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A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S ■ A B R I L D E 20 02

A LIAHONA
A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S ■ A B R I L D E 20 02

LIAHONA
SUMÁRIO
2 MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA: PENSAMENTOS INSPIRADORES
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
6 TESTIFICANDO DA GRANDE E GLORIOSA EXPIAÇÃO
ÉLDER NEAL A. MAXWELL
25 MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES: SEGUIR OS SUSSURROS
DO ESPÍRITO SANTO

NA CAPA 30 O ÊXODO NA ISRAEL ANTIGA E MODERNA ÉLDER RUSSELL M. NELSON


Primeira Capa: Oração no Getsêmani,
© Del Parson, da Visions of Faith
40 TONGA: UMA TERRA DE PESSOAS QUE CRÊEM LARENE PORTER GAUNT
Collection (Coleção Visões de Fé), 48 COMO UTILIZAR A LIAHONA DE ABRIL DE 2002
Mill Pond Press, Inc., Venice, Florida.
Última Capa: O Sepulcro do Jardim,
por Linda Curley Christensen.
E S P E C I A L M E N T E PA R A O S J O V E N S
14 VOCÊ SABE ARREPENDER-SE? ÉLDER JAY E. JENSEN
18 VOZES DA IGREJA: “ESPLENDOR DE ESPERANÇA”
MUDAR TUDO CATHERINE MATTHEWS PAVIA
SALVO DAS TREVAS HERI CASTRO VELIZ
22 CLÁSSICO DE A LIAHONA: O FAROL DO PORTO DA PAZ
PRESIDENTE HOWARD W. HUNTER
26 PERGUNTAS E RESPOSTAS: É MORALMENTE ERRADO SER RICO
EM UM MUNDO COM TANTOS POBRES?
CAPA DE O AMIGO
Crescendo em Sabedoria,
29 PÔSTER: VISTA A ARMADURA
de Simon Dewey, cortesia de Altus 47 VOCÊ SABIA?
Fine Art, American Fork, Utah.

O AMIGO
2 NOSSOS PROFETAS E APÓSTOLOS FALAM PARA NÓS: JESUS O CRISTO
ÉLDER ROBERT D. HALES
4 ATIVIDADE MISTERIOSA STACEY A. RASMUSSEN
7 SÓ PARA DIVERTIR: PASSADO E PRESENTE RICHARD LATTA
8 HISTÓRIAS DO NOVO TESTAMENTO: O FILHO PRÓDIGO
13 MÚSICA: TEU SANTO TEMPLO MARVIN K. GARDNER E VANJA Y. WATKINS
14 TEMPO DE COMPARTILHAR: O MAIOR DOM VICKI F. MATSUMORI

VER PÁGINA 2 VER O AMIGO, PÁGINA 2


COMENTÁRIOS

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Abril de 2002, Vol. 55, Nº 4
A LIAHONA, 22984-059
Publicação oficial em português de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
David B. Haight, Neal A. Maxwell, Russell M. Nelson, Aconteceu um milagre! Agora temos uma
Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin,
Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, capela. Sei que os milagres são possíveis.
Henry B. Eyring
Editor: Dennis B. Neuenschwander “(. . .) Deus não deixou de ser um Deus de
Consultores: J. Kent Jolley, W. Rolfe Kerr,
Stephen A. West milagres.” (Mórmon 9:15) Sou grata por-
Administradores do Departamento de Currículo:
Diretor Gerente: Ronald L. Knighton
que o trabalho do Pai está progredindo na
Diretor de Planejamento e Editorial: Richard M. Romney
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
face da Terra.
Equipe Editorial:
Editor Gerente: Marvin K. Gardner Lelit Karapetyan Tevosovna,
Editor Assistente: Jenifer L. Greenwood
Editor Adjunto: Roger Terry Ramo Kazan’,
Editor Associado: Susan Barrett O AMOR DOS MISSIONÁRIOS OPEROU
Assistente de Publicações: Collette Nebeker Aune Missão Rússia Samara
Equipe de Diagramação: MILAGRES
Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki
Diretor de Arte: Scott Van Kampen Peço que transmitam meu amor a todos
Diagramador Sênior: Sharri Cook
Diagramadores: Thomas S. Child, Randall J. Pixton os santos dos últimos dias que servem com
Gerente de Produção: Jane Ann Peters
Produção: Reginald J. Christensen, Denise Kirby, tanta humildade na Armênia. Minha felici-
Kelli Pratt, Rolland F. Sparks, Kari A. Todd,
Claudia E. Warner dade não tem limites pois encontrei meu
Pré-Impressão Digital: Jeff Martin
Equipe de Impressão e Distribuição:
Deus. Conheci muitos irmãos e irmãs que
Diretor: Kay W. Briggs têm percorrido grandes distâncias para ser-
Gerente de Distribuição (Assinaturas): Kris T. Christensen
A Liahona: virem na Armênia e que possuem esse
Diretor Responsável e Produção Gráfica:
Dario Mingorance grande amor. Seu amor espalhou-se por
Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605)
Tradução e Notícias Locais: Wilson Roberto Gomes nossas cidades e vilarejos. Não podíamos A LIAHONA, UMA BÊNÇÃO
Assinaturas: Cezare Malaspina Jr.
REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE permanecer indiferentes a esse amor e, em É uma bênção receber a Liahona (espa-
CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº
1151-P209/73 de acordo com as normas em vigor. nosso coração devastado e sem esperança, nhol) em minha vida. Ela me ajuda a corri-
ASSINATURAS: Toda correspondência sobre assinaturas tal amor operou grandes milagres. Testifico gir meus erros e a tornar-me mais
deverá ser endereçada a: Departamento de Assinaturas
de A Liahona Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – que nossa felicidade perfeita é encontrada semelhante ao Salvador. É mais uma das
São Paulo, SP. Preço da assinatura anual para o Brasil:
R$ 18,00. Preço do exemplar em nossa agência: no amor que recebemos de nosso Salvador, coisas que o Salvador providenciou para
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Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 – Miratejo, 2800 – Jesus Cristo. ajudar a mim e à minha família. Quando a
Almada. Assinatura Anual: 1.300$00. Para o exterior:
Exemplar avulso: US$ 3.00; Assinatura: US$ 30.00.
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indicando-se o endereço antigo e o novo.
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Liahona, Floor 24, 50 East North Temple, Salt Lake City, o grande amor que Deus tem por Seus filhos
UT 84150-3223, USA. Ou envie um e-mail para:
Distrito Yerevan Armênia
CUR-Liahona-IMag@ldschurch.org quando seguro essa revista maravilhosa em
A “Liahona” (um termo do Livro de Mórmon que
significa “bússola” ou “orientador”) é publicada em UM MILAGRE EM KAZAN’ minhas mãos e sinto-me inspirada pelas pa-
albanês, alemão, armênio, búlgaro, cambojano,
cebuano, chinês, coreano, croata, dinamarquês, Resido em Kazan’, na Rússia, mas meu lavras dos profetas e pelas experiências de
esloveno, espanhol, estoniano, fijiano, finlandês,
francês, haitiano, hiligaynon, húngaro, holandês, país de origem é a Armênia. Tenho 17 anos membros de todo o mundo.
ilokano, indonésio, inglês, islandês, italiano, japonês,
letão, lituano, malgaxe, marshallês, mongol, de idade e fui batizada em 13 de junho de Keila Alabrin Coronel,
norueguês, polonês, português, quiribati, romeno,
russo, samoano, sueco, tagalo, tailandês, taitiano, 1999. A Igreja foi organizada em Kazan’ há Ala Santa Vitória,
tâmil, tcheco, télugo, tonganês, ucraniano e vietnamita.
(A periodicidade varia de uma língua para outra.) vários anos. Nossos missionários e líderes Estaca Chiclayo Peru
© 2002 por Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos
reservados. Impressa nos Estados Unidos da América. tentaram, por muito tempo, tornar a Igreja
For readers in the United States and Canada: oficial, mas não foi uma tarefa fácil.
April 2002 Vol. 55 No. 4. A LIAHONA (USPS
311-480) Portuguese (ISSN 1044-3347) is published Finalmente nossas orações foram atendidas.
monthly by The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,
50 East North Temple, Salt Lake City, UT 84150. USA
subscription price is $10.00 per year; Canada, $15.50
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Salt Lake City, UT 84126-0368.

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1
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA

PENSAMENTOS
INSPIRADORES
Presidente Gordon B. Hinckley
Ó JERUSALÉM, © GREG K. OLSEN, DA THE VISIONS OF FAITH COLLECTION
(COLEÇÃO VISÕES DE FÉ), MILL POND PRESS, INC., VENICE, FLORIDA;
FOTOGRAFIA DO PRESIDENTE HINCKLEY POR JED A. CLARK

O SALVADOR, JESUS CRISTO FÉ NO SENHOR


“Pertencemos a esta grande e mara- “Fé no Senhor, Jesus Cristo — espero que não haja
vilhosa organização que é baseada nos ninguém aqui hoje que não esteja cultivando constante-
princípios que o próprio Senhor estabe- mente essa fé por meio da leitura das escrituras, do Novo
leceu quando caminhou pelos cami- Testamento, do Livro de Mórmon, de Doutrina e
nhos poeirentos da Palestina — o Filho Convênios e da edificação da fé que carrega em seu co-
de Deus, que concordou de bom grado ração no que se refere ao Filho de Deus, nosso Redentor
em vir à Terra, nascer em uma humilde manjedoura em e nosso Senhor.” (Reunião, Columbus, Ohio, EUA, 25 de
Belém. (. . .) O milagre de Sua vida vai além de qualquer abril de 1998)
descrição. Ele deu essa vida por todos nós no monte do
Calvário, em um ato de Expiação maior do que jamais VIDA APÓS A MORTE
conseguiremos realmente entender. Apenas Ele derramou “Sei, tão seguramente como qualquer outra coisa nes-
Seu sangue pelos pecados de que somos culpados, para te mundo, que morrerei algum dia no que concerne à vi-
que pudéssemos ter a oportunidade de nos arrepender da neste mundo. Tenho, porém a mais absoluta certeza
e esperar o perdão.” (Reunião, Centro Jerusalém, em meu coração, de que continuarei a viver e a fazer o
21 de março de 1999) bem, tendo a companhia de minha esposa amada e de
meus filhos.” (Reunião, Guayaquil, Equador, 31 de julho
“Apenas Ele derramou Seu de 1999)
sangue pelos pecados de
que somos culpados, para IMORTALIDADE
que pudéssemos ter a “Esta vida é parte da eternidade. Este é um estágio de
oportunidade de nos nossa vida eterna. Quando morrermos, prosseguiremos
arrepender e esperar para uma vida com propósito, ativa e desafiadora. A vida
o perdão.” do outro lado do véu será, de algum modo, semelhante à
vida aqui. Se tivermos sido limpos, decentes e bons aqui,
prosseguiremos com essa mesma tendência. Se tivermos
sido malandros, prosseguiremos com essa mesma tendên-
cia. Acredito nisso. Creio na eternidade da vida. Isso
é tão parte da minha vida como o fato de eu saber que ela Reconhecemos que não poderíamos fazer o que fazemos
não é o fim, que haverá uma outra vida, que seremos res- sem a ajuda do Todo-Poderoso. Confiamos Nele como nos-
ponsáveis perante Deus nosso Pai e nosso Senhor Jesus so Pai e nosso Deus e como Aquele que está presente em
Cristo, que teremos trabalho a fazer e que em um deter- todos os momentos nos ajudando ao procurarmos melhorar
minado momento participaremos na ressurreição. Essa o mundo mudando o coração das pessoas.” (Comentários
é minha esperança, minha fé, meu testemunho.” feitos no National Press Club, 8 de março de 2000)
(Entrevista dada a Ignacio Carrión, jornal El País, 7 de
novembro de 1997) FÉ SERENA E SOLENE
“Ao irem adiante em suas ocupações, ao assumirem
BATISMO PELOS MORTOS responsabilidades de liderança, que continuem a levar
“Quando completarem 12 anos de idade, poderão ir à em seu coração (. . .) uma fé serena e solene, uma fé que
casa do Senhor e lá agir como procuradores de alguém os carregará ao atravessarem todas as tempestades e difi-
que tenha falecido. Que coisa maravilhosa é que vocês, culdades e que trará paz a seu coração.
meninos e meninas comuns, podem representar um gran- Espero que as lições da segunda milha, do filho pródi-
de homem ou mulher que tenha vivido sobre a Terra, mas go, do bom samaritano, do Filho de Deus, que deu Sua
que agora não tem o poder para progredir sem a bênção vida no grande sacrifício da Expiação, continuem a mo-
que vocês podem lhe dar. (. . .) Não existe bênção maior tivá-los.” (Devocional, ex-alunos da Universidade
para vocês do que servirem como procuradores neste Brigham Young, 12 de setembro de 2000)
grande trabalho por alguém que tenha falecido. E será
seu privilégio, sua oportunidade e sua responsabilidade TER A DETERMINAÇÃO DE SEREM MAIS HONRADOS
viverem dignos de irem ao templo do Senhor e lá serem “Tenham mais determinação de serem mais honrados,
batizados em prol de alguém mais.” (Reunião, Guayaquil, trabalhem mais arduamente e dêem mais valor às mara-
Equador, 31 de julho de 1999). vilhosas bênçãos que desfrutam como membros de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Essa
VIVER DIGNO DE UMA RECOMENDAÇÃO PARA O TEMPLO condição de membros trará consigo um testemunho for-
“Vivam de maneira digna de possuírem uma recomen- te e tocante da divindade do Filho de Deus, o Salvador
dação para o templo. Não existe nada mais precioso do do mundo, o Senhor Jesus Cristo.
que uma recomendação para o templo. (. . .) Quer pos- Vocês e eu somos filhos e filhas de Deus, com algo de
sam freqüentá-lo constantemente ou não, qualifiquem-se divino dentro de nós. Sejamos mais justos, meus irmãos e
para receberem uma recomendação para o templo e car- irmãs. Vivamos o evangelho. Trabalhemos na Igreja.
reguem essa recomendação consigo. Será um lembrete do Aprendamos sua doutrina. Partilhemos de seus ensina-
que é esperado de vocês como santos dos últimos dias.” mentos. Cresçamos em fé e fidelidade diante do mundo.”
(Reunião, Guam, 31 de janeiro de 2000) (Reunião, Cairns, Austrália, 26 de janeiro de 2000)

A IGREJA DE JESUS CRISTO O VERDADEIRO EVANGELHO DE JESUS CRISTO


“Somos uma Igreja, uma Igreja cujo nome leva o nome “O verdadeiro evangelho de Jesus Cristo jamais in-
do Senhor Jesus Cristo. Prestamos testemunho Dele e é centivou o fanatismo. Jamais incentivou a hipocrisia.
Seu exemplo e Seus ensinamentos que tentamos seguir. Jamais incentivou a arrogância. O verdadeiro evangelho
Damos amor. Trazemos a paz. Não procuramos destruir de Jesus Cristo leva à fraternidade, à amizade, ao apreço
qualquer outra igreja. Reconhecemos o bem que elas fa- pelas outras pessoas, ao respeito, à bondade e ao amor.”
zem. Trabalhamos com elas em muitos empreendimentos (Devocional, ex-alunos da Universidade Brigham Young,
e continuaremos a fazê-lo. Somos servos do Senhor. 12 de setembro de 2000)
A L I A H O N A
4
SEI O QUE SABEM os outros e que os anos lhes tragam aquela paz que
“Sei que sabem que este evangelho é verdadeiro. excede todo entendimento, a paz que vem de se seguir
Tenho um testemunho deste trabalho. Mas isso não é tão os preceitos do Mestre.” (Devocional, ex-alunos da
importante quanto vocês terem um testemunho deste Universidade Brigham Young, 12 de setembro de 2000) 
trabalho. Acredito que tanto quanto eu sei que ele é ver-
dadeiro, vocês também o sabem. Acredito que sabem co- IDÉIAS PARA OS MESTRES FAMILIARES
mo eu o sei que Deus, nosso Pai Eterno vive. Sei que 1. “E tudo o que disserem, quando movidos pelo
sabem assim como eu sei que Jesus é o Cristo, o Filho do Espírito Santo (. . .)”, falou o Senhor a respeito do que
Deus vivo, que veio à Terra e tomou sobre Si um corpo Seus servos falam, “será a vontade do Senhor, será a
mortal e, em um grande sacrifício por todos nós, morreu mente do Senhor, será a palavra do Senhor, será a voz
na cruz no Calvário e ressuscitou no terceiro dia. Tão se- do Senhor e o poder de Deus para a salvação.”
guramente quanto Ele ressuscitou, nós ressuscitaremos.” (D&C 68:4)
(Reunião, Bangcoc, Tailândia, 13 de junho de 2000) 2. Trechos selecionados aqui publicados
para serem compartilhados com as
DEUS OS ABENÇOE pessoas e as famílias a quem
“Que o sol da fé aqueça sempre seu coração. Que cres- ensinarem.
çam em força e capacidade com o passar dos anos. Que
seu empenho em servir e ajudar outras pessoas seja o mes-
mo do bom samaritano. Que o serviço que prestam tenha
uma influência para o bem na vida de outros. Que a ora-
ção seja uma parte de sua atividade diária. Que a leitu-
ra acentue seu conhecimento e aumente sua
O BOM SAMARITANO, POR WALTER RANE

compreensão. Que sejam leais e fiéis uns para com

“Que seu empenho em servir e ajudar


outras pessoas seja o mesmo do bom
samaritano. Que o serviço que prestam
tenha uma influência para o bem na
vida de outros.”
Testificando da

GRANDE E
GLORIOSA
EXPIAÇÃO
Se pessoalmente compreendermos a Expiação e acreditarmos nela, poderemos
ensinar e testificar a seu respeito com mais gratidão, amor e vigor.
Quando compartilhamos o evange- possibilita que nos arrependamos e
DETALHE DE ORAÇÃO NO GETSÊMANI, POR DEL PARSON, DA THE VISIONS OF FAITH
COLLECTION (COLEÇÃO VISÕES DE FÉ), MILL POND PRESS, INC., VENICE, FLORIDA

