You are on page 1of 28

PROMOVENDO A

PREVENÇÃO AO CRIME
Diretrizes e projetos selecionados

Fevereiro 2004
PROMOVENDO A
PREVENÇÃO AO CRIME
Diretrizes e Projetos Selecionados
SUMÁRIO
Introdução..........................................................................................................................3

Diretrizes para Cooperação e Assistência Técnica no


Campo da Prevenção à Criminalidade Urbana............................5

Projetos Selecionados do UNODC e Idéias de Projeto

1. Prevenção e Redução da Criminalidade Juvenil


Reforma da Justiça Juvenil e Prevenção da Delinqüência no Egito............................19

2. Melhoria da Segurança Urbana


Prevenção à Criminalidade Urbana na Região de Dacar.............................................21
Parcerias Interagenciais em prol de Favelas mais Seguras no Rio de Janeiro............ 22

3. Prevenção da Violência Doméstica


Medidas de Combate à Violência contra Mulheres na África do Sul..........................24
Medidas de Combate e Prevenção à Violência contra Mulheres em Lesoto,
Botsuana, República Democrática do Congo e Namíbia.............................................24

4. Assistência às Vítimas
Fundo para Promoção de Apoio a Vítimas: Criando Estruturas Não-Governamentais
de Apoio a Vítimas de Crimes Violentos, incluindo Vítimas de Tráfico de Seres
Humanos...............................................................................................................................26

5. Cooperação Sul-Sul do UNODC


Cooperação Sul-Sul para Determinar Práticas Adequadas de Prevenção ao Crime
no Mundo em Desenvolvimento.......................................................................................27

2
INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, tanto nos irrestrito de indivíduos ao sistema legal,


países desenvolvidos quanto nos cooperação científica e cooperação
entre países em desenvolvimento.
que estão em desenvolvimento,
cidadãos comuns têm-se No Oitavo Congresso, em Havana
preocupado cada vez mais com (1990), foi adotada uma resolução
roubos de suas propriedades e específica quanto à prevenção da
violência contra eles e suas criminalidade urbana.
famílias.
No Nono Congresso, no Cairo (1995), foi
solicitado ao Comitê contra o Crime
O Programa das Nações Unidas que finalizasse e adotasse os princípios
contra o Crime tem enfatizado, propostos no campo da prevenção ao
desde a sua concepção, a crime urbano. Isso foi feito pelo
necessidade de medidas eficazes Conselho Econômico e Social das
para prevenir a criminalidade. Nações Unidas (Ecosoc) em 1995, e
aqueles princípios foram reproduzidos
no presente trabalho.
No Sexto Congresso das Nações Unidas
sobre Prevenção ao Crime e Tratamento Em 1997, o Conselho Econômico e
de Infratores, em Caracas (1980), foi Social aconselhou que se envidassem
recomendado que se envidassem mais mais esforços para determinar os
esforços na busca de novas “elementos de prevenção responsável
abordagens e desenvolvimento de ao crime: padrões e normas”.
melhores técnicas de prevenção ao
crime. Em 1999, um grupo de especialistas
encontrou-se em Buenos Aires para
No Sétimo Congresso (1985), em Milão, revisar os elementos de prevenção
adotou-se um Plano de Ação e responsável ao crime. No mesmo ano, o
Diretrizes para Prevenção ao Crime e Centro Internacional de Prevenção ao
Justiça Criminal, que destacou a Crime convocou uma conferência
prevenção ao crime como parte de internacional, em Montreal, como
uma política social: a relação entre preparação para o Décimo Congresso.
desenvolvimento e criminalidade, Organizou-se uma oficina para envolver
estudos do impacto do crime sobre a a comunidade na prevenção ao crime
sociedade, planejamento intersetorial, no Congresso de 2000, em Viena. Foi
participação da comunidade em adotada nesse evento uma
esforços de redução da criminalidade, Declaração que recomendava
formas tradicionais de controle social, compromissos específicos dos países,
apoio às vítimas, marginalidade e das organizações internacionais e da
injustiça social, avaliações periódicas sociedade civil quanto à prevenção ao
das políticas de justiça criminal, acesso crime.

3
Durante a Assembléia-Geral que se estimulou a mais ampla divulgação
seguiu, os governos foram convidados a possível das Diretrizes e instou com os
usar os Planos de Ação para a Estados-Membros para que
implementação da Resolução 56/261 fortalecessem as redes internacionais
da Assembléia-Geral sobre a de prevenção ao crime, visando a um
Declaração de Viena. intercâmbio de práticas já
experimentadas e promissoras e para
Em 2002, o Conselho Econômico e que levassem esse conhecimento a
Social aceitou as Diretrizes para a todas as comunidades, em todo o
Prevenção à Criminalidade, também mundo.
constantes deste trabalho. O Conselho

4
Diretrizes para Cooperação e Assistência Técnica
no Campo da Prevenção à Criminalidade Urbana
(Resolução Ecosoc 1995/9)

A. DELINEAMENTO E (c) A criação, quando necessário, de


mecanismos de consulta que estimulem
IMPLEMENTAÇÃO DE contatos mais estreitos, intercâmbio de
ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO informações, trabalho conjunto e o
E ASSISTÊNCIA TÉCNICA delineamento de uma estratégia
coerente;
1. Projetos de cooperação para
(d) A elaboração de possíveis soluções
prevenção à criminalidade urbana
para esses problemas no contexto local.
devem considerar os princípios abaixo.

2. Plano de ação integrada de


1. Tratamento local dos problemas
prevenção à criminalidade
2. A criminalidade urbana se
caracteriza por uma multiplicidade de 3. Para que um plano de ação
fatores e formas. Uma abordagem que integrada de prevenção à
envolva diversas instituições, assim criminalidade seja abrangente e eficaz,
como uma resposta coordenada no seus autores deverão:
nível local, de acordo com um plano de
ação integrada de prevenção ao (a) Definir:
crime, resultarão quase sempre em
benefícios, e deverão incluir: (i) A natureza e os tipos de crime a
serem considerados, como furto, roubo,
(a) Um levantamento local, para fins de arrombamento, ataques provocados
diagnóstico, dos fenômenos criminais, por preconceito racial, crimes
suas características, os fatores que os relacionados a drogas, delinqüência
desencadeiam, as formas que assumem juvenil e porte ilegal de armas de fogo,
e sua dimensão; levando em consideração todos os
fatores que possam, direta ou
(b) A identificação de todos os atores indiretamente, causar ou fomentar
relevantes que poderiam participar esses problemas;
desse diagnóstico sobre prevenção à
criminalidade e combate ao crime, (ii) Os objetivos a serem alcançados e o
como por exemplo instituições públicas tempo necessário para a sua
(nacionais ou locais), políticos locais consecução;
eleitos, setor privado (associações,
empresas), voluntários, representantes
comunitários, etc.;

