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Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de ² ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação
pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga
ou relevada.
Essa disposição vem desde o Digesto Português, não implicando inovação, nem mesmo
quando da publicação do Código Civil de 1916.
Divergindo aqui do Código francês, o nosso Código não exonera os coobrigados
solidários na hipótese de o credor perdoar um deles ou receber de apenas um o
pagamento parcial das dívidas. A solidariedade subsiste quanto ao débito remanescente,0
ou seja, os outros devedores permanecem solidários, descontada a parte do co-devedor
que realizou o pagamento parcial ou foi perdoado.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor.
O dispositivo foi praticamente copiado do Código Civil francês (Art. 1.208), não
constituindo novidade, mesmo à época de elaboração do Código Civil de 1916. Já nos
ensinava Alves Moreira que ³quanto às exceções ou meios de defesa pessoais, o devedor
solidário não pode invocar os que sejam pessoais dos outros devedores, mas só os que
pessoalmente lhe competem. E assim que ele não poderá defender-se, quando seja
demandadopelo credor, com a não realização duma condição suspensiva, nem com o fato
do dolo, erro ou violência, ou por qualquer incapacidade relativa, quando os fatos e a
incapacidade referidos não digam respeito a ele, mas a outros dos condevedores
solidários´ (Guilherme Alves Moreira.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada
um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se
o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.
O dispositivo não inova o direito anterior. O co-devedor que sozinho paga a dívida, paga
além da sua parte e por isso tem o direito de reaver dos outros coobrigados a quota
correspondente de cada um. Ressalta novamente a Protb Maria Helena Diniz que é
³mediante ação regressiva que se restabelece a situação de igualdade entre os codevedores,
pois aquele que paga o débito recobra dos demais as suas respectivas partes
p100:134; Todavia, as partes dos co-devedores
podem ser desiguais. pois aquela presunção é relativa ou
assim, o devedor
que pretender receber mais terá o
pda desigualdade nas quotas, se o
codevedordemandado pretender pagar menos, suportará o encargo de provar o fato (CPC,
Art. 333, 11)´ p p
cit., p. 144).
Este artigo prevê hipótese em que o co-devedor que paga a dívida toda não tem direito
de regresso contra os demais, mas apenas contra aquele a quem a dívida interessava
exclusivamente. O exemplo clássico é o da fiança: sendo um o afiançado e vários os
fiadores, e estabelecida no contrato a renúncia ao benefício de ordem, poderá o credor
acionar indistintamente tanto o afiançado como quaisquer dos fiadores. Mas o fiador que
pagar integralmente o débito só terá o direito de reembolsar-se do afiançado, que tinha
interesse exclusivo na dívida, não podendo acionar os demais co-fiadores. O mesmo se
dá quando é o afiançado quem paga a dívida. É óbvio que não existirá direito de
regresso deste contra os fiadores.c