Élder Neal A. Maxwell


Quórum dos Doze Apóstolos lho seja como membros ou como mis- sejamos perdoados. Como todos nós
A própria con- sionários de tempo integral, nossos “[pecamos] e destituídos [estamos]
cisão das palestras amigos e pesquisadores precisam sen- da glória de Deus”, (Romanos 3:23)
missionárias lem- tir nossa convicção e testemunho a a necessidade de arrependimento é
bra-nos de que a respeito da Expiação de Jesus Cristo. universal. Misericordiosamente, a
Restauração é real- Sim, estamos ensinando um conceito Expiação de Cristo se aplica a todo
mente um fabuloso profundo, mas devemos também par- tipo de pecados — tanto os pecados
cesto de colheita. tilhar de uma profunda convicção menores de omissão quanto as trans-
Jesus nos pede que, quando dermos, quanto a essa formidável doutrina. gressões mais graves. Portanto, a
devemos dar uma “boa medida”, utili- A coisa mais importante que po- mudança de vida necessária para o
zando a metáfora de um cesto de demos fazer para “preparar as pessoas abandono do pecado difere de uma
colheita cuja medida é recalcada, para que recebam a plenitude das pessoa para outra, mas é necessária a
sacudida e transborda. (Ver Lucas bênçãos da Expiação” é compreen- todos.
6:38.) E desse cesto de colheita mara- dê-la e crer nela! Se pessoalmente A palavra grega que equivale à
vilhoso devemos ensinar apenas umas compreendermos a Expiação e acre- palavra “arrependimento” em inglês,
poucas verdades e conceitos-chave. ditarmos nela, poderemos ensinar e denota “uma mudança de mente, ou
Essa realidade é um lembrete po- testificar com mais gratidão, amor e seja, uma nova visão a respeito de
deroso da necessidade do Espírito vigor. Deus, de si mesmo e do mundo”.
impulsionar a mensagem que damos (Guia para Estudo das Escrituras,
para dentro do coração e da mente TORNOU POSSÍVEL “Repentance”, p. 22) Isso significa que
das pessoas — porque as grandes coi- O ARREPENDIMENTO temos de mudar nosso pensamento e
sas da eternidade são transmitidas A gloriosa Expiação de Jesus é nosso comportamento até que tenha-
em momentos muito breves de ensi- o acontecimento mais importante mos abandonado nossos pecados e
no. Daí a necessidade do Espírito de toda a história humana! Ela pro- estejamos vivendo de modo condi-
acompanhar o que dizemos. porciona a Ressurreição universal e zente com os mandamentos de Deus.
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7
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DA CONFIRMAÇÃO, POR ELDON K. LINSCHOTEN; ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA
DO SACRAMENTO, POR WELDEN C. ANDERSEN; A ÚLTIMA CEIA, POR CARL HEINRICH BLOCH, CORTESIA
DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DE FREDERIKSBORG EM HILLERØD, DINAMARCA
P odemos ser ainda
mais fortalecidos
após o batismo tomando
regularmente o sacramento,
refletindo na Expiação e
renovando nossos convênios, Essa mudança de mente significa que Expiação para encontrarmos real alí-
inclusive os que fizemos estamos realmente progredindo em vio, perdão e progresso.
por ocasião do batismo. direção ao que Paulo chamou de “a Cristo concedeu-nos gratuitamen-
mente de Cristo”. (I Coríntios 2:16) te uma dádiva imensa e incondicional:
O arrependimento é, portanto, um A Ressurreição universal. No entanto,
processo contínuo por meio do qual a outra dádiva que Cristo nos oferece,
todos nós precisamos recorrer à o dom da vida eterna, é condicional.
Como nosso Legislador, Ele estabelece Contudo, para dar início a essa batismo, que nos purifica e limpa.
os termos para o recebimento dessa importante transformação, precisa- Pensem a respeito disso: quão miseri-
grande dádiva. (Ver 3 Néfi11:31–41; mos primeiramente “[abandonar] to- cordioso é saber que o nosso futuro
15:9–10; 27:13–21) Portanto, nosso dos os [nossos] pecados”, (Alma não é mais refém do nosso passado.
progresso individual rumo à vida eter- 22:18) e quem mais pode removê-los Depois dos efeitos purificadores e
na exige que estejamos “[dispostos a além de Jesus? (Ver Alma 36:18–20.) emancipadores do batismo, sentimos
submeter-nos]” a Cristo. (Ver Mosias Não é de se admirar que exista ta- outros efeitos fortificadores por ter-
3:19.) Então, se formos verdadeira- manha urgência associada à nossa mos recebido o dom do Espírito
mente fiéis e perseverarmos até o fim, necessidade de compartilhar o evan- Santo. Precisamos desesperadamen-
nossa vontade será finalmente “absor- gelho! O Presidente Howard W. te do Espírito Santo para ajudar-nos
vida pela vontade do Pai”. (Ver Mosias Hunter (1907-–1995) declarou: a escolher o certo. Ele irá ainda aju-
15:7; ver também 3 Néfi 11:11.) “Um grande sinal de que a pessoa dar-nos pregando sermões rápidos e
se converteu é seu desejo de compar- necessários do púlpito de nossa me-
tilhar o evangelho com outras pes- mória. E também nos testificará as
soas. Por esse motivo, o Senhor deu a verdades do evangelho.
todo membro da Igreja a obrigação Tendo em vista onde temos que
de ser um missionário. ir, precisamos do Espírito Santo co-
Aqueles que partilharam da mo nosso companheiro constante,
Expiação estão sob a obrigação de não apenas como uma influência
prestar um fiel testemunho de nosso ocasional.
Senhor e Salvador. Porque Ele disse: Também podemos ser ainda mais
‘Porque vos perdoarei vossos pecados fortalecidos após o batismo tomando
com este mandamento: Que perma- regularmente o sacramento, refletindo
neçais firmes em vossa mente, com na Expiação e renovando nossos con-
solenidade e espírito de oração, pres- vênios, inclusive os que fizemos por
tando ao mundo todo testemunho das ocasião do batismo. Esse processo
coisas que vos são comunicadas’.” de emancipação e libertação torna-se
(D&C 84:61) (“The Atonement and possível pela aplicação da Expiação de
Missionary Work”, [Seminário de Novos Jesus em nossa própria vida e na vida
Presidentes de Missão, 1994, terça- daqueles a quem ensinamos. Devemos
feira, 21 de junho de 1994], p. 2.) aplicar regularmente a Expiação para
Assim sendo, todos precisamos nosso autodesenvolvimento, enquan-
permanecer “firmes (. . .) prestando to perseveramos até o fim. Se decidir-
ao mundo todo testemunho das coi- mos o caminho do progresso contínuo,
sas que [nos] são comunicadas”. que é claramente o caminho do discí-
(D&C 84:61) O perdão de que ne- pulo, iremos tornar-nos mais justos e
cessitamos está relacionado com poderemos passar, do que era inicial-
nossa firmeza no trabalho do Senhor. mente o simples reconhecimento de
Jesus à admiração por Jesus, depois à
BATISMO E DOM DO ESPÍRITO SANTO adoração a Jesus, até que, por fim, pro-
O real arrependimento, portanto, curamos nos tornar semelhantes a Ele.
exige os efeitos emancipadores do Nesse processo de esforçar-nos para
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9
O Senhor disse: “Porque vos
perdoarei vossos pecados
com este mandamento — que
permaneçais firmes em vossa
mente, com solenidade e
espírito de oração, prestando discipulado, não podemos esquecer Espírito Santo para consolar-nos ao
ao mundo todo testemunho de que a Expiação continua sendo pagarmos o preço cobrado.
das coisas que vos são vital para todos nós! Sim, é por meio da Expiação de
comunicadas”. Jesus nos instrui, por exemplo, Jesus Cristo que, misericordiosamen-
a que nos acheguemos a Ele. te, podemos ser perdoados. Mas é por
(Ver Alma 5:34; Mateus 11:28–30.) meio do Espírito Santo que saberemos
tornar-nos mais semelhantes a Ele por Contudo, ao nos esforçarmos para se fomos perdoados — um conheci-
meio do progresso contínuo, precisa- nos aproximar, veremos que Ele nos mento imensamente importante a
mos ter uma atitude de arrependimen- faz conhecer melhor nossas próprias que devemos chegar. Portanto, não é
to, mesmo que não haja nenhuma fraquezas, às vezes de modo doloro- preciso que nos desesperemos nem
transgressão grave em nossa vida. so, a fim de ajudar-nos a progredir. que nos deixemos “abater pelo peca-
Cristo até mesmo nos promete que do”. (2 Néfi 4:28) Em vez disso, pode-
DESENVOLVER OS ATRIBUTOS transformará algumas de nossas mos “prosseguir com firmeza [tendo
DE CRISTO fraquezas em pontos fortes. (Éter um] (. . .) esplendor de esperança”.
Ao abandonarmos a transgressão 12:27) (2 Néfi 31:20)
e procurarmos tornar-nos mais amo- Com relação ao local, nação, mo-
rosos, mais humildes, mais pacientes mento e circunstâncias em que formos A SEGUNDA VINDA DE CRISTO E A
e mais submissos, os pecados que res- chamados a servir, devemos, como RESSURREIÇÃO DA HUMANIDADE

ILUSTRAÇÃO DE UMA MULHER ORANDO, POR ELDON K. LINSCHOTEN; A CRUCIFICAÇÃO, POR KARL HEINRICH BLOCH,
tam na vida da maioria de nós são dizem as escrituras, contentar-nos Se precisarmos de outros lembre-
os menos visíveis pecados de omis- com o que nos foi designado. (Ver tes da importância de desenvolver-
são. Esses, contudo, precisam também Alma 29:3, 6.) Mas sempre haverá um mos as virtudes de Cristo, devemos
ser abandonados. Jesus descreveu os descontentamento divino para nos pensar em Sua gloriosa Segunda
atributos que devemos buscar nesse estimular, à medida que nos esforçar- Vinda. Então, entre outras coisas, as
processo, como fé, virtude, conheci- mos para ser mais semelhantes a Jesus. estrelas cairão vertiginosamente do

CORTESIA DO MUSEU NACIONAL DE FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA


mento, temperança e paciência. Quer o atributo necessário seja céu. Ainda assim não haverá comen-
Além disso, Ele indica os atributos bom ânimo, paciência, submissão, tários mortais porque as explicações
da fé, esperança, caridade e ter os mansidão ou amor, esse processo exi- e as exclamações dos mortais serão a
olhos fitos na glória de Deus, dizen- ge constante ajuda do Espírito Santo. respeito de Jesus e se ouvirão expres-
do-nos que eles nos qualificam para Ele nos inspirará a arrepender-nos sões de louvor por dois de Seus
realizar o trabalho do Senhor. (Ver ainda mais, quando nos mostrarmos, muitos atributos: Sua benignidade e
D&C 4:5–7; II Pedro 1:4–8.) Não é por exemplo, mais orgulhosos, impa- Sua bondade amorosa. (Ver D&C
de se admirar que sejamos admoesta- cientes ou intolerantes do que 133:52.) Lembrem-se de que não
dos a pedir, buscar e bater, a fim de deveríamos, inclusive em relação ao apenas devemos ter fé em Cristo,
recebermos esses dons do Espírito, casamento, a companheiros de mis- mas devemos nos esforçar para que
de modo que possamos ser mais efi- são e outros relacionamentos. No nos tornemos mais semelhantes a Ele
cazes na realização deste grande tra- entanto, como esse progresso não em nossa benignidade e bondade
balho do Senhor. Nesse processo de é gratuito, precisamos também do amorosa. (Ver 3 Néfi 27:27.)
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da Ressurreição e elas cumprem esta Em primeiro lugar, vejam o que
profecia feita há muito tempo por Néfi perplexo, porém extraordinário
Enoque: “E justiça enviarei dos céus; Néfi, disse: (. . .) “Sei que [Deus]
e verdade farei brotar da terra (. . .) ”. ama seus filhos; não conheço, no en-
Por que? “(. . .) para prestar testemu- tanto, o significado de todas as coi-
nho do meu Unigênito; de sua res- sas”. (1 Néfi 11:17) Não precisamos
surreição dentre os mortos; sim, e realmente “[conhecer] o significado
também da ressurreição de todos os de todas as coisas” se soubermos que
homens (. . .)”. (Moisés 7:62) Nada é Deus nos ama!
mais importante. Da mesma forma, nossa submis-
Sim, “(. . .) Deus amou o mundo são a Ele precisa crescer, como decla-
de tal maneira que deu o seu Filho rou o rei Benjamim, para que “[nos
unigênito (. . .)”. (João 3:16) Jesus e tornemos santos] pela expiação de
Sua Expiação representam a mais Cristo, o Senhor; e [nos tornemos]
profunda expressão do amor do Pai como uma criança, [submissos, man-
Celestial por Seus filhos. Quão im- sos, humildes, pacientes, cheios de
portante é a dádiva gratuita da amor, dispostos a submeter-nos] a
Ressurreição para toda a humanida- tudo quanto o Senhor achar que
de, e a oferta do maior dom que até [nos] deva infligir, assim como uma
mesmo Deus pode dar — a vida eter- criança se submete a seu pai”.
na para os que estiverem dispostos a (Mosias 3:19)
viver de modo a se qualificarem a A utilização da palavra infligir pelo
ela! (Ver D&C 6:13; 14:7.) rei Benjamim nos sugere desafios e
treinamentos personalizados, que exi-
ADVERSIDADE girão de nós uma submissão especial.
Nesse processo de trabalharmos De modo semelhante, nosso co-
por nossa própria salvação, a adversi- nhecimento da perfeita empatia que
dade se incumbirá de parte do traba- Jesus tem por nós, individualmente,
Na Segunda Vinda, Jesus não lho árduo. Repetidas vezes, tanto eu ajuda-nos imensamente a suportar
mencionará que teve de suportar a quanto vocês, experiência por expe- nossos vários tipos de dor. Cristo
coroa de espinhos, o terrível açoite, a riência, teremos motivo para ponderar “(. . .) seguirá, sofrendo dores e afli-
Crucificação, o vinagre e o fel. Ele, a grande Expiação e alegrar-nos muito ções e tentações de toda espécie; e
porém, mencionará Sua terrível soli- com ela. Para mim, várias escrituras isto para que se cumpra a palavra
dão: “E ouvir-se-á sua voz: Eu sozi- que provaram ser especialmente rele- que diz que ele tomará sobre si as do-
nho pisei no lagar (. . .); e ninguém vantes e reconfortantes. Quando lidas res e as enfermidades de seu povo.
estava comigo”. (D&C 133:50; ver em voz alta com ou por alguém que es- E tomará sobre si a morte, para
também Isaías 6:3.) teja sofrendo, esses versículos produ- soltar as ligaduras da morte que
Não é de se admirar que a zem um efeito muito melhor do que prendem o seu povo; e tomará sobre
Expiação seja o ponto central do qualquer coisa que eu poderia dizer, si as suas enfermidades, para que se
evangelho de Cristo. De fato, as especialmente àquelas almas valorosas lhe encham de misericórdia as entra-
mensagens centrais da Restauração que chegaram ao ponto de se sentirem nhas, segundo a carne, para que sai-
são realmente a respeito de Jesus e cansadas de estarem doentes. ba, segundo a carne, como socorrer
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seu povo, de acordo com suas enfer- contou-me: “Pai Celestial, abençoa Em outro momento inspirador
midades“. (Alma 7:11–12) meu pai e, se tiver que levá-lo e pre- que ilustra o efeito cumulativo dos
Jesus compreende totalmente! cisar dele mais do que nós, pode le- ensinamentos, as mães dos jovens
Sua empatia é perfeita! Ele sabe co- vá-lo. Nós o queremos conosco, mas guerreiros nefitas estavam cientes
mo ajudar-nos! seja feita a Tua vontade. E por favor, das promessas especiais que os filhos
ajude-nos a não ficarmos bravos com receberam antes de partirem para a
AS BÊNÇÃOS DA EXPIAÇÃO o Senhor”. (Carta de Christie guerra. Eles não eram tão espiritual-
Em resumo, a Expiação de Jesus Howes, 25 de fevereiro de 1998) mente maturos quanto a mãe, ainda
Cristo nos abençoa de muitas manei- Quantas pessoas, despojadas de assim essas promessas maravilhosas
ras. Por meio dela, e somente dela, a tal entendimento do plano de salva- foram tais, que sentiram-se ampara-
remissão de nossos pecados, dando- ção, zangam-se com Deus em vez de dos por elas. E lemos que eles “não
nos a tão necessária emancipação serem gratas a Ele e a Jesus pela glo- [duvidaram] de que [suas] mães o
que discutimos antes, pode ocorrer. riosa Expiação? soubessem”. (Alma 56:48)
De igual modo, a Expiação torna A Expiação não é apenas a gran- Alguns daqueles a quem ensina-
possível nosso progresso pessoal diosa expressão do amor do Pai rem, sob a direção do Espírito e de
significativo, por meio do que o Livro Celestial e de Jesus por nós, mas por modo semelhante, sentirão o poder
de Mórmon chama de “fé para seu intermédio podemos vir a conhe- de suas palavras a respeito da
o arrependimento” em Jesus, na cer Seu amor pessoal por nós. Expiação e do evangelho restaurado
Expiação e no plano de salvação do e não duvidarão que vocês o sabem!
Pai. (Ver Alma 34:15–17.) Caso con- A INFLUÊNCIA DO ESPÍRITO DO Essas pessoas, usando a frase de
trário, as pessoas que não têm fé pa- SENHOR Alma, estão “preparadas para ouvir a
ra o arrependimento, argumentarão Jamais devemos subestimar o po- palavra”. (Alma 32:6)
erroneamente: “Por que preocupar- der do Espírito de tocar a alma das
me com o arrependimento?” Não ad- pessoas além de qualquer capacida- A GLORIOSA EXPIAÇÃO
mira que as escrituras declarem que de ou habilidades que talvez tenha- Presto-lhes meu testemunho do
o “ (. . .) desespero [humano] vem mos para o ensino. Como sabem, tal esplendor e da realidade da grande e

CRISTO O CONSOLADOR, POR CARL HEINRICH BLOCH/SUPERSTOCK; ILUSTRAÇÃO DE JED A. CLARK


por causa da iniqüidade”. (Morôni coisa aconteceu a Alma quando se gloriosa Expiação. Louvo a Jesus por
10:22) A Expiação pode conceder- viu em uma situação de extremo pe- suportar tudo o que Ele suportou e
nos um “esplendor de esperança”, rigo. E do que ele se lembrou? Ele por descer abaixo de todas as coisas
(2 Néfi 31:20) mesmo em meio a disse que lembrou-se das palavras de para compreender todas as coisas.
nossas perdas, cruzes, tristezas e seu pai a respeito da Expiação de Louvo ao Pai por tudo o que Ele pas-
desapontamentos. Cristo e disse: “(. . .) tendo fixado a sou ao ver Seu Primogênito, Seu
A submissão espiritual, que é o mente nesse pensamento”. (Alma Amado, Seu Unigênito, em quem
ponto principal para as bênçãos da 36:17–18) Ele tanto Se alegrava, sofrer tudo o
Expiação, foi muito bem ilustrada O Espírito pode ajudar, de forma que Jesus sofreu. Louvo ao Pai por
por Melissa Howes, que orou com a semelhante, aqueles a quem vocês essa divina empatia e por tudo o que
família pouco antes do pai falecer ví- testificam, para que fixem suas pala- Ele suportou e experimentou naque-
tima de câncer. Melissa tinha apenas vras de forma que sua mente e cora- le momento.
nove anos e seu pai, 43. Ouçam e ção se apeguem a elas, especialmente Testifico que o controle que
ponderem o despreendimento da sú- quando essas palavras se referirem a Cristo teve sobre Si mesmo naquele
plica de Melissa Howes, em suas pró- doutrinas profundas do reino, como eixo expiatório entre o Getsêmani e
prias palavras, conforme sua mãe a Expiação. o Calvário, foi realmente o momento
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decisivo que abriu o caminho para Jamais deixará de crescer. E as escri- Expiação, conquistadas a um preço
a imortalidade da humanidade. turas predizem que nós O louvare- tão elevado. De fato, “não houve
Jesus terminou Seus preparativos, mos para sempre e sempre. (Ver quem pudesse do pecado resgatar”.
como Ele disse, para os filhos dos D&C 133:52.) (“No Monte do Calvário”, Hinos,
homens. (Ver D&C 19:19.) O que Eu assim o louvo pela gloriosa e nº 113) 
nos resta agora, como mortais, é rei- grande Expiação e pedimos a Ele que Extraído de uma transmissão via satélite
vindicar as bênçãos da grande abençoe todos nós para que reivindi- da Igreja a respeito de conversão e retenção
Expiação. Nossa gratidão a Cristo quemos pessoalmente e, em nossos realizada no Centro de Treinamento
por Sua Expiação crescerá com o ministérios, ajudemos as pessoas a Missionário de Provo em 29 de agosto
passar dos anos e das décadas. reivindicar, as bênçãos dessa grande de 1999.