5
(iii) A ação pretendida e as respectivas membros menos afortunados da
responsabilidades dos envolvidos sociedade;
diretamente na implementação do
plano (por exemplo, se deverão ou não (vii) Combate à cultura da violência e
ser mobilizados recursos locais ou da intolerância.
nacionais);
(d) Considerar a criação de condições
(b) Considerar a inclusão de diversos para ações em diversos níveis:
atores representando, em particular:
(i) Prevenção primária:
(i) Assistentes sociais e agentes
educacionais, comunitários e de saúde, a. Por meio de medidas de prevenção
além da polícia, dos tribunais, dos de situações favoráveis ao crime, como
promotores públicos, dos serviços de dificultar o acesso aos alvos e reduzir as
condicional, etc.; oportunidades;

(ii) A comunidade: representantes b. Pela promoção do bem-estar e da


políticos, associações, voluntários, pais, saúde e pelo combate a todas as
organizações de vítimas, etc.; formas de privação social;

(iii) O setor econômico: empresas, c. Mediante a promoção de valores


bancos, negócios, transporte público, comuns e respeito aos direitos humanos
etc.; fundamentais;

(iv) A mídia; d. Por meio do incentivo à


responsabilidade social e a
(c) Considerar a relevância, para o procedimentos de mediação social;
plano de ação de prevenção à
criminalidade, de fatores como: e. Pela facilitação da adaptação dos
métodos de trabalho da polícia e dos
(i) Relações familiares, entre gerações tribunais;
ou entre grupos sociais, etc.;
(ii) Prevenção de reincidência:
(ii) Educação, religião, valores morais e
cívicos, cultura, etc.; a. Pela facilitação da adaptação dos
métodos de intervenção policial
(iii) Emprego, treinamento, medidas de (resposta rápida, intervenção no âmbito
combate ao desemprego e à pobreza; da comunidade local, etc.);

(iv) Moradia e urbanismo; b. Pela facilitação da adaptação dos


métodos de intervenção judicial e
(v) Saúde e abuso de drogas e álcool; implementação de soluções
alternativas:
(vi) Assistência governamental e
comunitária para o bem-estar dos i. Diversificação de métodos de
tratamento e de medidas

6
tomadas de acordo com a B. IMPLEMENTAÇÃO DO
natureza e a gravidade dos casos
(esquemas diversivos, mediação, PLANO DE AÇÃO
um sistema especial para
menores, etc.); 1. Autoridades centrais

ii. Pesquisa sistemática sobre a 4. As autoridades centrais deverão, no


reintegração dos infratores âmbito de sua competência:
envolvidos em crime urbano
mediante a implementação de (a) Oferecer real apoio, assistência e
medidas que não demandem encorajamento a atores locais;
encarceramento;
(b) Coordenar políticas e estratégias
iii. Apoio socioeducacional como nacionais com estratégias e
parte da pena, tanto na prisão, necessidades locais;
como na preparação para a
soltura; (c) Organizar mecanismos de consulta e
cooperação, no nível central, entre as
c. Pela delegação à comunidade de várias administrações pertinentes.
um papel ativo na reabilitação dos
infratores; 2. Autoridades de todos os níveis
(iii) Após o cumprimento da pena: 5. Autoridades competentes em todos
auxílio e apoio socioeducacional, apoio os níveis deverão:
à família, etc.;
(a) Ter sempre em mente o respeito aos
(iv) Proteção às vítimas mediante princípios fundamentais dos direitos
melhorias práticas no seu tratamento, humanos, ao promover essas
como: atividades;

a. Conscientização sobre seus direitos e (b) Estimular e/ou implementar


sobre como realmente exercê-los; treinamento adequado, bem como
oferecer informações para dar suporte
b. Reforço aos direitos (especialmente o a todos os profissionais envolvidos na
direito à compensação); prevenção à criminalidade;

c. Introdução de sistemas de assistência (c) Comparar experiências e organizar


a vítimas. intercâmbio de conhecimentos;

(d) Proporcionar um meio de avaliação


regular da eficácia da estratégia
implementada e abrir possibilidades de
revisão da mesma.

7
AÇÕES VOLTADAS PARA preparatória para o Décimo Congresso
das Nações Unidas sobre Prevenção ao
PROMOVER UMA EFETIVA Crime e Tratamento de Infratores,
PREVENÇÃO AO CRIME Observando que os elementos
(Resolução Ecosoc 2002/13) preliminares da prevenção responsável
ao crime foram considerados durante a
O CONSELHO ECONÔMICO E oficina sobre envolvimento comunitário
na prevenção à criminalidade, ocorrida
SOCIAL, durante o Décimo Congresso das
Nações Unidas sobre Prevenção ao
Com base em sua Resolução 1996/16, Crime e Tratamento de Infratores,
de 23 de julho de 1996, na qual solicitou realizado em Viena de 10 a 17 de abril
ao Secretário-Geral que continuasse a de 2000,
promover o uso e a aplicação dos
padrões e normas das Nações Unidas Reconhecendo a necessidade de
na prevenção à criminalidade e às atualizar e finalizar os elementos
questões de justiça criminal, preliminares da prevenção responsável
ao crime,
Levando em conta os elementos de
prevenção responsável ao crime: Ciente do objetivo de se reduzirem
padrões e normas anexados à sua significativamente a criminalidade e a
Resolução 1997/33, de 21 de julho de vitimização, mediante abordagens
1997, particularmente os que se referem baseadas em conhecimento, bem
ao envolvimento da comunidade na como da contribuição que a efetiva
prevenção à criminalidade, contidos prevenção ao crime pode fazer em
nos parágrafos 14 a 23 do referido termos da segurança e da defesa dos
anexo, bem como os elementos indivíduos e de suas propriedades,
preliminares revisados da prevenção como também da qualidade de vida
responsável ao crime, preparados na nas comunidades de todo o mundo,
Reunião do Grupo de Especialistas
sobre Elementos de Prevenção Considerando a Resolução 56/261 da
Responsável à Criminalidade: Tratando Assembléia-Geral de 31 de janeiro de
Problemas Criminais Tradicionais e 2002, intitulada “Planos de ação para a
Emergentes, realizada em Buenos Aires implementação da Declaração de
de 8 a 10 de setembro de 1999, Viena sobre Crime e Justiça:
enfrentando os desafios do século XXI”,
Considerando a conferência particularmente a ação de prevenção
internacional de especialistas em à criminalidade, para dar
prevenção ao crime realizada em prosseguimento aos compromissos
Montreal, no Canadá, de 3 a 6 de assumidos nos parágrafos 11, 13, 20, 21,
outubro de 1999, convocada pelos 24 e 25 da Declaração de Viena,
governos da França, dos Países Baixos e
do Canadá, em cooperação com o Convencido da necessidade de
Centro Internacional de Prevenção ao desenvolver uma agenda de ações
Crime de Montreal, como reunião

