiões impulsionou o desenvolvimento tanto no município de Divinópolis, quanto na
comunidade do Rio Acima. A facilidade de acesso a matéria-prima também foi fator
preponderante para o setor de confecções, com a vinda de indústrias relativas para o
município, e para o setor de artesanato ceramista, que trabalha com um tipo de matéria-prima
bastante presente na região.
Ao que tangem os fatores sociais, pode-se inferir que a necessidade por
desenvolvimento regional sustentável teve um papel de extrema relevância na história desses
aglomerados. Diante dessa realidade, mesmo que em diferentes épocas, o desemprego
contribuiu para que fossem propostas novas alternativas para o crescimento das atividades em
Divinópolis/MG, quanto em Rio Acima/MG. Tal fato fez com que alguns órgãos de fomento
se atentassem para essa nova demanda da sociedade, o que impulsionou a formação de
aglomerados produtivos nestas localidades supracitadas. O impulso político gerado por esses
órgãos fez com que houvesse um considerável desenvolvimento de técnicas e habilidades por
parte dos atores sociais. A emergência de novas possibilidades de atuação no mercado foi
determinante para o processo de geração de renda como uma resposta eficaz às adversidades
vividas pelos, até então, marginalizados sociais. Neste sentido, cabe ressaltar que a atuação
desses atores em aglomerados fez com que surgissem novas demandas por interação e
cooperação entre eles. O fato de atuarem de forma conjunta fez crescer essa necessidade em
prol de maiores ganhos em eficiência e competitividade.
Pode-se concluir que apesar dos aglomerados possuirem estágios de desenvolvimento
específicos, existem pontos de convergência que podem auxiliar o planejamento de ações
públicas, destacadas como de importância inquestionável para que o aglomerado possa
desenvolver e até mesmo sobreviver neste mercado competitivo. Assim, a consolidação
desses aglomerados estará associada, além dos fatores econômicos, às condições do ambiente
social, político e cultural.

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