N ossa gratidão
a Cristo por Sua
Expiação crescerá com
o passar dos anos e
das décadas. Jamais
deixará de crescer. E
as escrituras predizem
que nós O louvaremos
para sempre e sempre.
VOCÊ SABE
ARREPENDER-SE?

Élder Jay E. Jensen dos Setenta (reconhecimento, remorso, restituição, mudança, resolu-
Lembro-me de uma entrevista vinte ção e assim por diante) não pareciam adequadas. De fa-
anos atrás com meu bispo para renovar to, elas não tinham significado algum para mim naquele
minha recomendação para o templo. momento, mas pareciam banais e estanques.
Como eu era membro da presidência da Sei que essas palavras ligadas ao arrependimento en-
estaca, eu conhecia todas as perguntas cerram doutrinas e princípios grandiosos, mas não me
da entrevista. De fato, eu fazia-as todas as semanas para senti à vontade para responder de imediato ou usá-las em
outros membros e estava preparado para responder a minha resposta. Por fim, eu disse com certa relutância:
cada uma delas. Contudo, depois das perguntas formais, “Acho que sei, bispo”. Não me lembro de nenhum outro
ele pegou-me totalmente desprevenido ao formular detalhe da entrevista, pois aquela pergunta me descon-
uma indagação adicional sobre meu entendimento do certara. “Jay, você sabe arrepender-se?” Desde aquele dia,
evangelho. venho pensando muito sobre essa pergunta e a respecti-
Ele perguntou: “Jay, você sabe arrepender-se?” Meu va doutrina.
primeiro impulso foi dizer:
“Claro que sei”. Fiz uma O PODER DO ARREPENDIMENTO E A EXPIAÇÃO
pausa por alguns ins- Há alguns anos, trabalhei no Departamento
tantes para pensar, e Missionário da Igreja. Estávamos elaborando materiais
quanto mais refletia para ajudar os missionários a aperfeiçoarem-se e terem
a respeito, mais in- mais êxito. Uma das Autoridades Gerais relatou a se-

ILUSTRAÇÕES DE PAT GERBER; APOIO FOTOGRÁFICO DE CRAIG DIMOND


certo ficava em relação guinte experiência sobre o arrependimento:
à resposta. As cinco ou “Há pouco mais de um ano, tive o privilégio de entre-
seis palavras-padrão que vistar um rapaz que estava de partida para o campo mis-
costumamos usar para sionário. Como ele havia cometido uma transgressão
descrever o arre- grave, precisaria ser entrevistado por uma Autoridade
pendimento Geral, segundo as normas vigentes na época. Quando o
rapaz entrou, eu disse: ‘Parece que você cometeu um pe-
cado sério em sua vida, o que gerou a necessidade desta

“Podemos ser perdoados de nossas transgressões,


mas precisamos compreender que apenas parar
de fazer algo não constitui arrependimento.”
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14
entrevista. Poderia dizer-me qual foi o problema? O que Ele saiu de minha sala, e tenho a impressão de que ele
você fez?’ me achou muito cruel. Expliquei ao bispo e ao presiden-
Ele riu e respondeu: ‘Bem, não há nada que eu não te- te de estaca que aquele rapaz não poderia servir como
nha feito’. Eu disse: ‘Bem, então sejamos mais específicos. missionário.”
Você já (. . .)?’ Comecei a fazer perguntas bem diretas. Cerca de seis meses depois, a mesma Autoridade Geral
O rapaz continuava a rir e a repetir: ‘Eu já disse, fiz de voltou àquela cidade para discursar numa atividade no-
tudo’. turna. Ao término da apresentação, vários jovens adultos
Perguntei: ‘Quantas vezes você (. . .)?’ Ele disse com fizeram fila para cumprimentar a autoridade. Ao apertar
sarcasmo: ‘Acha que fiquei contando?’ Respondi: ‘Eu gos- a mão de cada um, ele viu no fim da fila o rapaz que ele
taria que você tivesse’. Ele disse, mais uma vez com iro- entrevistara meses antes. A Autoridade Geral relatou o
nia: ‘Bem, eu não saberia dizer’. seguinte:
Eu disse: ‘E que me diz de (. . .)?’ Dessa vez, a pergun- “Aquela entrevista veio-me de imediato à mente.
ta era sobre outro tipo de transgressão. Ele respondeu: Lembrei-me da atitude de escárnio e arrogância do rapaz.
‘Eu já disse. Fiz de tudo’. Indaguei: ‘Drogas?’ Ele respon- Recordei seu sarcasmo. Dentro de instantes, ele estava
deu afirmativamente, com certa arrogância. Perguntei: bem na minha frente. Eu estava no púlpito, inclinando-
‘Então o que o leva a pensar que vai para a missão?’ Ele me para cumprimentar as pessoas e, ao curvar-me para
disse: ‘Sei que vou. Minha bênção patriarcal diz que vou apertar a mão dele, percebi que ocorrera uma grande mu-
servir como missionário, e já me arrependi. Há um ano dança. Ele estava com lágrimas nos olhos. Era quase co-
não faço essas coisas. Eu me arrependi e sei que vou pa- mo se ele tivesse um brilho de santidade no semblante.
ra a missão’. Ele apertou-me a mão e disse: ‘Eu estive lá; estive no
Eu disse: ‘Meu caro amigo, sinto muito, mas você não Getsêmani e voltei’. Eu disse: ‘Eu sei. Consigo ver em seu
vai. Acha que podemos mandá-lo para conviver com ra- rosto’.
pazes puros e saudáveis que nunca violaram os manda- Podemos ser perdoados de nossas transgressões, mas
mentos? Acha que iríamos enviá-lo para gabar-se e precisamos compreender que apenas parar de fazer algo
vangloriar-se sobre seu passado? Você não se arrependeu; não constitui arrependimento. Se não fosse pelo Salvador
apenas parou de fazer algo. e o milagre do perdão, esse rapaz teria levado consigo
Em algum momento de sua vida, você precisará passar suas transgressões por toda a eternidade. Devemos amar
pelo Getsêmani. Depois disso, compreenderá o que vem o Salvador e servi-Lo por esse motivo, apenas esse moti-
a ser o arrependimento. Só depois de sofrer, ainda que em vo.” (Adaptado de Vaughn J. Featherstone, em
intensidade reduzida, como o Salvador sofreu no Conference Report, Conferência de Área de
Getsêmani, é que você saberá o que é arrependimento. O Estocolmo, Suécia, 1974, pp. 71–73.)
Salvador padeceu por todas as transgressões cometidas,
de uma maneira que nenhum de nós compreende. Como
ousa rir, gracejar e agir com altivez em relação ao
arrependimento? Lamento muito, você não vai para a
missão’.
Ele começou a chorar e chorou por vários minutos. Eu
não disse palavra. Por fim, ele disse: ‘Acho que é a pri-
meira vez que choro desde que tinha cinco anos de ida-
de’. Respondi: ‘Se você tivesse chorado assim na primeira
vez que foi tentado a pecar, é possível que estivesse indo
para a missão agora’.
Somos salvos somente pelos méritos, misericórdia e graça do Santo de Israel. Ele é nossa única esperança.

AS CONDIÇÕES DO ARREPENDIMENTO ■ Haverá um julgamento final. Uma condição impor-


As palavras “condições do arrependimento” (ver tante do arrependimento é acreditar que um dia todos
Helamã 5:11; 14:11; D&C 18:12) têm grande significa- compareceremos perante o tribunal de Deus. Esse dia
do. Estudei e ponderei as escrituras para aprender quais chegará.
são essas condições e descobri que elas podem também ■ Outro pré-requisito ou condição do arrependimen-

ser chamadas de pré-requisitos para as cinco ou seis pala- to é saber que nada impuro pode habitar na presença de
vras que descrevem o processo do arrependimento. Esses Deus. (Ver 1 Néfi 10:21; 15:34; Alma 7:21; 40:26;
conceitos são importantes e muito necessários, mas as se- Helamã 8:25.) Podemos esconder pecados do bispo;
À ESQUERDA: CRISTO NO GETSÊMANI, DE WILLIAM HENRY MARGETSON; À DIREITA: O JUÍZO FINAL, DE JOHN SCOTT

guintes condições precisam precedê-las. podemos esconder dos pais e amigos. Mas caso continue-
■ A primeira condição é saber que Deus vive. Ele es- mos assim e morramos com pecados pendentes, estare-
tá no céu. Ele conhece-nos pelo nome. Não podemos es- mos impuros, e nada impuro pode habitar com Deus.
conder-nos Dele. Ele possui a plenitude dos atributos e Não há exceções.
da perfeição divinos, incluindo a totalidade do conheci- ■ Somos salvos somente pelos méritos, misericórdia e

mento. Para que o arrependimento se inicie, precisamos graça do Santo de Israel. (Ver 2 Néfi 2:8.) Ele é nossa
começar com Deus e nosso relacionamento com Ele. única esperança. Quando finalmente nos damos conta de
O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze onde estamos nesta vida, voltamo-nos para Ele. Sou
Apóstolos, fez um comentário profundo sobre o arrepen- imensamente grato pelo evangelho restaurado de Jesus
dimento e Deus: “Alguém disse certa vez que o arrepen- Cristo, uma mensagem de esperança. Existe esperança, e
dimento é a primeira coisa que nos pressiona quando nos Ele pode purificar-nos.
aproximamos do seio de Deus”. (“‘As Coisas Pacíficas do Já trabalhei com muitas pessoas — e incluo-me nisso
Reino’”, A Liahona, janeiro de 1997, p. 89) — e testemunhei o milagre do perdão, da purificação e
■ Somos seres decaídos, mortais e impuros e precisa- presto testemunho Dele, como uma de Suas testemu-
mos de ajuda. Estamos afastados de Deus, por sermos nhas. Sei que Ele vive. Que vocês sejam sempre aben-
mortais, e não podemos viver com Ele. çoados para que permaneçam no caminho estreito e
■ Precisamos conhecer a doutrina de que um dia mor- apertado que conduz a Deus. 
reremos. Alguns morrem cedo, outros morrem mais tar- Tirado de um discurso devocional proferido no LDS Business
de. Mas esse dia virá; é inevitável. College em 6 de maio de 1998.
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VOZES DA IGREJA

“ESPLENDOR
DE ESPERANÇA”

N
“ esse processo de traba- tristezas da mortalidade podem pa-
lharmos por nossa pró- recer insuportáveis em algumas
pria salvação”, escreveu ocasiões, mas elas têm um propó-
o Élder Neal A. Maxwell, do sito: aproximar-nos do Salvador e
Quórum dos Doze Apóstolos, “a trazer-nos as bênçãos de Sua
adversidade se incumbirá de parte Expiação. Conforme veremos nas
do trabalho árduo. Repetidas vezes, histórias a seguir, as tribulações e
tanto eu quanto vocês, experiência adversidades — seja na forma de
por experiência, teremos motivo para dores físicas ou como a necessidade
ponderar a grande Expiação e alegrar-nos premente de encontrar a verdade —
muito com ela. (. . .) De modo semelhante, nos- levam-nos a buscar a Jesus Cristo e Sua paz. “A
so conhecimento da perfeita empatia que Jesus Expiação . . . ” ensina o Élder Maxwell, “pode
tem por nós, individualmente, ajuda-nos imensa- conceder-nos um ‘esplendor de esperança’ mes-
mente a suportar nossos vários tipos de dor.” mo em meio a nossas perdas, cruzes, tristezas e
(Ver esta edição, página 11.) ❦ As dificuldades e desapontamentos.” (Ver esta edição, página 12.)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

DETALHE DE CRISTO E O MANCEBO RICO, DE HEINRICH HOFMANN; ILUSTRAÇÕES DE BRIAN CALL


Mudar Tudo
Catherine Matthews Pavia

F azia quatro anos que eu não pas-


sava a Páscoa em casa com os fa-
miliares. Assim, eu vinha esperando
durante a viagem de seis horas de
carro no ano passado (. . .).” Olhei
para ela, que largara a faca e ficara
descobrir qual era aquela doença,
passar-lhe remédios e restabelecer-
lhe totalmente a saúde. Mas eu não
com ansiedade a chegada do recesso com a voz embargada. Seus olhos en- conseguia fazê-lo.
escolar para participar das festivida- cheram-se de lágrimas e sua fisiono- Eu recusara-me a pensar na morte
des de Páscoa com todos eles. mia mudou. “Achei que iria morrer. durante o ano em que ela estivera
Estávamos na cozinha preparando o Achei mesmo que iria morrer.” doente, mesmo ao jejuar, orar e espe-
jantar de sexta-feira à noite quando Eu nem sabia o que dizer à minha rar. Contudo, eu via que ela estava
perguntei a minha mãe acerca da mãe, sempre tão dócil e paciente, ao perdendo as forças e sofrendo. Mas
reunião de família que ela estava ouvi-la falar da possibilidade de mor- ela não se queixava de seus padeci-
organizando. rer. Eu queria abraçá-la até ela parar mentos. Ela só trabalhava ainda
“Todos querem voltar para o lago”, de tremer. Queria dizer-lhe que tudo mais, pois não conseguia dormir nem
disse ela ao cortar os legumes. “Mas estava bem — os médicos iriam mesmo se sentar. A dor era perto do
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Os olhos de minha mãe encheram-se
de lágrimas. “Achei que iria morrer.”
Eu queria dizer-lhe que tudo
estava bem, mas não
conseguia.
coração e fazia-a tremer sempre que seus sofrimentos, ela parecia sofrer sofrer por todos, incluindo a agonia
tentava relaxar. Mas logo seu sofri- sozinha. física de minha mãe e minhas pró-
mento tornou-se visível devido às Fomos à Igreja no domingo de prias dores emocionais.
profundas olheiras e a expressão fati- Páscoa. Ao olhar para minha mãe, Dei-me conta de que eu não
gada de seus olhos. que estava sentada a meu lado, meus precisava dizer à minha mãe que
Logo as dores vieram acompanha- pensamentos voltaram-se para sua tudo terminaria bem. Não podería-
das de desânimo. Depois de um ano voz aguda e estridente e a frase as- mos mudar tudo, mas ela sentia con-
inteiro de consultas com médicos e sustadora que me corroía por dentro solo por saber que o Salvador já o
de exames, ela ficou arrasada ao per- desde a noite de sexta-feira: “Achei fizera.
ceber que ninguém conseguia desco- que iria morrer”. Catherine Matthews Pavia é membro
brir a causa das intensas dores que Subitamente, minha mãe levan- da Ala Oxford, Estaca Springfield
ela sentia perto do coração. Os resul- tou-se do banco e dirigiu-se ao Massachusetts.
tados dos exames foram todos nor- púlpito.
mais. Segundo os médicos, não havia “Neste domingo de Páscoa”, co- Salvo das Trevas
nada de errado. meçou ela, “gostaria de prestar teste- Heri Castro Veliz
Mas nós sabíamos que a situação
não era normal. Minha mãe não cos-
tumava andar de um lado para outro
munho da Expiação de Jesus Cristo.
O rei Benjamim disse que Cristo
‘[sofreria] tentações e dores corpo-
O acidente ocorrera quando eu
estava a caminho de casa de-
pois de uma partida de futebol numa
da casa durante a noite nem parar rais, fome, sede e cansaço maiores do cidade ao sul de Santiago, Chile.
para chorar ao passar o aspirador. E que o homem [poderia] suportar’. Meu irmão mais novo jogara numa
ela, que havia padecido vários tipos (Mosias 3:7; grifo do autor) Muitos das equipes, e enquanto meus pais
de dor na vida sem nunca reclamar, de vocês devem saber que estou esperavam por ele, saí antes deles de
não costumava falar sobre a morte. doente há algum tempo. As noites bicicleta. Meu primo de oito anos
Nos dois dias que antecederam a têm sido muito longas” — seu tom perguntou se poderia ir comigo.
Páscoa, continuei tentando pensar de voz diminuiu daí para frente — Coloquei-o na parte da frente da bi-
em algo que eu pudesse fazer para “mas não estou só. Nos momentos cicleta e partimos.
ajudá-la. Mas a enfermidade dela mais difíceis, o Salvador tem sido Ao pedalar, senti uma pontada de
acabara deixando a todos nós com a meu amigo, meu apoio. Testifico que culpa. Na noite anterior, depois de
sensação de impotência. Até meu Jesus Cristo conhece nosso sofrimen- comemorar a vitória de minha pró-
pai, que era médico, não tinha como to porque Ele passou por isso, e mui- pria equipe em outra partida local, eu
mudar a situação, apesar de todos os to mais. Ele nos erguerá de nossos tinha ficado embriagado. Aos dezoito
seus anos de estudo, experiência e pesares assim como nos ergueu da anos de idade, eu não estava toman-
conhecimento. Eu não conseguia morte eterna.” do decisões muito sábias na vida.
aliviar os fardos dela — ela até que- Enquanto minha mãe prestava O vento forte soprava contra nos-
ria cuidar de todos os afazeres do- testemunho, uma nova percepção do so rosto, e meu primo balançava de
mésticos sozinha, pois ao parar para sofrimento substituiu minha preocu- um lado para outro, sem achar uma
descansar suas dores só se intensifi- pação anterior com minha mãe e co- posição confortável. Nisso, seu pé fi-
cavam. Assim, ela estava sempre tra- migo mesma. Era como se eu visse o cou preso entre a roda e uma das bar-
balhando, a ponto de esgotar-se Salvador no Jardim do Getsêmani, ras da bicicleta. A bicicleta foi atirada
fisicamente. E como não havia mui- torturado por uma angústia tal que para frente, e caí batendo o rosto no
to que pudéssemos fazer para aliviar O fazia suar por todos os poros ao asfalto áspero. Ao tocar no rosto,
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De repente, vi meu irmão mais
novo, que estava do outro lado,
afastando-me para longe das
trevas e impulsionando-me
para a luz.

achei que não havia mais esperança


de recuperação para meu nariz.
Felizmente, meu primo estava
bem. Pouco depois, meus pais chega-
ram; em seguida, um policial e por
fim uma ambulância. Fui submetido
a uma cirurgia, quando deram pon-
tos em parte do nariz e enxertaram
tecido cutâneo em minha testa.
Depois de ficar em observação por
algumas horas no hospital, recebi al- meus pais, perto de minha mãe. Ela e A dor continuou no dia seguinte, e
ta. Naquela noite, as dores foram tão meu irmão haviam sido batizados minha mãe pediu aos missionários
intensas que não consegui dormir. n’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos que me dessem uma bênção do sacer-
Na noite seguinte, as dores foram dos Últimos Dias alguns meses antes, dócio. Depois disso, comecei a melho-
piores ainda. Por fim, exausto devido e eu via o quanto ela amava o Livro rar. Ao longo de minha recuperação,
às dores cruciantes, adormeci. Num de Mórmon. Ela leu trechos dele pa- meu desejo de ser batizado aumentou.
sonho apavorante, tive a sensação de ra mim e caí no sono novamente. Voltei a receber as palestras dos
ver a mim mesmo deitado na cama Logo em seguida, voltei a ter missionários, mas dessa vez abri o co-
com os braços cruzados na altura do aquele sonho. Dessa vez, quando ração. Eu ainda não tinha muito co-
peito — a única posição confortável. meu irmão começou a puxar meu nhecimento do evangelho, mas o
Então, vi intensas névoas de escuri- braço, entendi o significado de tudo sonho, juntamente com a fé da mi-
dão e senti uma mão impelindo-me aquilo. As trevas simbolizavam o nha mãe e a bênção do sacerdócio,
na direção delas. Aterrorizado, deba- mundo em seu estado decaído, e ajudaram-me a saber que Deus me
ti-me para livrar-me. meu irmão representava o evangelho amava e havia concebido um meio
De repente, vi meu irmão mais no- e uma vida cheia de esperanças — a de conceder-me a vida eterna. Dei
vo, que estava do outro lado, afastan- vida que ele queria para mim. Eu sa- um passo de suma importância nessa
do-me para longe das trevas e bia que eu tinha sucumbido a hábitos direção no dia em que fui batizado.
impulsionando-me para a luz. Mas ruins. Eu não abrira o coração para o Antes eu achava que tinha todo o
sua ajuda não era o suficiente; entrei que os missionários nos haviam ensi- tempo do mundo para preocupar-me
em desespero e comecei a gritar. Ao nado e nunca orara para saber se o em achar a Igreja verdadeira, se é que
fazê-lo, acordei. Meu pai veio até mim que tinham dito era verdade. ela existia. Mas o acidente ajudou-me
para acalmar-me. A dor voltara, e pe- Naquele momento, prometi ao Pai a compreender que não devemos
la primeira vez na vida, vi meu pai Celestial que eu seria batizado. adiar a tomada de boas decisões. 
chorar. Acordei chorando. Minha mãe Heri Castro Veliz é membro da Ala Puente
Fui transferido para o quarto de também chorou e orou por mim. Alto I, Estaca Santiago Chile Puente Alto.
A B R I L D E 2 0 0 2
21
CLÁSSICO DE A LIAHONA