8
cooperativas quanto aos compromissos 3. Solicita que agências relevantes das
assumidos na Declaração de Viena, Nações Unidas e outras organizações
especializadas fortaleçam a
Observando com aprovação o coordenação e a cooperação
trabalho do Grupo de Especialistas interagenciais em prevenção à
sobre Prevenção à Criminalidade, em criminalidade, como estabelecem as
reunião realizada em Vancouver, no Diretrizes, e que, para tal fim, divulguem
Canadá, de 21 a 24 de janeiro de 2002, amplamente estas últimas no sistema
assim como o trabalho do Secretário- Nações Unidas;
Geral na preparação de um relatório
sobre os resultados daquela reunião 4. Solicita ao Centro para Prevenção
inter-regional, contendo diretrizes Internacional do Crime do Escritório de
preliminares revisadas para prevenção Controle de Drogas e Prevenção ao
ao crime e áreas prioritárias propostas Crime da Secretaria, em consulta com
para ação internacional, os Estados-Membros, aos institutos que
formam a rede do Programa das
Reconhecendo que cada Estado- Nações Unidas para Prevenção ao
Membro é único em sua estrutura Crime e Justiça Criminal e a outras
governamental, em suas características entidades afins do sistema Nações
sociais e em sua capacidade Unidas que elaborem uma proposta de
econômica, e que esses fatores influirão assistência técnica na área de
no objetivo e na implementação de prevenção à criminalidade, segundo as
seus programas de prevenção ao diretrizes do Escritório de Controle de
crime, Drogas e Prevenção ao Crime;

Reconhecendo, também, que mudar 5. Insta com os Estados-Membros para


circunstâncias e desenvolver que estabeleçam ou fortaleçam as
abordagens de prevenção à redes internacionais, regionais e
criminalidade podem exigir elaboração nacionais de prevenção à
e adaptação mais acuradas de criminalidade, objetivando desenvolver
diretrizes de prevenção ao crime, estratégias baseadas em
conhecimento, fazer intercâmbio de
1. Aceita as Diretrizes para a Prevenção práticas bem-sucedidas, identificar os
à Criminalidade, anexadas à presente elementos que possibilitem a
Resolução, com o objetivo de fornecer transferência dessas práticas e colocar
elementos para uma eficaz prevenção esse conhecimento à disposição de
ao crime; comunidades em todo o mundo;

2. Convida os Estados-Membros a tomar 6. Solicita ao Secretário-Geral que se


as Diretrizes como base, sempre que reporte à Comissão de Prevenção à
necessário, para o desenvolvimento ou Criminalidade e Justiça Criminal, em sua
o fortalecimento de suas políticas na décima quarta sessão, sobre a
área de prevenção ao crime e justiça implementação da presente Resolução.
criminal;

9
ANEXO
Diretrizes para a Prevenção ao Crime

reduzir o risco de ocorrência de crimes,


I. INTRODUÇÃO
assim como seus possíveis efeitos
nocivos sobre os indivíduos e a
1. Há evidências de que estratégias
sociedade, incluindo o medo do crime,
bem planejadas de prevenção à
intervindo para influenciar suas múltiplas
criminalidade não só previnem o crime
causas. A aplicação de leis, penas e
e a vitimização, como também
correções, ao mesmo tempo em que
promovem a segurança comunitária e
representa função preventiva, foge ao
ainda contribuem para o
escopo das presentes Diretrizes, uma
desenvolvimento sustentável dos países.
vez que outros instrumentos das Nações
Uma prevenção ao crime realizada de
Unidas fazem uma ampla cobertura
forma eficaz e responsável melhora a
desse assunto.
qualidade de vida da sociedade como
um todo. Seus benefícios são
4. Estas Diretrizes tratam do crime e de
duradouros quanto à redução dos
seus efeitos sobre vítimas e sociedade,
custos associados ao sistema judicial
contemplando, também, a crescente
criminal formal, bem como quanto a
internacionalização das atividades
outros custos sociais resultantes do
criminosas.
crime. A prevenção ao crime oferece
oportunidades para que o problema da
5. Representam importantes elementos,
criminalidade seja tratado de forma
no escopo do conceito de crime
mais humanitária e com melhor custo-
tomado aqui, o envolvimento da
benefício. As Diretrizes aqui contidas
comunidade e a
esboçam os elementos necessários
cooperação/parcerias. Embora o termo
para uma prevenção eficaz da
“comunidade” possa ser definido de
criminalidade.
diversas maneiras, em essência, neste
contexto, refere-se ao envolvimento da
II. REFERÊNCIAS CONCEITUAIS sociedade civil no âmbito local.

2. É de responsabilidade do governo, 6. A prevenção à criminalidade inclui


em todos os seus escalões, criar, manter uma ampla gama de abordagens,
e estimular um contexto no qual dentre as quais:
instituições governamentais relevantes e
todos os segmentos da sociedade civil, (a) Promover o bem-estar das pessoas e
incluindo o setor empresarial, possam estimular o comportamento pró-social
desempenhar melhor o seu papel na por meio de medidas sociais,
prevenção ao crime. econômicas, educacionais e de saúde,
com enfoque particular em crianças e
3. No âmbito destas Diretrizes, a jovens, e destacar o risco e os fatores
“prevenção à criminalidade” abrange de proteção associados ao crime e à
estratégias e medidas que buscam vitimização (prevenção mediante

