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Nos meus muitos anos de ateísmo, aproximadamente desde os 12 anos, reuni muitos
argumentos contra a existência de Deus. Alguns se referem ao Deus católico que tem
propriedades bem definidas, outros, a deuses que têm uma definição mais nebulosa, e
por isso mais difíceis de se analisar logicamente. De qualquer modo, em quase todos os
casos, Deus sempre tem a característica de, no mínimo, ser o criador do universo, e
quase sempre também, de ser dotado de consciência e inteligência.
Dentre os argumentos de minha autoria, que reuni, o mais recente, e o que considero o
mais 'atordoante', por ser extremamente simples e, no entanto, arrasador, é o “Diabinho
Azul Jocaxiano”. A seguir, seguem os resumos dos principais argumentos e provas
anti-Deus, a começar com o que leva o título deste texto. (Os nomes entre colchetes ‘[]’
ao lado de cada argumento são os nomes dos prováveis autores da idéia original ou da
pessoa por quem eu tomei conhecimento da idéia.)
Se respondêssemos com a mesma questão “Como surgiu Deus?”, o teísta diria que Deus
não precisa de criador, pois é a causa dele mesmo, ou então que sempre existiu, ou que
está além de nossa compreensão. E não adianta tentarmos contra-argumentar que
podemos utilizar os mesmos argumentos trocando a palavra “Deus” por “Universo”. A
mente teísta exige um criador para o universo quer se queira quer não se queira.
Entretanto, atreladas a este deus-criador, embutem-se todas as outras qualificações que
normalmente atribui-se a Deus como forma de satisfazer nossas necessidades
psicológicas, como, por exemplo, bondade e/ou onisciência, e/ou onipotência, e/ou
perfeição, entre outros. Mas, da constatação que isso não é absolutamente necessário
para se criar o universo, surge o argumento do “Diabinho Azul Jocaxiano”:
Se você diz que Deus criou o universo, eu posso IGUALMENTE SUPOR que não foi
Deus quem o criou, mas sim o "Diabinho Azul". Só que este diabinho não é todo
poderoso como Deus, não tem a onisciência de Deus, não é bom como Deus, não é
perfeito como Deus e, para criar o universo, ele acabou morrendo por tanto esforço que
fez.
Sendo meu diabinho muito mais simples e menos complexo que seu Deus-todo-
poderoso, ele deve ser PREFERÍVEL em termos da “Navalha de Ocam” a Deus!
Portanto, antes de invocar Deus como criador do universo, você deveria invocar o
"Diabinho Azul Jocaxiano". Caso contrário, você estaria sendo ilógico por adicionar
hipóteses desnecessárias ao 'criador do Universo'.
Comentário: Alguns podem alegar que o sofrimento foi necessário porque algumas
pessoas precisavam “aprender”. Pode-se contra-argumentar perguntando o que as
crianças aprenderiam morrendo afogadas. Contra o “pecado original” pode-se contra-
argumentar se é justo que os inocentes paguem pelos culpados. Mas isso não é
necessário, pois um deus bom e todo-poderoso poderia ensinar qualquer coisa a quem
quer que fosse sem ter de sacrificar vidas inocentes em mortes trágicas. Se Deus
precisou sacrificar tantas vidas, então não é suficientemente poderoso, ou não é bom (no
sentido humano do termo). Parece que o argumento original remete a Epícuro,
entretanto sua formalização se deve a Hume.
Deus é ONISCIENTE, portanto sabe tudo o que aconteceu e o que vai acontecer.
Contradição: Se Deus sabe tudo que o homem vai escolher (conhecimento factual)
então o homem NÃO tem liberdade de escolha. (Tudo estava previsto na mente de Deus
e o homem não poderia mudar).
1-Deus é Onisciente.
3-Sabendo TUDO que vai acontecer, sabe tudo o que você vai fazer e escolher, mesmo
antes de você existir.
4-Se Deus sabe tudo o que você vai fazer e escolher, então você não poderá fazer nada
diferente da previsão de Deus.
5-Se você não pode fazer nada diferente da previsão divina, você necessariamente e
obrigatoriamente terá de segui-la.
6-Se você é obrigado a seguir a previsão de Deus, então é impossível para você escolher
ou fazer qualquer outra coisa diferente da previsão divina.
7-Se é impossível para você escolher ou fazer qualquer coisa diferente da previsão
divina você, não tem livre-arbítrio!
Comentário: Desde antes de o homem nascer, mesmo antes dele se casar ou fazer
quaisquer tipos de escolhas, seu destino já estaria previsto na mente onisciente de Deus.
Então, nada do que o homem escolhesse seria diferente do caminho já previsto por
Deus. Sendo assim, o chamado “Livre-Arbítrio” não passaria de uma ilusão. Isto quer
dizer que: ou o homem não é livre para escolher, ou Deus não é onisciente. Esta é uma
das mais contundentes provas lógicas contra a existência de Deus.