O Farol do
Porto da Paz
Presidente Howard W. Hunter (1907–1995)

Howard W. Hunter, o décimo quarto Presidente da Igreja, serviu como Presidente da Igreja
no período de junho de 1994 a março de 1995. Na época em que proferiu esse discurso,
ele servia como Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos.
A pesar do progresso promissor que presenciamos
nos últimos anos, muitas partes do mundo ain-
da estão repletas de lutas, tristezas e desespero.
Ficamos com o coração partido e sentimo-nos angustia-
dos quando as notícias locais ou internacionais diárias
viver, (. . .) o primeiro passo e também o mais importan-
te é o de se escolher, como comandante, alguém cuja li-
derança seja infalível, cujos ensinamentos, quando
praticados, jamais falharam. Em (. . .) [qualquer] mar
tempestuoso de incertezas, o piloto precisa ser alguém
nos trazem mais histórias de lutas, sofrimento e, com muita capaz de ver, através da tempestade, o farol do porto
freqüência, conflitos armados. Certamente nossa oração da paz”. (David O. McKay, Man May Know for Himself,
é para que o mundo se torne um lugar melhor de se viver, [1967], p. 407)
para que haja mais cuidado e interesse mútuo e para que Existe apenas uma mão que nos guia no universo, uma
FOTOGRAFIA © PHOTODISC

a causa da paz e da confiança se espalhe em todas as única luz verdadeiramente infalível, um farol inquebran-
direções e estenda-se a todos os povos. tável para o mundo. Essa luz é Jesus Cristo, a luz e a vida
Na busca de tal paz e confiança, citarei uma do mundo, a luz que um profeta do Livro de Mórmon
grande voz do passado, que disse: “[Para se fazer descreveu como “uma luz sem fim, que nunca poderá ser
do mundo] um lugar melhor (. . .) de se obscurecida”. (Mosias 16:9)
Ao procurarmos a praia da segu- mais inclinados a perdoar. Em revela-
rança e paz, quer sejamos mulheres, ções modernas o Senhor disse:
homens, famílias, comunidades ou “Meus discípulos, nos dias antigos,
nações, Cristo é o único farol em que procuraram pretextos uns contra os
podemos confiar. Ele próprio decla- outros e em seu coração não se per-
rou a respeito de Sua missão: “Eu sou doaram; e por esse mal foram afligi-
o caminho, e a verdade, e a vida dos e severamente repreendidos.
(. . .)”. (João 14:6) Portanto digo-vos que vos deveis
Nesta época, assim como em to- Se pudéssemos, como perdoar uns aos outros; pois aquele
das as épocas que nos antecederam e o Apóstolo Pedro, ter os olhos que não perdoa a seu irmão suas
em todas que se seguirão, a maior ne- fixos em Jesus, também pode- ofensas está em condenação diante
cessidade de todo o mundo é uma fé ríamos caminhar triunfantes do Senhor; pois nele permanece o
sincera e ativa nos ensinamentos bá- por sobre as “ondas crescentes pecado maior.
sicos de Jesus de Nazaré, o Filho vivo da descrença” e permanecer Eu, o Senhor, perdoarei a quem
do Deus vivo. Porque muitos rejei- “destemidos em meio aos desejo perdoar, mas de vós é exigido
tam esses ensinamentos, a razão se ventos da incerteza”. que perdoeis a todos os homens”.
torna ainda maior para que os que (D&C 64:8–10)
sinceramente crêem no evangelho de Na majestade de Sua vida e no
Jesus Cristo proclamam Sua verdade e demonstram pelo exemplo de Seus ensinamentos, Cristo deu-nos muitos
exemplo, o poder e a paz de uma vida digna e virtuosa. conselhos sempre acompanhados de promessas seguras.
Levem em consideração, por exemplo, esta instrução Ele ensinou com uma grandeza e autoridade que en-
de Cristo a Seus discípulos. Disse Ele: “(. . .) Amai a vos- chiam de esperança os instruídos e os ignorantes, os ricos
sos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos e os pobres, os sãos e os enfermos.
que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos per- É minha firme convicção que se, como pessoas, famí-

JESUS CAMINHA SOBRE O MAR, POR JOHN STEELE, USADO COM PERMISSÃO DA PROVIDENCE LITHOGRAPH COMPANY
seguem (. . .)”. (Mateus 5:44) lias, comunidades e nações, pudéssemos, como o
Pensem no efeito que apenas essa admoestação teria em Apóstolo Pedro, ter os olhos fixos em Jesus, também po-
sua vizinhança e na minha, em comunidades em que vocês deríamos caminhar triunfantes por sobre as “ondas cres-
e seus filhos moram, nas nações que compõem nossa gran- centes da descrença” e permanecer “destemidos em meio
de família global. Percebo que essa doutrina apresenta um aos ventos da incerteza. ” (Frederic W. Farrar, The Life of
desafio significativo, mas é, certamente, um desafio mais Christ [1994], p. 313) Se, porém, desviarmos o olhar
aceitável do que as terríveis tarefas impostas a nós pela Daquele em quem devemos crer, como é tão fácil de se
guerra, pobreza e dor que o mundo continua a enfrentar. fazer e como o mundo está tão tentado a fazer e fixarmos
Como devemos agir quando formos ofendidos, mal o olhar no poder e na fúria dos elementos terríveis e des-
compreendidos, tratados injusta ou indelicadamente ou truidores que nos cercam, em vez de o fixarmos Naquele
quando cometerem um pecado contra nós? O que deve- que nos pode auxiliar e salvar, então fatalmente afunda-
mos fazer se formos feridos por aqueles a quem amamos, remos em um mar de conflitos, tristezas e desespero.
preteridos em uma promoção, falsamente acusados ou Nesses momentos, quando sentirmos que as ondas
termos nossos motivos atacados deslealmente? ameaçam nos afogar e o abismo das águas está prestes a
Revidamos? Enviamos um batalhão ainda maior? engolfar o barco de nossa fé, oro para que ouçamos sem-
Revertemos para olho por olho dente por dente? pre, em meio à tempestade e à escuridão, as doces pala-
Todos temos oportunidades significativas para praticar vras do Salvador do mundo: “Tende bom ânimo; sou eu,
o cristianismo e deveríamos tentar fazê-lo a cada oportu- não temais”. (Mateus 14:27) 
nidade que surja. Por exemplo, podemos ser um pouco Extraído de um discurso da conferência geral de outubro de 1992.
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MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES

SEGUIR OS SUSSURROS DO ESPÍRITO SANTO

L eia o seguinte artigo com as irmãs


que vocês visitarem e troquem
idéias sobre as perguntas, as
escrituras e os ensinamentos de nossos
líderes da Igreja. Compartilhem suas
Ora, eis que este é o espírito de re-
velação; eis que este é o espírito pelo
qual Moisés conduziu os filhos de
Israel através do Mar Vermelho, em
terra seca”.
Três, viver dignamente; arrependam-
se de seus pecados. (. . .) Quatro,
prestar serviço na Igreja”. (“Guidance
of the Holy Spirit”, Tambuli, agosto
de 1980, p. 5.)
experiências e testemunho, convidando Presidente Boyd K. Packer, Presidente Gordon B. Hinckley:
as irmãs que vocês visitarem a fazerem Presidente Interino do Quórum “Não há bênção maior que possamos
o mesmo. dos Doze Apóstolos: “Muitas vezes receber na vida do que (. . .) a com-
estamos ocupados demais para dar panhia do Santo Espírito para guiar-
POR QUE É IMPORTANTE QUE ouvidos ao Espírito. (. . .) É uma voz nos, proteger-nos e abençoar-nos;
TENHAMOS O DOM DO ESPÍRITO espiritual que vem à mente na forma para ir, da mesma forma que no pas-
SANTO? de pensamentos instilados no cora- sado, como uma coluna à nossa fren-
João 14:26: “Aquele Consolador, ção”. (“Línguas Repartidas como que te e uma chama para liderar-nos nos
o Espírito Santo, que o Pai enviará de Fogo”, A Liahona, julho de 2000, caminhos da retidão e verdade. Esse
em meu nome, esse vos ensinará to- p. 10.) poder orientador do terceiro mem-
das as coisas, e vos fará lembrar de bro da Trindade pode ser nosso, se
tudo quanto vos tenho dito”. COMO PODEMOS MELHORAR vivermos de modo a merecê-lo.”
2 Néfi 32:5: “Se entrardes pelo NOSSA CAPACIDADE DE SENTIR (Teachings of Gordon B. Hinckley,
caminho e receberdes o Espírito OS SUSSURROS DO ESPÍRITO? 1997, p. 259.)
Santo, ele vos mostrará todas as coi- Morôni 8:26: “A remissão de pe- ■ Que mudanças posso fazer para

sas que deveis fazer”. cados traz mansidão e humildade; e receber esse notável dom e desfrutá-lo
Presidente James E. Faust, a mansidão e a humildade resultam mais plenamente em minha vida? 
Segundo Conselheiro na Primeira na presença do Espírito Santo, o
Presidência: “Tendo recebido o dom Consolador, que nos enche de espe-
do Espírito Santo pela imposição rança e perfeito amor, amor que se
de mãos, os santos dos últimos dias conserva pela diligência na oração”.
fazem jus à inspiração pessoal nas Presidente Marion G. Romney
coisas do dia a dia bem como (1897–1988), Segundo Conselheiro
diante dos gigantes Golias da vida”. na Primeira Presidência: “Se quise-
(“Comunhão com o Santo Espírito”, rem receber e conservar a orienta-
A Liahona, março de 2002, p. 4.) ção do Espírito, podem fazê-lo
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE JED A. CLARK

seguindo este programa


COMO O ESPÍRITO SANTO FALA simples de quatro passos.
CONOSCO? Um, orar. Orem dili-
D&C 8:2–3: “Eis que eu te fala- gentemente. (. . .)
rei em tua mente e em teu coração, Dois, estudar e
pelo Espírito Santo que virá sobre ti aprender o
e que habitará em teu coração. evangelho.
Perguntas
e Respostas
É Moralmente Errado Ser Rico
em um Mundo com Tantos Pobres?
Perguntas respondidas à guisa de orientação, não como pronunciamentos doutrinários da Igreja.

RESPOSTA DE A LIAHONA
As riquezas, quer as tenhamos (I Timóteo 6:10) Alguém disse certa gracejo, não deixa de conter um fun-
ou não, são um grande desafio na vez, em tom jocoso, que a raiz de do de verdade.
mortalidade. O Apóstolo Paulo es- todos os males é a falta de dinheiro. O rei Benjamim disse aos pobres:
creveu que “o amor ao dinheiro é a A primeira declaração provém das “Todos vós, que negais ao mendigo
raiz de toda a espécie de males”. escrituras. A segunda, feita como porque não tendes; quisera que dis-
sésseis em vosso coração: Não dou
porque não tenho, mas se tivesse, da-
ria. E agora, se dizeis isto em vosso
coração, não sois culpados; do con-
trário, sois condenados e vossa con-
denação será justa, porque cobiçais
aquilo que não haveis recebido”.
(Mosias 4:24-–25)
A chave é evitar a cobiça, o amor
ao dinheiro. Podemos ter o mesmo
amor ao dinheiro quer o tenhamos
ou não. E o mal entra no mundo não
só por meio daqueles que possuem ri-
quezas e as usam de maneira egoísta
ou desonesta, mas também por meio
dos que não as têm, mas ainda assim
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE CRAIG DIMOND

as cobiçam. Talvez seja por isso que o


Senhor nos tenha permitido ter vis-
lumbres do tipo de sociedade que Ele
deseja que criemos. Em Sião, não há
ricos nem pobres. (Ver 4 Néfi 1:3.)
Não há nada moralmente errado
em ser rico. O perigo, conforme o
Livro de Mórmon frisa tantas vezes,
A L I A H O N A
26
é que quando as pessoas ficam abas- acumularmos riquezas ou as usarmos
tadas às vezes se esquecem do com fins egoístas, seremos como o
Senhor e de Seus mandamentos. servo iníquo que enterrou seu talen-
O Presidente Brigham Young to; e o Senhor, assim como o conde-
(1801–1877) disse: “Meu pior medo nou, nos condenará. (Ver Mateus Atitudes e
em relação [aos membros desta 25:14–30.) Prioridades
Igreja] é que venham a enriquecer
neste país, esquecer a Deus e Seu po- RESPOSTAS “
vo, engordar, abandonar a Igreja e ir
para o inferno. Esse povo vai resistir
DOS LEITORES
Acho que quando os ricos lerem o
A queles que colocam
o coração nas coisas do
mundo geralmente enfocam
às investidas das turbas, aos roubos, Livro de Mórmon, terão um senti- uma combinação do seguinte
à pobreza e a toda sorte de persegui- mento especial no coração e amarão quarteto de desejos mundanos:
ção e permanecerá fiel. Mas meu os pobres. Devemos amar o próximo. posse, orgulho, preeminência
maior temor no tocante a eles é que Os pobres são o nosso próximo, e po- e poder. Quando as atitudes ou
não saibam lidar com a riqueza. demos dividir nossos bens com eles. prioridades se fixam na aquisição,
Contudo, eles terão de ser tentados Latai Fonohema, uso ou posse de coisas materiais,
com ela”. (Citado por Preston Ala Humble, chamamos essa condição de
Nibley, Brigham Young: The Man and Estaca Kingwood Texas materialismo. (. . .)
His Work [1936], p. 128.) De acordo com o enfoque
A fim de saber “lidar com a rique- dado a esse assunto nas escri-
za”, como disse o Presidente Young, turas, aparentemente o materialis-
precisamos lembrar por que o Senhor Algumas pessoas no Livro de mo foi um dos maiores problemas
pode abençoar-nos com riquezas, bem Mórmon enriqueceram e então se es- enfrentados pelos filhos de Deus
como compreender por que e quando queceram do Pai Celestial. Devemos em todas as eras. A cobiça, que
devemos buscá-las. Jacó explicou: procurar ser auto-suficientes, mas te- é o materialismo colocado em
“E depois de haverdes obtido uma mos de dar glória a Deus por tudo. prática, foi uma das armas
esperança em Cristo, conseguireis Tornemos a busca das riquezas espiri- mais eficazes de Satanás para
riquezas, se as procurardes; e procurá- tuais nossa principal prioridade. É is- corromper os homens e afastar
las-eis com o fito de praticar o bem — so que nos levará à exaltação. o coração deles de Deus. (. . .)
de vestir os nus e alimentar os famin- Roberto Paula de Freitas O Apóstolo [Paulo] não disse
tos e libertar os cativos e confortar os Campos, que havia algo intrinsicamente
doentes e aflitos”. (Jacó 2:19) Ala Copacabana, maligno em relação ao dinheiro.
Uma das melhores maneiras de Estaca Uberlândia Brasil (. . .) Não é o dinheiro, mas, sim,
ajudar os necessitados é orar pedindo o amor ao dinheiro que é identifi-
a orientação do Senhor. O Espírito cado como a raiz de todo mal.”
pode guiar-nos para aqueles que pre- O Pai Celestial costuma punir — Élder Dallin H. Oaks do Quórum
cisem de nosso auxílio, assim como aqueles que fazem das riquezas sua dos Doze Apóstolos. (Pure in Heart,
pode guiar nosso bispo ou presidente mais elevada prioridade, se esquecem 1988, pp. 73–74, 78.)
de ramo. de Deus e se julgam superiores aos
Se usarmos nossas posses para outros. Mas estamos aqui na Terra
abençoar os necessitados, mostrare- para progredir tanto temporal como
mos ao Senhor que temos bondade espiritualmente. O Senhor não quer
no coração e que Ele pode confiar em que Seu povo seja indolente. Deseja
nós. Se, por outro lado, meramente que busquemos conhecimento e que
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sejamos úteis na sociedade. Se uma famintos, vestir os nus e consolar os para que eles se tornem ricos em es-
pessoa adquirir, devido a seus esfor- enfermos e aflitos. (Ver Jacó 2:18–19.) pírito e venham a receber o maior de
ços, mais dinheiro do que outra, não Élder Eduardo Luiz Mendes, todos os dons de Deus. (Ver D&C
creio que isso seja errado. Só Missão Brasil Maceió 14:7.)
será ruim se ela não tiver o puro ‘Ilaisaane Vaine Satini,
amor de Cristo e não repartir seus Ala Deanwell,
bens com os pobres. Estaca Hamilton Nova
Lorena Mendoza, Zelândia Glenview
Ramo Anacleto Medina, Somos os guardadores de nossos
Distrito Parana Argentina irmãos e devemos recordar que
tudo, incluindo nosso corpo físico, É moralmente errado ser rico em
As escrituras contêm inúmeras ad- não pertence a nós, mas a Deus. um mundo com tantos pobres se não
vertências sobre os perigos da riqueza. Devemos fazer bom uso das riquezas ajudarmos os menos favorecidos com
Muitos interpretam mal esses alertas e que nos foram confiadas, sejam nossas riquezas.
concluem que a riqueza em si mesma elas dinheiro, habilidade, conheci- Ebenezer Kwesi Aboah,
é maléfica e que será negada a todos mento, serviço, tempo ou mesmo Ala Mpintsin,
os ricos a oportunidade de habitar na um simples sorriso. Devemos parti- Estaca Takoradi Gana
presença de Deus. Abraão, Isaque, lhar, pois Deus costuma abençoar
Jacó e Jó tinham muitas posses, mas as pessoas por nosso intermédio. PERGUNTAS E RESPOSTAS é
também foram fiéis e dignos. Podemos ser a resposta para as ora- uma seção para os jovens, e esperamos
José Ariel Espinola Olmedo, ções de alguém. publicar uma seleção representativa de
Ala Fernando de la Mora, Milika M. Paletu’a, contribuições de jovens de vários países.
Estaca Fernando de la Mora Ala Pangai, Envie sua resposta de modo a chegar
Paraguai Estaca Ha’apai Tonga ao destino antes de 1º de maio de 2002.
Escreva para QUESTIONS AND
ANSWERS 05/02, Liahona, Floor
Não é errado ser rico, contanto 24, 50 East North Temple Street,
que adquiramos nossos bens de Se usarmos nossos bens para Floor 25, Salt Lake City, UT 84150-
maneira honesta, por meio do traba- ajudar os pobres, estaremos mostran- 3223, USA ou mande um e-mail para
lho árduo. E ao enriquecermos não do nossa gratidão ao Pai Celestial. CUR-Liahona-IMag@ldschurch.org.
devemos considerar-nos melhores Seremos espiritualmente ricos. Datilografe ou escreva legivelmente
do que as pessoas com menor poder Élder Carlos Alberto García, em seu próprio idioma. Não deixe
aquisitivo. Missão Colorado Denver de colocar seu nome completo, endere-
Ângela Marciane Norte ço, ala e estaca (ou ramo e distrito).
Assenheimer, Envie também uma fotografia sua, que
Ramo Santa Rosa, não será devolvida. Se sua resposta for
Distrito Santo Ângelo Brasil de natureza sensível, seu nome será
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE JOHN LUKE

Não é errado ser rico, contanto omitido.


que paguemos o dízimo e as ofertas
O Senhor disse que devemos bus- de jejum, façamos doações generosas PERGUNTA: Sei que o Espírito Santo
car as riquezas apenas para praticar o e ajudemos os pobres. Não devemos pode guiar-me, mas como posso saber
bem. Temos de buscar primeiramente julgar ninguém pela aparência exte- a diferença entre meus próprios pensa-
o reino de Deus e então obteremos ri- rior. Oremos por aqueles que sejam mentos e sentimentos e a inspiração do
quezas com o objetivo de alimentar os menos favorecidos do que nós Espírito? 
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Vista a Armadura

Você é alvo do inimigo. Proteja-se com a armadura de Deus.