10
desenvolvimento social ou prevenção econômicos relevantes, entre eles, os
social do crime); que se referem a emprego, educação,
saúde, moradia e planejamento
(b) Modificar as condições, nas urbano, pobreza, marginalização e
comunidades, que levem a infrações, à exclusão sociais. Atenção especial
vitimização e à insegurança que resulta deve ser dada a comunidades, famílias,
da criminalidade, a partir de iniciativas, crianças e jovens em situação de risco.
experiência e compromisso por parte
dos membros dessas comunidades Cooperação/parcerias
(prevenção ao crime em nível local);
9. Cooperação e parcerias devem fazer
(c) Prevenir a ocorrência de crimes parte integrante de uma efetiva
mediante a redução de oportunidades, prevenção à criminalidade, dada a
o aumento dos riscos de apreensão e a ampla natureza das causas do crime e
minimização dos benefícios, até mesmo as habilidades e responsabilidades
por meio de mudanças ambientais, e necessárias para tratá-las. Isso inclui
oferecer assistência e informações a parcerias que atuem em todos os
vítimas reais e em potencial (prevenção ministérios e entre autoridades,
do crime situacional); organizações comunitárias e não-
governamentais, setor empresarial e
(d) Prevenir a reincidência por meio de cidadãos.
assistência à reintegração social dos
infratores e de outros mecanismos de Sustentabilidade/prestação de contas
prevenção (programas de
reintegração). 10. Para que se possa sustentar, a
prevenção à criminalidade demanda
III. FUNDAMENTOS recursos adequados, entre os quais,
fundos para estruturas e atividades.
Liderança governamental Deve haver uma clara prestação de
contas desses fundos, da
7. Todos os escalões governamentais implementação e da avaliação, para
devem desempenhar um papel de que se alcancem os resultados
liderança no desenvolvimento de esperados.
estratégias eficazes e humanitárias de
prevenção à criminalidade, bem como Base de conhecimento
na criação e manutenção de infra-
estruturas institucionais para sua 11. Estratégias, políticas, programas e
implementação e revisão. ações de prevenção à criminalidade
devem fundamentar-se em uma ampla
Desenvolvimento e inclusão e multidisciplinar gama de
socioeconômicos conhecimentos sobre problemas
criminais, suas múltiplas causas e
8. Considerações sobre prevenção à práticas bem-sucedidas.
criminalidade devem ser integradas a
todas as políticas e programas sociais e

11
Direitos humanos/leis/cultura da Envolvimento da comunidade
legalidade
16. Em algumas das áreas que se
12. As leis e os direitos humanos que são seguem, a principal responsabilidade
reconhecidos pelos instrumentos recai sobre o governo. Entretanto, a
internacionais dos quais são signatários ativa participação de comunidades e
os Países-Membros precisam ser de outros segmentos da sociedade civil
respeitados em todos os aspectos da é essencial para uma efetiva
prevenção à criminalidade. Portanto, prevenção à criminalidade. As
uma cultura da legalidade deve ser comunidades, em particular, devem
ativamente estimulada nesse campo. desempenhar importante papel na
determinação de prioridades para essa
Interdependência prevenção, na sua implementação e
na sua avaliação, bem como em
13. Diagnósticos e estratégias de auxiliar na identificação de uma base
prevenção nacional à criminalidade sustentável de recursos.
deverão levar em consideração,
quando for o caso, as ligações entre os A. Organização
problemas criminais locais e o crime
organizado internacional. Estruturas governamentais

Diferenciação 17. Os governos devem incluir a


prevenção como parte permanente de
14. Estratégias de prevenção à sua estrutura e de seus programas de
criminalidade deverão considerar, controle da criminalidade, garantindo,
também quando for o caso, as em suas fileiras, responsabilidades e
diferentes necessidades de homens e objetivos transparentes para a
mulheres, assim como as necessidades organização da prevenção ao crime.
especiais de membros vulneráveis da Para tanto, deverá, entre outras ações:
sociedade.
(a) Estabelecer centros ou pontos focais
IV. ORGANIZAÇÃO, MÉTODOS com experiência e recursos;
E ABORDAGENS
(b) Elaborar um plano de prevenção à
criminalidade com prioridades e
15. Em reconhecimento ao fato de que objetivos bem definidos;
todos os países têm estruturas
governamentais próprias, nesta seção (c) Criar vínculos e coordenação entre
serão apresentados instrumentos e instituições ou departamentos
metodologias que os governos e todos governamentais afins;
os segmentos da sociedade civil
deverão observar ao desenvolver (d) Promover parcerias entre
estratégias para prevenir a organizações não-governamentais,
criminalidade e reduzir a vitimização. O empresas de negócios, setor privado,
conteúdo desta seção baseia-se em profissionais liberais e a comunidade em
práticas internacionais bem-sucedidas. geral;

12
(e) Buscar a participação ativa da necessidade de que todos os parceiros
população na prevenção à tenham papéis claros e transparentes;
criminalidade, informando-a da
necessidade de ações, dos meios de (b) Estimulando a formação de
realizá-las e do papel que parcerias em diferentes níveis e entre
desempenham. diversos setores;

Treinamento e fortalecimento (c) Facilitando a efetiva atuação das


institucional parcerias.

18. Os governos devem apoiar o Sustentabilidade


desenvolvimento de capacidade de
prevenção à criminalidade: 20. Os governos e outras instituições
financiadoras devem esforçar-se por
(a) Proporcionando treinamento alcançar a sustentabilidade dos
profissional a autoridades que atuem programas e iniciativas de prevenção à
em instituições pertinentes; criminalidade que já tenham provado
sua eficácia, mediante as seguintes
(b) Estimulando universidades, ações, entre outras:
faculdades e outras instituições
educacionais relevantes a oferecer (a) Revisão da alocação de recursos de
cursos básicos e avançados, inclusive modo a estabelecer e manter um
com a colaboração de profissionais equilíbrio adequado entre a prevenção
liberais; à criminalidade e o sistema de justiça
criminal e outros sistemas, para serem
(c) Trabalhando com os setores mais eficazes na prevenção ao crime e
educacional e profissional no sentido de à vitimização;
atribuir certificados e promover
qualificação profissional; (b) Estabelecimento de condições para
uma clara prestação de contas da
(d) Incentivando o potencial das alocação de recursos, da
comunidades para se desenvolverem e programação e da coordenação de
satisfazerem suas necessidades. iniciativas de prevenção ao crime;

Parcerias de apoio (c) Incentivo ao envolvimento da


comunidade nessa sustentabilidade.
19. Os governos e todos os segmentos
da sociedade civil devem apoiar o B. Métodos
princípio da parceria, quando a
situação assim o exigir: Base de conhecimento

(a) Oferecendo informações sobre a 21. Sempre que necessário, os governos


importância desse princípio e sobre os e/ou a sociedade civil devem facilitar
componentes de parcerias bem- uma bem-fundamentada prevenção à
sucedidas, assim como sobre a criminalidade por meio das seguintes
ações, entre outras:

13
Intervenções de planejamento
(a) Oferecendo às comunidades a
informação necessária para lidarem 22. Intervenções de planejamento
com problemas relacionados ao crime; devem promover um processo que
inclua:
(b) Apoiando a geração de
conhecimento útil e aplicável que seja, (a) Uma análise sistemática dos
ao mesmo tempo, cientificamente problemas relacionados a crimes, suas
confiável e válido; causas, seus fatores de risco e suas
conseqüências, particularmente no
(c) Defendendo a organização e a âmbito local;
síntese do conhecimento, bem como
identificando e tratando as lacunas na (b) Um plano que se baseie na
base desse conhecimento; abordagem mais adequada e adapte
as intervenções ao problema e ao
(d) Partilhando esse conhecimento, contexto local específico;
quando necessário, com pesquisadores,
formuladores de políticas, educadores, (c) Um plano de implementação para
profissionais liberais de outros setores proporcionar intervenções adequadas
afins e com a comunidade em geral, que sejam eficientes, eficazes e
entre outros; sustentáveis;

(e) Aplicando esse conhecimento na (d) A mobilização de entidades que


reprodução de intervenções bem- sejam capazes de lidar com as causas
sucedidas, desenvolvendo novas daqueles problemas;
iniciativas e fazendo um prognóstico de
prováveis problemas resultantes de (e) Monitoramento e avaliação.
crimes, assim como de oportunidades
de prevenção; Avaliação do apoio

(f) Criando sistemas de dados para 23. Governos, outras agências


auxiliar, com maior custo-benefício, as financiadoras e todos os envolvidos em
atividades de prevenção ao crime com concepção e execução de programas
a realização de levantamentos devem:
regulares de vitimização e delitos;
(a) Submeter-se a avaliações a curto e
(g) Promovendo a aplicação desses longo prazos para verificar
dados para reduzir a repetida rigorosamente o que funciona, onde e
vitimização, a contínua transgressão e por quê;
as áreas com alto índice de
criminalidade. (b) Submeter-se a análises de custo-
benefício;

(c) Verificar até que ponto a ação


resulta em uma redução nos índices de
criminalidade e de vitimização, na

14
gravidade dos crimes e no medo que tolerância, respeitando, ao mesmo
eles geram; tempo, as identidades culturais.

(d) Avaliar sistematicamente os Prevenção do crime situacional


resultados e as conseqüências
inesperadas da ação, positivos e 26. Os governos e a sociedade civil,
negativos, tais como a diminuição nas incluindo, quando for o caso, o setor
taxas de criminalidade ou a empresarial, deverão apoiar o
estigmatização dos indivíduos e/ou das desenvolvimento de programas de
comunidades. prevenção ao crime situacional por
meio, entre outros recursos, de:
C. Abordagens
(a) Padrão ambiental melhorado;
24. A presente seção contemplará
abordagens relativas a (b) Métodos adequados de vigilância
desenvolvimento social e prevenção do que levem em conta o direito à
crime situacional. Também delineará privacidade;
como os governos e a sociedade civil
deverão agir para prevenir o crime (c) Estímulo à confecção de bens de
organizado. consumo que os torne mais resistentes à
ação criminosa;
Desenvolvimento social
(d) Tornar os alvos menos vulneráveis,
25. Os governos devem enfrentar os sem comprometer a qualidade do
fatores de risco envolvidos no crime e ambiente já estabelecido nem limitar o
na vitimização mediante as seguintes livre acesso a lugares públicos;
ações:
(e) Implementação de estratégias que
(a) Promovendo fatores de proteção evitem a vitimização repetida.
por meio de programas de
desenvolvimento econômico e social Prevenção do crime organizado
que sejam abrangentes e não gerem
estigmas, entre eles, programas de 27. Os governos e a sociedade civil
saúde, de educação, de moradia e de devem procurar analisar as ligações
emprego; entre o crime organizado transnacional
e os problemas criminais nacionais e
(b) Realizando atividades que reparem locais, bem como lidar com elas,
a marginalização e a exclusão; mediante:

(c) Estimulando uma positiva solução de (a) A redução – por meio de


conflitos; adequadas medidas legislativas,
administrativas ou outras – das
(d) Fazendo uso da educação e de oportunidades existentes e futuras para
estratégias de conscientização da grupos criminosos organizados
população em geral no sentido de participarem de mercados legais com
incentivar uma cultura de legalidade e os lucros do crime;

15
cooperação e assistência técnica no
(b) O desenvolvimento de medidas que campo da prevenção à criminalidade
impeçam o uso indevido, por grupos urbana (anexo da Resolução 1995/9),
criminosos organizados, de assim como a Declaração de Viena
procedimentos frouxos utilizados por sobre Crime e Justiça: enfrentando os
autoridades públicas e de subsídios e desafios do século XXI (anexo da
licenças concedidos por elas para a Resolução 55/59 da Assembléia-Geral),
atividade comercial; e a Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado
(c) A elaboração de estratégias de Internacional e seus respectivos
prevenção à criminalidade, quando for Protocolos (anexos I-III da Resolução
o caso, para proteger grupos 55/25 e anexo da Resolução 55/255 da
socialmente marginalizados, Assembléia-Geral).
especialmente mulheres e crianças,
que são vulneráveis à ação de grupos Assistência técnica
criminosos organizados, como tráfico de
seres humanos e migração ilegal, entre 29. Os Estados-Membros e relevantes
outras. organizações financiadoras
internacionais devem oferecer
V. COOPERAÇÃO assistência financeira e técnica,
incluindo fortalecimento institucional e
INTERNACIONAL treinamento, a países em
desenvolvimento e a países com
Padrões e normas economias em transição, bem como a
comunidades e a outras organizações
28. Para tomar medidas internacionais pertinentes, para a implementação de
de prevenção à criminalidade, os efetiva prevenção à criminalidade e de
Estados-Membros devem levar em estratégias de segurança comunitária
consideração os principais instrumentos nos âmbitos regional, nacional e local.
internacionais relacionados com os Nesse sentido, será preciso dar especial
direitos humanos e a prevenção ao atenção à pesquisa e às ações de
crime dos quais sejam signatários, como prevenção ao crime por meio de
a Convenção sobre os Direitos da desenvolvimento social.
Criança (anexo da Resolução 44/25 da
Assembléia-Geral), a Declaração sobre Utilização de rede
a Eliminação da Violência contra
Mulheres (Resolução 48/104 da 30. Os Estados-Membros devem
Assembléia-Geral), as Diretrizes das fortalecer ou estabelecer redes
Nações Unidas para a Prevenção da internacionais, regionais e nacionais de
Delinqüência Juvenil (as Diretrizes prevenção à criminalidade com o
Riyadh) (anexo da Resolução 45/112 da objetivo de fazer um intercâmbio de
Assembléia-Geral), a Declaração dos práticas bem-sucedidas, identificar os
Princípios Básicos de Justiça para elementos que propiciem a sua
Vítimas de Crime e de Abuso de Poder transferência e tornar esse
(anexo da Resolução 40/34 da conhecimento disponível a
Assembléia-Geral), as diretrizes para comunidades em todo o mundo.