5- Argumento: Deus, se existisse, seria um AUTÔMATO [Por André Sanchez & Jocax]:
Conclusão: Deus, se existisse, não teria livre-arbítrio. Seria um robô, uma espécie de
autômato que deve seguir eternamente sua programação prévia (sua própria previsão)
sem poder alterá-la.
Comentário: A onisciência de Deus o levaria a uma prisão tediosa na qual nada poderia
sair mesmo que Ele tivesse vontade de fazê-lo. Estaria preso à sua própria e cruel
onisciência.
Se Deus existisse e fosse perfeito, então tudo que Ele criaria seria perfeito.
O homem, sendo sua criação, também deveria ter sido criado, perfeito.
Mas, como um ser criado perfeito pode se corromper e se tornar imperfeito?
Se o homem se corrompeu, então não era perfeito, era corruptível!
Conclusão: Deus não poderia ser perfeito, pois gerou algo imperfeito.
Comentário: Um ser perfeito quer a perfeição, e mesmo que tenha criado o homem com
livre-arbítrio - que vimos acima ser uma ilusão - se ele fosse perfeito, faria escolhas
perfeitas e não se corromperia.
Vamos supor, por absurdo, que Deus exista. Se Deus tem uma inteligência infinita, ele
não precisaria despender nenhum tempo para decidir algo ou processar informações.
Sendo assim, ele não despenderia nenhum tempo para decidir criar o universo. Ou seja,
o Universo teria de ter sido criado no momento da criação de Deus. Se Deus nunca foi
criado, então o universo também nunca poderia ter sido criado.
Comentário: Se existe movimento existe tempo. Se não existia tempo nada poderia se
mover.
Se Deus fosse perfeito ele não teria necessidades ele se bastaria a si próprio. Entretanto,
se ele decidiu criar o universo então ele tinha necessidade desta criação e, portanto, não
se bastava a si próprio, era imperfeito.
Muitos crentes tomam as leis da Física e suas constantes "mágicas" como uma
evidência da sapiência divina já que, supõe-se, uma pequena alteração nelas faria o
universo colapsar e se destruir.
Mas esquecem-se de que essas MESMAS leis, no caso a segunda lei da termodinâmica,
prevê o colapso inexorável, lento e agonizante do nosso universo, mostrando que houve
uma FALHA GRAVE na sua concepção, que o inviabiliza a longo prazo.
Comentário: A segunda lei da termodinâmica é conhecida como a lei que diz que a
entropia num sistema fechado nunca diminui. Podemos considerar o universo todo
como um sistema fechado, já que nada entra nem sai dele.
Deus, hipoteticamente onisciente e onipotente, sabia de tudo que iria acontecer ANTES
de resolver criar o universo. Sabia quem iria nascer e o que cada pessoa iria "escolher"
em sua vida. Sabia até mesmo que um enorme TSUNAMI iria aparecer e matar 40 mil
crianças afogadas. Se tivesse poder para fazer o universo ligeiramente diferente, talvez
pudesse ter impedido essa tragédia. Mas, sabendo de TUDO que iria acontecer no
futuro, de todas as mortes, de todas as desgraças e calamidades, colocou seu plano em
prática e ficou assistindo de camarote. Isso não é digno de um ser bondoso.
12-Prova: Pela definição de Universo, Deus não poderia tê-lo criado [Jocax (?)]
Então, o Universo pode ser definido como o conjunto de tudo que existe. Assim sendo,
para quem acredita, se Deus existe, ele não poderia ter criado o Universo, uma vez que,
por definição, deveria fazer parte dele!
Comentário: O Crente poderia então apenas colocar Deus como criador da
matéria/energia e não do próprio universo.
13-Prova: Pelas Leis da Física atual Deus não poderia existir [autor desconhecido]
Pretende-se mostrar que Deus precisa criar um mundo imperfeito, caso contrário o
mundo seria ele próprio. Poder-se-ia argumentar que criar um clone de si próprio seria
melhor que criar um mundo imperfeito para, sadicamente, vê-lo sofrer. Contudo, saber
que o mundo não é perfeito não implica que se deva negar-lhe assistência quando
necessário. Desde que, claro, haja poder para isso e não se deseje que o mal aconteça (se
seja bom). Se Deus, realmente, criou seres imperfeitos como nós e diferentes dele, ele
está sendo egoísta, pois deseja ser o único ser perfeito e possuidor de poder. E o
egoísmo, definitivamente, não é algo bom.
Se tivéssemos de escolher uma das duas opções abaixo, qual delas seria mais provável
ou mais fácil acontecer?
O teorema de Kalam afirma que nada pode se extender no tempo infinito passado, pois,
se houvesse um tempo infinito no passado, então demoraria um tempo infinito deste
passado até o nosso presente. Mas um tempo infinito significa nunca. Portanto nunca
teríamos o presente. Mas isso é um absurdo pois estamos no presente. Da mesma forma,
se houvesse deus com existência se estendesse à um tempo infinito no passado, então
também não poderíamos ter o presente. Portanto não pode existir um deus que exista
num tempo infinito no passado.