(Ver Efésios 6:11–18.)
O ÊXODO
NA ISRAEL ANTIGA E MODERNA

As escrituras concedidas tanto

À ESQUERDA: DETALHE DE MOISÉS PARTINDO O MAR VERMELHO, DE ROBERT T. BARRETT; À DIREITA: O FIM DA RUA PARLEY, DE GLEN S. HOPKINSON
bastante significativas. A anti-
à Israel antiga quanto moderna ga Israel e a Israel moderna
falam do poder da mão do estão intimamente ligadas.
Senhor para libertá-la.
OS JOSÉS
Élder Russell M. Nelson A antiga Israel teve líderes
Do Quórum dos Doze Apóstolos
antes de Moisés, e a Israel
moderna teve um profeta-
Existem inúmeros para- presidente antes de Brigham
lelos instrutivos entre o êxodo Young. (1801–1877) Os precursores
dos israelitas do Egito sob a direção de de cada grupo também guardam semelhanças entre si.
Moisés e o êxodo dos santos dos últi- Um nome comum a ambos é José — José que foi vendi-
mos dias nos Estados Unidos sob a lide- do ao Egito e o Profeta Joseph Smith. (1805–1844)
rança de Brigham Young. Há muito que Poucos profetas no Velho Testamento são mais importan-
podemos aprender com esses homens e mulheres valen- tes para os santos dos últimos dias do que José do Egito.
tes da Israel antiga e moderna. Muitos de nós são descendentes dele por meio de seus fi-
Em geral, os relatos históricos e as representações ar- lhos Efraim e Manassés. O Livro de Mórmon revela:
tísticas retratam bem o que os pioneiros fizeram. Mas “Uma parte do que restou da túnica de José fora pre-
poucos escritores se dedicaram a fundo a explicar os mo- servada e não se havia estragado. (. . .) Assim como este
tivos que impulsionaram esses homens e mulheres. E me- remanescente das vestes (. . .) foi preservado, também
nos pessoas ainda estudaram as semelhanças entre as um remanescente da semente (. . .) será preservado pela
jornadas dos pioneiros e o êxodo do Egito. Uma seme- mão de Deus, que o tomará para si.” (Alma 46:24)
lhança óbvia é que ambos os grupos tinham um lago sal- Os pioneiros eram remanescentes dessa semente pre-
gado e um rio Jordão. Mas havia muitas outras semelhanças ciosa. Eles sabiam que Joseph Smith fora escolhido pelo
A L I A H O N A
30
O Senhor declarou: “Esta geração, porém, receberá mi- Tanto no caso dos israelitas como no dos santos, a lei
nha palavra por teu intermédio [Joseph Smith]”. (D&C civil e a eclesiástica estavam concentradas nas mãos da
5:10) Hoje podemos “[banquetear-nos] com as palavras mesma pessoa. Moisés assumiu essa responsabilidade por
de Cristo” (2 Néfi 32:3) graças a Joseph Smith. seu povo. (Ver Joseph Smith, Teachings of the Prophet

MOISÉS E BRIGHAM YOUNG Nos últimos dias, as pessoas que


Moisés e Brigham Young tinham muito em comum. estiverem com fome do alimento
Antes de tornarem-se grandes líderes, eram sábios segui- que só o evangelho pode conceder
dores. Moisés havia sido preparado nas cortes do Egito, novamente serão nutridas — por
ganhara muita experiência militar e recebera outras res- Joseph. O Senhor declarou: “Esta
ponsabilidades. (Ver Flavius Josephus, Antiquities of the geração, porém, receberá minha
Jews, traduzido por William Whiston, 2.10.1–2; ver tam- palavra por teu intermédio
bém Atos 7:22; Hebreus 11:24–27.) Brigham Young [Joseph Smith]”.
também foi preparado para seu papel de liderança. Na
marcha do Acampamento de Sião ele observara a lide-
rança do Profeta Joseph Smith em circunstâncias difíceis.
(Ver History of the Church, 2:61–134, pp. 183–185.)
Brigham Young ajudou na saída do Profeta Joseph Smith
de Kirtland. (Ver History of the Church, 3:1–2; ver tam-
bém Elden J. Watson, editor, Manuscript History of
Brigham Young, 1801–1844 [1968], pp. 23–24.) Ele tam-
bém esteve à frente da ida dos santos perseguidos de
Missouri para Nauvoo. (Ver History of the Church,
3:250–252, p. 261; ver também John K. Carmack,
“Missouri Era: Residue of Wisdom”, em Regional
Studies in Latter-day Saint Church History:
Missouri, editado por Arnold K. Garr e Clark
V. Johnson [1994], pp. 2–3.)
Senhor para assumir as responsabilidades da tribo de
José, filho de Jacó. Séculos antes, José tinha profetizado
sobre Joseph Smith e descrito a relação entre eles:
“Sim, José verdadeiramente disse: Assim me diz o
Senhor: Um vidente escolhido levantarei eu do fruto de
teus lombos. E gozará de grande estima entre o fruto de
teus lombos. A ele ordenarei que faça um trabalho para
seus irmãos, o fruto de teus lombos, que lhes será de
grande benefício, levando-os a conhecer os convênios
que fiz com teus pais.
E dar-lhe-ei o mandamento de não fazer qualquer outro
trabalho, exceto o que eu lhe ordenar. E fá-lo-ei grande a
meus olhos, porque fará o meu trabalho.” (2 Néfi 3:7–8)

Existem muitos paralelos instrutivos


entre o êxodo dos israelitas do Egito
sob a direção de Moisés e o êxodo
dos santos dos últimos dias nos
Estados Unidos sob a liderança
de Brigham Young.
À ESQUERDA: JOSÉ DO EGITO, DE ROBERT T. BARRETT; À DIREITA: JOSEPH SMITH TRADUZINDO O LIVRO DE MÓRMON, DE DEL PARSON; EXTREMA DIREITA: MORÔNI ENTREGANDO AS PLACAS DE OURO, DE GARY L. KAPP
Não só Joseph Smith Jr. tinha o mesmo nome que José, Na antigüidade, quando toda a terra do Egito passava
mas o pai do Profeta também. Mais uma vez cito José do por um período de “fome, clamou o povo a Faraó por
Egito: pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José;
“Eis que o Senhor abençoará este vidente [Joseph o que ele vos disser, fazei”.
Smith]; (. . .) porque esta promessa que obtive do Senhor
para o fruto de meus lombos será cumprida. (. . .) (Joseph Smith—História 1:33; ver também os versículos
E seu nome será igual ao meu e será chamado pelo no- 34–41.)
me de seu pai. E ele será semelhante a mim; porque aqui- Ambos os “Josés” sofreram perseguição. O José da an-
lo que o Senhor fizer através de sua mão, pelo poder do tigüidade foi preso após ser acusado injustamente de um
Senhor, levará meu povo à salvação.” (2 Néfi 3:14–15; crime que não cometera. (Ver Gênesis 39:11–20.) Joseph
ver também Tradução de Joseph Smith, Gênesis Smith foi encarcerado com base em acusações distorcidas
50:26–38.) e falsas.
José, filho de Jacó, e Joseph Smith tinham ainda mais Os irmãos de José arrancaram-lhe a túnica multicolo-
em comum. Com a idade de 17 anos, José tomou conhe- rida na tentativa cruel de convencer o pai de que José
cimento de seu destino grandioso. (Ver Gênesis morrera. (Ver Gênesis 37:2–33.) A vida de Joseph Smith
37:2–11.) Com a mesma idade, Joseph Smith foi infor- foi interrompida cruelmente, em grande parte devido à
mado sobre seu destino no tocante ao Livro de Mórmon. traição de falsos irmãos.
Aos 17 anos, foi visitado pelo anjo Morôni pela primeira Na antigüidade, quando toda a terra do Egito passava
vez, que comunicou ao menino-profeta que “Deus tinha por um período de “fome, clamou o povo a Faraó por pão;
uma obra a ser executada por [ele]”. Ele iria traduzir e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos
um livro escrito em placas de ouro que continha a pleni- disser, fazei”. (Gênesis 41:55) Nos últimos dias, as pessoas
tude do evangelho eterno. Seu “nome seria considerado que estiverem com fome do alimento que só o evangelho
bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas”. pode conceder novamente serão nutridas — por Joseph.
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Joseph Smith, sel. por Joseph Fielding Smith [1976],
p. 252). Brigham Young, o Moisés moderno, (ver D&C
103:16)1 liderou o deslocamento dos santos dos últimos
dias rumo ao oeste, com a bênção do Senhor. (Ver D&C
136.) Moisés e Brigham Young seguiram métodos de
governo semelhantes. (Ver Êxodo 18:17–21; D&C
136:1–3.) Brigham Young organizou um
enorme grupo de homens, mulheres e
crianças numa migração ordeira para
o oeste dos Estados Unidos.
Lamentamos que os líderes de am-
bos os grupos tenham tido que en-
frentar dissensões de pessoas
próximas. A certa altura, Moisés
sofreu oposição de seus amados
irmãos Aarão e Miriã. (Ver
Números 12:1–11.) Os líderes
dos últimos dias também se defron-
taram com contendas no seio de seus
seguidores. (Ver History of the Church,
1:104–5, p. 226.) No entanto, a mesma forma unifi-
cada de governo voltará quando o Senhor Se tornar o
“Rei grande sobre toda a terra” (Salmos 47:2; ver tam-
bém Zacarias 14:9) e governar Sião e Jerusalém. (Ver Ezequiel profetizou que a vara de Judá e a vara
Isaías 2:1–4.) de José se tornariam uma só: “Toma um pedaço de
A jornada do Egito para o Monte Sinai demorou cer- madeira, e escreve nele: Por Judá e pelos filhos de
ca de três meses. (Ver Êxodo 19:1.) A viagem de Winter Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de
Quarters para o vale do Grande Lago Salgado também madeira, e escreve nele: Por José, vara de Efraim,

O PROFETA EZEQUIEL, DE LYLE BEDDES; FOTOGRAFIA DE JED A. CLARK


durou aproximadamente três meses. (111 dias) O desti- e por toda a casa de Israel, seus companheiros.
no final para cada grupo foi descrito pelo Senhor como E ajunta um ao outro, para que se unam, e se
uma terra que manaria leite e mel.2 Os pioneiros trans- tornem uma só vara na tua mão”.
formaram seu ermo num campo fértil e fizeram o deserto
florescer como a rosa — exatamente como Isaías profeti- israelitas. E, a cada mês de julho, repetimos as heróicas
zara séculos antes. (Ver Isaías 32:15–16; 35:1.) histórias de nossos pioneiros. Ambos os grupos atravessa-
ram ermos, montanhas e vales de desertos selvagens. Os
MILAGRES EM COMUM antigos israelitas saíram do Egito passando pelas águas
Ambos os grupos testemunharam muitos milagres em partidas do Mar Vermelho “como por terra seca”.
comum que são lembrados todos os anos. A comemora- (Hebreus 11:29) Os pioneiros partiram do leste dos
ção da Páscoa está relacionada às viagens dos antigos Estados Unidos atravessando as abundantes águas do rio
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Mississipi, que estavam congeladas como que para tor- também Thomas S. Monson, em Conference Report,
nar-se uma estrada de gelo. abril de 1967, p. 56.)
O livro de Êxodo mostra que, miraculosamente, foram As escrituras concedidas a ambas as sociedades falam
enviadas codornizes para alimentar o povo faminto da da força da mão do Senhor para libertá-los. Aos antigos
antiga Israel. (Ver Êxodo 16:13; Números 11:32; Salmos israelitas, Moisés disse: “Lembrai-vos deste mesmo dia,
105:40.) Os pioneiros passaram por uma experiência em que saístes do Egito, da casa da servidão; pois com
equivalente. Depois que o último deles foi expulso de mão forte o Senhor vos tirou daqui”. (Êxodo 13:3)
Nauvoo, muitos estavam doentes e alguns haviam morri- Aos santos dos últimos dias, foi revelada uma escritu-
do. Suas provisões eram escassas. Às margens do rio per- ra semelhante: “Pois eu, o Senhor, estendi minha mão pa-
to de Montrose, Iowa, em 9 de outubro de 1846, muitas ra exercer os poderes do céu; não podeis vê-lo agora, mas
codornizes voaram miraculosamente para o acampamen- em pouco o vereis e sabereis que eu sou”. (D&C 84:119)
to. Eles cozinharam as aves e alimentaram cerca de 640 Os filhos de Israel tinham um tabernáculo portátil on-
pessoas necessitadas. (Ver Stanley B. Kimball, “Nauvoo de faziam convênios e ordenanças para fortalecerem-se
West: The Mormons of the Iowa Shore”, BYU Studies, in- ao longo da jornada.4 Muitos santos dos últimos dias re-
verno de 1978, p. 142.)3 ceberam a investidura no Templo de Nauvoo antes da
Também foi um milagre o fato de um assentamento penosa jornada para o oeste.
permanente ter subsistido no vale do Grande Lago Os israelitas celebraram com gratidão seu êxodo do
Salgado. Gaivotas que salvaram plantações foram parte Egito. Os santos dos últimos dias comemoraram seu êxo-
desse milagre. do com o estabelecimento da sede mundial da Igreja res-
Deus preservou a antiga Israel das pragas infligidas ao taurada no cume dos montes. Todos os que se
Egito. (Ver Êxodo 15:26.) Da mesma forma, Deus preser- regozijaram atribuíram sua libertação a Deus. (Ver
vou os santos da praga da Guerra Civil norte-americana, Jeremias 23:7–8.)
que causou mais mortes de americanos que qualquer ou-
tro conflito. OS PRINCÍPIOS ETERNOS DO EVANGELHO
As escrituras ao alcance da Israel antiga e moderna
FORÇA ESPIRITUAL EM COMUM contêm os princípios eternos do evangelho. Vocês devem
As tribulações tanto dos antigos israelitas como dos conhecer bem a profecia de Isaías: “Então serás abatida,
santos modernos forjaram grande força espiritual. Ambos falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá
os grupos passaram por provas de fé, durante as quais os fraca, e será a tua voz debaixo da terra, como a de um que
fracos desfaleceram e os fortes receberam alento para tem espírito familiar, e a tua fala assobiará desde o pó”.
perseverarem até o fim. (Ver Éter 12:6; D&C 101:4–5; (Isaías 29:4)
105:19.) Eles tiveram de abandonar o lar e os bens terre- Poderia haver melhores palavras para descrever o
nos e aprender a confiar totalmente em Deus. A antiga Livro de Mórmon do que dizer que ele falaria “debaixo da
Israel recebeu proteção do Senhor, que “ia adiante deles, Terra” a fim de “[assobiar] desde o pó” para as pessoas de
de dia numa coluna de nuvem, e de noite numa coluna nossos dias?
de fogo”. (Êxodo 13:21; ver também o versículo 22; Outras passagens do Velho Testamento prenunciaram
Números 14:14; Deuteronômio 1:33; Neemias 9:19.) O a chegada do Livro de Mórmon. Uma delas veio-me à
mesmo pode ser dito sobre a forma como o Senhor zelou mente quando participei de uma reunião de oração em
pelos pioneiros. (Ver History of the Church, 3:xxxiv; ver janeiro de 1997 na Casa Branca, em Washington, D.C.
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Durante uma recepção informal que antecedeu o desje- cento de suas páginas provêm do mesmo período históri-
jum, eu estava conversando com um rabino judeu muito co que partes do Velho Testamento.
conhecido e erudito de Nova York. Nossa conversa foi As verdades e princípios eternos do evangelho foram
interrompida por outro rabino, que perguntou a seu co- e são importantes para o povo da Israel antiga e moder-
lega de Nova York se ele se lembrava da passagem que fa- na. O Dia do Senhor, por exemplo, foi honrado por dife-
zia referência à vara de Judá e à vara de José, que um dia rentes motivos no decorrer das gerações. Da época de
se tornariam uma só. Meu amigo fez uma pausa, segurou Adão até Moisés, o Dia do Senhor foi observado como
o queixo com ar pensativo e respondeu: “Acho que está um dia de descanso dos trabalhos da criação. (Ver Êxodo
no livro de Ezequiel”. 20:8–11; 31:16–17.) Da época de Moisés até a
Nesse momento, não consegui conter-me. “Tente o Ressurreição do Senhor, o Dia do Senhor também come-
capítulo 37 de Ezequiel”, intervim. “Lá está a escritura morava a libertação dos israelitas de seu cativeiro no
que o senhor está procurando.” Egito. (Ver Deuteronômio 5:12–15; Isaías 58:13;
Meu amigo rabino, muito surpreso, perguntou: “Como Ezequiel 20:20; 44:24; Mosias 13:19.) Nos últimos dias,
sabe disso?” os santos honraram o Dia do Senhor em lembrança da
“Essa doutrina”, respondi, “é importantíssima em nos- Expiação de Jesus Cristo. (Ver Atos 20:7; I Coríntios
sa teologia.” E é mesmo. Gostaria de citá-la: 16:2; Apocalipse 1:10; D&C 59:9–19.)
“Tu, pois, o filho do homem, toma um pedaço de ma-
deira, e escreve nele: Por Judá e pelos filhos de Israel,
seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e
escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa
de Israel, seus companheiros.
E ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem
uma só vara na tua mão.” (Ezequiel 37:16–17)
Os santos da Israel moderna em todo o mundo contam
com a bênção de ter a Bíblia e o Livro de Mórmon como
um único volume em suas mãos. Jamais devemos subesti-
mar o valor desse privilégio. Isaías descreveu o espírito do
Livro de Mórmon como “familiar”. (Ver Isaías 29:4.) Isso
tem significado especial para as pessoas que conhecem o
Velho Testamento, principalmente as que têm intimidade O TEMPLO DE SALT LAKE E OUTROS, DE LARRY WINBORG

com o idioma hebraico. O Livro de Mórmon é pródigo em


hebraísmos — tradições, simbolismos, expressões idiomá-
ticas e figuras literárias. É familiar porque mais de 80 por