16
órgãos pertinentes das Nações Unidas,
Ligações entre o crime transnacional e devem incluir em suas prioridades a
o local prevenção ao crime como delineada
nestas Diretrizes, criar um mecanismo de
31. Os Estados-Membros devem coordenação e um corpo de
colaborar para a análise e o tratamento especialistas que faça uma estimativa
das ligações entre o crime organizado das necessidades e ofereça consultoria
transnacional e os problemas criminais técnica.
nacionais e locais.
Divulgação
Priorização da prevenção à
criminalidade 33. Agências das Nações Unidas e
outras organizações afins devem
32. O Centro de Prevenção ao Crime cooperar entre si no sentido de gerar
Internacional do Escritório de Controle informações sobre prevenção à
de Drogas e Prevenção ao Crime da criminalidade em todas as línguas
Secretaria, a rede de institutos afiliados possíveis, por meios impressos e
e associados do Programa das Nações eletrônicos.
Unidas de Prevenção ao Crime e
Justiça Criminal, assim como outros

17
Projetos Selecionados do UNODC e Idéias de
Projeto
1. Prevenção e Redução da Criminalidade Juvenil

menores de quinze anos, raramente são


Reforma da Justiça Juvenil e
postas em prática.
Prevenção da Delinqüência no
Egito Com base em um projeto bem-
sucedido no Líbano, este projeto assiste
O Egito enfrenta a delinqüência juvenil, o governo egípcio em seus esforços
geralmente relacionada ao tráfico e para aperfeiçoar a implementação das
consumo de drogas, assim como um determinações nacionais legislativas e
grande número de crianças em institucionais para a justiça juvenil.
situação de rua, problemas a que o país Formula uma estratégia direcionada
não está em condição de responder para a melhoria das condições de
adequadamente. A desesperada detenção de infratores menores, para a
situação desses menores compromete, proteção de jovens em situação de
seriamente, o futuro dos que já estão risco e para a prevenção da
em conflito com a lei e coloca em risco delinqüência e da reincidência.
jovens que podem vir a tornar-se
criminosos. Além disso, essas crianças e Para alcançar esses objetivos, o projeto
adolescentes são presas fáceis para está lançando as seguintes atividades:
organizações criminosas intimamente
ligadas às atividades do crime (a) Criação de um Conselho da
organizado internacional, que se Juventude ligado,
especializam em tráfico de menores institucionalmente, ao Ministério da
para fins de prostituição, pornografia, Justiça, com a responsabilidade de
trabalho forçado ou tráfico de drogas. coletar, analisar e monitorar
informações e dados sobre
A legislação egípcia contém matérias delinqüência juvenil e menores em
específicas que se aplicam a menores. situação de risco;
A Lei Infantil Nº 12/1996, por exemplo,
determina que todo jovem sob (b) Melhoria da qualidade dos serviços
investigação não seja tratado pelas prestados por meio de programas
autoridades judiciais ordinárias, mas por especiais de treinamento para
uma corte juvenil especial. Entretanto, o assistentes sociais, oficiais da polícia
que acontece atualmente é que essas juvenil e outros profissionais
determinações, além de provarem que judiciários que trabalham com
são inadequadas em termos de respeito menores (advogados, promotores e
aos interesses e direitos das crianças, juízes);
particularmente no que concerne a
medidas disponíveis para jovens

18
(c) Reforço de salvaguardas, quando a (e) Ênfase nas determinações
situação assim o exigir, para legislativas nacionais com respeito a
menores em situação de risco, com menores.
o objetivo de evitar que sejam
expostos a procedimentos Orçamento: US$569,400; parcialmente
criminosos por parte das autoridades financiado (Embaixada da Dinamarca
judiciais; no Cairo)

(d) Melhoria das condições de


detenção e fortalecimento da
administração de instituições sociais;

19
2. Melhoria da Segurança Urbana

Prevenção à Criminalidade em implementar uma iniciativa que visa


Urbana na Região de Dacar à restauração de uma sensação de
segurança e de agregação entre os
A extensão de áreas urbanas dentro e habitantes daqueles bairros. Isso
ao redor de Dacar tornou-se palco para resultará na melhoria dos serviços
crimes de rua e várias formas de tráfico, públicos pelos quais o Estado tem sido
inclusive o de drogas. Esse tipo de tradicionalmente responsável,
criminalidade, que agora afeta toda a especialmente os que se referem à
capital, tem sua origem em diversos manutenção da lei e da ordem e ao
bairros da periferia urbana onde se exercício da justiça, bem como dos
concentram grupos populacionais serviços que precisam estar disponíveis
marginalizados e carentes que vivem à população em base eqüitativa. Tais
em condições difíceis. A proliferação de serviços, por sua vez, terão que ser
atos criminosos praticados todos os dias, fortalecidos ou adaptados para
especialmente de crimes violentos, e os satisfazerem as necessidades
crescentes níveis de consumo e tráfico específicas dos moradores de áreas
de drogas são claros indicadores do problemáticas.
surgimento do crime organizado.
Nesse contexto em particular, o projeto
Em sua análise do problema, constitui uma iniciativa de prevenção à
autoridades do governo senegalês têm criminalidade para a região de Dacar e
destacado a inadequação das compreende as seguintes medidas:
atividades realizadas pela polícia e
pelos serviços de justiça, que se
atribuem, particularmente, aos • Oferecer a instituições jurídicas e
seguintes fatores: policiais, bem como a
autoridades municipais
• Falta de estreito envolvimento envolvidas em questões legais e
local dos serviços públicos administrativas, instrumentos
responsáveis pela segurança e especificamente delineados para
justiça, o que origina uma atender a suas demandas;
sensação de abandono social
entre os moradores desses bairros; • Proporcionar aos serviços policiais
locais e aos centros judiciários os
• Treinamento inadequado das meios materiais necessários à
forças policiais quanto às realização de suas funções;
especificidades das ações de
prevenção ao crime. • Aperfeiçoar o treinamento do
pessoal que trabalha em
Diante desses problemas, as ambiente urbano (mediadores,
autoridades senegalesas concordaram assistentes sociais, oficiais de
polícia);

20
• Propor iniciativas de parcerias Prefeitura do Rio de Janeiro,
que envolvam os diversos envolvendo parcerias com
elementos sociais e se organizações não-governamentais,
coordenem com funções sempre que possível. O projeto tem os
judiciárias e com a polícia seguintes objetivos específicos:
estadual; e

• Estimular a participação ativa dos • Aumentar e treinar o quadro de


grupos populacionais envolvidos, pessoal da rede e dos centros de
especialmente por meio de serviços sociais da Prefeitura;
pesquisas locais sobre a falta de
segurança. • Estimular maior integração
institucional entre os atores
Orçamento: US$329,000; financiado participantes dos projetos da
(França, PNUD) Prefeitura, mediante o
fortalecimento das organizações
governamentais e não-
Parcerias interagenciais em prol governamentais, e otimizar os
de favelas mais seguras no Rio de serviços;
Janeiro
• Aperfeiçoar as habilidades
técnicas dos profissionais
A rápida elevação da criminalidade e
envolvidos no projeto com a
sua relação com o problema das
finalidade de estimular uma
drogas produzem efeitos alarmantes
abordagem interdisciplinar;
sobre a população em geral, sob a
forma de violência, intimidação e
• Sistematizar as metodologias de
medo, afetando os esforços
coleta de dados e de pesquisa
governamentais no sentido de melhorar
da vitimização, desenvolvendo
a qualidade de vida. Essa violência
indicadores que permitam que o
prevalece em comunidades de baixa
impacto das experiências bem-
renda nas grandes cidades e nas áreas
sucedidas seja medido e
metropolitanas. Seus efeitos também
reproduzido.
são particularmente intensos nos jovens,
nos ex-presidiários, nas mulheres e nas
As seguintes estratégias são previstas:
pessoas que vivem ou trabalham nas
ruas, entre outros. Para reverter a atual
• Fortalecimento de ações
tendência de aumento da
conjuntas realizadas por
criminalidade e de insegurança nas
instituições voltadas para
áreas urbanas, faz-se necessário
atividades sociais com o objetivo
desenvolver políticas de prevenção e
de atender às necessidades da
intervenção específicas para áreas e
população-alvo, como uma
grupos de risco.
medida para promover a
segurança urbana e prevenir o
O objetivo geral deste projeto é
crime e a exclusão social;
fortalecer as estratégias e ações da

21
• Intervenções de prevenção do • Incentivo a uma estreita parceria
crime na comunidade, com instituições que prestam
especificamente desenhadas serviços de tratamento de
para áreas afetadas pelo tráfico doenças mentais e com
de drogas e concomitantes universidades, visando a expandir
problemas criminais; a sua capacidade de assistência
a usuários de drogas e a
• Novo delineamento das indivíduos mentalmente
estratégias adotadas pelos incapacitados, para assegurar
centros de assistência social para sua inserção social;
transformá-los em centros de
encaminhamento para crianças • Criação de campanhas para
e adolescentes; conscientizar a população da
eficácia e importância de
• Incentivo à participação de políticas de prevenção da
diferentes atores sociais das violência, tornando os
comunidades locais, entre os beneficiários do projeto agentes
quais, os jovens, por meio de ativamente envolvidos na
comitês de prevenção à exclusão construção de uma sociedade
social; mais igualitária e menos violenta.

• Facilitação de ações voltadas


para a assistência a ex- Orçamento estimado: US$7,087,500; a
delinqüentes e ex-presidiários, ser financiado (contribuição de custos
assim como a beneficiários de compartilhados pela Prefeitura do Rio
penas alternativas, como de Janeiro)
estratégia para evitar que
reincidam;

22
3. Prevenção da Violência Doméstica

Medidas de combate à violência 1998, intitulado “Criação de dois centros


de apoio para combater a violência
contra mulheres na África do Sul
contra mulheres”, para lidar com o
problema da violência baseada em
A África do Sul tem um dos maiores
gênero nas províncias de Mpumalanga
índices de estupro do mundo. Embora
e Eastern Cape. Uma extensão do
sejam altas as estatísticas referentes
projeto prevê a criação de um terceiro
tanto a estupro quanto à violência
centro na província de Northern Cape.
doméstica, os números de vítimas e
Embora já tenham sido realizadas
outros dados disponíveis indicam que
atividades de conscientização e
essas taxas são, na realidade, até mais
treinamentos nessa província, continua
altas. A violência contra mulheres se
a crescer o número de casos de abuso
manifesta de diversas formas e difere de
de mulheres e crianças. É necessário
uma região para outra; entretanto, já
que haja mais educação e
ficou claro que mulheres maltratadas
sensibilização dos homens quanto a
também correm o risco de uma
questões relacionadas à violência
“vitimização secundária” dentro do
contra esse segmento da população.
sistema de justiça criminal. Já existe
Delegacias de polícia ainda precisam
uma legislação pelos direitos e
tornar-se mais acolhedoras para com as
proteção legal de mulheres e crianças
vítimas, por meio de treinamento
para erradicar a violência contra
adicional. A oferta de abrigos deve
mulheres na África do Sul, mas há
evitar que as mulheres não tenham
necessidade de treinamento e
outra opção senão voltar para a
sensibilização das instituições de justiça
situação de abuso.
criminal para melhorar o tratamento
das vítimas. Considerando-se a alta
Orçamento: US$660,000 (incluindo
incidência de estupro e violência contra
US$258,944 para extensão do projeto);
mulheres, torna-se uma prioridade a
financiado (Áustria)
criação de centros de apoio e abrigos
para elas. Esses centros oferecem uma
variedade de serviços a vítimas e
sobreviventes de violência, entre eles, Medidas de combate e
aconselhamento, grupos de apoio, prevenção à violência contra
abrigo provisório e rápido mulheres em Lesoto, Botsuana,
encaminhamento para assistência República Democrática do Congo
médica e legal. Também estão
e Namíbia
disponíveis programas de prevenção e
reabilitação para os perpetradores do
A violência contra mulheres é um
sexo masculino, a fim de quebrar o ciclo
fenômeno perturbador que parece ser
de violência. Com uma recomendação
endêmico, embora não se conheça
do Relator Especial das Nações Unidas,
sua extensão em todos os países do Sul
o UNODC elaborou um projeto, em
da África. O estupro está afetando