Sempre que teve um povo na Terra obediente à


Sua palavra, o Senhor deu-lhe o mandamento de
construir templos para que fossem administradas
as ordenanças do evangelho e outras manifestações
espirituais pertinentes à exaltação e à vida eterna.
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A restauração do sacerdócio reforçou o princípio do e não os matará”. (D&C 89:21) Essa alusão à Páscoa mos-
dízimo, aludindo aos ensinamentos do Velho Testamento tra que o Senhor queria que os santos obedientes da Israel
contidos em Gênesis e Malaquias. (Ver Gênesis 14:20; moderna recebessem a mesma proteção física e espiritual
Malaquias 3:8–12.) Os santos da Israel moderna sabem que Ele havia concedido aos seguidores fiéis no passado.
calcular seu próprio dízimo com base numa instrução
bastante simples: “E depois disso, os que assim tiverem O CONVÊNIO, A DISPERSÃO E A COLIGAÇÃO
pagado o dízimo pagarão a décima parte de toda a sua Outros ensinamentos divinos reverenciados por ambas
renda anual; e isto será uma lei permanente para eles, pa- as sociedades incluem a doutrina do convênio abraâmico e
ra meu santo sacerdócio, diz o Senhor”. (D&C 119:4) a da dispersão e coligação de Israel. Há cerca de 4.000 anos,
Ainda falando das verdades eternas do evangelho, ne- Abraão recebeu do Senhor a promessa de que seriam ofe-
nhuma é mais vital do que as relacionadas à adoração no recidas bênçãos a toda a sua posteridade mortal. (Ver D&C
templo. Elas são outro elo entre a Israel antiga e moderna. 132:29–50; Abraão 2:6–11.) Entre outras, estavam incluí-
Sempre que teve um povo na Terra obediente à Sua das as promessas de que o Filho de Deus nasceria por meio
palavra, o Senhor deu-lhe o mandamento de construir de sua linhagem, de que certas terras seriam herdadas por
templos para que fossem administradas as ordenanças do sua posteridade e de que as nações e tribos da Terra seriam
evangelho e outras manifestações espirituais pertinentes abençoadas por meio de sua semente. Afirmações e reafir-
à exaltação e à vida eterna. (Ver o Guia para Estudo das mações desse convênio permeiam o Velho Testamento.
Escrituras, “Templo, a Casa do Senhor”, p. 205.) (Ver Gênesis 26:1–4, 24, 28; 35:9–13; 48:3–4.)
O templo mais conhecido da antiga Israel é o de Embora certos aspectos desse convênio já se tenham
Salomão. Sua fonte batismal e oração dedicatória consti- cumprido, muitos ainda não foram. O Livro de Mórmon
tuem modelos usados nos templos ainda hoje. (Ver II ensina que nós, da Israel moderna, estamos entre o povo
Crônicas 4:15; 6:12–42; D&C 109.) As escrituras do do convênio do Senhor. (Ver 1 Néfi 14:14; 15:14; 2 Néfi
Velho Testamento fazem referência a vestes especiais (ver 30:2; Mosias 24:13; 3 Néfi 29:3; Mórmon 8:15.) E o mais
Êxodo 28:4; 29:5; Levítico 8:7; I Samuel 18:4) e orde- notável é que ele ensina que o convênio abraâmico será
nanças (ver Êxodo 19:10, 14; II Samuel 12:20; Ezequiel integralmente cumprido apenas nos últimos dias! (Ver
16:9) relacionadas aos templos. (Ver D&C 124:37–40.) 1 Néfi 15:12–18.) O Senhor mais uma vez conferiu o
Como somos gratos pelo fato de o Senhor ter decidido convênio abraâmico, dessa vez ao Profeta Joseph Smith,
restaurar as bênçãos mais elevadas do sacerdócio a Seus para ser uma bênção para ele e sua posteridade por seu
filhos e filhas fiéis. Ele disse: “Pois digno-me revelar a mi- intermédio. (Ver D&C 124:58.)
nha igreja coisas que têm sido mantidas ocultas desde an- Sabiam que Abraão é citado em mais versículos das
tes da fundação do mundo, coisas pertinentes à revelações modernas do que no Velho Testamento?5
dispensação da plenitude dos tempos”. (D&C 124:41) Abraão — esse grande patriarca do Velho Testamento —
A verdade revelada que chamamos de Palavra de está intrinsecamente ligado a todos os que se filiarem à
Sabedoria foi recebida pelo Profeta Joseph Smith em Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.6
1833. Todos os santos dos últimos dias a conhecem como As doutrinas relativas à dispersão e coligação da casa
um dos traços característicos de nossa Igreja. O versículo de Israel também são algumas das primeiras lições ensi-
final dessa revelação constitui outro elo com a antiga nadas no Livro de Mórmon. Em 1 Néfi, lemos: “E depois
Israel: “E eu, o Senhor, faço-lhes uma promessa de que o que a casa de Israel houvesse sido dispersa, ela seria
anjo destruidor passará por eles, como os filhos de Israel, novamente reunida; (. . .) os ramos naturais da oliveira,
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ou melhor, os remanescentes da casa de Israel, seriam en- moderna. A despeito da época ou do lugar em que os san-
xertados, ou seja, viriam a conhecer o verdadeiro tos vivam, todos os membros fiéis da Igreja receberão a
Messias, seu Senhor e seu Redentor”. (10:14) recompensa que merecerem. “Todas as coisas são suas,
Os santos da Israel moderna sabem que Pedro, Tiago seja a vida ou a morte, as coisas presentes ou as coisas fu-
e João foram enviados pelo Senhor com “as chaves de turas, todas são deles e eles são de Cristo e Cristo é de
[Seu] reino e uma dispensação do evangelho para os úl- Deus.” (D&C 76:59)
timos tempos; e para a plenitude dos tempos”, com as A Israel antiga e a moderna seguem uma mensagem
quais Ele “[reuniria] todas as coisas, tanto as que estão eterna do Velho Testamento: “Saberás, pois, que o
no céu como as que estão na Terra”. (D&C 27:13; com- Senhor teu Deus (. . .) guarda a aliança e a misericórdia
parar com Efésios 1:10.) até mil gerações aos que o amam e guardam os seus man-
As viagens e tribulações de nossos pioneiros tiveram damentos”. (Deuteronômio 7:9)8
conseqüências eternas. Sua missão não se restringia a Sobre nossos ombros recai a responsabilidade de con-
uma imigração internacional ou uma migração transcon- servar a fé em nossa própria geração. Compete apenas a
tinental com carroções e carrinhos de mão. Eles viriam a nós fazê-lo! Nós, da Israel moderna, somos destinados a
lançar os alicerces de um trabalho eterno que iria “en- ser “um reino sacerdotal e o povo santo”. (Êxodo 19:6)
cher a Terra”. (Joseph Smith, citado em Wilford Sabemos que somos filhos do convênio. (Ver Atos 3:25;
Woodruff, The Discourses of Wilford Woodruff, sel. por G. 3 Néfi 20:25–26.) Somos remanescentes da semente que
Homer Durham [1946], p. 39.) Eles desempenharam um agora será coligada e recolhida nos celeiros eternos de
papel fundamental para o cumprimento da profecia de Deus. (Ver Alma 26:5.)
Jeremias: “Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anun- Como santos da Israel moderna, falamos com uma só
ciai-a nas ilhas longínquas, e dizei: Aquele que espalhou voz. Amamos a nosso Pai Celestial. Amamos ao Senhor
a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu Jesus Cristo, o Filho do Pai Celestial. Somos Seu povo.
rebanho”. (Jeremias 31:10)7 Tomamos Seu santo nome sobre nós. Sabemos que o
A mensagem foi recebida. Foram mandados missioná- Livro de Mórmon é a palavra de Deus e usamo-lo ao la-
rios desde o início para as “ilhas longínquas” para come- do da Bíblia, como um só. Proclamamos que Joseph
çar a obra do Senhor. O resultado é que a Igreja foi Smith é o grande Profeta da Restauração. E apoiamos o
estabelecida nas Ilhas Britânicas e nas ilhas da Polinésia Presidente Gordon B. Hinckley como o profeta ungido
Francesa antes mesmo da chegada dos pioneiros ao vale por Deus hoje. 
do Grande Lago Salgado. De um discurso proferido em serão do Sistema Educacional da
A linhagem de José, por meio de Efraim e Manassés, é Igreja realizado na Universidade Brigham Young em 7 de setembro
a semente designada para liderar a coligação de Israel. Os de 1997.
pioneiros sabiam — por meio das bênçãos patriarcais e do
Velho Testamento, além das escrituras e revelações da NOTAS
1. Acerca do papel de Brigham Young nesse êxodo, o
Restauração — que a tão esperada coligação de Israel se Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) escreveu:
iniciaria com eles. Cabia a eles, portanto, fazê-la acontecer. “Desde Adão, houve êxodos e terras prometidas: Abraão,
Jarede, Moisés, Leí e outros estiveram à frente de grupos.
Como é fácil aceitar o fato de que homens de épocas distantes
RESUMO
eram guiados pelo Senhor e considerar que aqueles mais perto
Os primeiros conversos de A Igreja de Jesus Cristo dos de nós são meros humanos, incapazes de ações inspiradas.
Santos dos Últimos Dias foram os pioneiros da Israel Pensemos por alguns instantes na prodigiosa jornada dos
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As doutrinas relativas à dispersão e coligação da
casa de Israel também são algumas das primeiras
lições ensinadas no Livro de Mórmon. Os pioneiros
sabiam que a tão esperada coligação de Israel se
IDE AVANTE COM CORAGEM, DE GLEN S. HOPKINSON; DETALHE: DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM, DE GARY L. KAPP

iniciaria com eles.

refugiados mórmons do Illionis para o vale do Lago Salgado. 4. As ordenanças e convênios da antiga Israel são citados em
Poucos movimentos se comparam a esse, se é que se comparam. I Coríntios 10:1–3; para os da Israel moderna, ver D&C 84:26–27.
Costumamos ouvir que Brigham Young conduziu o povo para que O tabernáculo da antiga Israel fora concebido como um templo
desbravasse novos caminhos num deserto, escalasse montanhas móvel antes de o povo perder a lei maior. (Ver D&C 84:25;
raramente exploradas, cruzasse rios sem pontes e atravessasse ter- 124:38.)
ritórios habitados por indígenas hostis. E embora Brigham Young 5. Abraão é citado em 506 versículos das escrituras,
tenha sido o instrumento do Senhor, não foi ele, mas o Senhor 289 das quais nas revelações modernas.
do céu que levou a Israel moderna a atravessar as planícies rumo 6. O convênio também pode ser recebido por adoção.
à terra prometida”. (Faith Precedes the Miracle [1972], p. 28) (Ver Mateus 3:9; Lucas 3:8; Gálatas 3:27–29; 4:5–7.)
2. Para os antigos israelitas, ver Êxodo 3:8, 17; 13:5; 33:3; 7. A palavra inglesa para coligar está relacionada ao verbo
Levítico 20:24; Números 13:27; 14:8; Deuteronômio 6:3; 11:9; hebraico qabats, que significa “reunir, congregar”.
26:9, 15; 27:3; 31:20; Josué 5:6; Jeremias 11:5; 32:22; Ezequiel 8. Ver também Deuteronômio 11:1, 27; 19:9; 30:16;
20:6, 15; Tradução de Joseph Smith, Êxodo 33:1. Para os pioneiros, Josué 22:5; I João 5:2–3; Mosias 2:4. Outras escrituras do
ver D&C 38:18–19. Velho Testamento fazem referência a recompensas para
3. Uma pintura a óleo que retrata esse acontecimento é aqueles que obedecerem aos mandamentos de Deus ao
Pegando Codornizes, de C. C. A. Christensen, em exposição longo de “mil gerações”. (Ver I Crônicas 16:15; Salmos
no Museu de Arte da Universidade Brigham Young. 105:8.)
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TON
UMA TERRA DE PESSOAS QUE CRÊEM
LaRene Porter Gaunt

O evangelho de Jesus Cristo cresceu forte em Tonga, onde a devoção a Deus,


o amor à família e a fé já fazem parte da cultura.

É uma tarde de sábado na ilha de


Vava‘u. Samisoni e Meleane
Uasila‘a, que criaram vinte fi-
lhos além dos doze que tiveram, estão-
se preparando para o Dia do Senhor. O
com folhas de bananeira. O irmão
Uasila’a, que é patriarca da estaca e di-
retor da Escola Secundária Saineha, e
alguns de seus filhos trabalham na
plantação de taro. Eles jogam galhos
sol poente brilha através das camisas de plantas e restolhos no fogo. Os
brancas recém-lavadas que estão pen- raios amarelos do sol poente atravessam
duradas no varal e reflete-se na luxu- os tênues fios de fumaça que sobem,
riante folhagem verde que cerca a casa. Uma criança ressaltando a silhueta de um dos meninos que cuida
FOTOGRAFIA DE LARENE PORTER GAUNT

varre os degraus enquanto outras limpam o quintal. do fogo.


Dentro da casa, a irmã Uasila’a e as filhas preparam o
jantar de domingo. Cada uma delas enrola numa fo- À direita: Um jovem santo dos últimos dias é um
lha de taro uma mistura de carne com leite de coco, dos muitos que compõem essa terra de pessoas
depois embrulha tudo em uma folha de bananeira pa- que crêem. Inserção: Salesi e Saane Fifita da ala
ra ser cozido lentamente durante toda a noite num Te’ekiu, estaca Nuku’alofa Tonga Oeste, com
forno ao ar livre, feito de rochas aquecidas e coberto alguns membros da família.

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GA
Cenas de preparação como esta se re- evangelho apenas refina os seus valores
petem em dezenas de milhares de lares que já são muito bons”, diz Helen Latu,
tonganeses a cada semana, porque em uma professora da Liahona High School.
Tonga o cumprimento do Dia do Senhor é exigido por “É como se fosse uma dose dupla do evangelho.”
lei. O cristianismo começou a criar raízes naquele país Mele Taumoepeau, a diretora da Liahona High
em agosto de 1831, quando missionários metodistas School, concorda. “Vivemos nossa vida principalmen-
batizaram Taufa’ahau, que viria a tornar-se o rei te pela fé”, diz ela. “Nossa sociedade é edificada na
George Tupou I. A tradição conta que ele dedicou as crença em Deus.”
ilhas de Tonga a Deus, apanhando um punhado de
terra na mão e erguendo-o para o céu, em oração. ’ALOFANGA E ‘ANA MOLI
Atualmente, os tonganeses reverenciam o Dia do A vida de ‘Alofanga (‘Alo) Moli foi refinada graças ao
Senhor, de boa vontade. Quase todas as lojas e negó- evangelho. Quando ele era jovem em Vava‘u, não podia
cios fecham nesse dia. Não há táxis nem ônibus circu- ir regularmente à escola devido a fortes dores de cabe-
lando. Tudo fica muito silencioso. ça e sangramento nasal. Embora não fosse membro da
O Élder Pita Hopoate, um Setenta-Autoridade de Igreja, apaixonou-se por ‘Ana, que era membro. ‘Alo foi
Área diz: “O rei Taufa‘ahau Tupou IV dá muita impor- batizado em dezembro de 1957, e pouco tempo depois
tância à santificação do Dia do Senhor, de modo que os foi chamado para servir como missionário, ajudando a
tonganeses vão para a igreja aos domingos. Depois vol- construir capelas. No entanto, continuava tendo pro-
tam para casa e fazem a melhor refeição da semana”. blemas de saúde. Certo dia, quando
Os paralelos entre a cultura tonganesa e o evange- estava sentindo-se muito mal,
lho não se restringem ao cumprimento do Dia do recebeu uma bênção do sacer-
Senhor. “A família vem em primeiro lugar”, diz o Él- dócio e a promessa de que se
der Hopoate. “A mãe, o pai, os filhos, os avós, os tios, servisse o Senhor suas enfer-
as tias, os primos, as primas, e os sobrinhos são cha- midades jamais voltariam.
mados de família e não de parentes. A Igreja dá grande Essa bênção foi cumprida.
importância à família, e esse é um dos motivos pelos O conhecimento e a com-
quais a Igreja está crescendo.” preensão de ‘Alo aumen-
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi- taram à medida que
mos Dias está crescendo muito no país. Das
106.000 pessoas que residem em Tonga, mais
de 46.000 são santos dos últimos dias —
pouco mais de quarenta por cento — a
maior porcentagem de santos dos últi-
mos dias de todos os países do mundo.
Essa estatística não
surpreende muitos.
“Quando os tongane-
ses se tornam santos
dos últimos dias, o
ele magnificou seus chamados na Igreja. Em 1960, ele
e ‘Ana casaram-se, e em 1962, serviram juntos numa
missão de dois anos. O irmão Moli foi chamado como
presidente de ramo em cada lugar em que serviram.
Depois de sua missão, os Molis e suas duas filhas
pequenas mudaram-se para a ilha de ‘Eua, para traba-
lhar na fazenda com o irmão de ‘Ana. ‘Alo serviu co-
mo conselheiro do presidente do distrito. “Nossa
missão preparou-nos para os chamados que recebe-
mos”, diz ele. “Mais tarde, servi como presidente de
ramo por 11 anos. Todos os outros de nossos 14 filhos duas décadas, Tonga tinha formado um grande grupo
nasceram aqui.” de fiéis líderes do Sacerdócio de Melquisedeque.
Esse treinamento do evangelho beneficiou também Portanto, em 1940, quando os estrangeiros partiram
sua vida pessoal. “Depois da passagem do furacão de Tonga devido à II Guerra Mundial, já havia uma
Isaac em 1982, nossas colheitas ficaram arruinadas e forte liderança local formada. E um importante instru-
eu precisava de trabalho”, diz o irmão Moli. “Surgiu mento missionário chegou em 7 de junho de 1946,
então uma oportunidade inesperada para que eu ge- quando o Livro de Mórmon foi publicado em tonga-
renciasse uma loja de artigos gerais por três anos. nês. Em 1954, os santos tonganeses começaram a re-
Minha experiência como presidente de ramo ajudou- ceber a revista da Igreja em sua própria língua.
me a saber o que fazer. Ninguém acreditava que eu pu- Atualmente, servir numa missão é uma tradição já
desse fazê-lo, porque não tinha ido para a escola, mas estabelecida entre os jovens tonganeses. Kelikupa
o Espírito Santo me ensinou.” Kivalu serviu como presidente da Missão Tonga
Atualmente, ‘Alo serve como selador do templo, e Nuku‘alofa, que é um dos programas missionários lo-
‘Ana como oficiante do templo. “Embora eu tenha si- cais mais bem-sucedidos da Igreja. O Presidente
do apenas um fazendeiro de uma minúscula ilha do Kivalu explica: “A nossa missão tem em média 160
Pacífico”, diz ‘Alo, “sou testemunha da veracidade do missionários, e raramente acontece de todos serem
evangelho e da realidade de Jesus Cristo.” tonganeses. Eles freqüentemente se conhecem uns aos
outros, bem como as pessoas que eles ensinam. Eles
“Uma Tradição de Serviço” conhecem a cultura e a língua. Os membros os conhe-
Os primeiros missionários santos dos últimos dias cem, alimentam-nos e providenciam-lhes moradia”.
chegaram a Nuku‘alofa, a capital de Tonga, em 1891, Em setembro de 1968 foi criada a primeira estaca
e deram início ao Distrito Tonganês da Missão de Tonga. O número de membros da Igreja era pouco
Samoana. A primeira Missão Tonganesa foi superior a 10.000 pessoas, e a missão tinha 10 distritos
criada em 1916, mas em 1922, uma lei proi- e 50 ramos.
biu todos os norte-americanos de receberem Entre os primeiros líderes locais estava Tonga
vistos de entrada, com poucas exceções. Para Paletu’a. Esse homem de 78 anos ainda ri com muita
solucionar esse problema, o presidente da freqüência, tendo sido o primeiro tonganês a servir em
missão chamou tonganeses para servirem co- cada um dos seguintes chamados: presidente de mis-
mo missionários em seu próprio país. Após são, representante regional, presidente do templo e
patriarca. Ele e a esposa, Lu’isa Hehea Kona‘i, como
À esquerda: Samisoni e Meleane Uasila’a. muitos casais tonganeses, exerceram uma forte
Acima à direita: O porto de Vava’u. liderança. Álbuns de recordações e centenas de
fotografias de décadas de serviço en- como diretor de assuntos públicos da
chem uma das paredes de sua sala de Igreja, onde pode ver o crescente efeito po-
estar. A outra parte da sala é tranqüila sitivo que os santos dos últimos dias estão
e sem adornos. Ali, o irmão Paletu‘a concede bênçãos exercendo sobre a nação de Tonga.
patriarcais, dando continuidade à sua vida de serviço Por exemplo, um líder comunitário, que participava de
devotado. um programa de televisão sobre a juventude tonganesa,
disse que admirava os missionários da Igreja porque num
SIONE TU’ALUA LATU momento crítico de sua vida, esses jovens dedicam seu
Noventa e nove por cento dos alunos da escola da tempo ao estudo das escrituras e ao aprendizado dos ca-
Igreja Liahona High School são membros da Igreja. minhos de Jesus Cristo.
Sione Tu‘alau Latu, que freqüentou a escola na déca-
da de 1950, não era membro. Como muitos alunos COLOCAR A FAMÍLIA EM PRIMEIRO LUGAR
que não são de nossa Igreja e freqüentam as nossas es- “Aqui, os filhos têm respeito pelos pais”, diz Lani
colas, Sione adquiriu um testemunho e foi batizado. Hopoate. “É nossa cultura, nossa tradição. Sempre procu-
Ele recorda: “Sou de uma família pobre com nove fi- ramos comportar-nos. A pressão da família é real, mas é
lhos. Vivíamos numa pequena ilha. Meu pai morreu uma coisa boa. Se moramos numa vila; todos nos conhe-
antes de eu nascer, e eu queria fazer algo para ajudar. cem. As pessoas cuidam umas das outras. Temos até al-
Decidi que tentaria ir para o Church College [hoje guém que nos acompanha quando saímos para namorar.”
Universidade Brigham Young — Havaí], mas sabia Suliasi Vea Kaufusi, diretor de assuntos temporais da
que seria difícil passar no exame do governo. Fiquei Igreja em Tonga, concorda. “Os tonganeses costumam pen-
com medo. Fui ensinado que quando oramos e jejua- sar em sua família antes de pensarem em si mesmos.
mos, o Senhor responde. Por isso, comecei a procurar Quando meu pai morreu, na época em que eu estudava no
um lugar isolado para orar. No caminho da escola pa- Church College, voltei para casa a fim de ajudar minha mãe
ra casa, passei por um campo de taro com suas plan- a cuidar de meus 12 irmãos e irmãs. Isso é bem comum aqui.
tas altas e de folhas largas. Pensei: Se Joseph Smith pôde Às vezes, os filhos adultos saem de Tonga para conseguirem
orar num bosque e receber resposta a suas orações, então empregos melhores, depois enviam parte de seu salário de
eu posso orar aqui e receber resposta a minhas orações. volta para a família. De fato, essa é uma importante fonte de
Comecei a jejuar e voltei ao campo de taro. renda para muitas famílias. Mas mesmo quando os tongane-
Certifiquei-me de que não havia ninguém por perto, ses partem, eles ainda sentem um forte vínculo com Tonga
então ajoelhei-me sob as grandes folhas de taro. Orei por causa de seu senso de família e comunidade. Meus pró-
pelo que me pareceu ser muito tempo. Senti-me bem prios irmãos e irmãs moram hoje em Tonga, Nova Zelândia
próximo do Pai Celestial. Quando me levantei, minha e nos Estados Unidos, mas somos todos muito unidos.”
camisa estava molhada de lágrimas”. Evidentemente, há ocasiões em que uma família sofre
Sione Latu passou no teste e ganhou uma bolsa de por causa do divórcio. Fazer parte de uma grande família
estudos. “Eu sabia que essas coisas me aconteceram com muitos parentes e de uma ala amorosa ajuda a famí-
em resposta à minha oração na plantação de taro”, lia a recompor sua vida. Os ensinamentos do evangelho
relembra ele. “Ajoelhei-me e agradeci ao Senhor, pro- os ajudam a permanecerem fiéis. Uma irmã, cujo marido
metendo que voltaria para ajudar minha família e a abandonou com seus sete filhos há seis anos, diz:
meu país.” “Embora meu marido não fosse santo dos últimos dias,
O irmão Latu voltou e serviu seu povo por muito meus filhos e eu sempre realizamos as noites familiares,
tempo como líder da Igreja e como empresário bem- as orações familiares e o estudo das escrituras, inclusive
sucedido. Está bem preparado para seu chamado decorando escrituras. Depois que ele partiu, consegui

A L I A H O N A
44
emprego numa padaria, e meus filhos mais velhos tam-
bém conseguiram trabalho. Nossa família e os membros
da ala também nos ajudaram”. Nessa família, três filhos e
uma filha serviram em uma missão e casaram-se no tem-
plo. Os filhos mais novos ainda moram em casa. “O sa-
cerdócio de meus filhos e nosso testemunho do
evangelho deram forças à nossa família”, diz essa irmã.

O TEMPLO DE NUKU’ALOFA TONGA


O Templo de Nuku‘alofa Tonga é um edifício bem co-
nhecido por todos. Dedicado pelo Presidente Gordon B.
Hinckley em 9 de agosto de 1983, o templo está aberto
seis dias por semana e permanece aberto durante toda a
noite, na última sexta-feira de cada mês, estando sempre
movimentado, com os membros realizando as ordenan-
ças do templo por seus antepassados.
Como a família sempre foi importante para eles, os ton- famílias traçaram sua história da família até centenas
ganeses têm muito interesse em seus antepassados. Muitas de anos no passado. Nos tempos modernos, muitos
sepulturas são decoradas não apenas com flores mas tam- membros da Igreja transferiram essas informações pa-
bém com colchas feitas à mão, colocadas numa moldura ra o papel ou digitaram-nas num computador, em pre-
de madeira. A colcha fica ali até deteriorar-se natural- paração para realizarem as ordenanças do templo.
mente. Essas colchas são uma expressão do amor e respei- Todos se beneficiam com o templo. “Ter um tem-
to que os tonganeses têm por seus antepassados falecidos. plo aqui proporciona um sentimento especial para to-
No passado, os tonganeses registravam as informações da a nação de Tonga”, diz o presidente do templo,
sobre seus antepassados em longos rolos de tecido de Sione Fineanganofo.
tapa (papel rústico feito de casca de árvore). Muitas
AS BÊNÇÃOS DA FÉ
Abaixo: Sione Tu‘alau e Helen Kaleoaloha Kaneakua Há muitos testemunhos em Tonga do poder do
Latu com vários de seus filhos e netos. Acima: O Templo sacerdócio como meio de proporcionar consolo ou
de Nuku‘alofa Tonga. cura aos aflitos. Quando Sione Siaki, 44 anos, de
Tongatapu ficou doente com febre e dor, muitos acha-
ram que ele fosse morrer. O hospital de Tonga estava
lotado, mas uma enfermeira levava medicamentos pa-
ra sua casa. Ele sofreu dia após dia, por mais de um
mês. “Estava esperando a morte”, diz o irmão Siaki.
“Então, nossa presidente da Sociedade de Socorro su-
geriu um jejum da ala. Ela conversou com nosso bis-
po, e por duas vezes os 300 membros de nossa ala
jejuaram por mim. Antes dos jejuns, eu não conseguia
mexer-me. Duas semanas depois do segundo jejum,
eu me sentei e fui melhorando gradativamente. Hoje
sou oficiante do templo. Quando estou no templo,
vem-me imediatamente à mente o pen- são mais do que compensados pelo
samento de que talvez tenha sido por amor que compartilhamos e pela fé que
isso que fui salvo.” há em toda parte. Talvez não tenhamos
Mele, filha de ‘Ahongalu e ‘Ana Fulivai, de Vava‘u, todas as coisas materiais, mas sem dúvida somos mui-
também foi curada. Há nove anos, Mele foi acometida to abençoados com as coisas do Espírito”.
de uma enfermidade desconhecida. De março a dezem-
bro, ela permaneceu no hospital com febre, convulsões ESTABELECER O CONVÊNIO
e alucinações. A mãe ficava com ela durante o dia. É noite de segunda-feira em Vava‘u. Está escuro,
À noite, o pai, que tinha trabalhado o dia inteiro, ia mas uma luz cálida brilha nas janelas de muitas casas.
para o hospital e sentava-se ao lado de seu leito. Mele Em meio à noite, ouvimos o som do hino “Sou um
relaxava ao segurar a mão do pai à noite, sentindo-se Filho de Deus” sendo cantado em uma das várias reu-
reconfortada em saber que ele possuía o sacerdócio. niões de noite familiar que estão sendo realizadas. Da
Mele recuperou-se gradualmente, com apenas al- casa de Tukia e Linda Havea, o riso das crianças mis-
guns problemas ocasionais. “Aprendemos a confiar no tura-se à letra e a música dos hinos da Primária.
Senhor”, diz ‘Ana. “Ele nos abençoou de maneiras “A música é a língua com que unimos nossos filhos
que não esperávamos.” e lhes ensinamos os princípios do evangelho”, diz
Mele Taumoepeau diz: “Sou muito grata pela paz e Linda. “Eles cantam e muitas vezes nem compreen-
tranqüilidade que existem aqui. É um lugar muito se- dem o significado, mas ela fica com eles, e um dia aca-
guro. Tudo o que não temos em termos monetários bam entendendo.”
Do outro lado da cidade, a família Uasila‘a também
está realizando a noite familiar. Como de costume, vários
amigos dos filhos se reuniram a eles, ao cantarem hinos
e depois conversarem com os amigos e vizinhos, convi-
dando-os a ouvirem as palestras missionárias.
Em todos os lares há pessoas que crêem: san-
tos dos últimos dias bem como pessoas de ou-
tras religiões. Todos desfrutam da promessa
encontrada em Levítico: “Guardareis os meus
sábados.(. . .) Então eu vos darei as chuvas
a seu tempo; e a terra dará a sua colheita, e
a árvore do campo dará o seu fruto. (. . .)
E comereis o vosso pão a fartar, e habitareis
seguros na vossa terra. Também darei paz na
terra. (. . .) E para vós olharei, e vos farei fru-
tificar, e vos multiplicarei, e confirmarei a minha
aliança convosco”. (Levítico 26:2, 4–6, 9)
Em Tonga, essas bênçãos prometidas são der-
ramadas abundantemente sobre a terra e sobre
um povo que crê. 

Os missionários santos dos últimos dias são uma


visão comum em Tonga.

A L I A H O N A
46
Vo c ê S a b i a ?

ACONTECEU EM ABRIL 30 de abril de 1844: Addison Pratt chegou às


Seguem-se abaixo alguns eventos impor- ilhas Tubuaï. O Élder Pratt foi o primeiro mis-
tantes que aconteceram na história da Igreja sionário santo dos últimos dias no Sul do
no mês de abril. Pacífico.
6 de abril de 1830: A Igreja de Jesus Cristo 6–24 de abril de 1893: O Templo de Salt
dos Santos dos Últimos Dias foi organizada. Lake foi dedicado pelo Presidente Wilford
(Ver D&C 20.) Woodruff em 31 sessões.
3 de abril de 1836: O Salvador, Moisés, 1–2 de abril de 2000: A Conferência
Elias, e Elias, o profeta, apareceram a Joseph Geral foi realizada no novo Centro de
Smith e Oliver Cowdery no Templo de Conferências em Salt Lake City,
Kirtland. (Ver D&C 110.) Utah.


POETISA DE SIÃO dedicada em Salt Lake City, em maio de
Eliza R. Snow, a segunda presidente geral 1855, o Presidente Brigham Young cha-
da Sociedade de Socorro, nasceu em 21 de mou a irmã Eliza para presidir o trabalho
janeiro de 1804. Mesmo antes de sua con- das irmãs naquele lugar. Ela ficou preocu-
versão aos 31 anos de idade, ela já era uma pada que sua saúde precária prejudicasse
poetisa de grande potencial. Mas quando se seu trabalho, mas o Senhor a fortaleceu.
filiou à Igreja, seus temas poéticos passaram Em 1866, o Presidente Young chamou-a
do patriotismo para o encorajamento dos para presidir a Sociedade de Socorro, e ela
santos e o louvor a Deus. Seu talento fez serviu como presidente por 21 anos.
com que o Profeta Joseph desse a Eliza o tí- Também continuou a escrever, inclusive
tulo de “Poetisa de Sião”. A despeito de suas escrevendo a biografia de seu ir-
muitas provações quando os santos foram mão, Lorenzo Snow, o quinto
expulsos de um lugar para o outro, ela ins- Presidente da Igreja. Ela faleceu
pirou muitas pessoas com seus poemas, mui- em Utah aos 83 anos de idade.
tos dos quais se tornaram letra de hinos.
A PARTIR DO ALTO: A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA NA
Uma das letras de hino mais conhecida é a CABANA DA FAMÍLIA WHITMER, DE PAUL MANN; ELIAS
RESTAURANDO AS CHAVES DO SACERDÓCIO, DE ROBERT T.
BARRETT; FOTOGRAFIAS DE ADDISON PRATT, O TEMPLO
de “Ó Meu Pai”. (Hinos, número 177.) DE SALT LAKE, O CENTRO DE CONFERÊNCIAS E ELIZA R.
SNOW; CRISTO CHAMANDO PEDRO E ANDRÉ, DE HARRY
Quando a Casa das Investiduras foi ANDERSON

SUGESTÕES DE LIDERANÇA • Peça à pessoa que aceite a designação.


Jesus demonstrou a confiança que ti- • Seja específico.
nha em Seus discípulos chamando-os • Estabeleça uma data para que
para participarem de Seu trabalho. Se a tarefa seja cumprida.
estiver ocupando um cargo de responsa- • Peça à pessoa que volte e lhe
bilidade, você pode envolver outras pes- apresente um relatório.
soas delegando partes do trabalho: • Elogie efusivamente a conclusão
• Conheça e compreenda a designação. bem-sucedida das tarefas. 
TÓPICOS DESTA EDIÇÃO
Adversidade ................................6, 18

Como Utilizar Arrependimento ........................6, 14


Conversão ......................................18
Cura................................................18

A Liahona de Dia do Senhor ................................40


Ensino Familiar ................................5

Abril de 2002 Ensino ............................................48


Esperança........................................18
Espírito Santo ............................6, 25
Expiação ..............................6, 14, A4
IDÉIAS PARA AS AULAS Gratidão..........................................26
História da Igreja ......................30, 47
“Pensamentos Inspiradores”, página 2. O Presidente Gordon B.
Histórias do Novo Testamento ......A8
Hinckley diz que, na vida futura, nosso caráter será o mesmo que temos
Igreja no Mundo, A ........................40
nesta vida mortal. Que papel nossos desejos desempenham na tarefa de
Inspiração ........................................2
moldar nossas palavras e ações? Como podemos desenvolver desejos
Jesus Cristo ..2, 6, 14, 18, 22, A2, A4
justos? Liderança ..................................47, 48
“Testificando da Grande e Gloriosa Expiação”, página 6. O que o Obediência......................................29
Élder Neal A. Maxwell diz que podemos fazer para sermos gratos a Deus Obra Missionária ..............................6
quando a vida não é aquilo que gostaríamos que fosse? Paz ..................................................22
“Você Sabe Arrepender-se?”, página 14. Como você responderia à Perdão ............................................A8
pergunta que o bispo do Élder Jay E. Jensen fez a ele durante a entre- Plano de Salvação ........................A14
vista para a recomendação do templo? Primária ......................................A14
“Jesus o Cristo”, página A2. Pergunte aos membros da classe, ou da Professoras Visitantes ....................25
família, o que eles sabem a respeito do Salvador. Compare essas respos- Profetas ............................................2
tas com a lista, feita pelo Élder Robert D. Hales, contendo 14 idéias que Proteção..........................................29
descrevem o que Jesus já fez por nós. Reunião Familiar ............................48
Riqueza, Opulência ........................26
Sacramento ....................................A4
Serviço........................................2, 26
Templos e ordenanças
do templo ....................A13, A14
Velho Testamento ....................30, A7

AS BÊNÇÃOS DO DÍZIMO
Se você teve uma experiência edificante por viver a lei do dízimo,
gostaríamos que nos contasse. Envie sua história para Tithing
Blessings, Liahona, Floor 24, 50 East North Temple Street, Salt Lake
City, UT 84150-3223, USA; ou use o e-mail CUR-Liahona-
IMag@ldschurch.org. Não deixe de informar seu nome e endere-
ço completos, número do telefone, sua ala e estaca (ou ramo
e distrito).
O Amigo
PARA AS CRIANÇAS DA IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS ■ ABRIL DE 2002
NOSSOS PROFETAS E APÓSTOLOS FALAM PARA NÓS

JESUS
O CRISTO

NÃO TEMAI, © GREG K. OLSEN, FROM THE VISIONS OF FAITH COLLECTION BY MILL POND PRESS INC., VENICE, FLORIDA; INSERÇÕES, A PARTIR DO ALTO: CONSELHO NO CÉU, CRISTO CRIANDO A TERRA, E MARIA CARREGANDO O
INFANTE CRISTO, POR ROBERT T. BARRETT; JOÃO BATIZANDO JESUS, POR GRANT ROMNEY CLAWSON; EM LEMBRANÇA DE MIM, POR WALTER RANE; A PRIMEIRA VISÃO, POR DEL PARSON; A SEGUNDA VINDA, POR HARRY ANDERSON
Élder Robert D. Hales toda a humanidade será salva e por Ele toda a humani-
Do Quórum dos Doze Apóstolos dade será salva.
Jesus é um Deus; Ele é o Jeová do Jesus Cristo é o Redentor, o nosso Salvador; somente
Velho Testamento; Ele é o Salvador Ele, com uma mãe mortal e Pai imortal poderia levar a
do Novo Testamento. Expiação a cabo e morrer para salvar toda a humanida-
Jesus habitava no céu com Seu Pai de. Ele o fez por Sua livre e espontânea vontade.
e nós habitávamos com Eles, como filhos espirituais de Jesus Cristo ressuscitou e apareceu a muitos após Sua
Deus o Pai. Ressurreição. Ele ensinou-nos quais as características fí-
Jesus Cristo apresentou o plano eterno de Seu Pai, o sicas de um ser ressuscitado e disse-nos que poderíamos
plano do qual todos fazemos parte. Viemos a esta Terra seguir Seu exemplo e que seríamos capazes de progredir
para passar por um teste durante um período probatório e de nos tornarmos como Ele.
e ter oposição em todas as coisas. Devido ao princípio A ascensão de Jesus Cristo ao céu, diante dos olhos
eterno do arbítrio, somos livres para escolher a liberda- de Seus discípulos, foi acompanhada da promessa que
de e a vida eterna e voltarmos para a presença de Deus Ele voltaria de forma semelhante.
com honra se vivermos retamente ou, para optar pelo Jesus Cristo apareceu com Seu Pai e restaurou, por
cativeiro e a morte espiritual. intermédio de Joseph Smith, o Profeta, nestes últimos
Jesus Cristo é o Criador de todas as coisas na Terra, dias, a mesma organização que estabelecera durante
sob a direção de Seu Pai. Seu ministério terreno. Além da Bíblia, o Livro de
Jesus veio a esta Terra, filho de Maria, uma mãe mor- Mórmon foi revelado ao mundo como outra testemu-
tal. Seu Pai era o Deus Todo-Poderoso. nha para testificar a respeito de Seu divino chamado
Jesus Cristo foi batizado por imersão, por João Batista e ministério.
e o Espírito Santo manifestou-se no “(. . .) Espírito, Jesus Cristo lidera e orienta Sua Igreja hoje, por meio
que como uma pomba descia sobre ele.” (Marcos 1:10) de revelações a um profeta, seus conselheiros na
E Seu Pai falou: “(. . .) Tu és Meu Filho amado em Primeira Presidência e aos Doze Apóstolos — a mesma
quem Me comprazo”. (Marcos 1:11) organização que Ele estabelecera quando estivera aqui
Jesus Cristo organizou Sua Igreja e selecionou doze na Terra.
apóstolos e também profetas, setentas e evangelistas A admoestação de Jesus Cristo “ (. . .) vem, e segue-
(patriarcas). me” é o desafio que Ele deu a cada um de nós. (Ver
A mensagem de Jesus Cristo é singular. Ele está entre Mateus 19:21) Ele é o Filho, Jesus Cristo. 
nós e Seu Pai; Ele é o Mediador. Por intermédio Dele Extraído de um discurso da conferência geral de abril de 1994.
O A M I G O
2
Atividade Misteriosa
Stacey A. Rasmussen
Baseado num acontecimento verídico