23
cada vez mais as crianças e as mulheres e mobilização social
mulheres jovens e contribuindo para a contra esse tipo de agressão;
disseminação do HIV/aids, que tem
atingido, nessa região, os mais altos • Criação de um centro de apoio
índices mundiais. para aconselhamento, grupos de
apoio, abrigo provisório, rápido
Lesoto, Namíbia e Botsuana encaminhamento para
denunciaram o aumento da violência assistência médica e legal e
contra mulheres e crianças em seus prevenção/reabilitação para
países e solicitaram assistência para (potenciais) perpetradores;
lidar com esse crescente problema.
• Desenvolvimento de programas
Com base em lições aprendidas a partir educativos para os líderes
de um projeto-piloto na África do Sul, tradicionais, para a comunidade,
onde foram criados dois centros de para os órgãos de repressão,
intervenção na comunidade para para os serviços judiciário e
combater a violência contra mulheres, correcional;
prevêem-se projetos para Lesoto,
República Democrática do Congo, • Criação de programas de
Namíbia e Botsuana, os quais incluem prevenção e reabilitação para
as seguintes atividades: homens.

• Desenvolvimento de serviços e
estratégias multidisciplinares de Orçamento estimado: US$526,580
fortalecimento; (por país); a ser financiado

• Conscientização da população
sobre questões de abuso contra

24
4. Assistência às Vítimas

Fundo para promoção de apoio a desenvolvimento e países em transição.


O Fundo destina-se a organizações não-
vítimas: criando estruturas não-
governamentais e a organizações
governamentais de apoio a associadas a instituições
vítimas de crimes violentos, governamentais com uma proposta
incluindo vítimas de tráfico de claramente centrada nas vítimas.
seres humanos
Estima-se que o Fundo possa dar
No desenvolvimento de respostas assistência a quinze projetos. A seleção
abrangentes de justiça criminal, devem- destes baseia-se num processo de
se criar estruturas de apoio para vítimas inscrição em dois estágios que identifica
de crimes, de acordo com a atividades com uma proposta
Declaração das Nações Unidas de claramente centrada nas vítimas e
Princípios de Justiça para Vítimas de baseada em assistência prática a estas.
Crimes e de Abuso de Poder. Por intermédio desse processo de
inscrição, o Fundo busca identificar “a
Dadas a extensão e a diversidade da melhor prática” na assistência a vítimas
vitimização, existe uma ampla gama de de todo o mundo.
projetos centrados nas vítimas que
podem beneficiar-se de fundos das O Fundo já recebeu um número
Nações Unidas. O Fundo de Apoio a significativo de inscrições de todas as
Vítimas centra-se em projetos de partes do mundo, o que é estimulante e
assistência a vítimas de crimes violentos, demonstra que há uma real
incluindo vítimas de tráfico de seres necessidade da existência de um fundo
humanos, especialmente mulheres e dedicado a apoiar organizações de
crianças. assistência a vítimas de crimes violentos.

Visto que estruturas de apoio a vítimas Orçamento estimado: US$890,000; a ser


de crimes violentos já estão financiado (Itália, Países Baixos, Estados
comparativamente avançadas nos Unidos)
países desenvolvidos, o Fundo dedica-
se a projetos localizados em países em

25
5. Cooperação Sul-Sul do UNODC

Cooperação Sul-Sul para nível de desemprego e desigualdade


de renda, envolvimento significativo de
Determinar Práticas Adequadas
jovens em atividades criminosas e
de Prevenção ao Crime no Mundo proliferação ilegal de armas de fogo.
em Desenvolvimento
A implementação do projeto resultará
As principais discussões sobre o em:
desenvolvimento de práticas
adequadas para a prevenção e o (a) Aumento na cooperação e troca
controle da criminalidade estão de informações entre profissionais
ocorrendo no mundo desenvolvido. As que atuam na área de
conclusões quanto ao que é prevenção ao crime e justiça
considerado eficaz têm importantes criminal no Sul da África e no
implicações para os países em Caribe;
desenvolvimento. De modo geral,
consultores, financiadores e (b) Aperfeiçoamento de estratégias
organizações internacionais baseiam nacionais de prevenção ao crime
seus programas e projetos a serem por meio de revisão, avaliação e
realizados nos países em aplicação de práticas bem-
desenvolvimento nas lições aprendidas sucedidas em novos projetos e/ou
com os países desenvolvidos. No planos de ação;
momento, não existe nenhum
mecanismo mediante o qual lições (c) Aumento na divulgação e
aprendidas e idéias sobre prevenção e intercâmbio de lições aprendidas
controle da criminalidade possam ser e de práticas bem-sucedidas
trocadas entre formuladores de políticas dentro das duas regiões e entre
e profissionais liberais no mundo em elas, mediante uma publicação e
desenvolvimento. uma página na internet;

O objetivo geral do projeto é assistir na (d) Aprimoramento da capacidade


criação de um processo sistemático de de pesquisa sobre estratégias de
troca de informações e aprendizagem prevenção ao crime por parte
de lições sobre prevenção à das comissões nacionais e da
criminalidade no mundo em Força-Tarefa Caricom sobre Crime
desenvolvimento. Isso será feito, e Segurança, da Associação dos
especificamente, por meio do Delegados de Polícia do Caribe e
estabelecimento de uma rede de da Organização de Cooperação
intercâmbio de informações entre o entre Chefes Regionais de Polícia
Caribe e o Sul da África, duas regiões do Sul da África, mediante a
em desenvolvimento com altos índices ligação entre instituições de
de crimes violentos causados por ensino de nível superior e
fatores similares, entre os quais, elevado unidades governamentais de

26
formulação de políticas, bem
como pela criação de um corpo
e de uma rede regional de
peritos. Espera-se que resulte daí
uma abordagem mais holística da
redução da criminalidade, pela
oferta de insumos diretos a vários
órgãos formuladores de políticas.

A criação de parcerias entre países em


desenvolvimento e a assistência no
fortalecimento institucional, com a
finalidade de compartilhar e
implementar o conhecimento sobre
prevenção ao crime, deverão levar, a
longo prazo, a atividades de prevenção
ao crime, nos países das sub-regiões,
que sejam mais abrangentes, mais
adaptadas às necessidades locais, mais
profissionais e mais eficazes, em termos
de real redução da criminalidade.

Orçamento: US$370,000; financiado (UN


Development Account)

27

You might also like