O
realização.
que você foi designada a levar?” Melissa per-
guntou a Clara, enquanto caminhavam até a
casa da irmã Júlia para a atividade do dia de

“Farinha”, respondeu Clara. “O que você está


se sentaram, Ana chegou. E assim, todas as meninas
estavam presentes, esperando que o projeto misterioso
fosse revelado.
A irmã Júlia fez a primeira oração, pedindo que
compreendessem a importância do grande sacrifício
levando?” que Jesus Cristo fez por elas. Também orou para que
“Um pouco de fermento”, disse Melissa. o alimento que iriam preparar fosse abençoado para
“O que será que vamos fazer hoje?” disse Clara. “Ana todos os que o comessem.
está levando farinha também. A irmã Júlia fez disso um Depois da oração, foram até a cozinha com
grande segredo.” os ingredientes que lhes tinham sido designados.
“É mesmo”, concordou Melissa. “Tudo o que ela dis- “Vejamos”, começou dizendo a irmã Júlia. “Quem

ILUSTRAÇÕES DE JULIE F. YOUNG


se foi que isso vai afetar muitos membros da Igreja no foi designada a trazer o fermento?”
próximo domingo.” “Fui eu”, disse Melissa.
As meninas ainda estavam conversando sobre o mis- “Muito bem”, disse a irmã Júlia. “Vamos colocar
tério quando chegaram à casa da irmã Júlia. Tina, Jane o fermento numa pequena tigela com um pouco de
e Susana já estavam lá. Assim que Clara e Melissa água morna e deixar que dissolva.
Colocaremos os outros ingredientes secos numa tigela crescesse pela segunda vez, ouviram uma aula sobre
maior. Quem trouxe a farinha, o açúcar e o sal?” o sacramento.
“Fui eu”, disseram juntas Clara, Ana e Jane. “Alguém sabe me dizer o que representam o pão
As meninas riam e conversavam enquanto trabalha- e a água?” perguntou a irmã Júlia.
vam. Em meio à conversa, Clara perguntou: “O que es- “A carne e o sangue de Jesus Cristo”, respondeu
tamos fazendo, e como isso irá afetar os membros da Melissa.
Igreja?” “Está certo”, disse a irmã Júlia. “Pouco antes de Sua
“Ninguém adivinha?” perguntou a irmã Júlia. Crucificação, Jesus reuniu Seus Apóstolos num cenácu-
“Estamos fazendo biscoitos?” perguntou Susana. lo. Ele sabia que iria morrer e queria que os Apóstolos
A irmã Júlia sorriu. “Estamos fazendo o pão que será se lembrassem sempre Dele e fossem fiéis a Seus ensina-
usado no próximo domingo para o sacramento.” mentos. Ele abençoou o pão e partiu-o em vários peda-
Os risinhos pararam subitamente, e as meninas pas- ços. Deu-o a Seus discípulos para que o comessem em
saram a falar reverentemente. Elas não estavam ape- lembrança de Seu corpo. Abençoou o vinho e deu-lhes
nas fazendo pão para aprenderem como fazê-lo. para que o bebessem em lembrança de Seu sangue.
Estavam fazendo pão para ser usado numa ordenança “Quando tomamos o sacramento, renovamos os
sagrada! convênios que fizemos quando fomos batizadas”,
Depois que o fermento dissolveu, Susana despejou o prosseguiu a irmã Júlia. “Alguém sabe me dizer o que
leite que ela havia trazido, e Tina acrescentou o óleo. foi que prometemos fazer?”
Depois, as meninas misturaram os ingredientes líquidos “Eu sei”, disse Clara. “Prometemos guardar os
com os secos. Revezaram-se para sovar a massa, depois mandamentos.”
cobriram-na com um pano e deixaram que crescesse. “Prometemos lembrar-nos de Jesus Cristo”, acrescen-
Moldaram-na em dois filões, e enquanto esperavam que tou Jane.
“Muito bem”, disse a irmã Júlia. “Também prometemos sacerdotes partiam o pão para a congregação. Ouviram
tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo. O modo como atentamente enquanto um sacerdote abençoava o pão.
agimos, as coisas que fazemos e as palavras que dizemos Quando disseram “Amém”, fizeram-no com real inten-
devem mostrar às outras pessoas que somos seguidoras ção. Em seguida, os diáconos distribuíram o pão.
Quando Clara apanhou um pedaço do pão da bandeja,
sentiu-se cheia de gratidão por tudo o que o Salvador
tinha feito por ela. Pensou na Última Ceia e no que
Jesus ensinou a Seus discípulos a respeito do sacramen-
to. Também pensou em maneiras pelas quais poderia
guardar melhor os mandamentos.
Clara olhou para Melissa. Pela expressão no rosto da
amiga, Clara percebeu que o sacramento tinha tocado o
coração de Melissa também.
Depois da reunião, as meninas se encontraram fora
da capela para conversarem um pouco antes de irem
para casa.
“Estou contente pela irmã Júlia ter-nos deixado
ajudar a fazer o pão do sacramento”, disse Jane.
“Acho que isso tornou o sacramento muito especial”,
de Cristo. O Senhor prometeu que se guardarmos nossos acrescentou Tina.
convênios, teremos Seu Espírito sempre conosco.“ “Não foi apenas o pão”, disse Melissa, pensativa.
“Há algo especial que devemos fazer durante o sacra- “Eu estava realmente pen-
mento?” perguntou a irmã Júlia. sando no sacrifício de Jesus
Ana levantou a mão. “Minha mãe sempre nos diz Cristo e no que o sacramento
que devemos ser reverentes.” significava.”
“Ela está certa”, disse a irmã Júlia. “E devemos lembrar Clara sorriu. “Senti o
a Expiação e pensar nas promessas que estamos renovan- mesmo. Não foi o pão que
do. Também precisamos pensar em maneiras de melhorar fez a diferença. Foi o
nossa vida e tornar-nos mais semelhantes a Cristo.” Salvador.” 
As meninas conversaram sobre as coisas que pode-

CRISTO APRESENTA O SACRAMENTO AOS APÓSTOLOS, DE DEL PARSON


riam fazer para serem mais semelhantes a Cristo.
Depois, chegou a hora de colocarem o pão no forno.
Enquanto o pão assava, as meninas planejaram as ativi- Quando tomamos o sacramento prometemos:
dades seguintes. ■ Tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo.
Depois, olharam os pães dourados no forno, e a irmã ■ Sempre nos lembrar Dele.

Júlia disse: “Depois que esfriarem, vou fatiá-los. Daí, irei ■ Guardar Seus mandamentos.
entregá-los ao bispo Miguel”.
No domingo, as meninas sentaram-se com suas res-
(Ver D&C 20:77, 79.)
pectivas famílias na reunião sacramental. Cantaram
o hino sacramental reverentemente, enquanto os

O A M I G O
6
SÓ PARA DIVERTIR

do e Prese
ssa nt
a

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P

Richard Latta

J á imaginaram como devia


ter sido viver na época do Velho
Testamento? Na verdade, muitas
coisas naquela época não eram muito dife-
rentes de como são hoje. Por exemplo, as famí-
marcadores nos três círculos à
esquerda, onde aparecem símbolos
do Velho Testamento. Diga ao jogador
Presente que faça o mesmo nos três
círculos à direita, onde aparecem símbolos
lias eram importantes tanto naquela época quanto modernos. Em cada jogada, cada um poderá
agora. As pessoas se reuniam para aprender o evange- mover um de seus marcadores um círculo à frente. Os
lho de Jesus Cristo, da mesma forma que fazemos jogadores não poderão pular um marcador para chegar
hoje. a um círculo vago, mas terão que esperar o círculo ficar
Neste jogo, um jogador representa a época do Velho livre. Os marcadores poderão ser movidos em qualquer
Testamento (Passado); o outro jogador representa os direção ao longo de uma linha. O primeiro jogador a
tempos modernos (Presente). Cada jogador precisará conseguir colocar todos os seus três marcadores nos
de três pequenos marcadores, como botões, moedas lugares onde os marcadores do outro jogador estavam
ou feijões. Diga ao jogador Passado que coloque seus no início ganha o jogo. 
A B R I L D E 2 0 0 2
7
HISTÓRIAS DO NOVO TESTAMENTO

O FILHO
PRÓDIGO
A Terceira Parábola

ILUSTRAÇÕES DE PAUL MANN


Um homem tinha dois filhos. Cada filho receberia
algum dinheiro quando o pai morresse. O filho
mais novo não quis esperar até que o pai morresse.
Ele pediu que sua parte do dinheiro lhe fosse dada
imediatamente. O pai deu-lhe o dinheiro.
Lucas 15:11–12

O filho pegou o dinheiro e saiu de casa. Foi até outra terra, onde gastou todo o dinheiro. E pecou muitas e muitas vezes.
Lucas 15:13

O A M I G O
8
Por fim, ficou sem dinheiro para comprar comida. O filho estava com tanta fome que quis comer a
Sentindo muita fome, pediu ajuda a um homem. comida dos porcos. Os servos da casa de seu pai
O homem mandou que ele alimentasse os porcos. tinham comida melhor do que a dele. Decidiu
Lucas 15:14–15 arrepender-se e pedir para ser um servo na casa
de seu pai.
Lucas 15:15–19

Quando voltou para casa, seu pai o viu chegando. O pai correu para encontrar-se com o filho, abraçou-o
Lucas 15:20 e beijou-o.
Lucas 15:20

A B R I L D E 2 0 0 2
9
O filho disse ao pai que tinha pecado.
Lucas 15:21

O A M I G O
10
O pai mandou que um servo trouxesse as melhores Então, o pai disse ao servo que fizesse um banquete
roupas e colocasse no filho. O servo colocou sapatos para o filho. Ele queria que todos comemorassem
nos pés do filho e um anel no seu dedo. porque o filho que tinha ido embora estava em casa.
Lucas 15:22 O filho que tinha pecado havia-se arrependido.
Lucas 15:23–24

O filho mais velho estava trabalhando no campo. Ficando com raiva, o filho mais velho não quis entrar
Quando voltou para casa, ouviu a música e as danças. na casa. O pai saiu para conversar com ele.
Um servo contou-lhe que o filho mais novo tinha Lucas 15:28
voltado para casa e o pai queria que todos comemo-
rassem com ele.
Lucas 15:25–27

A B R I L D E 2 0 0 2
11
O pai disse que o filho mais velho tinha sempre ficado com ele e desfrutava de tudo o que havia ali. Além disso,
tudo que o pai tinha iria pertencer ao filho mais velho. Mas o filho mais novo tinha ido embora. E como voltara
para casa, era justo que comemorassem. Seu filho mais novo tinha pecado, mas tinha-se arrependido.
Lucas 15:31–32

Jesus terminou a história. Ele contou três parábolas aos fariseus para mostrar-lhes por que Ele conversava com os
pecadores. O Salvador queria que os fariseus soubessem o quanto o Pai Celestial ama todas as pessoas. Ele ama as
pessoas que Lhe obedecem. Ama também os pecadores. Quer que os pecadores se arrependam para que possam
voltar a Ele.
João 3:16–17

O A M I G O
12
C = 76–88
Reverente
Teu Santo Templo
F C Dm G C Dm
g g
! 44 CB C BB BB O C C : CO
C C C CO C C C CO
g
C C
C
1. Teu tem - plobri
-lha em luz e a -mor e as tre - vasrom-pe,
mp (2. Com) ma - jes ˘
-ta - de se er
- gue a ˘o
˘ -li tem - plo,
que me
B B B C ˘ ˘ B C
# 4 S : C B C WC XC
4 C C C

E7 Am
g
Dm
g
Em Am Dm g G
! C C C C C CO C C C C B C
C CO WC CO C C C
com ful-gor. A e - le -ele- vo meu lou-vor:Teu san - totem-plo eu a - mo. Ao
cha-ma e diz pra eu
ser me˘ -lhor e ser fe- liz.Teu ˘ eu a - mo.
san - totem-plo No
˘ ˘ p Mais lento ˘
C XC BB W BB C B B B mp
AB
# WC C C BA

C Dm E7 Am Dm
g g g g
! CO C C CO C CO C C C
C C C C C C C CO WC C C
vê - lo emes-plen - dor bri
-lhar,
pro - mes - sasgra-tas vou lem-brar e asbên-çãosque tem
˘ eu
tem - plo que-ro me ca-sar,as or - de-nan-ças ˘ -ran
rea- li- zar e, o -do, aTi me
˘ ˘ ˘
W BB
a tempo
# C B C WC XC B C WC C C XC BB
C C C

Em Am 1. Dm g G C F C Dm G

! C CO C C C :
C C C A C C BC C B B BB BB O C C
pra me dar.Teu san - to tem-plo eu a - mo. 2. Com
con - sa- grar.Teu ˘
C pC Mais lento a tempo
B B B C
# C WC A BB S :
B
2. Dm g Em Am Dm G7 C F Dm C
g B B A
! CO C C C C B CO C C BC C B B A
A B C C A C B
san - totem-plo eu a - mo. Teu san - totem-plo eu a - mo.
Mais lento ˘ ˘ B B AA
# A B BB
B B
A
Letra: Marvin K. Gardner, nasc. 1952 Salmos 138:2
Música: Vanja Y. Watkins, nasc. 1938 D&C 109:13–16
© 2001 Vanja Y. Watkins e Marvin K. Gardner. Usado com permissão. Este hino pode
ser reproduzido para uso eventual na Igreja ou no lar, não para uso comercial.

A B R I L D E 2 0 0 2
13
TEMPO DE COMPARTILHAR

O MAIOR DOM Vicki F. Matsumori

“E se guardares meus mandamentos e perseverares as peças para baixo e monte o quebra-cabeça de novo.
até o fim, terás vida eterna, que é o maior de todos os No templo, aprendemos como reunir as muitas partes
dons de Deus.” (D&C 14:7) do evangelho a fim de alcançarmos a exaltação.

§ Isaque e Rebeca iriam casar-se dentro do


convênio e, portanto, seriam selados pelo
santo sacerdócio e se casariam para toda a
eternidade. Isaque e Rebeca sabiam que se ele e ela se
casassem dentro do convênio e vivessem dignamente,
Idéias para o Tempo de Compartilhar
1. Convide quatro adultos para contarem a história de
alguns profetas que receberam revelação no templo. Peça-
lhes que expliquem o que foi revelado e como foi revelado,
nas seguintes ocasiões: (1) Samuel—I Samuel 3:1–20;
receberiam muitas bênçãos maravilhosas. (2) Joseph Smith—D&C 110, 137; (3) Spencer W.
Isaque e Rebeca pareciam-se com muitos homens e Kimball—Declaração Oficial 2; (4) Lorenzo Snow—
mulheres que vocês conhecem e que se casam dentro Manual Primária 1, lição 26. Saliente que o templo é
do convênio, sendo selados no templo. A diferença é a casa de Deus e que lá podemos receber revelação pessoal.
que Isaque e Rebeca viviam na época do Velho Recorte várias cópias da nona regra de fé em palavras sepa-
Testamento e nem ao menos se conheciam antes de fi- radas. Divida a Primária em grupos de aproximadamente
carem noivos. cinco crianças. Peça a cada grupo que coloque as palavras
O pai de Isaque, Abraão, sabia como era importante em ordem, enquanto você recita a regra de fé. À medida
que Isaque se casasse dentro do convênio. Por esse moti- que cada grupo terminar a atividade, peça-lhes que recitem
vo, Abraão enviou seu servo para procurar uma mulher a regra de fé, até a terem decorado.
que tivesse as mesmas crenças religiosas que Isaque e que 2. Leia João 14:26. Explique às crianças algumas das
fosse escolhida por Deus para casar-se com Isaque. O maneiras pelas quais o Espírito Santo pode ajudar-nos a
Senhor ajudou o servo de Abraão a encontrar Rebeca. lembrar coisas. Explique a elas que podemos receber revela-
Ela concordou em casar-se com Isaque. (Ver Gênesis 24.) ção pessoal no templo, bem como em outros lugares, e que
Quando nos casamos dentro do convênio, o Senhor a revelação pessoal pode ser recebida em decorrência de
nos promete as bênçãos de Abraão, Isaque e Jacó. (Ver orarmos, lermos as escrituras e guardarmos os mandamen-
Gênesis 22:17–18.) Uma dessas bênçãos é a de que vo- tos. Mostre algumas figuras simples de uma floresta, uma
cês e sua família, pelo poder do sacerdócio, poderão ser cadeia, uma montanha e a sala de uma casa. Separe as
selados para sempre. crianças em quatro grupos e peça aos grupos que se movam
Quando vocês crescerem e forem ao templo, apren- pela sala, passando ao lado de cada uma das quatro figuras.
derão mais sobre as bênçãos da salvação e o grande pla- Peça aos adultos que comentem as seguintes revelações:
no de felicidade. Farão convênios. Se guardarem seus Floresta—Enos (ver Enos 1:1–5), Joseph Smith (ver Joseph
convênios, o Pai Celestial irá abençoá-los com “o maior Smith—História 1:14–19), ou Mary Fielding Smith
ILUSTRAÇÕES DE BETH WHITTAKER

de todos os dons de Deus”, que é a vida eterna. (Ver (ver manual Primária 5, lição 42); cadeia—Joseph Smith
D&C 14:7.) (ver D&C 122); montanha—Moisés (ver Êxodo 3:1–6;
24:12–25:8); sala— Joseph F. Smith (ver D&C 138),
Instruções Leí (ver 1 Néfi 1:5–8), ou Maria (ver Lucas 1:26–38).
Remova a página 15 da revista e recorte nas linhas Cante hinos ou canções, enquanto as crianças se movem
pontilhadas. Monte o quebra-cabeça. Em seguida, vire de uma figura para a outra. 
O A M I G O
14
ILUSTRAÇÃO DE BETH WHITTAKER
A Ascensão, de William Henry Margetson
“E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles,
tornaram com grande júbilo para Jerusalém.” (Lucas 24:51–52).
“Jesus e Sua Expiação representam a mais profunda expressão
do amor do Pai Celestial por Seus filhos. Quão importante é a
dádiva gratuita da Ressurreição para toda a humanidade, e a
oferta do maior dom que até mesmo Deus pode dar — a vida
eterna para os que estiverem dispostos a viver de modo a se
qualificarem a ela!” Ver Élder Neal A. Maxwell, “Testificando
da Grande e Gloriosa Expiação”, página 6.
5
02229 84059
PORTUGUESE

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